13/02/2016

LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: É mais fácil encontrar um lince na Serra da Malcata do que um liberal num país pendurado no Estado (2)

Uma continuação deste post com excertos de textos de duas das mentes deste país obnubilado, pasto de charlatães, que guardam uma lucidez e uma integridade que os distingue dos «intelectuais escorregadios» produtores de neblina mediática.

«Donde vem a disposição da sociedade portuguesa para preferir a distribuição da pobreza pelo Estado, à produção de riqueza pelos cidadãos? Talvez neste país seja mais fácil aos demagogos populistas fazer de conta que os impostos são pagos pelos outros, uma vez que mais de metade das famílias não paga IRS, e só um terço das empresas paga IRC. Ou talvez o medo da mudança (o “liberalismo”) seja maior numa população envelhecida e dependente, a quem os reformistas ainda não conseguiram persuadir de que o “empobrecimento” não deriva da reforma, mas do imobilismo. Mas nada talvez explique tanto como a possibilidade de as coisas serem assim. E essa possibilidade tem dois nomes: o BCE e a OPEC, isto é, os juros baixos e a energia barata. Quando isso mudar, mudaremos. Antes, como já se viu, não.»

Excerto de «O PROC: processo orçamental em curso», Rui Ramos no Observador

«O PS vive hoje na incompreensível ilusão de que é, ou se prepara para ser, um partido radical. O PSD, segundo Passos Coelho, é um partido social-democrata, apenas desviado provisoriamente do seu caminho pela maldade do mundo. Suponhamos que existia um método qualquer, com certeza esotérico, para separar estas magníficas visões da humanidade, a oposição entre elas não justificava com certeza as questiúnculas com que a televisão e a imprensa nos moem o juízo. E a prova está em que acabou por ser preciso arranjar umas tantas querelas dúbias como a TAP ou a eutanásia, para tapar os buracos que a política começava a abrir. Se o PS e o PSD alternassem pacificamente no poder, a pobreza da Pátria não os deixaria fazer muito mal, nem muito bem. E o PCP que lá se divertisse com as suas Câmaras do Alentejo e os seus sindicatos, na paz que se deve à velhice.»

Excerto de «Uma proposta», Vasco Pulido Valente no Público

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