Secção George Orwell
A doutora Ana Benavente, recorde-se, foi secretária de estado da Educação e uma das responsáveis de topo pela contaminação do ensino público com o eduquês, nessa qualidade e como deputada socialista em diversas legislaturas. Com esse curriculum, necessariamente acostumada a confusões conceptuais, não admira ter classificado a prática política do PS de José Sócrates como «neoliberal». Entenda-se o que se entender por «neoliberal», é coisa não compatível com o «autoritarismo» e a «autocracia» que Ana Benavente aponta ao PS e ao governo de Sócrates e o «centralismo democrático» dos partidos comunistas que, segunda ela, infecta ou PS.
A senhora não percebe que José Sócrates não tem nem uma doutrina, nem uma política. Ele persegue o poder e nada mais. Nesta conjuntura, o programa de facto do governo é evitar a intervenção do FMI e o programa do PS é aguentar o governo, ainda que isso seja feito à custa da alienação de soberania para Bruxelas (ou Berlim). Daí que se por um lado, por razões puramente propagandísticas que só têm aceitação num eleitorado colectivista e receoso das mudanças, tenta colar o labéu de neoliberal e anti-estado social ao PSD, por outro lado, Sócrates para se manter no poder, está a ir e irá mais longe do que o PSD se permitiria algum dia chegar. É por isso que os rótulos de Ana Benavente valem tanto como os rótulos que José Sócrates tenta colar à oposição de centro-direita.
Em conclusão, leva a doutora Benavente 4 urracas por ter ficado calada durante 6 anos e só falar quando a nave da clique socrática faz água em todos os porões. Pela confusa classificação doutrinária da clique leva 5 chateaubriands ou 3 ignóbeis, consoante resulte a sua própria confusão mental (hipótese mais provável) ou de um improvável maquiavelismo, respectivamente.
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