25/05/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (34) - Em tempo de vírus (XI)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os outros cumpra-se a lei

«Não adianta estar a promover a leitura de jornais se não fizermos simultaneamente a promoção da literacia mediática, isto é, da capacidade de qualquer cidadão, seja de que idade for, poder descodificar, compreender e ler de maneira clara os sinais do seu tempo».

O pensamento supra é do Dr. Nuno Artur Silva, secretário de Estado do Estado do Cinema, Audiovisual e Media - o equivalente ao Winston Smith do ministério da Verdade do Dr. Costa - e proprietário das Produções Fictícias, empresa que ficticiamente vendeu ao sobrinho (estória contada aqui, ali e acolá). Traduzindo em português corrente, a literacia mediática será atingida quando o discurso do Dr. Costa chegar aos eleitores pela sua palavra ou pela pena e boca de mediadores autorizados. E como se promove a literacia mediática? Vai-se promovendo, passo a passo. Por agora distribuindo dinheiro a quem está mais habilitado para essa promoção.

Orchestral Manoeuvres in the Dark / Abriu a caça ao Centeno

Talvez haja um propósito nisto tudo. Ou não, escrevi a semana passada, Ou sim, escrevo hoje. Segundo a Dr.ª Ana Gomes, Pasionaria do PS e profissional da indignação, «esta crise indica que Centeno está a prazo e admito que boa parte deste esquema seja para inviabilizar a sua ida para o Banco de Portugal. Porquê? Eles quererão garantir aí alguém mais maleável». Quem sou eu para discordar, sobretudo no que respeita a procurar "maleabilidade", qualidade indispensável na governação socialista.

No Estado Sucial não há conflito de interesse. Há interesses em conflito. Centeno contra Centeno

Não foi preciso esperar que o Dr. Centeno tirasse o chapéu de ministro das Finanças e o substituísse pelo de governador do Banco de Portugal, por ele tutelado enquanto ministro, para se confirmar o conflito de interesses que num Estado não ocupado por uma nomenclatura seria motivo impeditivo para a "transferência". Para usar as palavras inusitadamente desassombradas do semanário de reverência, «o ministro não avançou com a lei que lhe retiraria poderes caso mudasse de cadeira».

Cuidando da freguesia eleitoral

Aprovar um bónus de um milhão a 163 funcionários da SS com funções de cobrança coerciva é o apogeu na carreira de um apparatchik socialista: a extorsão aos contribuintes para proporcionar um merecido prémio à freguesia eleitoral.

Boas Notícias

Suspeitei desde o princípio que a mega fábrica de hidrogénio do Dr. Galamba, que vem sendo anunciada há 6 meses, fosse um projecto de "realidade aumentada". Com a aprovação de a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2), e o seu anúncio pelo ministro do Ambiente da Acção Climática que diz «ser o primeiro país a apresentá-la» subiu de nível a probabilidade de ser mais uma acção de marketing a repetir periodicamente nos próximos anos.

«Em defesa do SNS, sempre»

Desta vez foi a CE que reconheceu que o investimento no sistema de saúde foi descurado e que «a crise de covid-19 demonstrou a fragilidade das estruturas de cuidados de longa duração em Portugal». O Dr. Centeno, comprovando que não foram em vão os cinco anos de convivência com o Dr. Costa, desculpou-se que em 2019 o nível de investimento na Saúde, querendo dizer o nível de despesa em Saúde, foi o mais alto desde 2012 e esquecendo-se de informar que grande parte do aumento da despesa foi resultante da redução do horário para as 35 horas que ele, aliás, garantira em 2016 não ter impacto orçamental.

«Estamos preparados»

O Estado Sucial (que é um Estado social ocupado por uma súcia) é por definição uma máquina ineficaz que não faz as coisas certas. Ocupado pelo Dr. Costa e a sua tribo, o Estado Sucial acrescente à ineficácia a ineficiência, isto é não faz bem as coisas. O resultado quando aplicado ao processamento dos pedidos de lay-off foi um pandemónio que a ministra explicou ter acontecido porque «ninguém estava preparado» para usar o novo sistema informático.

Quem também pensa que ninguém estava preparado é o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares que apontou o dedo à gestão das compras e em particular à qualidade dos ventiladores.

A ministra da Saúde reconhece que as consultas por fazer ultrapassam 1,3 milhões e diz que faltam 400 camas para cuidados intensivos. O primeiro reconhecimento oferece-nos mais um exemplo de ineficácia e o segundo de ineficiência, já que, como o outro contribuinte aqui mostrou, a capacidade das UCI nunca foi utilizada a mais de 50% mesmo no pico da pandemia e nas últimas semanas foi sempre abaixo de 20%.

A família socialista tem imenso jeito para o negócio

A encomenda à China de 500 ventiladores, dos quais ao fim de vários meses talvez tenha chegado umas dezenas, é mais um exemplo do jeito socialista para o negócio, e ao mesmo tempo de ineficácia na gestão da coisa pública, e de ineficiência uma vez que até no pico da pandemia eles não forem necessários e são agora justificados com «temos de reforçar a capacidade do Serviço Nacional de Saúde».

«Queda monumental»

Ainda a procissão vai no adro e com apenas duas semanas de confinamento no primeiro trimestre o défice conjunto das balanças corrente e de capital duplicou para 700 milhões. Quando começam a estar disponíveis os números de Abril, já em pleno confinamento, confirmam-se os piores prognósticos: o número de desempregados aumenta 22% para 390 mil e duplica o número de empresas que tenciona despedir; 110 mil empresas pediram o lay-off e até 20 de Maio 65 mil empresas pediram a sua prorrogação; os bancos receberam 569 mil pedidos de moratórias, dos quais 90% foram aprovados.

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