Se há coisas comovedoras, uma delas é o desvelo de opinion dealers e intelectuais de todas as tendências, devidamente amplificados pelas câmaras de eco do jornalismo de causas, com que nos revelam o fim do capitalismo, seja lá o que for o que chamam capitalismo e seja lá quando for.
Desta vez, segundo as palavras de um jornalista do Expresso, foi a vez do «jornalista britânico, Paul Mason, (que) argumenta em quase 500 páginas que o capitalismo está enredado num choque com a revolução tecnológica em rede e a sociedade do conhecimento que abrem oportunidades para uma nova economia e política, cuja janela de oportunidade se abre até 2050.» Nem mais nem menos: o capitalismo que criou a revolução tecnológica e a sociedade do conhecimento será liquidado pelas suas criaturas. Será uma espécie de parricídio.
Supúnhamos que o capitalismo de Mason é o sistema que tem os pilares que uma organização internacional como o FMI deixa os seus técnicos dizerem que tem: propriedade privada, interesse próprio, concorrência, mercado, liberdade de escolha e limitação dos poderes do governo. Qual ou quais serão os pilares que Mason acha que irão ser abatidos no futuro e nunca o tenham sido no passado nem no presente?
Não precisamos de esperar até 2050. Hoje mesmo temos múltiplos exemplos de países a que faltam um ou mais pilares, you name it. Sem esquecer os países, como o nosso, em que alguns pilares estão tão corroídos que ameaçam colapso.
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