22/01/2012

Estado empreendedor (63) - a maldição da Rua da Horta Seca (IV)

O problema não estará no homem, a pessoa do ministro da Economia. É um sujeito letrado, com boas ideias, tem obra publicada com ideias interessantes (ainda que um pouco lunáticas), doutorou-se e é professor na Simon Fraser, universidade que, a avaliar pelos lugares em vários rankings, não é deslumbrante, mas seguramente está a milhas da Universidade Independente (*). E chegou lá sem ser preciso a EDP financiar a Simon Fraser, como aconteceu com o  seu antecessor dos corninhos. O problema está no homem e as circunstâncias.

Uma das circunstâncias reside na relação do homem ministro com o lugar de ministro num país onde o respeitinho é muito bonito e o tratem-me por Álvaro ou o desígnio do pastel de nata são politicamente mortais. O primeiro perante a populaça e o segundo perante as luminárias.

Outra circunstância é a existência de um ministério da Economia, um bicho cujo propósito formal tem sido o de promover a iniciativa privada e cujos resultados têm sido anestesiá-la com subsídios. Ora acontece que não há dinheiro para subsídios e na política portuguesa acontece o contrário do dito popular: não há dinheiro mas há sempre palhaços e, portanto, circo.

A segunda circunstância remete para a terceira que é a endémica falta de iniciativa privada promovida com fervor pelo ministério. Veja-se o exemplo do «cluster do pastel de nata», como lhe chamou jocosamente Basílio Horta, mais uma conversão socialista saída do partido rigorosamente ao centro. Numa entrevista ao Sol, o presidente da Associação do Comércio … Pastelaria e Similares, explicou porque não havia o cluster do Basílio para o pastel do Álvaro: «o pastel de nata não é franchisado porque não há apoios do Estado». Que mais poderia ser?

(*) No reputado ranking da Shanghai Jiao Tong University em 2011, a Simon Frases estava nos primeiros 300 lugares acima de qualquer universidade portuguesa.

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