16/05/2020

Uma Óropa à mercê do Czar Putin

«Era para ser o maior envio de tropas da América através do Atlântico desde a Guerra Fria. Em vez disso, o "Defender 20", um exercício projectado para testar a capacidade da América de mover uma divisão (cerca de 20.000 soldados) para dentro e para toda a Europa, foi comprometido pelo Covid-19 e cancelado em Março. Mas as lições do exercício cancelado eram vitais para os planos de guerra ocidentais, que dependem de exércitos serem capazes de correr para o leste sobre o sistema rodoviário e ferroviário desarticulado da Europa numa crise.

Após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2014, uma NATO reavivada colocou 5.000 tropas em quatro modestos grupos de batalha através dos estados bálticos e da Polónia para deter mais aventureirismo. Isso atrasaria em vez de parar um avanço russo. Se atacados, precisariam de reforço maciço, e rápido. Assim, os aliados concordaram que até este ano teriam 30 batalhões, 30 navios de guerra e 30 esquadrões aéreos — todos disponíveis para a NATO em 30 dias.

Mas reforçar a linha de frente depende não apenas de ter unidades prontas, mas também de se elas poderem chegar onde são necessárias, isto é mobilidade militar. Ben Hodges, um general aposentado que comandou as forças do exército americano na Europa em 2014-17, diz que o deslocamento de tropas e equipamentos através das fronteiras foi uma dor de cabeça burocrática e logística. Ainda é, de acordo com um relatório recente que ele co-escreveu, publicado pelo Centro Internacional de Defesa e Segurança e pelo Centro de Análise de Políticas Europeias, think-tanks na Estónia e Washington, respectivamente.

Alguns obstáculos são processuais, como os controlos nas fronteiras do material militar. Outros têm a ver com infraestrutura. A diferença nas bitolas ferroviárias europeias e bálticas requer a troca de comboios na fronteira polaca-lituana, por exemplo, enquanto a estrada chave Poznan-Varsóvia, como muitas estradas no leste da Europa construídas para lidar com material mais leve do Pacto de Varsóvia, não pode ser usada pelos tanques americanos M1 Abrams. Ao todo, seriam necessários 60 dias para levar uma divisão pesada americana para a região do Báltico e de cinco a seis meses para um corpo (até 45.000 soldados), diz o relatório. Até lá, os invasores russos já estariam bem instalados.
» (America’s dry run to defend Europe is derailed by covid-19)

Com exércitos mal preparados, insuficientemente equipados e descoordenados, os países da UE dependem para a sua defesa, mais do nunca, da NATO e das forças armadas americanas. Dependem, mais do que nunca, e, mais do que nunca, não podem contar com uma administração Trump que sob o slogan Make America Great Again irá fazer a América cada vez mais pequena e voltada para o seu umbigo. 

Se isso para os portugueses é igual ao litro, porque a Óropa é para eles um tio rico que se espera disponível para financiar a preguiça e a falta de iniciativa dos sobrinhos, e se para os filhos espirituais dos que durante a Guerra Fria gritaram better red than dead é até uma situação desejável, para os habitantes dos países da Europa de Leste, como a Polónia, os países Bálticos e os dos Balcãs, a Rússia do clã putinesco é uma ameaça real, que tal como interveio na Geórgia e anexou a Crimeia, não hesitará, se puder, em repetir os feitos do Império Soviético.

2 comentários:

  1. "Sob o slogan Make America Great Again irá fazer a América cada vez mais pequena".

    Desconfiar sempre de nós próprios, quando o tino nos diz que o que é melhor para os outros é o que, por mera coincidência, serve os nossos próprios interesses...

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  2. Política é, e será, sempre política.
    Aqui está uma das astúcias usadas para acabar com a UE. Graças sejam dadas. Rússia, EUA, China, e os ex-Leste europeu, "ajuntaram-se"...
    ao

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