Maminhas ao léu contra o Euro 2012 na Ucrânia |
31/10/2011
DIÁRIO DE BORDO: Morra primeiro e pague depois
O Conselho Europeu decidiu que os bancos deveriam perdoar metade da dívida grega, deixando de lado o BCE, o FEEF e FMI, e ficando a Grécia fica com cerca de três quartos da dívida intacta, fatia que tem virtualidades de estar acima do que a Grécia conseguirá pagar e obrigará provavelmente a novo haircut.
No nosso caso, se (um se relativamente pequeno) viermos a beneficiar da mesma filantropia, será preferível tentar adiar o pagamento para as calendas gregas, ou seja lá por volta de 3.000, altura em que segundo as projecções das Nações Unidas não haverá ninguém para pagar porque estaremos todos extintos.
No nosso caso, se (um se relativamente pequeno) viermos a beneficiar da mesma filantropia, será preferível tentar adiar o pagamento para as calendas gregas, ou seja lá por volta de 3.000, altura em que segundo as projecções das Nações Unidas não haverá ninguém para pagar porque estaremos todos extintos.
30/10/2011
CASE STUDY: As previsões do marxismo-leninismo são comparáveis às profecias de Nostradamus
Se as teorias segregadas pelo marxismo-leninismo forem avaliadas pelo seu rigor preditivo, um critério em última instância que separa a ciência da superstição, as previsões do marxismo-leninismo seriam comparáveis às profecias de Nostradamus.
O empobrecimento da classe operária nos países capitalistas transformou-se primeiro em aburguesamento e depois na sua quase extinção. A revolução socialista que deveria acontecer nos países capitalistas avançados foi acontecer numa Rússia rural, atrasada e retrógrada. O caminho para a sociedade sem classes, a que supostamente conduziria à revolução socialista, desembocou numa sociedade sem liberdades, sem prosperidade, esmagada por um poder despótico que implantou um imperialismo predador e agressivo e num estertor final implodiu. Sempre segundo a vulgata, teria sido o capitalismo monopolista a culminar no imperialismo – o último estádio do capitalismo, os países da periferia deveriam ter sido vítimas de uma exploração impiedosa e deveriam ter-se empobrecido, tal como a classe operária dos países imperialistas.
A queda do império soviético abalou profundamente estas tretas ideológicas até ao ponto que só mesmo os sacerdotes da religião continuaram a ter lata para as defender. O fenómeno da globalização veio revigorar uma espécie de teoria pós-moderna do imperialismo que no essencial previa o mesmo caminho da clássica: o progressivo empobrecimento os países subdesenvolvidos, depois rebaptizados pelo politicamente correcto como países em via de desenvolvimento.
Uma vez mais a realidade contradiz a profecia. Uma imagem vale mais do que mil palavras, poderia ter dito Mao Ze Dong. Neste caso quatro imagens valem mais do que quatro mil palavras.
O culminar da impiedade com que a história trata o marxismo-leninismo é começo da inversão da relação de dominação. Hoje o capital das ex-colónias invade as antigas metrópoles. Para só citar dois exemplos de antigos impérios coloniais, além do clássico Estados Unidos–Inglaterra e do recentíssimo pedido de «ajuda» da UE à China: a Índia compra empresas britânicas em dificuldades e Angola e o Brasil fazem o mesmo com Portugal. Marx, Engels e Lenine revolvem-se nas respectivas tumbas e Mao Ze Dong prepara um Grande Salto no Além.
[Algumas leituras recomendadas na Economist: Power shift; Why the tail wags the dog; The new special relationship; The celestial economy; A game of catch-up]
O empobrecimento da classe operária nos países capitalistas transformou-se primeiro em aburguesamento e depois na sua quase extinção. A revolução socialista que deveria acontecer nos países capitalistas avançados foi acontecer numa Rússia rural, atrasada e retrógrada. O caminho para a sociedade sem classes, a que supostamente conduziria à revolução socialista, desembocou numa sociedade sem liberdades, sem prosperidade, esmagada por um poder despótico que implantou um imperialismo predador e agressivo e num estertor final implodiu. Sempre segundo a vulgata, teria sido o capitalismo monopolista a culminar no imperialismo – o último estádio do capitalismo, os países da periferia deveriam ter sido vítimas de uma exploração impiedosa e deveriam ter-se empobrecido, tal como a classe operária dos países imperialistas.
A queda do império soviético abalou profundamente estas tretas ideológicas até ao ponto que só mesmo os sacerdotes da religião continuaram a ter lata para as defender. O fenómeno da globalização veio revigorar uma espécie de teoria pós-moderna do imperialismo que no essencial previa o mesmo caminho da clássica: o progressivo empobrecimento os países subdesenvolvidos, depois rebaptizados pelo politicamente correcto como países em via de desenvolvimento.
Uma vez mais a realidade contradiz a profecia. Uma imagem vale mais do que mil palavras, poderia ter dito Mao Ze Dong. Neste caso quatro imagens valem mais do que quatro mil palavras.
O culminar da impiedade com que a história trata o marxismo-leninismo é começo da inversão da relação de dominação. Hoje o capital das ex-colónias invade as antigas metrópoles. Para só citar dois exemplos de antigos impérios coloniais, além do clássico Estados Unidos–Inglaterra e do recentíssimo pedido de «ajuda» da UE à China: a Índia compra empresas britânicas em dificuldades e Angola e o Brasil fazem o mesmo com Portugal. Marx, Engels e Lenine revolvem-se nas respectivas tumbas e Mao Ze Dong prepara um Grande Salto no Além.
[Algumas leituras recomendadas na Economist: Power shift; Why the tail wags the dog; The new special relationship; The celestial economy; A game of catch-up]
29/10/2011
Pro memoria (44) – São todos iguais? Uns são mais iguais do que outros.
Agora que começa a ser visível, até para os patetas, o desastre das PPP, ou, para ser mais preciso, o desastre da negociação da maioria das PPP, é ver os ex-governantes a lavarem as mãos e a saírem do palco pela esquerda baixa, tentando chutar para trás as suas responsabilidades. Por enquanto. Dentro de algum tempo, tentarão chutar para a frente.
Nestas alturas, uma photo finish ajuda a compor o pódio. Aqui vai ela com os direitos de autor de Pinho Cardão do 4R:
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (46) – ainda que tivessem razão, não têm moral
Não há um dia em que a gente do PS não confirme, uma vez mais e como se fosse necessário, a mais acabada desvergonha.
Ele é o vice-presidente do grupo parlamentar a apresentar propostas «para indexar as remunerações dos membros de entidades reguladoras, altos cargos públicos e gestores públicos ao salário do Presidente da República, nunca podendo exceder o vencimento do primeiro-ministro», como se estivessem estado em Marte e não em S. Bento em 13 dos últimos 16 anos.
Ele é Silva Pereira, o braço direito de José Sócrates durante 6 anos, em coro com um ex-secretário de Estado «a fazerem de conta que não conhecem a verdadeira situação das contas públicas»
Ele é Paulo Campos, ex-secretário de Estado das Obras Públicas, a fazer de conta que as suas tretas são um relatório da KPMG.
Ele é o vice-presidente do grupo parlamentar a apresentar propostas «para indexar as remunerações dos membros de entidades reguladoras, altos cargos públicos e gestores públicos ao salário do Presidente da República, nunca podendo exceder o vencimento do primeiro-ministro», como se estivessem estado em Marte e não em S. Bento em 13 dos últimos 16 anos.
Ele é Silva Pereira, o braço direito de José Sócrates durante 6 anos, em coro com um ex-secretário de Estado «a fazerem de conta que não conhecem a verdadeira situação das contas públicas»
Ele é Paulo Campos, ex-secretário de Estado das Obras Públicas, a fazer de conta que as suas tretas são um relatório da KPMG.
28/10/2011
Pro memoria (43) – tomba mais um elefante cavaquista
O Europarque em Santa Maria da Feira é uma obra faraónica inaugurada em 1995, já no ocaso do cavaquismo executivo, com 60 mil m2 de área cobertura plantada em 150 hectares, financiada com avales do então ministro das Finanças Catroga. A Associação Empresarial de Portugal, está sem cheta para pagar aos bancos e estes estão na iminência de executaram avales de 30 milhões.
É mais um exemplo da filantropia do estado assistencialista, de que Cavaco Silva foi um dos maiores patrocinadores, aos empresários sempre procurando o seu colo.
ACTUALIZAÇÃO: Dias depois, Ludgero Marques, o pai do Europarque (a mãe foi o professor Cavaco), garantiu que «o Europarque não é nenhum 'flop'. Foi e é uma obra fantástica», revelando-se um autêntico bourbon, como o classificaria o Impertinente.
É mais um exemplo da filantropia do estado assistencialista, de que Cavaco Silva foi um dos maiores patrocinadores, aos empresários sempre procurando o seu colo.
ACTUALIZAÇÃO: Dias depois, Ludgero Marques, o pai do Europarque (a mãe foi o professor Cavaco), garantiu que «o Europarque não é nenhum 'flop'. Foi e é uma obra fantástica», revelando-se um autêntico bourbon, como o classificaria o Impertinente.
Turquia, uma potência regional emergente?
Ao mesmo tempo que a NATO ajuda ao derrube do Mad Dog com o pretexto humanitário e se encolhe perante a tropa de Assad, apesar de os massacres justificarem mais uma intervenção humanitária do que na Líbia, a Turquia após décadas de convívio amigável com Hafez al-Assad e com o seu filho está a dar abrigo em território turco aos desertores do exército sírio e a apoiá-los em ataques através da fronteira. Erdogan não parece muito preocupado com o Irão e fala dos problemas sírios como se fossem uma questão interna da Turquia.
ESTÓRIA E MORAL: Com a galinha dos ovos de ouro não se faz caldo
Estória
A primeira vez referência à Colt Resources que encontrei, ainda nos tempos do governo de José Sócrates, foi no OJE de 16-06, onde se anunciava o pedido de licenciamento experimental duma exploração de ouro em Santiago do Escoural. Há poucos dias, a Lusa informou que a Colt Resources irá assinar no dia 2 de Novembro contratos com o governo para a exploração nas freguesias de Nossa Senhora da Boa-Fé (Évora) e Santiago do Escoural (Montemor-o-Novo) e «em vários concelhos à volta». Nesse mesmo dia, o Público acrescenta alguns detalhes e a SIC anuncia um investimento de pelo menos 3 milhões de euros.
A Colt Resources define-se a si própria como «a Canadian based junior exploration company engaged in acquiring, exploring, and developing mineral properties with an emphasis on gold and tungsten. It is currently focused and advanced stage exploration projects in Portugal, where it is the second largest lease holder of mineral concessions». Tem em curso projectos 6 projectos em Portugal (Montemor, Armamar-Meda, Penedono, Moimenta-Almendra e Santa Margarida) e apenas 2 no Canadá. No seu management inclui-se o geólogo João Carlos de Sousa (português? brasileiro?) vice-presidente para Portugal e Jorge Valente (português) presidente da subsidiária Eurocolt, este último responsável directo em Portugal.
Tudo isto é muito bonito e promissor, mas o balanço da Colt Resources com activos de 7,3 milhões de dólares canadianos (5,2 milhões de euros) e capitais próprios de 7 milhões de dólares canadianos (5 milhões de euros), deixa-nos um bocadinho apreensivos. Ou não?
Morais
Pobre quando vê fartura desconfia.
Cuidados e caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém.
A primeira vez referência à Colt Resources que encontrei, ainda nos tempos do governo de José Sócrates, foi no OJE de 16-06, onde se anunciava o pedido de licenciamento experimental duma exploração de ouro em Santiago do Escoural. Há poucos dias, a Lusa informou que a Colt Resources irá assinar no dia 2 de Novembro contratos com o governo para a exploração nas freguesias de Nossa Senhora da Boa-Fé (Évora) e Santiago do Escoural (Montemor-o-Novo) e «em vários concelhos à volta». Nesse mesmo dia, o Público acrescenta alguns detalhes e a SIC anuncia um investimento de pelo menos 3 milhões de euros.
A Colt Resources define-se a si própria como «a Canadian based junior exploration company engaged in acquiring, exploring, and developing mineral properties with an emphasis on gold and tungsten. It is currently focused and advanced stage exploration projects in Portugal, where it is the second largest lease holder of mineral concessions». Tem em curso projectos 6 projectos em Portugal (Montemor, Armamar-Meda, Penedono, Moimenta-Almendra e Santa Margarida) e apenas 2 no Canadá. No seu management inclui-se o geólogo João Carlos de Sousa (português? brasileiro?) vice-presidente para Portugal e Jorge Valente (português) presidente da subsidiária Eurocolt, este último responsável directo em Portugal.
Tudo isto é muito bonito e promissor, mas o balanço da Colt Resources com activos de 7,3 milhões de dólares canadianos (5,2 milhões de euros) e capitais próprios de 7 milhões de dólares canadianos (5 milhões de euros), deixa-nos um bocadinho apreensivos. Ou não?
Morais
Pobre quando vê fartura desconfia.
Cuidados e caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém.
27/10/2011
Another brick in the wall
Com o haircut de 50% da dívida grega ontem acordado entre a Zona Euro e os bancos, estima-se que em 2020 a dívida grega representará 120% do PIB, ou seja o dobro do limite máximo de endividamento permitido. Se as premissas de crescimento se realizarem, evidentemente - um grande se. Eu não apostaria nisso.
Quando será o próximo haircut?
Quando será o próximo haircut?
O futuro é já hoje (ou amanhã, vá)
«Researchers from Microsoft and Carnegie Mellon University have shown off technology that can turn any surface into a touchscreen.
The OmniTouch is a wearable device that projects a graphical user interface, such as a computer desktop or a virtual keypad, onto any surface, from a table to a hand. Users can interact with these virtual interfaces using their fingers, which are tracked by sensors built into OmniTouch, in the same way they would use a touchscreen.
The prototype technology is on display at UIST 2012, the Association for Computing Machinery's 24th Symposium on User Interface Software and Technology, that is being held in Santa Barbara, California.»
(Mais aqui)
The OmniTouch is a wearable device that projects a graphical user interface, such as a computer desktop or a virtual keypad, onto any surface, from a table to a hand. Users can interact with these virtual interfaces using their fingers, which are tracked by sensors built into OmniTouch, in the same way they would use a touchscreen.
The prototype technology is on display at UIST 2012, the Association for Computing Machinery's 24th Symposium on User Interface Software and Technology, that is being held in Santa Barbara, California.»
(Mais aqui)
26/10/2011
DIÁRIO DE BORDO: Pensando em voz alta (antes da cimeira)
Há duas saídas mais prováveis para a crise financeira e institucional da UE:
Este último desfecho é provavelmente o preconizado in private pelo pragmatismo british que sempre desconfiou, e com razão, das «construções europeias» inventadas por uma eurocracia que ninguém elegeu. Se essas soluções não funcionaram bem num período excepcional de crescimento, resultante do esforço e na demografia dinâmica da geração da guerra, imagine-se num período de decadência demográfica, baixo crescimento e moleza civilizacional. Essas «construções» valem hoje menos do que construções na areia e não passam de história.
Por falar em decadência demográfica: hoje os jornais informam-nos que em Portugal temos actualmente a segunda taxa de fecundidade mais baixa do mundo. Percebe-se que os portugueses esperam que os brasileiros mandem mais ouro e os angolanos mais petróleo para pagar as suas reformas, já que os seus filhos e netos não vão poder fazê-lo e os europeus também não.
ACTUALIZAÇÃO: Acabei de rever o notável discurso do dia 28 de Setembro do liberal checo Jan Zahradil, líder do grupo parlamentar europeu ECR (European Conservatives and Reformists) em resposta ao discurso do Estado da União de Barroso. Neste discurso Zahradil faz a demolição em 6 minutos da solução barrosista, basicamente a 2.ª saída que referi no princípio deste post.
- O desmantelamento desordenado da Zona Euro ou pelo menos a saída dos P?GS (o “I” pode ser preenchido pela Itália em vez da Irlanda), com consequências económicas e financeiras catastróficas para Portugal;
- Um governo económico e financeiro europeu, com alteração dos tratados cozinhada às escondidas dos eleitorados, a consequente alienação de soberania e a prazo prováveis consequências políticas catastróficas para a Europa (para Portugal é igual ao litro) e o possível desmantelamento da União no seu caminho abortado para Federação.
Este último desfecho é provavelmente o preconizado in private pelo pragmatismo british que sempre desconfiou, e com razão, das «construções europeias» inventadas por uma eurocracia que ninguém elegeu. Se essas soluções não funcionaram bem num período excepcional de crescimento, resultante do esforço e na demografia dinâmica da geração da guerra, imagine-se num período de decadência demográfica, baixo crescimento e moleza civilizacional. Essas «construções» valem hoje menos do que construções na areia e não passam de história.
Por falar em decadência demográfica: hoje os jornais informam-nos que em Portugal temos actualmente a segunda taxa de fecundidade mais baixa do mundo. Percebe-se que os portugueses esperam que os brasileiros mandem mais ouro e os angolanos mais petróleo para pagar as suas reformas, já que os seus filhos e netos não vão poder fazê-lo e os europeus também não.
ACTUALIZAÇÃO: Acabei de rever o notável discurso do dia 28 de Setembro do liberal checo Jan Zahradil, líder do grupo parlamentar europeu ECR (European Conservatives and Reformists) em resposta ao discurso do Estado da União de Barroso. Neste discurso Zahradil faz a demolição em 6 minutos da solução barrosista, basicamente a 2.ª saída que referi no princípio deste post.
SERVIÇO PÚBLICO: A banca europeia à beira de um ataque de nervos (2)
[Continuação de (1)]
Agora que se aproxima a reestruturação da dívida grega, há muito prevista também aqui no (Im)pertinências e durante 3 anos negada pelos dirigentes europeus, e se aproxima o consequente primeiro grande embate na solvência dos bancos e seguradores europeus, a situação periclitante da banca evidenciada pelo calculador da Reuters fica ainda mais periclitante. O gráfico aqui ao lado, publicado pela Economist a semana passada, mostra bem o impacto absoluto e relativo em diversos países que em Portugal pode atingir quase 4% do PIB.
Agora que se aproxima a reestruturação da dívida grega, há muito prevista também aqui no (Im)pertinências e durante 3 anos negada pelos dirigentes europeus, e se aproxima o consequente primeiro grande embate na solvência dos bancos e seguradores europeus, a situação periclitante da banca evidenciada pelo calculador da Reuters fica ainda mais periclitante. O gráfico aqui ao lado, publicado pela Economist a semana passada, mostra bem o impacto absoluto e relativo em diversos países que em Portugal pode atingir quase 4% do PIB.
LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: A tradição já não é o que era
Desde as suas origens, remontando a 1880, a IBM, durante décadas a maior empresa de tecnologias de informação e ainda hoje uma das maiores, sempre foi dirigida por homens – a IBM e quase todas as empresas, reconheça-se. A partir de 1 de Janeiro o actual CEO Sam Palmisano será substituído por Virginia Rometty a primeira mulher ao leme da IBM, juntando-se a Ursula Burns da Xerox e a Meg Whitman ao volante da HP, onde já tinha estado Carly Fiorino há meia dúzia de anos.
Estamos a atingir o limiar da completa emancipação da mulher no mundo dos negócios, que para Simone Veil seria alcançada quando uma mulher incompetente sucedesse a um homem competente – uma sucessão parecida com a aconteceu na HP em que Mark Hurd, um notável líder corrido por ser femeeiro, foi substituído primeiro por Léo Apotheker, vindo da SAP, e a seguir por Meg Whitman vinda de Ebay.
Não é extraordinário que na Europa das quotas até hoje não se vêem mulheres no topo das grandes multinacionais?
Estamos a atingir o limiar da completa emancipação da mulher no mundo dos negócios, que para Simone Veil seria alcançada quando uma mulher incompetente sucedesse a um homem competente – uma sucessão parecida com a aconteceu na HP em que Mark Hurd, um notável líder corrido por ser femeeiro, foi substituído primeiro por Léo Apotheker, vindo da SAP, e a seguir por Meg Whitman vinda de Ebay.
Não é extraordinário que na Europa das quotas até hoje não se vêem mulheres no topo das grandes multinacionais?
SERVIÇO PÚBLICO: Entrevista a Kenneth Rogoff
A McKinsey Quartely publicou uma interessante entrevista a Kenneth Rogoff, autor com Carmen Reinhart de «This Time Is Different: Eight Centuries of Financial Folly» uma leitura obrigatória para os nossos economistas mediáticos que vão à televisão debitar lengalenga.
Rogoff foca a atenção no carácter distinto da presente recessão americana e europeia que tem como obstáculo principal à recuperação a gigantesca dívida pública e privada e a desvalorização dos activos detidos pelas empresas e famílias, ao mesmo tempo que a baixa inflação impede a desvalorização significativa dos passivos.
Rogoff defende que uma inflação moderada poderia ajudar a sair mais rapidamente da crise, reduzindo as taxas de juro reais e desvalorizando as dívidas, e não percebe a preocupação do BCE de manter a meta de inflação nos 2% enquanto a Zona Euro colapsa. Eu também não percebo.
Rogoff foca a atenção no carácter distinto da presente recessão americana e europeia que tem como obstáculo principal à recuperação a gigantesca dívida pública e privada e a desvalorização dos activos detidos pelas empresas e famílias, ao mesmo tempo que a baixa inflação impede a desvalorização significativa dos passivos.
Rogoff defende que uma inflação moderada poderia ajudar a sair mais rapidamente da crise, reduzindo as taxas de juro reais e desvalorizando as dívidas, e não percebe a preocupação do BCE de manter a meta de inflação nos 2% enquanto a Zona Euro colapsa. Eu também não percebo.
DIÁRIO DE BORDO: Relativismo moral
Depois de feito prisioneiro, Muammar Khadafi foi barbaramente assassinado a sangue-frio, após empalação, descrita por jornais portugueses como sodomia, talvez por lapso freudiano. É um prenúncio muito mau, mesmo muito mau, para o novo regime líbio. Não se ouve, nem se lê uma só condenação por parte das almas habitualmente tão sensíveis.
25/10/2011
Pro memoria (42) – a nacionalização do BPN não custou nada e o nada vai já em 4,5 mil milhões
A nacionalização do BPN, segundo o saudoso Teixeira dos Santos, começou por não custar nada e mostrar «melhorias significativas». Mais tarde, no princípio deste ano, o nada já andava por volta de 2 mil milhões, segundo Teixeira dos Santos e o amigo (do animal feroz) Bandeira.
Segundo a resposta do ministério das Finanças às perguntas do BE, o custo da nacionalização já vai em 4,5 mil milhões and counting. Será este o verdadeiro efeito multiplicador do investimento público? O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor.
(CORRIGIDO o título: onde estava milhões era obviamente mil milhões)
Segundo a resposta do ministério das Finanças às perguntas do BE, o custo da nacionalização já vai em 4,5 mil milhões and counting. Será este o verdadeiro efeito multiplicador do investimento público? O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor.
(CORRIGIDO o título: onde estava milhões era obviamente mil milhões)
LASCIATE OGNI SPERANZA VOI CH'ENTRATE: O fim do estado social (5)
Continuação de (1), (2), (3) e (4)]
Segundo as contas do Correio da Manhã, citadas pelo DN, algures entre 2030 e 2035, as contribuições da Segurança Social deixarão de ser suficientes para pagar as pensões e o FEFSS durará apenas até 2040. Talvez sim, talvez não. Eu não daria muito crédito a esta aritmética jornalística.
O que se pode dizer com alguma segurança é que as responsabilidades actuais por pensões (sem os bancários, cujos fundos de pensões estão a caminho para tapar o buraco orçamental) poderão rondar 4-5 vezes o PIB actual e, com toda a certeza, o saldo do FEFSS chega actualmente para pagar não mais de 9 meses de pensões. Se contarmos com o calvário dos próximos muitos anos para pagar o calote à estranja (uns 115% líquidos do PIB) não se vê como o FEFSS pode durar 5 a 10 anos e, portanto, as contas do CM devem estar completamente furadas.
Em conclusão, os jovens cultores do carpe diem quam minimum credula postero melhor fora que se preparassem para pagar as vultuosas facturas que os esperam quando algures entre os 30 e os 40 anos finalmente saírem da adolescência.
Segundo as contas do Correio da Manhã, citadas pelo DN, algures entre 2030 e 2035, as contribuições da Segurança Social deixarão de ser suficientes para pagar as pensões e o FEFSS durará apenas até 2040. Talvez sim, talvez não. Eu não daria muito crédito a esta aritmética jornalística.
O que se pode dizer com alguma segurança é que as responsabilidades actuais por pensões (sem os bancários, cujos fundos de pensões estão a caminho para tapar o buraco orçamental) poderão rondar 4-5 vezes o PIB actual e, com toda a certeza, o saldo do FEFSS chega actualmente para pagar não mais de 9 meses de pensões. Se contarmos com o calvário dos próximos muitos anos para pagar o calote à estranja (uns 115% líquidos do PIB) não se vê como o FEFSS pode durar 5 a 10 anos e, portanto, as contas do CM devem estar completamente furadas.
Em conclusão, os jovens cultores do carpe diem quam minimum credula postero melhor fora que se preparassem para pagar as vultuosas facturas que os esperam quando algures entre os 30 e os 40 anos finalmente saírem da adolescência.
24/10/2011
Pro memoria (41) – (ainda) mais legados de Sócrates
[Alguns outros legados: aqui e aqui]
Razão teve o Impertinente quando admitiu que Sócrates poderia vir a ser a próxima vítima da síndrome da abrilada, uma espécie de arrependimento colectivo da gente que aplaudiu na praça pública uns tempos antes Marcello Caetano e aplaudiria o camarada Vasco uns anos depois na mesma ou noutra praça pública.
Desta vez calhou ao presidente do Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias durante a audiência na comissão parlamentar de economia e obras públicas, onde sacudiu a água do capote das suas responsabilidades nas negociações das SCUTS, revelando ter sido «alvo de coacção» do governo de Sócrates. Tudo sem surpresas: a coacção de Sócrates e dos seus cães-de-fila e a moleza dos nomeados, cuja consciência guardou de Conrado o prudente silêncio. Como bem citou o saudoso António Guterres, Roma não paga a traidores e o coagido, fraquejando nos interrogatórios, já está a levar o merecido castigo dos deputados socialistas.
Razão teve o Impertinente quando admitiu que Sócrates poderia vir a ser a próxima vítima da síndrome da abrilada, uma espécie de arrependimento colectivo da gente que aplaudiu na praça pública uns tempos antes Marcello Caetano e aplaudiria o camarada Vasco uns anos depois na mesma ou noutra praça pública.
Desta vez calhou ao presidente do Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias durante a audiência na comissão parlamentar de economia e obras públicas, onde sacudiu a água do capote das suas responsabilidades nas negociações das SCUTS, revelando ter sido «alvo de coacção» do governo de Sócrates. Tudo sem surpresas: a coacção de Sócrates e dos seus cães-de-fila e a moleza dos nomeados, cuja consciência guardou de Conrado o prudente silêncio. Como bem citou o saudoso António Guterres, Roma não paga a traidores e o coagido, fraquejando nos interrogatórios, já está a levar o merecido castigo dos deputados socialistas.
Pro memoria (40) – mil Madeiras florescerão (II)
Há coisas assustadoramente fáceis de prever. Como a inevitabilidade do aparecimento de mais facturas não contabilizadas e dívida, avales, garantias não registadas em centenas ou milhares de hospitais, empresas públicas, institutos, fundações, organismos e outras criaturas públicas.
Ao que parece, a dívida das empresas públicas tem virtualidades de aumentar 1,5 mil milhões com o custo dos coberturas do risco de crédito pela banca estrangeira poder ser convertido em dívida com o downgrade do rating.
A dívida está pela hora da morte
Até no morrer os portugueses vivem acima das suas posses. Encomendam funerais e não têm dinheiro para os pagar. Segundo a Associação Nacional de Empresas Lutuosas, os portugueses vivos devem às agências funerárias 34 milhões de euros pelos enterros dos seus mortos. Morra agora e pague depois poderia ser o slogan.
DIÁRIO DE BORDO: Se bem me lembro, eram tão amigos…
… que não se percebe por que não interrompeu ainda José Sócrates os seus estudos de filosofia em SciencesPo para ir ao funeral do amigo coronel Muammar Kadhafi. Talvez esteja a poupar as faltas para o outro amigo coronel.
23/10/2011
ARTIGO DEFUNTO: Depois de ter falhado um prenúncio, o pastorinho não quer falhar outro
Imagino, e tenho pena, que Nicolau Santos depois da queda do governo de José Sócrates e do seu ajudante Teixeira dos Santos se sinta órfão. Ainda assim, justificará o desgosto o insulto à inteligência dos leitores do Expresso com as suas conclusões que até 2013 (sem Portugal sair da Zona Euro) os «trabalhadores portugueses por conta de outrem vão perder 40% a 50% do seu rendimento e todos os seus activos (casas, poupanças, etc.) vão sofrer uma desvalorização da mesma ordem de grandeza»?
Tanto talento previsional desperdiçado durante 6 anos sem uma palavra crítica. Tanto lip service àqueles que conduziram o país à bancarrota sem um prenúncio do desastre. Ainda se ao menos nos explicasse como foi possível o efeito multiplicador do investimento público nos elefantes brancos ter multiplicado a dívida e não o PIB, como se pode ver no mesmo caderno, 5 páginas à frente da sua peça agitprop.
Tanto talento previsional desperdiçado durante 6 anos sem uma palavra crítica. Tanto lip service àqueles que conduziram o país à bancarrota sem um prenúncio do desastre. Ainda se ao menos nos explicasse como foi possível o efeito multiplicador do investimento público nos elefantes brancos ter multiplicado a dívida e não o PIB, como se pode ver no mesmo caderno, 5 páginas à frente da sua peça agitprop.
¿Por qué no te callas?
Depois de ter comentado a hermenêutica fiscal do corte dos subsídios de férias e de Natal dos pensionistas e dos funcionários públicos numa espécie de comício à saída do congresso dos Economistas, comentários muito apreciados por uma oposição à procura de si própria e pouco apreciados por quem está mais preocupado com evitar a falência anunciada, Cavaco Silva recusou comentar os comentários aos seus comentários, comentando com 3 dias de atraso «o Presidente da República não é um comentador».
Ponderarei a emigração caso o inefável intriguista venha a ser o próximo inquilino de Belém
Eu não discordo que o professor Marcelo possa ter perfil para presidente da República, potenciando as melhores tradições de Belém. Admito até que a maioria dos portugueses o mereça. Porém, não é o meu caso. Se ele for para lá residir considerarei que este país não tem remissão e desisto.
CASE STUDY: bendita econometria (reposição)
Expresso de 22-10 |
Agora que descobrimos que cada milhão que governo investiu em infra-estruturas rodoviárias pode ter tido um efeito acumulado negativo no PIB, é altura de revisitarmos o estudo dos economistas Marvão Pereira e Jorge Andraz de 2006 sobre «O impacto económico e orçamental do investimento em Scut» onde se «demonstrou» que por cada milhão de euros que o governo investisse em infra-estruturas rodoviárias o efeito acumulado no PIB seria de 18 milhões de euros, a longo prazo.
Quem sabe se deveríamos torrar mais uns milhares de milhões para beneficiarmos do efeito Lochheed TriStar.
22/10/2011
Lost in translation (125) – preferimos ter o Estado como accionista das empresas em que somos accionistas minoritários e mandamos como se fossemos maioritários
«O Estado a gerir bancos é um desastre», justificou Ricardo Salgado para não aceitar a recapitalização do BES com a linha de 12 mil milhões da troika, sem explicar porque gosta de ter a companhia do Estado nas EDPs e nas PTs e porque não defende a privatização da Caixa.
Mário Soares e Cofidis, a mesma luta
«Desinteressaram-se completamente das pessoas e só vêem números», acusou Mário Soares.
A semelhança com a mensagem da Cofidis, não deve fazer esquecer as diferenças: a Cofidis usa o seu próprio dinheiro, o doutor Soares quer usar o dinheiro dos contribuintes europeus e, à míngua deste, dos contribuintes portugueses.
A semelhança com a mensagem da Cofidis, não deve fazer esquecer as diferenças: a Cofidis usa o seu próprio dinheiro, o doutor Soares quer usar o dinheiro dos contribuintes europeus e, à míngua deste, dos contribuintes portugueses.
ESTADO DE SÍTIO: Com um PSD destes nem seria preciso oposição
Seja por maquiavelismo, seja por diletantismo, seja para criar distâncias prudentes, seja para ficar num rodapé da história, seja simplesmente sacanice, não há um dia que não se veja ou ouça ou leia um barão, uma prima-dona, uma reserva da nação, um pateta arvorado em senador, um putativo candidato a uma qualquer coisa, um pensador, um comentador ou analista encartado, ou simplesmente um despeitado a debitar sound bites semeando areia nas engrenagens e enfiando gravetos nas rodas da carroça periclitante da governação. Sempre com o álibi da livre opinião, suspeita-se que pouco praticada dentro do PSD, e, frequentemente, com um acinte contrastando com a prudente ambiguidade usada com a governação desastrosa do governo do animal feroz.
Declaração de interesse: não tive nem tenho nenhuma ligação ao PSD.
Declaração de interesse: não tive nem tenho nenhuma ligação ao PSD.
21/10/2011
De boas intenções está o inferno cheio (7) - vem aí outro comboio
«É preciso mostrar aos cidadãos que há esperança, que há luz no fundo do túnel, que há soluções.»
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AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Comissão Europeia quer matar o mensageiro
Secção Tiros nos pés
«União Europeia (UE) quer proibir as agências de rating de avaliar Estados, noticia o matutino alemão Financial Times Deutschland, que teve acesso a um projecto ainda confidencial do comissário europeu para o mercado interno, Michael Barnier.
No projecto de reforma da lei sobre as agências de rating, Barnier propõe que a nova agência europeia de supervisão de títulos bolsistas, a ESMA, passe a ter o direito de "proibir temporariamente" a publicação de avaliações sobre a solvabilidade financeira dos Estados.
A Comissão Europeia quer ver esta proibição aplicada sobretudo a Estados que negociaram ajudas externas com a União Europeia ou com o FMI.
"Uma proibição podia impedir que haja uma avaliação de uma agência de rating em momento inoportuno, com consequências negativas para a estabilidade financeira do país em questão, e eventuais efeitos desestabilizadores para a economia mundial", afirma-se no projecto citado pelo Financial Times Deutschland.» (lido no OJE)
Se fosse um potencial investidor em dívida soberana dum Estado europeu «em momento inoportuno» esperaria que o momento fosse oportuno e entretanto tentava desfazer-me da dívida que tivesse em carteira aumentando assim as «consequências negativas para a estabilidade financeira do país em questão».
Por isso, oferece-se à CE 3 bourbons por nada aprender nem esquecer e 5 chateaubriands por imaginar que a divina providência faz passar os rios pelo meio das cidades.
«União Europeia (UE) quer proibir as agências de rating de avaliar Estados, noticia o matutino alemão Financial Times Deutschland, que teve acesso a um projecto ainda confidencial do comissário europeu para o mercado interno, Michael Barnier.
No projecto de reforma da lei sobre as agências de rating, Barnier propõe que a nova agência europeia de supervisão de títulos bolsistas, a ESMA, passe a ter o direito de "proibir temporariamente" a publicação de avaliações sobre a solvabilidade financeira dos Estados.
A Comissão Europeia quer ver esta proibição aplicada sobretudo a Estados que negociaram ajudas externas com a União Europeia ou com o FMI.
"Uma proibição podia impedir que haja uma avaliação de uma agência de rating em momento inoportuno, com consequências negativas para a estabilidade financeira do país em questão, e eventuais efeitos desestabilizadores para a economia mundial", afirma-se no projecto citado pelo Financial Times Deutschland.» (lido no OJE)
Se fosse um potencial investidor em dívida soberana dum Estado europeu «em momento inoportuno» esperaria que o momento fosse oportuno e entretanto tentava desfazer-me da dívida que tivesse em carteira aumentando assim as «consequências negativas para a estabilidade financeira do país em questão».
Por isso, oferece-se à CE 3 bourbons por nada aprender nem esquecer e 5 chateaubriands por imaginar que a divina providência faz passar os rios pelo meio das cidades.
20/10/2011
¿Por qué no te callas?
Repetindo-me, a quem ficou calado durante 6 anos, assistindo silencioso, impávido e sereno ao crescimento da despesa e da dívida públicas, é difícil de aguentar sem reacção a verborreia dos últimos meses e em particular dos últimos dias a propósito do corte de 2 meses nos salários dos funcionários públicos e dos reformados, minando o terreno ao governo.
Podia enveredar pelo caminho do assassínio de carácter, baseado em factos geralmente conhecidos e outros menos conhecidos, classificando Cavaco Silva como um homem prepotente sempre que julga ter as costas quentes, como agora com o PSD no poder dando um púlpito à tralha cavaquista. E como um homem com grande falta de coragem quanto tal não acontece e tem que enfrentar seja uma aula de alunos contestatários durante o PREC, seja o animal feroz Sócrates e os seus cães-de-fila, e nestas circunstâncias mete o rabinho entre as pernas e ensaia a vitimização.
Podia ir por aí, mas não vou (além do que já fui, claro). Vou apenas fazer algumas perguntas ao antigo primeiro-ministro que criou as bases para a pletora da máquina estatal e ao presidente da República tornado co-responsável por inacção e silêncio pelos défices e dívida monstruosos. Sem esquecer ter sido beneficiário de um aparente enriquecimento sem causa com a venda e compra de favor de acções do BPN. BPN cujas fraudes, em que estiveram envolvidos várias pessoas dele próximas, só por si significaram rombos no orçamento de vários milhares de milhão de euros correspondentes a uma parte significativa dos cortes que ele agora contesta.
Se o corte dos 2 meses aos funcionários públicos e reformados, de que resultará a redução da despesa pública, é um imposto e constituiu «violação de um princípio básico de equidade fiscal» como é que ele se fosse primeiro-ministro atingiria o défice negociado com a troika? Aumentando em montante equivalente a carga fiscal sobre os trabalhadores do sector privado e ampliando a falta de «equidade salarial» em relação aos funcionários públicos que já têm salários superiores em empregos vitalícios? Aumentando a carga fiscal sobre as empresas e reduzindo ainda mais a sua competitividade?
E porque não propõe em troca o despedimento 50 a 100 mil funcionários públicos que teria o mérito de mostrar uma coragem que nunca se lhe viu, preservando ao mesmo tempo a sua estimada «equidade fiscal»?
E, já agora, se a coligação PSD-CDS tiver a coragem de aprovar no parlamento a «violação de um princípio básico de equidade fiscal» terá Cavaco Silva coragem para enviar o OE 2012 para o Tribunal Constitucional, vetá-lo depois e enfrentar a tempestade financeira que se seguirá?
Podia enveredar pelo caminho do assassínio de carácter, baseado em factos geralmente conhecidos e outros menos conhecidos, classificando Cavaco Silva como um homem prepotente sempre que julga ter as costas quentes, como agora com o PSD no poder dando um púlpito à tralha cavaquista. E como um homem com grande falta de coragem quanto tal não acontece e tem que enfrentar seja uma aula de alunos contestatários durante o PREC, seja o animal feroz Sócrates e os seus cães-de-fila, e nestas circunstâncias mete o rabinho entre as pernas e ensaia a vitimização.
Podia ir por aí, mas não vou (além do que já fui, claro). Vou apenas fazer algumas perguntas ao antigo primeiro-ministro que criou as bases para a pletora da máquina estatal e ao presidente da República tornado co-responsável por inacção e silêncio pelos défices e dívida monstruosos. Sem esquecer ter sido beneficiário de um aparente enriquecimento sem causa com a venda e compra de favor de acções do BPN. BPN cujas fraudes, em que estiveram envolvidos várias pessoas dele próximas, só por si significaram rombos no orçamento de vários milhares de milhão de euros correspondentes a uma parte significativa dos cortes que ele agora contesta.
Se o corte dos 2 meses aos funcionários públicos e reformados, de que resultará a redução da despesa pública, é um imposto e constituiu «violação de um princípio básico de equidade fiscal» como é que ele se fosse primeiro-ministro atingiria o défice negociado com a troika? Aumentando em montante equivalente a carga fiscal sobre os trabalhadores do sector privado e ampliando a falta de «equidade salarial» em relação aos funcionários públicos que já têm salários superiores em empregos vitalícios? Aumentando a carga fiscal sobre as empresas e reduzindo ainda mais a sua competitividade?
E porque não propõe em troca o despedimento 50 a 100 mil funcionários públicos que teria o mérito de mostrar uma coragem que nunca se lhe viu, preservando ao mesmo tempo a sua estimada «equidade fiscal»?
E, já agora, se a coligação PSD-CDS tiver a coragem de aprovar no parlamento a «violação de um princípio básico de equidade fiscal» terá Cavaco Silva coragem para enviar o OE 2012 para o Tribunal Constitucional, vetá-lo depois e enfrentar a tempestade financeira que se seguirá?
DIÁRIO DE BORDO: Ainda hoje estou espantado
Sábado passado, li no Expresso uma pequena crónica com o título «Amanhã, vou comprar um iPad» onde a certa altura Maria Filomena Mónica, numa inesperada evasão intimista, escreve esta frase para mim surpreendente:
«Na minha família, era considerado de mau gosto tocarmo-nos. Após uma estadia prolongada fora de casa, a minha mãe podia condescender em fazer-nos uma festa no cabelo, mas não me recordo de ter tido outros afagos.»Criado numa família e criando duas famílias onde as pessoas frequentemente se tocam, beijam e afagam (e até se batem, com menos frequência), dei comigo a imaginar os alçapões freudianos por onde se afundam as mentes das criaturas duma família em que isso é considerado mau gosto. Talvez isso explique as «confissões» de gosto duvidoso do seu «Bilhete de identidade».
19/10/2011
Concurso de ideias sobre o OE 2012
João Cravinho, o inventor das SCUTS, acusa o governo de «uma espécie de ressentimento e ressabiamento vingativo em relação ao funcionalismo público e pensionistas» por lhes cortar 2 dos 14 meses, com a autoridade que lhe advém de ter sido um dos maiores responsáveis por dar ao governo razões para este se «vingar» do funcionalismo público e pensionistas.
«Este OE constitui uma declaração de guerra e é um programa de agressão aos trabalhadores, ao povo e ao país» disse Arménio Carlos, membro da comissão executiva da CGTP, com a autoridade que lhe advém de não ter a qualidade de trabalhador há algumas décadas.
O OE 2012 é «como uma recessão induzida, um suicídio assistido à classe média» disse o economista Sandro Mendonça do ISCTE, com a autoridade que lhe advém de, sendo especialista em inovação, não ter inovado nada repetindo baboseiras de sindicalista.
O corte dos 2 meses aos funcionários públicos e pensionistas «é a violação de um princípio básico de equidade fiscal» disse o professor de economia que habita em Belém, aproveitando para ensinar aos ignaros que «a redução de vencimentos e pensões a grupos específicos é um imposto porque obedece à definição de imposto», com a autoridade que lhe advém de ter ficado calado durante 6 anos, assistindo silencioso, impávido e sereno ao crescimento da despesa e da dívida públicas que tornou indispensável reduzir os vencimentos e pensões ou aumentar os impostos ou fazer outra coisa qualquer para reduzir o défice que ele diz que deve ser reduzido.
Provisoriamente, o professor de economia que habita em Belém ganha o concurso. Não apenas pela originalidade do seu pensamento fiscal, mas porque acrescenta a isso a sofisticação de fazer o papel de Soares ao contrário. Durante os últimos anos do consulado de Cavaco, enquanto este implorava deixem-nos trabalhar, Soares apelava ao direito à indignação para preparar o terreno para o retorno do seu partido ao governo. Cavaco faz o mesmo para o partido do doutor Soares.
«Este OE constitui uma declaração de guerra e é um programa de agressão aos trabalhadores, ao povo e ao país» disse Arménio Carlos, membro da comissão executiva da CGTP, com a autoridade que lhe advém de não ter a qualidade de trabalhador há algumas décadas.
O OE 2012 é «como uma recessão induzida, um suicídio assistido à classe média» disse o economista Sandro Mendonça do ISCTE, com a autoridade que lhe advém de, sendo especialista em inovação, não ter inovado nada repetindo baboseiras de sindicalista.
O corte dos 2 meses aos funcionários públicos e pensionistas «é a violação de um princípio básico de equidade fiscal» disse o professor de economia que habita em Belém, aproveitando para ensinar aos ignaros que «a redução de vencimentos e pensões a grupos específicos é um imposto porque obedece à definição de imposto», com a autoridade que lhe advém de ter ficado calado durante 6 anos, assistindo silencioso, impávido e sereno ao crescimento da despesa e da dívida públicas que tornou indispensável reduzir os vencimentos e pensões ou aumentar os impostos ou fazer outra coisa qualquer para reduzir o défice que ele diz que deve ser reduzido.
Provisoriamente, o professor de economia que habita em Belém ganha o concurso. Não apenas pela originalidade do seu pensamento fiscal, mas porque acrescenta a isso a sofisticação de fazer o papel de Soares ao contrário. Durante os últimos anos do consulado de Cavaco, enquanto este implorava deixem-nos trabalhar, Soares apelava ao direito à indignação para preparar o terreno para o retorno do seu partido ao governo. Cavaco faz o mesmo para o partido do doutor Soares.
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: «Em estado de transe induzido»
«As "Assembleias populares" dos "indignados" são mais um dos sinais do grau zero da política dos dias de hoje. Para além do absurdo de ver cem pessoas, que depois se reduzem a umas dezenas, a tomarem-se a sério, se é que isto não é uma contradição nos seus termos, como se estivessem a governar o país, sem suscitar o ridículo geral, há quem escreva entusiasmado sobre aquele Petit Guignol, como se de um soviete se tratasse. Acresce o orwelliano tique de se chamarem "assembleias" quando são ajuntamentos ad hoc, em que ninguém representa ninguém, nem muitas vezes se representa a si próprio dado que está em estado de transe induzido, e de usarem o nome de "populares", quando, se aquilo é o povo português, eu quero emigrar para as Desertas.»
JPP no Abrupto
JPP no Abrupto
18/10/2011
DIÁRIO DE BORDO: Não há pachorra para tanta lamentação
O coro das lamentações da «brutalidade» do orçamento é maioritariamente composto pelo coro dos amanhãs que cantaram durante 6 anos, os mesmos amanhãs que tornaram indispensável a «brutalidade» de hoje, ampliado com o coro a bocca chiusa dos que geriram ou venderam os seus silêncios durante os mesmos 6 anos.
O doutor Jorge Sampaio um dia disse haver vida além do orçamento. O coro com as suas lamentações desmente um dos seus mentores.
Não há pachorra.
O doutor Jorge Sampaio um dia disse haver vida além do orçamento. O coro com as suas lamentações desmente um dos seus mentores.
Não há pachorra.
Evolução na continuidade
«Portugal vai reactivar as relações com a Venezuela para tentar dar um novo impulso às exportações portuguesas e ajudar as empresas nacionais a promover os negócios já iniciados com o país de Hugo Chávez. O Executivo de Pedro Passos Coelho reabilitou a comissão mista Portugal/Venezuela, criada por José Sócrates, criando uma nova. E já está a reactivar alguns dos acordos assinados em 2008 e que ainda estavam por concretizar.»
Tudo indica ser um exemplo de chuva na eira (negócios furados, como a experiência demonstrou) e sol no nabal (relações com regimes de coronéis).
«Evolução na continuidade» é um copyright de Marcelo Caetano, querendo significar a tentativa de fazer algumas diferenças na situação sem muitas ondas, para não assustar os antigos situacionistas. Neste caso, o Alberto e Passos Coelho não querem assustar os novos situacionistas.
Tudo indica ser um exemplo de chuva na eira (negócios furados, como a experiência demonstrou) e sol no nabal (relações com regimes de coronéis).
«Evolução na continuidade» é um copyright de Marcelo Caetano, querendo significar a tentativa de fazer algumas diferenças na situação sem muitas ondas, para não assustar os antigos situacionistas. Neste caso, o Alberto e Passos Coelho não querem assustar os novos situacionistas.
SERVIÇO PÚBLICO: O monstro eléctrico
«Portugal é o campeão do rácio energia renovável/consumo médio e na relação eólica/consumo de vazio de verão estamos em segundo lugar, o que levanta o problema do que fazer a tanta energia. Criou-se um novo monstro.
A APREN encomendou a uma consultora, 'treinadora' da EDP, um estudo sujeito à máxima 'quem paga, encomenda o resultado'. É um exercício de publicidade enganosa. Apenas três observações: ao contrário do dito, o preço médio pago pela eólica continua a ser superior a €90 Mwh, embora as novas entrem a preço mais baixo; nas renováveis intermitentes, o que é esquecido no estudo, ao preço político da tarifa há que acrescentar os sobrecustos sistémicos da térmica de back up (de dia quando não há vento) e da bombagem (à noite para acumular a energia excedentária), havendo pois um triplo investimento; os actuais e grandes parques eólicos, bem como as grandes centrais solares da época Pinho, exigem vultuosos investimentos nas redes de transporte, e não têm a 'beleza' das pequenas renováveis do meu tempo, junto do consumidor ou embebidas nas redes de distribuição, poupando no transporte, como o estudo insinua.
As centrais térmicas deveriam trabalhar pelo menos 7000 horas/ano. Agora, funcionando apenas como apoio às eólicas, ficam por metade, o que não chega para cobrir os custos fixos do investimento. O excesso eólico leva assim a que se pague sempre a eólica produzida, consuma-se ou não, e depois ainda se pague através de uma vergonhosa 'garantia de potência' esses custos fixos para ver as térmicas paradas ou subutilizadas!
Por outro lado, as centrais da EDP sujeitas aos CAE (já aqui explicados) passaram para os CMEC, fazendo ofertas no mercado grossista, em que se simula o funcionamento em mercado livre, mas tendo um mecanismo de compensação que lhes permite a recuperação do investimento feito, no caso de terem cash flows inferiores aos obtidos nos CAE.
Então, por causa da eólica, a capacidade instalada é pouco utilizada, os custos fixos destes investimentos ociosos evidenciam-se e os custos dos CMEC disparam.
A EDP tem beneficiado enormemente disto e por uma complexa engenharia financeira (em que se tornou especialista) ganhou na secretaria um balúrdio, pois em termos económicos tal significava que estava a ser remunerada a 8,5% em activos cujo custo de capital era inferior a 5%. Quando for grande, também gostaria de ter esta renda de situação para parecer um grande gestor...
Também é condenável o preço político pago às cogerações (produção simultânea de electricidade e calor) a fuelóleo (!) e às falsas cogerações (que só produzem electricidade), tendo-se esquecido os coeficientes técnicos entre electricidade e calor que eu tinha imposto.
O monstro criado dará aumentos de preços superiores a 30% este ano, se não for domado. Este Governo, forçado a asfixiar com impostos a classe média e os pensionistas, terá coragem para o domar como recomenda a troika e o conselho tarifário?»
Luís Mira Amaral, no Expresso de 15-09
A APREN encomendou a uma consultora, 'treinadora' da EDP, um estudo sujeito à máxima 'quem paga, encomenda o resultado'. É um exercício de publicidade enganosa. Apenas três observações: ao contrário do dito, o preço médio pago pela eólica continua a ser superior a €90 Mwh, embora as novas entrem a preço mais baixo; nas renováveis intermitentes, o que é esquecido no estudo, ao preço político da tarifa há que acrescentar os sobrecustos sistémicos da térmica de back up (de dia quando não há vento) e da bombagem (à noite para acumular a energia excedentária), havendo pois um triplo investimento; os actuais e grandes parques eólicos, bem como as grandes centrais solares da época Pinho, exigem vultuosos investimentos nas redes de transporte, e não têm a 'beleza' das pequenas renováveis do meu tempo, junto do consumidor ou embebidas nas redes de distribuição, poupando no transporte, como o estudo insinua.
As centrais térmicas deveriam trabalhar pelo menos 7000 horas/ano. Agora, funcionando apenas como apoio às eólicas, ficam por metade, o que não chega para cobrir os custos fixos do investimento. O excesso eólico leva assim a que se pague sempre a eólica produzida, consuma-se ou não, e depois ainda se pague através de uma vergonhosa 'garantia de potência' esses custos fixos para ver as térmicas paradas ou subutilizadas!
Por outro lado, as centrais da EDP sujeitas aos CAE (já aqui explicados) passaram para os CMEC, fazendo ofertas no mercado grossista, em que se simula o funcionamento em mercado livre, mas tendo um mecanismo de compensação que lhes permite a recuperação do investimento feito, no caso de terem cash flows inferiores aos obtidos nos CAE.
Então, por causa da eólica, a capacidade instalada é pouco utilizada, os custos fixos destes investimentos ociosos evidenciam-se e os custos dos CMEC disparam.
A EDP tem beneficiado enormemente disto e por uma complexa engenharia financeira (em que se tornou especialista) ganhou na secretaria um balúrdio, pois em termos económicos tal significava que estava a ser remunerada a 8,5% em activos cujo custo de capital era inferior a 5%. Quando for grande, também gostaria de ter esta renda de situação para parecer um grande gestor...
Também é condenável o preço político pago às cogerações (produção simultânea de electricidade e calor) a fuelóleo (!) e às falsas cogerações (que só produzem electricidade), tendo-se esquecido os coeficientes técnicos entre electricidade e calor que eu tinha imposto.
O monstro criado dará aumentos de preços superiores a 30% este ano, se não for domado. Este Governo, forçado a asfixiar com impostos a classe média e os pensionistas, terá coragem para o domar como recomenda a troika e o conselho tarifário?»
Luís Mira Amaral, no Expresso de 15-09
17/10/2011
Uma nova causa facturante fracturante para o berloquismo
As despesas com alimentação infantil (cerca de 100 milhões) foram já ultrapassadas pelas despesas com rações de animais de companhia (cerca de 150 milhões), incluindo cerca de 1,5 milhão de cães e de 1 milhão de gatos. Em conjunto, os canídeos e gatídeos dão 25 a 1 aos apenas 100 mil humanos nascidos em cada ano. (Fonte: Expresso)
É uma nova frente que se abre ao berloquismo em crise: exigir já abono de família para a bicheza doméstica e sair da situação «abaixo de cão» em que ficou depois de ter sido humilhado na Madeira pelo Partido dos Animais, como oportunamente lembrou o berlogue 5 dias.
É uma nova frente que se abre ao berloquismo em crise: exigir já abono de família para a bicheza doméstica e sair da situação «abaixo de cão» em que ficou depois de ter sido humilhado na Madeira pelo Partido dos Animais, como oportunamente lembrou o berlogue 5 dias.
DIÁRIO DE BORDO: Grande Auditório Gulbenkian, o Pequeno Met dos tesos (3)
Anna Netrebko, a ex-empregada de limpeza do Teatro Mariinsky, uma extraordinária Bolena |
16/10/2011
DIÁRIO DE BORDO: A maldição da tabuada (outra vez)
Porquê os «indignados» estão indignados? A acreditar no que eles dizem, o que requer alguma fé, estão indignados por não terem emprego. Se fossem sinceros diriam que poderiam bem continuar a viver sem trabalhar, o lhes faz falta é a grana.
E porque não têm emprego? Talvez por não saberem fazer nada que alguém esteja disposto a pagar para ser feito. Dito assim, de repente, pode parecer uma provocação reaccionária. Pode mas não é. Ou melhor, apesar de reaccionária, não é provocação. Vejamos mais de perto.
Na manifestação de ontem, segundo a organização e a imprensa amiga portuguesa estiveram 100 mil indignados. Segundo El País, terão sido 12 mil ou 25 mil (segundo a versão da organização para El País) ou 30 mil (segundo a versão do Público do que teria sido a versão do El País), mas também poderão ter sido 50 mil.
O que indicia esta disparidade de estimativas de manifestantes variando entre 12 mil e 100 mil? Indicia problemas de numeracia, dificuldades com a aritmética, quer dos manifestantes quer dos jornalistas old fashioned quer dos jornalistas de causas (supondo que é possível distinguir entre uns e outros). Não será a maldição da tabuada o obstáculo principal para os «indignados» conseguirem o almejado emprego, sabendo-se que já não há vagas no jornalismo, uma das poucas profissões em que do domínio da aritmética não é um requisito?
E porque não têm emprego? Talvez por não saberem fazer nada que alguém esteja disposto a pagar para ser feito. Dito assim, de repente, pode parecer uma provocação reaccionária. Pode mas não é. Ou melhor, apesar de reaccionária, não é provocação. Vejamos mais de perto.
Na manifestação de ontem, segundo a organização e a imprensa amiga portuguesa estiveram 100 mil indignados. Segundo El País, terão sido 12 mil ou 25 mil (segundo a versão da organização para El País) ou 30 mil (segundo a versão do Público do que teria sido a versão do El País), mas também poderão ter sido 50 mil.
O que indicia esta disparidade de estimativas de manifestantes variando entre 12 mil e 100 mil? Indicia problemas de numeracia, dificuldades com a aritmética, quer dos manifestantes quer dos jornalistas old fashioned quer dos jornalistas de causas (supondo que é possível distinguir entre uns e outros). Não será a maldição da tabuada o obstáculo principal para os «indignados» conseguirem o almejado emprego, sabendo-se que já não há vagas no jornalismo, uma das poucas profissões em que do domínio da aritmética não é um requisito?
O socialismo autárquico é o nosso fado fardo
O facto de o passivo da câmara municipal de Lisboa ultrapassar 2 mil milhões de euros não foi um obstáculo para António Costa, presidente da câmara em estágio para a liderança do PS e putativo futuro primeiro-ministro, acrescentar mais um milhão para financiar um «museu vivo da Mouraria», um projecto apresentado por uma recém-licenciada em Antropologia a que um apparatchik dum Gabinete de Apoio ao Bairro atrelou «20 entidades envolvidas em trabalhos sociais e culturais no bairro», para ajudar a torrar o dito milhão. (Fonte: Expresso)
15/10/2011
Não se pode ser bom em tudo
Segundo o Eurostat, Portugal é vigésimo nos 27 países da UE na produtividade industrial que só é menor na Estónia, Lituânia, Roménia, Letónia e Bulgária. Para o DE «Portugal é o sexto país da UE com menos produtividade no trabalho» que é uma outra maneira mais suave de dizer o mesmo.
Em compensação, segundo a FIFA estamos em 5.º lugar à frente a Itália e do Brasil, somos o 9.º país do mundo com melhor cobertura rodoviária e o 4.º com mais automóveis por 100 habitantes e, o nosso grande feito, segundo o CMA, temos a segunda maior Cumulative Probability of Default da dívidasoberana pública.
Em compensação, segundo a FIFA estamos em 5.º lugar à frente a Itália e do Brasil, somos o 9.º país do mundo com melhor cobertura rodoviária e o 4.º com mais automóveis por 100 habitantes e, o nosso grande feito, segundo o CMA, temos a segunda maior Cumulative Probability of Default da dívida
Pro memoria (39) – tenham medo, tenham muito medo
«Não deixaremos de, parceria público-privada a parceria público-privada, contrato a contrato, saber quem, porquê e como estiveram na origem dos encargos insustentáveis», garantiu Passos Coelho ontem no parlamento.
Tomemos nota para conferência futura. Se tomada à letra, esta garantia exigiria um investimento de muitos milhões de euros para construir uma prisão onde guardar os «agentes» responsáveis pelos «encargos insustentáveis». Seria uma espécie de parlamento com todos os partidos representados e uma maioria absoluta do PS comandada pelo animal feroz que teria de continuar os seus estudos de filosofia por correspondência. Seria também necessária uma cela de segurança máxima para armazenar o Bokassa das Ilhas.
Tomemos nota para conferência futura. Se tomada à letra, esta garantia exigiria um investimento de muitos milhões de euros para construir uma prisão onde guardar os «agentes» responsáveis pelos «encargos insustentáveis». Seria uma espécie de parlamento com todos os partidos representados e uma maioria absoluta do PS comandada pelo animal feroz que teria de continuar os seus estudos de filosofia por correspondência. Seria também necessária uma cela de segurança máxima para armazenar o Bokassa das Ilhas.
14/10/2011
CASE STUDY: a pátria do capitalismo é o inferno dos capitalistas (6)
Anjos caídos recentemente: (1), (2), (3), (4) e (5).
Raj Rajaratnam, fundador do Galleon Group, já havia sido considerado culpado em Maio por inside trading e foi agora condenado a 11 anos de prisão.
É para mim mais um mistério como a justiça americana consegue investigar, provar, julgar e condenar os crimes de colarinho branco sem deixar prescrever, sem o enriquecimento sem causa, sem a doutora Maria José Morgado, sem o Conselheiro Fernando José Matos Pinto Monteiro, e sem todas as inúmeras luminárias que não conseguem provar nada e quando provam já o crime está prescrito.
Raj Rajaratnam, fundador do Galleon Group, já havia sido considerado culpado em Maio por inside trading e foi agora condenado a 11 anos de prisão.
É para mim mais um mistério como a justiça americana consegue investigar, provar, julgar e condenar os crimes de colarinho branco sem deixar prescrever, sem o enriquecimento sem causa, sem a doutora Maria José Morgado, sem o Conselheiro Fernando José Matos Pinto Monteiro, e sem todas as inúmeras luminárias que não conseguem provar nada e quando provam já o crime está prescrito.
DIÁRIO DE BORDO: Quem os viu e quem os vê
Setembro de 1996, comboio de Budapeste para Praga. Devido à falta de visto duma pessoa com quem viajava, fomos forçados a sair na primeira estação na Eslováquia – Štúrovo. Ainda se sentia a presença invisível da cortina de ferro. Um apeadeiro miserável, polícias de fronteira com um ar de Checkpoint Charlie. Após complicadas negociações e pesados pagamentos em marcos lá foram buscar uma funcionária a casa com o indispensável carimbo. Perdida a viagem num comboio decente Budapeste-Praga e substituída por outra num recoveiro 4 ou 5 horas depois. Jantar no comboio substituído por snacks comprados na única lojeca (nojenta) do apeadeiro. Foram os snacks mais ranhosos que algum dia nos passaram pela goela, e já nos tinham passado pela goela coisas bastante más.
15 anos depois o parlamento eslovaco vota contra a participação no FEEF recusando contribuir para resgatar os países falidos do Sul da Europa. Um dos partidos da coligação classificou o FEEF como «estrada para socialismo». Eles lá sabem.
15 anos depois o parlamento eslovaco vota contra a participação no FEEF recusando contribuir para resgatar os países falidos do Sul da Europa. Um dos partidos da coligação classificou o FEEF como «estrada para socialismo». Eles lá sabem.
13/10/2011
Sacudindo a água do capote
Há o jornalismo de causas que se borrifa para os factos e há o presidencialismo de causas que sacode a água do capote. É o caso de o criador e curador durante 10 anos do monstro ingovernável que está na génese da crise portuguesa, ao dizer em Florença que «as causas radicam nas políticas erradas, nomeadamente orçamentais e macroeconómicas, seguidas pelos Estados-membros e, por outro lado, numa deficiente supervisão por parte das instituições europeias. A responsabilidade por esta crise é claramente partilhada pelos Estados-membros e pelas instituições europeias».
O verbo «radicar» vem do verbo radicare, ou seja enraizar, ir à raiz, neste caso às causas profundas da crise portuguesa. E eu a pensar que a causa profunda era o despesismo público e privado que aumentou o endividamento até ao insuportável, escamoteado por fraudes contabilísticas.
O verbo «radicar» vem do verbo radicare, ou seja enraizar, ir à raiz, neste caso às causas profundas da crise portuguesa. E eu a pensar que a causa profunda era o despesismo público e privado que aumentou o endividamento até ao insuportável, escamoteado por fraudes contabilísticas.
Secretos de porco, uma receita portuguesa
«Relatório sobre caso da alegada espionagem a jornalista foi enviado para o Parlamento com a identidade de vários elementos dos serviços de informações. Um deles até é identificado pelo nome completo e actual localização.» (DN)
Dúvidas (10) – Portugal ainda é independente?
«É possível que Portugal, daqui a 30, 50, 100 anos, não seja um país independente como é hoje», questionou-se António Barreto, um dos últimos abencerragens da inteligentsia doméstica. Provavelmente dezenas de coirões que nas últimas décadas contribuíram para afundar o país terão pensado com os seus botões irra que este gajo parece um medinacarreira. Esquecem os coirões que o país que eles ajudaram a afundar é um país tutelado há algum tempo.
12/10/2011
Pro memoria (38) – mil Madeiras florescerão
Enfiar dívida debaixo do tapete é possivelmente a maior contribuição portuguesa para a contabilidade pública. A este respeito, estamos numa espécie de final do Euro 2004 aonde chegámos e só perdemos com os melhores de todos: os gregos.
Foram agora descobertas facturas não contabilizadas pelo Hospital de Santa Maria no valor de 7 milhões. É apenas uma gota de água, pouco mais de um por mil da dívida da Madeira. Não seria importante se debaixo do tapete de muitos outros hospitais, empresas públicas, institutos, fundações, organismos, etc. não viessem a surgir, e surgirão, centenas ou milhares de pequenas gotas que engrossarão o caudal do rio subterrâneo da contabilidade do estado sucial.
Quando o rio subterrâneo emergir gradualmente lá teremos de ir outra vez com a corda ao pescoço pedir mais dinheiro à troika, perder o resto do 13.º mês e continuar o calvário de pagar os delírios de décadas escondidos a golpes de trafulhice.
Quando o rio subterrâneo emergir gradualmente lá teremos de ir outra vez com a corda ao pescoço pedir mais dinheiro à troika, perder o resto do 13.º mês e continuar o calvário de pagar os delírios de décadas escondidos a golpes de trafulhice.
DIÁRIO DE BORDO: Já não era sem tempo
Desde há meia dúzia de anos e uma dúzia de vezes, o (Im)pertinências vem recorrendo aos estudos do antropologista holandês Geert Hofstede para explicar as nossas desgraças. Já agora, é interessante esclarecer que Hofstede não desenvolveu o seu modelo das 4 dimensões culturais numa torre de marfim duma qualquer universidade. Em vez disso, assentou as bases empíricas desse modelo no seu trabalho durante vários anos no departamento de recursos humanos da IBM, onde teve a oportunidade de ter acesso e analisar mais de 100.000 questionários de empregados provenientes das sucursais da IBM em mais de 70 países.
Finalmente, alguém na blogosfera se apercebe da importância desses estudos para compreender a influência da cultura dominante numa sociedade e, em particular, para compreender como boa parte das nossas fatalidades são explicadas pelas características da sociedade portuguesa nas 4 dimensões consideradas por Hofstede: um dos países menos masculinos do mundo, com grande distância ao poder, profundamente colectivista e com enorme aversão ao risco. Está lá tudo.
Finalmente, alguém na blogosfera se apercebe da importância desses estudos para compreender a influência da cultura dominante numa sociedade e, em particular, para compreender como boa parte das nossas fatalidades são explicadas pelas características da sociedade portuguesa nas 4 dimensões consideradas por Hofstede: um dos países menos masculinos do mundo, com grande distância ao poder, profundamente colectivista e com enorme aversão ao risco. Está lá tudo.
11/10/2011
Exemplos do costume (6) – qual é a pressa?
Em 1982 uma sociedade dissolve-se e um sócio pede ao tribunal para fixar o valor da sua quota. 25 anos depois o valor da quota é fixado. O tribunal de recurso entendeu só ter havido «três anos e meio de excesso de tempo de promoção de diligências».
Alguém espera que governos incapazes de desempenhar decentemente as suas funções nucleares, como a justiça, vão suprir a falta de iniciativa privada e desenvolver a economia?
Alguém espera que governos incapazes de desempenhar decentemente as suas funções nucleares, como a justiça, vão suprir a falta de iniciativa privada e desenvolver a economia?
SERVIÇO PÚBLICO: A banca europeia à beira de um ataque de nervos
Como qualquer observador informado já sabe há pelo menos dois anos, a banca europeia só sobreviverá ao colapso de alguns PIGS com injecções maciças de capital, por muito que os stress tests realizados pela outra troika (Comissão Europeia, BCE e Comité de Supervisores Bancários Europeus) tentassem tapar o sol com um peneira – ver a este respeito a série de posts Testes de (pouca) resistência.
Isso mesmo mostra o calculador desenvolvido pela Reuters em Junho. Com os valores então assumidos como prováveis haircuts e um target core Tire 1 de 7%, cerca de 3 dezenas de bancos, incluindo os 4 maiores bancos portugueses têm insuficiências de capital superiores a mil milhões de euros.
Simulando haircuts superiores e mais conformes à CPD (Cumulative Probability of Default) implícita nos CDS (Credit Default Swap) as insuficiências disparam. Por exemplo, com um haircut de 50% da dívida pública portuguesa em vez de 26%, as insuficiências de capital dos bancos portugueses aumentariam mais de 50%. Aumentarão ainda mais se o target core Tire 1 for 9% (o calculador da Reuters está limitado a 8%) ou 10% como está previsto acontecer gradualmente.
Ontem mesmo Juncker, o presidente do Eurogrupo assumiu que o haircut da Grécia poderia ultrapassar 60% o que está em linha com a previsão de há 4 meses da Reuters, quando a CPD da Grécia era muito inferior à actual.
Por isso, quando, uma vez mais, a dívida ultrapassa um certo limiar são mais os devedores que têm os credores na mão do que o contrário. E, neste caso, os credores que interessam são os bancos e seguradores alemães e franceses, em primeira linha, e em segunda linha os respectivos Estados que serão forçados a capitalizá-los. Exemplo disso é o bad bank com 90 mil milhões de lixo do Dexia que os governos da França, Bélgíca e Luxemburgo decidiram ontem garantir.
Percebe-se agora melhor o dilema alemão, que um ditado brasileiro descreve assim: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
[Gráfico da Reuters enviado por AB]
Isso mesmo mostra o calculador desenvolvido pela Reuters em Junho. Com os valores então assumidos como prováveis haircuts e um target core Tire 1 de 7%, cerca de 3 dezenas de bancos, incluindo os 4 maiores bancos portugueses têm insuficiências de capital superiores a mil milhões de euros.
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Simulando haircuts superiores e mais conformes à CPD (Cumulative Probability of Default) implícita nos CDS (Credit Default Swap) as insuficiências disparam. Por exemplo, com um haircut de 50% da dívida pública portuguesa em vez de 26%, as insuficiências de capital dos bancos portugueses aumentariam mais de 50%. Aumentarão ainda mais se o target core Tire 1 for 9% (o calculador da Reuters está limitado a 8%) ou 10% como está previsto acontecer gradualmente.
Ontem mesmo Juncker, o presidente do Eurogrupo assumiu que o haircut da Grécia poderia ultrapassar 60% o que está em linha com a previsão de há 4 meses da Reuters, quando a CPD da Grécia era muito inferior à actual.
Por isso, quando, uma vez mais, a dívida ultrapassa um certo limiar são mais os devedores que têm os credores na mão do que o contrário. E, neste caso, os credores que interessam são os bancos e seguradores alemães e franceses, em primeira linha, e em segunda linha os respectivos Estados que serão forçados a capitalizá-los. Exemplo disso é o bad bank com 90 mil milhões de lixo do Dexia que os governos da França, Bélgíca e Luxemburgo decidiram ontem garantir.
Percebe-se agora melhor o dilema alemão, que um ditado brasileiro descreve assim: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
[Gráfico da Reuters enviado por AB]
Estado empreendedor (57) - a maldição da Rua da Horta Seca (II)
Álvaro Santos Pereira começou mal, muito mal. Começou por não ter percebido a diferença entre a higiene dos papers de macroeconomia e a suja e dura realidade da governação de um país falido, com uma grande falta de iniciativa privada e um grande excesso de iniciativa pública para torrar dinheiro em elefantes brancos. Confirmou o erro de casting e deixou-se transformar no Alvarinho de Viseu. E continua com a mais completa contradição entre as suas soluções teóricas anteriores à sua nomeação e a sua prática de governação, ou mais exactamente as suas declarações, porque governação ainda não se viu.
É mais um caso do complexo de direita, diferente mas comparável aos de Freitas do Amaral e de Basílio Horta, que assustados por serem vistos como de direita acabaram na cama com a esquerda. Com uma doutrina de intervencionismo mínimo do estado na economia, podendo qualificar-se com boa vontade como liberal, ASP está a ir por um caminho que em pouco se distingue dos seus precursores na Horta Seca.
Nos intervalos de declarações enigmáticas sobre os projectos ferroviários, anuncia «alterações profundas ao nível do capital de risco, ao nível da atracção e agilização do investimento, ao nível de reestruturação de empresas, ao nível laboral e ao nível das políticas de emprego». Anuncia a criação de estrutura de apoio à internacionalização. Anuncia a reestruturação do capital de risco público como se as iminências plantadas pelo governo nas EP de capitais de risco sem arriscarem um cêntimo do seu próprio dinheiro fossem capazes de distinguir as oportunidades viáveis das sepulturas de dinheiro. «Diz estar disponível para ajudar directamente empresas em dificuldades» enquanto o governo não paga os milhares de milhões de euros de facturas atrasadas aos seus fornecedores.
Não pode acabar bem. Se os seus antecessores ainda tiveram algum dinheiro (e portanto algum poder) para colocar onde estavam as suas grandes bocas, ASP só tem uma grande boca e nenhum dinheiro para lá colocar. Desagrada aos intervencionistas porque não tem dinheiro para torrar nos seus interesses e nos seus delírios e desagrada aos liberais porque diz que vai colocar o dinheiro que não tem onde não deveria, ainda que o tivesse. Vai ser a vítima mais recente da maldição da Rua da Horta Seca.
É mais um caso do complexo de direita, diferente mas comparável aos de Freitas do Amaral e de Basílio Horta, que assustados por serem vistos como de direita acabaram na cama com a esquerda. Com uma doutrina de intervencionismo mínimo do estado na economia, podendo qualificar-se com boa vontade como liberal, ASP está a ir por um caminho que em pouco se distingue dos seus precursores na Horta Seca.
Nos intervalos de declarações enigmáticas sobre os projectos ferroviários, anuncia «alterações profundas ao nível do capital de risco, ao nível da atracção e agilização do investimento, ao nível de reestruturação de empresas, ao nível laboral e ao nível das políticas de emprego». Anuncia a criação de estrutura de apoio à internacionalização. Anuncia a reestruturação do capital de risco público como se as iminências plantadas pelo governo nas EP de capitais de risco sem arriscarem um cêntimo do seu próprio dinheiro fossem capazes de distinguir as oportunidades viáveis das sepulturas de dinheiro. «Diz estar disponível para ajudar directamente empresas em dificuldades» enquanto o governo não paga os milhares de milhões de euros de facturas atrasadas aos seus fornecedores.
Não pode acabar bem. Se os seus antecessores ainda tiveram algum dinheiro (e portanto algum poder) para colocar onde estavam as suas grandes bocas, ASP só tem uma grande boca e nenhum dinheiro para lá colocar. Desagrada aos intervencionistas porque não tem dinheiro para torrar nos seus interesses e nos seus delírios e desagrada aos liberais porque diz que vai colocar o dinheiro que não tem onde não deveria, ainda que o tivesse. Vai ser a vítima mais recente da maldição da Rua da Horta Seca.
10/10/2011
CASE STUDY: a Madeira como região de culto (6)
[Sequela de (1), (2), (3), (4) e (5)]
Sem surpresas, salvo para os distraídos crónicos, o presidente-rei Bokassa foi reeleito com a ajuda de todos os governos da República pelo menos desde Cavaco Silva passando por Guterres, Barroso e Sócrates. Santana Lopes não chegou a aquecer a cadeira e Passos Coelho ainda tem o lugar frio.
Sem essa preciosa ajuda, consistindo em donativos pagos com dinheiro dos contribuintes europeus e dos sujeitos passivos do contenente e olhos bem fechados para as contas, os abusos de poder e os tentados às liberdades, Alberto João Jardim não teria comprado durante 3 décadas o voto dos madeirenses e porto-santenses. É estranho? De modo algum. Imaginemos um Alberto João a liderar um qualquer partido do contenente e a conseguir ousadamente sacar dinheiro a Bruxelas e, cereja em cima do bolo, afagar o nosso ego de pedintes sem vergonha insultando a Comissão, o Parlamento e os contribuintes europeus. Quem julgam que ganharia as eleições?
Sem surpresas, salvo para os distraídos crónicos, o presidente-rei Bokassa foi reeleito com a ajuda de todos os governos da República pelo menos desde Cavaco Silva passando por Guterres, Barroso e Sócrates. Santana Lopes não chegou a aquecer a cadeira e Passos Coelho ainda tem o lugar frio.
Sem essa preciosa ajuda, consistindo em donativos pagos com dinheiro dos contribuintes europeus e dos sujeitos passivos do contenente e olhos bem fechados para as contas, os abusos de poder e os tentados às liberdades, Alberto João Jardim não teria comprado durante 3 décadas o voto dos madeirenses e porto-santenses. É estranho? De modo algum. Imaginemos um Alberto João a liderar um qualquer partido do contenente e a conseguir ousadamente sacar dinheiro a Bruxelas e, cereja em cima do bolo, afagar o nosso ego de pedintes sem vergonha insultando a Comissão, o Parlamento e os contribuintes europeus. Quem julgam que ganharia as eleições?
09/10/2011
CASE STUDY: Efeitos da redução indiscriminada da TSU compensada por um aumento do IVA (4)
Este post está relacionado com este e este posts do Pertinente, pretende refutar algumas conclusões do ensaio de Ricardo Reis (RR), citado aqui pelo Blasfémias, e é uma continuação dos meus posts (1), (2) e (3).
No primeiro post mostrei que nas actividades com taxa normal de IVA, a redução da TSU acompanhada ou não pelo aumento do IVA determinará um aumento do lucro, a não ser que a empresa decida reduzir os preços, e admiti que tal poderá não acontecer nos bens e serviços não transaccionáveis.
No segundo post mostrei que nas actividades com IVA reduzido (se este se mantiver) e nas isentas de IVA, o impacto da redução da TSU combinado com o do aumento do IVA depende da magnitude de uma e de outro, podendo o efeito líquido ser uma redução do lucro seguida dum possível aumento de preços.
No terceiro post mostrei que nas actividades isentas de IVA , e em particular nos serviços financeiros, uma redução relevante da TSU conduziria a um aumento dos lucros, porque dada a estrutura de custos desses serviços o aumento fiscal e socialmente admissível do IVA passivo não seria suficiente para compensar a redução dos custos.
Neste post trato das empresas exportadoras. Consideremos separadamente as vendas para os mercados interno e externo e para simplificar imaginemos a empresa cindida em duas. À «empresa» que vende para o mercado interno aplicam-se as conclusões do primeiro post. Na «empresa» exportadora a redução da TSU terá um efeito directo na redução dos custos e o aumento do IVA não acresce aos seus custos operacionais porque o IVA passivo incluído nas compras aos fornecedores é recuperado posteriormente na totalidade. Assim, do ponto de vista dos resultados, estes aumentariam se os preços de venda se mantivessem. Como a «empresa» exportadora compete no mercado internacional, vamos admitir como provável que baixaria os seus preços na precisa medida da redução da TSU, mantendo assim os resultados. Teríamos então neste caso o efeito previsto pelos macroeconomistas que defendem esta solução. Resta saber a dimensão e outras consequências desse efeito.
Num contexto de falta de liquidez e de restrições no acesso ao crédito como o que vivemos, devemos ainda considerar o impacto financeiro negativo do aumento do IVA passivo na liquidez da «empresa» exportadora, uma vez que existe um diferimento superior a 30 dias entre o pagamento do IVA passivo e a sua recuperação. Mais importante do que esse impacto pode ser o efeito perverso de incentivar estas empresas a substituírem as compras de matérias-primas no mercado interno pelo mercado externo, aproveitando o mecanismo do reverse charge que permite à empresa não pagar o IVA ao seu fornecedor comunitário e na declaração seguinte incluir o IVA dessas compras ao mesmo tempo a pagar e a recuperar do Estado. Neste caso, a consequência é o aumento do IVA passivo, apesar de neutro nos custos da empresa, poder induzir o aumento das importações.
Consideremos agora o impacto da redução da TSU na redução dos custos e o consequente aumento potencial da competitividade da empresa exportadora. Tomemos, por exemplo três empresas fortemente exportadoras e bastante competitivas: a BA Vidro (2/3 de exportações), EFACEC (2/3 de exportações) e SEMAPA (85% de exportações). Em todas estas empresas os custos com pessoal se situam no intervalo 10-15% dos custos operacionais, pelo que mesmo uma redução na ordem dos 8% (a mais alta até agora mencionada, salvo erro) teria um efeito de apenas ao redor de 1%. Sem falar do nosso maior exportador (PETROGAL) onde os custos com pessoal representam menos de 3% dos custos operacionais.
Poder-se-ia argumentar que sendo uma parte significativa das exportações constituída por produtos com uma incorporação média mais elevada de mão-de-obra, o peso dos custos com pessoal em relação aos custos operacionais será muito diferente daqueles exemplos. Poder, poderia, mas não teria sustentação. Segundo o estudo da Central de Balanços do BdeP «Análise Sectorial das Sociedades Não Financeiras em Portugal» acabado de publicar, com base nos dados da declaração IES de 2010, a estrutura dos custos operacionais é a seguinte:
Donde se concluiu que em média na indústria os custos com pessoal representam cerca de 15% dos custos operacionais, e em consequência o impacto nestes custos da mesma redução de 8% da TSU seria apenas ligeiramente superior a 1%. A consideração do peso significativo dos custos financeiros na estrutura da maioria das empresas diluiria ainda mais os efeitos da redução da TSU nos custos totais. Evidentemente, em rigor, deveríamos estimar o efeito nas empresas a montante da redução da TSU a qual, ao diminuir os seus custos, permitiria baixar os preços e induzir a redução dos custos das empresas exportadoras. Tendo em atenção, uma vez mais, a estrutura média de custos não parece que isso permitisse baixar mais do que umas décimas nos preços das exportações, sobretudo se considerarmos que uma parte significativa desses fornecimentos é constituía por bens e serviços não transaccionáveis, como certas matérias-primas, a energia ou os serviços financeiros.
Se nos lembrarmos que esta chamada «desvalorização fiscal» visaria substituir uma impossível desvalorização cambial, fica a pergunta: faria sentido uma desvalorização pontual e única de 1% ou 2%? Recordemos que em 1983, no quadro da intervenção do FMI, o escudo foi desvalorizado 12% one shot. Ainda se fosse um crawling peg de 1% ou 2% ao mês...
No próximo post irei analisar o caso particular do turismo, um dos sectores exportadores mais importantes com 7,6 mil milhões de receitas em 2010.
No primeiro post mostrei que nas actividades com taxa normal de IVA, a redução da TSU acompanhada ou não pelo aumento do IVA determinará um aumento do lucro, a não ser que a empresa decida reduzir os preços, e admiti que tal poderá não acontecer nos bens e serviços não transaccionáveis.
No segundo post mostrei que nas actividades com IVA reduzido (se este se mantiver) e nas isentas de IVA, o impacto da redução da TSU combinado com o do aumento do IVA depende da magnitude de uma e de outro, podendo o efeito líquido ser uma redução do lucro seguida dum possível aumento de preços.
No terceiro post mostrei que nas actividades isentas de IVA , e em particular nos serviços financeiros, uma redução relevante da TSU conduziria a um aumento dos lucros, porque dada a estrutura de custos desses serviços o aumento fiscal e socialmente admissível do IVA passivo não seria suficiente para compensar a redução dos custos.
Neste post trato das empresas exportadoras. Consideremos separadamente as vendas para os mercados interno e externo e para simplificar imaginemos a empresa cindida em duas. À «empresa» que vende para o mercado interno aplicam-se as conclusões do primeiro post. Na «empresa» exportadora a redução da TSU terá um efeito directo na redução dos custos e o aumento do IVA não acresce aos seus custos operacionais porque o IVA passivo incluído nas compras aos fornecedores é recuperado posteriormente na totalidade. Assim, do ponto de vista dos resultados, estes aumentariam se os preços de venda se mantivessem. Como a «empresa» exportadora compete no mercado internacional, vamos admitir como provável que baixaria os seus preços na precisa medida da redução da TSU, mantendo assim os resultados. Teríamos então neste caso o efeito previsto pelos macroeconomistas que defendem esta solução. Resta saber a dimensão e outras consequências desse efeito.
Num contexto de falta de liquidez e de restrições no acesso ao crédito como o que vivemos, devemos ainda considerar o impacto financeiro negativo do aumento do IVA passivo na liquidez da «empresa» exportadora, uma vez que existe um diferimento superior a 30 dias entre o pagamento do IVA passivo e a sua recuperação. Mais importante do que esse impacto pode ser o efeito perverso de incentivar estas empresas a substituírem as compras de matérias-primas no mercado interno pelo mercado externo, aproveitando o mecanismo do reverse charge que permite à empresa não pagar o IVA ao seu fornecedor comunitário e na declaração seguinte incluir o IVA dessas compras ao mesmo tempo a pagar e a recuperar do Estado. Neste caso, a consequência é o aumento do IVA passivo, apesar de neutro nos custos da empresa, poder induzir o aumento das importações.
Consideremos agora o impacto da redução da TSU na redução dos custos e o consequente aumento potencial da competitividade da empresa exportadora. Tomemos, por exemplo três empresas fortemente exportadoras e bastante competitivas: a BA Vidro (2/3 de exportações), EFACEC (2/3 de exportações) e SEMAPA (85% de exportações). Em todas estas empresas os custos com pessoal se situam no intervalo 10-15% dos custos operacionais, pelo que mesmo uma redução na ordem dos 8% (a mais alta até agora mencionada, salvo erro) teria um efeito de apenas ao redor de 1%. Sem falar do nosso maior exportador (PETROGAL) onde os custos com pessoal representam menos de 3% dos custos operacionais.
Poder-se-ia argumentar que sendo uma parte significativa das exportações constituída por produtos com uma incorporação média mais elevada de mão-de-obra, o peso dos custos com pessoal em relação aos custos operacionais será muito diferente daqueles exemplos. Poder, poderia, mas não teria sustentação. Segundo o estudo da Central de Balanços do BdeP «Análise Sectorial das Sociedades Não Financeiras em Portugal» acabado de publicar, com base nos dados da declaração IES de 2010, a estrutura dos custos operacionais é a seguinte:
Donde se concluiu que em média na indústria os custos com pessoal representam cerca de 15% dos custos operacionais, e em consequência o impacto nestes custos da mesma redução de 8% da TSU seria apenas ligeiramente superior a 1%. A consideração do peso significativo dos custos financeiros na estrutura da maioria das empresas diluiria ainda mais os efeitos da redução da TSU nos custos totais. Evidentemente, em rigor, deveríamos estimar o efeito nas empresas a montante da redução da TSU a qual, ao diminuir os seus custos, permitiria baixar os preços e induzir a redução dos custos das empresas exportadoras. Tendo em atenção, uma vez mais, a estrutura média de custos não parece que isso permitisse baixar mais do que umas décimas nos preços das exportações, sobretudo se considerarmos que uma parte significativa desses fornecimentos é constituía por bens e serviços não transaccionáveis, como certas matérias-primas, a energia ou os serviços financeiros.
Se nos lembrarmos que esta chamada «desvalorização fiscal» visaria substituir uma impossível desvalorização cambial, fica a pergunta: faria sentido uma desvalorização pontual e única de 1% ou 2%? Recordemos que em 1983, no quadro da intervenção do FMI, o escudo foi desvalorizado 12% one shot. Ainda se fosse um crawling peg de 1% ou 2% ao mês...
No próximo post irei analisar o caso particular do turismo, um dos sectores exportadores mais importantes com 7,6 mil milhões de receitas em 2010.
ARTIGO DEFUNTO: Défice de numeracia
«Ora, convém recordar algumas evidências: o endividamento da Madeira é três vezes superior, em percentagem, ao do país», escreveu Miguel Sousa Tavares (MST) na sua crónica no Expresso.
Não se sabe qual das 3 seguintes versões de dívida da Madeira MST usou para o seu cálculo:
Chegados aqui, sabendo-se que o PIB português de 2010 foi 167,5 mil milhões e que um terço de 133% é 44,3%, segundo as contas de MST só devemos, tudo por junto e arredondado para cima, uns 80 mil milhões. Ficamos assim a saber uma de duas coisas:
Não se sabe qual das 3 seguintes versões de dívida da Madeira MST usou para o seu cálculo:
- Versão Bokassa 5,8 mil milhões
- Versão Gaspar 6,3 mil milhões
- Versão líder do PS dívida oculta superior a mil milhões de euros ou seja dívida total 6,8 mil milhões.
Chegados aqui, sabendo-se que o PIB português de 2010 foi 167,5 mil milhões e que um terço de 133% é 44,3%, segundo as contas de MST só devemos, tudo por junto e arredondado para cima, uns 80 mil milhões. Ficamos assim a saber uma de duas coisas:
- Estamos safos, porque MST nas suas deambulações pelas catacumbas das contas públicas descobriu que a maior parte da alegada dívida é falsa e devemos muito menos do que os mais de 160 mil milhões que o governo pensa que devemos, sem contar com a dívida das empresas públicas (quase 40 mil milhões) e das autarquias (umas dezenas de milhares de milhões);
- Continuamos lixados e ficámos a saber, ao contrário do que muitos supunham, que a maldição da tabuada já nos perseguia na época em que MST fez a sua primária - algures na segunda metade dos anos 50, segundo as contas de uma criatura que fez a primária meia dúzia de anos antes.
08/10/2011
BREIQUINGUE NIUZ: António Costa inaugura apartamentos de luxo em Alfama
Este seria o título mais apropriado para notícia da inauguração da reabilitação de dois prédios no Beco do Mexia ao fim de 7 anos e mais de um milhão de euros, à razão de 114 mil euros por fogo, segundo a contabilidade do actual presidente da câmara. António Costa aproveitou para lavar as mãos da obra por ter sido aprovada por Santana Lopes antes da sua breve ascensão ao governo seguida de queda, pela mão do antigo colega de escritório e patrocinador do seu sucessor e actual presidente da câmara. Apesar dos 114 mil euros por fogo, a mobília de quarto da Dona Felicidade não cabe no dito.
[Lido aqui via Blasfémias]
[Lido aqui via Blasfémias]
Dúvidas (9) – quem é responsável pelas soluções do passado?
Não sei se Tozé Seguro teve um rebate de consciência na conferência do grupo parlamentar do PS, reconhecendo o óbvio das «soluções do passado (que nos) trouxeram até aqui» serem «responsabilidades de todos» (todos do PS, entenda-se) , ou se é apenas um expediente falsamente solidário para entalar a facção socratina. Na melhor hipótese é tarde e é pouco.
As responsabilidades do PS por 13 dos últimos 16 anos são tão profundas que um novo líder que as não reconheça está condenado a oferecer mais do mesmo a um eleitorado gradualmente mais consciente de estar a começar a pagar a factura da demagogia e irresponsabilidade e, por isso, pouco receptivo a esse discurso.
As responsabilidades do PS por 13 dos últimos 16 anos são tão profundas que um novo líder que as não reconheça está condenado a oferecer mais do mesmo a um eleitorado gradualmente mais consciente de estar a começar a pagar a factura da demagogia e irresponsabilidade e, por isso, pouco receptivo a esse discurso.
07/10/2011
Lá se vai o Magalhães
Depois da recusa de paternidade sucessivamente de Sócrates (o que estuda filosofia em Paris), Mário Lino (o do jamais) e Zorrinho (ressuscitado como líder parlamentar), o Magalhães sofrerá mais uma humilhação pelos tabletes produzidos pela DataWind no Reino Unido a 37 euros e destinados a serem vendidos às escolas indianas por 16,5 euros.
Um dia como os outros na vida do estado sucial (3) – a deles é maior do que a nossa
Segundo as contas da equipa do Bokassa – a mesma que não foi capaz de medir a dívida do Reino? - a dívida portuguesa, isto é dos sujeitos passivos que têm financiado a dívida do Reino Bokassa é de 332,8 mil milhões de euros (203,1% do PIB português), incluindo empresas públicas e autarquias, equivalente praticamente o dobro do que os cubanos têm imaginado. Quem o disse foi o vice-presidente da Assembleia da República e putativo substituto de Alberto João Jardim, o mesmo que na entrevista ao SOL aplicou figura da exclusão de ilicitude à fraude contabilística na Madeira.
Segundo essas prodigiosas contas, a RAM com 2,5% da população só teria 1,8% da dívida do país. Fica, portanto, ainda uma folga de 0,7% , uma ridicularia de uns 1.200 milhões de euros, para o Bokassa fazer mais uns túneis.
Après moi le déluge, disse o outro.
Segundo essas prodigiosas contas, a RAM com 2,5% da população só teria 1,8% da dívida do país. Fica, portanto, ainda uma folga de 0,7% , uma ridicularia de uns 1.200 milhões de euros, para o Bokassa fazer mais uns túneis.
Après moi le déluge, disse o outro.
06/10/2011
SERVIÇO PÚBLICO: Enriquecimento quê?
Pro memoria (37) – (ainda) mais legados de Sócrates
A obra de José Sócrates foi tão vasta que o seu legado vai aumentar durante décadas (não é exagero, vejam-se as PPP rodoviárias a pagar durante pelo menos mais 2 décadas). Acrescente-se ao legado a plataforma logística Lisboa-Norte, onde foi anunciado em 2008 um investimento de 265 milhões de euros e a criação de «15 mil postos de trabalho directos e mais cinco ou 7 mil indirectos», constituindo-se assim mais um exemplo dos efeitos do efeito multiplicador.
Em termos de postos de trabalho foi criado um indirecto pela Abertis Logística. Quanto ao investimento, ninguém deve saber quanto lá foi torrado, presumindo-se ser apenas uma fracção do investimento total. Espera-se que o Alberto não vá ressuscitar o elefante branco e tentar alcançar os efeitos do efeito multiplicador à custa do Efeito Lockheed TriStar.
Em termos de postos de trabalho foi criado um indirecto pela Abertis Logística. Quanto ao investimento, ninguém deve saber quanto lá foi torrado, presumindo-se ser apenas uma fracção do investimento total. Espera-se que o Alberto não vá ressuscitar o elefante branco e tentar alcançar os efeitos do efeito multiplicador à custa do Efeito Lockheed TriStar.
Estado empreendedor (57) - Ciudad Real, a Beja dos espanhóis
O aeroporto de Ciudad Real tem das maiores pistas europeias com 4 km, pode receber 2,5 milhões de passageiros por ano (a Portela teve 14 milhões em 2010), tem 91 trabalhadores directos e 200 de empresas concessionárias e é servido por uma estação de TGV.
Com este aparato o aeroporto acolheu 3 voos por semana da Ryanair devidamente subsidiada, agora substituída pela Vueling com 4 voos semanais. Os restaurantes e bares servem apenas refeições aos empregados, únicos clientes durante 3 dias por semana. O elefante branco custou 500 milhões de euros, financiados na maior parte pela Caja Castilla La Mancha, que foi intervencionada pelo Banco de Espanha com avales de 9 mil milhões de euros. A Junta de Castilla-La Mancha também entrou com 140 milhões para cobrir as perdas de exploração.
Se eu fosse ao alcaide de Ciudad Real propunha ao presidente da câmara de Beja geminar as duas cidades.
Moraleja de la historia: nuestros socialismos son hermanos.
[Ver no ABC mais aeroportos fantasmas]
Com este aparato o aeroporto acolheu 3 voos por semana da Ryanair devidamente subsidiada, agora substituída pela Vueling com 4 voos semanais. Os restaurantes e bares servem apenas refeições aos empregados, únicos clientes durante 3 dias por semana. O elefante branco custou 500 milhões de euros, financiados na maior parte pela Caja Castilla La Mancha, que foi intervencionada pelo Banco de Espanha com avales de 9 mil milhões de euros. A Junta de Castilla-La Mancha também entrou com 140 milhões para cobrir as perdas de exploração.
Se eu fosse ao alcaide de Ciudad Real propunha ao presidente da câmara de Beja geminar as duas cidades.
Moraleja de la historia: nuestros socialismos son hermanos.
[Ver no ABC mais aeroportos fantasmas]