09/02/2011

DIÁRIO DE BORDO: Quando eu era jovem, cantava-se «de pé, ó vitimas da fome»

Agora canta-se «Levantem-se oh vítimas dos direitos adquiridos!». É a outra face da mesma moeda. Então os opressores eram os capitalistas e os fascistas. Agora são os pais. Os pais foram os rebeldes sem causa, os filhos são os rebeldes por causa: por causa disto, por causa daquilo, por causa daqueloutro.

Nem discuto a responsabilidade da geração soixant-huitard, em particular dos novos situacionistas, mas que tal ó jovens fazerem pelas vossas vidinhas e deixarem-se de desculpas? Que tal não ficarem sentados (ou deitados) à espera que os «velhos» vos comprem o ipad, o ipod, o tablet e, para os mais abonados, o carro e as férias em locais exóticos? Que tal deitarem mãos à obra e aprenderem uma porra duma profissão, em vez de se dedicarem à alta sociologia («essa mistura aprazível de socialismo com astrologia»).

Declaração de interesse: aos 15 anos tinha uma profissão e ganhava o suficiente para me sustentar e ajudar os «velhos», a quem chamava pais. Fiz uma licenciatura a trabalhar e a cuidar de filhos pequenos. Aos 53 abandonei um «emprego» seguro e bem pago e recomecei uma vida como profissional liberal. A uma colega espantada que me perguntava porque me «lancei no meio do oceano», respondi-lhe que sabia nadar. Ó meninos ide trabalhar e deixai-vos de cantigas parvas.

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