31/05/2020

CASE STUDY: «A única função das previsões económicas é tornar respeitável a astrologia» - A economia portuguesa pós-pandémica (3)

Continuando a coleccionar previsões do impacto na economia portuguesa das medidas de combate à pandemia, depois do primeiro post e do segundo post, aqui vão mais previsões de 16-luminárias-16 citadas pelo semanário de reverência.

Caderno de Economia do Expresso
No vosso lugar não lhes daria muito crédito, não apenas pelas razões gerais de natureza astrológica, mas porque também, vim agora a saber, a FocusEconomics considerou que o melhor analista nas previsões para a economia portuguesa em 2019 não foi nenhum português. Foi a maltesa Melanie Debono da Capital Economics. That's it.

Mitos (304) - As falhas americanas no combate à pandemia são grandemente exageradas pelo jornalismo de causas

Quem lê a imprensa portuguesa é induzido a pensar que o combate à pandemia nos EUA está nas mãos de um louro louco a twitar sentado na Resolute Desk do Oval Office. É certo que há uma criatura loura que parece louca e consome o seu tempo a twitar, mas não está nas suas mão o combate à pandemia, como se pode confirmar pelo testemunho da portuguesa Rita Carreira que anda por lá há 25 anos. 

«Fico constantemente impressionada com a rapidez com que as coisas podem acontecer nos EUA. Iniciámos o lockdown em 16 de Março e em 25 de Março a lei CARES (Coronavirus Aid, Relief, and Economic Security) foi aprovada no Senado e dois dias depois foi assinada pelo presidente. Os subsídios começaram a ser pagos em Abril e hoje, 28 de Maio, a Federal Reserve de Chicago divulgou um documento de trabalho analisando a propensão marginal ao consumo de uma amostra de indivíduos que os receberam.

Podemos ver como o FED acompanha de perto a economia, sem dúvida essa velocidade foi influenciada pela recuperação longa e moderada da Grande Recessão e pela timidez do Congresso em gastar o suficiente em política fiscal para responder a esse desafio. Desta vez, o presidente do FED fez as suas rondas de relações públicas e aproveitou todas as oportunidades para encorajar o Congresso a não relaxar.

A Europa ainda está a debater o que fazer. A política monetária não é um obstáculo, mas os governos arrastam os pés e mostram completa falta de solidariedade. Cada país seguiu sua própria resposta à crise médica, mesmo que o fracasso em um país acabasse a influenciar outros países. Mesmo agora, não existe uma única entidade na UE dirigindo a resposta médica.

Estou um pouco enojada com a obsessão portuguesa de apontar as falhas dos EUA ao lidar com o Covid-19. Nova York tornou-se um ponto de foco porque a Itália era um ponto de foco: 75% dos casos nos EUA vieram da Itália e a maioria acabou em Nova York. E se somarmos todos os dados da União Europeia, isso envergonhará os EUA? Eu acho que não. Os europeus afirmam que seus cuidados de saúde são muito melhores do que os americanos e, no entanto, não apenas não conseguiram conter a pandemia em seus próprios países, mas também acabaram sendo a causa de grande parte do problema para os Estados Unidos.»

Alguns números actualizados até hoje:

              Infectados  Óbitos    Infectados(/1M) Mortos(/1M)  
EU/EEA & UK . 1.391.619 .. 164.236 ... 2.681.3 ...... 316,5
USA ......... 1.803.135 .. 104.910 ... 5.450,3 ...... 317,1

30/05/2020

Dúvidas (307) - Alguém pode explicar-me porque precisaram os mídia de dois meses e meio para perceber isto?


«Graças ao confinamento, a pandemia de covid-19 acabou por ser menos mortal do que algumas epidemias de gripe dos últimos anos. Houve mais mortes do que o normal neste período, mas Portugal evitou a tragédia de outros países europeus, onde a mortalidade chegou a triplicar face a anteriores epidemias gripais.»

Pois se numa época gripal morrem em Portugal entre 3 a 5 mil pessoas com gripe ou doenças relacionadas, e desde 17 de Março até agora morreram "por" ou "com" Covid 1.396 pessoas assim distribuídos por idades:

Expresso
Note-se que 87% dos óbitos são de pessoas com 70 ou mais anos.

O diagrama seguinte com dados do Reino Unido mostra que o risco de morte por Covid apenas é superior ao risco normal de morte para idades acima dos 60 anos nas mulheres e acima dos 70 nos homens.
Spectator

29/05/2020

Uma pessoa honesta e inteligente não deve dizer coisas desonestas ou estúpidas


Uma revista holandesa publica a capa acima e um artigo onde escreve «os países do sul da Europa não são, de forma nenhuma, pobres e têm dinheiro suficiente. Eles também podem melhorar facilmente as suas economias através de reformas como as que foram implementadas no Norte.» (Observador)

O que pode dizer uma pessoa não totalmente desonesta nem completamente estúpida? Sei lá! Talvez coisas como: teríamos dinheiro suficiente se não esbanjássemos em auto-estradas vazias e para engordar um Estado ineficaz e ineficiente ou ainda que é difícil fazer reformas em países com elites extractivas e um Estado capturado por partidos não reformistas.  

Ou, vá lá, poderíamos dizer que a imagem na capa da revista não é muito realista e propor a sua substituição pela foto seguinte tirada na praia de S. João da Caparica no dia 24 de Maio em pleno confinamento.

Fonte
 E o que diria uma uma pessoa totalmente desonesta ou completamente estúpida? Diria, por exemplo, «Nada contra os holandeses. Tudo contra racistas.» E a seguir publicaria um gráfico onde se mostra que, apesar de os portugueses trabalharem mais nove horas por semana terem horários de trabalho semanal com mais nove horas do que os holandeses, têm uma produtividade por trabalhador pouco mais de metade da holandesa.

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Um Estado a quem o país serve

«O eleitorado precisa de o compreender, sabendo que acabará sempre por pagar um custo tanto mais elevado quanto mais persistir em acreditar que poderes superiores resolverão todos os problemas, poupando-o à "austeridade". Aí, porém, estamos perante a exigência da mais difícil das reformas - a cultural - num país que há séculos depende de um Estado hegemónico, que se habituou a servir e, quando possível, iludir.»

Teodora Cardoso, no Jornal de Negócios

ESTÓRIA E MORAL: E porque não o Dr. Centeno no BdP, se no Portugal dos Pequeninos a tradição é o que sempre foi?

Estória

Falhada a candidatura ao FMI e à CE, é justo que ao Dr. Mário Centeno seja atribuído um lugar de prestígio e devidamente remunerado (*) para que ele possa repousar dos seus 5 anos de ministro das Finanças.

(*) Há uns anos, quando foi governador o Dr. Constâncio, a tença anual era 250 mil euros, o dobro do salário de Bernard Bernanke, o presidente do FED na época, ou mais de 4 vezes, se tomarmos em conta o nível médio de salários em Portugal e nos EU. Como o BdP é cada vez mais uma mera sucursal do BCE, digamos que se trata de uma tença principesca. 

Espíritos maldosos e mentes retorcidas dizem que, tendo sido ministro das Finanças e nessa qualidade uma espécie de chefe do governador do Banco de Portugal, a que acrescentam o facto de enquanto ministro «não avançou com a lei que lhe retiraria poderes caso mudasse de cadeira», existe um conflito de interesses entre o Dr. Centeno ministro e o Dr. Centeno putativo governador.

Há mesmo quem defenda que um governador deverá ter um perfil puramente técnico e ser independente e o Dr. Centeno fez, dizem os detractores, uma gestão política das Finanças públicas e foi um fiel executor da estratégica de poder do PS, privilegiando as despesas com o pessoal (et pour cause), engordando os efectivos de funcionários públicos (a que alguns maldosos chamam a freguesia eleitoral do PS) e cortando no investimento e nas despesas de capital. Há até quem lembre que ele garantiu que a redução para as 35 horas não teria impacto orçamental.

Além de maldade e retorcedura mental, há nesses detractores uma imensa ignorância da História Pátria. Ora passemos em revista os antecessores do Dr. Centeno (socorro-me da informação do BdP, que não inclui o actual governador, nem a parte mais política do currículo do Dr. Constâncio que aditei a vermelho):

António Augusto Pereira de Miranda 
  • Governador (1887-1891) -  ... político, deputado, ..., Ministro da Fazenda.
Pedro Augusto de Carvalho
  • Governador (1891-94) - Político, Deputado (Ponta-Delgada), ... 
Júlio Marques de Vilhena 
  • Governador (1895-1907) - Político (Partido Regenerador), ... Juiz do Supremo Tribunal Administrativo e Presidente da Liga Naval.
José Adolfo de Mello e Sousa
  • Governador (1907-1910) - Comerciante e Financeiro, Presidente da Associação Comercial de Lisboa, Deputado por Arganil, .... Pertencia ao Partido Regenerador Liberal.
Inocêncio Camacho Rodrigues
  • Governador (1911-36) - Político, ... Ministro das Finanças, Deputado. Colaborador de "A Luta" e "A Pátria".
Rafael da Silva Neves Duque
  • Governador (1957-63) - Advogado, Político, Ministro da Agricultura, Ministro da Economia e Ministro do Comércio e Indústria (interino).
António Manuel Pinto Barbosa
  • Governador (1966-74) - Economista, Professor Universitário, Ministro das Finanças (1955-65),  ...
Manuel Jacinto Nunes
  • Vice-Governador (1960-1974), Governador interino (1963-66) e Governador (1974-1975, 1980-85) - ...  Ministro das Finanças e do Plano. ...
José da Silva Lopes
  • Governador (1975-80) - Economista, Ministro das Finanças e do Plano (1978), ...
Vítor Manuel Ribeiro Constâncio
  • Governador durante o período de 1985-86 e de fevereiro de 2000 a maio de 2010. Foi Vice-Presidente do Banco Central Europeu durante o período de 2010-2018. ... Antes da sua nomeação era Administrador do Banco Português de Investimento (1995-2000) e Administrador não executivo da Electricidade de Portugal (1998-2000).  ... Secretário de Estado do Orçamento e do Plano no VI Governo Provisório em 1976. Eleito deputado à Assembleia da República em 1976, voltou a ser membro do Parlamento nos períodos 1980-81 e 1987-88. ... Foi Ministro das Finanças e do Plano do II Governo Constitucional em 1978.  [Secretário-geral do Partido Socialista, de 1986 a 1989, e candidato derrotado a primeiro-ministro, em 1987].
José Alberto Tavares Moreira
  • Governador (1986-1992) - Economista, Diretor e Vogal do Conselho de Gestão do BPSM (1973-1976), Administrador da Caixa Geral de Depósitos (1979-1981), Secretário de Estado do Tesouro (1980-1981), Secretário de Estado do Ministro das Finanças e do Tesouro (1985-1986).
Luís Miguel Couceiro Pizarro Beleza
  • Técnico Assessor e Técnico Consultor (1979-87), Administrador (1987-90) e Governador (1992-94) - ... , Ministro das Finanças (1990-91), Economista do FMI (1984-87), ...
António José Fernandes de Sousa
  • Foi Governador de junho de 1994 a fevereiro de 2000. ... Antes da sua nomeação ocupava o cargo de Secretário de Estado-Adjunto e das Finanças (1993-94), tendo sido Secretário de Estado-Adjunto e do Comércio Externo (1991-93), Administrador do Banco Totta & Açores (1989-91), Secretário de Estado da Indústria (1987-89) e Administrador do IPE (1986-87). ...

Moral

Conflito de interesses? Qual conflito de interesses? No Portugal dos Pequeninos não há conflito de interesses. Só há interesses em conflito.

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (22) - O que teria acontecido sem confinamento? (5)

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é continuação de "O que teria acontecido sem confinamento?" (1), (2), (3) e (4) onde se concluiu que os idosos têm uma letalidade muito mais elevada, os acolhidos em lares de idosos representam uma percentagem muito significativa do total de vítimas e os países que não adoptaram o confinamento generalizado e compulsivo tiveram mais óbitos (mas muitos menos do que vários dos países mais confinados) em contrapartida de mais imunidade que limitará os óbitos futuros. Por tudo isto, a única justificação aceitável para o confinamento seria evitar o colapso dos sistemas de saúde.

E, no post anterior desta série também se concluiu que o sistema português de saúde nunca esteve perto da rotura e que existiu, mesmo durante o pico, um excesso de confinamento de que resultou um impacto desnecessariamente elevado na economia, sem que daí tivesse resultado uma diminuição dos óbitos.

Em revisão


28/05/2020

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (21) - E se o confinamento não servir para nada?

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva.

«A Noruega está a reconstituir o que aconteceu antes do lockdown usando dados observados - estatísticas dos hospitais, números de infecções e assim por diante - para avaliar a situação no país em Março. Na época, ninguém realmente sabia. Temia-se que Covid fosse galopante com cada pessoa infectando duas ou três outras - e apenas o bloqueio poderia parar esse crescimento exponencial reduzindo o número R para 1 ou menos. Mas a autoridade de saúde pública do país publicou um relatório com uma conclusão impressionante: o vírus nunca se espalhou tão rápido quanto se temia e já estava a desaparecer quando se iniciou o lockdown. "Parece que a taxa de reprodução efectiva já havia caído para cerca de 1,1 quando as medidas mais abrangentes foram implementadas em 12 de Março, e não seria preciso muito para empurrá-la para menos de 1 ... Vimos em retrospectiva que a infecção estava a desaparecer".

Isso levanta uma questão embaraçosa: o lockdown foi necessário? Só o distanciamento social voluntário poderia ter alcançado o mesmo resultado? Camilla Stoltenberg, directora da agência de saúde pública da Noruega, deu uma entrevista em que é sincera sobre as implicações dessa descoberta. "A nossa avaliação agora, e eu acho que existe um amplo consenso em relação à reabertura, foi que provavelmente seria possível obter o mesmo efeito - e evitar parte das repercussões infelizes - sem o lockdown. Mas, em vez disso, continuarmos abertos com precauções para impedir a disseminação." É importante admitir isso, diz ela, porque se os níveis de infecção subirem novamente - ou uma segunda onda ocorrer no inverno - precisaremos de ser brutalmente honesto sobre se o lockdown foi eficaz.

A agência estatística norueguesa também foi a primeira no mundo a calcular os danos permanentes infligidos pelo fecho das escolas: cada semana de educação em sala de aula negada aos alunos, concluiu-se, prejudica as oportunidades de vida e reduz permanentemente o potencial de rendimentos. Portanto, um país só deveria aplicar esta medida draconiana se tivesse certeza de que a base académica para o lockdown era sólida. E na opinião de Stoltenberg, desta vez "a base académica não foi suficientemente boa" para o lockdown

(De uma newsletter da revista The Spectator)

Tomemos nota que estas conclusões não provêm de Trumps ou Bolsonaros mas de uma agência governamental de um país com elevados padrões científicos e de serviço público. É claro que não é matéria de fé, fé que não é para aqui chamada, mas food for the brain.

(Continua)

BREIQUINGUE NIUZ: Com este governo foi alcançada a igualdade entre homens e mulheres

Para Françoise Giroud, jornalista, escritora, política francesa e feminista, a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres seria alcançada quando uma mulher incompetente fosse preferida a um homem competente.

Se ainda fosse viva, conhecesse o nosso Portugal dos Pequeninos e o desempenho d@s noss@s ministr@s, Mme Giroud não diria, apesar de ser verdade, les portugais sont toujours gais, porque isso já tinha sido dito por Charles Lecocq. Diria antes
«Mme Fonseca et Mme Temido sont la preuve vivante que les femmes portugaises ont déjà atteint l'égalité, dans ce gouvernement pour l'instant.»
Ditosa Pátria que tais filh@s tem. Longa vida ao Dr. Costa.

Pro memoria (402) - Agora que o Dr. Costa mudou o hashtag de #EuFicoEmCasa para #EuVouParaARua vamos começar a esquecer a SARS-CoV-2 como esquecemos a gripe de Hong Kong


Visual Capitalist
Sim, é verdade. Eu estava lá, vi, vivi, li e escutei. A gripe chamada de Hong-Kong causada pelo H3N2, um vírus "híbrido" provavelmente vindo também da China, andou por aí dois anos entre 1968 e 1970 e matou cerca de um milhão de pessoas, dos quais 100 mil nos EUA. Por cá foi relativamente benigna e ninguém sabe exactamente quantos morreram - seguramente menos do que as mortes nesses anos na guerra colonial.

Seja como for, num ano em que tivemos o Maio de 68 e la plage sous les pavés!, e no ano seguinte Woodstock, sex and drugs and rock and roll, quem é que queria saber de pandemias? e, sobretudo, quem é queria saber de confinamento?

Agora andamos acagaçados (anda a maioria dos portugueses e S. Ex.ª, o PR), a toque de caixa com o batuque do jornalismo de causas, espevitado pela esquerdalhada outra vez a anunciar amanhãs que cantam e já a ver-se a ocupar o Leviatã pós-pandemia. Acagaçados por uma pandemia "boazinha" que poupa praticamente quase toda a gente e apenas antecipa a morte de velhotes adoentados que já estavam na fila de espera da Ceifeira. So much ado for nothing, diria o Bardo que viveu pelo menos três pestes bubónicas: 1563-4, 1592-3 e 1603.

26/05/2020

CASE STUDY: Trumpologia (64) - A freguesia eleitoral de Trump muda-se mais, compra mais e perde menos empregos

Mais trumpologia.

Fonte
A ser assim, temos de concluir que Hilary Clinton estava completamente enganada quando designou a base eleitoral de Trump como "basket of deplorables". Pelos vistos, são mais uma box of honorables,

Jerónimo contra Jerónimo

Vladimir Ilitch de Sousa / Jerónimo Ulianov
Há um Senhor Jerónimo deputado, que aos costumes disse nada quando o governo do Dr. Costa, com quem ele assinou um papel, aprovou em 2017 um contrato com os compradores do Novo Banco que previa injecções regulares nos anos seguintes para compensar as imparidades resultantes da gestão danosa do BES, que o grupo parlamentar a que pertence nunca questionou em devido tempo. Esse mesmo Senhor Jerónimo desde então votou a favor ou absteve-se na aprovação de vários orçamentos, que previam transferências para o Fundo de Resolução destinadas ao Novo Banco, incluindo a de 850 milhões em 2020.

E há outro Senhor Jerónimo, secretário-geral do PCP, que num discurso no cemitério de Baleizão achou «inaceitável» «a preferência (de) injectar mais 850 milhões de euros na banca» em vez de resolver os problemas sociais. Tudo para satisfazer «os grandes interesses do capitalismo reinante», acrescentou e, já que estava com a mão na massa, aproveitou para exigir que se «inicie de imediato a integração do banco na esfera pública».

Das duas, uma. Ou o Senhor Jerónimo deputado não é o mesmo Senhor Jerónimo secretário-geral, ou temos um caso de esquizofrenia.

25/05/2020

Chávez & Chávez, Sucessores (75) - O socialismo torna escasso o que é abundante (2)

Outras obras do chávismo.

«A Venezuela recebeu, na noite de sábado, o primeiro carregamento de combustível do Irão, ao abrigo da cooperação bilateral entre ambos os países para atender à escassez local de combustível, anunciou o ministro do Petróleo venezuelano (...) "como símbolo de fraternidade e da fortaleza da nossa união", escreveu Tareck El Aissami, na sua conta do Twitter.» (DN)

Quase exactamente há um ano escrevi este post onde dava conta de que Caracas e pelo menos 11 dos 24 estados da Venezuela estão sem gasolina.

Lembretes:
  • A Venezuela dispõe das maiores reservas mundiais de petróleo e importa petróleo da «irmã República Islâmica do Irão»
  • A Venezuela tem uma elevada precipitação e dispõe de muitos rios, incluindo o rio Orinoco, o quarto maior caudal do mundo, e, não obstante, raciona frequentemente a electricidade e a água e 5,3 milhões de caraquenhos não têm abastecimento regular de água. Depois de terem sido gastos nos últimos anos 10 mil milhões de dólares, Caracas tem menos água do que há 20 anos e a infraestrutura está em ruínas. Apenas funcionam 20 das 400 equipas de manutenção.
  • O regime chávista é apoiado entre nós por comunistas e berloquistas e um antecessor do Dr. Costa, o Eng. Sócrates, foi um grande amigo do Coronel Chávez.

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (34) - Em tempo de vírus (XI)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os outros cumpra-se a lei

«Não adianta estar a promover a leitura de jornais se não fizermos simultaneamente a promoção da literacia mediática, isto é, da capacidade de qualquer cidadão, seja de que idade for, poder descodificar, compreender e ler de maneira clara os sinais do seu tempo».

O pensamento supra é do Dr. Nuno Artur Silva, secretário de Estado do Estado do Cinema, Audiovisual e Media - o equivalente ao Winston Smith do ministério da Verdade do Dr. Costa - e proprietário das Produções Fictícias, empresa que ficticiamente vendeu ao sobrinho (estória contada aqui, ali e acolá). Traduzindo em português corrente, a literacia mediática será atingida quando o discurso do Dr. Costa chegar aos eleitores pela sua palavra ou pela pena e boca de mediadores autorizados. E como se promove a literacia mediática? Vai-se promovendo, passo a passo. Por agora distribuindo dinheiro a quem está mais habilitado para essa promoção.

Orchestral Manoeuvres in the Dark / Abriu a caça ao Centeno

Talvez haja um propósito nisto tudo. Ou não, escrevi a semana passada, Ou sim, escrevo hoje. Segundo a Dr.ª Ana Gomes, Pasionaria do PS e profissional da indignação, «esta crise indica que Centeno está a prazo e admito que boa parte deste esquema seja para inviabilizar a sua ida para o Banco de Portugal. Porquê? Eles quererão garantir aí alguém mais maleável». Quem sou eu para discordar, sobretudo no que respeita a procurar "maleabilidade", qualidade indispensável na governação socialista.

No Estado Sucial não há conflito de interesse. Há interesses em conflito. Centeno contra Centeno

Não foi preciso esperar que o Dr. Centeno tirasse o chapéu de ministro das Finanças e o substituísse pelo de governador do Banco de Portugal, por ele tutelado enquanto ministro, para se confirmar o conflito de interesses que num Estado não ocupado por uma nomenclatura seria motivo impeditivo para a "transferência". Para usar as palavras inusitadamente desassombradas do semanário de reverência, «o ministro não avançou com a lei que lhe retiraria poderes caso mudasse de cadeira».

Há quem lhe chame jornalismo de referência (3) - A arte de fazer títulos

Expresso

Diferentemente da ideia que o título pretende injectar nas meninges dos leitores distraídos, na Parvalorem, nem em nenhuma outra empresa, o salário não depende do sexo (a que estes militantes chamam "género"), o que, de resto, seria ilegal. Por isso, o título mais adequado seria

«Dezoito das 83 pilas são pilas directores e entre as 68 vaginas só há duas vaginas directoras»

Não, isto não é apenas uma piada, como pode confirmar na série de posts Diferenças salariais entre homens e mulheres (1), (2), (3), (4), (5) e (6).

CAMINHO PARA A SERVIDÃO: O Processo em Curso de Promoção da Literacia Mediática


«Em primeiro lugar, não vejo grande diferença na subtileza de ambos os caciques. Vejo diferença na eficácia. Falo por mim, e não, por exemplo, por Manuela Moura Guedes. Atravessei os anos “socráticos” a escrever num jornal e numa revista (de grupos distintos), disse o que me apeteceu acerca da miséria moral do “animal feroz” e nunca, nunca, nunca, sofri o mais leve reparo dos meus directores. Suspeito, e é apenas uma suspeita, de que os meus directores sofriam reparos de certas instâncias, a que não ligavam. Nesse período, eu até recebia convites ocasionais dos canais televisivos, que recusava porque raramente trabalho de borla. Certo é que 13 ou 14 meses após o dr. Costa tomar conta disto e iniciar o processo de venezuelização, em curso hoje acelerado, fui corrido de ambas as publicações, ignoro se por pressão externa, se por sabujice interna. Os directores em causa, bastante mais amestrados, não eram evidentemente os mesmos, e sim serviçais que não caíram do céu. O “eng.” Sócrates berrava às vezes em vão; o dr. Costa, espécime similar, berra e é escutado.

Em segundo lugar, os critérios de atribuição dos subsídios são claros. Há oito dias, o indivíduo que preenche a secretaria de Estado do “audiovisual” ou lá o que é, declarou: “Não adianta estar a promover a leitura de jornais se não fizermos simultaneamente a promoção da literacia mediática, isto é, da capacidade de qualquer cidadão, seja de que idade for, poder descodificar, compreender e ler de maneira clara os sinais do seu tempo”. Vinda de quem vem, a conversa fiada é inequívoca: o governo iria patrocinar as televisões, as rádios, os jornais e as revistas que transmitem diligentemente a propaganda oficial. Sempre que alguém se acha no direito de estabelecer o padrão ideal de os demais “descodificarem, compreenderem e lerem”, está a falar, de maneira escancarada, de fiscalização, manipulação e censura. Os “sinais do tempo” não enganam.»

Alberto Gonçalves no Observador

23/05/2020

Os mídia ao serviço do governo pela mão do Winston Smith do Dr. Costa

«Há dois meses, André Ventura disse que gostava de continuar a ser comentador de futebol na CMTV. A CMTV sempre o tratou com — digamos — generosa simpatia. Agora foi despedido. O que aconteceu?», pergunta-se o Público.

João Marcelino, que já foi director do Record e do Correio da Manhã, ambos da Cofina, e do DN, o que o qualifica para falar deste tema num artigo com o título Produção nada fictícia, uma piada ao nome da empresa de Nuno Artur Silva, actual secretário de Estado do Estado do Cinema, Audiovisual e Media que a vendeu ao sobrinho antes de tomar posse (estória contada aqui, ali e acolá), artigo onde escreve sobre os dinheiros atribuídos às empresas de comunicação social (ver este e aquele posts), dá a seguinte resposta:

«O terceiro caso de suspeita, por estes dias, surgiu com a dispensa de André Ventura da Cofina, grupo que irá receber 1,691 milhões de euros. A terceira contribuição mais importante. Uma empresa de comunicação tem todo o direito de contratar e dispensar colaboradores. É tão legítima uma ação como a outra. O problema está no timing, que na leitura mais benigna é muito pouco inteligente e se presta a estabelecer relações de causa e efeito com a circulação do dinheiro do Estado. Mais uma vez, e em época de um governo de ‘esquerda’, o problema passa-se ‘à direita’.»

Lost in translation (337) - Lost in action, literally

Questionado pelos jornalistas sobre se já tinha feito o teste do coronavírus, Donald Trump respondeu:
«I tested very positively in another sense. So this morning I tested positively toward negative, right. So no, I tested perfectly this morning. Meaning I tested negative. But that's a way of saying it. Positively toward the negative.»
Não sendo versado no trumpês, e tendo-me escapado o sentido profundo do statement, fiz o que costumamos fazer aqui em casa e recorri a um web bot de AI com machine learning baseada numa Neural Network com acesso a servidores de Big Data). Azar. O bot tinha sido alterado recentemente e estava sob ataque de hackers explorando uma vulnerabilidade zero-day.

Lembrei-me então que comprara em tempos na feira de Carcavelos um robozinho made in China anunciado como capaz de escrever uma tradução em várias línguas. Introduzi-lhe os bytes do discurso do statement trumpiano: 
«49 20 74 65 73 74 65 64 20 76 65 72 79 20 70 6F 73 69 74 69 76 65 6C 79 20 69 6E 20 61 6E 6F 74 68 65 72 20 73 65 6E 73 65 2E 20 53 6F 20 74 68 69 73 20 6D 6F 72 6E 69 6E 67 20 49 20 74 65 73 74 65 64 20 70 6F 73 69 74 69 76 65 6C 79 20 74 6F 77 61 72 64 20 6E 65 67 61 74 69 76 65 2C 20 72 69 67 68 74 2E 20 53 6F 20 6E 6F 2C 20 49 20 74 65 73 74 65 64 20 70 65 72 66 65 63 74 6C 79 20 74 68 69 73 20 6D 6F 72 6E 69 6E 67 2E 20 4D 65 61 6E 69 6E 67 20 49 20 74 65 73 74 65 64 20 6E 65 67 61 74 69 76 65 2E 20 42 75 74 20 74 68 61 74 27 73 20 61 20 77 61 79 20 6F 66 20 73 61 79 69 6E 67 20 69 74 2E 20 50 6F 73 69 74 69 76 65 6C 79 20 74 6F 77 61 72 64 20 74 68 65 20 6E 65 67 61 74 69 76 65 2E»
Premi o botão Start, ouvi ruídos estranhíssimos vindos das vísceras do robô  e...


Teve um curto-circuito e pegou fogo.

22/05/2020

Há quem lhe chame jornalismo de referência (2) - A arte de fazer títulos

Expresso

«Até agora, foram três as vítimas mortais angolanas do novo coronavírus. (...) “Só no primeiro trimestre deste ano registaram-se em Angola 2548 óbitos (por malária) num total de dois milhões de casos, mais 467 vítimas mortais face ao mesmo período em 2019”»

Em três meses quanto é?

  • Muita gente: três
  • Muito mais gente: dois mil quinhentos e quarenta e oito.

Dúvidas (306) - Será a verdade a primeira vítima de uma pandemia num regime autocrático? (Continuação)

Continuação deste post.

«A RÚSSIA é muito mais bem sucedida no combate ao Covid-19 do que o Ocidente, graças ao seu sistema de saúde superior e excelente liderança. Apesar de enfrentar uma das maiores taxas de infecção, sua taxa de letalidade é um sétimo disso na maioria dos países. Isto é, se você acredita nas estatísticas russas.

Poucos especialistas independentes fazem isso. A Rússia registou oficialmente cerca de 290.000 casos de Covid-19 e 2.700 mortes, o que torna sua taxa de fatalidade menor que 1%, em comparação com 4,5% na Alemanha e 14% na Grã-Bretanha. No entanto, a taxa de letalidade entre os profissionais de saúde da Rússia, que mantêm seus próprios registos, é cerca de 16 vezes maior do que nas de países comparáveis, o que sugere que os números oficiais são muito cor de rosa.

No entanto, estas foram as cifras que, em 11 de maio, levaram Vladimir Putin, presidente da Rússia, a ordenar o fim de um período de "dias não-úteis", um eufemismo para um bloqueio nacional que ele nunca declarou oficialmente. Embora tenha transferido a responsabilidade de manter as restrições para as autoridades regionais, ele sinalizou que a Rússia estava passando pelo pior. "Devemos agradecer aos nossos médicos e ao nosso presidente, que trabalha dia e noite para salvar vidas", declarou Vyacheslav Volodin, presidente da Duma russa.

O governo russo e seu parlamento servil ficaram incomodados quando, no mesmo dia, o Financial Times informou que o número real de mortos poderia ser 70% maior; o New York Times citou um especialista dizendo que poderia ser quase três vezes a contagem oficial. Essas estimativas foram derivadas do cálculo do excesso de óbitos. Um membro da Duma exigiu que o autorização dos jornalistas fosse revogada. A propaganda estatal russa desencadeou uma campanha contra o que chamou de um ataque orquestrado à Rússia pelo Ocidente, com o objectivo de distrair a atenção de seus próprios problemas.


Enquanto isso, alguns médicos russos nas redes sociais dizem que foram instruídos a manter os números baixos, incluindo nas estatísticas do Covid apenas aqueles que morreram directamente da doença, não aqueles que tinham condições subjacentes que poderiam ter contribuído para sua morte. Os parentes das vítimas estão furiosos.»

Excerto de Anatomy of lies. Russia’s covid-19 outbreak could be far worse than the Kremlin admits

As luminárias das esquerdas têm sonhos húmidos com pandemias e catástrofes em geral (e até ejaculações)

Em retrospectiva: entre as esquerdas, mais numas do que noutras, vive-se um momento de excitação com a pandemia. Porquê essa excitação? Simplesmente porque todos os cataclismos, ou eventos que as esquerdas considerem como tais, como é o caso desta pandemia, obrigam geralmente, ou acham as esquerdas que obrigam, a uma maior intervenção do Estado, intervenção que as esquerdas sempre aplaudem. Evidentemente que o cataclismo que mais excita a esquerda das esquerdas é a revolução social, culminando com a tomada de um palácio de Inverno. Nesse sentido, esta pandemia é apenas um pálido ersatz, mas quem não tem cão caça com gato.

No post anterior dei vários exemplos de luminárias com sonhos húmidos e acrescento agora uma luminária de referência das luminárias de esquerda que foi além do sonho e teve uma ejaculação.

Vídeo
É caso para dizer que Lula com esta ejaculação sujou as calças e veio mais tarde penitenciar-se por isso. Sem razão, porque ele distraidamente foi sincero e estava certo na ideia que a esquerda colectivista (praticamente toda a esquerda, porque a esquerda libertária faleceu há muito) precisa desesperadamente de um Estado omnipresente que ela possa ocupar com os seus apparatchiks para cumprir a sua agenda.

21/05/2020

Os portugueses necessitam de informação não manipulada

Relevando a proposta de um leitor neste comentário:

«Porque não fazer um Crowdfunding a favor do Observador !? Fica a proposta. Não se vendam por favor os portugueses necessitam de informação não manipulada

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (189) - Para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os outros cumpra-se a lei

Distribuição dos valores de "publicidade institucional"
Os amigos, os inimigos e os outros
  • Avenida dos Aliados: Porto Canal
  • Cofina: CM, CMTV, Jornal de Negócios, Record, Sábado
  • Global Notícias: DN, JN, O Jogo e TSF 
  • Imprensa: SIC e Express
  • Media Capital: TVI
  • Megafin: Jornal Económico
  • Newsplex: SOL e ionline
  • Observador
  • Público
  • Rádio Renascença
  • Sociedade Vicra Desportiva: A Bola e Bola TV
  • Swipe News; Jornal Eco
  • Trust in News, Visão, a Exame e a Caras

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (20) - Porque aumentou a taxa geral de mortalidade? (1)

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é o primeiro de uma subsérie que pretende verificar o aparente aumento da mortalidade coexistindo com os óbitos atribuídos ao Covid-19 e as suas possíveis causas.

Um pouco por todo o lado, assiste-se a um "excesso" de mortalidade superior ao das mortes pela pandemia, proporcionando um argumento aos adeptos do catastrofismo para tentarem concluir que nem todas as mortes pela pandemia estariam a ser identificadas. Ora, a evidência mostra precisamente o contrário: às mortes "por" Covid-19 estão a ser adicionadas as mortes "com" Covid-19, independentemente da pandemia não ser a "causa adequada" do óbito, para usar um conceito jurídico.

O que explicará então esse excesso? Várias razões, entre elas o stress causado pelo confinamento, sobretudo nos idosos, e o adiamento de consultas e cirurgias, quer devido à insuficiência de recursos disponíveis mobilizados para o tratamento da pandemia, quer devido ao receio dos pacientes de serem infectados ao comparecer num hospital.

O quadro seguinte mostra que uma proporção elevada das cirurgias em todo o mundo foram canceladas, mesmo nos casos de cancro, e até mais de 20% das cesarianas foram canceladas.

Fonte

O mapa seguinte mostra, no caso particular do cancro, que proporções significativas das cirurgias foram canceladas por todo o mundo e sobretudo nos países em desenvolvimento.

Fonte

Foi estimado em 28 milhões o número de total de cirurgias que foram ou serão adiadas (ver este paper), entre as quais mais de 2 milhões relacionadas com cancros. Estima-se que o adiamento de 3 meses afectando 95 mil pacientes conduzirá a cerca de 4.800 mortes (fonte).

Também em Portugal esse adiamento se verificou com a queda de 40% nas cirurgias em Março (em Abril terá sido necessariamente muito maior) e o excesso de mortes foi estimado em três a cinco vezes superior à atribuída ao Covid-19, sendo uma parte significativa causada pelo adiamentos de cuidados de saúde (Acta Médica Portuguesa).

Um parêntesis neste tema para citar mais um estudo em complemento do post Qual é afinal a taxa de letalidade do Covid-19? (3): segundo um paper do prof. John P.A. Ioannidis da Universidade de Stanford, publicado há dois dias e baseado em doze estudos com dados considerados utilizáveis, as taxas de letalidade variaram entre 0,02% e 0,40%, ou seja, mais uma vez, num intervalo semelhante ao da gripe comum.

(Continua)

20/05/2020

Bons exemplos (133) - Mantenham-se firmes. Se não der para aguentar, peçam donativos aos leitores


Administração do jornal Observador e da Rádio Observador diz que "o programa não cumpre critérios mínimos de transparência". Despacho é omisso quanto aos critérios de atribuição de verbas.

O governo socialista quis punir o Observador por não ser uma câmara de eco atribuindo-lhe publicidade em montante muitas vezes inferior à da maioria dos jornais, apesar do número de leitores do Observador ser superior ao número de leitores online de qualquer outro jornal, nomeadamente:

  • Maior do que o do Público
  • Maior do que o do JN
  • Quase o dobro do Expresso
  • Triplo do DN

(Podcast Contra-Corrente de José Manuel Fernandes)

Adivinhe quem são os "europeus excepcionalmente preparados" para lidar com a pandemia

«Estudos mostram consistentemente que os residentes do noroeste da Europa confiam muito nos seus governos e concidadãos, enquanto os no sul e leste da Europa não confiam. Quando a World Values Survey pergunta aos suecos se a maioria das pessoas é confiável, mais de 60% respondem sim. Na Itália apenas cerca de 30% o fazem, e na Roménia apenas 7%. Outro estudo, o European Social Survey, pede aos entrevistados que avaliem sua confiança nos políticos numa escala de dez pontos. Em 2018, os holandeses tiveram média de 5,4, os polacos 3,1 e os franceses e alemães no meio. Um em cada oito búlgaros deu a seus políticos um zero.

Tais resultados reflectem profundas diferenças socioculturais. A maior confiança correlaciona-se com maior riqueza, menos crime e outras métricas de bem-estar. Também parece influenciar as respostas ao Covid-19. Os países de confiança geralmente implementaram bloqueios menos rigorosos. Em vez de aplicar duramente as regras de distanciamento social, seus governos dependem dos cidadãos para observar as directrizes voluntariamente. Qual método é melhor? A resposta é complicada.»

De seguida, o artigo de onde respiguei os parágrafos precedentes continua referindo um país que vou designar como «País X». Depois de ler os dois parágrafos seguintes tente adivinhar qual é o «País X». 

«Considere o País X, onde uma brutal ditadura (...) seguida por décadas de corrupção deixou os cidadãos desconfiados das instituições e uns dos outros. Incapaz de confiar na boa vontade pública, o governo respondeu ao Covid-19 com um bloqueio severo, declarando estado de emergência mesmo antes da primeira morte oficial do país. São necessárias justificações escritas das razões para sair de casa. De 24 de março a 19 de abril, a polícia emitiu N multas aos incumpridores.

A maioria dos habitantes do País X pratica o distanciamento social (...). As multas não são a única razão. Poucos confiam no sistema de saúde decrépito do país para tratá-los se forem infectados pelo vírus. Alguns lembram a escassez de alimentos na década Y, e foram rápidos a mudar para o modo de crise. O senhor deputado A diz que os  habitantes do País X são "europeus excepcionalmente preparados" para lidar com estas dificuldades

O senhor deputado A também poderia ter dito que os habitantes do país X «são tão disciplinados que a repressão é inútil».

Já adivinhou qual é o País X? Não, não é este. É o outro.

[Excertos de Do low-trust societies do better in a pandemic?]

19/05/2020

É uma excelente ideia. Neste momento os meus netos e bisnetos já têm para pagar as facturas da guerra colonial, do PREC, da governação socialista e dos quatro resgates. Porque não juntar-lhes a da pandemia?

É «importante assegurar que os custos (da pandemia) sejam absorvidos ao longo de duas ou três gerações, sob pena de estarmos a fazer com que a geração que sofreu o impacto da crise também tenha que absorver o impacto do seu reembolso», defendeu Carlos Costa, o governador do BdP, em fim de mandato.

Evidentemente que tudo isto só se não for possível convencer os ricos a pagarem a crise, deitando uns dinheiros para cima das vítimas da pandemia. Dirão os cépticos, mas então se os ricos também sofreram a pandemia... até mais do que alguns dos pobres. Ao que devemos responder que nós, os pobres, sofremos duas vezes: da pandemia que também os infectou e da epidemia que nos infecta há décadas, ou séculos.

Esclarecimento: Eu sei que ainda só são três resgates, mas estou a falar para os meus netos.

Realismo económico não tem de ser situacionismo político

«Os economistas são ótimos a propor soluções fantásticas, pelo menos dentro de um quadro teórico, que têm um defeito: são politicamente inexequíveis» escreve num artigo, com o curioso título «Não seja como os economistas» no Expresso, o professor de economia Luís Aguiar-Conraria. Dá dois exemplos: o de Vítor Gaspar, que em 2012 defendeu que se baixasse o TSU das empresas e aumentasse o dos trabalhadores, com o resultado que se conhece, e o de um outro economista que propôs que o próximo governador do BdeP fosse estrangeiro (a exemplo de Mark Carney que depois de ter sido governador do Banco Central do Canadá foi governador do Banco de Inglaterra durante 8 anos).

De seguida, chega onde queria chegar e escreve: «Acusar o Governo de ter imposto um lockdown excessivo é absurdo. Pelo contrário, o mérito do Governo foi o de ter resistido a impor o confinamento mais agressivo que tantos exigiam. Dentro do exequível, o Governo foi o mais moderado que era possível. Não seja como os economistas, essa discussão é improdutiva

É certo que a realidade política mostrou que a ideia de Vítor Gaspar era irrealista e é certo que mesmo um conhecimento superficial da cultura política e social dominante no Portugal dos Pequeninos permite razoavelmente antecipar que a simples consideração da possibilidade de ter um governador estrangeiro do BdeP desencadearia uma reacção endogâmica das corporações e uma onda de indignação patrioteira que só encontraria paralelo na reacção ao ultimato inglês que acabou com a ilusão do mapa cor-de-rosa.

Contudo, atrelar a resposta do governo à pandemia a estes dois exemplos é uma argumentação falaciosa porque neste caso as variáveis em jogo são muito mais complexas e o resultado final não foi consequência de uma estratégia racional delineada. Em vez disso, a resposta do governo foi o resultado da evolução de um sistema caótico que envolveu os medos colectivos, a manipulação desses medos pelos mídia, por várias razões que agora não vêm ao caso, a falta de informação objectiva e independente, a falta de proactividade, a desorientação e a cobardia do governo que foi atrás desses medos colectivos e até a hipocondria do presidente da República. Dizer que esta era a única alternativa é confundir o realismo económico com o situacionismo político.

Existiam para o passado, e existem ainda para o futuro, estratégias realistas alternativas. Por várias razões de que vou citar apenas uma (quem quiser aprofundar pode navegar nos posts da série sobre o Covid-19): como ficou demonstrado, em nenhum momento os internados por Covid-19 atingiram 4% da capacidade hospital e os casos mais graves nunca atingiram os 300 casos ou seja menos de 50% da capacidade das UCI e por isso o sistema português de saúde nunca esteve perto da rotura e existiu, mesmo durante o pico, um excesso de confinamento de que resultou um impacto desnecessariamente elevado na economia, sem que daí tivesse resultado uma diminuição dos óbitos.

18/05/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (33) - Em tempo de vírus (X)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Orchestral Manoeuvres in the Dark / Abriu a caça ao Centeno

Talvez haja um propósito nisto tudo. Ou não. Costa não conhece o contrato que assinou, nem o orçamento que referendou, Marcelo não conhece o orçamento que promulgou e dá razão a Costa onde ele a não tinha e recebe em troca uma declaração de voto, o Berloque de Esquerda votou cinco orçamentos mas não conhece a transferência para o Fundo de Resolução prevista no OE 2020 e que em nada dependia de uma auditoria passada, presente ou futura.

Para quem pensasse que a classe política já tinha batido no fundo, eis uma evidência que o fundo nunca é suficientemente fundo para esta gente.

Complexo político-empresarial socialista

A Associação Mutualista e a sua participada Montepio Geral poderiam constituir um paradigma do que é o socialismo empresarial, algo que é uma contradição nos termos e que se caracteriza pela completa ausência de accountability, pelo compadrio, opacidade e trafulhice e constitui, como não podia deixar de ser, um abrigo para a nomenclatura socialista. Sem surpresa, acabaram de contratar Paulo Pedroso um antigo dirigente do PS, em tempos arguido no caso Casa Pia, para fazer um estudo sobre mutualismo. É capaz de ser um contrato semelhante aos que o seu irmão João Pedroso assinou com Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação de José Sócrates que o contratou de 2005 a 2007 por duas vezes para fazer o mesmo manual de direito da Educação, nunca acabado, e pagou pela segunda vez uma tença mensal de 20 mil euros mensais, mais de 13 vezes superior à primeira. O resultado foram umas dezenas de pastas com fotocópias cujo custo total ultrapassou 300 mil euros.

A família socialista tem imenso jeito para o negócio

O talento socialista para o negócio não poderia perder a oportunidade concedida pela urgência das compras relacionadas com a "guerra" contra a pandemia, urgência que, como quase todas as urgências, resultou de uma gestão reactiva e errática. O governo manda a imprensa amiga dizer que conseguiu na compra de máscaras preços mais baixos e prazos mais curtos do que os negociados pela UE, para fazer esquecer os ajustes directos com empresas amigas fantasmas a preços acima dos correntes (ler aqui o resultado da investigação do Portugal Profundo), a enorme trafulhice na compra de ventiladores que eram para chegar e não chegaram (ver este post do Blasfémias) e as compras de três milhões de máscaras com certificados falsos ou inválidos a uma empresa de João Cordeiro, durante anos lóbista das farmácias.

17/05/2020

Pensamento confinado: distanciamento social sem desaprovação social

«If it were not for the terrors surrounding us, this is the life I’ve always wanted — social distancing without social disapproval.»

Tom Stoppard, dramaturgo e argumentista, depois de cinco semanas de confinamento, num artigo da Spectator

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (18) - Há infectados que não foram testados? (3)

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é a continuação dos posts "Há infectados que não foram testados?" (1) e (2)

Em retrospectiva: deve-se distinguir-se a taxa ou coeficiente de letalidade, que relaciona o número de óbitos com o número de infectados, e a taxa de mortalidade que relaciona o número de óbitos causados por uma epidemia com a população, num caso e noutro com referência a uma determinada área (mundo, pais, região, cidade, etc.). Acumulam-se dados mostrando ser o número real de infectados muito maior do que os infectados testados. Vou citar mais dados de fontes fiáveis sobre o número real de infectados:
É claro se o número de infectados é muito maior do que o das pessoas com testes positivos, as taxas de letalidade serão muito inferiores às mencionadas pelos mídia, como mostram outros estudos:
A ser assim, a gravidade da pandemia será muito menor e menos se justificarão medidas extremas de confinamento.

(Continua)

16/05/2020

CAMINHO PARA A SERVIDÃO: A liberdade é muito difícil e é pouco apreciada

Depois de uma ditadura frouxa de 48 anos que suprimiu liberdades, um PREC que continuou a suprimir liberdades e quase converteu o país num satélite de Moscovo, depois de 46 anos de um regime democrático tutelado durante a maior do tempo por partidos que não apreciam a sociedade civil e fazem do Estado o alfa e ómega da vida política, só mesmo distraídos não concordariam com a justeza do pensamento de António Alçada Baptista que faz de epígrafe a este blogue:
«Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.»
O que se está a passar com a "guerra" que, com a bênção de Belém, o governo está a conduzir contra a pandemia, com medidas de limitação das liberdades cada vez mais visivelmente injustificadas, aplaudidas pelo jornalismo de causas dominante em quase todas as redacções, que fazem o novo situacionismo das esquerdas ter sonhos de amanhãs que cantam, medidas que são aceites passivamente por uma manada dócil, tudo isto deveria ser suficiente para acordar os últimos distraídos. Deveria, mas não é.

É o que revela mais outra sondagem (a da Intercampus): uma subida de 5 pp para 40,3% do PS, perto da maioria absoluta, acompanhado pelos parceiros da geringonça com 9% e 5,9%, que mantêm a intenção de voto. Com um PS-D transformado em muleta socialista, a oposição fica adjudicada a um Chega que funciona como uma anfetamina da esquerdalhada. Sim, na Gália ocupada pelos romanos há uma aldeia: o Iniciativa Liberal que cresceu mais um pouco, mas os seus 3,2% não dão para ter grandes esperança de inverter o caminho para a servidão que prosseguimos com afinco.

Uma Óropa à mercê do Czar Putin

«Era para ser o maior envio de tropas da América através do Atlântico desde a Guerra Fria. Em vez disso, o "Defender 20", um exercício projectado para testar a capacidade da América de mover uma divisão (cerca de 20.000 soldados) para dentro e para toda a Europa, foi comprometido pelo Covid-19 e cancelado em Março. Mas as lições do exercício cancelado eram vitais para os planos de guerra ocidentais, que dependem de exércitos serem capazes de correr para o leste sobre o sistema rodoviário e ferroviário desarticulado da Europa numa crise.

Após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2014, uma NATO reavivada colocou 5.000 tropas em quatro modestos grupos de batalha através dos estados bálticos e da Polónia para deter mais aventureirismo. Isso atrasaria em vez de parar um avanço russo. Se atacados, precisariam de reforço maciço, e rápido. Assim, os aliados concordaram que até este ano teriam 30 batalhões, 30 navios de guerra e 30 esquadrões aéreos — todos disponíveis para a NATO em 30 dias.

Mas reforçar a linha de frente depende não apenas de ter unidades prontas, mas também de se elas poderem chegar onde são necessárias, isto é mobilidade militar. Ben Hodges, um general aposentado que comandou as forças do exército americano na Europa em 2014-17, diz que o deslocamento de tropas e equipamentos através das fronteiras foi uma dor de cabeça burocrática e logística. Ainda é, de acordo com um relatório recente que ele co-escreveu, publicado pelo Centro Internacional de Defesa e Segurança e pelo Centro de Análise de Políticas Europeias, think-tanks na Estónia e Washington, respectivamente.

Alguns obstáculos são processuais, como os controlos nas fronteiras do material militar. Outros têm a ver com infraestrutura. A diferença nas bitolas ferroviárias europeias e bálticas requer a troca de comboios na fronteira polaca-lituana, por exemplo, enquanto a estrada chave Poznan-Varsóvia, como muitas estradas no leste da Europa construídas para lidar com material mais leve do Pacto de Varsóvia, não pode ser usada pelos tanques americanos M1 Abrams. Ao todo, seriam necessários 60 dias para levar uma divisão pesada americana para a região do Báltico e de cinco a seis meses para um corpo (até 45.000 soldados), diz o relatório. Até lá, os invasores russos já estariam bem instalados.
» (America’s dry run to defend Europe is derailed by covid-19)

Com exércitos mal preparados, insuficientemente equipados e descoordenados, os países da UE dependem para a sua defesa, mais do nunca, da NATO e das forças armadas americanas. Dependem, mais do que nunca, e, mais do que nunca, não podem contar com uma administração Trump que sob o slogan Make America Great Again irá fazer a América cada vez mais pequena e voltada para o seu umbigo. 

Se isso para os portugueses é igual ao litro, porque a Óropa é para eles um tio rico que se espera disponível para financiar a preguiça e a falta de iniciativa dos sobrinhos, e se para os filhos espirituais dos que durante a Guerra Fria gritaram better red than dead é até uma situação desejável, para os habitantes dos países da Europa de Leste, como a Polónia, os países Bálticos e os dos Balcãs, a Rússia do clã putinesco é uma ameaça real, que tal como interveio na Geórgia e anexou a Crimeia, não hesitará, se puder, em repetir os feitos do Império Soviético.

15/05/2020

Lost in translation (336) - Diz o roto ao nu: porque não te veste tu?

«Sabe como cheguei a deputado? Porque o povo português me elegeu, contrariamente ao senhor, que só é ministro porque foi nomeado e por isso depende do senhor primeiro-ministro» disse o deputado do PSD Álvaro Almeida a Mário Centeno durante o debate parlamentar.

Como habitualmente, para compreender declarações obscuras das nossas luminárias utilizei o nosso tradutor automático (um web bot de AI com machine learning baseada numa Neural Network com acesso a servidores de Big Data). O resultado foi:
«Sabe como cheguei a deputado? Porque a direcção do meu partido, em reconhecimento dos serviços prestados, me incluiu numa lista de candidatos e 31,16% dos eleitores do distrito do Porto que não me conheciam de lado nenhum votaram nessa lista em número suficiente para eleger 15 deputados e como eu estava em 8.º lugar lá fiquei com o lugar em acumulação com vereador da câmara do Porto e professor universitário (...)»

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (30) - Eles sabem que nós existimos. Que bom!

Outros portugueses no topo do mundo.

Tenho usado esta série de post para ironizar com a obsessão, filha de um complexo de inferioridade, dos jornalistas portugueses (na verdade, também de muitos outros que não são jornalistas) em encontrar portugueses que eles acham se encontram no topo do mundo, mas em rigor são criaturas citadas pelos mídia estrangeiros.

Desta vez é diferente. Trata-se de jornalista estrangeiros, no caso da revista inglesa Spectator que na sua newletter cita um responsável do think-tank de temas de saúde Nuffield Trust, que faz uma referência elogiosa aos procedimentos nos hospitais portugueses.

Quote of the day
‘I was talking to the chief executive of a teaching hospital in Portugal who are testing their staff much more than weekly, some of them are being tested daily.’
Nigel Edwards from the Nuffield Trust telling the Commons health committee that UK needs to test NHS staff more often. 

Não é preciso embandeirar em arco. Afinal, com 10 milhões de tugas, ou 0,14% das criaturas de quatro patas deste planeta, o mais elementar cálculo de probabilidades diz-nos que em cada milhão de referências nos mídia a pessoas apresentáveis como exemplo ou com notoriedade a nossa quota são umas 1.400 referências, se não formos menos exemplares ou notórios do que a média.

14/05/2020

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (17) - O que teria acontecido sem confinamento? (4)

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é continuação de "O que teria acontecido sem confinamento?" (1),  (2) e (3) onde se concluiu que os idosos tem uma letalidade muito mais elevada, os acolhidos em lares de idosos representam uma percentagem muito significativa do total de vítimas, os países que não adoptaram o confinamento generalizado e compulsivo tiveram mais óbitos (mas muitos menos do que vários dos países mais confinados) em contrapartida de mais imunidade que limitará os óbitos futuros. Por tudo isto, a única justificação aceitável para o confinamento é evitar o colapso dos sistemas de saúde.

Se evitar o colapso dos sistemas de saúde é a única justificação aceitável para o confinamento, será que esse colapso esteve ou está próximo em algum país e nomeadamente em Portugal?

Para tentar responder a esta questão no que respeita a Portugal precisamos de saber a capacidade existente do sistema de saúde em termos de internamento e de unidades de cuidados intensivos (UCI) e compará-la com as necessidades adicionais impostas pela pandemia.

Em 2018 existiam nos hospitais portugueses públicos e privados 35.429 camas das quais aproximadamente 2/3 na área metropolitana de Lisboa e no região Norte em parte iguais (PORDATA). Segundo a ministra da Saúde, existem actualmente mais de 620 camas de cuidados intensivos. 

Fonte: DGS
Como se constata no diagrama, mesmo no pico da pandemia o número de internados não ultrapassou 1.302 e nos últimos dias é inferior a 700. Ou seja, em momento algum os internados por Covid-19 atingiram 4% da capacidade hospital e o número de casos mais graves nunca chegou a 300 ou seja menos menos de 50% da capacidade das UCI e nas últimas semanas não atingiram sequer 20%. Temos pois de concluir que o sistema português de saúde nunca esteve perto da rotura e que existiu, mesmo durante o pico, um excesso de confinamento de que resultou um impacto desnecessariamente elevado na economia, sem que daí tivesse resultado uma diminuição dos óbitos.

(Continua)

Repugnante é a política da pedinchice

«Os portugueses, ou a maioria deles, necessitam de duas coisas: primeiro, de culpar alguém pelos seus males e, segundo, do próximo ilusionista. Trata-se dum modo sequencial de complacência. É curioso que muitos portugueses vejam António Costa como um herói perante a relutância dos outros em nos ajudar, mas que nada digam quando o Primeiro-ministro nada faz para que os portugueses tenham o respeito dos nossos parceiros europeus e não só. Respeito que merecem. Resultado? Há 44 anos que os mesmos partidos são eleitos para a Assembleia da República e para o governo. Há 44 anos que Portugal fica mais pobre. (...)

Há que manter vivo o velho ideal socialista. Os ricos ainda não foram todos suprimidos. Mas, como o Estado português já é um autêntico pedinte, é só uma questão de tempo.
É escandaloso a persistência na pedinchice de mão estendida com um sorriso na cara.
É indecente que nada seja feito para mudar o que os outros pensam sobre nós.
É indecoroso que a despesa pública continue a aumentar.
É indigno a promoção da discriminação enquanto se restringem as liberdades.
É imoral a dívida que vamos deixar aos nossos filhos e netos.

Entretanto, as reformas estruturais estão por fazer. O dinheiro dos contribuintes continua a ser “investido” nas empresas privadas em falência técnica. E que aqueles que diziam não pagar dívidas são os primeiros a prostrar-se perante os pés dos credores, implorando por caridade. Insignificâncias. Nada que preocupe o governo.

E isto é que é repugnante. Verdadeiramente re-pug-nan-te!»

É tão raro encontrar na imprensa portuguesa referência a esta vergonha nacional, que é o peditório à Óropa, que deixo aqui o meu reconhecimento a Vicente Ferreira da Silva por ter a impopular ousadia de condenar práticas políticas que nos deveriam envergonhar como povo mas que, infelizmente, mais do que toleradas, são exaltadas.

13/05/2020

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (101) - Para que não restem dúvidas

Outras preces

O Dr. António Costa mente ou tem má memória quando se desculpa sobre não saber do empréstimo para o Fundo de Resolução dos 850 milhões destinados ao Novo Banco, empréstimo que resultou de um contrato que ele assinou em 2017 com os compradores do NB e que está previsto no OE 2020 por ele também assinado. Nada disto dependia de alguma auditoria a fazer ou em curso.

O Dr. Centeno disse isso mesmo, por outras palavras, na entrevista à TSF na segunda-feira, e esta manhã voltou o dizê-lo no parlamento.

Durante a visita à Autoeuropa acompanhado do Dr. Costa, S. Ex.ª, que não podia deixar de saber de tudo isso, pagou o preço do anunciado apoio do Dr. Costa à sua reeleição e acrescentou à já longa lista de iniquidades mais uma, e disse aos jornalistas:
«O primeiro-ministro esteve muito bem quando disse que fazia sentido que o Estado cumprisse as suas responsabilidades, mas naturalmente se conhecesse previamente a conclusão da auditoria».
E perante a pergunta se isso foi uma desautorização ao ministro?, respondeu com a habitual malícia «Significa aquilo que eu disse. Não tenho mais nada a dizer. O que disse foi claríssimo».

Questionado, o Dr. António Costa acrescentou que nada mais tinha dizer. Pudera!

Eis aqui mais uma razão porque eu não votei nem nunca votarei no Sr. Professor Marcelo Rebelo de Sousa, ainda que Cristo desça de novo à terra.

Aditamento:

Exibindo os seus dotes na intriga e na manobra e corrigindo o tiro, S. Ex.ª telefona à tarde ao Dr. Centeno a dizer-lhe que o que tinha dito de manhã aos jornalistas foi «um equívoco». Percebendo que tinha outra vez acertado nos próprios pés, encomenda à jornalista porta-voz em serviço no Expresso um artigo conspirativo na tentativa de exportar o equívoco para o Dr. Costa. Não tem emenda e está outra vez equivocado por não perceber que Costa não é Centeno. Costa é um catedrático na manobra e tem às suas ordens as tropas do PS e os emissários nas redacções.

Há quem lhe chame jornalismo de referência

Expresso

«O Brasil tem o número mais alto de mortes»

O Brasil teve ontem 779 mortes (*), o 2.º número de mortes depois dos EUA, e até ontem tinha 58 mortos por milhão de habitantes, a 28.º taxa mais alta, praticamente metade da portuguesa (114), menos de 8% da belga, 10% da espanhola e 11% da italiana.

(*) Hoje (16h) tinha 57 novas mortes

«A Rússia é o 2.º país mais afectado pelo surto»

A Rússia até ontem tinha 232.243 infectados, o 3.º valor mais alto depois dos EUA e da Espanha, correspondentes a 1.591 infectados por milhão de habitantes, a 46.ª taxa mais alta, 58% da taxa portuguesa, 28% da taxa espanhola, 34% da belga e 44% da italiana.

Fonte: worldometers