«Nunca lhes fui lá pedir dinheiro. Eles [os bancos] é que vieram oferecer. Fiz um volume de negócios em três ou quatro anos que acho que foi de quase seis mil milhões de euros. ‘O sr. Berardo quer comprar acções?’ Era assim. Era o que estava na moda.»
Era assim, explicou o Sr. Berardo como o BCP, a CGD e o BES lhe emprestaram dinheiro para participar no assalto ao próprio BCP. Era assim há 6 meses. Mas, como no futebol, o que era verdade ontem pode não ser verdade hoje. Hoje, ou melhor ontem, não apareceu uma única das testemunhas de defesa do Sr. Berardo no julgamento do processo de difamação interposto por Jardim Gonçalves.
31/01/2012
Os pulgões do Estado Sucial (2) – os ajustes de contas
Outros pulgões: (1)
«A mentora do Código dos Contratos Públicos, aprovado em 2008 e que regula os ajustes directos feitos pelo Estado, é também uma das principais beneficiadas: a sociedade de advogados Sérvulo & Associados já recebeu 7,5 milhões de euros, por 157 contratos de ajustes directos. Muitos são contratos para defender entidades públicas com irregularidades detectadas em ajustes directos.»
Nos últimos 3 anos a mesma sociedade de advogados facturou 7,2 milhões de euros em ajustes directos. Curiosamente, em Fevereiro do ano passado o BdeP pagou-lhes 650 mil euros por assessoria jurídica no caso que levou a apear a administração do BCP de Jardim Gonçalves e a substituí-la pela brigada socrática de Santos Ferreira e Armando Vara.
(Fonte ionline]
«A mentora do Código dos Contratos Públicos, aprovado em 2008 e que regula os ajustes directos feitos pelo Estado, é também uma das principais beneficiadas: a sociedade de advogados Sérvulo & Associados já recebeu 7,5 milhões de euros, por 157 contratos de ajustes directos. Muitos são contratos para defender entidades públicas com irregularidades detectadas em ajustes directos.»
Nos últimos 3 anos a mesma sociedade de advogados facturou 7,2 milhões de euros em ajustes directos. Curiosamente, em Fevereiro do ano passado o BdeP pagou-lhes 650 mil euros por assessoria jurídica no caso que levou a apear a administração do BCP de Jardim Gonçalves e a substituí-la pela brigada socrática de Santos Ferreira e Armando Vara.
(Fonte ionline]
SERVIÇO PÚBLICO: O amigo americano deixa a defesa da Europa (mal) entregue a si própria
«THE new “strategic guidance” announced by Barack Obama on January 5th, has triggered a wide-ranging debate about the future of American military power. On the right, critics have lambasted it as “declinist”, principally because, quite sensibly, it seeks to reconcile America’s strategic priorities with the need to find around $500 billion of defence savings over the next decade.
…
Perhaps the least remarked upon part of the new strategy is the seemingly bleak future for American forces in Europe. It glibly refers to “most European countries” now being “producers of security rather than consumers of it” and talks about a “strategic opportunity to rebalance the US military investment in Europe” following the drawdown in Iraq and Afghanistan. The American military presence in Europe, it hints, is an expensive relic of the cold war and it suggests there are no significant threats to Europe’s security other than Iran developing a nuclear-capable ballistic missile, which supposedly will be countered by the new missile-defence system America is starting to deploy.
The number of European-based American soldiers has already fallen from 213,000 in 1989 to only about 41,000 today. It has already been agreed that one of the US Army Europe’s four combat brigades will return to America by 2015.
The downgrading of Europe, Economist
…
Perhaps the least remarked upon part of the new strategy is the seemingly bleak future for American forces in Europe. It glibly refers to “most European countries” now being “producers of security rather than consumers of it” and talks about a “strategic opportunity to rebalance the US military investment in Europe” following the drawdown in Iraq and Afghanistan. The American military presence in Europe, it hints, is an expensive relic of the cold war and it suggests there are no significant threats to Europe’s security other than Iran developing a nuclear-capable ballistic missile, which supposedly will be countered by the new missile-defence system America is starting to deploy.
The number of European-based American soldiers has already fallen from 213,000 in 1989 to only about 41,000 today. It has already been agreed that one of the US Army Europe’s four combat brigades will return to America by 2015.
The downgrading of Europe, Economist
30/01/2012
ARTIGO DEFUNTO: Jornalismo a soldo é um jornalismo de causas anónimas
Não sei se Cavaco Silva perdeu o tino de vez ou se são os cavaquistas anónimos a tentarem impor a sua agenda de sabotagem das medidas tímidas que Vítor Gaspar está a tomar - imagine-se se o homem fizesse o necessário.
Sei que uma jornalista que se presta a fazer estes recados nem chega a ser uma jornalista de causas. É uma jornalista a soldo.
Sei que uma jornalista que se presta a fazer estes recados nem chega a ser uma jornalista de causas. É uma jornalista a soldo.
A metalúrgica do regime afunda-se com ele (5)
Actualização de
(1), (2), (3) e (4)
Já foi contado nos posts anteriores a estória resumida da Martifer, uma das empresas amigas do regime durante o socratismo, com vários favores prestados no activo e recebidos no passivo, foi-se afundando desde que entrou na bolsa em 2007, descendo de 10€ para pouco mais de 1€, apesar de levada ao colo pelo jornalismo promocional. Em 2007 foi comprada pela Mota-Engil, outra empresa do regime dirigida pelo ex-estradista Jorge Coelho.
Desde 2008 a Martifer só tem dado desgostos ao doutor Coelho. E continua, nos primeiros 9 meses contribuiu com um rombo de 13 milhões, não obstante estar a desfazer-se dos anéis ou dos dedos, não se sabe.
E os desgostos continuam. A unidade de Benavente da Martifer Construção com 120 trabalhadores vai fechar em Agosto. O homem do sindicato lamenta que «esta empresa recebeu apoios estatais para se instalar em vários concelhos e agora de um momento para o outro manda encerrar a unidade de Benavente que se dedica à metalurgia pesada». Pois. É a maldição da simbiose do jornalismo promocional com os «apoios estatais».
Já foi contado nos posts anteriores a estória resumida da Martifer, uma das empresas amigas do regime durante o socratismo, com vários favores prestados no activo e recebidos no passivo, foi-se afundando desde que entrou na bolsa em 2007, descendo de 10€ para pouco mais de 1€, apesar de levada ao colo pelo jornalismo promocional. Em 2007 foi comprada pela Mota-Engil, outra empresa do regime dirigida pelo ex-estradista Jorge Coelho.
Desde 2008 a Martifer só tem dado desgostos ao doutor Coelho. E continua, nos primeiros 9 meses contribuiu com um rombo de 13 milhões, não obstante estar a desfazer-se dos anéis ou dos dedos, não se sabe.
E os desgostos continuam. A unidade de Benavente da Martifer Construção com 120 trabalhadores vai fechar em Agosto. O homem do sindicato lamenta que «esta empresa recebeu apoios estatais para se instalar em vários concelhos e agora de um momento para o outro manda encerrar a unidade de Benavente que se dedica à metalurgia pesada». Pois. É a maldição da simbiose do jornalismo promocional com os «apoios estatais».
LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: Para tirar os trapinhos qualquer causa é boa (6)
29/01/2012
Não chega não parecer sério. É preciso ser sério.
Ficou a saber-se pelo Correio da Manhã (aqui citado pelo Expresso) que José Lello, figura de proa do PS, deputado e ex-membro de vários governos, «gestor de empresas» com uma licenciatura em «Engenheiro» (biografia no site do Parlamento), não declarou ao Tribunal Constitucional uma conta de 685 mil euros, porque «não conhecia bem a lei e não sabia o que tinha de declarar».
Relevemos a ignorância de quem é deputado há quase 30 anos e louvemos apenas o raríssimo espírito de poupança de uma criatura que nos últimos 6 anos declarou ter exercido os seguintes cargos «não» políticos:
Relevemos a ignorância de quem é deputado há quase 30 anos e louvemos apenas o raríssimo espírito de poupança de uma criatura que nos últimos 6 anos declarou ter exercido os seguintes cargos «não» políticos:
- 2005-2009 Presidente do conselho fiscal do Boavista FC
- Desde 2007 membro do CA da DST SGPS SA – uma holding com dezenas de pequeníssimas empresas com volume total de negócio de 190 milhões de euros em 2009, cavalgando negócios do regime (energias renováveis, redes de nova geração, etc.)
- Desde 2006 membro da Advisory Council da Capgemini SA, a sucursal de uma consultora internacional de origem francesa, onde as competências de Lello presumivelmente o qualificam para o lóbi na administração pública.
SERVIÇO PÚBLICO: Diferentes, mas iguais (2)
A Grécia e Portugal não são só diferentes nos pesos que arrastam de dívida pública (aqui nós menos mal do que eles) e de dívida externa (aqui nós iguais a eles). Também são diferentes nas atitudes para com os credores.
Nós portugueses, atentos, veneradores e gratos, enfiamos o rabinho entre as pernas e tentamos escapar entre os pingos de chuva (*), prontos a vender os restos da soberania em troca de mais uns empréstimos para adiar o inevitável. Todos os portugueses? Não. Há um punhado de resistentes, uma espécie de coligação de tristezas não pagam dívidas, que vai desde Mário Soares, acolitado pelos sobreviventes saudosos do socratismo, até Louçã e as suas várias fracções berloquistas, passando pelo Jerónimo de Sousa e os saudosos do poder soviético.
Eles, os gregos rebeldes, fariam a felicidade do doutor Soares e da sua coligação de resistentes. Por agora recusam alinear a sua soberania orçamental para um «comissário do Orçamento», mesmo com o risco de lhes fecharem a torneira dos euros. Se estivéssemos nas vacas gordas poderiam ter sucesso com as suas chantagens, mas não agora que o pasto está seco.
(*) Quem tem tido sucesso assinalável a escapar entre os pingos de chuva, na tradição do seu ex-governador Vítor Constâncio, o ministro anexo, são os apparatchiks do BdeP. Entre outros exemplos possíveis, escolho o carrinho e equipamento de golf de 5 mil euros comprado por ajuste directo há um ano e meio. É uma espécie de prenda que se concederam como prémio da contribuição para o hole in one do país, pela cumplicidade durante pelo menos uma década com o seu silêncio e o seu laudo.
Nós portugueses, atentos, veneradores e gratos, enfiamos o rabinho entre as pernas e tentamos escapar entre os pingos de chuva (*), prontos a vender os restos da soberania em troca de mais uns empréstimos para adiar o inevitável. Todos os portugueses? Não. Há um punhado de resistentes, uma espécie de coligação de tristezas não pagam dívidas, que vai desde Mário Soares, acolitado pelos sobreviventes saudosos do socratismo, até Louçã e as suas várias fracções berloquistas, passando pelo Jerónimo de Sousa e os saudosos do poder soviético.
Eles, os gregos rebeldes, fariam a felicidade do doutor Soares e da sua coligação de resistentes. Por agora recusam alinear a sua soberania orçamental para um «comissário do Orçamento», mesmo com o risco de lhes fecharem a torneira dos euros. Se estivéssemos nas vacas gordas poderiam ter sucesso com as suas chantagens, mas não agora que o pasto está seco.
Hole in one |
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: O que tem que ser tem muita força
Os analistas financeiros, os comentadores, os políticos e as agências de rating têm em comum o facto de não colocarem o dinheiro onde põem as bocas que proferem as respectivas lengalengas, por muito diferentes que estas pareçam. Ao contrário, os investidores, ou especuladores conforme o glossário dos que não gostam dos mercados, arriscam o dinheiro e não falam muito disso. Segundo o prognóstico implícito destes últimos, a probabilidade de incumprimento da dívida portuguesa a médio prazo seguido de reestruturação continua elevada e a crescer.
Estranho? Nem por isso. Há décadas que percorremos o caminho que nos trouxe até aqui. Percorremos e continuamos a percorrer só que sem aquela insensatez alucinada do socratismo. Segundo a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, que com o fim do socratismo parece ter acordado duma longa letargia, o ano passado e sobretudo em Dezembro o governo financiou as entidades públicas com quase 10 mil milhões de euros ou mais de 10% da despesa orçamental e apesar disso continuam a acumular-se dívidas em atraso que aumentaram de Junho a Novembro quase 800 milhões e atingiram em Novembro 5,7 mil milhões de euros. Deve ser isto a que o PS chama folga.
Yields da dívida pública portuguesa a 2, 3, 5 e 10 anos (Fonte: Bloomberg) |
Estranho? Nem por isso. Há décadas que percorremos o caminho que nos trouxe até aqui. Percorremos e continuamos a percorrer só que sem aquela insensatez alucinada do socratismo. Segundo a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, que com o fim do socratismo parece ter acordado duma longa letargia, o ano passado e sobretudo em Dezembro o governo financiou as entidades públicas com quase 10 mil milhões de euros ou mais de 10% da despesa orçamental e apesar disso continuam a acumular-se dívidas em atraso que aumentaram de Junho a Novembro quase 800 milhões e atingiram em Novembro 5,7 mil milhões de euros. Deve ser isto a que o PS chama folga.
28/01/2012
Os portugueses dispensam mais cantigas dos amanhãs que cantam
É certo que foi conversa para a estranja, na circunstância o Wall Street Journal, mas Carlos Moedas anunciar que a descida da despesas primária e do défice estrutural (por agora, ainda sem as verdadeiras reformas, apenas uma miragem) irá permitir a redução dos impostos, parece-me um pouco exagerado, como Mark Twain classificou o anúncio da sua morte. Nas últimas décadas já nos foram anunciados suficientes oásis, princípios do fim da crise, fins da crise, prosperidades sem esforço e sem limites.
ESTÓRIA E MORAL: Esquerdismo senil (republicado)
Propunha-me comentar o discurso de Mário Soares em Coimbra na passada 5.ª feira, onde partilhou com os terrestres dúvidas como «porque não havemos de fabricar euros, quando isso acontecer o problema desaparece» ou o que fazer «quando os militares todos, fardados ou não fardados, começam a manifestar-se nas ruas» e indignações por obedecermos à troika como se «fossemos uns criados», mas lembrei-me que há pouco mais de 2 meses tinha publicado um post que pode aplicar-se mutatis mutandis a todos os seus discursos.
Estória
Era uma vez um Mário Soares. No PREC bateu-se contra a tropa golpista, a versão doméstica da ditadura do proletariado e os esquerdismos. Nos idos dos anos 80 defendeu a intervenção do FMI para salvar as finanças públicas da falência e viu as paredes do país borradas com o seu nome ao lado do FMI.
Agora assina um manifesto em conjunto com os últimos abencerragens do socialismo, refrescados com JS e bloquistas arrependidos. O manifesto propõe-se «combater a crise» com «a mobilização dos cidadãos de esquerda que se revêem na justiça social e no aprofundamento democrático» (isto é, uma minoria de menos de 1/3 dos cidadãos) e dá como exemplo a «rua árabe». O manifesto propõe um velho rumo a que chama «Um Novo Rumo» e apela à «participação política e cívica dos cidadãos... e... (à) construção de um novo paradigma».
Não se espere deste novo paradigma a ajuda para aumentar a produtividade, retomar o crescimento, tornar a economia competitiva, aumentar as exportações, pagar as dívidas, equilibrar as contas públicas e a balança de transacções correntes. Na verdade, nem mesmo para tratar da parte política da doença: responsabilizar os políticos pelas suas acções e perante os eleitos, diminuir a corrupção e o clientelismo. Tudo indica ser o novo paradigma parecido com o velho - o mesmo que nos trouxe até aqui, com a grande ajuda do doutor Soares .
Moral
A sabedoria não decorre necessariamente da idade. A única coisa que decorre necessariamente da idade são as artroses.
Estória
Era uma vez um Mário Soares. No PREC bateu-se contra a tropa golpista, a versão doméstica da ditadura do proletariado e os esquerdismos. Nos idos dos anos 80 defendeu a intervenção do FMI para salvar as finanças públicas da falência e viu as paredes do país borradas com o seu nome ao lado do FMI.
Agora assina um manifesto em conjunto com os últimos abencerragens do socialismo, refrescados com JS e bloquistas arrependidos. O manifesto propõe-se «combater a crise» com «a mobilização dos cidadãos de esquerda que se revêem na justiça social e no aprofundamento democrático» (isto é, uma minoria de menos de 1/3 dos cidadãos) e dá como exemplo a «rua árabe». O manifesto propõe um velho rumo a que chama «Um Novo Rumo» e apela à «participação política e cívica dos cidadãos... e... (à) construção de um novo paradigma».
Não se espere deste novo paradigma a ajuda para aumentar a produtividade, retomar o crescimento, tornar a economia competitiva, aumentar as exportações, pagar as dívidas, equilibrar as contas públicas e a balança de transacções correntes. Na verdade, nem mesmo para tratar da parte política da doença: responsabilizar os políticos pelas suas acções e perante os eleitos, diminuir a corrupção e o clientelismo. Tudo indica ser o novo paradigma parecido com o velho - o mesmo que nos trouxe até aqui, com a grande ajuda do doutor Soares .
Moral
A sabedoria não decorre necessariamente da idade. A única coisa que decorre necessariamente da idade são as artroses.
27/01/2012
Pergunta retórica
«O que distingue a escolha dos accionistas da EDP de Eduardo Catroga da dos accionistas do BANIF de Luís Amado?» pergunta Helena Matos.
Tudo. A começar pela EDP ainda fazer parte do núcleo duro das empresas do regime onde as nomeações se deveriam fazer pelo método de Hondt no Bloco Central e o Banif estar apenas na periferia, na zona das simpatias socialistas. A continuar por Eduardo Catroga ter sido ministro do PSD, andar há demasiado tempo no «privado» e ter um certo destempero verbal e Luís Amado ter sido ministro do PS, ser membro do seu secretariado nacional, nunca ter andado no «privado» e conseguir manter uma fleuma britânica. E a acabar porque ainda hoje são visíveis os resultados do excelente trabalho da central de manipulação socrática trabalhando sobre as inclinações naturais do jornalismo de causas.
ESTADO DE SÍTIO: Nada está tão mau que não possa piorar
A propósito deste post, também tenho as maiores dúvidas que os resultados positivos das reformas que a equipa de Nuno Crato está a levar a cabo resistam ao alargamento da escolaridade obrigatória até ao 12.º ano e a permanência nas escolas até aos 18 anos. Por duas razões. Primeiro, porque tem o risco de deteriorar a qualidade do ensino e baixar o nível de exigência para evitar a subida da percentagem de chumbos. Segundo, porque a permanência nas escolas de alunos sem o menor interesse em prosseguir os estudos irá inevitavelmente degradar a disciplina e o ambiente escolares.
O resultado final arrisca-se a piorar o retrato da desistência escolar, por muito difícil que isso pareça face à situação actual como se pode ver no diagrama seguinte.
O alargamento, aprovado em Julho de 2009 por uma coligação de votos do PS com o PCP e o BE, é como as boas intenções que enchem o inferno. Ou, talvez melhor, é como as intenções que, além de não serem boas, podem transformar num inferno o purgatório das escolas públicas. E as intenções não são boas por reflectirem a obsessão da esquerda com endoutrinação dos jovens à força de «pedagogias modernas» e à custa de «educações» cívicas e sexuais.
O resultado final arrisca-se a piorar o retrato da desistência escolar, por muito difícil que isso pareça face à situação actual como se pode ver no diagrama seguinte.
A Nation of Dropouts Shakes Europe, Charles Forelle,Wall Street Journal |
O alargamento, aprovado em Julho de 2009 por uma coligação de votos do PS com o PCP e o BE, é como as boas intenções que enchem o inferno. Ou, talvez melhor, é como as intenções que, além de não serem boas, podem transformar num inferno o purgatório das escolas públicas. E as intenções não são boas por reflectirem a obsessão da esquerda com endoutrinação dos jovens à força de «pedagogias modernas» e à custa de «educações» cívicas e sexuais.
26/01/2012
A repeteca do Sócrates que não é filósofo vista pelo filósofo que detesta Sócrates
Com atraso de vários anos, Manuel Maria Carrilho descarrega a sua bílis dos amargos de boca que José Sócrates lhe infligiu:
«Os socialistas decidiram o que entenderam e os portugueses escolheram o que pensaram ser melhor. Opções que, naturalmente, respeitei, com esperança que a responsabilidade do poder viesse a ter algum efeito benéfico. Foi uma esperança vã. A história fala por si, e dispensa comentários: o desnorte com o caso da licenciatura em 2007, a total incompreensão da crise em 2008, a aguda mitomania de 2009 e 2010, a bancarrota em 2011. Pelo meio, um tratado de Lisboa inútil, que só veio reforçar o poder alemão, e um reformismo esfarelado que raramente passou dos anúncios.
Na grande história do Partido Socialista, o "socrazysmo" foi um período atípico, que deixou um longo rasto de oportunidades perdidas, de casos estranhos, de histórias mal contadas e de encenações inúteis. Em seis anos de governação nem tudo foi mau, e seria injusto esquecê-lo. Mas sejamos claros: foram anos sem alma, numa constante deriva de valores e de convicções. Não tirar daqui nenhuma lição seria, no mínimo, estúpido.
Tudo isto torna penosamente patética esta história de "José Sócrates a estudar filosofia em Paris". Sobretudo porque, depois das aldrabices da licenciatura na Universidade Independente (hoje bem documentadas no livro O Processo 95385, Publicações Dom Quixote), tudo o que se lê na reportagem do Expresso lembra irresistivelmente aquilo a que Freud chamou em 1920, no seu Jenseits des lustprinzips, a "compulsão de repetição", e a que os brasileiros, de um modo mais corriqueiro, chamam... uma repeteca.»
[A repeteca, artigo de opinião de Manuel Maria Carrilho no DN]
«Os socialistas decidiram o que entenderam e os portugueses escolheram o que pensaram ser melhor. Opções que, naturalmente, respeitei, com esperança que a responsabilidade do poder viesse a ter algum efeito benéfico. Foi uma esperança vã. A história fala por si, e dispensa comentários: o desnorte com o caso da licenciatura em 2007, a total incompreensão da crise em 2008, a aguda mitomania de 2009 e 2010, a bancarrota em 2011. Pelo meio, um tratado de Lisboa inútil, que só veio reforçar o poder alemão, e um reformismo esfarelado que raramente passou dos anúncios.
Na grande história do Partido Socialista, o "socrazysmo" foi um período atípico, que deixou um longo rasto de oportunidades perdidas, de casos estranhos, de histórias mal contadas e de encenações inúteis. Em seis anos de governação nem tudo foi mau, e seria injusto esquecê-lo. Mas sejamos claros: foram anos sem alma, numa constante deriva de valores e de convicções. Não tirar daqui nenhuma lição seria, no mínimo, estúpido.
Tudo isto torna penosamente patética esta história de "José Sócrates a estudar filosofia em Paris". Sobretudo porque, depois das aldrabices da licenciatura na Universidade Independente (hoje bem documentadas no livro O Processo 95385, Publicações Dom Quixote), tudo o que se lê na reportagem do Expresso lembra irresistivelmente aquilo a que Freud chamou em 1920, no seu Jenseits des lustprinzips, a "compulsão de repetição", e a que os brasileiros, de um modo mais corriqueiro, chamam... uma repeteca.»
[A repeteca, artigo de opinião de Manuel Maria Carrilho no DN]
Pro memoria (49) – «truques orçamentais»
Ouve-se ou lê-se e não se acredita. O deputado socialista Pedro Marques acusou o governo de usar «truques orçamentais» em 2011. Receei o pior. Teria Teixeira dos Santos reencarnado num Vítor Gaspar empurrando a despesa com a barriga e inventando receita.
Puro engano. Os «truques orçamentais» de Gaspar afinal são, sempre segundo o deputado socialista, simétricos dos de Teixeira dos Santos. Segundo ele, foram as receitas extraordinárias que foram «empurradas com a barriga» e a execução da despesa ficou abaixo do orçamentado. A conclusão é conhecida: folgas, medidas de austeridades desnecessárias, bla bla.
Não sei se este governo usou «truques orçamentais». Sei que esta gente socialista, depois de 6 anos a fazer batota, não está em posição de apontar o dedo, a não ser que se retrate dessa batota, o que até hoje não aconteceu. E sei que o FMI considera insuficientes os ajustamentos e diz o que toda a gente sabe: «a meta orçamental foi atingida através de uma transferência parcial dos fundos de pensões da banca, o que implica que o ajustamento subjacente em 2011 tenha sido inferior ao esperado».
Também sei que, como escreve Camilo Lourenço, uma das criaturas lúcidas no jornalismo económico deste país, «o alerta do Fundo é muito bem-vindo. Porque ainda não iniciámos a parte mais dolorosa do programa de ajustamento (corte de despesa corrente e adopção de regras que permitem o crescimento contínuo dessa despesa) e já estamos a cantar vitória. Como se o Estado tivesse deixado de gastar o equivalente a 51,3% do Produto Interno Bruto... E depois admiramo-nos que as taxas de juro de longo prazo estejam acima de 12%. Estão porque têm de estar; porque não estamos a fazer o suficiente para tornar as Finanças Públicas sustentáveis (no pain, no gain). É esta pedagogia que o Presidente da República devia estar a fazer, em vez de se descredibilizar com declarações idiotas sobre as suas despesas.»
Puro engano. Os «truques orçamentais» de Gaspar afinal são, sempre segundo o deputado socialista, simétricos dos de Teixeira dos Santos. Segundo ele, foram as receitas extraordinárias que foram «empurradas com a barriga» e a execução da despesa ficou abaixo do orçamentado. A conclusão é conhecida: folgas, medidas de austeridades desnecessárias, bla bla.
Não sei se este governo usou «truques orçamentais». Sei que esta gente socialista, depois de 6 anos a fazer batota, não está em posição de apontar o dedo, a não ser que se retrate dessa batota, o que até hoje não aconteceu. E sei que o FMI considera insuficientes os ajustamentos e diz o que toda a gente sabe: «a meta orçamental foi atingida através de uma transferência parcial dos fundos de pensões da banca, o que implica que o ajustamento subjacente em 2011 tenha sido inferior ao esperado».
Também sei que, como escreve Camilo Lourenço, uma das criaturas lúcidas no jornalismo económico deste país, «o alerta do Fundo é muito bem-vindo. Porque ainda não iniciámos a parte mais dolorosa do programa de ajustamento (corte de despesa corrente e adopção de regras que permitem o crescimento contínuo dessa despesa) e já estamos a cantar vitória. Como se o Estado tivesse deixado de gastar o equivalente a 51,3% do Produto Interno Bruto... E depois admiramo-nos que as taxas de juro de longo prazo estejam acima de 12%. Estão porque têm de estar; porque não estamos a fazer o suficiente para tornar as Finanças Públicas sustentáveis (no pain, no gain). É esta pedagogia que o Presidente da República devia estar a fazer, em vez de se descredibilizar com declarações idiotas sobre as suas despesas.»
25/01/2012
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: O caminho faz-se caminhando
Tem de se reconhecer alguma coerência nas políticas do Partido Socialista. Nos últimos 15 anos, estiverem no poder quase 13 anos prosseguindo afincadamente o investimento em obras públicas faraónicas e muitas delas sem um cêntimo de retorno líquido de custos-benefícios, engordando a vaca marsupial pública com dezenas de milhar de utentes e inevitavelmente multiplicando a dívida pública. É claro que nesse período foram ajudados pelos 2 anos de governo PSD que teria feito obra comparável, se tivesse tido o tempo que não teve. Por isso, enfiar os dois por igual neste saco é conversa para adormecer.
A coerência do PS continua hoje na oposição, mesmo depois dos feitos dos governos Sócrates que nunca me canso de recordar (a memória do povo é fraca): maior desemprego dos últimos 90 anos, maior dívida pública dos últimos 160 anos, mais baixo crescimento económico dos últimos 90 anos, maior dívida externa dos últimos 120 anos, mais baixa taxa de poupança dos últimos 50 anos e segunda maior taxa de emigração dos últimos 160 anos.
Vem isto a propósito da última posição do PS sobre o aumento dos transportes, sector dominado por empresas públicas com um passivo bancário de cerca de 17 mil milhões. Como a troika não aceita a transferência desse passivo para o Estado (salvo no caso dos metropolitanos de Lisboa e Porto e Refer), resta o aumento das tarifas.
Perante esta situação o que diz o PS? «Lamenta que as soluções até agora apresentadas pelo Governo para o setor dos transportes passem por duas vias: uma primeira ir ao bolso dos portugueses e uma segunda por diminuir a mobilidade dos portugueses».
Não percebe o PS que todas as medidas passam pelo bolso dos portugueses e só se pode optar por passarem pelo bolso dos portugueses que usam os transportes, na precisa medida em que os usam, ou por passarem indiferentemente pelos bolsos de todos os portugueses. Condenam o Governo não ter apresentado «propostas para fazer face aos endividamentos das empresas», como se estas propostas pudessem passar ao lado de aumento das tarifas e/ou do aumento dos impostos para captar receitas suficientes para capitalizar as EP de transportes no montante necessário para reduzir substancialmente a dívida – qualquer coisa que poderia chegar a 10% do PIB!
E de quem é a culpa? Para o comentador «Desiludido» da notícia do Expresso «é toda de Cavaco. Ou talvez de Salazar. Quem esteve no desgoverno nos últimos 15 anos não tem culpa nenhuma.» Poderia ter acrescentado aos culpados o Infante de Sagres e o senhor Dom Miguel e aos inocentes os governos do PREC e o doutor Mário Soares.
A coerência do PS continua hoje na oposição, mesmo depois dos feitos dos governos Sócrates que nunca me canso de recordar (a memória do povo é fraca): maior desemprego dos últimos 90 anos, maior dívida pública dos últimos 160 anos, mais baixo crescimento económico dos últimos 90 anos, maior dívida externa dos últimos 120 anos, mais baixa taxa de poupança dos últimos 50 anos e segunda maior taxa de emigração dos últimos 160 anos.
Vem isto a propósito da última posição do PS sobre o aumento dos transportes, sector dominado por empresas públicas com um passivo bancário de cerca de 17 mil milhões. Como a troika não aceita a transferência desse passivo para o Estado (salvo no caso dos metropolitanos de Lisboa e Porto e Refer), resta o aumento das tarifas.
Perante esta situação o que diz o PS? «Lamenta que as soluções até agora apresentadas pelo Governo para o setor dos transportes passem por duas vias: uma primeira ir ao bolso dos portugueses e uma segunda por diminuir a mobilidade dos portugueses».
Não percebe o PS que todas as medidas passam pelo bolso dos portugueses e só se pode optar por passarem pelo bolso dos portugueses que usam os transportes, na precisa medida em que os usam, ou por passarem indiferentemente pelos bolsos de todos os portugueses. Condenam o Governo não ter apresentado «propostas para fazer face aos endividamentos das empresas», como se estas propostas pudessem passar ao lado de aumento das tarifas e/ou do aumento dos impostos para captar receitas suficientes para capitalizar as EP de transportes no montante necessário para reduzir substancialmente a dívida – qualquer coisa que poderia chegar a 10% do PIB!
E de quem é a culpa? Para o comentador «Desiludido» da notícia do Expresso «é toda de Cavaco. Ou talvez de Salazar. Quem esteve no desgoverno nos últimos 15 anos não tem culpa nenhuma.» Poderia ter acrescentado aos culpados o Infante de Sagres e o senhor Dom Miguel e aos inocentes os governos do PREC e o doutor Mário Soares.
24/01/2012
The Year of Living Dangerously
«Em 2012, podem ocorrer alterações de lideranças políticas em países que representam 53% da população mundial e mais de 50% do PIB do globo. Este alinhamento "quase-cósmico" de possíveis mudanças políticas não chamaria particularmente a atenção se vivêssemos tempos de serenidade. No entanto, o atual cenário de instabilidade mundial faz suspeitar que 2012 pode marcar um ponto de viragem na história da era moderna.» (Miguel Setas no DE)
A acrescentar em Outubro o Congresso do Partido Comunista Chinês e a eleição do Secretário Geral que será Presidente em 2013.
Fonte: Election Guide Calendar 2012 |
A acrescentar em Outubro o Congresso do Partido Comunista Chinês e a eleição do Secretário Geral que será Presidente em 2013.
23/01/2012
Porque não há crédito para as empresas viáveis?
A falta de crédito para financiar as PME, nomeadamente as exportadoras, é um segredo de Polichinelo. E falta o crédito porque a aversão ao risco pela banca aumentou e pura e simplesmente não há liquidez suficiente para cobrir a necessidades de crédito das empresas do regime, nomeadamente as endividadíssimas empresas públicas, quanto mais as das PME exportadoras.
Segundo as contas de Eduardo Catroga, seriam precisos mais 20 mil milhões de euros de empréstimos da troika para o governo injectar nas empresas públicas e estas poderem amortizar os seus passivos bancários. Isso permitiria à banca libertar meios para financiar a economia. É claro que em consequência a dívida pública para quase 115% do PIB e o serviço da dívida exigiria um novo aumento de impostos.
Portanto, a resposta à pergunta do título é: porque o crédito é canalizado para as empresas inviáveis.
É mais uma razão para o discurso da folga do PS ser tão temerário quanto estúpido.
Segundo as contas de Eduardo Catroga, seriam precisos mais 20 mil milhões de euros de empréstimos da troika para o governo injectar nas empresas públicas e estas poderem amortizar os seus passivos bancários. Isso permitiria à banca libertar meios para financiar a economia. É claro que em consequência a dívida pública para quase 115% do PIB e o serviço da dívida exigiria um novo aumento de impostos.
Portanto, a resposta à pergunta do título é: porque o crédito é canalizado para as empresas inviáveis.
É mais uma razão para o discurso da folga do PS ser tão temerário quanto estúpido.
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Não lhe chega o dinheiro? Siga o exemplo do senhor engenheiro.
Cavaco Silva é a má elite
Cavaco Silva precisou de um instante para passar de bestial a besta. De uma figura central para garantir o acordo de concertação social, o Presidente da República hipotecou o capital político junto do povo provavelmente até ao fim do mandato com as declarações insensatas sobre quanto ganha com as reformas.
Quem ouviu as palavras de Cavaco Silva percebe que, mais do um raciocínio, é um sentimento. Vem-lhe das entranhas. O Presidente acha mesmo que os cerca de oito mil euros que ganha por mês com as reformas é pouco e que merecia mais. Não quero saber do nível de despesas de Cavaco Silva mas fiquei a perceber que não vive no mesmo mundo em que sobrevive a maioria dos portugueses com um rendimento médio mensal que não passa dos 800 euros e com tendência para descer devido à crise.
O pensamento do Presidente da República fazia sentido no passado. Se eu descontei durante os anos que trabalhei, mereço a reforma como foi combinado. Caso não tenha percebido, o mundo mudou. A geração que hoje trabalha para pagar as reformas do Presidente, desconta mais em média do que no passado e, quando chegar a sua hora, não haverá provavelmente pensão para receber ou representará, na melhor das hipóteses, metade do salário recebido na vida activa.
Por isto, as palavras do Presidente da República são mais graves do que parecem. São simbólicas de uma certa elite que governou o País nos últimos trinta anos e que não aprendeu nada com os erros. As mesmas pessoas que empurraram Portugal para esta crise sem precedentes com as suas decisões políticas continuam a exigir privilégios descabidos. É uma elite que tem a escola do Banco de Portugal, uma instituição que se refugia no estatuto de regulador para reclamar regalias desfasadas da realidade do País e que está longe de apresentar os resultados que justifiquem os meios.
Não é preciso recuperar os casos BCP, BPP ou BPN para questionar o trabalho do Banco de Portugal. A questão é sobretudo moral: não é sério publicar trimestralmente relatórios a falar da incapacidade de poupança dos portugueses, quando as mesmas pessoas recusam mudar porque supostamente são o melhor que o País tem e respondem ao estatuto do Banco Central Europeu.
Cavaco Silva é o expoente máximo desta elite que gosta de pregar uma moral para o povo que não pratica. Passam o tempo a dizer que os sacrifícios são necessários para ultrapassar a crise mas querem passar pelas dificuldades com o nível de vida do passado. Apertar o cinto é só para os outros. A história de Portugal mostra que o problema do País nunca esteve no povo, que sempre aguentou tudo, mas nas elites, ou melhor, na falta delas. Mais uma vez revela-se a sua qualidade e carácter. Não precisamos desta gente. O futuro terá que ser construído com uma nova geração e outras mentalidades, mais humildes e solidárias.
Bruno Proença no Diário Económico
Se não lhe chega o dinheiro, porque não seguiu Cavaco Silva o exemplo de poupança de José Sócrates? O ex-primeiro-ministro, apesar de só ter feito na vida profissional uns projectos de casitas, conseguiu com um modesto salário que não chegava aos calcanhares das pensões de Cavaco Silva, poupar o suficiente para estar em Paris a desfrutar de uns anos sabáticos, viver no 16ème arrondissement, o bairro mais caro de Paris, e pagar almoços a uma dúzia de pessoas que custam o equivalente a mais de um mês de pensões de Cavaco.
Cavaco Silva precisou de um instante para passar de bestial a besta. De uma figura central para garantir o acordo de concertação social, o Presidente da República hipotecou o capital político junto do povo provavelmente até ao fim do mandato com as declarações insensatas sobre quanto ganha com as reformas.
Quem ouviu as palavras de Cavaco Silva percebe que, mais do um raciocínio, é um sentimento. Vem-lhe das entranhas. O Presidente acha mesmo que os cerca de oito mil euros que ganha por mês com as reformas é pouco e que merecia mais. Não quero saber do nível de despesas de Cavaco Silva mas fiquei a perceber que não vive no mesmo mundo em que sobrevive a maioria dos portugueses com um rendimento médio mensal que não passa dos 800 euros e com tendência para descer devido à crise.
O pensamento do Presidente da República fazia sentido no passado. Se eu descontei durante os anos que trabalhei, mereço a reforma como foi combinado. Caso não tenha percebido, o mundo mudou. A geração que hoje trabalha para pagar as reformas do Presidente, desconta mais em média do que no passado e, quando chegar a sua hora, não haverá provavelmente pensão para receber ou representará, na melhor das hipóteses, metade do salário recebido na vida activa.
Por isto, as palavras do Presidente da República são mais graves do que parecem. São simbólicas de uma certa elite que governou o País nos últimos trinta anos e que não aprendeu nada com os erros. As mesmas pessoas que empurraram Portugal para esta crise sem precedentes com as suas decisões políticas continuam a exigir privilégios descabidos. É uma elite que tem a escola do Banco de Portugal, uma instituição que se refugia no estatuto de regulador para reclamar regalias desfasadas da realidade do País e que está longe de apresentar os resultados que justifiquem os meios.
Não é preciso recuperar os casos BCP, BPP ou BPN para questionar o trabalho do Banco de Portugal. A questão é sobretudo moral: não é sério publicar trimestralmente relatórios a falar da incapacidade de poupança dos portugueses, quando as mesmas pessoas recusam mudar porque supostamente são o melhor que o País tem e respondem ao estatuto do Banco Central Europeu.
Cavaco Silva é o expoente máximo desta elite que gosta de pregar uma moral para o povo que não pratica. Passam o tempo a dizer que os sacrifícios são necessários para ultrapassar a crise mas querem passar pelas dificuldades com o nível de vida do passado. Apertar o cinto é só para os outros. A história de Portugal mostra que o problema do País nunca esteve no povo, que sempre aguentou tudo, mas nas elites, ou melhor, na falta delas. Mais uma vez revela-se a sua qualidade e carácter. Não precisamos desta gente. O futuro terá que ser construído com uma nova geração e outras mentalidades, mais humildes e solidárias.
Bruno Proença no Diário Económico
Se não lhe chega o dinheiro, porque não seguiu Cavaco Silva o exemplo de poupança de José Sócrates? O ex-primeiro-ministro, apesar de só ter feito na vida profissional uns projectos de casitas, conseguiu com um modesto salário que não chegava aos calcanhares das pensões de Cavaco Silva, poupar o suficiente para estar em Paris a desfrutar de uns anos sabáticos, viver no 16ème arrondissement, o bairro mais caro de Paris, e pagar almoços a uma dúzia de pessoas que custam o equivalente a mais de um mês de pensões de Cavaco.
22/01/2012
Estado empreendedor (63) - a maldição da Rua da Horta Seca (IV)
O problema não estará no homem, a pessoa do ministro da Economia. É um sujeito letrado, com boas ideias, tem obra publicada com ideias interessantes (ainda que um pouco lunáticas), doutorou-se e é professor na Simon Fraser, universidade que, a avaliar pelos lugares em vários rankings, não é deslumbrante, mas seguramente está a milhas da Universidade Independente (*). E chegou lá sem ser preciso a EDP financiar a Simon Fraser, como aconteceu com o seu antecessor dos corninhos. O problema está no homem e as circunstâncias.
Uma das circunstâncias reside na relação do homem ministro com o lugar de ministro num país onde o respeitinho é muito bonito e o tratem-me por Álvaro ou o desígnio do pastel de nata são politicamente mortais. O primeiro perante a populaça e o segundo perante as luminárias.
Outra circunstância é a existência de um ministério da Economia, um bicho cujo propósito formal tem sido o de promover a iniciativa privada e cujos resultados têm sido anestesiá-la com subsídios. Ora acontece que não há dinheiro para subsídios e na política portuguesa acontece o contrário do dito popular: não há dinheiro mas há sempre palhaços e, portanto, circo.
A segunda circunstância remete para a terceira que é a endémica falta de iniciativa privada promovida com fervor pelo ministério. Veja-se o exemplo do «cluster do pastel de nata», como lhe chamou jocosamente Basílio Horta, mais uma conversão socialista saída do partido rigorosamente ao centro. Numa entrevista ao Sol, o presidente da Associação do Comércio … Pastelaria e Similares, explicou porque não havia o cluster do Basílio para o pastel do Álvaro: «o pastel de nata não é franchisado porque não há apoios do Estado». Que mais poderia ser?
(*) No reputado ranking da Shanghai Jiao Tong University em 2011, a Simon Frases estava nos primeiros 300 lugares acima de qualquer universidade portuguesa.
Uma das circunstâncias reside na relação do homem ministro com o lugar de ministro num país onde o respeitinho é muito bonito e o tratem-me por Álvaro ou o desígnio do pastel de nata são politicamente mortais. O primeiro perante a populaça e o segundo perante as luminárias.
Outra circunstância é a existência de um ministério da Economia, um bicho cujo propósito formal tem sido o de promover a iniciativa privada e cujos resultados têm sido anestesiá-la com subsídios. Ora acontece que não há dinheiro para subsídios e na política portuguesa acontece o contrário do dito popular: não há dinheiro mas há sempre palhaços e, portanto, circo.
A segunda circunstância remete para a terceira que é a endémica falta de iniciativa privada promovida com fervor pelo ministério. Veja-se o exemplo do «cluster do pastel de nata», como lhe chamou jocosamente Basílio Horta, mais uma conversão socialista saída do partido rigorosamente ao centro. Numa entrevista ao Sol, o presidente da Associação do Comércio … Pastelaria e Similares, explicou porque não havia o cluster do Basílio para o pastel do Álvaro: «o pastel de nata não é franchisado porque não há apoios do Estado». Que mais poderia ser?
(*) No reputado ranking da Shanghai Jiao Tong University em 2011, a Simon Frases estava nos primeiros 300 lugares acima de qualquer universidade portuguesa.
21/01/2012
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (51) – nepotismo puro e duro
Maria de Lurdes Rodrigues, ex-ministra da Educação do primeiro governo de José Sócrates contratou de 2005 a 2007 João Pedroso, advogado, dirigente do PS, irmão de Paulo Pedroso o ex-ministro do Trabalho de Guterres. Contratou-o duas vezes para fazer o mesmo manual de direito da Educação, nunca acabado, e pagou pela segunda vez uma tença mensal de 20 mil euros mensais, mais de 13 vezes superior à primeira. O resultado foram umas dezenas de pastas com fotocópias cujo custo total ultrapassou 300 mil euros.
Os dois e mais uns apparatchiks menores estão agora a braços com a justiça e arriscam 8 anos de prisão, provavelmente transformados nuns poucos anos de desconforto com audiências, testemunhas, julgamentos, recursos e os outros expedientes habituais até nada ser dado como provado, ou, na pior hipótese, prescrever conforme a tradição.
Os dois e mais uns apparatchiks menores estão agora a braços com a justiça e arriscam 8 anos de prisão, provavelmente transformados nuns poucos anos de desconforto com audiências, testemunhas, julgamentos, recursos e os outros expedientes habituais até nada ser dado como provado, ou, na pior hipótese, prescrever conforme a tradição.
20/01/2012
Um retrato a la minute das maiores empresas
A crise parece ter passado ao lado das 500 maiores empresas que aumentaram de 2009 para 2010 os lucros em quase 30% (excluindo a venda da Vivo pela PT) e as vendas em 14%. As vendas representavam 65% do PIB em 2009 e 72% em 2010. Quatro em cada dez dessas empresas são estrangeiras e sete em cada dez situam-se no NUTS Lisboa e Vale do Tejo. (Agência Financeira)
Desconsiderando o facto de muitas dessas empresas venderem bens ou prestarem serviços não transacionáveis e algumas beneficiarem de mercados protegidos, esta prosperidade sugere que as grandes vítimas da crise estejam a ser as PME e as micro-empresas. O resultado poderá ser uma recomposição do tecido empresarial – uma espécie de destruição criativa deste capitalismo estatal menor para usar o conceito do reconvertido Nicolau Santos.
Desconsiderando o facto de muitas dessas empresas venderem bens ou prestarem serviços não transacionáveis e algumas beneficiarem de mercados protegidos, esta prosperidade sugere que as grandes vítimas da crise estejam a ser as PME e as micro-empresas. O resultado poderá ser uma recomposição do tecido empresarial – uma espécie de destruição criativa deste capitalismo estatal menor para usar o conceito do reconvertido Nicolau Santos.
O sentido de equilíbrio nas nomeações segundo o BE
Como habitualmente, Francisco Louçã fez o seu número tribunício a propósito das nomeações para a Caixa e a Águas de Portugal, pelo governo, e para a EDP, pelos accionistas.
Quem esperasse ouvir defender a nomeação com as devidas competências para os lugares a concurso ficou desiludida. O tele-evangelista defendeu o equilíbrio que para ele consiste em nomear o mesmo número de apparatchiks de cada um dos partidos da coligação. Ainda se ao menos defendesse a nomeação de um apparatchik por cada agência de emprego representada no parlamento ou a aplicação do método de Hondt…
Quem esperasse ouvir defender a nomeação com as devidas competências para os lugares a concurso ficou desiludida. O tele-evangelista defendeu o equilíbrio que para ele consiste em nomear o mesmo número de apparatchiks de cada um dos partidos da coligação. Ainda se ao menos defendesse a nomeação de um apparatchik por cada agência de emprego representada no parlamento ou a aplicação do método de Hondt…
ESTADO DE SÍTIO: Quantos são ao utentes da vaca marsupial pública?
Até hoje não consegui compreender como é possível a administração pública acumular em tão grande quantidade um misto de incompetência, negligência e sabotagem capaz de explicar a incapacidade de contar os seus próprios funcionários e comunicar o resultado, mesmo sob ameaça de ser retido 10% da dotação orçamental. Expira hoje o adiamento do prazo.
19/01/2012
ARTIGO DEFUNTO: A criatura terá tido uma revelação?
Qualquer frequentador regular do (Im)pertinências terá notado que, entre os jornalistas de causas económicas, aqueles a quem chamamos os pastorinhos da economia dos amanhãs que cantam, temos uma particular devoção pela obra de Nicolau Santos a quem já dedicámos largas dezenas de posts.
Quase deixava escapar mais um a propósito da sua indignação (sim, também ele é um indignado, embora com grande atraso) expressa no Expresso de sábado passado com as nomeações para os órgãos sociais da EDP. Não, não é com a comissão executiva, ele saberá porquê. É com o conselho geral. O parágrafo mais interessante é o último, com o qual tenho dificuldade em não concordar. Aqui vai ele.
Quase deixava escapar mais um a propósito da sua indignação (sim, também ele é um indignado, embora com grande atraso) expressa no Expresso de sábado passado com as nomeações para os órgãos sociais da EDP. Não, não é com a comissão executiva, ele saberá porquê. É com o conselho geral. O parágrafo mais interessante é o último, com o qual tenho dificuldade em não concordar. Aqui vai ele.
«Releve-se igualmente o facto de os chineses da Three Gorges terem compreendido rapidamente a essência do capitalismo português: podem mandar à vontade desde que distribuam algumas prebendas e sinecuras pelos notáveis do reino. Aliás, não deve ter sido difícil. O capitalismo estatal chinês reconhece sem dificuldades os seus semelhantes menores. Como é obviamente o caso.»Fiquei sem ar. Terá Nicolau Santos tido uma revelação ao fim de um calvário de décadas a louvaminhar este capitalismo estatal menor em que temos vivido?
Não adianta carregar o burro porque ele não aguenta mais
Porquê há um ponto a partir do qual «mais impostos já significam menos receita»? Por duas razões, uma má e outra menos má.
A má razão consiste na extorsão de impostos do Estado estar a comprometer o investimento, sem o qual não há crescimento e portanto mais matéria tributável. Refiro-me ao investimento privado porque, quanto ao «investimento» público, estamos conversados – não me recordo de nenhum elefante branco com um saldo líquido de custos e benefícios tangíveis.
A razão menos má é a evasão fiscal ou, dito de uma maneira menos politicamente incorrecta, a despesa e o investimento privados seguirem a iniciativa privada na sua passagem da economia oficial – leia-se a economia dos sujeitos passivos – para a economia paralela, também chamada mercado negro. É o que se está a verificar e todos podem observar no quotidiano do com «factura ou sem factura?» e, em certos casos, «não há factura».
Segundo um estudo da FEP, a economia paralela já atinge praticamente um quarto do PIB oficial. Curiosamente, baseado certamente na premissa ficcional do ceteris paribus, o estudo estima que se a economia paralela se reduzisse à média da OCDE (16%) o défice de 2010 teria sido de 6,9% em vez de 8,6%.
É divertido constatar que estes estudos andam mais devagar do que as revisões dos défices socráticos. O défice de 2010 depois dos 8,6% já passou para 9,1% e em Setembro para 9,8%.
Menos divertido é a fé na falácia do ceteris paribus que leva os autores a pensar que se o governo tivesse capturado os impostos da economia paralela não teria aumentado imediatamente a despesa pública e reconduzido o défice não para um valor mais baixo mas para um mais alto.
Também pouco divertida é a luta inglória contra o drama da extorsão ilegítima de dinheiro dos contribuintes através do nevoeiro da legislação fiscal e de práticas judiciais predatórias das autoridades fiscais. Ao que parece o montante em disputa equivale a 10% do PIB (ver aqui um resumo da intervenção de Lobo Xavier no congresso da APED).
A má razão consiste na extorsão de impostos do Estado estar a comprometer o investimento, sem o qual não há crescimento e portanto mais matéria tributável. Refiro-me ao investimento privado porque, quanto ao «investimento» público, estamos conversados – não me recordo de nenhum elefante branco com um saldo líquido de custos e benefícios tangíveis.
A razão menos má é a evasão fiscal ou, dito de uma maneira menos politicamente incorrecta, a despesa e o investimento privados seguirem a iniciativa privada na sua passagem da economia oficial – leia-se a economia dos sujeitos passivos – para a economia paralela, também chamada mercado negro. É o que se está a verificar e todos podem observar no quotidiano do com «factura ou sem factura?» e, em certos casos, «não há factura».
Segundo um estudo da FEP, a economia paralela já atinge praticamente um quarto do PIB oficial. Curiosamente, baseado certamente na premissa ficcional do ceteris paribus, o estudo estima que se a economia paralela se reduzisse à média da OCDE (16%) o défice de 2010 teria sido de 6,9% em vez de 8,6%.
É divertido constatar que estes estudos andam mais devagar do que as revisões dos défices socráticos. O défice de 2010 depois dos 8,6% já passou para 9,1% e em Setembro para 9,8%.
Menos divertido é a fé na falácia do ceteris paribus que leva os autores a pensar que se o governo tivesse capturado os impostos da economia paralela não teria aumentado imediatamente a despesa pública e reconduzido o défice não para um valor mais baixo mas para um mais alto.
Também pouco divertida é a luta inglória contra o drama da extorsão ilegítima de dinheiro dos contribuintes através do nevoeiro da legislação fiscal e de práticas judiciais predatórias das autoridades fiscais. Ao que parece o montante em disputa equivale a 10% do PIB (ver aqui um resumo da intervenção de Lobo Xavier no congresso da APED).
18/01/2012
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (50) – défice de memória, outra vez
Teixeira dos Santos reescreve a história:
- 22-02-2011 - «Não precisamos de ajuda»
- 17-01-2012 - «Seria quase incontornável esse percurso [pedir resgate ao FMI/FEEF/CE em 2010], a partir do momento em que a Irlanda pediu apoio às autoridades europeias e ao FMI»
SERVIÇO PÚBLICO: A SOPA azedou
Geeks 1, Congress 0:
Controversial anti-piracy bill SOPA 'shelved'
By Zack Whittaker | January 16, 2012, 8:50am PST (ZDNet)
Summary: SOPA is not dead, just badly wounded. But the collective support from one online community alone shows that democracy can, and indeed does work.
The Stop Online Piracy Act, known as SOPA, has been ’shelved’ by Congress to consider its options and to “address outstanding concerns”.
Round one is over. But the bills are not dead yet, just badly injured.
While it is entirely possible that SOPA could return, or be brought back as a derivative work under a different name, the Internet can take a breather, lick its wounds, and rest for a while.
The White House over the weekend responded to the SOPA Act, the PROTECT-IP Act, and the lesser-known OPEN Act, which acts in a vastly similar fashion to SOPA.
The SOPA bill, arguably the most controversial, would allow rights holders to have websites shutdown that allegedly infringe copyright, without due process or trial.
While the workings of the bill are still under wraps and polices yet to be written, a “shoot now, ask questions later” approach was clear to see. Many online community-based properties — including ZDNet — would have been under extreme risk to these pieces of legislation.
While it was the first official acknowledgement of the bills, it was made clear that the President could veto any bill that does: “not support legislation that reduces freedom of expression, increases cybersecurity risk, or undermines the dynamic, innovative global Internet”.
This comes only days after a controversial DNS-blocking mechanism that ran at the heart of the SOPA bill would be scrapped until the U.S. House Judiciary can, “further examine the issues surrounding this provision”. It was the kick in the teeth that the online community was hoping for.
But the White House’s comments made it clear that while under this U.S. administration, SOPA, PROTECT-IP and the OPEN bills will not pass.
Reddit has been a firm opposition to the SOPA and PROTECT-IP bills, and was the first to formally announce that the site would ‘blackout’ in protest of the bills. Others were considering taking a similar approach, but many others nevertheless took it upon themselves to follow suit.
GoDaddy was the target of a Reddit campaign after the company came out and officially supported SOPA. Many major websites and brands transfered their sites away from the domain name registrar. The company, that in the past has been a magnet for controversy, reversed its decision, but by then it was too late.
Reddit makes up less than 5 percent of the U.S. population, with many of its users in international territory. For the bills to be scrapped in their entirety, it would need the collective support of Facebook’s near-billion users, and Google’s estimated 180 million American users to go dark to make any length of a difference.
Reddit has not made a firm position on its blackout at the time of writing, nor whether the online-news sharing site will continue will go dark in protest still on Wednesday.
But nevertheless, for now, the “three horsemen of the Internet” have stalled, but it does not mean that imminent danger is no longer on the horizon.
It just goes to show how far geeks will go to make their voices heard. Geeks, it should be known, spread far and wide, almost single-handedly helped save the web as we know it.
By Zack Whittaker | January 16, 2012, 8:50am PST (ZDNet)
Summary: SOPA is not dead, just badly wounded. But the collective support from one online community alone shows that democracy can, and indeed does work.
The Stop Online Piracy Act, known as SOPA, has been ’shelved’ by Congress to consider its options and to “address outstanding concerns”.
Round one is over. But the bills are not dead yet, just badly injured.
While it is entirely possible that SOPA could return, or be brought back as a derivative work under a different name, the Internet can take a breather, lick its wounds, and rest for a while.
The White House over the weekend responded to the SOPA Act, the PROTECT-IP Act, and the lesser-known OPEN Act, which acts in a vastly similar fashion to SOPA.
The SOPA bill, arguably the most controversial, would allow rights holders to have websites shutdown that allegedly infringe copyright, without due process or trial.
While the workings of the bill are still under wraps and polices yet to be written, a “shoot now, ask questions later” approach was clear to see. Many online community-based properties — including ZDNet — would have been under extreme risk to these pieces of legislation.
While it was the first official acknowledgement of the bills, it was made clear that the President could veto any bill that does: “not support legislation that reduces freedom of expression, increases cybersecurity risk, or undermines the dynamic, innovative global Internet”.
This comes only days after a controversial DNS-blocking mechanism that ran at the heart of the SOPA bill would be scrapped until the U.S. House Judiciary can, “further examine the issues surrounding this provision”. It was the kick in the teeth that the online community was hoping for.
But the White House’s comments made it clear that while under this U.S. administration, SOPA, PROTECT-IP and the OPEN bills will not pass.
Reddit has been a firm opposition to the SOPA and PROTECT-IP bills, and was the first to formally announce that the site would ‘blackout’ in protest of the bills. Others were considering taking a similar approach, but many others nevertheless took it upon themselves to follow suit.
GoDaddy was the target of a Reddit campaign after the company came out and officially supported SOPA. Many major websites and brands transfered their sites away from the domain name registrar. The company, that in the past has been a magnet for controversy, reversed its decision, but by then it was too late.
Reddit makes up less than 5 percent of the U.S. population, with many of its users in international territory. For the bills to be scrapped in their entirety, it would need the collective support of Facebook’s near-billion users, and Google’s estimated 180 million American users to go dark to make any length of a difference.
Reddit has not made a firm position on its blackout at the time of writing, nor whether the online-news sharing site will continue will go dark in protest still on Wednesday.
But nevertheless, for now, the “three horsemen of the Internet” have stalled, but it does not mean that imminent danger is no longer on the horizon.
It just goes to show how far geeks will go to make their voices heard. Geeks, it should be known, spread far and wide, almost single-handedly helped save the web as we know it.
17/01/2012
ARTIGO DEFUNTO: As dificuldades do jornalista com a regra de três simples (talvez possam ser superadas)
O (Im)pertinências e vários outros blogues apontaram o dedo à grossa asneira do artigo «Passos Coelho já nomeou mais pessoas do que o primeiro Governo de Sócrates» do Público que hoje admite o erro.
«O PÚBLICO reconhece, porém, que essa conclusão apresentada numa notícia publicada na segunda-feira se baseou numa comparação que não podia ser feita, uma vez que punha em paralelo períodos de tempo diferentes para cada um dos casos.Valha-nos ao menos isso, nestes tempos em que o jornalismo a soldo anda à solta.
Se o período comparado fosse o mesmo, o executivo de Passos Coelho teria um menor número de nomeações. Por essa falha, que suscitou protestos de inúmeros leitores, apresentamos as nossas desculpas.»
Se não tem solução não é problema (ACTUALIZADO)
A Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) foi ontem queixar-se ao primeiro-ministro que a partir de Março não há encomendas e estão em risco 140 mil postos de trabalho dos actuais 760 mil, depois de já ter perdido 245 mil desde 2002 até ao 3.º trimestre de 2011.
Gostava de saber o que espera a CPCI do governo. Possivelmente o relançamento as PPP e outras obras públicas, na melhor hipótese. Na pior, subsídios.
Esquecendo que uma política de sustentação artificial de actividades económicas com procura evanescente teria conduzido a ainda hoje se cultivar a terra com enxadas e construírem carroças e carros de bois e esquecendo terem sido as PPP e as obras públicas em geral, sem custo-benefício que as justificasse, uma das causas principais do endividamento presente e futuro, de onde é que a CPCI espera que o governo extraia o dinheiro?
De mais empréstimos? Os que existem da troika mal dão para pagar o serviço da dívida que este ano atingirá mais de 20% do PIB.
De mais impostos? Nesta altura do campeonato mais impostos já significam menos receita? (*)
Resta um trade off entre redução da despesa corrente e aumento do investimento público. E onde vai o governo reduzir a despesa corrente? No SNS? Nos subsídios de desemprego? Nas pensões? Nos salários dos funcionários públicos? Aceitam-se sugestões.
(*) ACTUALIZAÇÃO:
A respeito do «mais impostos já significam menos receita», acabo de ler o post «Se todos pagarmos, pagamos menos (2)» de O Insurgente, cuja leitura se recomenda, onde se mostra que estamos nesse caminho.
Gostava de saber o que espera a CPCI do governo. Possivelmente o relançamento as PPP e outras obras públicas, na melhor hipótese. Na pior, subsídios.
Esquecendo que uma política de sustentação artificial de actividades económicas com procura evanescente teria conduzido a ainda hoje se cultivar a terra com enxadas e construírem carroças e carros de bois e esquecendo terem sido as PPP e as obras públicas em geral, sem custo-benefício que as justificasse, uma das causas principais do endividamento presente e futuro, de onde é que a CPCI espera que o governo extraia o dinheiro?
De mais empréstimos? Os que existem da troika mal dão para pagar o serviço da dívida que este ano atingirá mais de 20% do PIB.
De mais impostos? Nesta altura do campeonato mais impostos já significam menos receita? (*)
Resta um trade off entre redução da despesa corrente e aumento do investimento público. E onde vai o governo reduzir a despesa corrente? No SNS? Nos subsídios de desemprego? Nas pensões? Nos salários dos funcionários públicos? Aceitam-se sugestões.
(*) ACTUALIZAÇÃO:
A respeito do «mais impostos já significam menos receita», acabo de ler o post «Se todos pagarmos, pagamos menos (2)» de O Insurgente, cuja leitura se recomenda, onde se mostra que estamos nesse caminho.
DIÁRIO DE BORDO: As gerações são como os generais franceses
A propósito da linha Maginot, construída depois da guerra de 1914-7 para deter os exércitos alemães e apropriadamente contornada pelos seus tanques durante a blitzkrieg, disse-se que os generais franceses estavam sempre muito bem preparados para a guerra anterior.
Com as gerações é quase a mesma coisa.
A geração dos meus pais vivia frugalmente poupando dinheiro para o desemprego, a doença e a velhice. Não teriam precisado se antecipassem que o Estado Social iria tomar conta deles durante quase todo tempo que restava das suas vidas.
A minha geração viveu acima das posses (e ainda tenta viver) como se os amanhãs cantassem para sempre. Está endividada e sem meios para enfrentar desemprego, doença e velhice.
A geração dos meus filhos, dos indignados, segue o exemplo dos pais e ainda não percebeu que o Estado Social já não lhes pode dar o que esperam e por isso indignam-se com a causa errada. O Estado Social está moribundo e estará morto quando mais precisarem dele.
Estavam e estão todos preparados para o passado. Não estão preparados para o futuro mais provável, que não sabemos exactamente qual será. Só sabemos que não será igual ao passado.
A geração dos meus pais vivia frugalmente poupando dinheiro para o desemprego, a doença e a velhice. Não teriam precisado se antecipassem que o Estado Social iria tomar conta deles durante quase todo tempo que restava das suas vidas.
A minha geração viveu acima das posses (e ainda tenta viver) como se os amanhãs cantassem para sempre. Está endividada e sem meios para enfrentar desemprego, doença e velhice.
A geração dos meus filhos, dos indignados, segue o exemplo dos pais e ainda não percebeu que o Estado Social já não lhes pode dar o que esperam e por isso indignam-se com a causa errada. O Estado Social está moribundo e estará morto quando mais precisarem dele.
Estavam e estão todos preparados para o passado. Não estão preparados para o futuro mais provável, que não sabemos exactamente qual será. Só sabemos que não será igual ao passado.
16/01/2012
ARTIGO DEFUNTO: As dificuldades do jornalista com a regra de três simples
Sob o título «Passos Coelho já nomeou mais pessoas do que o primeiro Governo de Sócrates», o Público escreveu, «em quase sete meses, o actual Governo nomeou mais três pessoas do que o primeiro executivo de José Sócrates (com 54 membros) em dois meses e meio, mas menos 264 do que o segundo (com 55) em três meses e meio.»
Com o mesmo racional, o Público poderia ter também escrito:
Com o mesmo racional, o Público poderia ter também escrito:
- Em quase sete meses o actual governo já fez mais despesa do que o primeiro executivo (e o segundo) de José Sócrates em dois meses e meio;
- Em 15 jornadas o Sporting tem mais pontos do que o Porto em 5 jornadas da época passada.
ESTADO DE SÍTIO: Índice de intervencionismo
Se medirmos o intervencionismo pelo número de ejaculações do órgão legislativo governamental, a avaliar pela quantidade de decretos-leis publicados nos 6 primeiros meses de governação, o período geralmente de maior obsessão legiferante, dos governos Barroso (esquecendo o de Santana Lopes precocemente apeado por Jorge Sampaio), Sócrates I e actual, o governo em exercício é o menos interventivo:
- Barroso.............. 115
- Sócrates-I............ 93
- Passos Coelho......... 42
15/01/2012
Bons exemplos (27)
António Horta-Osório, presidente do Lloyds Bank, provavelmente o melhor gestor português de topo com carreira internacional, renunciou a um bónus de mais de 2 milhões de euros por ter estado doente durante dois meses a recuperar de um stress profundo, causado por intenso micro-management, segundo as suas palavras.
Pode ser que seja má vontade minha, mas suspeito não ser raro os gestores de topo que por cá andam flutuarem sobre a gestão só recorrendo ao micro-management para tratarem da sua carreira em almoços e com os assessores de imagem que alimentam jornalistas para publicarem os manipulados a respeito dos seus clientes. Alguns desses gestores de topo, são os mesmos que chamavam em privado a Horta-Osório «traidor» e «amigo dos espanhóis» na altura em que Champalimaud vendeu o Totta a Santander.
Pode ser que seja má vontade minha, mas suspeito não ser raro os gestores de topo que por cá andam flutuarem sobre a gestão só recorrendo ao micro-management para tratarem da sua carreira em almoços e com os assessores de imagem que alimentam jornalistas para publicarem os manipulados a respeito dos seus clientes. Alguns desses gestores de topo, são os mesmos que chamavam em privado a Horta-Osório «traidor» e «amigo dos espanhóis» na altura em que Champalimaud vendeu o Totta a Santander.
BREIQUINGUE NIUZ: ASAE dá vitória às vacas dos leiteiros sobre as vacas holandesas do Pingo Doce
Vaca aditivada do Pingo Doce apanhada em flagrante pela ASAE |
Segundo a definição corrente, «dumping é uma prática comercial que consiste em uma ou mais empresas de um país venderem seus produtos, mercadorias ou serviços por preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo para outro país (preço que geralmente se considera menor do que se cobra pelo produto dentro do país exportador), por um tempo, visando prejudicar e eliminar os fabricantes de produtos similares concorrentes no local, passando então a dominar o mercado e impondo preços altos.»
De onde se conclui, que o Pingo Doce e o Continente estão a produzir na Holanda o leite das suas vacas aditivadas e a vendê-lo abaixo do custo .
Pro memoria (48) – a vida dele dava um filme
Ainda hoje, decorridos 5 anos do primeiro conhecimento público das trafulhices da licenciatura ao domingo de José Sócrates, cada vez que alguém mexe na cloaca fétida da investigação do caso da Universidade Independente exalam-se odores que só não parecem incomodar a PGR.
Além das muitas outras trapalhadas já conhecidas, segundo o Público os documentos que instruem o processo são fotocópias e diferem dos originais que estavam na posse do vice-reitor. Vice-reitor que é agora ameaçado com a acusação de «crime de subtracção de documento autêntico» pela mesma procuradora Cândida Almeida que mandou arquivar o inquérito do crime de «adição» de documentos falsos com um despacho de 31 páginas.
Além das muitas outras trapalhadas já conhecidas, segundo o Público os documentos que instruem o processo são fotocópias e diferem dos originais que estavam na posse do vice-reitor. Vice-reitor que é agora ameaçado com a acusação de «crime de subtracção de documento autêntico» pela mesma procuradora Cândida Almeida que mandou arquivar o inquérito do crime de «adição» de documentos falsos com um despacho de 31 páginas.
14/01/2012
De boas intenções está o inferno cheio (9) – just do it
Protestando as atitudes «discriminatórias e hostis», leia-se finalmente atitudes firmes por parte do governo central quanto à dívida e ao orçamento da Madeira, Gabriel Drumond, dirigente do PSD e presidente do independentista Fórum Autonomia, ameaçou «isto não pode continuar assim. Ou aqueles cavalheiros tomam juízo, ou então temos que ir para a separação... [e realizar] de imediato a um referendo para saber se a Madeira quer continuar debaixo da bandeira de Portugal».
É uma boa intenção. Exorto-os a que passem das palavras aos actos, apesar de não acreditar que isso seja mais do que a chantagem do costume.
É uma boa intenção. Exorto-os a que passem das palavras aos actos, apesar de não acreditar que isso seja mais do que a chantagem do costume.
DIÁRIO DE BORDO: O divórcio da razão e da moral (3)
Silva Pereira foi um dos principais ajudantes na obra de José Sócrates: maior desemprego dos últimos 90 anos, maior dívida pública dos últimos 160 anos, mais baixo crescimento económico dos últimos 90 anos, maior dívida externa dos últimos 120 anos, mais baixa taxa de poupança dos últimos 50 anos e segunda maior taxa de emigração dos últimos 160 anos.
Àquela obra da equipa a que pertenceu Silva Pereira deverão acrescentar-se os défices do orçamento, em particular o défice de 2009 que começou em 2,2% e foi sucessivamente revisto e acabou em 10,0% (ver cronologia das revisões na série de posts «O défice de memória»).
Vem isto a propósito do artigo de Silva Pereira no Diário Económico, onde glosa os supostos erros nas premissas macro-económicas e de previsão de várias rubricas do OE 2012, dos quais resultarão desvios, «antes de iniciada a execução orçamental de 2012» que «o ministro dos Finanças reconhece» pelo que o défice de 2012 será 5,8% do PIB em vez de 4,5%. É um «sarilho» conclui ele.
Talvez seja um sarilho e talvez Silva Pereira tenha razão, mas a mim parece-me preferível reconhecer eventuais erros antes da execução orçamental do que passar mais de um ano a escondê-los debaixo do tapete como fez o seu colega de infortúnio Teixeira dos Santos. Em qualquer caso, com razão ou sem ela, falta-lhe a moral - talvez por, também ele, sofrer de um défice de memória.
Àquela obra da equipa a que pertenceu Silva Pereira deverão acrescentar-se os défices do orçamento, em particular o défice de 2009 que começou em 2,2% e foi sucessivamente revisto e acabou em 10,0% (ver cronologia das revisões na série de posts «O défice de memória»).
Vem isto a propósito do artigo de Silva Pereira no Diário Económico, onde glosa os supostos erros nas premissas macro-económicas e de previsão de várias rubricas do OE 2012, dos quais resultarão desvios, «antes de iniciada a execução orçamental de 2012» que «o ministro dos Finanças reconhece» pelo que o défice de 2012 será 5,8% do PIB em vez de 4,5%. É um «sarilho» conclui ele.
Talvez seja um sarilho e talvez Silva Pereira tenha razão, mas a mim parece-me preferível reconhecer eventuais erros antes da execução orçamental do que passar mais de um ano a escondê-los debaixo do tapete como fez o seu colega de infortúnio Teixeira dos Santos. Em qualquer caso, com razão ou sem ela, falta-lhe a moral - talvez por, também ele, sofrer de um défice de memória.
13/01/2012
SERVIÇO PÚBLICO: Autores sem público querem ser «compensados» pelos consumidores
É uma iniquidade o projecto de lei sobre a cópia privada que a deputada e ex-ministra da Cóltura, Gabriela Canavilhas, a madrinha dos artistas, intelectuais e autores sem público, apresentou no parlamento.
Se esse projecto for aprovado, qualquer empresa ou consumidor que compre um equipamento como uma impressora ou um leitor ou gravador de CD ou DVD, ou um suporte de armazenagem, como um disco rígido, pagará um imposto baptizado de «compensação» que se destina a financiar a Sociedade Portuguesa de Autores, uma organização falida, durante décadas pilhada pelas cliques que a ocuparam.
Dois exemplos:
Se esse projecto for aprovado, qualquer empresa ou consumidor que compre um equipamento como uma impressora ou um leitor ou gravador de CD ou DVD, ou um suporte de armazenagem, como um disco rígido, pagará um imposto baptizado de «compensação» que se destina a financiar a Sociedade Portuguesa de Autores, uma organização falida, durante décadas pilhada pelas cliques que a ocuparam.
Dois exemplos:
- Na compra da impressora mais barata no mercado (por exemplo uma Canon Pixma MP250 que custa 35 euros na FNAC), será incluído no preço um tributo para os autores de 21 euros, acrescido de IVA;
- Na venda de discos rígidos de 2 Terabytes ao preço unitário sem IVA de 60 euros seria acrescido um tributo para a SPA de 92 euros (exemplo num dos posts citados abaixo).
DIÁRIO DE BORDO: O divórcio da razão e da moral (2)
Há dias, o líder do PS indignou-se com as nomeações para o conselho geral da EDP, que segundo ele seriam uma «apropriação por parte das clientelas dos partidos do governo». Esqueceu-se que, mesmo que tivesse razão, falta-lhe a moral que perdeu pelo seu silêncio durante 11 anos de governos socialistas.
Se acreditarmos no desmentido de Vasco de Mello como porta-voz dos accionistas, AJS nem terá razão ao atribuir a apropriação às clientelas dos partidos do governo. Talvez, em vez disso, devesse falar da tentativa dos accionistas de empresas em «áreas importantes da nossa economia» de se apropriarem do governo e dos partidos que o apoiam, nomeando pessoas da sua confiança que aparentemente têm ouvidos que os escutam no governo e/ou nos partidos.
A indignação prosseguiu com as nomeações para a administração da Águas de Portugal que incluem dois notórios apparatchiks sem quaisquer competências que os qualifiquem o lugar: Manuel Frexes, PSD, presidente da Câmara do Fundão que deve 7,5 milhões de euros e reclama créditos de 40 milhões à empresa que vai administrar, e Álvaro Castello-Branco, CDS, vice-presidente da Câmara do Porto. Aparte o facto de o PS continuar a não ter moral para estas indignações, a verdade é que neste caso se trata de uma indignação com causa.
Em conclusão, um (-) na caderneta do governo e dois (-) na caderneta da ministra das pastas, Assunção Cristas.
Se acreditarmos no desmentido de Vasco de Mello como porta-voz dos accionistas, AJS nem terá razão ao atribuir a apropriação às clientelas dos partidos do governo. Talvez, em vez disso, devesse falar da tentativa dos accionistas de empresas em «áreas importantes da nossa economia» de se apropriarem do governo e dos partidos que o apoiam, nomeando pessoas da sua confiança que aparentemente têm ouvidos que os escutam no governo e/ou nos partidos.
A indignação prosseguiu com as nomeações para a administração da Águas de Portugal que incluem dois notórios apparatchiks sem quaisquer competências que os qualifiquem o lugar: Manuel Frexes, PSD, presidente da Câmara do Fundão que deve 7,5 milhões de euros e reclama créditos de 40 milhões à empresa que vai administrar, e Álvaro Castello-Branco, CDS, vice-presidente da Câmara do Porto. Aparte o facto de o PS continuar a não ter moral para estas indignações, a verdade é que neste caso se trata de uma indignação com causa.
Em conclusão, um (-) na caderneta do governo e dois (-) na caderneta da ministra das pastas, Assunção Cristas.
12/01/2012
CASE STUDY: a Madeira como região de culto (8)
[Sequela de (1), (2), (3), (4), (5), (6) e (7)]
A marina do Lugar de Baixo, mandada construir há 8 anos pelo Bokassa das Ilhas custou 44 milhões de euros pagos pelos cubanos do contenente. Como habitualmente, parte desses milhões foi proveniente da Dona Merkel. Foi projectada para albergar 291 das melhores embarcações de todo o mundo. Está completamente vazia.
Seguindo os ensinamentos do efeito Lockheed Tristar, o Bokassa pretende torrar mais 20 milhões na reconversão da marina. Muito apropriadamente, a Bloomberg intitula o artigo onde descreve o desastre Madeira’s Missing Yachts Turn Into Lesson on Europe Debt Crisis. (via Insurgente)
A marina do Lugar de Baixo, mandada construir há 8 anos pelo Bokassa das Ilhas custou 44 milhões de euros pagos pelos cubanos do contenente. Como habitualmente, parte desses milhões foi proveniente da Dona Merkel. Foi projectada para albergar 291 das melhores embarcações de todo o mundo. Está completamente vazia.
«Provavelmente o maior elefante branco da ilha» |
Seguindo os ensinamentos do efeito Lockheed Tristar, o Bokassa pretende torrar mais 20 milhões na reconversão da marina. Muito apropriadamente, a Bloomberg intitula o artigo onde descreve o desastre Madeira’s Missing Yachts Turn Into Lesson on Europe Debt Crisis. (via Insurgente)
CASE STUDY: Portugal em pequenino (3)
Por muito que custe às elites ociosas reconhecer, quem continua a brilhar fora das capelinhas domésticas são os profissionais de profissões internacionalmente competitivas desconsideradas pelas luminárias.
No Dakar, Helder Rodrigues continua a segurar o 3.º lugar nas motas e Paulo Gonçalves caiu para o 7.º depois de ter ajudado Cyril Després a sair da lama e o francês o ter abandonado. Nos carros, Carlos Sousa subiu para o 6.º lugar apesar (ou também por causa?) do BMW disfarçado de chinês.
No futebol, o CR7 ficou apenas atrás da genial pulga argentina e Mourinho não ganhou outra vez porque o prémio foi para o treinador da melhor equipa do mundo. Last but not least, «a Liga portuguesa de futebol foi considerada a quarta mais forte do Mundo em 2011, à frente das Ligas francesa, alemã ou italiana, segundo a Federação Internacional da História e Estatísticas do Futebol (IFFHS)».
Ficamos à espera dos artistas subsídio-dependentes terem um reconhecimento comparável.
No Dakar, Helder Rodrigues continua a segurar o 3.º lugar nas motas e Paulo Gonçalves caiu para o 7.º depois de ter ajudado Cyril Després a sair da lama e o francês o ter abandonado. Nos carros, Carlos Sousa subiu para o 6.º lugar apesar (ou também por causa?) do BMW disfarçado de chinês.
No futebol, o CR7 ficou apenas atrás da genial pulga argentina e Mourinho não ganhou outra vez porque o prémio foi para o treinador da melhor equipa do mundo. Last but not least, «a Liga portuguesa de futebol foi considerada a quarta mais forte do Mundo em 2011, à frente das Ligas francesa, alemã ou italiana, segundo a Federação Internacional da História e Estatísticas do Futebol (IFFHS)».
Ficamos à espera dos artistas subsídio-dependentes terem um reconhecimento comparável.
11/01/2012
Pro memoria (47) – Duarte Lima, as origens
Em 03-01-1997, José Manuel Fernandes escrevia no Público de que então era director:
(Repescado do Grande Queijo Limiano, um blogue inactivo)
«Duarte Lima acha que não vale a pena voltar ao passado. Eu acho. Nomeadamente ao conteúdo dos 20 volumes e 11 apensos que constituem o relatório do Ministério Público, Aí se mostra que pelas contas ligadas a Duarte Lima passaram , em oito anos, mais de um milhão de contos. Que desse total 640 mil contos foram movimentados entre 1992 e 1994, ano em que o caso rebentou. Que a maior parte dos depósitos destas singelas quantias – apenas 750 mil contos …- foram depositadas em numerário, isto é, em notas. Que analisado o seu património, e cito, o mesmo “também revela fontes de rendimentos ou proventos não conformes aos valores declarados à administração fiscal.” Por exemplo: só na decoração da sua casa em Lisboa foram gastos cerca de 150 mil contos quando entre 1986 e 1994 o total declarado para impostos foi de 180 mil contos. Que das diversas contas associadas a Duarte Lima saíram 233.883 contos para uma quinta na região de Sintra que supostamente pertence a uma empresa sediada nas ilhas Virgem, a COsmatic, que por sua vez terá enviado para Portugal 120 mil contos. Que foram detectadas nove situações de crimes fiscais, que só não dram origem a processos porque os valores em dívida foram prontamente regularizados. Que o MP julgou encontrar indícios de “manobras de simulação de capitais”. Que o enorme prestígio da firma de advogados de Duarte Lima (quem sou eu para julgar?) lhe permitiu ter apenas dois clientes confirmados, a Associação Nacional de Farmácias e a Mota & Companhia”. Que o processo foi mandado arquivar, porque “não se obtiveram provas suficientes.»O mesmo Duarte Lima nove anos depois, em Janeiro de 2006, à época deputado do PSD, produziu um discurso sobre a justiça aplaudidíssimo pelo parlamento apontando o dedo à «deriva a que chegou a investigação criminal» e ao «formidável défice de legitimidade democrática do sistema de justiça» e propondo, entre outras inovações, a a eliminação das escutas telefónicas em investigação de crimes como a corrupção.
(Repescado do Grande Queijo Limiano, um blogue inactivo)
CASE STUDY: A situação portuguesa é diferente da irlandesa, mas nem sempre para melhor (6)
[Continuação de (1), (2), (3), (4) e (5)]
Continuam a sair furados todos os prognósticos da esquerdalhada anunciando a falência do modelo económico irlandês: estado magro e muito menos interventor, investimento público modesto sem elefantes brancos, impostos baixos, prioridade às exportações.
Os mercados são ocasionalmente irracionais mas não são estúpidos. E foi por isso que a Alemanha pôde emitir na 2.ª Feira, com uma procura 1,8 vezes maior, quase 4 mil milhões a 6 meses com um yield negativo, com os investidores a pagarem €100,00616 por títulos que serão reembolsados por €100.
Evolução nos últimos 12 meses dos yields das obrigações a 3 anos do tesouro português e do irlandês (FONTE: Bloomberg) |
Continuam a sair furados todos os prognósticos da esquerdalhada anunciando a falência do modelo económico irlandês: estado magro e muito menos interventor, investimento público modesto sem elefantes brancos, impostos baixos, prioridade às exportações.
Os mercados são ocasionalmente irracionais mas não são estúpidos. E foi por isso que a Alemanha pôde emitir na 2.ª Feira, com uma procura 1,8 vezes maior, quase 4 mil milhões a 6 meses com um yield negativo, com os investidores a pagarem €100,00616 por títulos que serão reembolsados por €100.
10/01/2012
Mitos (63) – Estamos a caminhar para o cofinanciamento do SNS (II)
Neste post ironizei sobre os impactos dos aumentos das taxas moderadoras salientando que se uma família portuguesa média com 3 elementos tem 5 telemóveis, ou pelo menos 5 cartões, e gasta 50 euros por mês, não se percebe como terá dificuldade em pagar uma consulta de medicina geral por 5 euros, que custa aos contribuintes pelo menos 10 vezes mais.
Sabe-se agora por um estudo do IST que 99,5% dos jovens inquiridos têm pelo menos um telemóvel desde os 10 anos, falam mais de 30 minutos por dia e enviam 100 mensagens por dia, em média. Esta pletora comunicacional pelas tarifas correntes deve custar aos pais mais do que uma consulta de medicina geral por dia, em média.
Poderão estes números indiciar que os portugueses, ou pelo menos os pais dos jovens inquiridos, consideram mais importante a comunicação sem fios dos filhos do que a saúde da família?
Poderá objectar-se não terem as famílias das classes mais desfavorecidas, para usar o jargão tão ao gosto da esquerda, esses telemóveis, ou cartões, nem fazerem essas chamadas ou enviarem aquelas mensagens. Poderá, mas em vão, porque estas famílias, bem como muitas outras totalizando 70% da população residente, ficarão isentas de taxas moderadoras.
Sabe-se agora por um estudo do IST que 99,5% dos jovens inquiridos têm pelo menos um telemóvel desde os 10 anos, falam mais de 30 minutos por dia e enviam 100 mensagens por dia, em média. Esta pletora comunicacional pelas tarifas correntes deve custar aos pais mais do que uma consulta de medicina geral por dia, em média.
Poderão estes números indiciar que os portugueses, ou pelo menos os pais dos jovens inquiridos, consideram mais importante a comunicação sem fios dos filhos do que a saúde da família?
Poderá objectar-se não terem as famílias das classes mais desfavorecidas, para usar o jargão tão ao gosto da esquerda, esses telemóveis, ou cartões, nem fazerem essas chamadas ou enviarem aquelas mensagens. Poderá, mas em vão, porque estas famílias, bem como muitas outras totalizando 70% da população residente, ficarão isentas de taxas moderadoras.
ARTIGO DEFUNTO: Contra-informação
Afinal as versões do Público e do Expresso, entre outros, de os deputados do PSD terem escamoteado as referências às ligações entre parlamentares e maçonarias são, como escreveu o poeta Aleixo, uma mentira com alguma verdade à mistura para alcançar profundidade. Quem se bateu para retirar do projecto de relatório final sobre os espiões as referências à influência dos pedreiros foram os aventais velhos do PS e os aventais novos do CDS.
Se as ligações entre deputados e maçonaria são perigosamente equívocas, as ligações entre fardas e aventais são inequivocamente perigosas. Que dizer de um coronel, ainda para mais ligado aos espiões, e de um general, pelo menos, referenciados com ligações à loja Mozart?
Se as ligações entre deputados e maçonaria são perigosamente equívocas, as ligações entre fardas e aventais são inequivocamente perigosas. Que dizer de um coronel, ainda para mais ligado aos espiões, e de um general, pelo menos, referenciados com ligações à loja Mozart?
09/01/2012
DIÁRIO DE BORDO: O divórcio da razão e da moral
«Considero que isto é mais uma demonstração daquilo que é a apropriação por parte das clientelas dos partidos do governo em relação a áreas importantes da nossa economia, onde o Estado ainda tem participação mas também do próprio aparelho do Estado», indignou-se o líder socialista António José Seguro com as nomeações para o conselho geral da EDP, uma espécie de «lista de agradecimentos de Passos Coelho», como lhe chamou Pedro Santos Guerreiro, incluindo Catroga, o elo de ligação ao cavaquismo, e Ilídio Pinho, o seu ex-patrão.
Seguro tem razão. O que não tem é moral para falar, por ter assistido num silêncio sepulcral à apropriação por parte das clientelas do PS em relação a áreas importantes da nossa economia.
Seguro tem razão. O que não tem é moral para falar, por ter assistido num silêncio sepulcral à apropriação por parte das clientelas do PS em relação a áreas importantes da nossa economia.
Pro memoria (47) – os governos do PS substituíram o double A pelo triple P
Nos 9 primeiros meses de 2011 os encargos com as parcerias público-privadas (PPP) rodoviárias aumentaram para 1,1 mil milhões de euros comparando com 0,7 milhões no período homólogo de 2010. Metade dos 1,1 mil milhões para pagar aos concessionários «reequilíbrios financeiros».
Aos governos PSD, incluindo Cavaco Silva, também cabe uma parcela (8,5%), porém o grosso (91,5%) foi torrado pelos governos PS (estimativas de Pinho Cardão no 4R).
Aos governos PSD, incluindo Cavaco Silva, também cabe uma parcela (8,5%), porém o grosso (91,5%) foi torrado pelos governos PS (estimativas de Pinho Cardão no 4R).
CASE STUDY: If he says so…
A infalibilidade da doutrina de Paul Krugman está para a esquerdalhada como a infalibilidade do Papa está para (alguns?) católicos. Não foi sempre assim, mas desde que foi decretada nenhum fiel tem coragem de a contestar.
Por isso espero com ansiedade a reacção oficial a este post do blogue de Krugman no NY Times:
«Nice paper in Vox decomposing the rise in debt-GDP ratios for troubled European economies. I’d make special note of this observation:
Por isso espero com ansiedade a reacção oficial a este post do blogue de Krugman no NY Times:
«Nice paper in Vox decomposing the rise in debt-GDP ratios for troubled European economies. I’d make special note of this observation:
Projections suggest that some European countries had an unsound fiscal stance (in terms of debt-to-GDP ratio evolution) well before the 2008–09 financial crisis (Greece, Portugal, the UK); …»Como se pode confirmar neste e neste posts, as opiniões sobre o sábio não são exatamente unânimes no (Im)pertinências.
08/01/2012
CASE STUDY: Portugal em pequenino (2)
Se não fosse a contaminação pelos preconceitos das nossas elites ociosas, a populaça laurearia sem vergonha os portugueses que se distinguem nas profissões verdadeiramente competitivas. Já escrevi várias vezes, por exemplo aqui, serem os jogadores portugueses de futebol os únicos dos poucos profissionais verdadeiramente a trabalhar num mercado internacional competitivo e por isso sujeitos e a uma avaliação constante e impiedosa. Acrescento o especial Mourinho.
Devo hoje incluir também os nossos motards profissionais a darem cartas uma vez mais no Dakar, a prova de resistência mais dura e mais disputada do mundo, ocupando actualmente o 3.º (Helder Rodrigues) e 4.º (Paulo Gonçalves) lugares.
É também justo salientar o 8.º lugar de Carlos Sousa, um veterano do Dakar correndo com um carro chinês copycat de um BMW crossover, assistido pela equipa chinesa Great Wall, o que faz dele uma espécie de Mexia do Dakar, sem os Espíritos, sem o lóbi e sem mercado protegido.
Falando em chineses, não podemos esquecer Futre, um outro profissional de sucesso do futebol no mercado ibérico, um precursor que enunciou o lema inspirador para as próximas décadas: «vai vir charters da China».
Devo hoje incluir também os nossos motards profissionais a darem cartas uma vez mais no Dakar, a prova de resistência mais dura e mais disputada do mundo, ocupando actualmente o 3.º (Helder Rodrigues) e 4.º (Paulo Gonçalves) lugares.
É também justo salientar o 8.º lugar de Carlos Sousa, um veterano do Dakar correndo com um carro chinês copycat de um BMW crossover, assistido pela equipa chinesa Great Wall, o que faz dele uma espécie de Mexia do Dakar, sem os Espíritos, sem o lóbi e sem mercado protegido.
Falando em chineses, não podemos esquecer Futre, um outro profissional de sucesso do futebol no mercado ibérico, um precursor que enunciou o lema inspirador para as próximas décadas: «vai vir charters da China».
Eles costumavam defender a família
O CDS ou PP ou CDS-PP, seja como for que eles se chamem, sempre foi uma criatura bizarra, desde o «rigorosamente ao centro» numa altura em que o país estava sob o domínio dos sovietes, até ter produzido pelo menos um proto-socialista, o professor doutor Adriano Moreira, e dois eméritos socialistas, o professor doutor Freitas do Amaral e o engenheiro Basílio Horta.
Também já foram eurocépticos, depois eurofilos e agora parecem atravessar um período dubitativo porque a dona Merkel não está disposta a abrir os cordões à bolsa.
Também já defenderam a família e agora parecem ter dúvidas. O ministro Mota Scooter Soares, preocupado com o sobre-endividamento das famílias, defende o ensino nas escolas da gestão das finanças familiares. Ainda o havemos de ouvir defender a «educação cívica» e a «educação sexual».
Oremos para o ministro da Educação, aparentemente um sujeito com algum juízo, não vá nestas tretas e se concentre em conseguir que as jovens criaturas saiam da escola a saber a tabuada, ciência sem a qual a gestão das finanças familiares se torna mais difícil do que o cálculo duma integral de Riemann-Stieltjes.
Também já foram eurocépticos, depois eurofilos e agora parecem atravessar um período dubitativo porque a dona Merkel não está disposta a abrir os cordões à bolsa.
Também já defenderam a família e agora parecem ter dúvidas. O ministro Mota Scooter Soares, preocupado com o sobre-endividamento das famílias, defende o ensino nas escolas da gestão das finanças familiares. Ainda o havemos de ouvir defender a «educação cívica» e a «educação sexual».
Gerindo as finanças familiares |
07/01/2012
ESTADO DE SÍTIO: Afinal sempre há uma folga
O ano passado a União Europeia, leia-se a Alemanha à cabeça e mais uns quantos contribuintes líquidos para o orçamento comunitário, enterrou neste país mais de 2 mil milhões de euros dos diferentes fundos. Foi o equivalente a 1,2% do PIB ao ritmo de 5,5 milhões de euros por dia.
É muito dinheiro? É sim senhor, sobretudo para quem teve de o desembolsar. Sendo muito, é uma gota de água no rio do serviço da dívida pública que, segundo as contas da UTAO, equipa que apoia a comissão parlamentar de Orçamento, vai este ano atingir 33,3 mil milhões ou mais de 20% do PIB. Como o superavit primário do OE não passa de 0,5% do PIB, será necessário emitir 33 milhões de dívida pública para pagar juros e amortizações em 2012.
É muito dinheiro? É sim senhor, sobretudo para quem teve de o desembolsar. Sendo muito, é uma gota de água no rio do serviço da dívida pública que, segundo as contas da UTAO, equipa que apoia a comissão parlamentar de Orçamento, vai este ano atingir 33,3 mil milhões ou mais de 20% do PIB. Como o superavit primário do OE não passa de 0,5% do PIB, será necessário emitir 33 milhões de dívida pública para pagar juros e amortizações em 2012.
06/01/2012
Lost in translation (132) – «decisão mesquinha», «iniquidade fiscal» e «evasão fiscal legalizada», disseram eles (2)
Um dos eles, o doutor em Economia Louçã ainda acrescentou a propósito da operação da holding da família Soares dos Santos: «foi assim que Portugal chegou à situação em que está, foram estas pessoas, foram estes abusos, foi este não pagamento de impostos, foram estas facilidades, que viveram acima das nossas possibilidades».
É um bom exemplo de como qualquer demagogo pode ser doutor em Economia e debitar aleivosias como se fosse um estivador a explicar que fará greve porque há estivadores a estivar não pertencentes à Ordem dos Estivadores.
Se o professor doutor Louçã quiser mesmo perceber como «Portugal chegou à situação em que está», pode começar por ler o (Im)pertinências desde 2003. Quem diz o (Im)pertinências, diz o Blasfémias ou O Insurgente ou vários outros blogues.
Em particular, se o professor doutor Louçã quiser mesmo perceber o racional e as consequências da decisão da família Soares dos Santos pode reler o meu post anterior ou, melhor, muito melhor, pode ler o post Trapalhadas Fiscais do impagável jcd.
É um bom exemplo de como qualquer demagogo pode ser doutor em Economia e debitar aleivosias como se fosse um estivador a explicar que fará greve porque há estivadores a estivar não pertencentes à Ordem dos Estivadores.
Se o professor doutor Louçã quiser mesmo perceber como «Portugal chegou à situação em que está», pode começar por ler o (Im)pertinências desde 2003. Quem diz o (Im)pertinências, diz o Blasfémias ou O Insurgente ou vários outros blogues.
Em particular, se o professor doutor Louçã quiser mesmo perceber o racional e as consequências da decisão da família Soares dos Santos pode reler o meu post anterior ou, melhor, muito melhor, pode ler o post Trapalhadas Fiscais do impagável jcd.
CASE STUDY: quem é o deus ex machina da Ongoing? (13)
[Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11) e (12)]
Já tratei nos posts anteriores de quem é a Ongoing, quem são os seus dirigentes e o que podemos esperar deles, quais são as suas ligações perigosas e, claro, de quem é o seu deus ex machina.
Até já tinha referido o pormenor da ligação à loja Mozart do ex-chefe dos espiões Silva Carvalho, contratado pela Ongoing muito oportunamente durante a cimeira da NATO. Faltava o pormaior agora tornado público: as ligações à mesma loja de «sete altos quadros da Ongoing, entre eles o presidente e vice-presidente, Nuno Vasconcelos e Rafael Mora, respectivamente, Jorge Silva Carvalho, ex-director do SIED, João Paulo Alfaro, ex-espião, Agostinho Branquinho, ex-deputado do PSD, e ainda os ex-parlamentares Pedro Duarte, do PSD, e Humberto Pacheco, do PS.» (Público)
A esta luz, a Ongoing aparece no centro do círculo de intersecção das forças visíveis (o bloco central, os banqueiros do regime) e das forças ocultas (a maçonaria, os lóbis) do regime. É obra.
Já tratei nos posts anteriores de quem é a Ongoing, quem são os seus dirigentes e o que podemos esperar deles, quais são as suas ligações perigosas e, claro, de quem é o seu deus ex machina.
Até já tinha referido o pormenor da ligação à loja Mozart do ex-chefe dos espiões Silva Carvalho, contratado pela Ongoing muito oportunamente durante a cimeira da NATO. Faltava o pormaior agora tornado público: as ligações à mesma loja de «sete altos quadros da Ongoing, entre eles o presidente e vice-presidente, Nuno Vasconcelos e Rafael Mora, respectivamente, Jorge Silva Carvalho, ex-director do SIED, João Paulo Alfaro, ex-espião, Agostinho Branquinho, ex-deputado do PSD, e ainda os ex-parlamentares Pedro Duarte, do PSD, e Humberto Pacheco, do PS.» (Público)
A esta luz, a Ongoing aparece no centro do círculo de intersecção das forças visíveis (o bloco central, os banqueiros do regime) e das forças ocultas (a maçonaria, os lóbis) do regime. É obra.
05/01/2012
O bloco central morreu de parto, dando à luz sombra a maçonaria
Já se sabia estar o PS enxameado de maçons. Está a saber-se que o mesmo acontece com o PSD, cujo líder parlamentar Luís Montenegro parece também membro duma loja. Segundo os jornais «são às dúzias» os deputados de avental.
Nada de espantoso. Afinal PS e PS-D são essencialmente as duas faces da moeda do regime; sendo as maçonarias sociedades semi-secretas que perseguem a ocupação do poder, percebe-se que pretendam usar os dois principais partidos abrigando-se da alternância e das suas incertezas.
É igualmente esperável a importância das maçonarias numa sociedade profundamente colectivista como a portuguesa em que muitos tentam proteger-se das agruras da vida pela pertença a um grupo. São os partidos, é o Opus Dei, são as lojas maçónicas, como para algumas das actividades mais excêntricas destas organizações podiam ser versões domésticas da Mafia, da Cosa Nostra ou da 'Ngrandheta.
O que distingue a maçonaria e a torna mais perigosa é o secretismo e a transversalidade que lhe permitem infiltrar a sua gente por todo o aparelho de estado e pelas empresas do regime. Incluindo a justiça, como se pode perceber por este extraordinário acórdão do STA citado pelo Blasfémias, onde se transcreve este saboroso naco das alegações do autor do recurso:
Nada de espantoso. Afinal PS e PS-D são essencialmente as duas faces da moeda do regime; sendo as maçonarias sociedades semi-secretas que perseguem a ocupação do poder, percebe-se que pretendam usar os dois principais partidos abrigando-se da alternância e das suas incertezas.
É igualmente esperável a importância das maçonarias numa sociedade profundamente colectivista como a portuguesa em que muitos tentam proteger-se das agruras da vida pela pertença a um grupo. São os partidos, é o Opus Dei, são as lojas maçónicas, como para algumas das actividades mais excêntricas destas organizações podiam ser versões domésticas da Mafia, da Cosa Nostra ou da 'Ngrandheta.
O que distingue a maçonaria e a torna mais perigosa é o secretismo e a transversalidade que lhe permitem infiltrar a sua gente por todo o aparelho de estado e pelas empresas do regime. Incluindo a justiça, como se pode perceber por este extraordinário acórdão do STA citado pelo Blasfémias, onde se transcreve este saboroso naco das alegações do autor do recurso:
«O Supremo Tribunal Administrativo é uma loja maçónica criada, instalada, dirigida e presidida por maçons - como, aliás, o Supremo Tribunal de Justiça é uma loja maçónica, criada e instalada por maçons, em aplicação do disposto no Ritual do Grau 27, e sendo o seu primeiro presidente — B… — e seguintes igualmente maçons.»