31/08/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (48) - Em tempo de vírus (XXV)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

O Dr. Costa soltou o animal feroz que há nele…

… em off, claro, que o Dr. Costa é quase sempre feroz em privado e quase sempre manso em público. Primeiro insultou os médicos com um «gajos vírgula cobardes» no final da entrevista ao semanário de reverência. Parêntesis para dizer que os médicos são gajos e, na circunstância, talvez tenha sido cobardes, porém não é costume um primeiro-ministro dizê-lo. De seguida tem uma longa reunião com os médicos onde em privado, segundo o bastonário, se retratou enfaticamente, e por último na conferência de imprensa que se seguiu «não transmitiu integralmente e fielmente». Ora isto não compromete em nada a imagem do Dr. Costa que permaneceu intocada, mostra apenas que o bastonário ainda não percebeu com quem lida.

Milagre! A Drª Graça ressuscitou 13 falecidos no dia 27...



... e o Dr. Costa quer ressuscitar a geringonça

Talvez com inveja da sua directora-geral de Saúde, o Dr. Costa mostrou vontade de trazer ao redil as ovelhas comunistas e berloquistas agora tresmalhadas e ressuscitar a geringonça. É um reconhecimento oficial que a passarola com que sobrevoou os problemas do país nos últimos dez meses ameaça despenhar-se. Seguindo uma táctica trumpiana, alterna as ameaças de «se não houver acordo, há uma crise política» com a sedução de «não estou aqui a traçar linhas vermelhas». E, de facto, a linha vermelha que traça é para o Dr. Rui Rio, o eterno candidato a seu vice, a quem o Dr. Costa manda um recado recomendando que vá procurar outro emprego.

E se de repente lhe disserem que o governo “neoliberal” fez mais pela habitação social do que o governo socialista?

Como? Do programa Mercado Social de Arrendamento lançado pelo governo de Passos Coelho em 2012 resultaram 4.400 casas no valor de 360 milhões para arrendamento habitacional

Então e os anúncios dos programas de renda acessível dos dois candidatos à sucessão? Foram anúncios e aí o Dr. Costa e os seus putativos sucessores são imbatíveis. Segundo o antigo presidente do IHRU que sabe do que fala, o FNRE gastou 7,1 milhões de euros do fundo de pensões e não fez uma obra; do programa “Chave na Mão” não resultou nenhuma casa; do programa de “Arrendamento Acessível” resultaram 242 contratos.

30/08/2020

ARTIGO DEFUNTO: Quando a emenda do semanário de reverência é pior do que o soneto do Dr. Costa. Expiação da culpa

Sobre a "fuga" do vídeo do Expresso em que o Dr. Costa foi apanhado a chamar aos médicos «gajos cobardes», fuga que motivou um indignado comunicado, previ que o semanário de reverência iria tentar limpar a sua folha para recuperar as boas graças do governo e do PS que lhe fazem imensa falta e, de caminho, justificaria ainda mais o epíteto de "Acção Socialista", fazendo as vezes do semanário senão oficial pelo menos reverencial do PS.

Era obviamente uma previsão fácil e aí está o Expresso a confirmá-la com a publicação de uma «segunda parte» que ocupa 10-páginas-10 da Revista do semanário, ilustrada com 8-fotos-8 do Dr. Costa que ocupam o equivalente a umas 3-páginas-3. Onde é que já se viu um semanário de referência publicar entrevistas a políticos em «partes» e, para mais, num "caderno" dedicado à cultura e às actividades do espírito, como poderia ter escrito Pessoa, se ainda vivesse, na hipótese improvável de ser seu leitor?

Se houvesse dúvidas sobre o propósito do Expresso limpar a folha do Dr. Costa e ao mesmo tempo brunir o pedronunismo, leia-se o apologético parágrafo seguinte do artigo com o título A ‘bomba’ do Governo vai demorar mais de um ano a surtir efeito, onde se descrevem os projectos grandiosos do governo em matéria de habitação social, artigo que, só por si, qualifica o periódico como jornal oficial do regime, uma espécie de diário da manhã publicado ao sábado.
«Este é, na verdade, também um teste político ao ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, numa área querida à esquerda que tem demorado a apresentar resultados.»

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (37) - O risco da pandemia nos jovens é muito pequeno e não há razões para manter as escolas fechadas

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva.

Desde que foram conhecidos os primeiros dados por escalões etários, ficou evidente que a letalidade da pandemia era muito baixa nos jovens e principalmente nas crianças. 

Essa constatação foi uma vez mais confirmada pelo estudo Clinical characteristics of children and young people admitted to hospital with covid-19 in United Kingdom: prospective multicentre observational cohort study da Universidade de Liverpool, abrangendo dois terços de todos os pacientes internados em 260 hospitais da Inglaterra, Escócia e País de Gales, publicado há poucos dias no British Medical Journal

Dos cerca de 70 mil pacientes com sintomas de Covid-19 admitidos nesses hospitais entre 17 de Janeiro e 3 de Julho, 651 tinham menos de 19 anos e apenas 6 morreram, todos eles com problema graves de saúde pré-existentes.

A Dra. Olivia Swann, uma das co-autoras, professora clínica em doenças infecciosas pediátricas na Universidade de Edimburgo, disse ao Guardian que o risco das crianças terem de ser internadas é muito pequeno, assim como o risco de doença grave, e o risco de morte é evanescente.

Como já se tinha visto antes, o encerramento das escolas não encontra justificação do ponto de vista da pandemia e tem um impacto discriminatório que se prolongará por muitos anos nos jovens afectados.


 Esse efeito é mais intenso nos alunos mais pobres nas escolas públicas com menos acesso aos métodos mais interactivos e mais eficazes do que os alunos mais ricos nas mesmas escolas. E esses alunos mais pobres têm ainda muito menos acesso a esses métodos do que os alunos das escolas privadas, geralmente provenientes de famílias das classes médias altas. 

Também nos EUA se constatou que os efeitos negativos do ensino online, adoptado em substituição do ensino presencial devido ao fecho das escolas, eram mais fortes nos estudantes mais pobres.

29/08/2020

Pro memoria (404) – O choque com a realidade do carro eléctrico de Sócrates (VII) - O PS vive da falta de memória dos cidadãos

[Mais choques com a realidade do carro eléctrico de Sócrates]

Numa entrevista que o Jornal Económico destaca na primeira página, o presidente da MOBI.E – a Entidade Gestora da Rede de Mobilidade Elétrica (EGME) «revela o projeto de instalação de postos de carregamento que aumentará a cobertura geográfica de 165 para 278 municípios, admitindo que a atual rede nacional duplicará no espaço de um ano». 

Vejamos o que se passou até agora com as Boas Novas Socialistas nesta matéria.

Segundo os planos do governo socialista de José Sócrates, até 2020 existiriam 25 mil postos de carregamento e 180 mil veículos eléctricos.

No princípio de 2020, a CEO da EDP Comercial, Vera Pinto Pereira, disse que ambicionaria ter no final deste ano 300 postos de carregamento público e 750 pontos de carregamento privado. 

Alternative Fuels Observatory

Como se pode ver no gráfico anterior existem actualmente no total cerca de 1.750 postos (*) de carregamento, o equivalente a 1/14 da visão socrática. Isto desacreditaria qualquer governo e qualquer partido em qualquer país civilizado. No Portugal dos Pequeninos isso não é um problema porque os eleitores não têm memória, a maioria dos políticos não têm vergonha, não existe algo a que se possa chamar opinião pública e a opinião publicada está a cargo de uma maioria de serventuários.

(*) O número existente em 2019 citado no post anterior era cerca de 3 mil e não os cerca de 1.700 que aparecem neste gráfico. Há várias explicações: (1) um erro do Alternative Fuels Observatory; (2) um erro do governo; (3) uma aldrabice do governo. Faça a sua escolha. 

28/08/2020

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (36) - Habituem-se. Ele e os outros vieram para ficar

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva.

Será necessário lembrar que as 831 mil mortes atribuídas até agora à pandemia representam 0,01% da população mundial e que a média diária de mortes ainda não ultrapassa as da tuberculose?

Em qualquer caso, este vírus veio para ficar, como todos os outros que são imensos. Numa simples análise ocasional de água do mar foram encontradas 200 mil espécies diferentes de vírus. Um só litro de água do mar pode ter mais de 100 mil milhões de partículas de vírus e um quilo de solo seco dez vezes mais ou seja um bilião. Num cálculo aproximado, podem existir em todo o mundo 10 elevado à potência 31 partículas de vírus, algo como 10.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.

E eles existem dentro de nós. Entre 8% e 25% do genoma humano parece ter origem viral. A capacidade dos mamíferos desenvolverem placenta é uma consequência da modificação viral de um gene. Os vírus contribuíram também para o desenvolvimento do cérebro humano. (Viruses have big impacts on ecology and evolution as well as human health)

Habituem-se. Este vírus veio para ficar.

Intervalo para lembrar que depois da pandemia teremos a anemia, de novo. O Covid-19 segue dentro de momentos (2)

Continuação do intervalo anterior.

A descapitalização crescente da economia portuguesa, a impreparação de uma parte significativa dos empresários e gestores e a falta de qualificações adequadas da mão-de-obra portuguesa explicam o enorme handicap da economia portuguesa em matéria de produtividade e, em consequência, também de competitividade.

Uma das consequências dessa descapitalização é a alienação pelos empresários portugueses das suas empresas. No sector financeiro, onde os bancos e as seguradoras foram quase todos vendidos, o processo foi mais longe, mas também a uma parte da pouca indústria que por cá havia foi alienada. O sector da construção civil e obras públicas foi dos mais atingidos a começar pela Somague e a acabar em muitas outras empresas. 

Sobrou na construção civil e obras públicas a Mota-Engil, a única portuguesa entre as 250 maiores construtoras internacionais, entre as quais no top 10 se encontram sete chinesas.

Sobrou mas pode estar a caminho de deixar de sobrar. A China Communications Construction Company (CCCC), a quarta maior construtora do mundo, vai ter uma participação de 30% e a holding da família Mota ficará, por agora, com 40%. Para a China e a sua estratégia de hegemonia, Portugal é o ventre mole da Europa.

27/08/2020

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Boris Johnson,

Secção Entradas de leão e saídas de sendeiro / Secção Still crazy after all these years



Não é que fosse razoável esperar muito de Boris Johnson, mas, ainda assim, está a falhar mais do que as piores previsões em três frentes críticas. No Brexit perdeu-se o norte e ninguém sabe como e quando vai estar fechado o processo. A resposta à pandemia foi até agora um desastre, com a terceira taxa de óbitos a seguir à Bélgica e à Espanha, apesar de ter uma taxa de infectados inferior à portuguesa. O impacto na economia também foi mais elevado do que qualquer dos países da EU, excepto a Espanha.

Como se não fosse o suficiente, fabricou uma lista de 36 candidatos à câmara dos Lordes que incluiu: um oligarca russo dono de vários jornais na GB e filho de um agente da KGB; um jogador de críquete envelhecido e irascível que apoiava o Brexit; um ex-activista do Partido Comunista Revolucionário e apologista do IRA que também apoiou o Brexit; o próprio irmão do primeiro ministro; e diversos doadores do partido Conservador, e ainda "bag-carriers and hangers-on".

Leva quatro bourbons por não ter esquecido nada e ter aprendido pouco e cinco chateaubriands por confundir agitação com governação e imaginar-se Winston Churchill a comandar a batalha de Inglaterra.

Aditamento a propósito deste simpático comentário:

Sim, mais na Inglaterra do que no resto no Reino Unido, historicamente sabe-se de política. Infelizmente essa política nem sempre é bem servida pelos políticos britânicos e parece-me claríssimo que, se Boris Johnson não é o Winston Churchill que ele pensa ser, também está muito longe de ser a Margaret Thatcher que o Reino Unido precisaria que ele fosse.

Ser de esquerda é... (7)

... ser um defensor irredutível do ensino público e inscrever os filhos no Colégio Moderno, ou no Liceu Francês, ou no Colégio Alemão, ou na St. Peter’s School, etc.

Outros "Ser de esquerda é..."

26/08/2020

CASE STUDY: «A única função das previsões económicas é tornar respeitável a astrologia» (5)


A blague do título é de John Kenneth Galbraith e aplica-se a muitas previsões e em particular às que são apresentadas nos programas de governo.


Desta vez é o caso particular das previsões do FMI da profundidade das recessões nas economias dos países pobres. Como se vê no diagrama, seguem o padrão geral das previsões, tornando-se gradualmente mais pessimistas à medida que o tempo passa. Já agora, aproveito para recordar que, nove em cada dez vezes, um optimista é um pessimista mal informado.

25/08/2020

SERVIÇO PÚBLICO: "A coisa mais perigosa sobre o coronavírus é a histeria" (5)

Este post é uma continuação de (1), (2), (3) e (4) e está relacionado com a série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva.
«Every time a parent sends their child off to school pre-covid they may have been involved in a road traffic accident... that risk, or the risk from seasonal flu, we think is probably higher than the current risk of covid.» 
Deputy chief medical officer Jenny Harries on school’s reopening

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (35) - Efeitos secundários do confinamento

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva.

Nesta altura já não é possível, a não ser por má-fé, ignorar as consequências das estratégias de resposta à pandemia adoptadas na maioria dos países em consequência de histerismo ou oportunismo dos mídia e dos decisores políticos e em particular dos prosélitos do estatismo. No fim do dia, essas consequências estão a traduzir-se por excessos de mortalidade em relação à média dos últimos anos, excessos de que só numa pequena parte são explicados pela pandemia, sendo a maior parte consequência da falta de resposta da saúde pública inexplicavelmente focada a 100% na pandemia e ainda dos efeitos secundários do confinamento. 

Entre efeitos secundários do confinamento de natureza psicológica, que só nos casos extremos têm como consequência a morte, as depressões são talvez os mais comuns. A este respeito, o Office for National Statistics publicou a semana passada (Coronavirus and depression in adults, Great Britain: June 2020) alguns dados que permitem avaliar a extensão deste problema no caso britânico. Em síntese, relativamente ao mês de Junho:
  • Um em cada cinco adultos experimentaram alguma forma de depressão, o dobro da média antes da pandemia;
  • Um em cada oito adultos desenvolveram sintomas moderado ou severos
  • As mulheres adultas entre os 16 e os 39 anos sem possibilidade de suportar despesas inesperadas foram as mais propensas à depressão
  • Oito em cada dez adultos sentiram stress ou ansiedade associada à depressão
  • Dois em cada cinco adultos que experimentaram alguma forma de depressão disseram que as suas relações foram afectadas o dobro dos adultos sem ou com depressão moderada 
  • Os jovens adultos (16-39 anos) mostraram-se os mais propensos à depressão (ver diagrama)

24/08/2020

ARTIGO DEFUNTO: Quando a emenda do semanário de reverência é pior do que o soneto do Dr. Costa

«É que o presidente da ARS mandou para lá os médicos fazerem o que lhes competia. E os gajos, cobardes, não fizeram.» 

Ficámos a conhecer por um vídeo gravado pelo Expresso após a entrevista, que o Dr. Costa a propósito do escândalo do lar de Reguengos de Monsaraz, em que estão envolvidos os Três Zés socialistas, disse o que disse.

A "fuga" do vídeo motivou um indignado comunicado da direcção do semanário onde argumenta que «os sete segundos do vídeo ilegal descontextualizam quer a entrevista, quer a conversa que o primeiro-ministro teve com o Expresso». O descontextualizar é um argumento assim como eu, depois de ter falado on record durante uma hora sobre o Dr. Costa, tendo sido gravado off the record a dizer que o senhor primeiro-ministro é um aldrabão, vir protestar que aldrabão estava fora do contexto.  

Percebe-se a indignação. Afinal num ápice foi introduzido um factor de desconfiança entre o semanário de reverência e o Dr. Costa e o seu governo que pode prejudicar no futuro a cooperação, até agora sem mácula. Foi um verdadeiro tiro no pé. Prevejo que o Expresso no próximos tempos vai justificar ainda mais o epíteto que lhe temos aposto de "Acção Socialista", o semanário senão oficial pelo menos reverencial do PS.

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (47) - Em tempo de vírus (XXIV)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Ineficiente, sempre. Ineficaz quando possível

No passado usaram-se guardas-florestais para prevenir incêndios. Há dois anos o exército torrou quase 6 milhões na compra de drones para a vigilância de fogos que não foram usados. E o que faz um governo socialista nestas circunstâncias? Compra mais 12 drones para a Força Aérea e começa a contratar guardas-florestais. Isto foi o que escrevi há quase três meses. Depois disso, a Força Aérea assina o contrato em 3 de Julho quando os drones já deveriam andar a vigiar os incêndios; a 17 o ministro do Ambiente diz que estariam operacionais dentro de dias; a 4 de Agosto os ministros fazem uma acção de promoção e nada de drones; talvez alguns sejam entregues a partir de 31 de Agosto.

Quando um cão é raivoso todos lhe mandam pedras

Numa entrevista de várias páginas ao Expresso, a ministra da Segurança Social explicou os seus feitos que incluíram admitir não ter lido os famigerados relatórios do lar de Reguengos de Monsaraz - uma espécie de espécie de Buchenwald para velhinhos, administrado por uma troika local de Zés socialistas. A partir daí, metade do país mediático zurziu-lhe forte e feio e foi preciso o Dr. Costa, depois de algumas hesitações, vir em defesa da sua ministra - que deveria ter deixado no Turismo.

Para a ministra foi uma lição para aprender que dizer a verdade no regime não compensa. A partir de então, garantiu que já tinha lido todos os relatórios e aumentou de 100 para 500 as vistorias feitas pela Segurança Social aos lares. De caminho, insinuou que a entrevista do Expresso não teria reproduzido com exactidão o que disse. Tocou-lhe no nervo e em paga o semanário de reverência, como se fosse pouco dedicar-lhe um artigo com o título «As contradições e os equívocos da ministra», esclareceu que «a proposta de entrevista ao Expresso partiu de Ana Mendes Godinho», o que diz tanto sobre a ministra que propôs como sobre a independência do jornal que aceitou uma "proposta de entrevista".

O balão de hidrogénio de Galamba

À míngua de argumentos inexistentes na profunda ignorância pesporrente do Dr. Galamba sobre a produção de hidrogénio, e suspeito sobre qualquer outro tema, o apparatchik socrático insultou o professor de engenharia Clemente Pedro Nunes, uma autoridade na energia e em particular do hidrogénio, chamando-lhe aldrabão encartado, insulto que dito por um aldrabão desencartado até pode ser um elogio.

Uma espécie de montra do PS

A Circulatura do Quadrado, é um programa na TVI do Dr. Pacheco Pereira, o intelectual oficial do socialismo, que sucedeu à Quadratura do Círculo. O programa deu um púlpito mediático ao Dr. António Costa enquanto ele aguardava a sua vez, ia amolecendo a liderança de António Seguro e preparando a sua ascensão. Quando o Dr. Costa trocou a cadeira do programa pela cadeira de secretário-geral do PS foi substituído por Jorge Coelho. Quando esta outra abencerragem socialista anuncia a sua reforma será substituída, segundo o jornal SOL, por Ana Catarina Mendes, a líder parlamentar do PS e membro honorário do círculo costista.

Para os amigos tudo, …

Vítor Escária que havia sido assessor económico de Socrátes e mais tarde do Dr. Costa até ter sido demitido por ter sido arguido no caso das viagens para o Euro 2016 pagas pela Galp, foi agora de novo nomeado para chefe de gabinete do Dr. Costa. E porque não? Afinal, na escala socialista aceitar viagens é quase o máximo de virtude de um apparatchik.

... para os inimigos nada (ou pior)

Segundo o relatório da Ordem dos Médicos o presidente da Administração Regional de Saúde ameaçou com um processo disciplinar os médicos que denunciaram falta de condições de Reguengos de Monsaraz no lar onde morreram 18 pessoas.

23/08/2020

O balão de hidrogénio do Dr. Galamba ou mais um elefante branco a caminho (3) - Da discussão nasce a luz, salvo quando se discute com lâmpadas fundidas

[Continuação dos balões (1) e (2)]

Já tinha citado no post anterior Clemente Pedro Nunes, um professor de engenharia que tem obra publicada sobre os temas da energia e em particular do hidrogénio, entretanto insultado pelo apparatchik socrático estacionado na secretaria de Estado da Energia. Volto hoje a fazê-lo respigando um excerto do seu escrito muito esclarecedor no Expresso de ontem: 

«Estamos, sim, perante o retomar do circo mediático iniciado em 2005 pelo Governo Sócrates para promover as potências elétricas intermitentes, solares e eólicas, à custa dos consumidores.

Para atrair investidores para essas tecnologias, na altura imaturas, foram-lhes oferecidas FIT (Feed in Tariffs), que dão a quem delas beneficia generosas tarifas garantidas, em simultâneo com uma reserva absoluta de mercado durante 15 anos.

É assim que ainda hoje as famílias e as PME estão a pagar 380 euros/MWh pela eletricidade solar dos parques concedidos pelo Governo Sócrates em 2010, quando o preço atual de mercado está abaixo de 40 euros/MWh!

O que conduz a um sobrecusto de 600 milhões de euros por ano. E se juntarmos as FIT concedidas maciçamente às eólicas, os sobrecustos atingem os 2000 milhões de euros por ano. Uma bagatela para uma economia muito enfraquecida como a portuguesa.

E foram também as FIT concedidas às potências intermitentes que expulsam a atual central de Sines do mercado e forçaram a proprietária EDP a solicitar o respetivo encerramento, deitando assim ao lixo a mais eficiente central a carvão da Península Ibérica.

E para a substituir aparece agora um projeto megalómano de fazer uma monumental unidade de eletrólise para consumir eletricidade e água do mar, que para o efeito terá de ser dessalinizada para produzir hidrogénio, que, por sua vez, se vai queimar para depois se voltar a produzir eletricidade ...

Ou seja, desperdiçar milhares de milhões de euros de um país terrivelmente endividado num projeto completamente desnecessário e ineficiente do ponto de vista energético. E, de caminho, dar mais FIT aos novos promotores de mais 2000 MW de potências intermitentes, destruindo qualquer veleidade de se voltar a ter um mercado elétrico nos próximos 15 anos.

O país não pode derreter mais dinheiro em mais tecnologias imaturas, que apenas têm contribuído para enriquecer os respetivos promotores e arruinar a economia portuguesa desde 2005.

Por expor estas ideias no âmbito da discussão pública promovida pelo próprio Governo, fui já publicamente insultado pelo secretário de Estado João Galamba. Será uma nova ferramenta de pressão mediática que, todavia, não me intimida ... »

CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Devotos da submissão

«Não ocorre por um instante a estes devotos da submissão que as regras que postulam a utilização da máscara foram evoluindo, para a frente e para trás, de acordo com alucinações diversas – e com a capacidade de socialistas criarem empresas para importar o pechisbeque. E os devotos da submissão não se lembram de questionar decretos produzidos pelos exactos génios que, em sete meses de “pandemia”, deixaram os velhos nos “lares” entregues ao abandono e, desculpem a redundância, ao PS. E os devotos da submissão não duvidam da propaganda espalhada por “media” ligados à vida por subsídios governamentais. E os devotos da submissão não ligam às opiniões de especialistas que desaconselham a máscara e, em caso de hereges terminais, desvalorizam a covid. Os devotos da submissão não questionam coisa nenhuma, nem sequer as excepções abertas para que comunistas festejem o estalinismo, pasmados aplaudam comediantes, o dr. Costa assista à bola e o prof. Marcelo finja resgatar banhistas em apuros. Os devotos da submissão limitam-se a obedecer às mais absurdas directivas a propósito dos mais absurdos pretextos. O curioso é que os devotos da submissão julgam que os indivíduos sem açaime os ameaçam com um vírus gripal, e não reparam que eles é que nos condenam a todos ao vírus da tirania, que parecendo que não é ligeiramente pior.»

Baile de máscaras, Alberto Gonçalves no Observador

Caminho para a Servidão, nome com que baptizei esta série de posts há mais de uma década foi inspirado na obra de Friedrich Hayek de 1944. Decorridos estes anos, talvez deva alterar o nome para simplesmente Servidão.

22/08/2020

CASE STUDY: Elefantes brancos em Espanha (24)

Este post é uma continuação da série Elefantes brancos em Espanha onde publiquei quase toda a colectânea apócrifa «ESPAÑA PAIS DE MILLONARIOS» dos resultados do socialismo ibérico em Espanha. Oito anos depois repesco o tema a propósito de um artigo recente da Economist, sobre o AVES (TGV em Espanha), um gigantesco elefante branco. Respigo desse artigo alguns passagens baseadas num estudo da AIReF (Autoridad Independiente de Responsabilidad Fiscal, entidade que tem como missão «velar pela sustentabilidade das finanças públicas»).

«Nas últimas três décadas, a Espanha injectou dinheiro nas infraestruturas de transporte, incluindo rodovias e aeroportos, bem como no AVES. Agora tem 3.086 km de linhas ferroviárias de alta velocidade (mais de 250 km por hora), rede superada apenas pela China. O número de passageiros quase dobrou na última década, à medida que o AVES conquistou passageiros aos voos domésticos. Mesmo assim, há menos de um terço do número de passageiros por quilómetro de França.

A rede custou € 61 mil milhões até agora. A AIReF já fez o primeiro estudo completo de custo-benefício dos comboios. Constatou que os benefícios, inclusive para o meio ambiente, são inferiores ao custo total, embora isso possa eventualmente mudar para as linhas de Madrid a Sevilha e Barcelona. Mas há planos para mais 5.654 km de linhas de alta velocidade, a um custo de pelo menos € 73 mil milhões. Muito melhor, diz a AIReF, seria investir nas redes de passageiros esquecidas, que transportam 89% dos passageiros ferroviários. A AIReF pressiona a criação de uma agência independente para definir as prioridades do transporte e avaliar os projectos.»

É o socialismo, na sua modalidade ibérica.

21/08/2020

Dúvidas (315) - E porque não uma petição para ilegalizar os grupos de cariz neocomunista?

A petição Contra conferências Neonazis em Portugal e pela ilegalização efetiva de grupos de cariz fascista/racista/neonazis, criada em 2 de Novembro do ano passado a pretexto da realização no dia 10 de Agosto, em Lisboa, de uma reunião de organizações de extrema-direita, assinada por dezenas de associações como Antifascistas Autonômos de Goiâna, Bloco de Esquerda, MTST - Movimento dos Trabalhadores sem Teto, Queer Tropical, UMAR, etc., foi avaliada por uma Comissão Parlamentar em 7 de Julho, e vai ser discutida em plenário depois de Setembro (DN).

É discutível que numa democracia avançada (estou a falar em abstracto, porque Portugal é uma democracia asmática com um Estado ocupado por neosituacionistas) se devam ilegalizar entidades porque, segundo os peticionários, perfilham a ideologia fascista. Dando de barato a legitimidade de ilegalizar tais entidades fundada no facto de se identificarem com regimes políticos totalitários e considerado a resolução do Parlamento Europeu que equiparou nazismo e comunismo,  pergunto se não devemos peticionar a ilegalização do Partido Comunista Português e do Bloco de Esquerda, por exemplo.

LA DONNA (E L'UOMO) È UN ANIMALE STRAVAGANTE: Para tirar os trapinhos qualquer causa é boa (25)

Outros trapinhos tirados.


"alemães jogam futebol nus contra a corrupção"

Durante vários anos publiquei nesta série mais de duas dezenas de posts ilustrando demonstrações de "libertação da mulher" por via de tirar os trapinhos e expor as suas parte pudendas aos poucos passantes e aos muitos mídia. 

No último post publicado as demonstrações alargaram-se aos homens e a outras causas (o Brexit). Agora são só homens alemães e, segundo o Público, é um «protesto pensado por artista (que) pretende alertar para a influência do dinheiro e dos “falsos ideais de beleza” no mundo do futebol.» De onde me permito confirmar uma conclusão e acrescentar outra:
  • Para tirar os trapinhos qualquer causa é boa;
  • Se Françoise Giroud, que no seu tempo disse o que se sabe, ainda por cá andasse, poderia dizer agora que já foi alcançada a igualdade em matéria de imbecilidade.

20/08/2020

Putin é um modelo para todos os déspotas. Ele aproveita o melhor de vários mundos


Trata a oposição interna com os métodos de Koba, o Zé dos Bigodes. Recriou o KGB soviético, do qual foi agente, sob o nome de Serviço Federal de Segurança. Desfruta de um estatuto constitucional vitalício governando como o Czar de Todas as Rússias. Associou-se à igreja ortodoxa fingindo ser um modelo de conservadorismo moral. Adoptou uma espécie de capitalismo de Estado em regime de cleptocracia com os seus compadres. Combate os Estados democráticos seus inimigos com exércitos virtuais baratos usando as suas redes sociais.

QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (66) Unintended consequences (XXI)

Outras marteladas.

Em retrospectiva:

Têm-se multiplicado as advertências sobre os efeitos das políticas não convencionais dos bancos centrais poderem desencadear a próxima crise financeira, algo para o qual temos vindo à chamar a atenção há uns cinco anos, pelo menos desde este post de 2012 (duas semanas antes do «whatever it takes» de Draghi): «ainda não saímos de uma e já estamos a trabalhar para criar a próxima. Vai acabar mal.»

«This monetary excess has made financial investors more reckless, with markets losing their
ability to ‘correct’ — witness sky-high valuations amid crashing growth..»

No mesmo sentido, Liam Halligan em «Quantitative easing is a dangerous addiction - We are hooked on the economic equivalent of crack cocaine»:

«The FTSE-100 index of leading stocks is over 20 per cent up since Britain went into lockdown — ‘bull market’ territory. The government borrowed £55 billion in May, nine times more than the same month last year — yet borrowing costs are down, with some investors now paying to lend to an increasingly indebted nation.

Who cares if the UK economy will shrink some 10 per cent this year, as our national debt rockets above 100 per cent of GDP? Stocks are up, bond prices are up and the laws of economics have been suspended. It’s different this time — and all because of quantitative easing.

Back in 2009, with the global banking system on the brink of collapse, QE was a justifiable emergency measure. But this one-off post-crisis necessity has now morphed into a lifestyle choice. For a decade since the financial crisis, QE has pumped up share prices and suppressed bond yields, allowing governments to borrow cheaply. But as state spending has surged post-Covid, we’ve become dependent. QE is now the economic equivalent of crack cocaine.

Originally a £50 billion temporary rescue plan, the Bank of England — egged on by City financiers and high-spending politicians — expanded QE over ten years to around £450 billion. Since March, it has ballooned again, into a £745 billion binge, with our central bank now buying government debt twice as fast as in 2009/10.

The combined balance sheet of the Federal Reserve, the European Central Bank and the Bank of Japan has similarly swollen since Covid, by a third over the past three months. So QE is no problem — everyone’s doing it!

Much of our political and media class has indeed concluded that interest rates are low, and will stay low, so governments can keep borrowing. ‘Debt service costs are manageable,’ is now part of the Westminster lingo. But what if the bond markets rebel and market interest rates spike, whatever the Bank of England says?

19/08/2020

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (104) - Até o talvez acidental parece encenado

Outras preces

S. Ex.ª vigia as sondagens presidenciais como os especuladores vigiam o Dow Jones, o S&P 500, etc., e deve andar preocupadíssimo com as intenções de voto a afastarem-se dos fatídicos 70,35% do segundo mandato de Mário Soares, que são para ele como as houri no Jannah para os mártires muçulmanos.

Se já andava preocupado, terá ficado atarantado com os 10,1% de André Ventura que o deixaram com 67,7% à distância de 3,65% dos almejados 70,35%. Distância que pode bem aumentar se Ventura continuar a fazer o papel de gato para quem gostaria de caçar com um cão que não tem.

Nos tempos mais próximos vamos assistir ao sucumbir dos últimos vestígios de dignitas et gravitas que restam a S. Ex.ª. O episódio do salvamento das banhistas em Alvor foi premonitório, episódio que parece encenado mas pode ter sido apenas resultante de uma exposição mediática de 18 horas por cada um dos 365 dias do ano - mais de 30 mil horas no final do mandato - que poderá cobrir com probabilidade significativa a ocorrência de qualquer acontecimento, incluindo salvar banhistas.

Para recuperar votos da direita, além dos eventos mediáticos é previsível que S. Ex.ª ensaie algum distanciamento do governo. Como também é previsível que o Dr. Costa, com a chave na mão do Jannah eleitoral e armado de um maquiavelismo frio e implacável que mete no bolso o maquiavelismo de opereta de S. Ex.ª, reaja assustando-o e levando-o a confirmar a justeza do petit nom «catavento de opiniões erráticas».

O balão de hidrogénio do Dr. Galamba ou mais um elefante branco a caminho (2) - O multiplicador socialista, sempre

[Continuação do balão anterior]   

O estudo apresentado pelo secretário de Estado da Energia para justificar o seu  projecto do hidrogénio estima os seguintes impactos principais (Expresso): 
  • Valor acrescentado anual de 38 milhões a 262 milhões
  • Efeitos indirectos entre 92 e 740 milhões de euros
  • Empregos directos entre 630 e 5.340
  • Empregos indirectos entre 1.870 e 13.100 mil indirectos
  • Redução de emissões entre 0,3 e 1,8 milhões de toneladas de CO2 
  • Os investimentos até 2030 são estimados entre 1,1 e 7,3 mil milhões de euros.
Repare-se que os limites inferiores e superiores dos intervalos de variação dos outputs e dos investimentos do projecto nos vários cenários variam na proporção de 1 para de 6 a 8. Será uma paródia?

Voltarei com mais tempo ao hidrogénio do Dr. Galamba, por agora vem a propósito evocar dois posts que escrevi sobre o efeito multiplicador socialista um de 2006 e de outro de 2015, ambos sobre o investimento em infra-estruturas rodoviárias SCUT. Também este investimento, realizado na sua maior parte pelo Eng. Sócrates, o mentor do Dr. Galamba, foi sustentado em vários "estudos".  

Um desses estudos "O impacto económico e orçamental do investimento em Scut", baseado num modelo econométrico dos doutores Pereira e Jorge Andraz, estimava que por cada milhão de euros que o governo investisse em infra-estruturas rodoviárias o efeito acumulado no PIB seria de 18 milhões de euros.

14 anos depois, qual foi o efeito multiplicador do investimento nas SCUTS? Ninguém sabe. É possível que tenha sido um efeito "desmultiplicador", ou, na melhor hipótese, 1,8 ou 0,18, em vez do 18 dos doutores Pereira e Jorge Andraz. Será mais fácil saber o efeito na dívida pública que, por força desse e doutros projectos dos dois governos socialistas do Eng. Sócrates, se multiplicou por 1,8 entre 2005 e 2011.

18/08/2020

As minorias são todas iguais, mas há umas mais iguais do que outras. Os filhos da classe operária branca estão a ficar para trás

«Qualquer exame sério das estatísticas mostra que estamos muito longe de ser iguais, mas o que os números também mostram é que é errado e prejudicial agrupar grupos muito diferentes. Nessas discussões, os políticos frequentemente presumem preguiçosamente que todas as pessoas BAME (Negras, Asiáticas e de Minorias Étnicas) são iguais e que todos os grupos brancos são igualmente privilegiados. Mas uma análise adequada dos dados mostra não apenas que há diferenças marcantes dentro dos grupos BAME, mas que o grupo de pior desempenho de todos são os rapazes brancos da classe trabalhadora - o grupo demográfico esquecido.

Pode parecer divisivo comparar grupos diferentes, mas o sucesso na educação e na vida é relativo e se quisermos ajudar os que estão em pior situação, temos que saber quem eles são. Devemos ajudar todos que precisam - mas é vital poder comparar os grupos para saber quem está ficando para trás em relação aos seus pares. Os britânicos de Bangladesh ganham em média 20% menos do que os brancos, por exemplo, mas aqueles com ascendência indiana provavelmente ganham 12% mais. Os britânicos negros ganham em média 9% menos, mas os chineses ganham 30% mais. O que essas diferenças nos dizem é que os empregadores não estão sistematicamente discriminando entre as pessoas com base na cor da pele e que temos que procurar em outro lugar para ver as raízes da desigualdade. (...)

NÓS VISTOS POR ELES: Descobrir o nível de estupidez que se abateu sobre Portugal

Nós vistos por eles é uma secção destinada a acolher pontos de vista e opiniões de estrangeiros vivendo em Portugal com lucidez e coragem para não nos darem graxa. Por extensão, também tem acolhido pontos de vista de portugueses vivendo no estrangeiro. É já a terceira vez que cito a portuguesa Rita Carreira, "estrangeirada" vivendo há 25 anos nos EUA, desta feita porque foi a única pessoa de quem li algo escrito com lucidez sobre a última das patetices de S. Ex.ª  

«I got the strangest message today. A friend of mine from Portugal emailed me a piece of news saying that the President of the Portuguese Republic had rescued two women at the beach. There are so many things wrong with this that I cannot even begin to rationalize how a newspaper would print such a thing without asking the obvious questions. Instead, they hail the President as a hero as if he were Clark Kent.

Why is the President rescuing random women at the beach? Does he not have a security detail to protect him and keep him away from dangerous situations? Is he not concerned that if something happens to him, we'd have a political crisis in the middle of a pandemic, meaning people have bigger fish to fry? Why was it caught on camera by the media? Has the Portuguese Presidency turned into reality TV? And why would an ageing man who, on the onset of a pandemic locks himself at home, be so willing to jump in the water to touch random people? 

Oy, is there anyone at home over there or have the Portuguese lost their marbles completely?

I suppose that this is so utterly pathetic that it merely indicates that the status quo is degrading fairly quickly. At least, everything is pretty well documented these days, so historians will have plenty of evidence to comb through when trying to figure out the level of stupidity that has befallen Portugal.»

17/08/2020

Os "colectivos" do antifascismo no Portugal dos Pequeninos são pequeninos mas são mais do que os antifascistas

Manif antifa da FUA no Portugal dos Pequeninos.
Há 20 "colectivos" (um por cada manifestante?) que acusam a FUA de sectarismo (ou será fascismo?)

Manif anti-Lukashenko em Minsk

Portugal e a Bielorrússia têm aproximadamente o mesmo número de habitantes. Como explicar que uma manif antifa em Portugal tenha umas dúzias de lunáticos e uma manif na Bielorússia tenha mais de uma centena de milhar de pessoas? Há três explicações que me ocorrem:
  • Há poucos lunáticos no Portugal dos Pequeninos, o que não deixa de ser uma boa notícia
  • O fascismo em Portugal é como o  modelo neoliberal, só existe para fins de retórica e agitprop
  • Lukashenko é apoiado pelo Partido Comunista da Bielorrússia e o comunismo tem resultados parecidos com os do fascismo.

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (46) - Em tempo de vírus (XXIII)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Plano de Recuperação? Consider it done

A execução pelo governo do Dr. Costa do Plano de Recuperação do outro Dr. Costa, está condenada ao sucesso. Como, perguntareis vós, se o Dr. Costa ainda andava às voltas com a sua Agenda para a Década, entretanto perdida?

Por uma única e boa razão. Segundo o Plano de Recuperação, os problemas de Portugal resultam das «vulnerabilidades do modelo de desenvolvimento económico e social vigente nomeadamente o erro estratégico inerente à visão neoliberal do mundo que minimiza o papel do Estado e exalta o mercado».

Como no Portugal dos Pequeninos, o país da União Europeia mais colectivista e avesso à concorrência e aos mercados, o modelo neoliberal só existe para fins de retórica e agitprop, o Dr. Costa não precisa de mover um dedo para eliminar essas vulnerabilidades e em breve recuperaremos uma a uma as posições no ranking europeu e deixaremos para trás as vítimas da queda do império soviético que nos têm vindo a atropelar. Ó Irlanda infectada pela visão neoliberal, nós, os melhores dos melhores, que em 25 anos passámos de 75% para 41% do vosso PIB per capita ppp, vamos a caminho de vos ultrapassar sob a liderança esclarecida do Dr. Costa e de S. Exª.

Bazuca de Merkel-von der Leyen? Consider it done

Já se ouvem os euros a rolar de Bruxelas para o governo os torrar no hidrogénio e nos outros elefantes brancos? Ainda não. É preciso esperar algum tempo e a ratificação pelos órgãos legislativos dos 27 países - 41 ratificações entre câmaras altas e câmaras baixas. É um desafio ao talento do Dr. Costa para o ilusionismo até que chegue o "envelope financeiro" e ao seu igual talento para o torrar o conteúdo do envelope, talento já demonstrado com o honroso sexto lugar na melhor taxa de torrefacção dos fundos europeus.

Mestres do ilusionismo

Já exaltei a semana passada a excelência do ensino em Portugal onde, ao arrepio do que se passa na generalidade dos países, as médias das notas dos exames nacionais do 12.º ano aumentaram em quase todas as disciplinas. Acrescento agora que em Inglaterra 39% dos alunos tiverem a sua nota mais baixa do que o previsto, sobretudo os mais desfavorecidos que também nos EUA foram os mais atingidos. Em Portugal onde nunca se sabe o que acontece aos mais desfavorecidos, sabe-se apenas que duplicou o número de alunos que registaram notas mais altas (19 e 20) nos exames nacionais, resultado que sendo as condições do ensino piores do que no ano passado só pode explicar-se pelo relaxamento dos exames que é a resposta típica do sistema de ensino do Estado Sucial.

No Estado Sucial não há conflito de interesse. Há interesses em conflito. Domingues, um banqueiro para todas as estações

Lembram-se do Dr. António Domingues? Foi o prometido presidente da Caixa, criatura que em parelha com o seu criador Dr. Centeno se enredou em tanta trapalhada que acabou a demitir-se sem mesmo ter sido nomeado (ver os posts «Atirar areia para a cara das pessoas»). Aparece agora na privatização da Efacec. De que lado, perguntareis? Dos dois: como presidente da comissão de auditoria da Efacec e como administrador do Haitong Bank, a nova encarnação do BESI do GES, comprado pelos chineses.

16/08/2020

A propósito do hidrogénio e das previsões ou no melhor pano também caem as nódoas que ensopam os panos de má qualidade

Com 176 anos, a Economist é uma das melhores revistas de economia e finanças, senão mesmo a melhor. Esses pergaminhos não a impediram de há 17 anos ter previsto o fim próximo das energias de origem mineral (petróleo e carvão) e o advento de novas formas de energia, nomeadamente o hidrogénio, como salientou um leitor em carta publicada no penúltimo número. Fim próximo que, como o anúncio da morte de Mark Twain, foi uma notícia manifestamente exagerada.          

«Finally, advances in technology are beginning to offer a way for economies, especially those of the developed world, to diversify their supplies of energy and reduce their demand for petroleum, thus loosening the grip of oil and the countries that produce it.

Hydrogen fuel cells and other ways of storing and distributing energy are no longer a distant dream but a foreseeable reality. Switching to these new methods will not be easy, or all that cheap, especially in transport, but with the right policies it can be made both possible and economically advantageous.»

(The end of the Oil Age)

Felizmente, o secretário de Estado da Energia, nessa altura (2003) ainda à espera do chamamento do seu mentor Sócrates, não deve ter lido o prognóstico. Se tivesse, seria tentado a vender a ideia do hidrogénio ao seu mentor e este e o seu ministro dos corninhos Pinho poderiam ter adicionado desde logo mais uns milhares de milhão aos 22 mil milhões de euros em rendas excessivas e tecnologias imaturas com que nos brindaram a pretexto das energias eólica e solar (estimativa de Abel Mateus e outros subscritores do Manifesto para a Recuperação do Crescimento e Estabilização Económica Pós-Covid-19).

CASE STUDY: Os efeitos do ensino online nos estudantes mais pobres

Fonte

Um estudo realizado por investigadores das universidades Harvard e Brown concluiu que depois do fecho das escolas em Março aumentou a discrepância das boas notas ("badges") em testes online obtidas usando o Zearn, uma plataforma de matemática online, quando correlacionadas com o rendimento familiar médio, como o gráfico mostra, confirmando que os alunos mais pobres têm pior desempenho em cursos online do que nos presenciais. 

Isso significa que, inevitavelmente, o desempenho futuro dos estudantes mais pobres, já com um handicap em condições normais, ficará tanto mais prejudicado quanto mais se prolongar o fecho das escolas que os sindicatos de professores americanos, como a Fenprof do Portugal dos Pequeninos, têm defendido.

15/08/2020

CASE STUDY: Para quem reside no Portugal dos Pequeninos não é novidade nenhuma

Segundo um estudo da Universidade Católica que abrangeu mais de 12 mil nomeações de detentores de cargos políticos para quadros empresariais entre 2001 e 2010, em 14 países (Portugal não incluído), são as as empresas de sectores mais regulados nos países com maior corrupção que valorizam mais essas nomeações. (fonte)

Francamente! Que desperdício! Porquê perder tempo a estudar 14 países? Bastaria estudar o caso português com o seu Estado Sucial ocupado por apparatchiks de várias modalidades socialistas.

SERVIÇO PÚBLICO: "A coisa mais perigosa sobre o coronavírus é a histeria" (4)

Este post é uma continuação de (1), (2) e (3) e está relacionado com a série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva.

No post (1) citámos Ross Clark que no final de Fevereiro escrevia contra a corrente, nessa altura já a caminho da histeria,
«Se você acabou de cancelar sua viagem a Veneza e encomendou sua máscara de US $ 19,99 da Amazon, que tal uma visão aterradora: em Abril, 50.000 britânicos terão sucumbido a uma combinação de doenças infecciosas e condições climáticas adversas. Assustado? Se está, não se preocupe: você sobreviveu. Foi há dois anos. Em 2017-18, o Office for National Statistics registou 50.100 'excess winter deaths'. A explicação, de acordo com o ONS, foi provavelmente 'a estirpe predominante da gripe, a eficácia da vacina contra influenza e temperaturas abaixo da média no inverno'.»
Quase seis meses depois, o Public Health England mudou sua definição de óbitos por Covid-19 deixando de contar todos os óbitos de pessoas que tiveram um teste de Covid-19 positivo confirmado em laboratório, independentemente de há quanto tempo o teste foi feito. Na nova definição, para ser considerado um óbito por Covid-19 o teste positivo tem de ser feito até 28 dias antes da morte. Com esta nova definição, que faz muito mais sentido, a Inglaterra teve 36.695 óbitos em vez de 42.072

No gráfico seguinte estão representados os óbitos segundo os vários critérios e, já agora, repare-se no perfil característico da curva de letalidade em qualquer dos critérios.

 

Os 37 mil óbitos em Inglaterra corresponderiam proporcionalmente a cerca de 41 mil na GB, ainda longe dos 50 mil dos 'excess winter deaths' de 2017-18 que nessa altura não inquietaram ninguém nem fizeram manchetes nos mídia.

Political correctness has grown to become the unhappiest religion in the world

«As far as I can see, cancel culture is mercy’s antithesis. Political correctness has grown to become the unhappiest religion in the world. Its once honourable attempt to reimagine our society in a more equitable way now embodies all the worst aspects that religion has to offer (and none of the beauty) — moral certainty and self-righteousness shorn even of the capacity for redemption. It has become quite literally, bad religion run amuck.

Cancel culture’s refusal to engage with uncomfortable ideas has an asphyxiating effect on the creative soul of a society. Compassion is the primary experience — the heart event — out of which emerges the genius and generosity of the imagination. Creativity is an act of love that can knock up against our most foundational beliefs, and in doing so brings forth fresh ways of seeing the world. This is both the function and glory of art and ideas. A force that finds its meaning in the cancellation of these difficult ideas hampers the creative spirit of a society and strikes at the complex and diverse nature of its culture.»

What is mercy for you? / What do you think of cancel culture?, Nick Cave, The Red Hand Files

13/08/2020

Dúvidas (314) - Estão a atacar o homem porque actuou na festa do Avante ou porque actuou no jantar do Chega?

O cantor Olavo Bilac que actuou várias vezes na festa do Avante, promovida por um partido que se reclama democrata, patriótico e também da herança comunista, que inclui os crimes de guerra, os milhões de mortos, o Gulag, o Holodomor, etc., está agora a ser atacado por ter cantado num jantar do Chega, um partido que se reclama democrata e patriótico, reclamação que não oferece mais dúvidas do que a mesma reclamação pelo Partido Comunista.

12/08/2020

No Portugal dos Pequeninos infectado pelo áctivismo, os animais são de estimação e os velhos são abandonados

«Os cães de Santo Tirso tiveram objetivamente mais atenção política, mediática e social do que os velhos de Reguengos, que morreram à sede; morreram porque foram abandonados por toda a gente: pela família, pelos responsáveis locais, pelo Governo, pelo Estado, pela sociedade urbanita e mediática que liga mais a animais do que a pessoas.»

Henrique Raposo, no Expresso

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (31) - O ... (clube estrangeiro) de ... (jogador português)

Outros portugueses no topo do mundo.

«(...) e o Manchester City, de Bernardo Silva e João Cancelo, é, talvez, o grande favorito à sucessão do Liverpool. Ronaldo já caiu aos pés do Lyon, mas há mais portugueses em prova para além dos que jogam no City: Nelson Semedo, no Barcelona, outro favorito apesar da época menos boa; Anthony Lopes no surpreendente Lyon, que afastou a Juventus de Ronaldo (....) O Wolverhampton, de Nuno Espírito Santo, caiu aos pés do Sevilha (...)»

(de uma newsletter do semanário de reverência)

Já tivemos o Barcelona e o Real Madrid de Luís Figo, já tivemos o Manchester United de Cristiano e o Real Madrid de Ronaldo, já tivemos o Chelsea, o Inter, Manchester United e agora temos o Tottenham de Mourinho, já tivemos o Bayern Munique de Renato Sanches. Ah, já me esquecia, temos a ONU de António Guterres.

Deveríamos deitar o Portugal dos Pequeninos no divã para perceber as raízes do complexo de inferioridade que parece ditar esta luso-obsessão cuidadosamente cultivada por quase todas as corporações, desde o jornalismo de causas até aos políticos: «nós somos bons, muito bons. Somos os melhores dos melhores» diz S. Ex.ª.

Infelizmente já não podemos contar com o Eça há 120 anos, nem mesmo com o Vasco há 6 meses.

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (34) - Experiências fora da caixa (2)

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e segue-se a Experiências fora da caixa (1) sobre o Japão, uma sub-série dedicada a alguns países que adoptaram estratégias diferentes.

A Suécia é um desses países que fez uma ;abordagem desalinhada inspirada por uma valorização da liberdade de escolha estranha à cultura portuguesa. Por isso, apesar de ter registado um número de óbitos por milhão de habitantes (571) em diminuição constante e sempre inferior aos da Bélgica (852), Espanha (611) e Itália (582), a sua experiência foi geralmente vilipendiada pelos mídia portugueses.

worldometers

Mas onde a abordagem sueca se mostra claramente preferível à portuguesa, para além do muito menor impacto económico (a quebra do PIB é metade da portuguesa) é no excesso de óbitos em relação à média dos últimos anos, excesso que inclui, além das mortes por e com Covid, as mortes por outras causas que em grande parte se podem razoavelmente atribuir às consultas não realizadas (3 milhões), às cirurgias adiadas (100 mil) e aos resultados físicos e psicológicos do confinamento sobretudo nos idosos. Citando o blogue Nos cornos da covid que tem feito um excelente trabalho:
«Resultado disto, somando tudo: a Suécia registou, entre Março e Julho, um excesso de mortalidade de 13,5% em relação à média; Portugal um excesso de mortalidade de 12,9%. Em termos absolutos,o excesso de mortalidade em Portugal é já superior (também por força de um maior envelhecimento populacional). No nosso país, entre Março e Julho morreram mais 5.667 pessoas do que a média; na Suécia mais 4.912.»

11/08/2020

Ser de esquerda é... (6)

... partilhar, sem uma dúvida, sem um sobressalto de consciência, durante vários anos quartos de hotéis de luxo, refeições em restaurantes da moda e férias em resorts pagos por uma criatura com o salário de um primeiro-ministro português, despesas financiadas por um amigo, segundo ele próprio, ou por luvas segundo as investigações do MP, e esperar vários anos para escrever que essa criatura tinha «uma tal ausência de noção do bem e do mal, que instrumentalizou os melhores sentimentos dos seus próximos e dos seus camaradas e fez da mentira forma de vida».

E, não obstante tudo isso, a Dona Fernanda Câncio, que nunca se interessou por saber de onde vinha o dinheiro do Sr. Eng. Sócrates, sentiu-se à vontade para apontar o dedo à família real espanhola porque «nunca se interessou por saber de onde vinha o dinheiro» de Juan Carlos.

Outros "Ser de esquerda é..."

10/08/2020

CAMINHO PARA A SERVIDÃO: O país do "eles"

 «A nossa tendência já era olhar para o Estado como o ente que tem todo o dinheiro para resolver todos os nossos problemas. Eram os “eles” (*) é que sabem do povo em geral, ou dos que vivem pendurados no Orçamento do Estado e que viram a sua vida melhorar nestes últimos cinco anos, em que se foi distribuindo dinheiro sem nenhuma preocupação de criação de valor. Ao mesmo tempo que se ia criando a ilusão de defesa do Estado e dos seus serviços públicos.

Esta tendência de nos pendurarmos no Estado vai reforçar-se com a pandemia, para além do que seria natural num problema de saúde pública. O dinheiro que vem de Bruxelas vai acentuar ainda mais essa tendência, vai alimentar de novo as almas que acreditam que haverá sempre um dinheiro que cairá do céu para nos salvar. Temos uma nova versão de ouro do Brasil, na expectativa de que desta vez seja diferente e não se construa um “convento de Mafra”. Podem valer-nos, mais do que o nosso bom senso, as condições que Bruxelas vai colocar para a aplicação das verbas do Programa de Resiliência e Recuperação.  Porque nada nos garante que desta vez será diferente.»

Um país ainda mais subsídio-dependente, Helena Garrido no Observador

(*) Há uns bons anos que o nosso Glossário contem o termo Eles (socialês) com uma definição que carece de ser actualizada mas que no essencial é eterna:
  1. Os culpados da nossa miséria (dos fascistas aos liberais, passando pelos comunistas e, sempre, os espanhóis, e, desde que transferimos a soberania para Berlim, os alemães, e, em alternância, o governo e a oposição). 
  2. Os que nos deveriam pastorear no caminho da miséria para a felicidade (quase todos os referidos).
Antónimos: EU (que não sou parvo e não tenho nada a ver com isso) e NÓS (EU, a minha MÃE, a minha patroa, os putos, os amigos, talvez o clube, e o partido, às vezes)

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (45) - Em tempo de vírus (XXII)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Quem se mete com o PS, leva

Tendo que escolher entre um juiz conhecido da ministra e a juíza primeira classificada no concurso para procurador europeu por um júri internacional, a ministra escolheu o juiz conhecido. Há quem diga que é nepotismo. Errado! Não é nepotismo, desde logo porque o escolhido não é sobrinho da ministra e, além disso, queriam que a ministra escolhesse uma juíza que dirigiu o caso das golas inflamáveis anti-fumo que levou à demissão do secretário de Estado da Protecção Civil?

Correndo bem, é nossa realização. Correndo mal é problema deles

Seguindo o esquema habitual, o Novo Banco vendeu a sociedades-fantoche, a quem concedeu crédito para a compra, detidas por um fundo controlado pelo Lone Star, 5.552 imóveis e 8.719 fracções abaixo dos preços de mercado com uma perda de 42% equivalente a 260 milhões de euros. O Fundo de Resolução autorizou a operação, o BdP é o supervisor, agora com o novo governador que era o ministro das Finanças, ninguém sabia de nada, e o governo a começar pelo Dr. Costa sacode a água do capote. Como costume.

Mestres do ilusionismo

Um pouco por todo o mundo antecipam-se os danos que o fecho das escolas em metade do ano lectivo causam aos estudantes. Comprovando a excelência do ensino superiormente dirigido pelo ministro da Educação e a Fenprof, em Portugal não há danos, pelo contrário. As médias das notas dos exames nacionais do 12.º ano aumentaram em todos as disciplinas, com apenas duas excepções, nalguns casos três valores. Bem diz S. Ex.ª que os portugueses são os melhores dos melhores.

«Queda monumental»

Sobre a economia há notícias boas e notícias más. Em relação ao turismo a notícia boa é que melhorou em Junho. A má é que a melhoria foi uma queda de 85,1% em vez dos 95,3% de Maio.

As insolvências aumentaram 32% em Julho e a criação de novas empresas diminui 25,9% (fonte).

Em relação ao emprego também há notícias boas e notícias más. A notícia boa é que a taxa de desemprego diminuiu de 6,7% no primeiro trimestre para 5,6% no segundo trimestre. As notícias más são: (1) isso deve-se a só se considerarem desempregados os procuram activamente emprego que são cada vez menos; (2) a população inactiva aumentou 5,7% em relação ao trimestre anterior e 7,5% em relação a 2019; (3) o emprego diminuiu 2,8% e as horas trabalhadas 22,7%.

Quanto às exportações há a boa notícia do abrandamento da queda em Junho para 10%. A má notícia é que no primeiro semestre as exportações caíram 17%.

Contudo, essas más notícias respeitam ao passado sobre o qual não há nada a fazer, a não ser tentar repeti-lo como comédia. A verdadeira má notícia diz respeito ao futuro e é o cofinanciamento a 100% previsto no Plano de Recuperação e Resiliência onde serão torrados 13 mil milhões de euros. Como se perguntava há dias o jornalista Paulo Ferreira, «Há dinheiro e plano. O que pode correr mal? Quase tudo, como sempre».

09/08/2020

Itália, uma espécie de Portugal dos Pequeninos, mas em grande

Segundo um levantamento pelo Corriere della Sera, um dos três diários italianos com maior tiragem, para abrir uma oficina de reparação de automóveis são necessárias 86 autorizações, uma loja para vender fatias de pizza está sujeita a controlos por 21 departamentos estatais diferentes e um processo judicial comercial consome em média três anos.

O Corriere della Sera foi citado pela Economist num artigo (How to spend it) sobre as dificuldades que a Itália irá defrontar para aplicar bem o dinheiro que será despejado pela bazuca de Bruxelas. Note-se que escrevi aplicar bem o dinheiro e não gastá-lo, o que até o governo do Dr. Costa fará sem dificuldades.

Evidentemente que o Portugal dos Pequeninos não é Itália. É mais Calabria ou Sicília, com os Espírito Santo, o Senhor Engenheiro e os novos situacionistas do PS em vez da 'Ndrangheta e da Cosa Nostra.

08/08/2020

Ser de esquerda é... (5)

... usar uma T-shirt com o retrato de um criminoso.

Outros "Ser de esquerda é...

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (33) - O que teria acontecido sem confinamento? (6)

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é continuação de "O que teria acontecido sem confinamento?" (1), (2), (3), (4) e (5) onde se concluiu que os idosos têm uma letalidade muito mais elevada, os acolhidos em lares de idosos representam uma percentagem muito significativa do total de vítimas e os países que não adoptaram o confinamento generalizado e compulsivo tiveram mais óbitos (mas muitos menos do que vários dos países mais confinados) em contrapartida de mais imunidade que limitará os óbitos futuros. Por tudo isto, a única justificação aceitável para o confinamento seria evitar o colapso dos sistemas de saúde. E também se concluiu que o sistema português de saúde nunca esteve perto da rotura e que existiu, mesmo durante o pico, um excesso de confinamento de que resultou um impacto desnecessariamente elevado na economia, sem que daí tivesse resultado uma diminuição dos óbitos.

Entretanto também se constatou que o excesso de mortalidade em relação à média é muito maior do que a mortalidade "por Covid" e "com Covid", isso significa que se a pandemia matou em Portugal cerca 1.700 pessoas a mortalidade presumivelmente atribuída aos 3 milhões de consultas e às 100 mil cirurgias adiadas, e aos efeitos mórbidos do confinamento é quase três vezes maior.

A realidade retratada pelo Prof Carl Heneghan no artigo The real Covid-19 threat publicado na Spectator e citado a seguir é semelhante: milhares de mortes como consequência indirecta do confinamento e da falta de resposta do NHS focado exclusivamente na pandemia.

«Daniel Kahneman called it anchoring; I call it tunnel vision. It’s when we depend too heavily on our pre-existing ideas and first pieces of information – the anchor – to inform our judgments. How a problem is perceived, how it is described, how it makes us feel alongside our individual experience and expertise shapes the decisions we make. Anchoring ensures emerging evidence is ignored. Even in the face of this new contradictory evidence, we refuse to change our early decisions.

In the week ending the 24th of July, 8,891 deaths were registered in England and Wales (161 fewer than the five-year average). This is the sixth week in a row that we have observed fewer deaths, a total of 1,413 fewer deaths than expected. While the number of deaths in care homes and hospitals remains below the average, the number in private homes remains higher than the five-year average. There were 727 more deaths in private homes in the week ending the 30th of July.

Deaths at home have been almost 40 per cent higher than the number registered with Covid-19 in any other setting in the last six weeks, (4,526 versus 2,799). It is not clear why there is such an excess of deaths in the home but one thing is clear: it is not Covid. Fewer than five per cent of deaths in private homes are due to the virus.

07/08/2020

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Os portugueses que trabalham fora de Portugal não precisam de idiotas

«António Rolo Duarte – candidato a uma bolsa da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), que nem tinha a garantia de que a iria obter – dizia que estava a angariar dinheiro porque “a atribuição da bolsa que lhe financiaria o doutoramento na Universidade de Cambridge tinha sido adiada indefinidamente”» (Público)

Rita Carreira, que vive há décadas nos EUA, escreveu sobre esta parvoeira um post que me dispensa de acrescentar seja o que for. Aqui vai a tradução:
  
«Nos últimos dias, vi ser mencionada uma colecta de fundos por António Rolo Duarte, um rapaz que decidiu estudar história portuguesa em Inglaterra à custa dos contribuintes portugueses, mas afirma que a sua bolsa foi adiada indefinidamente. Há algumas coisas que me vêm à mente.

Primeiro, se você vai estudar história de Portugal, por que precisa ir para o exterior? Não ficaria melhor se ficasse em Portugal e convidasse um professor estrangeiro para a sua comissão? Isso é o que faz mais sentido para mim. Por exemplo, nunca vi um estudante americano ir para o exterior para estudar uma questão americana, mas vi estudantes americanos irem para o exterior para estudar questões que dizem respeito ao país para onde vão. No máximo, faria sentido ir à Inglaterra estudar um trecho da história portuguesa que tivesse a ver com a Inglaterra.

Em segundo lugar, como é que isto serve o interesse público dos contribuintes portugueses? Trata-se de um tema que o aluno não conseguiria pesquisar em Portugal, pelo que os contribuintes precisam de financiar o acesso a um lugares/especialistas estrangeiros? 

Terceiro, se uma universidade estrangeira o convida para fazer um Ph.D., por que ela não facilitaria o acesso ao financiamento interno por meio de bolsas de estudo ou estágios? Se você é tão bom que eles o convidam para ficar, então eles obviamente sentem que têm algo a ganhar com o seu trabalho, então eles deveriam estar dispostos a pagá-lo pelo seu doutoramento. Basta escolher um tópico para o qual eles possam proporcionar-lhe financiamento ou um estágio de ensino. 

Em quarto lugar, a motivação para esta angariação de fundos parece basear-se na mentira e na deturpação da conduta de uma entidade pública portuguesa. Presumo que a sua bolsa será cancelada e que terá de enfrentar dois processos: um por fraude e outro por difamação, nos termos do artigo 187.º do Código Penal Português.

Quinto, ele deveria ser expulso do doutoramento. Um aluno que exibe este tipo de comportamento e falta de moral não deve obter o título de doutor. 

Em sexto lugar, tenho pena da família dele, que tem de suportar as suas birras públicas e estou chateada pelo seu comportamento fazer os portugueses ficarem mal no estrangeiro. Nós, as pessoas que trabalhamos fora de Portugal e fazemos o nosso melhor para nos retratarmos a nós mesmos e ao país da melhor forma possível, não precisamos de idiotas que nos façam parecer mal.»