Aprofundamento da democracia participativa |
29/02/2016
Lost in translation (266) – A «democracia participativa» segundo o jornalismo de causas
«Quando o exercício da democracia pode ser crime» foi o título escolhido pela jornalista do Público para um artigo recordando vários incidentes no parlamento promovidos por «activistas» que berraram e/ou gritaram insultos e tiveram de ser expulsos e identificados pela polícia. Uns foram absolvidos e outros condenados em tribunal a pagar multas.
Uma das activistas citada pelo Público diz que acredita muito «no artigo 2º da Constituição Portuguesa, que almeja o aprofundamento da democracia participativa»
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (21)
Outras avarias da geringonça.
Lembram-se da anunciada «sintonia» entre Bruxelas e S. Bento? Pelos vistos, não ficou registada e em vez de «sintonia» a acta refere a rejeição por alguns comissários do borrão de orçamento, as dúvidas sobre a exequibilidade dos compromissos e a decepção por estarem a ser re-postas ou re-vertidas pelo re-governo da geringonça muitas das reformas estruturais do governo anterior.
Entretanto o governo não perde tempo e já mandou cancelar uma dúzia de concursos da CRESAP que estava a recrutar candidatos com base em perfis técnicos definidos pelas tutelas, coisa que não interessa nada à geringonça mais preocupada com os cartões de filiados. De resto, está na tradição de Costa que enquanto presidente da câmara de Lisboa nomeou 148-dirigentes-148 sem concurso.
Lembram-se da anunciada «sintonia» entre Bruxelas e S. Bento? Pelos vistos, não ficou registada e em vez de «sintonia» a acta refere a rejeição por alguns comissários do borrão de orçamento, as dúvidas sobre a exequibilidade dos compromissos e a decepção por estarem a ser re-postas ou re-vertidas pelo re-governo da geringonça muitas das reformas estruturais do governo anterior.
Entretanto o governo não perde tempo e já mandou cancelar uma dúzia de concursos da CRESAP que estava a recrutar candidatos com base em perfis técnicos definidos pelas tutelas, coisa que não interessa nada à geringonça mais preocupada com os cartões de filiados. De resto, está na tradição de Costa que enquanto presidente da câmara de Lisboa nomeou 148-dirigentes-148 sem concurso.
28/02/2016
Dúvidas (148) – Para quê esperar até 2050?
Se há coisas comovedoras, uma delas é o desvelo de opinion dealers e intelectuais de todas as tendências, devidamente amplificados pelas câmaras de eco do jornalismo de causas, com que nos revelam o fim do capitalismo, seja lá o que for o que chamam capitalismo e seja lá quando for.
Desta vez, segundo as palavras de um jornalista do Expresso, foi a vez do «jornalista britânico, Paul Mason, (que) argumenta em quase 500 páginas que o capitalismo está enredado num choque com a revolução tecnológica em rede e a sociedade do conhecimento que abrem oportunidades para uma nova economia e política, cuja janela de oportunidade se abre até 2050.» Nem mais nem menos: o capitalismo que criou a revolução tecnológica e a sociedade do conhecimento será liquidado pelas suas criaturas. Será uma espécie de parricídio.
Supúnhamos que o capitalismo de Mason é o sistema que tem os pilares que uma organização internacional como o FMI deixa os seus técnicos dizerem que tem: propriedade privada, interesse próprio, concorrência, mercado, liberdade de escolha e limitação dos poderes do governo. Qual ou quais serão os pilares que Mason acha que irão ser abatidos no futuro e nunca o tenham sido no passado nem no presente?
Não precisamos de esperar até 2050. Hoje mesmo temos múltiplos exemplos de países a que faltam um ou mais pilares, you name it. Sem esquecer os países, como o nosso, em que alguns pilares estão tão corroídos que ameaçam colapso.
Desta vez, segundo as palavras de um jornalista do Expresso, foi a vez do «jornalista britânico, Paul Mason, (que) argumenta em quase 500 páginas que o capitalismo está enredado num choque com a revolução tecnológica em rede e a sociedade do conhecimento que abrem oportunidades para uma nova economia e política, cuja janela de oportunidade se abre até 2050.» Nem mais nem menos: o capitalismo que criou a revolução tecnológica e a sociedade do conhecimento será liquidado pelas suas criaturas. Será uma espécie de parricídio.
Supúnhamos que o capitalismo de Mason é o sistema que tem os pilares que uma organização internacional como o FMI deixa os seus técnicos dizerem que tem: propriedade privada, interesse próprio, concorrência, mercado, liberdade de escolha e limitação dos poderes do governo. Qual ou quais serão os pilares que Mason acha que irão ser abatidos no futuro e nunca o tenham sido no passado nem no presente?
Não precisamos de esperar até 2050. Hoje mesmo temos múltiplos exemplos de países a que faltam um ou mais pilares, you name it. Sem esquecer os países, como o nosso, em que alguns pilares estão tão corroídos que ameaçam colapso.
Exemplos do costume (38) – Como encenar manifs
Qualquer observador mais ou menos atento notará que invariavelmente a descrição das manifs pelo jornalismo de causas depende das causas e, o que ainda é mais fácil de notar, tratando-se de imagens, fotos e sobretudo filmes, qualquer operador de meia tijela sente-se um Eisenstein usando o ângulo, o plano e enquadramento e a técnica de montagem para fabricar um produto agitprop à altura da causa.
Já por várias vezes apresentámos no (Im)pertinências exemplos dessa arte e vamos dar mais um, documentado por Helena Matos no Blasfémias. Trata-se de um fotograma de um vídeo de TV (ou de uma foto «oficial» de causas) e de uma foto amadora (suponho) tirada à distância, ambos do ministro da Cultura João Soares a perorar para os manifestantes da «Cultura em Luta» nas escadarias do parlamento. Enquanto no primeiro se pode imaginar (é essa a ideia) milhares de criaturas a assistir à peroração na segunda vê-se perfeitamente que as «mais de 50 estruturas culturais» estão representadas por uma multidão composta por 20 ou 30 criaturas.
27/02/2016
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: O propósito do re-governo é re-ocupar o Estado
«A operação política de Outubro não visou reverter a austeridade, mas reocupar o Estado, com dois fins: defender ou refazer clientelas, e reestabelecer uma cultura de restrição da propriedade e da iniciativa dos cidadãos.
Entretanto, o PCP acautelou os seus sindicatos contra privatizações, e o PS pôde começar a repovoar o aparelho de Estado. Tudo o mais é negociável com a Comissão Europeia. O governo e a sua maioria têm sido acusados de dar com uma mão e tirar com a outra, mas o que importa nessa ginástica não é quanto ganham as pessoas, mas que ganhem por vontade do poder político: o rendimento de cada cidadão não deve depender do seu esforço, mas da sua relação com o governo. O PS, PCP e BE nada têm contra quem ganha muito, desde que ganhe muito no Estado ou através do Estado. Banqueiros e empresários disponíveis para “parcerias” nunca terão dificuldades. (...)
A dependência dos cidadãos em relação ao Estado significa, em Portugal, a dependência do Estado em relação à Europa. Mas o governo e a sua maioria estão tranquilos: julgam que, dentro de certos limites de défice, a UE os há de tolerar, como tolera o Syriza na Grécia. Por isso, tudo é para os actuais governantes uma questão de convencerem os portugueses de que uma sociedade pobre e envelhecida não tem outra opção, a não ser a dependência, o respeitinho, e a vassalagem, e que, como era antigamente costume em Portugal, só “radicais” e “traidores à pátria” poderão pensar o contrário.»
Excerto de «O sistema de dependência nacional», Rui Ramos no Observador
Entretanto, o PCP acautelou os seus sindicatos contra privatizações, e o PS pôde começar a repovoar o aparelho de Estado. Tudo o mais é negociável com a Comissão Europeia. O governo e a sua maioria têm sido acusados de dar com uma mão e tirar com a outra, mas o que importa nessa ginástica não é quanto ganham as pessoas, mas que ganhem por vontade do poder político: o rendimento de cada cidadão não deve depender do seu esforço, mas da sua relação com o governo. O PS, PCP e BE nada têm contra quem ganha muito, desde que ganhe muito no Estado ou através do Estado. Banqueiros e empresários disponíveis para “parcerias” nunca terão dificuldades. (...)
A dependência dos cidadãos em relação ao Estado significa, em Portugal, a dependência do Estado em relação à Europa. Mas o governo e a sua maioria estão tranquilos: julgam que, dentro de certos limites de défice, a UE os há de tolerar, como tolera o Syriza na Grécia. Por isso, tudo é para os actuais governantes uma questão de convencerem os portugueses de que uma sociedade pobre e envelhecida não tem outra opção, a não ser a dependência, o respeitinho, e a vassalagem, e que, como era antigamente costume em Portugal, só “radicais” e “traidores à pátria” poderão pensar o contrário.»
Excerto de «O sistema de dependência nacional», Rui Ramos no Observador
CASE STUDY: Um imenso Portugal (21)
[Outros imensos Portugais]
O cerco aperta-se à volta de Lula e do petismo - uma espécie de socialismo tropical.
O cerco aperta-se à volta de Lula e do petismo - uma espécie de socialismo tropical.
26/02/2016
Manifestações de paranóia/esquizofrenia (15) – O novo tele-evangelismo esganiçado
Para comemorar a «conquista enorme» da adopção por casais homossexuais o Berloque de Esquerda vai amanhã colar cartazes com a figura de Cristo e a palavra de ordem «Jesus também tinha dois pais».
Deve haver uma razão para aquelas almas que «se calam quando homossexuais são presos e torturados por regimes totalitários como o Irão» fazerem por cá tanto ruído. A razão mais óbvia é a paranóia.
O maior milagre não seria Cristo ter dois pais (dizer tal coisa não sei se é blasfémia, mas certamente é um disparate sem nome), o maior milagre, como escreveu Joaquim Couto, é «a geringonça também ter dois pais e uma mãe».
Deve haver uma razão para aquelas almas que «se calam quando homossexuais são presos e torturados por regimes totalitários como o Irão» fazerem por cá tanto ruído. A razão mais óbvia é a paranóia.
O maior milagre não seria Cristo ter dois pais (dizer tal coisa não sei se é blasfémia, mas certamente é um disparate sem nome), o maior milagre, como escreveu Joaquim Couto, é «a geringonça também ter dois pais e uma mãe».
ACREDITE SE QUISER: No perder é que está o ganho
Talvez obnubilado pela transcendência da discussão do OE 2016, e certamente esquecido do resultado das eleições de há 4 meses que o PS deveria ganhar, não por «poucochinho», esmagadoramente como o seu líder anunciava enquanto se fazia ao lugar, e em vez disso perdeu, o ministro Vieira da Silva, uma criatura normalmente sóbria, declarou triunfante para a bancada do PSD:
ARTIGO DEFUNTO: As agências de rating nossas amigas
Alguém se lembra de como o Portugal socrático estava tão bem até que as agências de rating começaram a ensombrar os amanhãs que cantariam se não fossem elas? Nessa altura o título do jornal de referência foi:
Ontem, a mesma agência escreveu em resumo «Portugal's Approval of Revised 2016 Budget Improves Fiscal Credibility, a Credit Positive», sendo que o «revised» tem pouco a ver com o rascunho de orçamento e ainda menos com relatório dos 12 sábios «Uma década para Portugal» O mesmo jornal de referência escondeu com dificuldade a sua excitação e titulou:
Zé Povinho faz manguito à Moody's
15.07.2011 às 14h32
Ontem, a mesma agência escreveu em resumo «Portugal's Approval of Revised 2016 Budget Improves Fiscal Credibility, a Credit Positive», sendo que o «revised» tem pouco a ver com o rascunho de orçamento e ainda menos com relatório dos 12 sábios «Uma década para Portugal» O mesmo jornal de referência escondeu com dificuldade a sua excitação e titulou:
Moody’s elogia aprovação do OE: “Elimina risco de eleições antecipadas”
25.02.2016 às 11h40
25/02/2016
Dúvidas (147) - Costa com «obra feita» em Lisboa. Amanhã em Portugal? (13)
Outras obras feitas.
«Durante os oito anos em que presidiu à Câmara Municipal de Lisboa (CML), António Costa não concluiu qualquer concurso para as chefias intermédias da autarquia como é obrigatório por lei, acusa um relatório do gabinete dos vereadores do PSD, a que a SÁBADO teve acesso e que revela esta quinta-feira na edição impressa. Fernando Medina, presidente da CML, admite à SÁBADO que os dirigentes da autarquia foram nomeados em regime de substituição. Todos os directores de departamento e chefes de divisão foram nomeados através dessa figura legal, e assim permaneceram até hoje, incluindo Susana Ramos, directora do Departamento de Desenvolvimento Social, mulher do vice-presidente da câmara Duarte Cordeiro.
No mandato de 2007-2009 as chefias intermédias em substituição totalizavam 172 funcionários e no mandato que terminou em 2013 eram 148. O presidente da CML, Fernando Medina, reconhece à SÁBADO que "todos os actuais dirigentes da CML estão em regime de substituição, na sequência da entrada em vigor da última reestruturação orgânica, em Junho de 2015, que determina a cessação das anteriores nomeações. A nomeação em regime de comissão de serviço envolve a abertura de concurso para todos os cargos dirigentes que ascende a cerca de 160, em fase de planeamento".»
Fonte: Revista Sábado
«Durante os oito anos em que presidiu à Câmara Municipal de Lisboa (CML), António Costa não concluiu qualquer concurso para as chefias intermédias da autarquia como é obrigatório por lei, acusa um relatório do gabinete dos vereadores do PSD, a que a SÁBADO teve acesso e que revela esta quinta-feira na edição impressa. Fernando Medina, presidente da CML, admite à SÁBADO que os dirigentes da autarquia foram nomeados em regime de substituição. Todos os directores de departamento e chefes de divisão foram nomeados através dessa figura legal, e assim permaneceram até hoje, incluindo Susana Ramos, directora do Departamento de Desenvolvimento Social, mulher do vice-presidente da câmara Duarte Cordeiro.
No mandato de 2007-2009 as chefias intermédias em substituição totalizavam 172 funcionários e no mandato que terminou em 2013 eram 148. O presidente da CML, Fernando Medina, reconhece à SÁBADO que "todos os actuais dirigentes da CML estão em regime de substituição, na sequência da entrada em vigor da última reestruturação orgânica, em Junho de 2015, que determina a cessação das anteriores nomeações. A nomeação em regime de comissão de serviço envolve a abertura de concurso para todos os cargos dirigentes que ascende a cerca de 160, em fase de planeamento".»
Fonte: Revista Sábado
ACREDITE SE QUISER: O milagre da rosa
Dúvidas (146) – Porque nunca ocorreu à ANAC escrutinar em detalhe o passivo da TAP?
Segundo o Expresso, «a Autoridade da Aviação Civil quer escrutinar ao detalhe novo financiamento de 120 milhões de euros para a TAP».
24/02/2016
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Não aprendem nada
Não sei se o patarata João Galamba fala em nome da geringonça ao dizer à TSF «se não houver nenhuma oferta que proteja os contribuintes, que dê viabilidade ao banco, se calhar o melhor é mesmo o banco (Novo Banco) ficar na esfera pública».
Em todo o caso é preocupante que esta gente que tomou de assalto o governo não aprenda nada, não perceba que o pior que pode acontecer aos contribuintes é o banco ficar na esfera pública e pense em repetir o caso da nacionalização do BPN mas desta vez com efeitos dezenas de vezes mais devastadores.
A respeito do BPN recorde-se que nacionalização de um pequeno banco com 2% de quota de mercado anunciada por Teixeira dos Santos, começou por «não custar nada», um algum tempo depois segundo ele mostrava «melhorias significativas» e hoje poderá custar mais do que o défice previsto para 2016 – ver a este respeito a série «a nacionalização do BPN não custou nada e o nada vai já em…».
Em todo o caso é preocupante que esta gente que tomou de assalto o governo não aprenda nada, não perceba que o pior que pode acontecer aos contribuintes é o banco ficar na esfera pública e pense em repetir o caso da nacionalização do BPN mas desta vez com efeitos dezenas de vezes mais devastadores.
A respeito do BPN recorde-se que nacionalização de um pequeno banco com 2% de quota de mercado anunciada por Teixeira dos Santos, começou por «não custar nada», um algum tempo depois segundo ele mostrava «melhorias significativas» e hoje poderá custar mais do que o défice previsto para 2016 – ver a este respeito a série «a nacionalização do BPN não custou nada e o nada vai já em…».
Lost in translation (265) - «Costa garante que vai dar 700 milhões aos portugueses»
Talvez Costa não tenha dito exactamente isso, mas a ideia é essa e o facto de o jornalista ter traduzido a coisa assim mostra bem o grau de alienação a que já chegámos.
Usando as palavras de Maria João Marques no Observador:
«Que complacente oferta é esta de Costa às famílias? O primeiro-ministro elenca: a redução da sobretaxa do IRS, a diminuição das taxas moderadoras, o aumento dos vencimentos, o aumento das pensões e a reposição de prestações sociais.
É fabuloso, não é? A redução da sobretaxa do IRS e a diminuição das taxas moderadoras são dinheiros das famílias, da riqueza que criaram a partir do seu trabalho (ordenados) ou da prestação de serviços como o arrendamento de uma casa (rendas) ou pela remuneração do investimento (lucros) – de que o Estado se vai apropriar um bocadinho menos. (Depois apropria-se quando consumimos, mas por instantes esqueçamos esta insignificância de 600 milhões de euros.) Onde está a dádiva?»
Para responder à pergunta de MJM, podemos usar o diagrama de Jorge Costa neste post do Insurgente.
Está encontrada a resposta: a dádiva é dos sujeitos passivos que pagarão os aumentos do ISP, IVA, ISV, etc.
Usando as palavras de Maria João Marques no Observador:
«Que complacente oferta é esta de Costa às famílias? O primeiro-ministro elenca: a redução da sobretaxa do IRS, a diminuição das taxas moderadoras, o aumento dos vencimentos, o aumento das pensões e a reposição de prestações sociais.
É fabuloso, não é? A redução da sobretaxa do IRS e a diminuição das taxas moderadoras são dinheiros das famílias, da riqueza que criaram a partir do seu trabalho (ordenados) ou da prestação de serviços como o arrendamento de uma casa (rendas) ou pela remuneração do investimento (lucros) – de que o Estado se vai apropriar um bocadinho menos. (Depois apropria-se quando consumimos, mas por instantes esqueçamos esta insignificância de 600 milhões de euros.) Onde está a dádiva?»
Para responder à pergunta de MJM, podemos usar o diagrama de Jorge Costa neste post do Insurgente.
Créditos: Jorge Costa, Insurgente |
Está encontrada a resposta: a dádiva é dos sujeitos passivos que pagarão os aumentos do ISP, IVA, ISV, etc.
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (132) - O social-trauliteirismo
João Miguel Tavares evocou aqui quatro momentos notáveis do socialismo trauliteiro ou social-trauliteirismo, a saber:
- «Ó sô guarda, desapareça» - Mário Soares em 1993 - talvez o momento fundador do social-trauliteirismo,
- «Quem se meter com o PS leva!» - reacção em 2001 do grande estradista Jorge Coelho a uma bastonada no governo socialista do então bastonário dos advogados António Pires de Lima, a propósito da política de justiça do então ministro António Costa.
- «Eu cá gosto é de malhar na direita» - declaração pouco diplomática de Augusto Santos Silva, actual ministro dos Negócios Estrangeiros, em 2009, no governo do outro grande trauliteiro e animal feroz José Sócrates.
- «A todos os títulos lamentável» - declaração de António Costa a respeito de Carlos Costa a quem exigiu uma «posição responsável».
- «Um disparate total», «condenável», «inaceitável», «devia tirar as devidas consequências» - declaração de João Soares a respeito de António Lamas, presidente do CCB.
23/02/2016
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: O relógio da dívida pública não para
O relógio da National Debt Clocks.org às 11:30 TMG. Experimentai agora. |
SERVIÇO PÚBLICO:The Global Innovation Index 2015
Segundo The Global Innovation Index 2015 - Effective Innovation Policies for Development, uma iniciativa da Universidade de Cornell, do INSEAD e da WIPO (World Intellectual Property Organization), ficámos assim no retrato do ano passado.
O retrato não está bem à altura dos grandes feitos de inovação trombeteados pelas forças vivas da Nação e pelo nosso jornalismo de causas - ver, a propósito, a série «A fábula do surto inventivo que nos assola». Podia ser pior e desculpa-se o exagero que resulta daquele complexo de inferioridade que nos leva a estar sempre preocupados se disseram bem de Portugal em Badajoz.
O retrato não está bem à altura dos grandes feitos de inovação trombeteados pelas forças vivas da Nação e pelo nosso jornalismo de causas - ver, a propósito, a série «A fábula do surto inventivo que nos assola». Podia ser pior e desculpa-se o exagero que resulta daquele complexo de inferioridade que nos leva a estar sempre preocupados se disseram bem de Portugal em Badajoz.
22/02/2016
Um dia como os outros na vida do estado sucial (25) – OE 2016, órfão de pai e mãe, adoptado pelo padrasto
Escreveu Martim Silva no Expresso Diário:
«“Este é o seu Orçamento, do BE, do PCP e do PEV”, resumiu Nuno Magalhães, do CDS; “esta é a vossa oportunidade”, disparou Luís Montenegro, ao abrir as hostilidades do debate em nome do PSD. “Este não é o nosso Orçamento”, avisou Catarina Martins, do BE; “este não é o nosso Orçamento”, repetiu, ipsis verbis, Jerónimo de Sousa, do PCP. “Este é o meu Orçamento”, acabou por assumir António Costa, quando o documento corria riscos de irremediável orfandade.»
LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: “No Man’s Land”
Em 2 de Dezembro a Rubell Family Collection, em Miami no que é considerado o melhor museu privado nos EU, inaugurou a exposição “No Man’s Land” que, como o nome sugere, está reservada às artistas mulheres – 72 que expõem 136 trabalhos. A coisa tem sido um sucesso tão grande que já está planeada uma outra em LA dedicada às escultoras: «Revolution in the Making: Abstract Sculpture by Women, 1947 – 2016».
Chegará um tempo em que depois de já termos assistido a exposições dedicadas a todas as minorias sexuais, rácicas, étnicas, religiosas e o que mais lhes aprouver, voltaremos a assistir a exposições dedicadas à arte da minoria dos homens brancos, cristãos, heterossexuais. Mal posso esperar.
Uma das salas da exposição “No Man’s Land" onde se pode admirar no quadro na parede do fundo a singularidade de uma pintura feminina |
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (20)
Outras avarias da geringonça.
Esta semana tivemos a continuação de duas das novelas com que a geringonça se tem enovelado.
Percebe-se agora melhor porque a esquerdalhada mais patusca insiste em chamar à TAP uma «companhia de bandeira». Só esta semana a TAP já serviu de bandeira ao chefe da geringonça e ao socialite portuense metamorfoseado de socialista autárquico que deram as mãos numa estratégia win-win-lose (será preciso explicar a quem cabe por sorte o terceiro termo?).
Numa campanha, ao melhor estilo trauliteiro, talvez inspirado no presidente Pinto da Costa, Rui Moreira foi desenterrar num panfleto a compra da Portugália para acusar a TAP de a «desfazer». Podia ter aproveitado para nos explicar porque diabo foi a companhia de bandeira comprar ao GES há 7 anos, em pleno consolado Sócrates, quando a TAP já tinha uma montanha de dívida (e o GES também, mas naquela altura ainda ninguém tinha dado por isso), um operador de vão-de-escada que nada lhe acrescentou.
Esta semana tivemos a continuação de duas das novelas com que a geringonça se tem enovelado.
Percebe-se agora melhor porque a esquerdalhada mais patusca insiste em chamar à TAP uma «companhia de bandeira». Só esta semana a TAP já serviu de bandeira ao chefe da geringonça e ao socialite portuense metamorfoseado de socialista autárquico que deram as mãos numa estratégia win-win-lose (será preciso explicar a quem cabe por sorte o terceiro termo?).
Numa campanha, ao melhor estilo trauliteiro, talvez inspirado no presidente Pinto da Costa, Rui Moreira foi desenterrar num panfleto a compra da Portugália para acusar a TAP de a «desfazer». Podia ter aproveitado para nos explicar porque diabo foi a companhia de bandeira comprar ao GES há 7 anos, em pleno consolado Sócrates, quando a TAP já tinha uma montanha de dívida (e o GES também, mas naquela altura ainda ninguém tinha dado por isso), um operador de vão-de-escada que nada lhe acrescentou.
21/02/2016
Pro memoria (297) - Danos colaterais da falência do GES (4)
Continuação de (1), (2) e (3)
«Maio de 2014: torna-se público, por pressão da CMVM, que as contas do G ES (as tais que estavam na ficha técnica do papel comercial) estavam falseadas. Mais tarde, o Expresso revela cartas trocadas com a administração do BES que comprovam que o Banco de Portugal sabia que as contas eram suspeitas desde pelo menos novembro de 2013, o que seria confirmado pela KPMG em janeiro de 2014.
Como é que o Banco de Portugal deixou que se vendesse a investidores papel comercial do GES entre outubro de 2013 e fevereiro de 2014 se sabia que as contas do GES eram falsas? (…)
Simulemos o exercício alternativo: se não tivesse deixado o GES vender papel comercial, haveria lesados na mesma mas seriam outros, os investidores do fundo ES Liquidez. Só que o Grupo Espírito Santo teria colapsado imediatamente em setembro de 2013, não apenas em maio de 2014. (…)
Não encontro até hoje explicação para este adiamento deliberado promovido ou permitido pelo Banco de Portugal que não seja ter querido que a quebra do BES fosse depois da "saída limpa" da troika, em abril de 2014.»
Esta foi a explicação de Pedro Santos Guerreiro no Expresso para alguns factos conhecidos. PSG também especula sobre a possibilidade de ter sido evitada a falência do BES se (um enorme se) a garantia do Estado angolano de Angola não tivesse sido anulada, como foi. Acompanho-o na explicação de que, muito provavelmente, o propósito da «saída limpa» comandou o governo de Passos Coelho e, por consequência, a condução do caso por Carlos Costa. Não o acompanho na especulação.
Se admitirmos que o propósito da «saída limpa» condicionou o caso BES, também teremos de admitir como igualmente provável que o mesmo propósito comandou o caso Banif que se arrastou por ainda mais tempo.
Se admitirmos que o calendário destes dois casos foi condicionado pela «saída limpa» e que Carlos Costa foi um protagonista indispensável no desfecho dos dois, então teremos de admitir como provável que sua recondução em Julho de 2015 foi uma consequência da necessidade de garantir que não haveria surpresas antes das eleições em Outubro. Se foi assim, percebe-se a motivação: se ficássemos na situação de resgate, o governo de Passos Coelho não poderia «aliviar a austeridade» para tentar ganhar as eleições. O que se passou a partir da «saída limpa» em Maio de 2014 parece confirmar esta explicação.
Se tiver sido assim, o que podemos concluir? Que Charles Erwin Wilson não tinha razão e o que é bom para o governo não é necessariamente bom para o País e vice-versa.
Pelas mesmas razões, não devemos concluir que a campanha de António Costa acolitado pelo BE para empalar Carlos Costa tem como motivação repor a independência do BdeP. Independência é coisa que António Costa já demonstrou não apreciar, pelo que é melhor procurar outras explicações. Por exemplo, ter no lugar de Carlos Costa um sucedâneo de Vítor Constâncio, comprar mais uns votos dos «lesados do BES» e dar mais um osso para o BE e o PCP se entreterem compensado «as imposições de Bruxelas», tudo à custa dos «lesados do Estado».
«Maio de 2014: torna-se público, por pressão da CMVM, que as contas do G ES (as tais que estavam na ficha técnica do papel comercial) estavam falseadas. Mais tarde, o Expresso revela cartas trocadas com a administração do BES que comprovam que o Banco de Portugal sabia que as contas eram suspeitas desde pelo menos novembro de 2013, o que seria confirmado pela KPMG em janeiro de 2014.
Como é que o Banco de Portugal deixou que se vendesse a investidores papel comercial do GES entre outubro de 2013 e fevereiro de 2014 se sabia que as contas do GES eram falsas? (…)
Simulemos o exercício alternativo: se não tivesse deixado o GES vender papel comercial, haveria lesados na mesma mas seriam outros, os investidores do fundo ES Liquidez. Só que o Grupo Espírito Santo teria colapsado imediatamente em setembro de 2013, não apenas em maio de 2014. (…)
Não encontro até hoje explicação para este adiamento deliberado promovido ou permitido pelo Banco de Portugal que não seja ter querido que a quebra do BES fosse depois da "saída limpa" da troika, em abril de 2014.»
Esta foi a explicação de Pedro Santos Guerreiro no Expresso para alguns factos conhecidos. PSG também especula sobre a possibilidade de ter sido evitada a falência do BES se (um enorme se) a garantia do Estado angolano de Angola não tivesse sido anulada, como foi. Acompanho-o na explicação de que, muito provavelmente, o propósito da «saída limpa» comandou o governo de Passos Coelho e, por consequência, a condução do caso por Carlos Costa. Não o acompanho na especulação.
Se admitirmos que o propósito da «saída limpa» condicionou o caso BES, também teremos de admitir como igualmente provável que o mesmo propósito comandou o caso Banif que se arrastou por ainda mais tempo.
Se admitirmos que o calendário destes dois casos foi condicionado pela «saída limpa» e que Carlos Costa foi um protagonista indispensável no desfecho dos dois, então teremos de admitir como provável que sua recondução em Julho de 2015 foi uma consequência da necessidade de garantir que não haveria surpresas antes das eleições em Outubro. Se foi assim, percebe-se a motivação: se ficássemos na situação de resgate, o governo de Passos Coelho não poderia «aliviar a austeridade» para tentar ganhar as eleições. O que se passou a partir da «saída limpa» em Maio de 2014 parece confirmar esta explicação.
Se tiver sido assim, o que podemos concluir? Que Charles Erwin Wilson não tinha razão e o que é bom para o governo não é necessariamente bom para o País e vice-versa.
Pelas mesmas razões, não devemos concluir que a campanha de António Costa acolitado pelo BE para empalar Carlos Costa tem como motivação repor a independência do BdeP. Independência é coisa que António Costa já demonstrou não apreciar, pelo que é melhor procurar outras explicações. Por exemplo, ter no lugar de Carlos Costa um sucedâneo de Vítor Constâncio, comprar mais uns votos dos «lesados do BES» e dar mais um osso para o BE e o PCP se entreterem compensado «as imposições de Bruxelas», tudo à custa dos «lesados do Estado».
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (131) – Ancorados no complexo político-empresarial socialista
«É por isso que quando ouvimos pessoas como Jorge Coelho pedirem a demissão de Carlos Costa então temos a certeza de que o governador pisou os calos de muita gente em Portugal. Gente essa que agora se está a vingar. Jorge Coelho é o representante máximo de uma classe empresarial que viveu ancorada num sistema podre que misturou banca, empresa e políticos. A Mota-Engil, empresa que liderava, era a maior cliente do Banco Espírito, chegando a ter uma dívida de 760 milhões de euros. É preciso dizer mais?
No caso dos lesados, o Governo, ao transformar um problema judicial numa questão política, está a passar a fatura aos contribuintes. Não se iluda. Serão os seus impostos, direta ou indiretamente, a pagar a fatura. E se eu até admito que o Estado possa contribuir para quem investiu o pouco que tinha recuperar alguma coisa, não aceito a ideia de suportar especuladores ou quem apostou vários milhões de euros em dívida de uma empresa privada. E muito menos que para garantir o apoio dos partidos da esquerda radical se coloquem em causa instituições que são o suporte da nossa sociedade.»
João Vieira Pereira, no Expresso
No caso dos lesados, o Governo, ao transformar um problema judicial numa questão política, está a passar a fatura aos contribuintes. Não se iluda. Serão os seus impostos, direta ou indiretamente, a pagar a fatura. E se eu até admito que o Estado possa contribuir para quem investiu o pouco que tinha recuperar alguma coisa, não aceito a ideia de suportar especuladores ou quem apostou vários milhões de euros em dívida de uma empresa privada. E muito menos que para garantir o apoio dos partidos da esquerda radical se coloquem em causa instituições que são o suporte da nossa sociedade.»
João Vieira Pereira, no Expresso
BREIQUINGUE NIUZ: The British exception
Financial Times |
A British exception consiste essencialmente em três garantias que os outros 27 lhe deram: isenção do compromisso de construção de uma «união cada vez mais estreita»; não discriminação pelos países da Zona Euro e limitação dos benefícios sociais dos emigrantes.
Se os 27 tivessem juízo ter-se-iam concedido a si próprios as mesmas garantias e começariam gradualmente a involuir para uma zona de livre circulação de capitais, bens, serviços e pessoas.
19/02/2016
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Para quando a regulamentação do direito a engravidar?
Ato da Série I
Assembleia da República
Defende a regulamentação do direito de acompanhamento da mulher grávida durante todas as fases do trabalho de parto
ACREDITE SE QUISER: A metamorfose de um socialite em socialista
A pessoa que em entrevista à Visão, a propósito das rotas canceladas da TAP no Porto, disse
«Como portuense não estou muito preocupado, a TAP há muito que abandonou o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, que hoje não é tão importante como foi. (...) A TAP não é estrutural para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro nem para a região, nem a região parece ser estrutural para a TAP, não dramatizo essa situação, é um problema do Governo, não é um problema nosso»
Registe-se que a TAP pesa apenas 20% dos passageiros do aeroporto do Porto, que a TAP se comprometeu a fazer voos horários Lisboa-Porto e vice-versa durante o dia e várias companhias low cost já fazem voo de e para o Porto.
«causarei o maior dano possível para que a TAP mude de opinião»,é a mesma pessoa que em Abril do ano passado disse
«Como portuense não estou muito preocupado, a TAP há muito que abandonou o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, que hoje não é tão importante como foi. (...) A TAP não é estrutural para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro nem para a região, nem a região parece ser estrutural para a TAP, não dramatizo essa situação, é um problema do Governo, não é um problema nosso»
Registe-se que a TAP pesa apenas 20% dos passageiros do aeroporto do Porto, que a TAP se comprometeu a fazer voos horários Lisboa-Porto e vice-versa durante o dia e várias companhias low cost já fazem voo de e para o Porto.
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: «Costa, os lesados do BES e Costa»
«Penso que já aqui disse nunca ter entendido, claramente, a razão de os lesados do BES protestarem com agentes do Estado, nomeadamente com o Governo. Os lesados do BES são... lesados do BES, não são lesados do Estado nem de decisões essenciais do Estado.
São lesados os que compraram, aparentemente, gato por lebre. Ou seja, o que pensavam serem aplicações do tipo de depósitos a prazo, sem risco, revelou-se ser papel comercial cheio de risco. Qual a ação do Governo anterior e do Banco de Portugal (BdP) nisto? A forma como resolveu a questão. Pode ter sido má, não contesto. Mas, tal como no caso BPN (nacionalização), cuja resolução foi consabidamente má, não toma o Governo de Sócrates e o então regulador, Vítor Constâncio, principais responsáveis pelas malfeitorias que os dirigentes do banco de Oliveira Costa andaram a fazer, é perigoso, populista e com consequências imprevisíveis ver um chefe do Governo apontar o dedo, não a Ricardo Salgado e a quem no BES enganou os clientes, mas ao Governador do BdP.
São lesados os que compraram, aparentemente, gato por lebre. Ou seja, o que pensavam serem aplicações do tipo de depósitos a prazo, sem risco, revelou-se ser papel comercial cheio de risco. Qual a ação do Governo anterior e do Banco de Portugal (BdP) nisto? A forma como resolveu a questão. Pode ter sido má, não contesto. Mas, tal como no caso BPN (nacionalização), cuja resolução foi consabidamente má, não toma o Governo de Sócrates e o então regulador, Vítor Constâncio, principais responsáveis pelas malfeitorias que os dirigentes do banco de Oliveira Costa andaram a fazer, é perigoso, populista e com consequências imprevisíveis ver um chefe do Governo apontar o dedo, não a Ricardo Salgado e a quem no BES enganou os clientes, mas ao Governador do BdP.
18/02/2016
Lost in translation (264) – Os lamentos de Costa em português coloquial
«Tenho de lamentar a forma como o Banco de Portugal tem vindo a arrastar uma decisão sobre esta matéria, a impedir que rapidamente esta solução proposta pelo Governo e aceite pela maioria dos lesados do BES pudesse estar implementada. E tenho esperança que tão rapidamente quanto possível, o BdP assuma a postura responsável que todas as entidades públicas, como o Estado e a CMVM, ou privadas como o BES ou Novo Banco estão disponíveis para assumir», disse António Costa em Aveiro.
Tradução em português coloquial:
Estou muito satisfeito por poder fazer de Carlos Costa um bode expiatório, com duas vantagens: (1) não o podendo demitir, tenho esperança que ele se demita e deixe o lugar vago para um sucedâneo do Vítor que agora está em Frankfurt; (2) enquanto ele empalear a coisa mais se queima e vai-se adiando o pagamento da factura que no fim do dia vai ser cobrada aos mesmos (espero que alguns deles votem em mim na próximas eleições).
Comentário:
O que Costa está a fazer com o Banco de Portugal, uma instituição cuja credibilidade é indispensável para a confiança no sistema bancário, confiança já abaladissíssima, e que, por isso, deveria estar fora da luta política, mostra sua total irresponsabilidade e, se já seria difícil aceitar de um chefe de facção, é inaceitável de um primeiro-ministro.
Tradução em português coloquial:
Estou muito satisfeito por poder fazer de Carlos Costa um bode expiatório, com duas vantagens: (1) não o podendo demitir, tenho esperança que ele se demita e deixe o lugar vago para um sucedâneo do Vítor que agora está em Frankfurt; (2) enquanto ele empalear a coisa mais se queima e vai-se adiando o pagamento da factura que no fim do dia vai ser cobrada aos mesmos (espero que alguns deles votem em mim na próximas eleições).
Comentário:
O que Costa está a fazer com o Banco de Portugal, uma instituição cuja credibilidade é indispensável para a confiança no sistema bancário, confiança já abaladissíssima, e que, por isso, deveria estar fora da luta política, mostra sua total irresponsabilidade e, se já seria difícil aceitar de um chefe de facção, é inaceitável de um primeiro-ministro.
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: O caminho fez-se e faz-se caminhando (5)
[Retomando uma série interrompida: (1), (2), (3) e (4)]
Os custos do trabalho, que se tinham reduzido -3,4% em 2014, aumentaram 1,8% em 2015, ano de eleições. Será desnecessário lembrar que a produtividade ficou como estava.
Pela primeira vez desde 2011 o número de funcionários públicos aumentou 0,4% em 2015 (ano de eleições) para 658.565 postos (tem piada os seiscentos mil … e cinco!, quando se sabe que os governos nunca sabem quantos são exactamente os utentes da vaca marsupial pública).
Entretanto há dias, Passos Coelho, o responsável pelas realizações anteriores, disse, e bem, que «se no rescaldo da crise, a crescer 1,5%, nós conseguimos criar mais emprego do que o atual Governo está a pensar que a economia possa gerar em 2016 com políticas que supostamente são muito mais amigas do crescimento, [então] alguma coisa está errada». Acrescentou que «a receita que este Governo está a assumir já foi testada e já falhou». Tem toda a razão. Faltou acrescentar que a receita do seu governo também não se pode dizer que tenha sido um sucesso depois da troika se ter posto ao fresco e as eleições se aproximaram.
Mesmo com a troika por cá, passaram-se coisas (à volta de Efisa) que nunca se deveriam ter passado com pessoas (como Relvas, Arnaut e Dias Loureiro) que nunca deveriam estar metidas nessas coisas (leiam-se aqui os detalhes).
Mais ou menos por essa altura, em Fevereiro de 2011, também se passaram coisas com o governo de Sócrates, para além das muitas que já se sabiam e culminaram com a bancarrota, que ficaram na penumbra, como a última emissão para tentar adiar o resgate de 3,5 mil milhões de OT a 10 anos à taxa média de 6,4%. Os juros de 5 anos atingiram a bonita soma de 1,12 mil milhões de euros, ou seja aproximadamente mais 500 milhões do que nos teria custado um empréstimo ao abrigo do PAEF.
Os custos do trabalho, que se tinham reduzido -3,4% em 2014, aumentaram 1,8% em 2015, ano de eleições. Será desnecessário lembrar que a produtividade ficou como estava.
Pela primeira vez desde 2011 o número de funcionários públicos aumentou 0,4% em 2015 (ano de eleições) para 658.565 postos (tem piada os seiscentos mil … e cinco!, quando se sabe que os governos nunca sabem quantos são exactamente os utentes da vaca marsupial pública).
Entretanto há dias, Passos Coelho, o responsável pelas realizações anteriores, disse, e bem, que «se no rescaldo da crise, a crescer 1,5%, nós conseguimos criar mais emprego do que o atual Governo está a pensar que a economia possa gerar em 2016 com políticas que supostamente são muito mais amigas do crescimento, [então] alguma coisa está errada». Acrescentou que «a receita que este Governo está a assumir já foi testada e já falhou». Tem toda a razão. Faltou acrescentar que a receita do seu governo também não se pode dizer que tenha sido um sucesso depois da troika se ter posto ao fresco e as eleições se aproximaram.
Mesmo com a troika por cá, passaram-se coisas (à volta de Efisa) que nunca se deveriam ter passado com pessoas (como Relvas, Arnaut e Dias Loureiro) que nunca deveriam estar metidas nessas coisas (leiam-se aqui os detalhes).
Mais ou menos por essa altura, em Fevereiro de 2011, também se passaram coisas com o governo de Sócrates, para além das muitas que já se sabiam e culminaram com a bancarrota, que ficaram na penumbra, como a última emissão para tentar adiar o resgate de 3,5 mil milhões de OT a 10 anos à taxa média de 6,4%. Os juros de 5 anos atingiram a bonita soma de 1,12 mil milhões de euros, ou seja aproximadamente mais 500 milhões do que nos teria custado um empréstimo ao abrigo do PAEF.
Pro memoria (296) - As contas paródia do Twitter e o caminho para uma sociedade socialista
As contas paródia do Twitter, tal como os parodiados, são todas iguais mas há umas mais iguais do que outras. Isto não carece de demonstração, é uma verdade universal entendida por toda a gente. Bom, infelizmente nem todos, como Maria João Marques que escreve no seu artigo «O socialismo ama de amor perdido a liberdade de expressão» no Observador a seguinte prosa provocatória (e, por essa e outras razões, quando o caminho constitucional para a sociedade socialista chegar ao seu destino terá que ser reeducada):
«Posto isto, devo congratular o twitter por ter suspenso a conta que parodiava Sua Excelência o primeiro-ministro, Dr. António Costa. E os cidadãos conscientes que, presume-se, denunciaram a indecência de haver quem ousasse fazer humor com Sua Excelência o primeiro-pinistro, Dr. António Costa. Bravo, são uns heróis. De facto, os governos com pendor esquerdista radical, como o da geringonça, só se aguentam muito tempo nos casos em que se podem calar os opositores políticos e, preferencialmente, enviá-los para a prisão. Folgo em ver que há quem na nossa boa esquerda não esqueceu a primeira parte desta boa lição.
(Atenção: a conta paródia a Passos Coelho sobreviveu toda a anterior legislatura sem qualquer beliscão. Isto está muito bem, porque se à esquerda se deve reverência agradecida, à direita só se oferece escárnio e ridículo. É a ordem natural das coisas. E, além do mais, as pessoas de direita são umas rústicas que levam a sério a balela da liberdade de expressão e, pobres almas, porventura até acreditam que ridicularizar políticos é uma boa dose de humildade que lhes é servida.)»
«Posto isto, devo congratular o twitter por ter suspenso a conta que parodiava Sua Excelência o primeiro-ministro, Dr. António Costa. E os cidadãos conscientes que, presume-se, denunciaram a indecência de haver quem ousasse fazer humor com Sua Excelência o primeiro-pinistro, Dr. António Costa. Bravo, são uns heróis. De facto, os governos com pendor esquerdista radical, como o da geringonça, só se aguentam muito tempo nos casos em que se podem calar os opositores políticos e, preferencialmente, enviá-los para a prisão. Folgo em ver que há quem na nossa boa esquerda não esqueceu a primeira parte desta boa lição.
(Atenção: a conta paródia a Passos Coelho sobreviveu toda a anterior legislatura sem qualquer beliscão. Isto está muito bem, porque se à esquerda se deve reverência agradecida, à direita só se oferece escárnio e ridículo. É a ordem natural das coisas. E, além do mais, as pessoas de direita são umas rústicas que levam a sério a balela da liberdade de expressão e, pobres almas, porventura até acreditam que ridicularizar políticos é uma boa dose de humildade que lhes é servida.)»
17/02/2016
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (38) – Aliviar, alivia, de momento alivia o crescimento no Japão (VII)
Outras marteladas. Continuação de (I), (II), (III), (IV), (V) e (VI)
Sabeis o que me faz lembrar o quantitative easing (QE) em geral, e em particular o QE integrado na Abenomics de Shinzo Abe para reviver uma economia dum país envelhecido com a população a diminuir, com um PIB per capita PPP de USD 38,2 mil (Portugal USD 27,8) e um desemprego de 3,3%? As danças dos índios, perdão, povos nativos, a pedir chuva a Manitu.
A diferença é que por vezes a chuva coincidia com as danças dos povos nativos enquanto as taxas de juro negativas do BoJ (actualmente -0,1%) e a impressora a fazer horas extraordinárias não fizeram mais no 4.º trimestre de 2015 do que contrair a economia em -1,4% em termos anuais, principalmente devido à queda do consumo das famílias.
Entretanto, segundo The Economist Espresso, «negative rates could cut big banks’ profits by 8% and regional lenders’ by 15%, says Standard & Poor’s, a credit-rating agency. The BoJ’s unprecedented monetary easing has so far chiefly hit government-bond traders, who saw volumes in their market dwindle; now other financial firms will pay a price, especially if the central bank goes deeper into negative territory.»
Sabeis o que me faz lembrar o quantitative easing (QE) em geral, e em particular o QE integrado na Abenomics de Shinzo Abe para reviver uma economia dum país envelhecido com a população a diminuir, com um PIB per capita PPP de USD 38,2 mil (Portugal USD 27,8) e um desemprego de 3,3%? As danças dos índios, perdão, povos nativos, a pedir chuva a Manitu.
A diferença é que por vezes a chuva coincidia com as danças dos povos nativos enquanto as taxas de juro negativas do BoJ (actualmente -0,1%) e a impressora a fazer horas extraordinárias não fizeram mais no 4.º trimestre de 2015 do que contrair a economia em -1,4% em termos anuais, principalmente devido à queda do consumo das famílias.
Entretanto, segundo The Economist Espresso, «negative rates could cut big banks’ profits by 8% and regional lenders’ by 15%, says Standard & Poor’s, a credit-rating agency. The BoJ’s unprecedented monetary easing has so far chiefly hit government-bond traders, who saw volumes in their market dwindle; now other financial firms will pay a price, especially if the central bank goes deeper into negative territory.»
A mentira como política oficial (13) – Costa e o poeta Aleixo
Para a mentira ser segura
E atingir profundidade,
Tem que trazer à mistura
Qualquer coisa de verdade.
António Aleixo
António Costa adoptou-a e começou a aviar vídeos explicando as políticas da geringonça com a eficácia a que nos habituou ao transformar derrotas em vitórias, mostrando assim dispor de abundantes dotes comuns à maioria dos políticos da 4.ª República: elevada capacidade de mentir (à mistura com tão pouca verdade que lhe retira alcance e profundidade, como sabiamente percebeu o poeta Aleixo) e descaramento.
Como exemplos, vejam-se os vídeos #1 e #2 e leia-se neste post do Insurgente o desmacarar das tretas de Costa, com destaque para o «nós diminuímos o IRS para 99,7% dos portugueses». Jorge Costa no seu post desmonta a coisa lembrando que «52,6% dos portugueses está isento de IRS» e eu acrescento a constatação, conforme aqui se mostra, do saldo das medidas orçamentais (devoluções de salários + reduções de impostos – aumentos de impostos) ser negativo para o 3.º escalão dos agregados familiares que representam mais de 40% do total de agregados. Dito de outra maneira, os 99,7% que Costa diz que desagravou reduzem-se a bem menos de dez por cento.
Costa só não maltratou a verdade porque esteve demasiado afastado para lhe infligir danos. Tal não significa, porém, que a sua manipulação não seja eficaz e o seu descaramento não seja compensador, como se viu com o seu antecessor José Sócrates que, já sem crédito dos credores, depois de ter esvaziado os cofres e à beira de fugir para Paris, ainda desfrutava de crédito junto da opinião pública, crédito dado pela imensa legião de crédulos que povoam o país.
Por falar em Costa e mentiras, vale a pena registar mais uma em entrevista ao Expresso: «os accionistas privados (da TAP) viram-se envolvidos numa aventura irresponsável do Governo anterior, que assinou um contrato já depois de demitido», disse, como se as negociações e o acordo não tivessem sido feitos dispondo o governo de plenos poderes e como se o governo tivesse sido demitido (não foi, terminou o seu mandato e depois das eleições teve os poderes de gestão corrente, onde se enquadra a assinatura de um contrato que fora negociado e aprovado antes das eleições) e como se a venda da TAP não estivesse prevista no Memorando de Entendimento que o governo do PS assinou com a troika, onde se escreveu:
«3.30. The Government will accelerate its privatisation programme. The existing plan, elaborated through 2013, covers transport (Aeroportos de Portugal, TAP, and freight branch of CP), … and is hopeful that market conditions will permit sale of these two companies, as well as of TAP, by the end of the 2011.»
16/02/2016
LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: É mais fácil encontrar um lince na Serra da Malcata do que um liberal num país pendurado no Estado (3)
Eu diria mesmo mais:
«... em vez de se aventurarem num processo de recolha de alguns milhares de assinaturas para remeter ao Tribunal Constitucional, os liberais deveriam preocupar-se em ganhar influência e prestígio...» (Blasfémias)
«... os (poucos) liberais que por cá temos e se querem dedicar à vida partidária, em vez de pensarem em lançar uma empresa para a qual não dispõem de suficientes meios financeiros e humanos, se deveriam, antes, dedicar ao CDS e ao PSD. ...» (Blasfémias)
Declaração de interesse: subscrevo com reservas esta segunda medicina no que respeita ao CDS que se tem mostrado até agora um alfobre socialista. Exemplos mais notórios: Freitas do Amaral, Basílio Horta, Adriano Moreira. Vejamos o que nos traz a líder in the making.
«... em vez de se aventurarem num processo de recolha de alguns milhares de assinaturas para remeter ao Tribunal Constitucional, os liberais deveriam preocupar-se em ganhar influência e prestígio...» (Blasfémias)
«... os (poucos) liberais que por cá temos e se querem dedicar à vida partidária, em vez de pensarem em lançar uma empresa para a qual não dispõem de suficientes meios financeiros e humanos, se deveriam, antes, dedicar ao CDS e ao PSD. ...» (Blasfémias)
Declaração de interesse: subscrevo com reservas esta segunda medicina no que respeita ao CDS que se tem mostrado até agora um alfobre socialista. Exemplos mais notórios: Freitas do Amaral, Basílio Horta, Adriano Moreira. Vejamos o que nos traz a líder in the making.
CONDIÇÃO MASCULINA: Precisamos de homens. Não precisamos de criaturas efeminadas com pénis
Ver aqui o vídeo |
O tigre celta e o tareco lusitano (6) – «Horrendo», disse o Taoiseach do tigre referindo-se ao estado do tareco
[Sequela de (1), por sua vez sequela de O rugido do tigre vs o miado do gato, de (2), de (3), de (4) e de (5)]
Parece que anda por aí mais uma revoada de indignações (incluindo de Nicolau Santos, o nosso pastorinho da economia dos amanhãs que ele acredita piamente que voltem a cantar) a propósito das comparações que o primeiro-ministro irlandês Enda Kenny fez com o Portugal da geringonça, chamando a atenção para os riscos do tigre celta se transmutar em tareco lusitano.
A Bloomberg sintetizou a coisa assim: «Portugal is paying a “horrendous” price for political instability, Irish Prime Minister Enda Kenny said, as he tried to arrest a slide in his coalition’s popularity before an election.»
Francamente, ainda que ache o horrendous price um «poucochinho» exagerado, a verdade é que não consta que as almas sensíveis agora indignadas se tivessem indignado quando Cavaco, Sócrates e Teixeira dos Santos disseram o que disseram em Novembro de 2010 a respeito da Irlanda. Sendo certo que nem Enda Kenny nem o Fine Gael deram sinais de sequer ter ouvido essas aleivosias.
Parece que anda por aí mais uma revoada de indignações (incluindo de Nicolau Santos, o nosso pastorinho da economia dos amanhãs que ele acredita piamente que voltem a cantar) a propósito das comparações que o primeiro-ministro irlandês Enda Kenny fez com o Portugal da geringonça, chamando a atenção para os riscos do tigre celta se transmutar em tareco lusitano.
A Bloomberg sintetizou a coisa assim: «Portugal is paying a “horrendous” price for political instability, Irish Prime Minister Enda Kenny said, as he tried to arrest a slide in his coalition’s popularity before an election.»
Francamente, ainda que ache o horrendous price um «poucochinho» exagerado, a verdade é que não consta que as almas sensíveis agora indignadas se tivessem indignado quando Cavaco, Sócrates e Teixeira dos Santos disseram o que disseram em Novembro de 2010 a respeito da Irlanda. Sendo certo que nem Enda Kenny nem o Fine Gael deram sinais de sequer ter ouvido essas aleivosias.
15/02/2016
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (L) – «A mesma linha»? Não, fim da linha
Outros purgatórios a caminho dos infernos.
Sob a batuta do Syriza há poucas novidades na Grécia. Os agricultores terminaram as manifestações de fim-de-semana em frente do parlamento grego e voltaram ao bloqueio das auto-estradas por toda a Grécia.
Entretanto, um grupo de trabalho do grupo parlamentar europeu do PPE de visita à Grécia concluiu que a segurança social grega gasta 4 vezes mais em pensões do que os outros países da EU. Compreende-se por isso que os gregos se manifestem e até lancem uns quantos cocktails Molotov tentando que os contribuintes europeus continuem a financiar as suas reformas.
O governo Syriza-Anel extrema-esquerda/extrema-direita está assim num dilema. Bail-out ou bail-in? Pergunta-se o ekathimerini, e explica que «o governo está sob pressão de grupos com interesses especiais, como os agricultores, para sucumbir às suas exigências, por um lado, e dos credores do país para chegar a um acordo global sobre as questões orçamentais e a reforma das pensões, por outro. No entanto, o clima económico em deterioração e a falta de progresso significativo na luta contra o crédito malparado aponta para uma escolha mais difícil: depositantes ou devedores?»
Por isso não admira que o Bloco de Esquerda, o Syriza que temos de gramar, se distancie e tente fazer esquecer os arroubos de paixão (partilhados com Costa, recorde-se). Alguns, como Fernando Rosas concedem que «Syriza foi uma derrota séria da esquerda europeia».
Sob a batuta do Syriza há poucas novidades na Grécia. Os agricultores terminaram as manifestações de fim-de-semana em frente do parlamento grego e voltaram ao bloqueio das auto-estradas por toda a Grécia.
Fonte: ekathimerini |
O governo Syriza-Anel extrema-esquerda/extrema-direita está assim num dilema. Bail-out ou bail-in? Pergunta-se o ekathimerini, e explica que «o governo está sob pressão de grupos com interesses especiais, como os agricultores, para sucumbir às suas exigências, por um lado, e dos credores do país para chegar a um acordo global sobre as questões orçamentais e a reforma das pensões, por outro. No entanto, o clima económico em deterioração e a falta de progresso significativo na luta contra o crédito malparado aponta para uma escolha mais difícil: depositantes ou devedores?»
Por isso não admira que o Bloco de Esquerda, o Syriza que temos de gramar, se distancie e tente fazer esquecer os arroubos de paixão (partilhados com Costa, recorde-se). Alguns, como Fernando Rosas concedem que «Syriza foi uma derrota séria da esquerda europeia».
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (19)
Outras avarias da geringonça.
A semana que passou foi a da alucinação orçamental. Exagero? Talvez não. Para começar, o que dizer de um orçamento da geringonça cujo relatório tem 215 páginas e precisou de uma errata de 46 páginas distribuída na 6.ª Feira?
Para continuar, o que dizer de um orçamento em que o órgão de apoio ao parlamento que o aprova (UTAO - Unidade Técnica de Apoio Orçamental) diz que os números não batem certo ou que há aumento das despesas sem explicação? Ou que regressa irreconhecível da ida a Bruxelas, anunciada como pacífica?
A semana que passou foi a da alucinação orçamental. Exagero? Talvez não. Para começar, o que dizer de um orçamento da geringonça cujo relatório tem 215 páginas e precisou de uma errata de 46 páginas distribuída na 6.ª Feira?
Para continuar, o que dizer de um orçamento em que o órgão de apoio ao parlamento que o aprova (UTAO - Unidade Técnica de Apoio Orçamental) diz que os números não batem certo ou que há aumento das despesas sem explicação? Ou que regressa irreconhecível da ida a Bruxelas, anunciada como pacífica?
14/02/2016
ARTIGO DEFUNTO: Se eles ao menos lessem os jornais onde escrevem (6)
Outros que não lêem os jornais onde escrevem.
Se perguntarmos aos porta-vozes da geringonça quem ganha e quem perde com OE 2016, responderão, conforme a peça da geringonça de que fazem parte: ganham todos ou ganham os mais pobres e perdem os mais ricos. Seria difícil esperar outra coisa, seja por falta de inteligência, de informação ou de vergonha, ou uma combinação destas faltas.
Se perguntarmos a um jornalista de causas, a resposta dependerá das causas. Se perguntarmos a um jornalista que não saibamos se pertence à classe das causas, poderemos ter surpresas, como neste caso em que o jornalista responde logo no título «Orçamento distribui mais dinheiro a quem ganha mais».
E se perguntarmos a jornalistas de um jornal de referência, como o Expresso? Vejamos o que responderam no jornal de ontem:
Uma simples olhadela permite confirmar o que no artigo se conclui: «acabam por ser os terceiro e quarto escalões – entre os €20 mil e €40 mil e entre os €40 mil e €80 mil – que mais dinheiro vão receber do pacote orçamental do governo». Pois é, e convirá acrescentar que estes dois escalões que mais ganham representam apenas um quarto dos agregados familiares e levam praticamente todo o saldo positivo.
A conclusões semelhantes e muito bem fundamentadas já tinha chegado Pedro Romano no Desvio Colossal num post de leitura recomendável: «... o OE é altamente regressivo. As principais medidas de estímulo beneficiam sobretudo o último quintil. As medidas compensatórias são neutras do ponto de vista distributivo.»
Se perguntarmos aos porta-vozes da geringonça quem ganha e quem perde com OE 2016, responderão, conforme a peça da geringonça de que fazem parte: ganham todos ou ganham os mais pobres e perdem os mais ricos. Seria difícil esperar outra coisa, seja por falta de inteligência, de informação ou de vergonha, ou uma combinação destas faltas.
Se perguntarmos a um jornalista de causas, a resposta dependerá das causas. Se perguntarmos a um jornalista que não saibamos se pertence à classe das causas, poderemos ter surpresas, como neste caso em que o jornalista responde logo no título «Orçamento distribui mais dinheiro a quem ganha mais».
E se perguntarmos a jornalistas de um jornal de referência, como o Expresso? Vejamos o que responderam no jornal de ontem:
- «… os méritos deste Orçamento (sendo o maior deles o combate à pobreza) …», Pedro Santos Guerreiro (pág. 4 do caderno principal)
- «… os cidadãos vão ter mais ou menos rendimento disponível? Pela primeira vez em cinco anos, terão mais. Os mais pobres muito mais…», Daniel Oliveira (pág. 35 do caderno principal)
Uma simples olhadela permite confirmar o que no artigo se conclui: «acabam por ser os terceiro e quarto escalões – entre os €20 mil e €40 mil e entre os €40 mil e €80 mil – que mais dinheiro vão receber do pacote orçamental do governo». Pois é, e convirá acrescentar que estes dois escalões que mais ganham representam apenas um quarto dos agregados familiares e levam praticamente todo o saldo positivo.
A conclusões semelhantes e muito bem fundamentadas já tinha chegado Pedro Romano no Desvio Colossal num post de leitura recomendável: «... o OE é altamente regressivo. As principais medidas de estímulo beneficiam sobretudo o último quintil. As medidas compensatórias são neutras do ponto de vista distributivo.»
CASE STUDY: Centeno e o princípio de Kahn
Não vou escrever sobre a frase fatal de Mário Centeno em entrevista ao Diário de Notícias («quem tem 2000 euros de rendimento tem uma posição privilegiada») que indignou as hostes da indignação. Não escrevo por várias razões, a começar porque é verdade: nove em cada dez agregados familiares têm menos de 27.500 euros de rendimento anual (Pordata) - agregados familiares que, note-se, na maioria dos casos, têm duas pessoas com rendimentos do trabalho.
Em vez disso, escrevo sobre a preferência que Centeno confessou explicitamente ter por «restrição» em vez austeridade. Exemplos: «o objetivo é conseguir uma redução gradual dentro daquilo que a restrição orçamental nos permite»; «essa restrição orçamental teve de ser ainda mais ajustada atendendo àquilo que foram medidas tomadas em 2015, com incidência em 2016, que obrigaram o governo a definir mais medidas de incidência fiscal».
O que me fez lembrar Alfred Kahn, um dos assessores económicos do presidente Carter, que foi por este repreendido ao referir-se publicamente em 1978 a uma possível depressão da economia americana. Na sua intervenção seguinte, Alfred Kahn disse «we're in danger of having the worst banana in 45 years». Centeno evocou-me Kahn por más razões: num insólito desdobramento de personalidades desempenhou simultaneamente o papel de Carter e de Kahn fazendo-se a si próprio de idiota útil.
Em vez disso, escrevo sobre a preferência que Centeno confessou explicitamente ter por «restrição» em vez austeridade. Exemplos: «o objetivo é conseguir uma redução gradual dentro daquilo que a restrição orçamental nos permite»; «essa restrição orçamental teve de ser ainda mais ajustada atendendo àquilo que foram medidas tomadas em 2015, com incidência em 2016, que obrigaram o governo a definir mais medidas de incidência fiscal».
O que me fez lembrar Alfred Kahn, um dos assessores económicos do presidente Carter, que foi por este repreendido ao referir-se publicamente em 1978 a uma possível depressão da economia americana. Na sua intervenção seguinte, Alfred Kahn disse «we're in danger of having the worst banana in 45 years». Centeno evocou-me Kahn por más razões: num insólito desdobramento de personalidades desempenhou simultaneamente o papel de Carter e de Kahn fazendo-se a si próprio de idiota útil.
Lost in tranlation (264) – After all we’re all from Africa originally
«There is a core of humanity that travels right through every culture, and after all we’re all from Africa originally. Berliners, we’re all Africans really».
Merril Streep numa conferência de imprensa no Festival de Berlim respondendo com elegância e inteligência àquelas perguntas indutoras de respostas, típicas da agenda do politicamente correcto, sobre a representação de minorias no cinema.
Um dia chegará em que veremos um filme de James Bond dirigido por uma lésbica muçulmana, protagonizado por um James transexual do Soweto, um gay asiático como Bond girl e uma gueisha bissexual como Dr. No. E, para equilibrar as coisas, teremos na ópera um baixo maori a interpretar a Cio-cio-san da Madama Butterfly e um índio navajo no papel de Mr Pinkerton.
Por falar em politicamente correcto, veja os exemplos terminais da estupidez intrínseca dessa doutrina que o Insurgente publicou.
Merril Streep numa conferência de imprensa no Festival de Berlim respondendo com elegância e inteligência àquelas perguntas indutoras de respostas, típicas da agenda do politicamente correcto, sobre a representação de minorias no cinema.
Um dia chegará em que veremos um filme de James Bond dirigido por uma lésbica muçulmana, protagonizado por um James transexual do Soweto, um gay asiático como Bond girl e uma gueisha bissexual como Dr. No. E, para equilibrar as coisas, teremos na ópera um baixo maori a interpretar a Cio-cio-san da Madama Butterfly e um índio navajo no papel de Mr Pinkerton.
Por falar em politicamente correcto, veja os exemplos terminais da estupidez intrínseca dessa doutrina que o Insurgente publicou.
13/02/2016
ACREDITE SE QUISER: Arte avant garde kindergarten
Ver vídeo aqui |
(Enviado por JARF)
ACREDITE SE QUISER: Foi encontrado o nucleótido da liberdade no ADN da TAP (2)
Depois de re-verter a venda da TAP, a geringonça decidiu re-baptizar o Aeroporto da Portela dando-lhe o nome de Humberto Delgado, o «General Sem Medo». Vem por isso a propósito re-publicar parcialmente o post que escrevi faz um ano acerca da notícia «TAP: Nascida há 70 anos com liberdade no ADN».
Tudo o que temos pensado e escrito aqui no (Im)pertinências sobre a «companhia de bandeira» fica posto em causa porque, afinal, o ácido desoxirribonucleico da TAP tem lá uns nucleótidos de Humberto Delgado. Fica-nos a dúvida se na altura da criação da TAP nos idos de 1945 o «General Sem Medo» já teria expurgado todos os nucleótidos do fascismo até então predominantes, desde 1926 quando participou no golpe de 28 de Maio e em 1941 quando publicou artigos na revista «Ar» de grande simpatia para com o nazismo em que escreveu sobre Hitler
É claro que pelo meio, em 1945 e 1946, Delgado criou a TAP e lá deixou nucleótidos não fascistas que trazia escondidos no seu ADN. Nucleótidos que passaram despercebidos até ao atento PCP, quando em 1958 Delgado se candidatou a PR, e, talvez por isso, começou por apoiar o anticomunista Cunha Leal, uma relíquia da I República, para finalmente apoiar o compagnon de route Arlindo Vicente e praticamente só depois do assassinato de Delgado, numa manobra típica do tacticismo de Cunhal, o recuperou para o património antifascista.
E assim assistimos, 5 décadas depois, a propósito da «resistência» à privatização da TAP, ao reescrever da história pelo jornalismo de causas em cujo ADN encontramos mais facilmente os nucleótidos do PCP do que os nucleótidos da liberdade.
Tudo o que temos pensado e escrito aqui no (Im)pertinências sobre a «companhia de bandeira» fica posto em causa porque, afinal, o ácido desoxirribonucleico da TAP tem lá uns nucleótidos de Humberto Delgado. Fica-nos a dúvida se na altura da criação da TAP nos idos de 1945 o «General Sem Medo» já teria expurgado todos os nucleótidos do fascismo até então predominantes, desde 1926 quando participou no golpe de 28 de Maio e em 1941 quando publicou artigos na revista «Ar» de grande simpatia para com o nazismo em que escreveu sobre Hitler
«O ex-cabo, ex-pintor, o homem que não nasceu em leito de renda amolecedor, passará à História como uma revelação genial das possibilidades humanas no campo político, diplomático, social, civil e militar, quando à vontade de um ideal se junta a audácia, a valentia, a virilidade numa palavra.»Ou quando foi nomeado em 1944 pelo governo de Salazar Director do Secretariado da Aeronáutica Civil, ou em 1951 e 1952 quando foi procurador à Câmara Corporativa ou quando foi nomeado em 1952 adido militar na embaixada em Washington onde viveu durante cinco anos. É nesse período que a lenda situa a sua conversão à liberdade, a caminho dos 50 anos e após 3 décadas de situacionista emérito - dizem os detractores que a conversão se deve mais a vaidades e ambições insatisfeitas do que a convicções.
É claro que pelo meio, em 1945 e 1946, Delgado criou a TAP e lá deixou nucleótidos não fascistas que trazia escondidos no seu ADN. Nucleótidos que passaram despercebidos até ao atento PCP, quando em 1958 Delgado se candidatou a PR, e, talvez por isso, começou por apoiar o anticomunista Cunha Leal, uma relíquia da I República, para finalmente apoiar o compagnon de route Arlindo Vicente e praticamente só depois do assassinato de Delgado, numa manobra típica do tacticismo de Cunhal, o recuperou para o património antifascista.
E assim assistimos, 5 décadas depois, a propósito da «resistência» à privatização da TAP, ao reescrever da história pelo jornalismo de causas em cujo ADN encontramos mais facilmente os nucleótidos do PCP do que os nucleótidos da liberdade.
LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: É mais fácil encontrar um lince na Serra da Malcata do que um liberal num país pendurado no Estado (2)
Uma continuação deste post com excertos de textos de duas das mentes deste país obnubilado, pasto de charlatães, que guardam uma lucidez e uma integridade que os distingue dos «intelectuais escorregadios» produtores de neblina mediática.
«Donde vem a disposição da sociedade portuguesa para preferir a distribuição da pobreza pelo Estado, à produção de riqueza pelos cidadãos? Talvez neste país seja mais fácil aos demagogos populistas fazer de conta que os impostos são pagos pelos outros, uma vez que mais de metade das famílias não paga IRS, e só um terço das empresas paga IRC. Ou talvez o medo da mudança (o “liberalismo”) seja maior numa população envelhecida e dependente, a quem os reformistas ainda não conseguiram persuadir de que o “empobrecimento” não deriva da reforma, mas do imobilismo. Mas nada talvez explique tanto como a possibilidade de as coisas serem assim. E essa possibilidade tem dois nomes: o BCE e a OPEC, isto é, os juros baixos e a energia barata. Quando isso mudar, mudaremos. Antes, como já se viu, não.»
Excerto de «O PROC: processo orçamental em curso», Rui Ramos no Observador
«O PS vive hoje na incompreensível ilusão de que é, ou se prepara para ser, um partido radical. O PSD, segundo Passos Coelho, é um partido social-democrata, apenas desviado provisoriamente do seu caminho pela maldade do mundo. Suponhamos que existia um método qualquer, com certeza esotérico, para separar estas magníficas visões da humanidade, a oposição entre elas não justificava com certeza as questiúnculas com que a televisão e a imprensa nos moem o juízo. E a prova está em que acabou por ser preciso arranjar umas tantas querelas dúbias como a TAP ou a eutanásia, para tapar os buracos que a política começava a abrir. Se o PS e o PSD alternassem pacificamente no poder, a pobreza da Pátria não os deixaria fazer muito mal, nem muito bem. E o PCP que lá se divertisse com as suas Câmaras do Alentejo e os seus sindicatos, na paz que se deve à velhice.»
Excerto de «Uma proposta», Vasco Pulido Valente no Público
«Donde vem a disposição da sociedade portuguesa para preferir a distribuição da pobreza pelo Estado, à produção de riqueza pelos cidadãos? Talvez neste país seja mais fácil aos demagogos populistas fazer de conta que os impostos são pagos pelos outros, uma vez que mais de metade das famílias não paga IRS, e só um terço das empresas paga IRC. Ou talvez o medo da mudança (o “liberalismo”) seja maior numa população envelhecida e dependente, a quem os reformistas ainda não conseguiram persuadir de que o “empobrecimento” não deriva da reforma, mas do imobilismo. Mas nada talvez explique tanto como a possibilidade de as coisas serem assim. E essa possibilidade tem dois nomes: o BCE e a OPEC, isto é, os juros baixos e a energia barata. Quando isso mudar, mudaremos. Antes, como já se viu, não.»
Excerto de «O PROC: processo orçamental em curso», Rui Ramos no Observador
«O PS vive hoje na incompreensível ilusão de que é, ou se prepara para ser, um partido radical. O PSD, segundo Passos Coelho, é um partido social-democrata, apenas desviado provisoriamente do seu caminho pela maldade do mundo. Suponhamos que existia um método qualquer, com certeza esotérico, para separar estas magníficas visões da humanidade, a oposição entre elas não justificava com certeza as questiúnculas com que a televisão e a imprensa nos moem o juízo. E a prova está em que acabou por ser preciso arranjar umas tantas querelas dúbias como a TAP ou a eutanásia, para tapar os buracos que a política começava a abrir. Se o PS e o PSD alternassem pacificamente no poder, a pobreza da Pátria não os deixaria fazer muito mal, nem muito bem. E o PCP que lá se divertisse com as suas Câmaras do Alentejo e os seus sindicatos, na paz que se deve à velhice.»
Excerto de «Uma proposta», Vasco Pulido Valente no Público
12/02/2016
SERVIÇO PÚBLICO: o défice de memória (17)
(Uma espécie de continuação da saga de Teixeira dos Santos)
«Em 2004... o último ano em que a dívida pública portuguesa esteve abaixo dos 60% do PIB. Pelo menos nos livros. Na altura o Estado entretinha-se a esconder o que devia nos mais variados cantos. Todos os orga1úsmos ou empresas públicas eram usados como saco para colocar mais uma despesa. Dívida essa que teve de ser reconhecida anos mais tarde o que, aliada a um Estado intrinsecamente esbanjador e a um desempenho económico dececionante lançou os níveis de endividamento público para valores perto dos 130% do PIB.
(…)
As contas são do atual Governo que estima que a dívida pública chegue finalmente aos 60% do PIB em 2054 (página 65 do relatório do Orçamento do Estado para 2016). Para que isso seja possível é ainda necessário que três fenómenos se conjuguem na perfeição. O PIB tem de crescer em média a uma taxa nominal de 3,06%, a taxa de juro nominal terá de ficar nos 3,7%, e tem que haver um excedente primário de 2,3% do PIB. Isto durante 40 anos.»
João Vieira Pereira no Expresso Diário
Este é mais um milagre anunciado à distância de 50-anos-50 por um governo que ainda não conseguiu acertar no défice do primeiro ano e que teve como antecessores nos últimos 40-anos-40 outros governos que falharam sistematicamente todas as metas e previsões, com um especial destaque para o governo socialista do ministro das Finanças Teixeira dos Santos que nos idos de 2009 começou por um défice de 2,2% para acabarem 9,1% em 10,0%.
«Em 2004... o último ano em que a dívida pública portuguesa esteve abaixo dos 60% do PIB. Pelo menos nos livros. Na altura o Estado entretinha-se a esconder o que devia nos mais variados cantos. Todos os orga1úsmos ou empresas públicas eram usados como saco para colocar mais uma despesa. Dívida essa que teve de ser reconhecida anos mais tarde o que, aliada a um Estado intrinsecamente esbanjador e a um desempenho económico dececionante lançou os níveis de endividamento público para valores perto dos 130% do PIB.
(…)
As contas são do atual Governo que estima que a dívida pública chegue finalmente aos 60% do PIB em 2054 (página 65 do relatório do Orçamento do Estado para 2016). Para que isso seja possível é ainda necessário que três fenómenos se conjuguem na perfeição. O PIB tem de crescer em média a uma taxa nominal de 3,06%, a taxa de juro nominal terá de ficar nos 3,7%, e tem que haver um excedente primário de 2,3% do PIB. Isto durante 40 anos.»
João Vieira Pereira no Expresso Diário
Este é mais um milagre anunciado à distância de 50-anos-50 por um governo que ainda não conseguiu acertar no défice do primeiro ano e que teve como antecessores nos últimos 40-anos-40 outros governos que falharam sistematicamente todas as metas e previsões, com um especial destaque para o governo socialista do ministro das Finanças Teixeira dos Santos que nos idos de 2009 começou por um défice de 2,2% para acabar
BREQUINGUE NIUZ: O ruído da gravidade
Se fosse hoje, com os vagares de quem pouco tinha para fazer, outro no lugar de Einstein dedicaria o seu ócio a navegar na web, talvez a escrever posts para um blogue.
Simulação dos preliminares entre dois buracos negros (NYT: Simulating eXtreme Spacetimes) |
11/02/2016
LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: É mais fácil encontrar um lince na Serra da Malcata do que um liberal num país pendurado no Estado
«Pedro Passos Coelho apresentou a sua recandidatura a líder do PSD e atrelado veio um novo (no sentido de velho) slogan de campanha: “Social-democracia sempre!” Assim mesmo, com ponto de exclamação e tudo. Como seria de esperar, o slogan foi intensamente parodiado – e bem.
(...)
É deprimente esta atitude de Passos, quase a pedir desculpa por desejar um país menos dependente do Estado e onde a liberdade de cada indivíduo seja valorizada como merece. Infelizmente, a direita parece ter assimilado a patranha do “terrível neoliberalismo”, e engolir tal tese significa ter vergonha de lutar por um Estado menor e mais eficiente, que não seja o alfa e o ómega da pátria. Mais do que isso, significa continuar a alimentar aquilo a que Charles J. Sykes chamou “uma nação de vítimas”, onde o discurso da vitimização perpétua se transforma numa segunda pele. Este país precisa cada vez mais de um partido liberal, que não peça desculpa pelo que é e que assuma orgulhosamente aquilo que deseja.»
«Arranjem-me um partido liberal, sff», João Miguel Tavares no Público
Também acho ridícula a súbita conversão de Passos Coelho a «um caminho (que) consiste em fazer pagar o consumo nacional pelo capitalismo internacional por meio de empréstimos», como o descreveu António José Saraiva. Caminho que desde há 30 anos significa para os portugueses uma justificação moral para tentar extorquir os contribuintes europeus depois de esgotada a extorsão aos sujeitos passivos locais.
Não obstante, se o slogan “Social-democracia sempre!” é ridículo, o slogan "Liberalismo sempre!", ou parecido, seria fatal para Passos Coelho e deixaria o PSD eleitoralmente irrelevante. Sendo a política a arte do possível, como o velho Otto descobriu, o silêncio teria sido preferível.
(...)
É deprimente esta atitude de Passos, quase a pedir desculpa por desejar um país menos dependente do Estado e onde a liberdade de cada indivíduo seja valorizada como merece. Infelizmente, a direita parece ter assimilado a patranha do “terrível neoliberalismo”, e engolir tal tese significa ter vergonha de lutar por um Estado menor e mais eficiente, que não seja o alfa e o ómega da pátria. Mais do que isso, significa continuar a alimentar aquilo a que Charles J. Sykes chamou “uma nação de vítimas”, onde o discurso da vitimização perpétua se transforma numa segunda pele. Este país precisa cada vez mais de um partido liberal, que não peça desculpa pelo que é e que assuma orgulhosamente aquilo que deseja.»
«Arranjem-me um partido liberal, sff», João Miguel Tavares no Público
Também acho ridícula a súbita conversão de Passos Coelho a «um caminho (que) consiste em fazer pagar o consumo nacional pelo capitalismo internacional por meio de empréstimos», como o descreveu António José Saraiva. Caminho que desde há 30 anos significa para os portugueses uma justificação moral para tentar extorquir os contribuintes europeus depois de esgotada a extorsão aos sujeitos passivos locais.
Não obstante, se o slogan “Social-democracia sempre!” é ridículo, o slogan "Liberalismo sempre!", ou parecido, seria fatal para Passos Coelho e deixaria o PSD eleitoralmente irrelevante. Sendo a política a arte do possível, como o velho Otto descobriu, o silêncio teria sido preferível.
De boas intenções está o inferno cheio (43) – A religião é a política por outros meios? (XVI)
Outros posts sobre a religião como a política por outros meios.
Não sei se a deriva do Papa Francisco para a Realpolitik explicará a orientação do novo guia do Vaticano que dispensa os bispos de denunciar às autoridades padres suspeitos de abusos a crianças e considera competir apenas às vítimas ou suas famílias decidir a denúncia do abuso à polícia.
Pôncio Pilatos não faria melhor.
Não sei se a deriva do Papa Francisco para a Realpolitik explicará a orientação do novo guia do Vaticano que dispensa os bispos de denunciar às autoridades padres suspeitos de abusos a crianças e considera competir apenas às vítimas ou suas famílias decidir a denúncia do abuso à polícia.
Pôncio Pilatos não faria melhor.
SERVIÇO PÚBLICO: o défice de memória (16)
(Uma espécie de continuação da saga de Teixeira dos Santos)
Registemos, desde já, que se Centeno durasse quatro anos e transportasse o ritmo de «rascunhos do orçamento» para orçamentos aprovados teria não oito mas umas dúzias. Aqui fica outra vez o diagrama das suas previsões.
Registemos para memória futura esta boutade e esperemos para ver se Mário Centeno vai ser um Campos e Cunha e se demite ao fim de quatro meses (confessando em entrevista nove anos depois que, sendo um «socialista sem partido» estava completamente cercado e manietado) ou se será um Teixeira dos Santos que chama a troika quando já não tinha tesouraria para pagar os salários do mês seguinte.
Fonte: Expresso Diário |
Registemos para memória futura esta boutade e esperemos para ver se Mário Centeno vai ser um Campos e Cunha e se demite ao fim de quatro meses (confessando em entrevista nove anos depois que, sendo um «socialista sem partido» estava completamente cercado e manietado) ou se será um Teixeira dos Santos que chama a troika quando já não tinha tesouraria para pagar os salários do mês seguinte.
10/02/2016
De boas intenções está o inferno cheio (42) – A religião é a política por outros meios? (XV)
Outros posts sobre a religião como a política por outros meios.
Admito que o jornalismo de causas do Público possa ter ajeitado os factos às suas causas – uma vez mais. Tenho até esperança que o ajeitamento tenha sido feito no artigo em que se relatam mais umas quantas declarações do Papa Francisco. Vou respigar algumas passagens desse artigo de causas.
«Poucos dias antes do encontro histórico com o Patriarca russo Kirill, no dia 12, o Papa Francisco deu uma entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera onde reconhece algumas “convergências” entre o Vaticano e Moscovo sobre os conflitos no mundo árabe. “A Rússia pode oferecer muito” em termos da paz mundial”».
«O encontro – o primeiro entre o chefe da Igreja Católica e o líder da maior e mais influente das Igrejas Ortodoxas desde o grande cisma de 1054 – realizar-se-á em Cuba.»
“Nas Primaveras Árabes e no Iraque, podíamos adivinhar o que se ia passar. E em parte houve uma convergência de análises entre a Santa Sé e a Rússia» disse o Papa em entrevista ao Asia Times acrescentando «Mas se se pensa na Líbia antes e depois da intervenção militar contra o regime do coronel Muammar Kadhafi – antes era só um, agora são 50. Não se pode deixar de pensar, com uma ponta de apreensão, no que poderá acontecer se os EUA e a Europa resolverem atacar de novo o território da Líbia, lacerado pelo tribalismo e terrorismo islâmico».
Confesso que o Papa Francisco me surpreende. Tão depressa faz juízos e proclamações ingénuas e irrealistas inspiradas por uma espécie de Teologia da Libertação ressuscitada, como faz agora inesperadas proclamações inspiradas numa Realpolitik que Henry Kissinger não desdenharia e com as quais tenho de confessar o meu alinhamento - com reservas.
Admito que o jornalismo de causas do Público possa ter ajeitado os factos às suas causas – uma vez mais. Tenho até esperança que o ajeitamento tenha sido feito no artigo em que se relatam mais umas quantas declarações do Papa Francisco. Vou respigar algumas passagens desse artigo de causas.
«Poucos dias antes do encontro histórico com o Patriarca russo Kirill, no dia 12, o Papa Francisco deu uma entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera onde reconhece algumas “convergências” entre o Vaticano e Moscovo sobre os conflitos no mundo árabe. “A Rússia pode oferecer muito” em termos da paz mundial”».
«O encontro – o primeiro entre o chefe da Igreja Católica e o líder da maior e mais influente das Igrejas Ortodoxas desde o grande cisma de 1054 – realizar-se-á em Cuba.»
“Nas Primaveras Árabes e no Iraque, podíamos adivinhar o que se ia passar. E em parte houve uma convergência de análises entre a Santa Sé e a Rússia» disse o Papa em entrevista ao Asia Times acrescentando «Mas se se pensa na Líbia antes e depois da intervenção militar contra o regime do coronel Muammar Kadhafi – antes era só um, agora são 50. Não se pode deixar de pensar, com uma ponta de apreensão, no que poderá acontecer se os EUA e a Europa resolverem atacar de novo o território da Líbia, lacerado pelo tribalismo e terrorismo islâmico».
Confesso que o Papa Francisco me surpreende. Tão depressa faz juízos e proclamações ingénuas e irrealistas inspiradas por uma espécie de Teologia da Libertação ressuscitada, como faz agora inesperadas proclamações inspiradas numa Realpolitik que Henry Kissinger não desdenharia e com as quais tenho de confessar o meu alinhamento - com reservas.
ACREDITE SE QUISER: Os pensadores da Mouse School of Economics ainda podem ganhar um Nobel (2)
O primeiro episódio desta série foi dedicado a Joseph Stiglitz. Antes que me acusem de abandalhamento por dedicar o segundo episódio ao pensamento de João Galamba, outro emérito membro da Mouse School of Economics, lembro o aforismo popular: quem não tem cão, caça com gato, a que acrescento, quem não tem gato, caça com rato.
Vem isto a propósito das declarações indignadas de João Galamba – para quem não saiba, o porta-voz do PS que «frequentou um doutoramento em Filosofia Política na London School of Economics» -, que passo a citar:
Vem isto a propósito das declarações indignadas de João Galamba – para quem não saiba, o porta-voz do PS que «frequentou um doutoramento em Filosofia Política na London School of Economics» -, que passo a citar:
«Temos assistido, nos últimos dias, por parte de PSD e CDS, a uma campanha de intoxicação da opinião pública e de tentativa de transformar o orçamento numa coisa que não é. Têm dito que penaliza fortemente as famílias. Ainda hoje, o PSD disse que é o orçamento do 'toma lá dá cá'. É de facto, toma lá 1.400 milhões de euros e dá cá apenas 290 milhões».Infelizmente, o quase Doutor Galamba não explica por que diacho o PS não multiplicou o toma lá e em vez de 1.400 milhões não nos ofereceu 14 mil milhões em troca de um dá cá apenas 2,9 mil milhões.
09/02/2016
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Cada eleitorado tem o governo que pode
Quereis um indicador recente do grau de infantilidade e inimputabilidade do eleitorado português? Vou dar dois.
O primeiro é a votação do «intelectual escorregadio» logo à primeira volta. Na segunda volta, contra qualquer um dos outros, excepto talvez Henrique Nogueira, seria outra estória – também teria engolido o sapo.
O segundo indicador da infantilidade e inimputabilidade resulta do barómetro da Aximage. E não, não são os 34,8% de intenções de voto no PS. Afinal de contas só os funcionários públicos, a maior parte dos reformados e outras corporações representadas pelo PS seriam suficientes para o justificar. O segundo indicador não resulta do cálculo político que reflectiria a preferência crua pela defesa do interesse da corporação. Em vez disso, reflecte um juízo de valor: depois de quinze meses de golpadas, mentiras e meias-verdades como líder do PS e de dois meses como primeiro-ministro no mesmo estilo, 48,1% dos portugueses confiam em Costa como primeiro-ministro.
Em contrapartida apenas 41,9% dos portugueses confiam em Passos Coelho. Curiosamente, há quase 6 anos apenas 39,1% dos portugueses confiariam a chave da sua casa a Passos Coelho, contra apenas um pouco menos (33,6%) a José Sócrates – o maior aldrabão que passou por S. Bento desde as invasões francesas. Percebo os 39,1% - também hesitaria a emprestar a chave à criatura – mas não percebo os 33,6% de Sócrates, como não percebo os 48,1% de Costa – a um e a outro os portugueses se tivessem juízo trancar-se-iam logo que avistados tais figurões no bairro, ainda que votassem no PS como o partido mais bem colocado para lhes defender os direitos adquiridos, mesmo à custa de levar o país à bancarrota.
O primeiro é a votação do «intelectual escorregadio» logo à primeira volta. Na segunda volta, contra qualquer um dos outros, excepto talvez Henrique Nogueira, seria outra estória – também teria engolido o sapo.
O segundo indicador da infantilidade e inimputabilidade resulta do barómetro da Aximage. E não, não são os 34,8% de intenções de voto no PS. Afinal de contas só os funcionários públicos, a maior parte dos reformados e outras corporações representadas pelo PS seriam suficientes para o justificar. O segundo indicador não resulta do cálculo político que reflectiria a preferência crua pela defesa do interesse da corporação. Em vez disso, reflecte um juízo de valor: depois de quinze meses de golpadas, mentiras e meias-verdades como líder do PS e de dois meses como primeiro-ministro no mesmo estilo, 48,1% dos portugueses confiam em Costa como primeiro-ministro.
Em contrapartida apenas 41,9% dos portugueses confiam em Passos Coelho. Curiosamente, há quase 6 anos apenas 39,1% dos portugueses confiariam a chave da sua casa a Passos Coelho, contra apenas um pouco menos (33,6%) a José Sócrates – o maior aldrabão que passou por S. Bento desde as invasões francesas. Percebo os 39,1% - também hesitaria a emprestar a chave à criatura – mas não percebo os 33,6% de Sócrates, como não percebo os 48,1% de Costa – a um e a outro os portugueses se tivessem juízo trancar-se-iam logo que avistados tais figurões no bairro, ainda que votassem no PS como o partido mais bem colocado para lhes defender os direitos adquiridos, mesmo à custa de levar o país à bancarrota.
08/02/2016
Dúvidas (145) - O que é a austeridade de esquerda?
«Austeridade de esquerda? Além da responsabilização da Comissão Europeia, o Governo e os partidos que o suportam (PS, BE e PCP) têm sublinhado que esta é uma austeridade diferente – temos ouvido a expressão “austeridade de esquerda” ou “austeridade boa”. A ideia é de que o Orçamento defende “os de sempre” – pobres e classe média/baixa – e vai buscar o dinheiro a outros lados, da banca à classe média/alta. Quando se olha para o Orçamento como um todo, contudo, este argumento perde força. Medidas directamente para os mais pobres (RSI, actualização de pensões baixas, etc.) valem menos de 15% do bolo dedicado à “promoção do rendimento, equidade e crescimento”. Funcionários públicos (sobretudo os de salários mais altos), proprietários de restaurantes, pensionistas mais ricos (que pagavam a CES), famílias com rendimentos acima de 40 mil euros/ano (por via da redução da sobretaxa) representam 56% desse bolo de 1,4 mil milhões de euros. Mesmo as medidas para os que têm menos, como a eliminação maior da sobretaxa de IRS nos escalões mais baixos, arriscam serem absorvidas em parte pelo aumento (politicamente mais indolor) da subida dos impostos indirectos (a classe média/baixa também fuma e até anda de carro!). Mais do que distinguir entre classes de rendimento – e beneficiar de forma significativa as mais baixas – o Orçamento distingue entre grupos específicos (com a função pública à cabeça), à medida dos partidos que o vão aprovar.»
Bruno Faria Lopes no Negócios
Bruno Faria Lopes no Negócios
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Unintended consequences
Nota informativa desta manhã da ASF:
A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) informa que foram estabelecidos entre a Apollo Global Management e os acionistas da Açoreana Seguros, S.A., os termos de um pré-acordo de venda e capitalização da Açoreana Seguros, S.A.
Tal como o gay não relaciona o AIDS que lhe foi diagnosticado com os anos em que teve relações sexuais sem preservativo com parceiros contaminados, também muitos portugueses não relacionam os anos em que vivemos com um défice de 5 a 10% nas contas externas, endividando-nos cada vez mais ao exterior, com a «fatalidade» de ter de vender as empresas e o imobiliário a estrangeiros. O gay amaldiçoa a sua «pouca sorte» e muitos portugueses amaldiçoam as agências de rating, o capitalismo de casino, a Alemanha and all that jazz.
A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) informa que foram estabelecidos entre a Apollo Global Management e os acionistas da Açoreana Seguros, S.A., os termos de um pré-acordo de venda e capitalização da Açoreana Seguros, S.A.
Fonte: Trading Economics |
Tal como o gay não relaciona o AIDS que lhe foi diagnosticado com os anos em que teve relações sexuais sem preservativo com parceiros contaminados, também muitos portugueses não relacionam os anos em que vivemos com um défice de 5 a 10% nas contas externas, endividando-nos cada vez mais ao exterior, com a «fatalidade» de ter de vender as empresas e o imobiliário a estrangeiros. O gay amaldiçoa a sua «pouca sorte» e muitos portugueses amaldiçoam as agências de rating, o capitalismo de casino, a Alemanha and all that jazz.
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (18)
Outras avarias da geringonça.
Esta foi uma semana dominada pelos sound bites orçamentais de que já tratámos bastamente no (Im)pertinências e, entre eles, algumas mentiras de Costa (ver por exemplo esta sobre as famílias beneficiadas pela redução da sobretaxa).
Destaque para a fumaça produzida pela geringonça para obscurecer o facto de ter considerado no rascunho de orçamento para Bruxelas que a reposição dos cortes dos funcionários públicos era uma medida one-off (ver aqui a hermenêutica das questões políticas e técnicas).
Destaque também para o «alvo em movimento» das projecções do crescimento do PIB a descerem e as do défice a comprimirem-se em resultado das pressões de Bruxelas.
Confirma-se que Centeno não passa de um verbo-de-encher, todos os dias ultrapassado por Costa, e não terá qualquer ascendente para limitar a voracidade dos ministros pendurados na toalha da mesa do orçamento. Percebe-se cada vez melhor que Costa o tenha colocado em quarto lugar na hierarquia do governo.
Esta foi uma semana dominada pelos sound bites orçamentais de que já tratámos bastamente no (Im)pertinências e, entre eles, algumas mentiras de Costa (ver por exemplo esta sobre as famílias beneficiadas pela redução da sobretaxa).
Destaque para a fumaça produzida pela geringonça para obscurecer o facto de ter considerado no rascunho de orçamento para Bruxelas que a reposição dos cortes dos funcionários públicos era uma medida one-off (ver aqui a hermenêutica das questões políticas e técnicas).
Destaque também para o «alvo em movimento» das projecções do crescimento do PIB a descerem e as do défice a comprimirem-se em resultado das pressões de Bruxelas.
Confirma-se que Centeno não passa de um verbo-de-encher, todos os dias ultrapassado por Costa, e não terá qualquer ascendente para limitar a voracidade dos ministros pendurados na toalha da mesa do orçamento. Percebe-se cada vez melhor que Costa o tenha colocado em quarto lugar na hierarquia do governo.