10/02/2016

De boas intenções está o inferno cheio (42) – A religião é a política por outros meios? (XV)

Outros posts sobre a religião como a política por outros meios.

Admito que o jornalismo de causas do Público possa ter ajeitado os factos às suas causas – uma vez mais. Tenho até esperança que o ajeitamento tenha sido feito no artigo em que se relatam mais umas quantas declarações do Papa Francisco. Vou respigar algumas passagens desse artigo de causas.

«Poucos dias antes do encontro histórico com o Patriarca russo Kirill, no dia 12, o Papa Francisco deu uma entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera onde reconhece algumas “convergências” entre o Vaticano e Moscovo sobre os conflitos no mundo árabe. “A Rússia pode oferecer muito” em termos da paz mundial”».

«O encontro – o primeiro entre o chefe da Igreja Católica e o líder da maior e mais influente das Igrejas Ortodoxas desde o grande cisma de 1054 – realizar-se-á em Cuba.»

“Nas Primaveras Árabes e no Iraque, podíamos adivinhar o que se ia passar. E em parte houve uma convergência de análises entre a Santa Sé e a Rússia» disse o Papa em entrevista ao Asia Times acrescentando «Mas se se pensa na Líbia antes e depois da intervenção militar contra o regime do coronel Muammar Kadhafi – antes era só um, agora são 50. Não se pode deixar de pensar, com uma ponta de apreensão, no que poderá acontecer se os EUA e a Europa resolverem atacar de novo o território da Líbia, lacerado pelo tribalismo e terrorismo islâmico».


Confesso que o Papa Francisco me surpreende. Tão depressa faz juízos e proclamações ingénuas e irrealistas inspiradas por uma espécie de Teologia da Libertação ressuscitada, como faz agora inesperadas proclamações inspiradas numa Realpolitik que Henry Kissinger não desdenharia e com as quais tenho de confessar o meu alinhamento - com reservas.

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