31/08/2019

Com este pessoal político, Portugal, que tem algum passado e pouco presente, dificilmente terá um futuro diferente

Já poucos acreditam nos políticos com graus académicos ornamentais que fazem o circuito das feiras a comer sandes de carne assada e pastéis de bacalhau ou a tournée de prova dos tintos. Ou que fingem interessar-se pela Lavoura (com maiúscula) ou que fazem campanha nos mercados municipais a dar beijinhos às peixeiras.

Contudo, parece haver ainda um resíduo de fé numa nova geração de políticos ilustrados com graus académicos prestigiados, por vezes em universidades estrangeiras, que aparentam ter vida para além do orçamento. Essa nova geração com outra cultura, outras ideias e outras práticas, assim reza a profecia, irá substituir gradualmente os velhos políticos.

É uma profecia comovente, mas, como é costume nas profecias, se calhar tem uma baixa probabilidade de se concretizar. Vem esta profecia a propósito de um desses novos políticos que aqui no (Im)pertinências já fez gastar muita tinta desde os tempos longínquos em que a criatura emergiu da sombra na encarnação de secretário de estado adjunto do primeiro-ministro Passos Coelho.

Trata-se, pois, de Carlos Moedas que nos últimos dias confirmou que, aparte os graus académicos, o inglês fluente e o à vontade no "estrangeiro" e alguns tiques, reúne muitos dos atributos que fazem dos políticos portugueses o que eles costumam ser.

Por exemplo, costumam ter uma ideia da Europa como a Óropa dos subsídios e o seguro contra todos os riscos que a preguiça e a falta de iniciativa imaginam ter subscrito, como o  homem que se orgulha que «vai duplicar os fundos comunitários para ciência» e exorta «Portugueses devem ir buscar mil milhões aos apoios à inovação».

Por exemplo, costumam ser desprovidos de coluna dorsal, como o homem que é um bajulador emérito que, jogando no tabuleiro do PS, mete a língua no ouvido de Costa dizendo-lhe «foram cinco anos com uma relação institucional com o primeiro-ministro que correu sempre tão bem».

Como já tinha jogado no tabuleiro de Marcelo que encomendou à sua porta-voz, que faz as vezes de jornalista do Expresso, uma enjoativa peça com um título que, quando se discutia a sucessão de Passos Coelho, era todo um programa  - «Marcelo sonha com ele para o PSD».

Por exemplo, quando prepara cuidadosamente com jogos de bastidores o seu limbo de dois anos após a fim do mandato na CE, pondo, como diz o povo, o palito no bolo das Fundações Gulbenkian e Champallimaud através da citada porta-voz de Marcelo no semanário de reverência.

30/08/2019

Dúvidas (277) - A propósito do pulmão amazónico, uma dúvida meio escatológica


Down and dirty
«Então está tudo tão preocupado com a qualidade do ar e com a Amazónia, está tudo tão inquieto com o alegado pulmão do mundo e não sobra nem um bocadinho de histeria para o hipotético esfíncter do planeta, responsável por 30% do dióxido de carbono libertado para a atmosfera, de seu nome China?»

Dúvida, que partilho, de Tiago Dores em «O pulmão está na Amazónia, do cérebro nem sinal»

O silêncio dos culpados

Desde há algumas semanas, o processo Marquês praticamente desapareceu dos mídia e as frequentes intervenções de José Sócrates protestando inocência e desvendando cabalas deixaram de ser notícia.

O que significa o silêncio de Sócrates? Algumas explicações no domínio das teorias da conspiração:
  1. Estamos no verão e os jornalistas amigos estão a banhos
  2. O arguido converteu-se ao evangelismo e assumiu a culpa
  3. Durante as férias judiciais o processo está parado
  4. O trabalho de desmantelamento das provas pelo juiz a quem saiu à terceira tentativa o processo no sorteio prossegue a bom ritmo e o José está optimista quanto ao desfecho
  5. Estamos em plena campanha eleitoral e o Dr. Costa exigiu ao Eng. Sócrates que ficasse calado e este trocou o silêncio pela assistência da máquina do PS na desinfecção do seu currículo.

29/08/2019

Catarina Martins garante que é capaz de aprender com empresários. Só se forem empresários do alterne

«Não é verdade que não sejamos capazes de ter conversas e de aprender com empresários. Lembro-me de fazer visitas a empresas e de estar a conversar com empresários com práticas laborais e estratégia económica importante. Tenho sempre muito gosto em fazê-lo, continuarei a fazê-lo.»

Catarina Martins, chef@ berloquista, em entrevista ao Jornal Eco

Esclarecimento:
O título desde post não tem propósitos ofensivos. É meramente a constatação que o BE tem vocação para o alterne: ora está no governo, ora está na oposição.

ACREDITE SE QUISER: Cursos de guerrilha para jovens ambientalistas


«Há dias, fiquei pasmado ao descobrir que hoje pululam as academias ou boot camps onde os jovens aprendem técnicas de guerrilha para resistir às autoridades e tornar os seus protestos mais eficientes.

O problema é que isto revela: 1. que os protestos não são espontâneos, mas cuidadosamente orquestrados; 2. que são apoiados com dinheiros vindos não se sabe de onde nem com que interesses; 3. que para alguns dos jovens os protestos não são ações pontuais contra certas injustiças, mas tornaram-se um modo de vida; 4. que os manifestantes baseiam a sua visão do mundo na luta de classes – dos indefesos contra os poderosos, dos idealistas contra o capitalismo, dos bons contra os maus. Só que os indefesos pelos vistos também estão armados, os idealistas afinal também são pragmáticos e os bons... enfim, podem estar cheios de boas intenções, mas não sabemos se serão assim tão bonzinhos.»

«Cursos de guerrilha para jovens ambientalistas», José Cabrita Saraiva no jornal i

Pensamentos do dia a propósito:
A luta de classes foi substituída pela luta de «géneros».
Os operários foram substituídos pelos homossexuais e outros praticantes do sexo vudu.
A defesa da liberdade de expressão foi substituída pela imposição dos códigos e das praxes do politicamente correcto.
É uma espécie de nacional-socialismo por outros meios.
«Deus morreu, Marx morreu e eu mesmo não estou me sentindo muito bem.» (Millôr Fernandes)

28/08/2019

Lost in translation (327) - Escolher entre manifestamente incompetente e manifestamente mulher

Disse Carlos Zorrinho, eurodeputado socialista,  que «a presidente da CE optou por Elisa Ferreira, fica garantido, em primeiro ligar a grande qualidade da representação de Portugal nesse órgão».

Intrigados, recorremos, como é costume aqui na casa para traduzir o politiquês enigmático, ao nosso web bot de AI com machine learning baseada numa Neural Network com acesso a servidores de Big Data para traduzir a proposição de Zorrinho, primeiro em europês e depois em português corrente. O resultado foi
«A presidente da CE rejeitou Pedro Marques por ser manifestamente incompetente e aceitou Elisa Ferreira por ser manifestamente mulher.»
De seguida o nosso web bot entrou em loop, começou a explorar os servidores de Big Data e continuou a debitar statements, como:
Elisa ficou célebre por durante a campanha as eleições de 2009 para a câmara do Porto ter corrigido «vou só dar o nome e volto» quando um adepto disse que ela iria para ao Parlamento Europeu. Aos velhinhos do lar que visitou a seguir, Elisa Ferreira explicou que «pintaram [a vereação de Rui Rio] os bairros, mas esqueceram-se de vos dizer que o dinheiro é do Estado, é do PS».
«o dinheiro é do Estado, é do PS», o Estado é o PS, o dinheiro é do PS, o dinheiro é do PS, ...
(o bot encheu duas páginas com este statement)
Pour Elise, membro da grande família socialista e esposa do vice-presidente de La Seda e da Fundação Berardo, instituições que muito contribuíram para o sucesso da Caixa Geral de Depósitos, é o apogeu da sua carreira.
... 
Ainda não foi desta vez que se cumpriu o postulado de Françoise Giroud: «a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres será alcançada quando uma mulher incompetente tirar o lugar a um homem competente».
... 
Chegado aqui, achámos que era demasiado e desligámos o bot.

27/08/2019

ARTIGO DEFUNTO: Como o jornalismo de reverência deixa uma entrevista a Costa transformar-se num instrumento de propaganda

A entrevista da Revista do Expresso a António Costa publicada no fim de semana é um bom exemplo de como uma entrevista frouxa, sem confrontar o entrevistado com os factos, lhe proporciona uma boa oportunidade para fazer agitprop com uma aura de estadista certificado por um jornalismo reverencial.

Passemos em revista algumas declarações de Costa que não resistem aos factos com que os jornalistas do Expresso (por coincidência vindos ambos do Observador) o deveriam ter confrontado.

«... estamos a poucas semanas da conclusão desta legislatura e podemos dizer que cumprimos os compromissos que assumimos»
Revejam-se as nossas mais de 200 Crónicas da avaria que a geringonça está a infligir ao País carregadas de factos ou, para simplificar, leiam-se as Prioridades à la carte de Alexandre Homem Cristo.

«... começou a convergir com a Europa em 2017, 2018... e em 2019 ainda mais vai convergir...»
Deveriam ter-lhe lembrado que isso se deve à Itália, e este ano à Alemanha, porque quase todos os outros países estão a crescer mais depressa e nomeadamente os comparáveis com Portugal que tinham um PIB per capita inferior e nos tão a ultrapassar um a um.

«... temos estado a evoluir em contraciclo com a economia mundial»
Como? Estamos a crescer há décadas menos do que a economia mundial. Perante a evidente baboseira, Costa corrige e acrescenta

«Estamos a crescer acima da média europeia, não estamos a ir à boleia de quem cresce menos.»
Quase todos os outros países europeus estão a crescer mais depressa.

«... sem a devolução de rendimentos não tínhamos reposto a confiança na sociedade portuguesa, que foi a base para o aumento do investimento
Aumento do investimento? Qual aumento? Qual investimento? O investimento público só este ano ultrapassaria (se ultrapassar, o que se duvida) o investimento do governo anterior e a Formação Bruta de Capital fixo em 2018 (34.363,8 milhões) estava ao nível de 2003 (34.705,4 milhões). (Pordata)

«É fazer o investimento público sem necessidade de aumentar o défice.»
«... melhorámos o investimento do ponto de vista de instalações e equipamentos, nas escola, serviços de Saúde, Forças Armadas e de segurança...»
É muito descaramento quando se sabe que é o aumento da carga fiscal e o corte das despesas de capital que tem permitido diminuir o défice à custa da degradação dos serviços públicos, da paralisação do SNS, da inoperacionalidade das Forças Armadas, etc.,  enquanto se dá prioridade a reduzir o horário, aumentar os salários e os efectivos da freguesia eleitoral do governo.

«... estamos a aumentar a população activa...»
Grande realização: a população activa em 2018 (5.232,6 mil) era inferior à de 2013 (5.284,6 mil) (Pordata)

«... quando em Junho derreteram 200 mil toneladas na Gronelândia...»
Esta é uma bacorada ao melhor nível de um Trump e dá uma ideia do calibre da ignorância de Costa. Foram só 3 mil milhões de toneladas por dia ou cerca de 200 mil em cada 6 segundos.

«... melhorar a progressividade e baixar os impostos...»
Para quem bateu em 2018 o recorde de todos os tempos da carga fiscal, esta está ao nível das 200 mil toneladas.

«... (se tivesse tido a maioria)  ... a reforma da floresta teria avançado mais rapidamente»
A não ser as «golas» inflamáveis, não seria difícil porque a reforma da floresta não avançou nada, tal como todas as outras reformas.

26/08/2019

Ainda a desfaçatez a propósito da Amazónia, desta vez de Macron

Adicionalmente às manipulações do esquerdismo a pretexto dos incêndios da Amazónia, tivemos no fim de semana as manipulações de Macron com propósitos obscuros ameaçando defender o fim do acordo comercial UE-Mercosul e, com uma desfaçatez terminal, indo à caixa das esmolas buscar vinte milhões de dólares para a ajuda no combate aos incêndios. Vinte milhões de dólares foi quanto um cento de celebridades idiotas torraram para montar há 3 semanas um show off ambiental de 3 dias em Palermo.

Aos olhos dos brasileiros esta fantochada não pode deixar de ser vista como hipócrita, vinda de dirigentes de países que nos últimos três séculos contribuíram para a degradação ambiental dos seus e dos países terceiros colonizados e ainda hoje contribuem com um múltiplo das emissões dos países de quem esperam agora a salvação do planeta.

No caso particular de Macron, apelidado de Macrocon por Olavo de Carvalho, é notável a hipocrisia ao atacar sem motivo legítimo o acordo com o Mercosul, dando razão ao ministro brasileiro da Agricultura que lhe chamou «calhorda oportunista» e o acusou de fazer o frete ao «lobby dos agricultores europeus diante da iminente invasão de produtos brasileiros».

E não, a questão não fica arrumada por Bolsonaro não estar à altura do desafio de governar um país da dimensão e complexidade do Brasil com os problemas que herdou (uma boa porção do pêtismo), nem talvez à altura de manter relações exteriores civilizadas - a piada sobre a idade de Brigitte Macron é de labrego. É claro que, em contraste, Macron sabe comportar-se e diz as coisas execráveis com muita elegância, mas há também boas razões para se duvidar se estará à altura de governar a França.

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (202)

Outras avarias da geringonça e do país.

Cuidando da freguesia eleitoral

Quereis um exemplo da complementaridade do esquerdismo senil do PS e do esquerdismo infantil do BE nos cuidados intensivos da freguesia constituída pelos funcionários públicos? O PS, que toma conta do governo com procuração do berloquismo, nos 4 anos terminados em Junho colocou 35.732 novos fregueses na administração pública. O BE no seu «autêntico programa de governo», segundo o dirigente Pureza, pretende contratar 120 mil novos clientes durante os mesmos 4 anos. De onde, podemos concluir, o esquerdismo infantil é como o senil potenciado pelo multiplicador socialista (exemplos do multiplicador).

A família socialista tem imenso jeito para o negócio

Passando da macroeconomia para a microeconomia dos cuidados, relevo o caso do funcionário da IP com baixa médica a explorar o bar da estação do Pocinho e antecipo as consequências futuras para a grande família socialista do parecer do jurisconsulto Costa que habita o corpo do primeiro-ministro e postulou a interpretação da lei das incompatibilidades da forma magistral que deixou embasbacado o outro contribuinte.

Para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os outros cumpra-se a lei

Este é o mote mais popular entre os socialistas e teve mais uma aplicação prática com atribuição dos fundos para recuperação dos incêndios de 2017 (sim, esses mesmo de que fugiu para férias o Dr. Costa) à câmara de Mação cujo presidente não pertence à família socialista (ler aqui o relato).

25/08/2019

Não o levem à letra. Pode não ser o ilusionismo habitual. Pode ser uma passagem administrativa do primeiro ano

O Prestidigitador de Bosch
Em entrevista ao Expresso, António Costa explicou que pediu um parecer ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República para saber se há incompatibilidade na situação de familiares de três ministros e um secretário de Estado terem contratos com entidades públicas e diz que vai «analisar o parecer e, se concordar homologo, se não concordar não homologo». De caminho dá a sua contribuição para a doutrina jurídica, postulando:
«É uma regra básica da interpretação e que está no artigo 9.º do Código Civil - qualquer aluno que tenha concluído o primeiro ano da faculdade do curso de direito estudou-o. E diz assim (vou citar de cor): a interpretação não se pode cingir à letra da lei.»
Vejamos o que diz o regime jurídico de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos políticos e altos cargos públicos (Lei n.º 64/93, de 26 de Agosto), recordando que Costa em 1996, então secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, apresentou uma proposta de lei para alteração do regime de incompatibilidades com regras que agora questiona.

Dispõe o artigo 8.º da Lei n.º 64/93:

1 - As empresas cujo capital seja detido numa percentagem superior a 10 por cento. por um titular de órgão de soberania ou titular de cargo político, ou por alto cargo público, ficam impedidas de participar em concursos de fornecimento de bens ou serviços, no exercício de actividade de comércio ou indústria, em contratos com o Estado e demais pessoas colectivas públicas. 
2 - Ficam sujeitas ao mesmo regime: 
a) As empresas de cujo capital, em igual percentagem, seja titular o seu cônjuge, não separado de pessoas e bens, os seus ascendentes e descendentes em qualquer grau e os colaterais até ao 2.º grau, bem como aquele que com ele viva nas condições do artigo 2020.º do Código Civil; 
b) As empresas em cujo capital o titular do órgão ou cargo detenha, directa ou indirectamente, por si ou conjuntamente com os familiares referidos na alínea anterior, uma participação não inferior a 10 por cento.

Não é preciso ser um jurisconsulto para perceber que não é uma questão de interpretação, a letra da lei aplica-se ao caso daqueles membros do governo.

Vejamos agora o que diz o artigo 9.º do Código Civil de que Costa de que só refere o n.º 1, et pour cause:

1 - A interpretação não deve cingir-se à letra da lei, mas reconstituir a partir dos textos o pensamento legislativo, tendo sobretudo em conta a unidade do sistema jurídico, as circunstâncias em que a lei foi elaborada e as condições específicas do tempo em que é aplicada.
2 - Não pode, porém, ser considerado pelo intérprete o pensamento legislativo que não tenha na letra da lei um mínimo de correspondência verbal, ainda que imperfeitamente expresso.
3 - Na fixação do sentido e alcance da lei, o intérprete presumirá que o legislador consagrou as soluções mais acertadas e soube exprimir o seu pensamento em termos adequados.

Em conclusão, há duas explicações possíveis para a interpretação defendida por Costa:
  • Costa está de boa fé e fez uma passagem administrativa no primeiro ano do seu curso, o que na época (princípio dos anos 80) aconteceu várias vezes; ou
  • Costa está a praticar o seu ilusionismo habitual fazendo desaparecer a letra da lei e os nºs 2 e 3 do artigo 9.º do Código Civil.

A desfaçatez das manipulações do esquerdismo só é superada pela credulidade e seguidismo dos idiotas úteis

A pretexto dos incêndios na Amazónia foram organizadas maninfestações junto a embaixadas brasileiras em vários países. O povo, mostrando um louvável siso, primou pela ausência. Em Londres juntaram-se umas centenas de activistas (segundo o Guardian, um patrocinador habitual destes eventos), em Paris umas dezenas, com destaque para as meninas que protestam tirando os trapinhos e em Lisboa fez-se uma vigília nos Restauradores com meia dúzia de dondocas e um cão com um lacinho amarelo. De todos estes eventos, esta vigília em Lisboa terá sido a mais chocante pela razão óbvia que é a capital do país onde há dois anos arderam 563 mil hectares (5.600 km2 ou 6% do território continental) e foram mortas por incúria e incompetência do governo socialista mais de uma centena de pessoas, com o primeiro-ministro fugido em férias na semana seguinte ao primeiro grande incêndio, sem que sejam conhecidas manifestações de protesto.

Brazil’s embassy in Paris August 23, REUTERS/Charles Platiau
Um pouco por todo o mundo a esquerdalhada e os idiotas úteis que a servem omitiram, manipularam, e distorceram grosseiramente informação, e por vezes pura e simplesmente inventaram, para justificar a sua indignação face a um Bolsonaro, que não sendo uma boa escolha de qualquer ponto de vista, foi eleito como resposta do povo brasileiro à corrupção extrema de um pêtismo que convocou os apoios dessa mesma esquerdalhada e dos mesmos idiotas úteis.

Façamos então um exercício de colocar em perspectiva os incêndios na Amazónia com base em factos mensuráveis.

Os dois mapas seguintes (The Economist) mostram as concentrações no dia 23 de Agosto de aerossóis resultantes de incêndios de matérias vegetais.


O primeiro mapa mostra que estão a decorrer incêndios com maior impacto global do que os da Amazónia, nomeadamente na Sibéria (estão a arder 5,5 milhões hectares = 55 mil km2) e na África Central, sem que isso indigne a esquerdalhada. Um dos incêndios mais violentos em apenas 100 km2, que no dia 23 já estava extinto mas cujos efeitos nas concentrações de aerossóis ainda é visível, foi o da Gran Canaria em que foram deslocadas 9 mil pessoas e ninguém se lembrou de propor manifs ou vigílias pedindo a demissão de Pedro Sánchez.


O segundo mapa mostra como os incêndios na floresta amazónica no interior do território brasileiro são uma apenas uma parte dos incêndios no conjunto da floresta amazónica (delimitada pela «fronteira» azul). Alguém ouviu falar de manifs de protesto pelos incêndios nas florestas amazónicas dos outros países, nomeadamente da Bolívia e do Paraguai?

Segundo os dados de satélite da NASA, a intensidade dos fogos na bacia amazónica reportada a 16 de Agosto estava próxima da média dos últimos 15 anos (fonte).

Nos últimos 15 anos a taxa de desflorestação no Brasil reduziu-se de uma média de cerca de 20,3 mil km2 nos anos de 2004-2006 para 7,6 mil km2, cerca de um terço, nos anos 2016-2018 (fonte). Por memória recorde-se o PT ocupou o poder desde que Lula foi presidente entre 2003 e 2011, seguindo-se Dilma Roussef até 2016.

incêndio florestal de Fort McMurray, Alberta no Canada, em 2016 queimou 5,9 mil kms de floresta sem que nenhuma das almas hoje indignadas com Bolsonaro apontasse o dedo a Justin Trudeau, por coincidência um darling da esquerdalhada.

24/08/2019

As minhas ditaduras são melhores do que as tuas, ou como a esquerdalhada convive mal com a história

A onda de indignação que percorre as redacções dos jornais e as redes sociais, a pretexto de um museu dedicado a Salazar, está a mostrar, uma vez mais, o apego à doutrina Somoza pela esquerdalhada que ocupa as primeiras e infecta as segundas. Por isso, para a esquerdalhada a limitação das liberdades pelo salazarismo é condenável, ao mesmo tempo que é louvável a limitação das liberdades e a violência extrema do radicalismo republicano.

A esse respeito, para não repetir o que já foi escrito, aqui um vai excerto da «Crónica sobre quando o meu fascismo é melhor que o teu...» de Pedro Ferros no jornal i:

«Esta é a horda dos fanáticos ultrapolitizados, militantes das causas fracturantes e não só, signatários e impulsionadores destas sucessivas cruzadas, que na imbecilidade do seu fanatismo não percebem que Salazar deve ter um museu, exactamente por causa deles, e da sua versão em cada época.

A um tempo, para que não esqueçamos essa página da história, mas sobretudo para nos lembrarmos por que razão houve, em 28 de Maio de 1926, uma revolução pacífica que desceu de Braga até Lisboa e instalou, sem necessidade de nenhum PREC, um regime autoritário de sinal contrário, que estes ora tanto abominam, e que durou quase meio século, com grande aceitação popular durante muitos desses anos.

Estes idiotas de hoje em dia são, pois, os herdeiros morais dos muitos desmandos da i República e das suas lutas intestinas. Indignam-se com os mortos da Guerra Colonial e são indiferentes às vítimas da i Guerra Mundial, quando o Portugal das esquerdas revolucionárias carbonárias e jacobinas, que tanto glorificam e com o qual vivem pacificamente, enviou para as trincheiras de França 50 mil soldados impreparados e mal armados, de onde não voltaram quase oito mil soldados, um número quase idêntico ao das baixas de todos os teatros de guerra durante a Guerra Colonial, que durou década e meia.

Desconhecem, ou branqueiam, a barbaridade dos episódios desta putativa democracia dos golpes sucessivos, de um clima de quase guerra civil constante em que, num período de 16 anos, a República Portuguesa teve sete Parlamentos, oito Presidentes da República, 39 Governos, com 40 chefes diferentes, uma junta constitucional e uma junta revolucionária. E em que entre 1920 e 1926 houve 23 Governos

23/08/2019

Eu diria mesmo mais, é um partido de mass media

«Há um amigo meu que compara o PCP ao Bloco de uma forma muito engraçada. O PCP é um verdadeiro partido de massas, o Bloco é um partido de mass media. E isso torna os estilos de atuação diferentes.»

Foi assim que, em entrevista ao Expresso, António Costa se referiu aos berloquistas, antecipando o que provavelmente será o fim da geringonça tal como a conhecemos e também o movimento táctico em curso para conter o pedronunismo no PS.

Uma proposta modesta para evitar que os filhos dos portugueses sejam um fardo para os seus pais ou para o país

Esta proposta modesta é sobre o despacho d@s secretári@s de Estado para a Cidadania e a Igualdade e da Educação que, entre outras medidas de «protecção da identidade de género e de expressão», postula:
«As escolas devem garantir que a criança ou jovem, no exercício dos seus direitos, aceda às casas de banho e balneários, tendo sempre em consideração a sua vontade expressa e assegurando a sua intimidade e singularidade
Esta medida em particular, como chamei a atenção no meu post, constitui uma violação dos direitos de expressão dos outros 8 (oito), 69 (sessenta e nove) ou 110 (cento e dez) géneros, por ainda não existirem nas escolas (ainda estamos a caminho do socialismo) as 10 (dez), 71 (setenta e uma) ou 112 (cento e doze) casas de banho e balneários diferentes. 

Por isso, como medida para preservar o equilíbrio orçamental em transição para o estádio superior do socialismo com as suas 10 (dez), 71 (setenta e um) ou 112 (cento e doze) casas de banho e balneários diferentes em cada escola, proponho que nas duas casas de banho e balneários existentes se substituam os símbolos existentes, assim:

CASE STUDY: Um imenso Portugal (53) - Depois do presidente, o seu putativo sucessor

[Outros imensos Portugais]

Depois de Lula, preso há 500 dias (por quê ninguém conta os dias de prisão das dezenas de políticos de outros partidos e de empresários corruptos?), foi a vez de Fernando Haddad, ex-candidato do PT à presidência que perdeu para um Bolsonaro eleito pela corrupção extrema do pêtismo.

Haddad foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão por «crime de falsidade ideológica para fins eleitorais» por ter apresentado 258 declarações falsas de despesas da sua campanha à Prefeitura de São Paulo em 2012 e por ter pedido 2,6 milhões de reais a uma empreiteira para pagar uma dívida a uma gráfica do Chico Gordo, um ex-deputado estadual do PT - lá a família pêtista, como cá a família socialista.

Vamos assistir a mais uma onda de indignações da esquerdalhada e à fabricação das habituais teorias da conspiração, conspiração que estranhamente fez prender muito mais gente de direita do que de esquerda no Brasil, mas é claro que isso para a doutrina Somoza é igual ao litro e, como do lado de cá do Atlântico, para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os outros cumpra-se a lei - uma formulação de autor (socialista) desconhecido inspirada em Maquiavel.

21/08/2019

BREIQUINGUE NIUZ: Governo viola escandalosamente a expressão de género com o silêncio cúmplice do BE

Foi publicado há dias um despacho d@s secretári@s de Estado para a Cidadania e a Igualdade e da Educação com «as medidas administrativas necessárias para a implementação do ... direito à autodeterminação da identidade de género e expressão de género e o direito à proteção das características sexuais de cada pessoa».

Entre as «Condições de proteção da identidade de género e de expressão» encontramos no n.º 3 do artigo 5.º a seguinte disposição:
«As escolas devem garantir que a criança ou jovem, no exercício dos seus direitos, aceda às casas de banho e balneários, tendo sempre em consideração a sua vontade expressa e assegurando a sua intimidade e singularidade.»
Ora acontece que as casas de banho e balneários das escolas existentes ainda só dispõem de hardware para dois géneros, a saber: o género que nas sociedades primitivas se chamava feminino, equipado com apenas cromossomas XX, e o género que nessas sociedades se chamava masculino, equipado com cromossomas XY.

De onde, aos outros 8 (oito) géneros, na versão antiga de dez géneros, ou aos outros 69 (sessenta e nove) géneros na versão de setenta e um géneros ou ainda aos outros 110 (cento e dez) na versão mais recente de cento e doze géneros, não é garantida a protecção da expressão de género (ver aqui o último ponto de situação sobre géneros).

Que um governo socialista, rendido aos ditames orçamentais do cis-heteropatriarcado e da heterossexualidade obrigatória, só em palavras se identifique com a identidade do género para comprar o apoio dos verdadeiros militantes da identidade de género e de expressão, não se aceita mas compreende-se. O que não se compreende é o silêncio cúmplice do Bloco de Esquerda.

20/08/2019

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (185) - Considerem-se avisados


«Desde 1975 que não se assistia a ameaças tão contundentes à liberdade de expressão, aos direitos de informação, associação e à greve. (...)

O PS está a mudar. Perigosamente. Está a ceder às esquerdas radicais, antidemocráticas ou totalitárias. As mais profundas convicções democráticas e liberais que marcaram o carácter do PS estão a sofrer uma erosão manifesta, causada pelo apetite de poder e pela influência ideológica do Bloco. (...)

Convencido de que o seu ADN é um salvo-conduto para a democracia, o PS português está a perder qualidades. Dá sinais de aceitar que existem limites severos à liberdade de expressão, de que as Forças Armadas podem intervir em conflitos laborais e de que os tribunais são bons substitutos para a arbitragem e a negociação. Em questões como a segregação racial, o racismo, a desigualdade étnica e social, o assédio sexual e a violência doméstica, os socialistas estão a considerar crime o que muitas vezes é mera afirmação ou opinião. (...)

Estamos a viver tempos difíceis para a democracia e para as liberdades, designadamente a liberdade de expressão. O PS está a perder gradualmente a sua tradição liberal, a sua veia tolerante e a sua marca democrática que parecia inamovível. O PS está a deixar que as suas pulsões escondidas, jacobinas, de intervenção estatal, de condicionamento da livre expressão e de intolerância apareçam à superfície e se transformem em método de acção. A liberdade, em Portugal, não depende só dos socialistas, mas está por eles muito marcada. Se faltar o seu contributo republicano, democrático e liberal, poderemos ter de viver tempos cinzentos que julgávamos ultrapassados por muitos anos. Num país, como o nosso, em que a direita liberal é tão escassa e volúvel, a esquerda democrática é essencial. Mas, se é a primeira a não respeitar as suas boas tradições, então temos um problema!»

Excertos de «Ameaças», António Barreto no Público

Mais uma operação de agitprop em curso a pretexto dos "refugiados" (continuação)

Continuação deste post.

Está agora claro que as pessoas a bordo do barco Open Arms não são refugiados no sentido do Artigo 1 (A) (2) da Convenção de 1951, nem em qualquer outro sentido. São imigrantes clandestinos recolhidos ao largo da Líbia pela ONG espanhola Open Arms há 26 dias e há 18 dias ao largo da ilha italiana de Lampedusa no jogo de chantagem com o governo italiano.

Nesses 18 dias, a Open Arms recusou duas ofertas de Espanha. uma para mediar a aceitação por Malta e outra para receber os imigrantes em Algeciras ou Maó (Baleares). O álibi mentiroso da Open Arms foi que as pessoas - há 18 dias por eles usadas para chantagear as autoridades italianas - não tinham condições para fazer a viagem até Algeciras de 950 milhas durante 6 dias, dizem eles (com uma velocidade de cruzeiro de 10-12 milhas/hora seriam necessários menos de 4 dias) ou Maó (a 590 milhas, menos de 2 dias), depois de recusarem a solução Malta que está a 85 milhas (7-8 horas).

Estamos perante um sequestro, puro e simples, pela Open Arms, com provável encenação de pessoas a lançarem-se ao mar para pressionar a moleza das autoridades europeias acobardadas pelo agitprop destes movimentos que instrumentalizam os imigrantes para comprometer a já fraca coesão europeia. Estaria justificada uma acção das autoridades marítimas para repor a legalidade, se houvesse alguém com guts para a levar a cabo.

(Fonte: DN, Observador, Expresso)

19/08/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (201)

Outras avarias da geringonça e do país.

As greves e manifs são legítimas? Depende

A greve dos motoristas de matérias perigosas fez desaparecer os combustíveis de algumas bombas e fez aparecer as verdadeiras faces de alguns políticos e das organizações que os albergam.

Dos políticos, saliento o primeiro-ministro que proferiu pelo menos dois pensamentos só à primeira vista surpreendentes. «O interesse do país nunca tira férias» disse o que foi de férias no pico dos incêndios onde morreram dezenas de pessoas por incúria e incompetência da administração de que ele é o chefe. E, ao defender que «em democracia não há direitos absolutos», confirmou-nos que não é um democrata, o que alguns de nós já tinham percebido, mostrou-nos a sua mão dura na requisição civil e, claro, deixou-nos o aviso que, se lhe der jeito e o deixassem, seria bem capaz de reinstaurar a censura, sem grande oposição em geral e no meio jornalístico em particular, salvo algumas raras almas que classificam a acção do governo na greve como «Agit-prop sem vergonha nenhuma».

Das organizações políticas, além do PS, cujo governo colocou a administração pública ao serviço do «patronato» na distribuição de combustível, e da hipocrisia habitual dos mutantes berloquistas, saliento o caso do PCP e do seu braço sindical CGTP que retomaram o papel de sabotadores de greves que já tinham assumido há 45 anos. Durante o PREC, fizeram-no por controlarem o governo e o país de onde resultava que todas as greves que não fossem da sua iniciativa eram anti-patrióticas. Agora reincidiram, com menos razões porque já não controlam o país e cada vez menos o aparelho sindical e o seu móbil foi apenas sabotar o sindicato concorrente sentando-se ao colo do «patronato».

Fumamos, mas não inalamos

Fumei, mas não inalei, foi o que disse Bill Clinton a propósito da sua relação dos tempos da universidade com a Marijuana, relação que antecedeu a outra com Miss Lewinsky no gabinete oval - a este respeito não resisto a invocar a tese de há 16 anos do outro contribuinte sobre a ligação deste caso com a segunda intervenção americana no Iraque.

Pois bem, o camarada Jerónimo fez-me recordar o fumei, mas não inalei quando, depois de quatro anos de ménage a trois (ou a quatre se incluirmos o apêndice PEV), declarou peremptoriamente «não há nenhuma maioria parlamentar nem nenhum Governo de esquerda ou de maioria de esquerda. Não há Governo apoiado pela CDU». O que me leva a outra recordação, a da piada de Benjamin Disraeli a propósito das estatísticas, que adaptada daria neste caso algo como: há três tipos de mentiras: mentiras, malditas mentiras e mentiras dos comunistas.

18/08/2019

A razão de que ninguém fala para o BE ficar fora do próximo governo

Sumo sacerdote do tele-evangelismo berloquista agora em repouso
no mausoléu dos Conselhos de Estado e Consultivo do BdP

Se há quase unanimidade sobre algum assunto em Portugal a respeito do resultado desejável das próximas eleições é sobre a inconveniência do BE participar no próximo governo. De facto, com excepção dos próprios, todas as outras criaturas gostariam que ficassem de fora. Os eleitores do PS porque isso significaria que o PS teria a maioria ou poderia fazer a maioria com outro partido (o PAN, por exemplo). Quanto a todos os outros, por razões próprias diversas e pela razão comum que a presença do BE significaria a sua ausência.

Mas há uma razão de que ninguém fala que tornará a ausência do BE positiva para a democracia portuguesa. Como a história recente mostrou, os pelotões de berloquistas nas redacções fazem do BE uma força importante para o agitprop de um governo por eles apoiado. Com uma participação do BE nesse governo, esses pelotões transformar-se-iam numa guarda pretoriana decisiva para sufocar os restos de jornalismo independente que sobrevivem ao controlo socialista. Com o BE ressabiado fora do governo, esses pelotões desempenharão o papel de militantes da denúncia, em contraponto à máquina socialista de manipulação dos mídia.

17/08/2019

Estado empreendedor (107) - o aeroporto que só abria, abre ou abrirá aos domingos (11) - «Esfumou-se», disse ele

[Continuação de outras aterragens: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui]

Recapitulação

Ao princípio era o verbo do Eng. José Sócrates: mais de um milhão de passageiros até 2015 e o investimento seria recuperado nos 10 anos seguintes. Era o multiplicador socialista a funcionar de acordo com o estudo «Plano Regional de Inovação do Alentejo» da autoria de Augusto Mateus, um ex-ministro socialista da Economia do 1.º governo de Guterres. Segundo o estudo, o aeroporto de Beja iria constituir uma «plataforma logística para a carga a receber e a expedir de/para a América e África, incluído o transporte de peixe, utilizando aviões de grande porte e executando em Beja o transhipment para aviões menores para a ligação com os aeroportos europeus».

Há 5 anos escrevi que finalmente o aeroporto de Beja estava próximo de cumprir o seu destino, a propósito da notícia do Público da garantia dada por Jorge Ponce de Leão, o então presidente do conselho de administração da ANA-Aeroportos de Portugal, numa entrevista à SIC Notícias que as negociações estavam «muito avançadas» para instalar uma empresa especializada em «desmantelamento de aviões».

Comecei imediatamente a imaginar o aeroporto que só abria aos domingos aberto todos os dias a receber aviões para desmantelar, transformado numa espécie autóctone do Mojave Air and Space Port. O passo seguinte, antecipando o paradigma marcelista somos os melhores dos melhores, foi imaginar o Alentejo transformado em Califórnia.

Cinco anos depois, o Público volta ao tema do «projecto para desmantelar aviões na base de Beja» citando o presidente da câmara a dizer que o projecto «esfumou-se». Já se tinha esfumado o da plataforma logística, o de aeroporto low cost, etc. Talvez seja a nossa vocação. Seremos então os melhores dos melhores a esfumar projectos.

16/08/2019

Mais uma operação de agitprop em curso a pretexto dos "refugiados"

Mais um barco da ONG Open Arms com 147 "refugiados" a bordo que ao fim de vários dias de chantagem sobre o governo italiano conseguiu que outros governos aceitassem essas pessoas, 10 no caso do governo português.

Em primeiro lugar, pergunta-se: essas pessoas são refugiados no sentido do Artigo 1 (A) (2) da Convenção de 1951? Isto é são pessoas que
«devido ao receio fundado de ser perseguido por motivos de raça, religião, nacionalidade, pertença a um determinado grupo social ou opinião política, está fora do país de sua nacionalidade e não pode ou, devido a esse medo, não está disposto a ele próprio da protecção desse país, ou que, não tendo nacionalidade e estando fora do país da sua anterior residência habitual, não possa ou, devido a esse receio, não esteja disposto a regressar a ele.»
Duvida-se. Certamente são pessoas arrebanhadas pelos criminosos que lhes extorquiram dinheiro para os deixarem ao largo à espera que as ONG do agitprop os colocassem a bordo para iniciar a operação de chantagem sobre os governos europeus. Muito provavelmente são imigrantes clandestinos com o desejo legítimo de melhorarem de vida. De onde vieram, há milhões com o mesmo legítimo desejo.

Já aqui me questionei a propósito da operação Aquarius: a Europa precisa da imigração? Precisa de escolher e integrar os imigrantes que recebe. Não precisa desta operação de agitprop, nem de demagogia, nem da paranóia multiculturalista.

E Portugal precisa de imigrantes? Também precisa, mas é duvidoso que precise de falsos refugiados arrebanhados por esta gente. Desejam essas pessoas viver no Portugal dos Pequeninos? Muitos provavelmente não, porque metade dos seus antecessores abandonaram o país na primeira oportunidade.

Os resultados destas operações de agitprop pelo lado das ONG presentes neste ramo de actividade e das esquerdalhadas, conjugados com a falta de coragem e demagogia dos governos e a má consciência das elites, são a instrumentalização e guetização dos "refugiados" e a desestabilização das sociedades onde são inseridos.

DIÁRIO DE BORDO: Coisas de intelectual

“Vivemos o tempo mais estranho da História da Humanidade. Nunca o ser humano foi tão estúpido como agora”

14.08.2019

ARTURO PÉREZ-REVERTE EM ENTREVISTA. VISÃO, 14/08/2019

(Citado pelo semanário de reverência)

Concordo que o ser humano é bastante estúpido, no sentido de irracional - racionais são os animais. Contudo, não estou nada de acordo que o ser humano seja mais estúpido nos tempos actuais do que no passado. A tese de Reverte não resiste a revisitar a história. Por exemplo, sem recuar mais, a evocar a história do século passado e as atrocidades das suas duas guerras mundiais e de uma infinidade de guerras locais.

Reverte (*) deve sofrer daquelas depressões crónicas dos intelectuais alimentadas pelas redes sociais onde qualquer badamerda (como os contribuintes aqui deste blogue) escreve o que lhe vem à cabeça, as mais das vezes enormes dislates, e, desconchavando a conversa a propósito de tudo e de nada, consegue maiores audiências de néscios do que os revertes deste mundo com as suas rebuscadas e eruditas elucubrações (como esta que acabei de escrever a fingir de intelectual).

(*) Disclaimer: não conheço a obra da criatura; vi trechos de filmes e séries inspirados nos seus romances que não me impressionaram (Capitão Alatriste e A Rainha do Sul)

15/08/2019

Chávez & Chávez, Sucessores (73) - Na democracia chávista vota-se com os pés

Outras obras do chávismo.

«Não vai haver nem golpe de Estado, nem governo de facto, nem transição alguma. Aqui não se vai instalar qualquer governo porque as Forças Armadas estão consciente das suas obrigações morais e constitucionais», disse o ministro da Defesa venezuelano Vladimir Padrino López garantindo que os militares vão «defender a democracia e o Presidente Nicolás Maduro, eleito pelo povo». (Fonte)

Entretanto o número de venezuelanos que fugiram do paraíso chávista nos últimos cinco anos ultrapassou os quatro milhões, segundo a ONU.

14/08/2019

¿Por qué no te callas? (25) - É por isso que o silêncio dele tem tanto valor

«António Costa é muito mais à esquerda do que eu», esclareceu Rui Rio, a criatura que faz de líder do PS-D, em entrevista ao jornal de campanha.

Mitos (293) - A automação e a inteligência artificial eliminarão metade dos empregos

A ideia está tão espalhado que já assume o estatuto de axioma. Ainda recentemente Ricardo Costa no Expresso Curto citava The Technology Trap: Capital, Labor, and Power in the Age of Automation, de Carl Benedikt Frey, baseado segundo ele num «célebre estudo de 2013 que calculou que 47% dos empregos nos EUA iam ser afetados pela automação».

O estudo de Frey com Michael Osborne, também de Oxford, citado em mais de quatro mil trabalhos académicos, baseou-se na modelização das características de 702 profissões classificadas de acordo com a sua «susceptibilidade de computorização», usando um sistema de machine-learning,  desenvolvido por Osborne, de cujos cálculos se concluiu que as profissões de «alto-risco» representavam 47% dos empregos americanos.

Segundo as explicações do próprio Frey, «imensa gente imagina que eu acredito que metade dos empregos serão automatizados numa década ou duas», mas «definitivamente não é o que o estudo diz. Não fizemos nenhuma tentativa para estimar quantos empregos seriam de facto automatizados» disse Frey citado pela Economist.

Como no tema das mudanças climáticas, também neste domínio a ideologia e a política tendem a contaminar o debate entre dois campos extremos. De um lado os catastrofistas que prevêem a extinção maciça de empregos e de outro os que acreditam, baseados na história económica, que após alguma turbulência serão criados a longo prazo mais empregos do que os destruídos. Carl Benedikt Frey, segundo ele próprio, está mais próximo deste segundo campo.

13/08/2019

Lost in translation (326) - Les gilets jaunes portugais sont toujours gais

Enquanto em França um gilet jaune luso-francês fez tremer Emmanuel Macron (segundo as palavras épicas do Expresso, sempre atento aos portugueses no topo do mundo), em Portugal uma legião de coletes amarelos inspira apenas uns recados do governo através da imprensa amiga e uma vaga ameaça de mandar a polícia de choque com os cães se ousassem bloquear «infraestruturas críticas». 

Surpreendentemente, a ameaça dos cães não suscitou nenhuma indignação ao PAN, porventura mais preocupado em não queimar pontes para colaborar a partir de Outubro na mudança do género relativo para o género absoluto da maioria de Costa no parlamento.

Ameaça insuficiente para indignar o PAN e suficiente para levar os coletes amarelos a meter o rabinho entre as pernas, desmobilizando «a acção após uma atitude ditatorial por parte da PSP» - deviam esperar mais carinho da polícia.

Como se o rabinho ainda não estivesse completamente entre as pernas, anunciaram hoje a dissolução do Movimento Coletes Amarelos Portugal (MCAP), «por unanimidade» com uma justificação que diz imenso sobre eles e muito sobre o Portugal dos Pequeninos:
«Tentámos tudo ao nosso alcance para que os Portugueses fizessem valer os seus direitos, pois um governo que não nos teme, não nos respeita. O Povo Português escolheu não fazer nada, e nós ao fim de tanto sermos ignorados e alvos de chacota, decidimos aceitar o que o Povo escolhe ser embora com a mágoa do que poderíamos ser e conseguir.»

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Outro Zugzwang desta vez ao Dr. Pardal

Secção Tiros nos pés

O mês passado foram as duas criaturas que estão nos lugares dos líderes da inexistente oposição a quem Costa, colocando a máscara de governante responsável, deixou em posição de Zugzwang no caso da recuperação do tempo dos professores.

Esta semana foram o Dr. Pardal e os seus motoristas que morderam o isco convocando uma greve que vai morrer na praia, aproveitando Costa para colocar outra vez a sua máscara de governante responsável, acrescentando o quantum satis de governante com autoridade (democrática, está claro) e avançando com a requisição civil.

«Greve dia 1: Costa a todo o vapor, oposição parada» titula o Expresso, que nestas coisas nunca se distrai. Por outras palavras, Costa de uma cajadada mata três coelhos: Rio e Cristas, que já estavam mortos, acrescentando-lhe o Dr. Pardal e os seus motoristas.

Mais um afonso para Costa por ter reincidido em encostar a oposição à parede, acrescentando-lhe agora os motoristas, três ignóbeis pelas suas manobras e quatro chateaubriands por estar convencido que a governação do Portugal dos Pequeninos consiste na manobra dos pequeninos.

12/08/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (200)

Outras avarias da geringonça e do país.

Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos

Como alguém já disse, a única certeza que podemos ter quanto ao futuro é que não será igual ao passado. Ou então ler o Expresso onde este fim de semana se escreveu na pág. 2 do Caderno de Economia «Portugal resiste ao abrandamento europeu». Como é uma "noticiazinha" pequenina, talvez possamos dar-lhe um poucochinho mais crédito do que a célebre "notícia" de primeira página de há oito anos «FMI já vem», um mês antes da troika desembarcar.

Em todo o caso, no vosso lugar, prestaria mais atenção ao banco Nomura, para quem a coisa está a ficar parecida «com o quadro da véspera do colapso do Lehman Brothers em 2008», ou à Seaport Global, citada pela Bloomberg, para quem «rates markets globally are expecting what looks like Armageddon». Pela Zona Euro as coisas também estão tremidas com o segundo trimestre a apresentar o menor crescimento em cinco anos, E por cá até se celebra uma revisão em alta de 0,1% no segundo trimestre, revisão mais da classe de erro preditivo do que outra coisa.

11/08/2019

Um show off ambiental bastante poluente

Umas centenas de celebridades, encabeçadas pelo ex-presidente Barack Obama, voaram em 114 jactos para Palermo para participar na conferência Google Camp sobre o ambiente, cuja organização custou uns 20 milhões de dólares.

Um voo ida e volta Nova Iorque-Palermo num private jet é coisa para emitir em média umas 26 toneladas de dióxido de carbono (2 x 7.200km x 1,8kg/km). Um carro emite em média 4,6 toneladas de dióxido de carbono por ano. Em consequência, os 114 jactos privados que se apresentaram no Verdura Resort carregados de celebridades acreditando, ou fingindo acreditar, que o aquecimento global resulta essencialmente do uso dos combustíveis fósseis, contribuíram, segundo a sua própria crença, com o equivalente a cerca de 644 carros a circular durante um ano inteiro.

Se adicionarmos aos jactos os iates e os helicópteros das celebridades, o impacto ambiental mais positivo da conferência teria sido não a realizar.

(A Euronews citada pelo Observador estima que a emissão por jacto naquele voo seria 4,24 toneladas; trata-se de voos comerciais e da emissão média por passageiro pelo que não faz qualquer sentido tomar essa base para estimar o consumo por voo de um jacto privado)

10/08/2019

ACREDITE SE QUISER: Aritmética salarial no Portugal dos Pequeninos ou o efeito multiplicador também se aplica aqui


Se perguntarem a um trabalhador inglês ou americano, por exemplo, qual é o seu salário, ele dirá que o seu salário anual é X e que recebe mensalmente X/12.

Se perguntarem a um trabalhador português qual é o seu salário anual, ele não saberá responder, a menos que seja o chefe da «secção de pessoal». Se lhe perguntarem o salário mensal, provavelmente dirá 630 euros, no caso do recibo acima. Se lhe perguntarem se é isso que recebe, dirá que não e explicará que terão de somar-se meia dúzia de subsídios, calcular e subtrair o IRS e a contribuição social e o ano dele tem 14 meses. Se lhe perguntarem se é só isso, dirá provavelmente que é melhor perguntarem à «secção de pessoal».

Por estas e por muitas outras, percebe-se que o Portugal dos Pequeninos só sairá do pântano do Estado Sucial se, por milagre, a Nossa Senhora de Fátima aparecer desta feita em Belém ao Senhor Presidente da República do Portugal dos Pequeninos e o mandar embarcar numa Nau Catrineta estacionada no Cais das Colunas, com a classe política quase toda, muita comentadoria (uma parte embarca pela classe política), os empreendedores que vivem pendurados no Estado Sucial, incluindo startuppers e, porque não?, os bloggers sem profissão conhecida.

09/08/2019

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (184) - O PS como elevador sucial

«Não podendo ascender socialmente a trabalhar, não sendo Portugal também um grande paraíso para investir, resta uma solução: meter-se num partido de poder, o que em Portugal nos últimos 20 anos é basicamente inscrever-se no Partido Socialista. Inscrever-se no Partido Socialista e encontrar os padrinhos certos é o caminho mais rápido para a ascensão social (que o diga o ajudante de padeiro, afilhado político de Pedro Nuno Santos, promovido a assessor no Ministério da Administração Interna). Pertencer ou ser próximo do Partido Socialista pode garantir acesso aos melhores empregos na Função Pública e aos melhores negócios com o Estado. A meritocracia fica para trás, subjugando-se à lealdade política, à subserviência e ao servilismo. Controlando o estado uma parte tão grande da economia, directa e indirectamente, é difícil ter sucesso sem acesso à rede de primos e afilhados dos partidos de poder.»

Excerto de «#ComPrimos», Carlos Guimarães Pinto no Observador

ESTÓRIA E MORAL: A Amnistia Internacional precisa de ser amnistiada

Estória

As coisas descarrilaram na Amnistia Internacional (AI), uma ONG dedicada aos direitos humanos, quando um antigo funcionário se suicidou, deixando uma nota responsabilizando as pressões no trabalho. Pouco depois, outro funcionário também se suicidou, por razões desconhecidas. Foi então encarregada a KonTerra, uma consultora, de analisar o ambiente interno da AI.

Segundo o relatório da KonTerra, o ambiente na Amnistia Internacional (AI) é «tóxico». Assédio generalizado das equipas e uma mentalidade de bunker na direcção, fazem com que quase 40% dos funcionários tenham problemas de saúde mental ou física resultantes do seu trabalho.

Ainda de acordo com o relatório, o pessoal está motivado e muitos funcionários vêem o seu trabalho como uma «vocação ou causa da vida» que lhes proporciona «um sentimento de propósito e significado». Porquê então se sentem assediados? Segundo os funcionários, porque os dirigentes acreditavam tanto na sua importância e na da AI que pensavam saber melhor o que era bom para os funcionários do que os próprios. Os funcionários também achavam difícil fixar limites aceitáveis para as horas de trabalho como se lhes fosse atribuída uma espécie de missão divina. (Fonte: aqui ali)

Como descrição de ambiente de trabalho poderia bem ser o estereótipo de uma daquelas empresas ultra-competitivas de um porco capitalista ávido e sem escrúpulos.

Moral

Em casa de ferreiro, espeto de pau. Em alternativa, também poderia ser O inferno está cheio de boas intenções, mas não tenho a certeza de que as intenções fossem boas.

08/08/2019

SERVIÇO PÚBLICO: «China: os assassinos perdoados»

«Podem insultar 40 vezes Trump ou Bolsonaro, que eles merecem. O que não podem é calar-se perante a bárbara repressão imperial de Xi Jinping, que a partir de Pequim atua impunemente sem o esboço de um vago protesto daqueles tão interessados em direitos, perseguições, minorias, discriminações, e tudo o que à volta destas coisas rodar. Um abaixo-assinado que seja. (...)

Há campos de concentração; há um autêntico genocídio em marcha, há ameaças sobre as famílias daqueles que escaparam da China e denunciam a barbárie noutros países. E há o pesadíssimo silêncio sobre o assunto. Hoje a informação faz-se com o que se vê, lê e se pode partilhar. Trump, Bolsonaro, Orban, Salvini, Maduro, são, por isso, mais detetáveis. Mas talvez nenhum deles constitua um décimo do perigo que Xi Jinping e a China representam para todos nós, sobretudo da guerra comercial (e não em nome de qualquer direito humano), que Trump move àquele país. (...)

A posição do nosso Governo é simples: Portugal assinou uma carta a apelar ao governo chinês para respeitar os direitos dos uigures e de outras minorias de Xinjiang. Mas – e como este mas é significativo! – fizémo-lo associados a muitos outros membros da União Europeia (porque o nosso respeitinho é muito bonito, além de ser lindíssimo o dinheiro que a China investiu em Portugal, na EDP, na REN, no BCP, em partes que restaram do BES e por aí fora). (...)

Mas onde estão os nossos ativistas, o pessoal do PCP e do Bloco? Os socialistas? Mesmo o PSD e o CDS e todos os que são tão sensíveis às perseguições? Onde se meteram? O próprio Papa consegue ser mais rápido e assertivo! Sim, porque na China os uigures são, em grande, o exemplo do que também sofrem os cristãos.»

Excertos de «China: os assassinos perdoados», Henrique Monteiro no Expresso Diário

Chinese actions in Xinjiang become a matter of international dispute
Não tenho a certeza se a posição do nosso governo é assim tão simples. Portugal não assinou a carta dirigida ao Conselho de Direitos Humanos da ONU apelando à China para cessar a «detenção arbitrária em massa» e, por isso para a Economist, Portugal não faz parte dois 22 países que condenam a China pelas suas atrocidades contra os 11 milhões de muçulmanos da minoria Uigur em Xinjiang, a região no noroeste da China.

De pequenino se torce o pepino do corporativismo da guilda médica


Para a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) «existe um número excessivo de estudantes de Medicina para a capacidade que o ensino médico têm para leccionar. “Nas condições atuais, aumentar o número de estudantes prejudica o ensino e compromete a formação com a qualidade que o país necessita”, lê-se na nota. Como possível solução, a ANEM também rejeita a criação de novas faculdades pois tem potencial para prejudicar a qualidade de formação.» (fonte)

07/08/2019

Por falar em Estado chinês...

Partnership is much better for China than it is for Russia
Quando os povos são fracos, os Estados são fortes, mas há uns mais fortes do que outros.

Em 1989, o PIB da União Soviética era mais do dobro do PIB da China. Trinta anos depois, o PIB da China é seis vezes o da Rússia, em ambos os casos a paridades do poder de compra. A Rússia é o décimo mercado de exportação e um parceiro menor para a China. A China é o segundo mercado de exportação para a Rússia e é o país que mais petróleo compra à Rússia.

Por muita que seja farronca do czar Vladimiro, isso não esconde que é apenas mais um peão no tabuleiro chinês.

PENSAMENTO DO DIA: «Quando o povo é fraco, o Estado é forte.»

«Quando o povo é fraco, o Estado é forte

Shang Yang, também conhecido por Kung-sun Yang ou ainda Wei Yang, estadista e pensador chinês. Sabia do que falava porque contribuiu decisivamente para a unificação da China na dinastia Qin.

06/08/2019

Dúvidas (274) - Boris Johnson, scoundrel or mere rogue?

«There is room for debate about whether he is a scoundrel or mere rogue, but not much about his moral bankruptcy, rooted in a contempt for truth. (...)

Dignity still matters in public office, and Johnson will never have it. Yet his graver vice is cowardice, reflected in a willingness to tell any audience, whatever he thinks most likely to please, heedless of the inevitability of its contradiction an hour later. (...)

Like many showy personalities, he is of weak character. I recently suggested to a radio audience that he supposes himself to be Winston Churchill, while in reality being closer to Alan Partridge. Churchill, for all his wit, was a profoundly serious human being. Far from perceiving anything glorious about standing alone in 1940, he knew that all difficult issues must be addressed with allies and partners.»

Foi assim que Max Hastings antigo editor do Daily Telegraph, se referiu a Johnson e à sua obsessão de se identificar com Churchill, num artigo recente com o instrutivo título «I was Boris Johnson’s boss: he is utterly unfit to be prime minister».

É uma tragédia para os conservadores e para o Reino Unido terem um líder e um primeiro-ministro como Boris Johnson, por muita cultura clássica e inteligência que lhe sejam atribuídas mas que não substituem a notória falta de dimensão moral, ética e humana.

E será igualmente uma tragédia se a direita democrática enfiar a cabeça na areia perante líderes como Trump e Johnson com a implícita motivação de inspiração maoista que o inimigo do meu inimigo é meu amigo, perdendo assim a autoridade moral para denunciar líderes de esquerda com a mesma falta de qualidades.

Mitos (292) - O contrário do dogma do aquecimento global (XXI)

Outros posts desta série

Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.

A propósito das últimas notícias que dão conta de que ondas de calor estão a acelerar degelo na Gronelândia (e também estão derreter os poucos neurónios do jornalismo de causas climáticas), é oportuno lembrar que se isso são factos indesmentíveis, o que põe em causa as teses negacionistas, outra coisa é concluir apressadamente que isso se deve à acção humana que é o que quer concluir a ideologia anti-capitalista da climatologia de causas.

Vamos então aos factos. O diagrama seguinte não deixa grandes dúvidas sobre a tendência para o aumento do degelo na Groenlância, e estamos a falar de 3 mil milhões de toneladas (ou metros cúbicos) de água em cada dia.

Greenland’s ice sheet is melting unusually fast
O outro facto que convém ter em devida conta é que alguns milhares de anos atrás, onde hoje encontramos um solo com uma ainda uma espessa camada de gelo, encontrávamos então um solo coberto por uma floresta luxuriante e um clima ameno, que nem mesmo os militantes do aquecimento global atribuem à acção humana.

Já que estamos a tratar da mitologia climática, aproveito para desmistificar mais uma crença da mesma religião, a saber: a da inevitabilidade do aumento dos fogos florestais em consequência do aquecimento global. Vejam-se o mapa e o diagrama seguintes que mostram que os incêndios florestais têm mais a ver com a pobreza e que as mudanças na agricultura poderão minimizar os efeitos das mudanças climáticas.

Fonte: Economist

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (199)

Outras avarias da geringonça e do país.

Et tu, Petrus

O novo presidente da CP, nomeado pelo ministro das Infraestruturas e líder da facção pedronunista do PS, era director e é accionista da Nomad Tech que tem a própria CP como o cliente mais importante (26% da facturação). Evidentemente, como o ministro já veio dizer, é tudo legal e, consequentemente, digo eu, esta notícia de 2/3 de página do Expresso, com foto do ministro Pedro Nunes Santos a cumprimentar o nomeado, é uma pulhice da outra facção do PS para entalar o líder do pedronunismo, mostrando que, afinal, ele também faz coisas censuráveis.

Se me permitem as facções e o semanário de reverência, isto é tudo um enorme equívoco porque, se era para desacreditar o líder do pedronunismo, o resultado é o contrário, ficando patente que o ministro é um verdadeiro socialista.

E se dúvidas ainda persistissem, a notícia de que o pai de Pedro Nuno Santos tinha e mantém negócios com o Estado vem de uma vez esclarecer tudo. Deixem a criatura em paz ainda que ele possa ser, como o acusam, ciumentas, as outras facções, uma infiltração do berloquismo no PS, o certo é que ele mostra ser, por direito, tão ou mesmo mais socialista do que os outros.

04/08/2019

A greve dos motoristas de mercadorias perigosas explicada às criancinhas

Créditos: TRADEREADY
«Voltando ao mercado de trabalho, imagine o dilema dos motoristas. A maioria dos adultos sabe conduzir um carro. Se precisar de uns euros a mais, qualquer um está disposto a conduzir durante umas horas por dia. O mercado natural dos condutores tende para a concorrência. Conduzir uma carrinha não é, no entanto, o mesmo que conduzir um camião. Um veículo pesado transporta de forma mais eficiente e segura as mercadorias. Tirar a carta de pesados é custoso e difícil, mas é a forma de um motorista se diferenciar no serviço que oferece às empresas e ganhar um pouco mais. 

O passo seguinte é tornar- se motorista de matérias perigosas. Transportar cerveja ou gasolina não é exatamente a mesma coisa (mas quase). Aprendendo a transportar gasolina, os motoristas podem receber mais. Só que a tentação de ir mais longe está lá. Basta algum sentido de estratégia para se aproveitar dos temores da opinião pública e da fraqueza dos políticos. Bastou agitar o medo de um acidente grave para convencer os legisladores em 2007 que para conduzir mercadorias perigosas deve ser obrigatório ter uma certificação especial. Não basta saber fazê-lo mas é preciso tirar um curso, fazer parte de uma associação, e renovar a licença de 5 em 5 anos. Assim, garante-se que só 800 pessoas no país o podem fazer. Tornam-se monopolistas, e impõem preços mais altos pelos seus serviços. Ganham poder de mercado através da lei, pois se eles não conduzem os camiões, mais ninguém pode fazê-lo.»

Excerto de «Condutores poderosos», Ricardo Reis no Expresso