- «Portugal sofre de um complexo de inferioridade e da percepção de ser económica, política e militarmente mais fraco do que os seus aliados», donde o gosto por «brinquedos caros» (submarinos).
- «Os militares têm uma cultura de statu quo em que as posições-chaves são preenchidas por carreiristas que evitam entrar em controvérsias, em vez de ser preenchidas com pensadores criativos promovidos pelo seu desempenho»; alguns desses carreiristas são os «170 generais adicionais que recebem o ordenado por inteiro enquanto se mantêm inactivos na reserva».
- «Nunca deveríamos perder uma oportunidade para encorajar o governo português, porque o governo português nunca perderá uma oportunidade para adiar.»
28/02/2011
NÓS VISTOS POR ELES: Retrato a la minute do Portugal dos songamongas
Podemos esgravatar nas entrelinhas, encontrar inexactidões, incongruências, simplificações redutoras e o mais que quisermos. Ainda assim, seria uma falta de honestidade para connosco branquear os juízos certeiros que o embaixador americano Thomas Stephenson escreveu nos seus relatórios, agora divulgados pelo Expresso a partir dos cables distribuídos pelo Wikileaks. Alguns exemplos relacionados com as Forças Armadas:
27/02/2011
A caminho dos amanhãs que choram os pastorinhos abandonam o barco (5)
[Continuação de (1), (2), (3) e (4)]
Não consigo deixar de me surpreender com as conversões nos últimos tempos. Uma das mais surpreendentes é a de Daniel Amaral. Como já aqui escrevi, só os burros não mudam, eu sei, mas serão precisos 4-anos-4 para perceber onde nos iria conduziria o governo de José Sócrates? Chamar agora «ilusionismo» aos seus golpes de teatro, a propósito das exportações, não será um pouco tarde? E desde quando o défice da balança corrente anda pelos 10% e é o mais alto da Zona Euro?
Não consigo deixar de me surpreender com as conversões nos últimos tempos. Uma das mais surpreendentes é a de Daniel Amaral. Como já aqui escrevi, só os burros não mudam, eu sei, mas serão precisos 4-anos-4 para perceber onde nos iria conduziria o governo de José Sócrates? Chamar agora «ilusionismo» aos seus golpes de teatro, a propósito das exportações, não será um pouco tarde? E desde quando o défice da balança corrente anda pelos 10% e é o mais alto da Zona Euro?
26/02/2011
Vou esperar mais algum tempo antes de me declarar admirador de António Mexia (3)
[Continuação de (1) e (2)]
Questionado sobre as razões da queda de 30% dos lucros da EDP Renováveis, o inefável Mexia explica com um ar bastante enfastiado: «a única coisa que traduz é obviamente é a evolução dos preços da energia a nível mundial, como sabem … tiveram uma descida muito significativa nos últimos anos … isto a única coisa que isto traduz é as condições exigentes do mercado». Imagine-se se a EDP renováveis não fosse uma empresa quase-monopolista e tivesse que competir sem subsídios, enfim numa coisa parecida com um mercado…
Questionado sobre as razões da queda de 30% dos lucros da EDP Renováveis, o inefável Mexia explica com um ar bastante enfastiado: «a única coisa que traduz é obviamente é a evolução dos preços da energia a nível mundial, como sabem … tiveram uma descida muito significativa nos últimos anos … isto a única coisa que isto traduz é as condições exigentes do mercado». Imagine-se se a EDP renováveis não fosse uma empresa quase-monopolista e tivesse que competir sem subsídios, enfim numa coisa parecida com um mercado…
Será esperar muito do líder da oposição?
O líder da oposição tem pelo menos a seu favor ser proprietário de um apartamento em Massamá, comprado com o seu dinheiro, ou com o dinheiro do banco (espera-se seja reembolsado), e não de um apartamento no Castilho Héron, comprado sabe-se lá como e com que dinheiro. É um bom começo, mas não chega. São precisas ideias.
Será esperar muito do líder da oposição que, em vez de se deixar acossar pela matilha dos apparatchiks, babando-se a imaginar as tenças à sua espera depois das eleições, esprema os seus neurónios e os das luminárias pululando à sua volta e produza uma visão para Portugal sair o país do caminho para insolvência, primeiro e com urgência, e do caminho para a servidão, depois?
Para começo de conversa poderia ler o texto de David Cameron publicado no Telegraph, esquecer a pomposa Big Society e reflectir sobre os princípios enunciados para aliviar a sociedade civil da asfixia pelo Moloch estatal. A começar pelo princípio da diversidade - a prestação de serviços público deve ser aberta a prestadores em concorrência e a prestação monopolista pelo Estado precisa de ser justificada e fundamentada. A continuar com o princípio da escolha descentralizada – deve ser proporcionada aos cidadãos a possibilidade de escolher o seu prestador de serviços, seja ele um hospital ou uma escola, ao mais baixo nível possível.
Será esperar muito do líder da oposição que, em vez de se deixar acossar pela matilha dos apparatchiks, babando-se a imaginar as tenças à sua espera depois das eleições, esprema os seus neurónios e os das luminárias pululando à sua volta e produza uma visão para Portugal sair o país do caminho para insolvência, primeiro e com urgência, e do caminho para a servidão, depois?
Para começo de conversa poderia ler o texto de David Cameron publicado no Telegraph, esquecer a pomposa Big Society e reflectir sobre os princípios enunciados para aliviar a sociedade civil da asfixia pelo Moloch estatal. A começar pelo princípio da diversidade - a prestação de serviços público deve ser aberta a prestadores em concorrência e a prestação monopolista pelo Estado precisa de ser justificada e fundamentada. A continuar com o princípio da escolha descentralizada – deve ser proporcionada aos cidadãos a possibilidade de escolher o seu prestador de serviços, seja ele um hospital ou uma escola, ao mais baixo nível possível.
25/02/2011
Um governo à deriva
O primeiro-ministro anuncia o que já estava anunciado, reincidindo em disparates como a proibição de estágios não remunerados - uma excelente medida para combater as oportunidades de emprego.
Enquanto isso, é agora impossível esconder que opior dos melhores melhor dos piores ministros das Finanças preparou um orçamento baseado em premissas delirantes, como o petróleo a 79 dólares. E não nos digam que as revoluções jasmins bla bla, quando há um ano se sabia que as grandes economias emergentes recomeçaram a puxar pela procura de petróleo e os preços só poderiam subir.
Enquanto isso, é agora impossível esconder que o
CASE STUDY: Um imenso Portugal?
Um dragão como herança
O governo passado comprou com dinheiro público gasto sem restrições cada ponto da aprovação recorde nas pesquisas de opinião. A boa vontade dos mais pobres foi obtida principalmente com a distribuição a fundo perdido de 13 bilhões de reais por ano, sem a exigência da contrapartida de aprender a caminhar com as próprias pernas. As classes médias obnubilaram-se com o crédito fano e os prazos para pagar suas compras em até 84 meses, ou sete anos. As empresas não tiveram razões para queixas com a oferta de 170 bilhões de reais em recursos subsidiados oferecidos pelo BNDES. A gastança, como sempre, foi ainda maior em 2010, ano eleitoral quando as despesas do governo federal cresceram 15% acima da inflação, chegando a 700 bilhões de reais.
A presidente Dilma Rousseff foi beneficiada eleitoralmente pelo clima de festa na economia, mas pode alegar que já estava fora do governo quando as decisões mais irresponsáveis foram tomadas.
Uma reportagem desta edição de VEJA mostra que a festa acabou, e a conta amarga acaba de chegar na forma de bombas inflacionárias de efeito retardado. Janeiro de 2011 registrou o mais alto pico de carestia dos últimos seis anos. Na semana passada, esses petardos começaram a ser desativados. O primeiro passo foi o anúncio do corte de 50 bilhões de reais no orçamento da União - uma tesourada nada trivial que supera em valor tudo o que o governo federal investiu em 2010. Mais ajustes terão de ser feitos no decorrer do ano para reconduzir as finanças públicas aos padrões mínimos de governabilidade que vinham apresentando até 2009.
Os mais óbvios desses ajustes são o aumento da taxa de juros e as medidas restritivas ao crédito, ambos com efeito inibidor da atividade econômica. Os custos para os brasileiros serão amargos, e esse sentimento se revelará nas eventuais pesquisas de aprovação da administração Dilma que vierem a ser feitas. Receber como herança um dragão inflacionário tratado a pão de ló pelo governo precedente é algo que Dilma não pôde escolher. Decidir atacá-lo mesmo ao custo de sua popularidade é elogiável.
[Carta ao Leitor na revista Veja de 16-02]
Será que «esta terra ainda vai cumprir seu ideal. Ainda vai tornar-se um imenso Portugal»? Por tudo, incluindo as ligações familiares e afectivas ao Brasil, bem gostaria que não. Ainda haverá uma réstia de esperança com a «presidenta» Dilma que faz reuniões com os ministros à 6.ª feira para evitar fins-de-semana prolongados dos songamongas? Pelo menos a mulher não é parecida com o vendedor da automóveis.
O governo passado comprou com dinheiro público gasto sem restrições cada ponto da aprovação recorde nas pesquisas de opinião. A boa vontade dos mais pobres foi obtida principalmente com a distribuição a fundo perdido de 13 bilhões de reais por ano, sem a exigência da contrapartida de aprender a caminhar com as próprias pernas. As classes médias obnubilaram-se com o crédito fano e os prazos para pagar suas compras em até 84 meses, ou sete anos. As empresas não tiveram razões para queixas com a oferta de 170 bilhões de reais em recursos subsidiados oferecidos pelo BNDES. A gastança, como sempre, foi ainda maior em 2010, ano eleitoral quando as despesas do governo federal cresceram 15% acima da inflação, chegando a 700 bilhões de reais.
A presidente Dilma Rousseff foi beneficiada eleitoralmente pelo clima de festa na economia, mas pode alegar que já estava fora do governo quando as decisões mais irresponsáveis foram tomadas.
Uma reportagem desta edição de VEJA mostra que a festa acabou, e a conta amarga acaba de chegar na forma de bombas inflacionárias de efeito retardado. Janeiro de 2011 registrou o mais alto pico de carestia dos últimos seis anos. Na semana passada, esses petardos começaram a ser desativados. O primeiro passo foi o anúncio do corte de 50 bilhões de reais no orçamento da União - uma tesourada nada trivial que supera em valor tudo o que o governo federal investiu em 2010. Mais ajustes terão de ser feitos no decorrer do ano para reconduzir as finanças públicas aos padrões mínimos de governabilidade que vinham apresentando até 2009.
Os mais óbvios desses ajustes são o aumento da taxa de juros e as medidas restritivas ao crédito, ambos com efeito inibidor da atividade econômica. Os custos para os brasileiros serão amargos, e esse sentimento se revelará nas eventuais pesquisas de aprovação da administração Dilma que vierem a ser feitas. Receber como herança um dragão inflacionário tratado a pão de ló pelo governo precedente é algo que Dilma não pôde escolher. Decidir atacá-lo mesmo ao custo de sua popularidade é elogiável.
[Carta ao Leitor na revista Veja de 16-02]
Será que «esta terra ainda vai cumprir seu ideal. Ainda vai tornar-se um imenso Portugal»? Por tudo, incluindo as ligações familiares e afectivas ao Brasil, bem gostaria que não. Ainda haverá uma réstia de esperança com a «presidenta» Dilma que faz reuniões com os ministros à 6.ª feira para evitar fins-de-semana prolongados dos songamongas? Pelo menos a mulher não é parecida com o vendedor da automóveis.
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Desligámos a ambição da possibilidade
«As sucessivas gerações sempre esperaram que alguém, que não eles próprios, resolvesse os seus problemas imediatos ou futuros. Finalmente, porque em Portugal há muito que se desligou a ambição da possibilidade.»
[Os dramas das gerações, António Nogueira Leite no Albergue Espanhol]
[Os dramas das gerações, António Nogueira Leite no Albergue Espanhol]
24/02/2011
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: O ministro anexo já tem substituto
Secção Res ipsa loquitur
Carlos Costa, governador do BdeP fala uma linguagem clara chamando os bois pelos nomes e mostra, por agora, não ser ministro nem anexo, ao contrário do seu antecessor Vítor Constâncio.
Ao ouvir Ricardo Salgado recomendar cautela e caldos de galinha a Carlos Costa, um observador distraído poderia concluir que, ao emigrar para Frankfurt, Vítor Constâncio teria delegado a sua pasta de ministro anexo no banqueiro do regime.
Por essas e por outras, atribuem-se 3 afonsos (ficando 2 de reserva) a Carlos Costa por fazer o seu papel. Ao excelso banqueiro oferecem-se 3 ignóbeis por pretender fazer o papel dos outros, 3 chateaubriands por não se ter dado conta disso e 5 bourbons por continuar a ser igual a si próprio, sem remissão.
Carlos Costa, governador do BdeP fala uma linguagem clara chamando os bois pelos nomes e mostra, por agora, não ser ministro nem anexo, ao contrário do seu antecessor Vítor Constâncio.
Ao ouvir Ricardo Salgado recomendar cautela e caldos de galinha a Carlos Costa, um observador distraído poderia concluir que, ao emigrar para Frankfurt, Vítor Constâncio teria delegado a sua pasta de ministro anexo no banqueiro do regime.
Por essas e por outras, atribuem-se 3 afonsos (ficando 2 de reserva) a Carlos Costa por fazer o seu papel. Ao excelso banqueiro oferecem-se 3 ignóbeis por pretender fazer o papel dos outros, 3 chateaubriands por não se ter dado conta disso e 5 bourbons por continuar a ser igual a si próprio, sem remissão.
CASE STUDY: Um minotauro espera a PT no labirinto da Oi (3)
Havia o labirinto, havia o dobro do preço e há o maior endividamento entre os operadores de telecomunicações em toda a América Latina. É o resultado dos negócios em que se mete o governo. Seria até um milagre se um governo incompetente para gerir as funções básicas do Estado, que não acerta os défices, nem mesmo os números de eleitores, fosse capaz de liderar o complexo político-empresarial socialista para fechar um negócio escorreito.
Pro memoria (19) – enough is (not) enough
- 17-06-2010 «Sócrates confiante em que as medidas são suficientes»
- 01-10-2010 «Sócrates diz que não será preciso novo plano de austeridade em 2011»
- 23-02-2011 «Sócrates inclinado a levar revisão do PEC a votos»
23/02/2011
Conversa fiada (2)
Depois de ter feito o papel de idiota útil ao regime, contribuindo para o insucesso da OPA da Sonae à PT e participando no assalto ao BCP, ajudando a que a primeira continuasse e o segundo entrasse no círculo do complexo político-empresarial socialista, Joe Berardo parece desiludido. Desilusão que pode ser medida pelos muitos milhões de euros de menos-valias da sua participação no BCP, menos-valias insuficientemente compensadas pelo negócio da sua colecção de arte a que o governo deu abrigo no CCB, pagando por cima.
Da sua desilusão com o regime, nasceu-lhe a esperança num «novo sistema de democracia», que pode ser «um novo género de ditadura», assim tipo salazarismo pós-moderno ou talvez tipo chinês – um país, dois sistemas. É claro que se, hipoteticamente, as acções do BCP recuperassem ou o petróleo jorrasse em Aljubarrota ou Torres Vedras, Berardo esqueceria estas efabulações e voltaria ao business as usual.
Da sua desilusão com o regime, nasceu-lhe a esperança num «novo sistema de democracia», que pode ser «um novo género de ditadura», assim tipo salazarismo pós-moderno ou talvez tipo chinês – um país, dois sistemas. É claro que se, hipoteticamente, as acções do BCP recuperassem ou o petróleo jorrasse em Aljubarrota ou Torres Vedras, Berardo esqueceria estas efabulações e voltaria ao business as usual.
ARTIGO DEFUNTO: A dívida secreta
Não sei o que mais admirar. O facto por trás da notícia, a própria notícia ou, sobretudo, o seu espantoso título: «Dívida pública secreta já vale 2,5 mil milhões».
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Eu diria mesmo mais
«Admite-se que a privatização ou a gestão privada de sectores actualmente detidos pelo Estado possa ser benéfica – e poderá mesmo vir a revelar-se imprescindível em muitos casos.» [Lobbies em Portugal: 1 e 2, no Blafémias]
Eu diria mesmo mais. Em matéria de liberalismos deve ser o máximo que um eleitorado colectivista como o português suporta. Se bem conduzida, uma privatização pode ser uma demonstração dos benefícios da iniciativa privada, da concorrência e do mercado. Alguém quereria hoje uma TLP com uma fila de espera de meses para instalar um telefone? Ou um Fonsecas & Burnay que tratava os clientes como sujeitos passivos?
Eu diria mesmo mais. Em matéria de liberalismos deve ser o máximo que um eleitorado colectivista como o português suporta. Se bem conduzida, uma privatização pode ser uma demonstração dos benefícios da iniciativa privada, da concorrência e do mercado. Alguém quereria hoje uma TLP com uma fila de espera de meses para instalar um telefone? Ou um Fonsecas & Burnay que tratava os clientes como sujeitos passivos?
22/02/2011
Por falar no levantamento popular contra os regimes autocráticos árabes
Foram nomeados por esses regimes quatro dos dezoito membros da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas representando países eleitos pela Assembleia Geral. Relembremos ainda a nomeação por Kadhafi, o ditador responsável pela repressão que já vitimou centenas de líbios, do presidente da Comissão de Direitos Humanos no mandato iniciado em 2003, em nome da Líbia eleita pela Assembleia Geral para a presidência da Comissão. Relembremos também o RCD, partido de Zine El Abidine Ben Ali, membro durante décadas da Internacional Socialista que só se lembrou de o expulsar depois do povo tunisino o ter feito.
21/02/2011
DIÁRIO DE BORDO: Uma ou duas coisas que unem os homens de Mubarak e os seus opositores.
Deve haver uma boa explicação para o facto de Lara Logan, a jornalista da CBS News, e a sua equipa terem primeiro sido detidos pelas forças leais a Mubarak, acusados de espiões ao serviço de Israel, e poucos dias depois terem sido atacados na praça Tahrir pelos manifestantes que se opõem ao regime, aos gritos de «espia», «Israel» e «judia». Os manifestantes, talvez levados pela força do hábito de tratarem com as suas mulheres, despiram, esmurraram, esbofetearam e chicotearam Lara Logan e agrediram-na sexualmente.
20/02/2011
De boas intenções está o inferno cheio (4)
Maria João Rodrigues, antiga ministra do Emprego de Guterres, actualmente eurocrata, mostrou-se muito preocupada pelo risco para Portugal «de mais disciplina orçamental e liberalizar os mercados de trabalho para conseguir travar salários e levar a que as pessoas emigrem dos sítios em que há desemprego para aqueles em que há falta de trabalho». Dito de outro modo, a eurocrata preocupa-se por Portugal equilibrar as contas públicas e emagrecer o pantagruélico Estado, pela economia ser mais competitiva e pela Alemanha oferecer oportunidades de trabalho aos nossos jovens desempregados que sabem fazer alguma coisa.
A receita dela passa por tornar a economia mais competitiva com «produtos e serviços com mais valor acrescentado» (onde estão eles?) tirando partido de «termos hoje uma população mais qualificada» (qualificada para quê?) e, claro, Eurobonds e juros iguais aos da Alemanha e, pelo sim, pelo não, um fundo de bailout. Dito de outro modo, a eurocrata prescreve mais Estado e a transferência do risco de insolvência dos PIGS para os países solventes. Da primeira prescrição já tivemos que chegasse com os resultados que se conhecem. Da segunda, seria uma óptima receita se não deparasse com a resistência dos que poupam e não querem ter as suas poupanças delapidadas pelo liberalismo dos pródigos.
A receita dela passa por tornar a economia mais competitiva com «produtos e serviços com mais valor acrescentado» (onde estão eles?) tirando partido de «termos hoje uma população mais qualificada» (qualificada para quê?) e, claro, Eurobonds e juros iguais aos da Alemanha e, pelo sim, pelo não, um fundo de bailout. Dito de outro modo, a eurocrata prescreve mais Estado e a transferência do risco de insolvência dos PIGS para os países solventes. Da primeira prescrição já tivemos que chegasse com os resultados que se conhecem. Da segunda, seria uma óptima receita se não deparasse com a resistência dos que poupam e não querem ter as suas poupanças delapidadas pelo liberalismo dos pródigos.
19/02/2011
Nem só o Estado é amigo do empreendedor
Também a comunicação social se consome a promover os seus darlings empresariais. Um dos eleitos é António Câmara da YDreams. Inevitavelmente, tal como sucede com o Estado, também a comunicação social não consegue substituir os mercados e distinguir os projectos, produtos e empresas que terão sucesso e aqueles que ficam pelo caminho. Ynvisible, a nova empresa do grupo YDreams que se estreou na bolsa de Frankfurt, ao fim de uma semana tinha perdido metade do seu valor.
Se metade dos talentos e das competências desperdiçadas a vender a imagem nos jornais, lidos por dois por cento da população, fossem usadas para desenvolver produtos, talvez conseguíssemos uma modesta projecção nos mercados internacionais.
Se metade dos talentos e das competências desperdiçadas a vender a imagem nos jornais, lidos por dois por cento da população, fossem usadas para desenvolver produtos, talvez conseguíssemos uma modesta projecção nos mercados internacionais.
DIÁRIO DE BORDO: Causas fracturantes para o radical chic
Agora que a gauche bobo (bourgeois-bohème), cujo franchising é detido em Portugal pelos berloquistas do BE, deu um tiro no pé com a caçadeira do poeta Alegre, por piedade vou sugerir-lhes, depois do casamento gay, do divórcio simplex e da escolha do sexo no BI, uma nova causa fracturante: o casamento entre humanos e animais.
18/02/2011
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: E as mãozinhas? O parlamento não se preocupa?
Resolução da Assembleia da República n.º 23/2011
Recomenda ao Governo que regule o exercício da profissão de podologista.
A Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, recomendar ao Governo que regule o exercício da profissão de podologista no prazo de seis meses.
Aprovada em 21 de Janeiro de 2011.
O Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama
Para quem não saiba, «Podologista ou Podiatra (é) o profissional de saúde devidamente habilitado para o tratamento das patologias do pé».
E as manicuras Santo Deus? O parlamento não quer saber? Pois faz muito mal, porque desde 1992 que o 2.º governo do professor Cavaco se preocupou com «as normas regulamentares de aprendizagem e pré-aprendizagem das profissões» … (de) ... Manicura, pedicura e calista» (Portaria n.º 891/92 de 15 de Setembro). Faz muita falta o professor Cavaco a comandar o governo.
Recomenda ao Governo que regule o exercício da profissão de podologista.
A Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, recomendar ao Governo que regule o exercício da profissão de podologista no prazo de seis meses.
Aprovada em 21 de Janeiro de 2011.
O Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama
Para quem não saiba, «Podologista ou Podiatra (é) o profissional de saúde devidamente habilitado para o tratamento das patologias do pé».
E as manicuras Santo Deus? O parlamento não quer saber? Pois faz muito mal, porque desde 1992 que o 2.º governo do professor Cavaco se preocupou com «as normas regulamentares de aprendizagem e pré-aprendizagem das profissões» … (de) ... Manicura, pedicura e calista» (Portaria n.º 891/92 de 15 de Setembro). Faz muita falta o professor Cavaco a comandar o governo.
17/02/2011
ESTADO DE SÍTIO: Figuras (tristes) da crise (2)
Uma vez mais, os spin doctors de José Sócrates fazem o trabalho de casa e convencem o economista endrominado Angel Gúrria, secretário-geral da OCDE a fazer o backup às acções de agitprop orçamental do governo e a declarar que Portugal (e Espanha) estão a levar a cabo «exemplary action on deficit». Se há coisa que este governo faz bem é lóbingue e manipulação mediática. É claro que depois falta tempo e competências para fazer o que tem que ser feito. Contudo, isso não é coisa que incomode pelo menos um terço dos portugueses.
Estado empreendedor (44) – cada tiro, cada melro
Para carregar as baterias de uma dúzia de carros eléctricos (nas primeiras 6 semanas deste ano foram vendidos 3 dezenas, a maioria para o governo e empresas amigas) que irão circular no «corredor de mobilidade eléctrica Porto-Vigo» o governo propõe-se torrar 1, 8 milhões de euros provenientes em grande parte do dinheiro alemão (o maior contribuinte líquido para os 70% de financiamento comunitário) e atrela a esta carroça umas quantas empresas portuguesas e espanholas, que financiando 30% do projecto têm esperança de extrair daí algum lucro que certamente será pago pelos contribuintes portugueses e talvez espanhóis.
Exagero meu, dirão. Provavelmente não, atendendo ao olho para o negócio que o governo tem abundantemente mostrado. Exemplo de hoje: depois de ter torrado 1 milhão de euros na Fitlene, o IAPMEI emite a certidão de óbito a mais uma empresa em que participou. Como seria inevitável, o empresário, chamemos-lhe assim, queixou-se do Estado por não torrado outros 5 milhões aprovados em Março e que nunca apareceram. Bendita crise orçamental, sem ela seria 6 milhões.
Exagero meu, dirão. Provavelmente não, atendendo ao olho para o negócio que o governo tem abundantemente mostrado. Exemplo de hoje: depois de ter torrado 1 milhão de euros na Fitlene, o IAPMEI emite a certidão de óbito a mais uma empresa em que participou. Como seria inevitável, o empresário, chamemos-lhe assim, queixou-se do Estado por não torrado outros 5 milhões aprovados em Março e que nunca apareceram. Bendita crise orçamental, sem ela seria 6 milhões.
O que os une é mais do que os separa
José Jorge Letria começou por ser militante comunista entre 1972 e 1991, mudou-se para o Partido Socialista no ano seguinte e, na qualidade de administrador delegado da Sociedade Portuguesa de Autores, aproveitou a oportunidade do anúncio da criação do Portugal Music Export na presença da ministra da Cóltura, manifestando a sua adesão à «política de fomento cultural» do regime socialista citando António Ferro, o seu criador no regime salazarista: «os artistas sonham, o Estado decide e a obra nasce». [Via Blasfémias]
16/02/2011
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De medida em medida até à insolvência final
[O caminho para a insolvência é um atalho no caminho para a servidão.]
O Estado, as empresas e as famílias estão endividados até ao tutano. O que recomenda o parlamento ao governo? Contenção do investimento público em projectos com uma relação benefício-custo baixa? Certo? Errado. O parlamento recomenda a continuação das obras do Metro do Mondego cujos custos se multiplicaram por 5.
Para pagar as dívidas e para comer o país precisa de exportar, como de pão para a boca. Dito por outras palavras, o país precisa de ser competitivo. O que está a ser feito nesse sentido? Falou o governo de muita coisa. Qual o resultado? O aumento homólogo de 4,1% do índice de custo do trabalho no último trimestre de 2010.
O problema social mais dramático é o desemprego. O que faz o governo perante o aumento continuado do desemprego? Diz que gasta mais nas políticas de emprego do que a Espanha. Qual o resultado? O crescimento do desemprego foi o 4.º mais elevado dos países da OCDE.
O governo desdobra-se em anúncios, declarações, acções, medidas para restaurar a confiança dos mercados. Qual o efeito dessas medidas? Aumentar a yield da dívida pública que atingiu o valor mais elevado dos últimos 14 anos.
O Estado, as empresas e as famílias estão endividados até ao tutano. O que recomenda o parlamento ao governo? Contenção do investimento público em projectos com uma relação benefício-custo baixa? Certo? Errado. O parlamento recomenda a continuação das obras do Metro do Mondego cujos custos se multiplicaram por 5.
Para pagar as dívidas e para comer o país precisa de exportar, como de pão para a boca. Dito por outras palavras, o país precisa de ser competitivo. O que está a ser feito nesse sentido? Falou o governo de muita coisa. Qual o resultado? O aumento homólogo de 4,1% do índice de custo do trabalho no último trimestre de 2010.
O problema social mais dramático é o desemprego. O que faz o governo perante o aumento continuado do desemprego? Diz que gasta mais nas políticas de emprego do que a Espanha. Qual o resultado? O crescimento do desemprego foi o 4.º mais elevado dos países da OCDE.
O governo desdobra-se em anúncios, declarações, acções, medidas para restaurar a confiança dos mercados. Qual o efeito dessas medidas? Aumentar a yield da dívida pública que atingiu o valor mais elevado dos últimos 14 anos.
15/02/2011
ESTADO DE SÍTIO: O nosso problema é não termos contabilistas à altura
O PIB no 4.º trimestre 2010 caiu 0,3% face ao 3.º trimestre mas isso não impediu o pior dos melhores o menos mau dos piores ministros das Finanças de anunciar a sua satisfação pelo «crescimento francamente positivo» em 2010. E muito menos aquela queda impediu os delírios habituais do primeiro-ministro que insiste que a economia irá crescer em 2011.
Apenas uma ligeira sombra no futuro risonho que o governo nos promete: devido ao nível da despesa de Janeiro a Abril do ano passado ter sido anormalmente baixo pelo facto do OE 2010 só ter sido aprovado em Abril, a despesa de 2011 apresentará um crescimento mais elevado. Dito de outra maneira, temos apenas um epifenómeno na execução orçamental. Aliás, os orçamentos e a sua execução por este governo são apenas epifenómenos e todos os nossos problemas seriam resolvidos se tivéssemos uns contabilistas mais imaginativos que conseguissem produzir contas à altura do génio ficcional do senhor primeiro-ministro, nosso querido líder que nos há-de conduzir até à tumba, com grande alegria de pelo menos um 1/3 dos portugueses.
Apenas uma ligeira sombra no futuro risonho que o governo nos promete: devido ao nível da despesa de Janeiro a Abril do ano passado ter sido anormalmente baixo pelo facto do OE 2010 só ter sido aprovado em Abril, a despesa de 2011 apresentará um crescimento mais elevado. Dito de outra maneira, temos apenas um epifenómeno na execução orçamental. Aliás, os orçamentos e a sua execução por este governo são apenas epifenómenos e todos os nossos problemas seriam resolvidos se tivéssemos uns contabilistas mais imaginativos que conseguissem produzir contas à altura do génio ficcional do senhor primeiro-ministro, nosso querido líder que nos há-de conduzir até à tumba, com grande alegria de pelo menos um 1/3 dos portugueses.
14/02/2011
Pode o benefício da dúvida evoluir para o prejuízo da certeza? (3)
[Continuação de (1) e (2)]
Os jornais continuam a escarafunchar nas águas turvas do caso SLN-BPN tentando apanhar Cavaco Silva na rede. Em rigor, é mais para o manter na rede, porque apanhado já foi. Mais uns pregos no caixão da dúvida foram as declarações em tribunal dum inspector tributário contando que «em Março de 2001, Oliveira Costa comprou 1,7 milhões de acções do banco a um off-shore do grupo, a 2,10 euros cada, tendo no mês seguinte, do mesmo lote de "acções próprias", vendido a um particular, 250 mil, a um euro cada, o que tem implícita uma perda de 275 mil euros». Apesar do número de acções e da data serem compatíveis com a compra por Cavaco Silva, «nem os advogados, nem o Ministério Público, nem o juiz, inquiriram a testemunha sobre quem era o particular "desconhecido"», acrescenta sibilinamente o Público.
Os jornais continuam a escarafunchar nas águas turvas do caso SLN-BPN tentando apanhar Cavaco Silva na rede. Em rigor, é mais para o manter na rede, porque apanhado já foi. Mais uns pregos no caixão da dúvida foram as declarações em tribunal dum inspector tributário contando que «em Março de 2001, Oliveira Costa comprou 1,7 milhões de acções do banco a um off-shore do grupo, a 2,10 euros cada, tendo no mês seguinte, do mesmo lote de "acções próprias", vendido a um particular, 250 mil, a um euro cada, o que tem implícita uma perda de 275 mil euros». Apesar do número de acções e da data serem compatíveis com a compra por Cavaco Silva, «nem os advogados, nem o Ministério Público, nem o juiz, inquiriram a testemunha sobre quem era o particular "desconhecido"», acrescenta sibilinamente o Público.
Sócrates e a odisseia da dívida
Na odisseia da dívida soberana (*), Sócrates é uma sereia a tentar atrair com o seu canto hipnótico os «especuladores», para os devorar ou, neste caso, para lhes sacar a massa. Os ulisses dos mercados nem precisam de se amarrar ao mastro e encher os ouvidos com cera. Simplesmente, não vão na cantiga.
(*) «de soberano, Portugal só tem a dívida», Fernando Madrinha, no Expresso
(*) «de soberano, Portugal só tem a dívida», Fernando Madrinha, no Expresso
13/02/2011
Lost in translation (93) – colectivistas é o que somos, deve ter pensado
«Com efeito, tanto o PS como o PSD privatizam as empresas lucrativas e deixam as outras na esfera estatal. Ambos os partidos descuram a regulação e supervisão do sector financeiro, mas ambos procuram controlá-lo directamente. Nenhum deles combate seriamente as desigualdades, mas ambos aumentam o assistencialismo do Estado. Nenhum tem coragem para reformar a administração pública, mas ambos a obrigam a realizar avaliações, relatórios, etc., o que aumenta a burocracia. Eis um feito lusitano: o nosso neoliberalismo é estatista.»
[Neoliberalismo lusitano, João Cardoso Rosas no Diário Económico]
[Neoliberalismo lusitano, João Cardoso Rosas no Diário Económico]
12/02/2011
Lost in translation (92) – ao quarto dia não havia espectadores, deveriam ter escrito
A peça Rosmersholm de Ibsen conta «a história de Rebecca e Rosmer fechados dentro de uma casa, aprisionados pelo desejo sexual, pelo espectro da loucura» esteve em cena «só quatro dias no CCB por falta de verba». Não admira -tristezas não pagam dívidas.
CASE STUDY: Limites constitucionais à dívida e à despesas. Sim ou não? Nim
Eu percebo as boas intenções de quem defende a limitação constitucional da dívida pública e/ou da despesa. Mas interrogo-me, em primeiro lugar, se isso serviria de alguma coisa num país que já tem uma constituição com 296 artigos e 32.259 palavras espalhadas por 91 páginas A4, segundo as contas do Pertinente.
Em segundo lugar, se isso serviria de alguma coisa num país em que todos os governos de todos os partidos e coligações que exerceram o poder usaram sistematicamente a engenharia orçamental para manipular os números das contas públicas.
Em segundo lugar, se isso serviria de alguma coisa num país em que todos os governos de todos os partidos e coligações que exerceram o poder usaram sistematicamente a engenharia orçamental para manipular os números das contas públicas.
Em terceiro lugar, se os limites resultantes duma incontornável negociação partidária seriam acomodáveis com políticas económica e orçamental necessariamente diferentes dos partidos que aprovaram esses limites (a este respeito, ver as reservas do Insurgente).
Em quarto lugar, se esses limites constitucionais poderiam acomodar políticas orçamentais necessariamente dependentes da conjuntura económica e financeira.
Em quinto lugar, interrogo-me se fará sentido, por este último tipo de razões, definir limites constitucionais à despesa (qual despesa?).
Residualmente, admito que possa fazer sentido limitar a dívida por ser um stock, ao contrário da despesa, e por isso menos dependente da conjuntura - a não ser que a conjuntura seja uma estrutura, passe a contradição nos termos, como acontece com a génese do endividamento persistentemente crescente nos últimos 10 anos. Nesse caso, colocar-se-ia o problema de definir com rigor o conceito de dívida (a este respeito, ver as reservas referidas no 4R).
Contudo, ainda que possa fazer sentido lógico e financeiro a limitação constitucional da dívida, as questões práticas para chegar a um acordo (a este respeito, ver os obstáculos apontados pelo Insurgente) são de tal monta que muito provavelmente o tornariam inviável. A não ser com um diktat de Berlim no âmbito da alienação de mais uns pedaços de soberania.
11/02/2011
ESTADO DE SÍTIO: Estado de putrefacção
Indícios do avançado estado de putrefacção:
- Conselho de Ministros aprova uma versão do decreto das receitas médicas e envia outra para promulgação [Sol];
- Os boys do PSD reagem com euforia à perspectiva da queda do governo - no estado em que nos encontramos, tal euforia indicia inconsciência temerária ou uma fixação obsessiva no assalto aos lugares; qualquer das possibilidades é altamente preocupante [Sol];
- Metro de Coimbra bate todos os recordes de derrapagem do orçamento: passa de 85 para 450 milhões [Sol];
- Augusto Mateus, um ex-ministro do governo de Guterres que aprovou a candidatura ao Euro 2004, defende a demolição de 6 estádios construídos para esse campeonato, para poupar 13 milhões de euros de custos anuais de manutenção [Económico]
- A EDP já perdeu 55% do mercado liberalizado dominado pelos espanhóis; o presidente da EDP, recorde-se, é aquela luminária competentíssima paga a preço de ouro que só tem sucesso garantido nas situações de monopólio (electricidade) e de mercados subsidiados (renováveis) [Negócios];
- O carro eléctrico, com uma rede de carregamento paga pelos contribuintes, está a ser um sucesso: em 6 semanas foram vendidos 27 (vinte e sete) veículos [Económico].
Bons exemplos (18)
Apesar do querido Bernie estar engavetado para o resto da vida, as ondas provocadas pela sua fraude continuam a propagar-se. O administrador da falência da firma de Madoff anunciou que irá divulgar pormenores duma acção contra o J. P. Morgan Chase de mil milhões de dólares por custos e lucros e 5,4 mil milhões por outros danos pelo seu papel de «aiding and abetting Madoff's fraud», que é como quem diz: enquanto o Bernie assaltava a vinha, o Morgan fica a guardá-la.
Espera-se que por lá a culpa se case e não morra.
ESTADO DE SÍTIO: Fazendo Não fazendo o lugar do outro e não nem o próprio
O mesmo governo que declara querer dinamizar a economia, aumentar as exportações e tomar toda uma série de medidas no lugar dos empresários, não tem capacidade para garantir as funções básicas do Estado. Como por exemplo a justiça, área onde acontecem coisas surreais, como adiar audiências do caso BPN por falta de sala e interrompê-las meia hora de cada vez que é preciso consultar documentos no arquivo geral porque o juiz não tem armários suficientes.
Enquanto isso, numa galáxia distante, o primeiro-ministro, possuído de delírio performativo, anuncia ufano aos jornalistas como «positivo e encorajador» o aumento de 15% dos impostos extorquidos aos sujeitos passivos em Janeiro.
Enquanto isso, numa galáxia distante, o primeiro-ministro, possuído de delírio performativo, anuncia ufano aos jornalistas como «positivo e encorajador» o aumento de 15% dos impostos extorquidos aos sujeitos passivos em Janeiro.
10/02/2011
Lost in translation (91) – demonstrando que temos que pagar mais para nos emprestarem, queria ele dizer
Na operação sindicada de 2.ª feira o governo colocou 3,5 mil milhões em OT a 5 anos na foi, segundo o manipulado fabricado pela agitprop do ministério das Finanças, uma «operação realizada em condições adequadas face à situação do mercado, demonstrando claramente que Portugal mantém o acesso ao mercado internacional de financiamento e que atrai bons níveis de procura para as operações de colocação de dívida».
A colocação foi feita a uma taxa de 6,4%, mais alta do que no mercado secundário. Nestas condições porquê o governo se felicita pela procura ter sido 6 mil milhões?
A colocação foi feita a uma taxa de 6,4%, mais alta do que no mercado secundário. Nestas condições porquê o governo se felicita pela procura ter sido 6 mil milhões?
Coisas que ficaram por dizer (4)
Aproveitando o oportuno palanque do Congresso das Exportações, José Sócrates com a sua proverbial verborreia mediática anunciou um crescimento de 15% das exportações no 4.º trimestre de 2010. Esqueceu-se de mencionar terem as importações aumentado 10% e, devido à baixa taxa de cobertura, ter-se agravado o défice do comércio externo de 5,28 mil milhões para 5,36 mil milhões.
(Para uma análise dos dados do comércio externo ver o Destaque de Dezembro do INE divulgado anteontem e este post do 4R)
(Para uma análise dos dados do comércio externo ver o Destaque de Dezembro do INE divulgado anteontem e este post do 4R)
DIÁRIO DE BORDO: a maiêutica do aborto (24)
Segundo as contas da Federação Portuguesa pela Vida, o governo socrático torrou nos últimos 4 anos 100 milhões de euros para pagar os abortos e a «licença de maternidade» de 100% do vencimento. De facto, chega-se lá facilmente com 60.000 abortos a 800 € por aborto, somando-lhe as «licenças de maternidade».
No país que tem uma taxa de fertilidade insuficiente para manter a população e corta 1,4 milhões de abonos de família, será o método anti-concepcional mais caro da história da humanidade uma das grandes realizações fracturantes do estado sucial de José Sócrates?
Exercícios anteriores de maiêutica em (0), (1), (2), (*), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (12), (13), (14), (15), (16), (17), (18), (19), (20), (21), (22) e (23).
(*) O n.º 3 abortou.
No país que tem uma taxa de fertilidade insuficiente para manter a população e corta 1,4 milhões de abonos de família, será o método anti-concepcional mais caro da história da humanidade uma das grandes realizações fracturantes do estado sucial de José Sócrates?
Exercícios anteriores de maiêutica em (0), (1), (2), (*), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (12), (13), (14), (15), (16), (17), (18), (19), (20), (21), (22) e (23).
(*) O n.º 3 abortou.
09/02/2011
DIÁRIO DE BORDO: Quando eu era jovem, cantava-se «de pé, ó vitimas da fome»
Agora canta-se «Levantem-se oh vítimas dos direitos adquiridos!». É a outra face da mesma moeda. Então os opressores eram os capitalistas e os fascistas. Agora são os pais. Os pais foram os rebeldes sem causa, os filhos são os rebeldes por causa: por causa disto, por causa daquilo, por causa daqueloutro.
Nem discuto a responsabilidade da geração soixant-huitard, em particular dos novos situacionistas, mas que tal ó jovens fazerem pelas vossas vidinhas e deixarem-se de desculpas? Que tal não ficarem sentados (ou deitados) à espera que os «velhos» vos comprem o ipad, o ipod, o tablet e, para os mais abonados, o carro e as férias em locais exóticos? Que tal deitarem mãos à obra e aprenderem uma porra duma profissão, em vez de se dedicarem à alta sociologia («essa mistura aprazível de socialismo com astrologia»).
Declaração de interesse: aos 15 anos tinha uma profissão e ganhava o suficiente para me sustentar e ajudar os «velhos», a quem chamava pais. Fiz uma licenciatura a trabalhar e a cuidar de filhos pequenos. Aos 53 abandonei um «emprego» seguro e bem pago e recomecei uma vida como profissional liberal. A uma colega espantada que me perguntava porque me «lancei no meio do oceano», respondi-lhe que sabia nadar. Ó meninos ide trabalhar e deixai-vos de cantigas parvas.
Nem discuto a responsabilidade da geração soixant-huitard, em particular dos novos situacionistas, mas que tal ó jovens fazerem pelas vossas vidinhas e deixarem-se de desculpas? Que tal não ficarem sentados (ou deitados) à espera que os «velhos» vos comprem o ipad, o ipod, o tablet e, para os mais abonados, o carro e as férias em locais exóticos? Que tal deitarem mãos à obra e aprenderem uma porra duma profissão, em vez de se dedicarem à alta sociologia («essa mistura aprazível de socialismo com astrologia»).
Declaração de interesse: aos 15 anos tinha uma profissão e ganhava o suficiente para me sustentar e ajudar os «velhos», a quem chamava pais. Fiz uma licenciatura a trabalhar e a cuidar de filhos pequenos. Aos 53 abandonei um «emprego» seguro e bem pago e recomecei uma vida como profissional liberal. A uma colega espantada que me perguntava porque me «lancei no meio do oceano», respondi-lhe que sabia nadar. Ó meninos ide trabalhar e deixai-vos de cantigas parvas.
Pro memoria (18) - vade retro agenda liberal
«Pois não haverá despedimentos na função pública e o Governo fará o seu dever pondo as contas públicas em ordem sem recorrer a essa agenda liberal de despedir pessoas na Administração Pública» disse José Sócrates a semana passada na Convenção da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS.
Para conferir mais tarde, tomemos nota das juras relativamente aos despedimentos e às contas públicas.
Para conferir mais tarde, tomemos nota das juras relativamente aos despedimentos e às contas públicas.
08/02/2011
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Ele será tudo menos neoliberal, protoliberal ou qualquer outra coisa liberal
Secção George Orwell
A doutora Ana Benavente, recorde-se, foi secretária de estado da Educação e uma das responsáveis de topo pela contaminação do ensino público com o eduquês, nessa qualidade e como deputada socialista em diversas legislaturas. Com esse curriculum, necessariamente acostumada a confusões conceptuais, não admira ter classificado a prática política do PS de José Sócrates como «neoliberal». Entenda-se o que se entender por «neoliberal», é coisa não compatível com o «autoritarismo» e a «autocracia» que Ana Benavente aponta ao PS e ao governo de Sócrates e o «centralismo democrático» dos partidos comunistas que, segunda ela, infecta ou PS.
A senhora não percebe que José Sócrates não tem nem uma doutrina, nem uma política. Ele persegue o poder e nada mais. Nesta conjuntura, o programa de facto do governo é evitar a intervenção do FMI e o programa do PS é aguentar o governo, ainda que isso seja feito à custa da alienação de soberania para Bruxelas (ou Berlim). Daí que se por um lado, por razões puramente propagandísticas que só têm aceitação num eleitorado colectivista e receoso das mudanças, tenta colar o labéu de neoliberal e anti-estado social ao PSD, por outro lado, Sócrates para se manter no poder, está a ir e irá mais longe do que o PSD se permitiria algum dia chegar. É por isso que os rótulos de Ana Benavente valem tanto como os rótulos que José Sócrates tenta colar à oposição de centro-direita.
Em conclusão, leva a doutora Benavente 4 urracas por ter ficado calada durante 6 anos e só falar quando a nave da clique socrática faz água em todos os porões. Pela confusa classificação doutrinária da clique leva 5 chateaubriands ou 3 ignóbeis, consoante resulte a sua própria confusão mental (hipótese mais provável) ou de um improvável maquiavelismo, respectivamente.
A doutora Ana Benavente, recorde-se, foi secretária de estado da Educação e uma das responsáveis de topo pela contaminação do ensino público com o eduquês, nessa qualidade e como deputada socialista em diversas legislaturas. Com esse curriculum, necessariamente acostumada a confusões conceptuais, não admira ter classificado a prática política do PS de José Sócrates como «neoliberal». Entenda-se o que se entender por «neoliberal», é coisa não compatível com o «autoritarismo» e a «autocracia» que Ana Benavente aponta ao PS e ao governo de Sócrates e o «centralismo democrático» dos partidos comunistas que, segunda ela, infecta ou PS.
A senhora não percebe que José Sócrates não tem nem uma doutrina, nem uma política. Ele persegue o poder e nada mais. Nesta conjuntura, o programa de facto do governo é evitar a intervenção do FMI e o programa do PS é aguentar o governo, ainda que isso seja feito à custa da alienação de soberania para Bruxelas (ou Berlim). Daí que se por um lado, por razões puramente propagandísticas que só têm aceitação num eleitorado colectivista e receoso das mudanças, tenta colar o labéu de neoliberal e anti-estado social ao PSD, por outro lado, Sócrates para se manter no poder, está a ir e irá mais longe do que o PSD se permitiria algum dia chegar. É por isso que os rótulos de Ana Benavente valem tanto como os rótulos que José Sócrates tenta colar à oposição de centro-direita.
Em conclusão, leva a doutora Benavente 4 urracas por ter ficado calada durante 6 anos e só falar quando a nave da clique socrática faz água em todos os porões. Pela confusa classificação doutrinária da clique leva 5 chateaubriands ou 3 ignóbeis, consoante resulte a sua própria confusão mental (hipótese mais provável) ou de um improvável maquiavelismo, respectivamente.
07/02/2011
Está provado. Um terço dos portugueses são incorrigíveis (2)
Recebi algumas reclamações por ter classificado os portugueses que ainda apoiam José Sócrates como «incorrigíveis», assim, sem mais. Esclareço que não teria escrito «incorrigíveis» há 6 anos. Escrevo-o agora, depois dos inúmeros feitos de José Sócrates, tais como:
- O período com maiores défices gémeos (do orçamento e de comércio externo) desde o golpe de 28 de Maio de 1926;
- A maior dívida pública desde que há registos;
- O maior aumento da carga fiscal na OCDE nos últimos 15 anos;
- O maior peso da economia paralela desde que existe contabilidade nacional;
- As maiores trafulhices nas contas públicas (ver as dezenas de post do (Im)pertinências).
- O aborto gratuito no SNS;
- A equiparação da união homossexual ao casamento natural;
- O divórcio simplex
Está provado. Um terço dos portugueses são incorrigíveis
Segundo o barómetro de Fevereiro da Aximagem em resposta à pergunta «em quem tem mais confiança para primeiro-ministro» 34,3% dos portugueses respondem José Sócrates
DIÁRIO DE BORDO: La donna è un animale curioso
- Como te deixaste ir na conversa dele? Parece um fauno albino... sem graça.
- É poeta.
- Escreve uns poemas que ninguém lê. E daí?
- Foi por causa da Carlota.
- Da Carlota? A Carlota apresentou-vos? Meteu-te o homem na cama?
- Não e não. Nem a Carlota nos apresentou nem me meteu o homem na cama, para usar essa tua expressão tão crua.
- ?
- Foi curiosidade. Quis perceber o que ela viu nele e eu não estava a ver.
- E descobriste?
- Não. Fiquei na mesma. E por isso perguntei à Carlota o que ela tinha visto nele e eu não.
- E a Carlota?
- Diz que também não viu nada. Só quis perceber o que a Inês tinha visto nele e ela não estava a ver.
[Diálogo imaginário que até poderia ter acontecido]
- É poeta.
- Escreve uns poemas que ninguém lê. E daí?
- Foi por causa da Carlota.
- Da Carlota? A Carlota apresentou-vos? Meteu-te o homem na cama?
- Não e não. Nem a Carlota nos apresentou nem me meteu o homem na cama, para usar essa tua expressão tão crua.
- ?
- Foi curiosidade. Quis perceber o que ela viu nele e eu não estava a ver.
- E descobriste?
- Não. Fiquei na mesma. E por isso perguntei à Carlota o que ela tinha visto nele e eu não.
- E a Carlota?
- Diz que também não viu nada. Só quis perceber o que a Inês tinha visto nele e ela não estava a ver.
[Diálogo imaginário que até poderia ter acontecido]
06/02/2011
DIÁRIO DE BORDO: Nabada
Experimentei a receita pela mão certeira da patroa. E não é que até gostei. Eu que detesto nabos.
Mitos (36) – entornar dinheiro nas energias renováveis diminui a importação de petróleo
Esqueçamos, por agora, que enquanto se investia fortemente nas energias renováveis, as importações de electricidade aumentavam 10 vezes nos últimos 8 anos. Esqueçamos também que a compensação pela queda de produção de 30% das centrais a carvão e gás nos custou nos 9 primeiros meses do ano passado 305 milhões de euros.
Apesar de tudo isso, segundo José Sócrates e Carlos Zorrinho, o ano passado as supostas poupanças nas importações de petróleo resultantes das energias renováveis são uma espécie de número imaginário variando entre 100 e 800 milhões (ver este post impertinente). Já este ano, pela boca de Dulce Pássaro, ministra do Ambiente, as novas 10 albufeiras permitirão diminuir as importações de petróleo em 3,3 milhões de barris por ano, qualquer coisa como 240 milhões de euros a somar àquelas poupanças (quais?).
Evidentemente, ninguém acredita nas tretas de Sócrates e Zorrinho, já não falando que as tretas variam numa proporção de 1 para 8. Quanto às tretas da senhora Pássaro, podemos até esquecê-las porque quando as putativas centrais das putativas barragens estiverem a produzir uma putativa electricidade já teremos declarado falência.
Mas afinal quando é a poupança nas importações de petróleo resultante das energias renováveis. Resposta: zero. Como Mira Amaral lembrou a semana passada no Expresso, actualmente as centrais termoeléctricas utilizam carvão e gás e não petróleo.
Apesar de tudo isso, segundo José Sócrates e Carlos Zorrinho, o ano passado as supostas poupanças nas importações de petróleo resultantes das energias renováveis são uma espécie de número imaginário variando entre 100 e 800 milhões (ver este post impertinente). Já este ano, pela boca de Dulce Pássaro, ministra do Ambiente, as novas 10 albufeiras permitirão diminuir as importações de petróleo em 3,3 milhões de barris por ano, qualquer coisa como 240 milhões de euros a somar àquelas poupanças (quais?).
Evidentemente, ninguém acredita nas tretas de Sócrates e Zorrinho, já não falando que as tretas variam numa proporção de 1 para 8. Quanto às tretas da senhora Pássaro, podemos até esquecê-las porque quando as putativas centrais das putativas barragens estiverem a produzir uma putativa electricidade já teremos declarado falência.
Mas afinal quando é a poupança nas importações de petróleo resultante das energias renováveis. Resposta: zero. Como Mira Amaral lembrou a semana passada no Expresso, actualmente as centrais termoeléctricas utilizam carvão e gás e não petróleo.
05/02/2011
DIÁRIO DE BORDO: O fim de Alfred Kahn
Com grande atraso, aqui se regista a morte de Alfred Kahn, de cujo nome o (Im)pertinências se apropriou para baptizar o princípio de Kahn. Ver aqui um obituário do economista e regulador que desregulou o transporte aéreo americano e com isso mudou o mundo.
Mitos (35) – a crise financeira nos EU foi causada pela (falta de) regulação
A pesquisa «regulation causes OR caused financial-crisis» entre 01-09-2007 e 31-01-2011 deu mais de 65 milhões de resultados.
Recordando: desde há décadas 5 reguladores federais para a banca, um para acções e obrigações, outro para derivados e outro para a Fannie Mae e o Freddie Mac e um regulador por cada um dos 50 estados; em 2002 depois da fraude na Enron o Congresso americano aprovou o Sarbanes-Oxley Act, com pesadas regras de auditoria e controlo interno (ver este post impertinente). Durante o mandato de Barack Obama os efectivos das autoridades de regulação aumentaram 16% para 276 mil. Só no ano passado foram produzidas 80.000 páginas de novos regulamentos.
Recordando: desde há décadas 5 reguladores federais para a banca, um para acções e obrigações, outro para derivados e outro para a Fannie Mae e o Freddie Mac e um regulador por cada um dos 50 estados; em 2002 depois da fraude na Enron o Congresso americano aprovou o Sarbanes-Oxley Act, com pesadas regras de auditoria e controlo interno (ver este post impertinente). Durante o mandato de Barack Obama os efectivos das autoridades de regulação aumentaram 16% para 276 mil. Só no ano passado foram produzidas 80.000 páginas de novos regulamentos.
SERVIÇO PÚBLICO: Onde a bruma conceptual e o oportunismo doutrinário dão pasto à demagogia em todos os azimutes (2)
[Continuação de (1)]
Se, com base numa estimativa aparentemente bem sustentada nos números disponíveis, se chega a um custo médio anual por aluno do ensino básico e secundário de 4 mil euro, como se deve qualificar o montante exactamente igual resultante de um preço de 80 mil euros por ano lectivo e turma de 20 alunos que o governo se propõe pagar a escolas privadas para proporcionarem a esses alunos o ensino básico ou secundário?
Eu diria, depende. Se essas escolas privadas não têm na sua vizinhança (*) escolas públicas, esse montante é comu um preço administrativamente fixado pelo governo que tem a obrigação legal de prestar o serviço e, não tendo os meios, recorre ao outsourcing e contrata esse serviço com o outsourcer escola privada. No caso de existirem na vizinhança escolas públicas, esse montante pode ser considerado como representando o valor de uma espécie de cheque-ensino geograficamente limitado a algumas zonas, permitindo aos pais escolherem nessas zonas entre escolas públicas e privadas sem um custo adicional.
Em conclusão, como a qualidade média do ensino privada se tem revelado superior à do ensino público, o passo seguinte deveria ser a generalização do cheque-ensino a todas as escolas, públicas ou privadas, de todas as regiões. E outras coisas, claro, mas por agora ficamos por aqui.
(*) Admitamos ser possível definir uma «vizinhança», dependente da distância e da disponibilidade de transporte, dentro da qual a escolha entre duas escolas é indiferente do ponto de vista do custo, tempo e desconforto da deslocação.
Se, com base numa estimativa aparentemente bem sustentada nos números disponíveis, se chega a um custo médio anual por aluno do ensino básico e secundário de 4 mil euro, como se deve qualificar o montante exactamente igual resultante de um preço de 80 mil euros por ano lectivo e turma de 20 alunos que o governo se propõe pagar a escolas privadas para proporcionarem a esses alunos o ensino básico ou secundário?
Eu diria, depende. Se essas escolas privadas não têm na sua vizinhança (*) escolas públicas, esse montante é comu um preço administrativamente fixado pelo governo que tem a obrigação legal de prestar o serviço e, não tendo os meios, recorre ao outsourcing e contrata esse serviço com o outsourcer escola privada. No caso de existirem na vizinhança escolas públicas, esse montante pode ser considerado como representando o valor de uma espécie de cheque-ensino geograficamente limitado a algumas zonas, permitindo aos pais escolherem nessas zonas entre escolas públicas e privadas sem um custo adicional.
Em conclusão, como a qualidade média do ensino privada se tem revelado superior à do ensino público, o passo seguinte deveria ser a generalização do cheque-ensino a todas as escolas, públicas ou privadas, de todas as regiões. E outras coisas, claro, mas por agora ficamos por aqui.
(*) Admitamos ser possível definir uma «vizinhança», dependente da distância e da disponibilidade de transporte, dentro da qual a escolha entre duas escolas é indiferente do ponto de vista do custo, tempo e desconforto da deslocação.
04/02/2011
De boas intenções está o inferno cheio (3)
Desde 2002, ano em que criado, o Global Fund to Fight AIDS, Tuberculosis and Malaria, apoiado pelo líder dos U2 Bono e várias outras celebridades, incluindo Carla Bruni, Kofi Annan, Bill Gates e muito do power set de Davos, reuniu a impressionante soma de 21,7 mil milhões de dólares, quase 10% do PIB português. Entre os maiores doadores encontram-se fundação Gates (150 milhões por ano) e os governos americano, francês, alemão e sueco.
Dos 21,7 mil milhões foram torrados até agora 10 mil milhões. Torrados não é uma figura de estilo, de acordo com a auditoria em curso, que estima em 2/3 desse total o montante consumido pela corrupção. Corrupção desde a venda de medicamentos no mercado negro, despesas não documentadas e/ou não autorizadas, documentos e facturas falsificadas. Quem não vai em cantigas, mesmo dos U2, são os alemães que ao saberem do escândalo deixaram de dar para este peditório e suspenderam os prometidos 270 millhões.
Dos 21,7 mil milhões foram torrados até agora 10 mil milhões. Torrados não é uma figura de estilo, de acordo com a auditoria em curso, que estima em 2/3 desse total o montante consumido pela corrupção. Corrupção desde a venda de medicamentos no mercado negro, despesas não documentadas e/ou não autorizadas, documentos e facturas falsificadas. Quem não vai em cantigas, mesmo dos U2, são os alemães que ao saberem do escândalo deixaram de dar para este peditório e suspenderam os prometidos 270 millhões.
BREIQUINGUE NIUZ: as notícias sobre a morte de 50 deputados são prematuras
Pode ter sido um balão-sonda lançado por Lacão por encomenda, como pode ter sido um arremedo de iniciativa do próprio. Certo é o aparelho socialista pela voz do líder parlamentar e pela voz do dono se ter apressado a desmentir a redução do número de deputados. Só não o fariam se fosse seu o interesse do país ou se fossem parvos o suficiente para desbaratar umas duas ou três dezenas de tenças para fiéis apparatchiks, sempre úteis como guarda pretoriana.
Pode o benefício da dúvida evoluir para o prejuízo da certeza? (2)
Pode e está a evoluir. Quanto mais os jornais escarafuncham, mais a história da permuta se configura como uma trapalhada. Esta história e a das acções da SLN com uma mais-valia de 140% em 2 anos quase qualificam Cavaco Silva como um especulador de sucesso.
E não me venham argumentar que está tudo dentro da legalidade. Talvez esteja – não estou agora tão certo disso. E a integridade limita-se ao cumprimento da lei?
E não me venham argumentar que os eleitores legitimarem não sei o quê. Legitimaram a escolha mas não branquearam nem absolveram os comportamentos. A não ser que se considerem também branqueadas as inúmeras trapalhadas de José Sócrates, pelo facto de ter ganho duas eleições legislativas.
E não me venham dizer que estas «campanhas» se voltam contra quem as apoia ou promove. Pode ser que voltem, mas então devemos reconhecer ser o eleitorado composto maioritariamente por pantomineiros.
E não me venham dizer que estas «campanhas» servem os interesses do PS. Talvez sirvam. E, nesse caso, se a «campanha» se volta contra quem a apoia ou promove qual é o interesse do PS em a apoiar ou promover?
E não me venham argumentar que está tudo dentro da legalidade. Talvez esteja – não estou agora tão certo disso. E a integridade limita-se ao cumprimento da lei?
E não me venham argumentar que os eleitores legitimarem não sei o quê. Legitimaram a escolha mas não branquearam nem absolveram os comportamentos. A não ser que se considerem também branqueadas as inúmeras trapalhadas de José Sócrates, pelo facto de ter ganho duas eleições legislativas.
E não me venham dizer que estas «campanhas» se voltam contra quem as apoia ou promove. Pode ser que voltem, mas então devemos reconhecer ser o eleitorado composto maioritariamente por pantomineiros.
E não me venham dizer que estas «campanhas» servem os interesses do PS. Talvez sirvam. E, nesse caso, se a «campanha» se volta contra quem a apoia ou promove qual é o interesse do PS em a apoiar ou promover?
03/02/2011
ESTADO DE SÍTIO: E os banqueiros do regime o que têm a dizer sobre isto?
Abel Pinheiro, responsável pelas finanças do CDS, interveio confessadamente no despacho de Nobre Guedes, outro elemento do CDS e à data ministro do Ambiente, autorizando o abate dos sobreiros na Herdade da Vargem Fresca onde o grupo Espírito Santo pretendia desenvolver, e desenvolveu, um projecto turístico.
Abel Pinheiro disse agora em tribunal, seis anos depois dos acontecimentos (como o tempo passa depressa para os tribunais portugueses), considerar a sua intervenção apenas «exercício de funções políticas» baptizando-a de «cunha». Se há suspeita de corrupção, quem é aqui o corruptor? O que têm a dizer sobre isso os banqueiros do regime?
Abel Pinheiro disse agora em tribunal, seis anos depois dos acontecimentos (como o tempo passa depressa para os tribunais portugueses), considerar a sua intervenção apenas «exercício de funções políticas» baptizando-a de «cunha». Se há suspeita de corrupção, quem é aqui o corruptor? O que têm a dizer sobre isso os banqueiros do regime?
Lost in translation (90) - desamparem-me a loja que estou aqui para tratar do meu doutoramento, queria ele dizer
«Estão a dar-me uma importância que eu não tenho», disse Carlos Feijó, ministro de Estado e chefe da Casa Civil de José Eduardo dos Santos, tentando ver-se livre das carraças sedentas do dinheiro angolano para comprar mais acções da Galp, agora que a Petrobras roeu a corda, depois de notícias plantadas a anunciar o acordo iminente.
Tudo isto depois de juramentos que «o governo português jamais permitirá que a Galp Energia seja controlada por interesse estrangeiros», juramentos tornados obsoleto pela absoluta falta de grana que assola o governo, as empresas e os portugueses em geral e em particular.
Tudo isto depois de juramentos que «o governo português jamais permitirá que a Galp Energia seja controlada por interesse estrangeiros», juramentos tornados obsoleto pela absoluta falta de grana que assola o governo, as empresas e os portugueses em geral e em particular.
Lost in translation (89) - L’état c’est lui, admite o Supremo
Noronha do Nascimento, o presidente do STJ, «considera que as conversas e mensagens trocadas entre o primeiro-ministro José Sócrates e Armando Vara, que foram interceptadas no âmbito do processo "Face Oculta" e nas quais se discutia a compra da TVI por parte da PT, são "exclusiva e estritamente pessoais … típicas duma convivência interpessoal numa sociedade democrática”». E considera muito bem. São tão pessoais quanto as que eu poderia ter com a minha Maria para discutir a compra dum plasma na FNAC.
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: As notícias sobre o surto inovativo são um pouco exageradas (2)
Por muito que o governo e o jornalismo de causas se emplumem com os progressos na inovação, o (Im)pertinências não se deixa comover. Quem também não se deixa ir na conversa são os gestores inquiridos pela AESE, num trabalho realizado em colaboração com a Accenture, que deixaram bem claro que a competitividade das empresas portuguesas piorou em 2010. Por muito progresso que tenha havido (só houve algum) na inovação, só 14% consideram que a competitividade melhorou. Enfim, quem sabe se a inovação medida pela eurocracia afinal não melhora a competitividade – não me admiraria que tantos novos doutores se atrapalhem uns aos outros.
02/02/2011
A maldição da tabuada (6) – já foram encontrados 400 mil
A coisa não é nova e até já aqui foi tratada no (Im)pertinências, a propósito da diferença de 1 milhão entre os 8,6 milhões, número estimado pelo INE de maiores de 18 anos, e os 9,6 milhões de recenseados.
Um ano e meio depois, realizadas as eleições presidenciais, o ministério da Justiça contou 9,65 milhões inscritos e o Tribunal Constitucional apurou 9,04 milhões. José Sócrates teria dito, se lhe perguntassem: «é mais um exemplo do progresso do país; o meu governo conseguiu reduzir o défice de 1 milhão em 2009 para menos de 700 mil». E Rui Pereira teria acrescentado: «senhor primeiro-ministro, se me permite a correcção, o défice actual é, mais exactamente, 612.922».
Um ano e meio depois, realizadas as eleições presidenciais, o ministério da Justiça contou 9,65 milhões inscritos e o Tribunal Constitucional apurou 9,04 milhões. José Sócrates teria dito, se lhe perguntassem: «é mais um exemplo do progresso do país; o meu governo conseguiu reduzir o défice de 1 milhão em 2009 para menos de 700 mil». E Rui Pereira teria acrescentado: «senhor primeiro-ministro, se me permite a correcção, o défice actual é, mais exactamente, 612.922».
Curtas e grossas (8)
«Como último obstáculo à invasão do FMI, Sócrates aposta no nacionalismo económico e no predomínio da soberania nacional (tentando vender empresas e dívida pública a pataco, digo eu) como principais argumentos políticos. O PS representa hoje um novo situacionismo neo-salazarista onde não falta o político providencial Sócrates e o mago das finanças.»
Carlos Marques de Almeida, Situação e oposição, Situação e oposição, Diário Económico
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: As notícias sobre o surto inovativo são um pouco exageradas
Gostava de partilhar a excitação dos jornais com os resultados do Innovation Union Scoreboard 2010, mas acho um pouco exagerado. A começar nos resultados práticos da inovação, medidos pelas patentes registadas, que tem sido medíocre, para ser benigno, como está amplamente documentado neste post republicado aqui.
Quando consultamos o relatório da ProInno-Europe, verifica-se ser Portugal creditado com o crescimento mais rápido do índice de inovação, mas continuando a fazer parte do grupo «inovadores moderados» na companhia da Grécia e Malta, mas também da Itália, República Checa e Espanha. Para se perceber em que áreas tiveram lugar os progressos mais importantes, é indispensável ver o comportamento dos 24 indicadores que compõem o índice.
Os 3 indicadores com maior progressão foram: despesas de empresas em I&D (27%); patentes PCT (Patent Cooperation Treaty) em mudanças sociais (mitigação das mudanças climáticas e saúde) (26%); «Community designs» (24%). Quanto ao primeiro indicador, estamos conversados quando olhamos para os maiores investidores e as estatísticas de causas que se podem facilmente construir. Quanto ao segundo e ao terceiro são vulneráveis a delírios e fantasias.
Quando o ponto de partida é muito baixo, é precisa relativizar os progressos e por isso deve-se olhar para a situação actual que mostra estarmos numa situação muito inferior à média EU27 naqueles dois primeiros indicadores. Onde já estamos acima é nos «Community designs», seja lá o que isso for. E quanto aos indicadores que têm alguma objectividade, entre os que estamos posicionados acima da média salientam-se os novos doutoramentos (214% da média EU27) e as «International scientific co-publications» (182%). Se este último indicador é de facto significativo por passar o crivo de escrutínios credíveis, já a pletora de doutoramentos, muito deles em áreas esotéricas e sem qualquer relevância para a inovação, levanta muitas dúvidas.
Em conclusão, a prudência aconselha algumas reservas e a não embandeirar em arco quanto à posição (15.ª) no ranking do índice de inovação nos EU27, bastante influenciado pela abundância de doutores. Com segurança, podemos dizer que estamos a gastar cada vez mais dinheiro classificado como I&D e temos cada vez mais doutores. Será isto inovador?
Quando consultamos o relatório da ProInno-Europe, verifica-se ser Portugal creditado com o crescimento mais rápido do índice de inovação, mas continuando a fazer parte do grupo «inovadores moderados» na companhia da Grécia e Malta, mas também da Itália, República Checa e Espanha. Para se perceber em que áreas tiveram lugar os progressos mais importantes, é indispensável ver o comportamento dos 24 indicadores que compõem o índice.
Os 3 indicadores com maior progressão foram: despesas de empresas em I&D (27%); patentes PCT (Patent Cooperation Treaty) em mudanças sociais (mitigação das mudanças climáticas e saúde) (26%); «Community designs» (24%). Quanto ao primeiro indicador, estamos conversados quando olhamos para os maiores investidores e as estatísticas de causas que se podem facilmente construir. Quanto ao segundo e ao terceiro são vulneráveis a delírios e fantasias.
Quando o ponto de partida é muito baixo, é precisa relativizar os progressos e por isso deve-se olhar para a situação actual que mostra estarmos numa situação muito inferior à média EU27 naqueles dois primeiros indicadores. Onde já estamos acima é nos «Community designs», seja lá o que isso for. E quanto aos indicadores que têm alguma objectividade, entre os que estamos posicionados acima da média salientam-se os novos doutoramentos (214% da média EU27) e as «International scientific co-publications» (182%). Se este último indicador é de facto significativo por passar o crivo de escrutínios credíveis, já a pletora de doutoramentos, muito deles em áreas esotéricas e sem qualquer relevância para a inovação, levanta muitas dúvidas.
Em conclusão, a prudência aconselha algumas reservas e a não embandeirar em arco quanto à posição (15.ª) no ranking do índice de inovação nos EU27, bastante influenciado pela abundância de doutores. Com segurança, podemos dizer que estamos a gastar cada vez mais dinheiro classificado como I&D e temos cada vez mais doutores. Será isto inovador?
01/02/2011
Tirocinando para futuro primeiro-ministro
Segundo o exemplo do primeiro-ministro em exercício que está a tentar vender o país para pagar as dívidas, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, coadjuvado pelo vereador/promotor Manuel Salgado, está a tentar vender «pequenos terrenos» em Benfica e Entrecampos ao Qatar presumivelmente com o mesmo propósito. Estranhamente, o Qatar parece estar interessado na zona ribeirinha. Dado o aparente desencontro entre a oferta e a procura será que foi dito aos «altos responsáveis» que aquelas zonas da cidade estão no leito de cheia do Tejo? Pois, talvez tenham razão. Olhem, ide-vos qatar.
CASE STUDY: Um minotauro espera a PT no labirinto da Oi (2)
Como se já fosse pouco o labirinto da estrutura accionista da Oi, saber que a PT pagou o dobro do preço pelas acções dos accionistas privados em relação às do BNDES e dos fundos de pensões públicos confirma a opacidade deste processo de negociata entre os aparelhos político-empresariais português e brasileiro. Tudo considerado, se Zeinal Bava e a sua equipa de gestão conseguirem transformar um paquiderme infestado de parasitas (só Aspons serão milhares) numa empresa competitiva e lucrativa tirando partido de sinergias com a PT, tiro-lhe o meu chapéu.
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Roçando a estupidez congénita primordial
Secção Padre Anchieta
Segundo o camarada Vasco Cardoso, da comissão política do PCP, as declarações de Passos Coelho «vêm na linha de quem pensa que enquanto existir uma empresa pública capaz de encher os bolsos de algum grupo económico, então é uma boa altura de usar os elementos mais primários para justificar a sua privatização».
Se defender que as empresas públicas cronicamente deficitárias devem ser encerradas ou privatizadas é «usar os elementos mais primários para justificar a sua privatização», o que será defender que essas empresas cronicamente deficitárias irão encher «encher os bolsos de algum grupo económico»?
Cinco chateaubriands pela confusão de ideias, roçando a estupidez congénita primordial, e cinco bourbons pelo sua natureza irremediável.
Segundo o camarada Vasco Cardoso, da comissão política do PCP, as declarações de Passos Coelho «vêm na linha de quem pensa que enquanto existir uma empresa pública capaz de encher os bolsos de algum grupo económico, então é uma boa altura de usar os elementos mais primários para justificar a sua privatização».
Se defender que as empresas públicas cronicamente deficitárias devem ser encerradas ou privatizadas é «usar os elementos mais primários para justificar a sua privatização», o que será defender que essas empresas cronicamente deficitárias irão encher «encher os bolsos de algum grupo económico»?
Cinco chateaubriands pela confusão de ideias, roçando a estupidez congénita primordial, e cinco bourbons pelo sua natureza irremediável.