[Continuação de (I), (II), (III), (IV), (V), (VI), (VII), (VIII) e (IX)]
Segundo estas teorias, se a Fitch diz que a receita das privatizações vai ultrapassar o objectivo e reconhece como positivas as medidas estruturais que têm sido adoptadas, o que podemos concluir?
Só pode ser para nos desgraçar. Ou não?
31/05/2012
ESTADO DE SÍTIO: Um Estado capturado por lóbis e corporações
O episódio das secretas e das suas ligações às maçonarias, à banca do regime, aos partidos do poder, ao jornalismo de causas, à justiça de causas e aos interesses variados que parasitam o Estado constitui um paradigma da fraqueza desse Estado omnipresente e omnipotente com os fracos e impotente com os fortes e sempre, mas sempre, parasitado por elites fedorentas.
E entre essas elites fedorentas há poucos inocentes, por muito que se tentem vitimizar. Os que condenam os processos ínvios contra si usados são os mesmos que os usam contra outros. Veja-se como as «vítimas» da SIC desenterram argumentos na cloaca das provas a que têm acesso como se tivessem a polícia e os magistrados a trabalhar para eles.
E entre essas elites fedorentas há poucos inocentes, por muito que se tentem vitimizar. Os que condenam os processos ínvios contra si usados são os mesmos que os usam contra outros. Veja-se como as «vítimas» da SIC desenterram argumentos na cloaca das provas a que têm acesso como se tivessem a polícia e os magistrados a trabalhar para eles.
Pro memoria (58) – mais défice de memória, para não lhe chamar outra coisa
A propósito da lengalenga do ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos no parlamento a respeito do nacionalização do BPN, convém recordar que ele próprio recusou um plano de Miguel Cadilhe para recuperação do banco em que o Estado entraria com 600 milhões de euros reembolsáveis.
O argumento para rejeitar em Novembro de 2008 esse plano de 600 milhões foi a proposta ser «muito onerosa para os contribuintes» e «as possibilidades do Estado recuperar aquele montante eram diminutas».
Entretanto, como se sabe, o Estado usou e usará o dinheiro extorquido aos contribuintes para injectar um total que poderá ultrapassar 5 mil milhões de euros.
Na passada 3.ª Feira a mesma criatura, disse à comissão de inquérito parlamentar que a proposta era inaceitável porque visava vender um banco que «não valia nada».
(Ver este post do Insurgente e os seus links)
O argumento para rejeitar em Novembro de 2008 esse plano de 600 milhões foi a proposta ser «muito onerosa para os contribuintes» e «as possibilidades do Estado recuperar aquele montante eram diminutas».
Entretanto, como se sabe, o Estado usou e usará o dinheiro extorquido aos contribuintes para injectar um total que poderá ultrapassar 5 mil milhões de euros.
Na passada 3.ª Feira a mesma criatura, disse à comissão de inquérito parlamentar que a proposta era inaceitável porque visava vender um banco que «não valia nada».
(Ver este post do Insurgente e os seus links)
30/05/2012
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Estas elites medíocres que nos sufocam
«Estamos fartos de coisas giras, queremos economia a sério. Economia a sério não é a verrina das "oportunidades", é concorrência, acesso, liberdade, mérito. A sociedade civil não precisa de libertar-se do Estado, o Estado é que precisa de libertar-se da elite intendente, e dependente, que através dele sufoca a sociedade civil. Sejamos antidepressivos como é preciso: à bruta. …
Falemos de Portugal. Nem é preciso listar a miserável reputação da maioria das instituições. Basta pensar nas possibilidades: estão cerradas. Quem tem uma ideia para um projecto precisa de dinheiro. Como não há capital acumulado em famílias, nem em capitais de risco, restam duas vias: a banca e os fundos comunitários. Na banca, ou se tem pais anónimos, mas ricos ou pobres, mas famosos. Nos fundos comunitários, é preciso pagar comissões às associações empresariais que histórica e vergonhosamente controlam a distribuição do dinheiro. Se a empresa arranca, precisa de padrinhos ou de financiar partidos para ganhar concursos públicos. Se tem lucro, é tributada; se não tem lucro, é fiscalizada. É uma economia a inferno aberto.
O inferno é Portugal ser um sistema fechado, dominado por uma elite que reparte o poder, a riqueza, o dinheiro. Transfere a fortuna para "offshores" e dá-nos lições de moral. Diz-nos para nos fazermos à vida, mas depende da sociedade que critica. …»
Excertos do artigo de Pedro Santos Guerreiro, «Por que falham as nações» no negócios online
Falemos de Portugal. Nem é preciso listar a miserável reputação da maioria das instituições. Basta pensar nas possibilidades: estão cerradas. Quem tem uma ideia para um projecto precisa de dinheiro. Como não há capital acumulado em famílias, nem em capitais de risco, restam duas vias: a banca e os fundos comunitários. Na banca, ou se tem pais anónimos, mas ricos ou pobres, mas famosos. Nos fundos comunitários, é preciso pagar comissões às associações empresariais que histórica e vergonhosamente controlam a distribuição do dinheiro. Se a empresa arranca, precisa de padrinhos ou de financiar partidos para ganhar concursos públicos. Se tem lucro, é tributada; se não tem lucro, é fiscalizada. É uma economia a inferno aberto.
O inferno é Portugal ser um sistema fechado, dominado por uma elite que reparte o poder, a riqueza, o dinheiro. Transfere a fortuna para "offshores" e dá-nos lições de moral. Diz-nos para nos fazermos à vida, mas depende da sociedade que critica. …»
Excertos do artigo de Pedro Santos Guerreiro, «Por que falham as nações» no negócios online
SERVIÇO PÚBLICO: Se não tendes nada para dizer, ficai calados
Comprovando que a escolha de Jean-Marc Ayrault foi uma escolha inteligente (enfim, pelo menos comparando-a com a escolha de Martine Aubry, a mãe da semana de 35 horas), o primeiro-ministro de Hollande disse há dias a coisa mais sábia que terá sido dita em França nos últimos anos ou décadas, sei lá:
«Mais il s’agit de parler quand on a quelque chose à dire et non pas de se lancer dans une quête frénétique des médias.»Seria uma bênção se os nossos governantes, a começar pelo professor Cavaco Silva adoptassem esse sábio conselho.
Mitos (73) – as teorias da conspiração sobre as agências de rating (IX)
[Continuação de (I), (II), (III), (IV), (V), (VI), (VII) e (VIII)]
Segundo as teorias da conspiração em vigor no que respeita às notações das agências, deveríamos estar à beira do incumprimento da dívida pública, da saída do euro ou de qualquer outra coisa catastrófica nas finanças públicas. E porquê perguntareis?
E eu respondo. Ora, porque «a Moody's disse hoje que a execução orçamental apresentada pelo Governo na semana passada é um bom ponto de partida para a quarta avaliação da troika, classificando-a como "positiva". »
E se a Moody disse tal coisa só pode ser para continuar a desgraçar-nos. Ou não?
Segundo as teorias da conspiração em vigor no que respeita às notações das agências, deveríamos estar à beira do incumprimento da dívida pública, da saída do euro ou de qualquer outra coisa catastrófica nas finanças públicas. E porquê perguntareis?
E eu respondo. Ora, porque «a Moody's disse hoje que a execução orçamental apresentada pelo Governo na semana passada é um bom ponto de partida para a quarta avaliação da troika, classificando-a como "positiva". »
E se a Moody disse tal coisa só pode ser para continuar a desgraçar-nos. Ou não?
29/05/2012
Lost in translation (145) – Esteve no mesmo hotel do sindicalista, queria ele significar
«Santana Lopes no melhor hotel de Maputo pago pela Santa Casa da Misericórdia» titulou o Negócios online. O hotel foi o mesmo onde ficou João Proença, o líder da UGT e onde foi fotografado fumando um belo havano, depois de ter viajado em executiva há umas semanas, a expensas da UGT, naturalmente. Tal como agora Santana Lopes a expensas da Santa Casa da Misericórdia, onde actualmente passeia o seu inflado ego.
Declaração de interesse: Não sou fan de Santana Lopes, antes pelo contrário.
Declaração de interesse: Não sou fan de Santana Lopes, antes pelo contrário.
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (58) – As rendas são más? Depende de quem as paga.
«De repente, os maiores defensores da política de subsídios à EDP e suas amiguinhas passaram a ser os maiores críticos desses mesmos subsídios (às energias renováveis), e até já rotulam o fenómeno de "rendas". De Basílio Horta não se esperava outra coisa. Mas já me custa assistir à desonestidade intelectual de António José Seguro. Aqui temos o líder do PS, com a sua cara de acólito, a criticar a direita que sempre criticou as rendas socráticas e que teve de renegociar os pactos energéticos herdados do governo socrático . Recorde-se que estes pactos energéticos nunca foram criticados pelo dr. Seguro. Para o dr. Seguro, as "rendas" eram uma coisa boa, moderna, verde e socialista. E, claro, os jornalistas deixaram Seguro passar entre os intervalos da chuva. Ninguém lhe perguntou "mas onde é que V. Exa. andou nos últimos, vá, cinco anos? A dormir no parlamento?". O dr. Zorrinho, o génio dos subsídios ao dr. Mexia, também não foi questionado.»
Henrique Raposo, no Expresso
Henrique Raposo, no Expresso
CASE STUDY: Elefantes brancos em Espanha (11)
Linha 9 do Metro de Barcelona |
[Da colectânea apócrifa «ESPAÑA PAIS DE MILLONARIOS» dos resultados (principalmente, mas não só) do socialismo ibérico em Espanha]
A mis-en-plis é cara? Não é. A pergunta certa é: para que serve a mis-en-plis?
Segundo o Correio da Manhã, «a empresa Marina Cruz Cabeleireiros, responsável pela imagem das principais estrelas da RTP, em Lisboa, cobrou em 2011 à televisão pública cerca de 300 mil euros de avença anual pelos seus serviços de cabeleireiro, não incluindo a caracterização».
Supondo que a RTP mobiliza em média por dia uma dúzia de estrelas carecendo de uma mise-en-plis (assim se chamavam essas operações no passado), 300 mil euros daria para pagar cada uma por menos de 70 euros. Não é caro, pelos preços de mercado. Mas qual o préstimo da mis-en-plis para efeitos do mítico serviço público? Ou, para ir raiz do cabelo, para que servem as cabeças debaixo da mis-en-plis para esse mesmo efeito?
Supondo que a RTP mobiliza em média por dia uma dúzia de estrelas carecendo de uma mise-en-plis (assim se chamavam essas operações no passado), 300 mil euros daria para pagar cada uma por menos de 70 euros. Não é caro, pelos preços de mercado. Mas qual o préstimo da mis-en-plis para efeitos do mítico serviço público? Ou, para ir raiz do cabelo, para que servem as cabeças debaixo da mis-en-plis para esse mesmo efeito?
28/05/2012
ESTÓRIA E MORAL: Não se pode dizer a verdade às vítimas de desgraças autoinfligidas
Estória
Segundo estimativas do banco central grego, a evasão fiscal em 2010 terá sido equivalente a cerca de um terço da receita fiscal e seria suficiente para anular o défice desse ano.
Numa entrevista ao Guardian, Christine Lagarde disse a propósito da situação grega: «As far as Athens is concerned, I also think about all those people who are trying to escape tax all the time. … I think of them equally. And I think they should also help themselves collectively. By all paying their tax.»
Num universo paralelo não infectado pela doutrina do politicamente correcto pretendendo irresponsabilizar pela infantilização as vítimas de desgraças autoinfligidas, as declarações de Lagarde seriam recebidas com um bocejo de indiferença. No mundo real os sound bites de indignação teatral fizeram-se logo ouvir, desde Venizelos do PASOK (uma espécie de Tozé grego) a Tsipras (uma espécie de tele-evangelista grego) do Syriza, ao porta-voz de Hollande.
Por razões desconhecidas, a esquerda doméstica ainda está a ruminar o assunto e ainda não ouvi reacções.
Moral
Lagarde deveria ter respeitado o princípio de Kahn (*) e, em lugar do que disse, dizer: «As far as Athens is concerned, I also think about all those people who are trying to escape bananas all the time. … I think of them equally. And I think they should also help themselves collectively. By all eating bananas.»
(*) Alfred Kahn, um dos assessores económicos do presidente Carter, foi por este repreendido por ter-se referido publicamente em 1978 a uma possível depressão da economia americana. Na sua intervenção seguinte, Alfred Kahn disse que «we're in danger of having the worst banana in 45 years».
Segundo estimativas do banco central grego, a evasão fiscal em 2010 terá sido equivalente a cerca de um terço da receita fiscal e seria suficiente para anular o défice desse ano.
Numa entrevista ao Guardian, Christine Lagarde disse a propósito da situação grega: «As far as Athens is concerned, I also think about all those people who are trying to escape tax all the time. … I think of them equally. And I think they should also help themselves collectively. By all paying their tax.»
Num universo paralelo não infectado pela doutrina do politicamente correcto pretendendo irresponsabilizar pela infantilização as vítimas de desgraças autoinfligidas, as declarações de Lagarde seriam recebidas com um bocejo de indiferença. No mundo real os sound bites de indignação teatral fizeram-se logo ouvir, desde Venizelos do PASOK (uma espécie de Tozé grego) a Tsipras (uma espécie de tele-evangelista grego) do Syriza, ao porta-voz de Hollande.
Por razões desconhecidas, a esquerda doméstica ainda está a ruminar o assunto e ainda não ouvi reacções.
Moral
Lagarde deveria ter respeitado o princípio de Kahn (*) e, em lugar do que disse, dizer: «As far as Athens is concerned, I also think about all those people who are trying to escape bananas all the time. … I think of them equally. And I think they should also help themselves collectively. By all eating bananas.»
(*) Alfred Kahn, um dos assessores económicos do presidente Carter, foi por este repreendido por ter-se referido publicamente em 1978 a uma possível depressão da economia americana. Na sua intervenção seguinte, Alfred Kahn disse que «we're in danger of having the worst banana in 45 years».
Pro memoria (57) – Novas oportunidades
Só alguém distraído poderá ter ficado surpreendido com as conclusões do estudo de uma equipa do IST sobre o programa «Novas Oportunidades» que torrou 1,8 mil milhões de euros para distribuir diplomas que não valem nem o papel em que estão impressos e que nem um empresário analfabeto impressionariam.
CASE STUDY: Envenenado pelo próprio remédio
Se há medidas que Nicolau Santos, o pastorinho da economia dos amanhãs que cantam do Expresso, deve apreciar, o programa PME Crescimento encontra-se certamente entre elas. Trata-se de uma linha de crédito de 1,5 mil milhões de euros dirigida às micros e pequenas empresas, com preferência para exportadoras, a taxas de juro subsidiadas pelos contribuintes para investimento novo e para liquidar até 30% de empréstimos da banca contraídos para regularizar dívidas ao fisco e à segurança social.
Pois bem, a criatura saiu amargurada da conferência «PME As empresas e o futuro», iniciativa salvífica do grupo Impresa, e relatou na sua coluna do suplemento Economia três exemplos do «passo de gigante» que vai «entre as boas intenções e a realidade».
No primeiro exemplo, o banco só emprestaria o dinheiro ao empresário para liquidar uma conta caucionada. No segundo, outro empresário propunha-se pedir dinheiro a uma taxa bonificada para liquidar um empréstimo precisamente ao mesmo banco e este recusou. No terceiro exemplo, o banco ofereceu crédito ao empresário que não precisa de dinheiro para este fazer um depósito a prazo com uma taxa mais elevada.
Nicolau Santos conclui desgostoso: «é extraordinária a capacidade humana para subverter e utilizar em proveito próprio as melhores intenções destinadas ao bem comum». Pois é. É por isso, e por outras razões sobre as quais agora não tenho tempo de escrever, que é melhor o governo abster-se de tirar dinheiro a uns contribuintes para o dar a outros.
Pois bem, a criatura saiu amargurada da conferência «PME As empresas e o futuro», iniciativa salvífica do grupo Impresa, e relatou na sua coluna do suplemento Economia três exemplos do «passo de gigante» que vai «entre as boas intenções e a realidade».
No primeiro exemplo, o banco só emprestaria o dinheiro ao empresário para liquidar uma conta caucionada. No segundo, outro empresário propunha-se pedir dinheiro a uma taxa bonificada para liquidar um empréstimo precisamente ao mesmo banco e este recusou. No terceiro exemplo, o banco ofereceu crédito ao empresário que não precisa de dinheiro para este fazer um depósito a prazo com uma taxa mais elevada.
Nicolau Santos conclui desgostoso: «é extraordinária a capacidade humana para subverter e utilizar em proveito próprio as melhores intenções destinadas ao bem comum». Pois é. É por isso, e por outras razões sobre as quais agora não tenho tempo de escrever, que é melhor o governo abster-se de tirar dinheiro a uns contribuintes para o dar a outros.
27/05/2012
Pro memoria (56) - Como crescer, segundo o PS
Finalmente, ficámos a conhecer pelo Acção Socialista Expresso a receita socialista para o crescimento.
Lutar, criar, rever, descongelar e injectar. Depois é só esperar pelo crescimento económico com ajuda do pacto.
Lutar, criar, rever, descongelar e injectar. Depois é só esperar pelo crescimento económico com ajuda do pacto.
26/05/2012
Presunção de inocência ou presunção de culpa? (3)
Continuação de (1) e (2).
Perante declarações em tribunal de Alan Perkins, administrador da Freeport entre 2005 e 2006, de não ter qualquer dúvida que Charles Smith o informou que o Pinóquio a quem se destinavam os pagamentos ilegais era o ministro do Ambiente de então, o de cujus, agora a estudar filosofia em Paris, fez saber através do seu advogado (aquela espécie de Mefistófeles lusitano, de nome Proença de Carvalho) que vai accionar quem invocar o seu nome.
WEHAVEKAOSINTHEGARDEN |
ESTADO DE SÍTIO: A propósito da agenda de crescimento económico
«The boom was the time the mistakes were made and the bust is the market’s way of correcting them. Interfering with that subtle and complex correction process is beyond the ability of government. Only the decentralized decision-making and learning processes of the market can accomplish the millions of corrections that have to take place in myriad individual microeconomic markets.»
The Microeconomic Foundations of Macroeconomic Disorder: An Austrian Perspective on the Great Recession of 2008, Steven Horwitz
The Microeconomic Foundations of Macroeconomic Disorder: An Austrian Perspective on the Great Recession of 2008, Steven Horwitz
25/05/2012
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Por onde anda a nossa dívida pública?
Por vários sítios. Entre eles, por centenas de km de autoestradas com tanto trânsito que as cegonhas as consideram um sítio sossegado para constituir família. São ninhos isentos de renda, que é paga pelos contribuintes presentes, futuros e nascituros a várias construtoras do regime, com destaque para a presidida pelo estradista doutor Coelho.
Uma sábia estratégia – Take Another Plane
Referindo-se ao hipotético interesse da Emirates na privatização da TAP, Thierry Antonori esclareceu em conferência de imprensa: «não estamos interessados em companhias detidas pelo Estado».
DIÁRIO DE BORDO: Até prova em contrário
Pelo pouco que conheço do ministro Miguel Relvas, não sei se lhe dou o benefício da dúvida sobre as alegadas ameaças à jornalista do Público e em particular a ameaça de divulgação de factos da sua vida privada.
Pelo muito que sei do Público, sobretudo dos últimos anos, concedo-lhe o prejuízo da certeza da prática de jornalismo de causas e, em particular, de muitos serviços prestados ao governo de José Sócrates.
Até prova em contrário, não acredito nem no ministro nem no jornal.
Aditamento:
Depois de vários factos que entretanto foram conhecidos, incluindo os relatados nesta nota da direcção do Público, resolvi em definitivo não dar o benefício da dúvida ao ministro e, se tudo continuar assim, dar-lhe-ei o mesmo prejuízo da certeza já dado ao jornal.
Manuela Moura Guedes diz que Relvas é o «dark side» de Passos Coelho. E o light side está onde?
Pelo muito que sei do Público, sobretudo dos últimos anos, concedo-lhe o prejuízo da certeza da prática de jornalismo de causas e, em particular, de muitos serviços prestados ao governo de José Sócrates.
Até prova em contrário, não acredito nem no ministro nem no jornal.
Aditamento:
Depois de vários factos que entretanto foram conhecidos, incluindo os relatados nesta nota da direcção do Público, resolvi em definitivo não dar o benefício da dúvida ao ministro e, se tudo continuar assim, dar-lhe-ei o mesmo prejuízo da certeza já dado ao jornal.
Manuela Moura Guedes diz que Relvas é o «dark side» de Passos Coelho. E o light side está onde?
24/05/2012
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: doutor Coelho, estradista (2)
Secção Musgo Viscoso
Perguntado pelo «que sente quando ouve dizer que o Dr. Miguel Relvas é "o Jorge Coelho" deste Governo"?» o próprio estradista diz que não sente nada e esclarece para quem tivesse dúvidas «nunca deixei cair um amigo na minha vida».
Dois afonsos pela sua franqueza em assumir o nepotismo com que pautou a sua carreira político-empresarial ou, em alternativa, três chateaubriands por aparentemente pensar que o nepotismo faz parte das best practices e cinco ignóbeis por tudo isso.
Perguntado pelo «que sente quando ouve dizer que o Dr. Miguel Relvas é "o Jorge Coelho" deste Governo"?» o próprio estradista diz que não sente nada e esclarece para quem tivesse dúvidas «nunca deixei cair um amigo na minha vida».
Dois afonsos pela sua franqueza em assumir o nepotismo com que pautou a sua carreira político-empresarial ou, em alternativa, três chateaubriands por aparentemente pensar que o nepotismo faz parte das best practices e cinco ignóbeis por tudo isso.
É uma espécie de estado-espiatório (2)
Para quem imaginasse que os 111-observatórios-111 inventariados pelo Insurgente seria um número suficiente de apêndices do estado-espiatório, desiluda-se. Recebi esta tarde um email da Ordem dos Economistas a comunicar «um seminário para a apresentação formal dos objectivos e âmbito do Observatório do Envelhecimento e da Natalidade em Portugal - 1ª edição».
Aguardam-se mais edições.
Pronto. Já está. Temos pacto. Agora é só esperar pelo crescimento económico.
Ao que parece, à troika CE/BCE/FMI acrescenta-se outra troika constituída pelo PSD, CDS e PS que acabam alcançar um consenso sobre a agenda de crescimento económico.
Estamos perante um caso de pactologia em tempos definida pelo inefável professor Carrilho como o «recurso à conversa dos consensos para ocultar a incapacidade de se assumirem posições difíceis, em nome das quais, justamente, se foi eleito».
E por falar em pactos, pacto é talvez a única palavra cuja grafia deveria ser atualizada para pato.
E, por falar em consensos, recorda-se que segundo o nosso Glossário, consenso é um acordo virtual, sobre matérias que não se sabe exactamente quais são, mas sobre as quais se suspeita existirem opiniões muito diferentes, que nenhuma das partes está muito interessada em conhecer. Durante o processo de procura do consenso todos se sentem obrigados a fingir boa vontade para chegar a resultados práticos que, em definitivo, ninguém quer chegar. Há dois desfechos possíveis para o consenso: o positivo e o negativo (em rigor equivalem-se nos efeitos finais). No consenso positivo concorda-se com «grandes princípios», o que entre gente sem princípios não significa o que significa. No consenso negativo concorda-se que não se concorda, por a outra parte estar de má fé como se demonstrou durante o processo negocial (quem está de má fé é afinal o único ponto insusceptível de consenso)
Estamos perante um caso de pactologia em tempos definida pelo inefável professor Carrilho como o «recurso à conversa dos consensos para ocultar a incapacidade de se assumirem posições difíceis, em nome das quais, justamente, se foi eleito».
E por falar em pactos, pacto é talvez a única palavra cuja grafia deveria ser atualizada para pato.
E, por falar em consensos, recorda-se que segundo o nosso Glossário, consenso é um acordo virtual, sobre matérias que não se sabe exactamente quais são, mas sobre as quais se suspeita existirem opiniões muito diferentes, que nenhuma das partes está muito interessada em conhecer. Durante o processo de procura do consenso todos se sentem obrigados a fingir boa vontade para chegar a resultados práticos que, em definitivo, ninguém quer chegar. Há dois desfechos possíveis para o consenso: o positivo e o negativo (em rigor equivalem-se nos efeitos finais). No consenso positivo concorda-se com «grandes princípios», o que entre gente sem princípios não significa o que significa. No consenso negativo concorda-se que não se concorda, por a outra parte estar de má fé como se demonstrou durante o processo negocial (quem está de má fé é afinal o único ponto insusceptível de consenso)
23/05/2012
¿Por qué no te callas? (9) – Estará mesmo «farto de saber»?
«Na véspera do início da importantíssima 4.ª avaliação do programa de ajustamento, Cavaco disse esperar que a Troika venha imbuída do espírito da última reunião do G-8 (onde se falou de políticas de crescimento).
É de ficar estupefacto. O Presidente está farto de saber, até pela sua formação, que Portugal não tem margem para promover o crescimento pela procura interna. E que o nosso crescimento só pode vir da procura externa. Não apenas pelo facto de não termos espaço orçamental (a UE até diz que vamos falhar o objectivo do défice para 2012...). É porque o crescimento induzido por via orçamental só tem um resultado: o agravamento do défice comercial, o maior problema da economia portuguesa.»
«Cavaco merece um raspanete da Troika», Camilo Lourenço no Negócios online
É de ficar estupefacto. O Presidente está farto de saber, até pela sua formação, que Portugal não tem margem para promover o crescimento pela procura interna. E que o nosso crescimento só pode vir da procura externa. Não apenas pelo facto de não termos espaço orçamental (a UE até diz que vamos falhar o objectivo do défice para 2012...). É porque o crescimento induzido por via orçamental só tem um resultado: o agravamento do défice comercial, o maior problema da economia portuguesa.»
«Cavaco merece um raspanete da Troika», Camilo Lourenço no Negócios online
ARTIGO DEFUNTO: O verbo «arrasar» conjugado pelo jornalismo de causas
«OCDE arrasa metas de Vítor Gaspar» é o título de uma peça do jornalista Palma Ferreira, pela qual ficamos a saber que, onde o ministro das Finanças prevê défices de 4,5% e 3,0% do PIB este ano e no próximo, a OCDE prevê que o «disparo» desses défices para 4,6% e 3,5%, respectivamente, ou seja mais 0,1% e mais 0,5%.
Não me recordo do verbo usado pelo jornalista de causas em causa para descrever o «disparo» do défice Teixeira dos Santos de 2009 que começou por ser 2,2% e acabou em 10,0% (ver a série de posts «o défice de memória».
Não me recordo do verbo usado pelo jornalista de causas em causa para descrever o «disparo» do défice Teixeira dos Santos de 2009 que começou por ser 2,2% e acabou em 10,0% (ver a série de posts «o défice de memória».
22/05/2012
Lost in translation (144) – o governo tem que despedir funcionários públicos, queria o Conselho das Finanças Públicas dizer
O Conselho das Finanças Públicas concluiu no seu primeiro relatório que, em vez de fazer «cortes ou compressões horizontais», o governo deve «preferir a racionalização da função pública, eliminando burocracia e formando e realocando os trabalhadores em atividades mais produtivas».
Sabendo-se que a despesa pública corrente, em que os salários representam a maior fatia, tem que diminuir, esta conclusão só pode significar que o dito Conselho sugere que isso seja feito despedindo funcionários públicos. É difícil não concordar.
Sabendo-se que a despesa pública corrente, em que os salários representam a maior fatia, tem que diminuir, esta conclusão só pode significar que o dito Conselho sugere que isso seja feito despedindo funcionários públicos. É difícil não concordar.
DIÁRIO DE BORDO: R.I.P.
Dietrich Fischer-Dieskau (1925-2012)
Provavelmente o melhor barítono (entre outras coisas) do século XX
21/05/2012
CASE STUDY: Elefantes brancos em Espanha (10)
Estação TGV Cuenca-Fernando Zóbel |
Foram torrados 20 milhões de euros. Estação às moscas com 250 lugares de estacionamento, venda automática de bilhetes, energia geotérmica, edifício construído com materiais não contaminantes, sem uma cafeteria ou um quiosque (também para quê?). Ver mais informações aqui.
[Da colectânea apócrifa «ESPAÑA PAIS DE MILLONARIOS» dos resultados (principalmente, mas não só) do socialismo ibérico em Espanha]
20/05/2012
CASE STUDY: formação pós-graduada a la bolognesi (6)
[Outras bolognesi (1), (2), (3), (4), (5)]
Confesso o meu fascínio pelo fenómeno epidemiológico das pós-graduações nas universidades portuguesas, já tratado várias vezes no (Im)pertinências. Para ser exacto, o meu fascínio estende-se às graduações universitários em geral as quais, segundo as contas do Expresso, entre licenciaturas, mestrados e doutoramentos, já vão em 5.049 «propostas», como agora se chamam essas coisas.
O Guia do Estudante do Expresso é a este respeito um insubstituível repositório de informação. A primeira vez que me lembro de o escalpelizar foi em 2005 quando encontrei cerca de 1.500 propostas de pós-graduação. Era muito? Pois era, mas ainda estávamos longe do número actual de 2.539 propostas, incluindo 982 pós-graduações strictu sensu e 1.557 mestrados, enumeradas no guia deste ano.
Não é preciso ser-se um especialista em pós-graduações para se perceber que num país deste tamanho a pletora destas propostas e a irrelevância da maioria delas constituem um imenso desperdício de recursos, só possível por via dos subsídios, no caso das universidades públicas, e pela falta de qualidade no caso das universidades privadas. Nos próximos tempos, à medida da minha paciência, talvez espiolhe este manancial e dê aqui conta das propostas mais excitantes.
(Talvez continue)
Confesso o meu fascínio pelo fenómeno epidemiológico das pós-graduações nas universidades portuguesas, já tratado várias vezes no (Im)pertinências. Para ser exacto, o meu fascínio estende-se às graduações universitários em geral as quais, segundo as contas do Expresso, entre licenciaturas, mestrados e doutoramentos, já vão em 5.049 «propostas», como agora se chamam essas coisas.
O Guia do Estudante do Expresso é a este respeito um insubstituível repositório de informação. A primeira vez que me lembro de o escalpelizar foi em 2005 quando encontrei cerca de 1.500 propostas de pós-graduação. Era muito? Pois era, mas ainda estávamos longe do número actual de 2.539 propostas, incluindo 982 pós-graduações strictu sensu e 1.557 mestrados, enumeradas no guia deste ano.
Não é preciso ser-se um especialista em pós-graduações para se perceber que num país deste tamanho a pletora destas propostas e a irrelevância da maioria delas constituem um imenso desperdício de recursos, só possível por via dos subsídios, no caso das universidades públicas, e pela falta de qualidade no caso das universidades privadas. Nos próximos tempos, à medida da minha paciência, talvez espiolhe este manancial e dê aqui conta das propostas mais excitantes.
(Talvez continue)
19/05/2012
DIÁRIO DE BORDO: a passarada que me visita (14)
18/05/2012
CASE STUDY: Elefantes brancos em Espanha (9)
Estádio “La Peineta” |
[Da colectânea apócrifa «ESPAÑA PAIS DE MILLONARIOS» dos resultados (principalmente, mas não só) do socialismo ibérico em Espanha]
DIÁRIO DE BORDO: Copyright
Há uns tempos adicionei ao Glossário das Impertinências a entrada Opinion dealers, que defini como Opinion makers cujo modo de vida consiste em vender opiniões por conta de outrem.
Ocorreu-me entretanto que um termo parecido, mas infinitamente melhor definido, tinha sido adoptado por Friedrich Hayek no seu artigo «The Intellectuals and Socialism», para designar um intelectual: «professional secondhand dealers in ideas». Aqui ficam os créditos e a sugestão de leitura.
Ocorreu-me entretanto que um termo parecido, mas infinitamente melhor definido, tinha sido adoptado por Friedrich Hayek no seu artigo «The Intellectuals and Socialism», para designar um intelectual: «professional secondhand dealers in ideas». Aqui ficam os créditos e a sugestão de leitura.
17/05/2012
¿Por qué no te callas? (8) – o tamanho interessa? Sim, mas quanto mais pequeno maior melhor (II)
Já aqui e aqui comentei a recente contribuição para a teoria económica do professor Cavaco Silva com o seu paradigma da reduzida dimensão das empresas portuguesas ser uma vantagem competitiva na internacionalização.
Infelizmente, ao que parece, pouca gente atribuiu importância àquela contribuição de Cavaco Silva e, pior do que isso, certas revistas de referência e até estudos académicos esforçaram por pôr em causa o paradigma.
Infelizmente, ao que parece, pouca gente atribuiu importância àquela contribuição de Cavaco Silva e, pior do que isso, certas revistas de referência e até estudos académicos esforçaram por pôr em causa o paradigma.
16/05/2012
Pro memoria (55) - A culpa morreu solteira, outra vez
«O ministro das Finanças e o Governador enganaram o país a 2 de Novembro de 2008 quando, em conferência de imprensa, argumentaram com o risco sistémico», disse ontem no parlamento Miguel Cadilhe, presidente da SLN referindo-se à nacionalização do BPN ocorrida depois do BdeP e MF terem recusado as suas propostas.
Teixeira dos Santos foi descansar para a universidade do Porto e Vítor Constâncio para Frankfurt. Ambos continuam a produzir sound bites ampliados pelos jornais amigos e até hoje ninguém lhes pediu contas e ainda menos os responsabilizou.
Teixeira dos Santos foi descansar para a universidade do Porto e Vítor Constâncio para Frankfurt. Ambos continuam a produzir sound bites ampliados pelos jornais amigos e até hoje ninguém lhes pediu contas e ainda menos os responsabilizou.
15/05/2012
É uma espécie de estado-espiatório
Fiquei estarrecido ao ler este post do Insurgente. Há pelo menos 111-observatórios-111 em Portugal que vão desde os da droga (2) aos das cheias, passando pelos assuntos da família, do endividamento dos consumidores, família, urbano do eixo atlântico, robótico e muitos outros. Cada um destes observatórios proporciona tenças a dezenas ou centenas de apparatchiks que mamam sossegadamente as tetas da vaca marsupial pública.
É apenas mais um exemplo do caminho que percorremos na engorda do Estado Sucial que hoje carregamos nas nossas costas.
É apenas mais um exemplo do caminho que percorremos na engorda do Estado Sucial que hoje carregamos nas nossas costas.
14/05/2012
SERVIÇO PÚBLICO: O berloquismo grego
«The problem in Greece is more profound than this. While austerity measures did play a part in voter discontent, the most important factor in the outcome of the elections was opposition to any talk of structural reform of the Greek economy.
SERVIÇO PÚBLICO: O princípio do princípio (4)
[Continuação de (1), (2) e (3)]
O país não está todo morto. Há gente a trabalhar e empresas a exportar, longe da corte e dos fidalgos que disputam as tenças. As exportações do 1.º trimestre aumentaram 11,6% e as importações diminuíram 3,3% em relação ao período homólogo, o que tornou possível aumentar a taxa de cobertura de 70% para 80%. Notável o aumento da taxa de cobertura do comércio extracomunitário sem combustíveis e lubrificantes de mais de 40%, apesar do aumento dos preços desta último categoria que determinou um aumento de 40% das importações.
O país não está todo morto. Há gente a trabalhar e empresas a exportar, longe da corte e dos fidalgos que disputam as tenças. As exportações do 1.º trimestre aumentaram 11,6% e as importações diminuíram 3,3% em relação ao período homólogo, o que tornou possível aumentar a taxa de cobertura de 70% para 80%. Notável o aumento da taxa de cobertura do comércio extracomunitário sem combustíveis e lubrificantes de mais de 40%, apesar do aumento dos preços desta último categoria que determinou um aumento de 40% das importações.
Fonte: INE, Destaque de 10-05 |
13/05/2012
A defesa dos centros de decisão nacional (9) - a procissão já saiu do adro mas ainda há muitos penitentes com promessas por pagar
[Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7) e (8)]
Não é paradoxal que o BES, um banco do regime, defensor dos centros de decisão nacional, e a Caixa, o banco por excelência do regime, cuja natureza pública é justificada pela necessidade de manter nas mãos do Estado um instrumento estratégico para prosseguir o interesse nacional (esta poderia ser dita pelo Tozé Seguro), estejam a tentar vender à Kento Holding da família Eduardo dos Santos as suas participações na Zon a qual, por coincidência, acabou de comprar a posição da Telefónica na Zon?
Não é paradoxal que o BES, um banco do regime, defensor dos centros de decisão nacional, e a Caixa, o banco por excelência do regime, cuja natureza pública é justificada pela necessidade de manter nas mãos do Estado um instrumento estratégico para prosseguir o interesse nacional (esta poderia ser dita pelo Tozé Seguro), estejam a tentar vender à Kento Holding da família Eduardo dos Santos as suas participações na Zon a qual, por coincidência, acabou de comprar a posição da Telefónica na Zon?
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: O bom investimento público é o que tem um bom retorno
«É hoje mais rentável pagar dívida (recomprando-a no mercado secundário) do que investir no que quer que seja. A recompra de dívida a 10 anos tem um retorno de mais de 10% ao ano. Não há nenhum investimento público que possa ter essa rentabilidade de imediato.»
João Miranda, no Blasfémias.
João Miranda, no Blasfémias.
Podem estar a perder-se oportunidades |
12/05/2012
SERVIÇO PÚBLICO: o milagre do défice tarifário faz toda a gente feliz? (4)
[Continuação de (1), (2) e (3)]
Uma das propriedades dos défices em Portugal é que ninguém sabe exactamente o seu volume, quer se trate dos banais défices orçamentais, quer dos sofisticados défices tarifários (para refrescar as ideias recorde-se aqui do que se trata).
O défice tarifário não podia ser excepção. Em Março eu pensava que era de 2,7 mil milhões, o ionline dizia que era de 3,2, o mês passado o Sol falava em 2, ontem o Negócios escreveu 1,5. Em Outubro o governo dizia no parlamento pela boca do Álvaro que se nada fosse feito seria de 8 em 2020 e em Abril segundo o Pedro seria superior a 5 mil milhões.
A única coisa que se sabe a respeito do tamanho do bicho é que não se sabe qual seja. Certo é apenas que serão milhões. Faz lembrar aquele antigo slogan do PSD, na era PPD: «hoje somos muitos, amanhã seremos milhões».
Para uma recapitulação de todos os posts sobre os temas eléctricos clique na etiqueta «défice tarifário» no rodapé deste post.
Uma das propriedades dos défices em Portugal é que ninguém sabe exactamente o seu volume, quer se trate dos banais défices orçamentais, quer dos sofisticados défices tarifários (para refrescar as ideias recorde-se aqui do que se trata).
O défice tarifário não podia ser excepção. Em Março eu pensava que era de 2,7 mil milhões, o ionline dizia que era de 3,2, o mês passado o Sol falava em 2, ontem o Negócios escreveu 1,5. Em Outubro o governo dizia no parlamento pela boca do Álvaro que se nada fosse feito seria de 8 em 2020 e em Abril segundo o Pedro seria superior a 5 mil milhões.
A única coisa que se sabe a respeito do tamanho do bicho é que não se sabe qual seja. Certo é apenas que serão milhões. Faz lembrar aquele antigo slogan do PSD, na era PPD: «hoje somos muitos, amanhã seremos milhões».
Para uma recapitulação de todos os posts sobre os temas eléctricos clique na etiqueta «défice tarifário» no rodapé deste post.
Engenheiros e técnicos? E licenciados em sociologia, artes performativas ou ciências da educação não precisam? (3)
Depois dos belgas, da Nokia e de vários outros, é a vez da rede europeia de serviços de emprego EURES reunir empresas da Dinamarca, Suécia, Noruega e Reino Unido para recrutar engenheiros em Portugal, em colaboração com o ISEL. O contrato inclui alojamento, escola para os filhos e acolhimento.
E os sociólogos, antropólogos, cineastas, artistas performativos, historiadores, etc. (ou seja, os licenciados nessas áreas o que é muito diferente dos profissionais dessas áreas) não têm direito a fazer as suas escolhas, a seguir as suas vocações? Têm sim senhor. Só não têm direito é a empregos garantidos por um Estado assistencialista à custa de quem sobrevive tendo feito as escolhas possíveis ou não tendo feito escolha nenhuma.
De resto, deixem-me proferir uma blasfémia politicamente incorrectíssima: com algumas, muito poucas, excepções de génios geneticamente pré-determinados a cumprir o seu destino, a quase totalidade das criaturas humanas está habilitada a fazer imensas coisas muito diversas, consoante as oportunidades, os acasos da vida e as necessidades de sobrevivência. Defender políticas assentes em pressupostos como, por exemplo, um jovem pindérico nasceu para ser cineasta e, por isso, para cumprir o seu destino, os contribuintes estão obrigados a sustentá-lo, têm 1 probabilidade em milhões de acertar.
É como se para garantirmos em cada século ter um Fernando Pessoa com um fígado suficientemente saudável para acabar a obra, tivéssemos que sustentar milhões de escrevinhadores que se acham uns génios incompreendidos. Escrevinhadores incompreendidos, quereis um conselho? Candidatai-vos a caixas do Pingo Doce e, enquanto esperais o prémio Nobel da Literatura ou, vá lá, para os mais realistas, o prémio do Concurso Literário de São Roque do Pico, escrevei posts num blogue, como eu, que ainda não sou caixa do Pingo Doce mas tentarei ser na próxima promoção.
E os sociólogos, antropólogos, cineastas, artistas performativos, historiadores, etc. (ou seja, os licenciados nessas áreas o que é muito diferente dos profissionais dessas áreas) não têm direito a fazer as suas escolhas, a seguir as suas vocações? Têm sim senhor. Só não têm direito é a empregos garantidos por um Estado assistencialista à custa de quem sobrevive tendo feito as escolhas possíveis ou não tendo feito escolha nenhuma.
De resto, deixem-me proferir uma blasfémia politicamente incorrectíssima: com algumas, muito poucas, excepções de génios geneticamente pré-determinados a cumprir o seu destino, a quase totalidade das criaturas humanas está habilitada a fazer imensas coisas muito diversas, consoante as oportunidades, os acasos da vida e as necessidades de sobrevivência. Defender políticas assentes em pressupostos como, por exemplo, um jovem pindérico nasceu para ser cineasta e, por isso, para cumprir o seu destino, os contribuintes estão obrigados a sustentá-lo, têm 1 probabilidade em milhões de acertar.
É como se para garantirmos em cada século ter um Fernando Pessoa com um fígado suficientemente saudável para acabar a obra, tivéssemos que sustentar milhões de escrevinhadores que se acham uns génios incompreendidos. Escrevinhadores incompreendidos, quereis um conselho? Candidatai-vos a caixas do Pingo Doce e, enquanto esperais o prémio Nobel da Literatura ou, vá lá, para os mais realistas, o prémio do Concurso Literário de São Roque do Pico, escrevei posts num blogue, como eu, que ainda não sou caixa do Pingo Doce mas tentarei ser na próxima promoção.
11/05/2012
SERVIÇO PÚBLICO: O cinema independente não depende dos espectadores (3)
[Sequela de (1) e (2)]
Ontem em frente ao parlamento em S. Bento juntou-se uma multidão de gente que se supõe ligada ao cinema independente para exigir ao governo o saque de mais impostos para subsidiar a projecção do imaginário dos portugueses.
Exagero meu? Nem por isso. A associação dos realizadores entende, pela pena de um deles, que está em causa «a capacidade dos portugueses, através dos filmes e do seu cinema, sonharem, se confrontarem com os seus fantasmas, fruindo na sua vida uma experiência mais rica e intensa, através das suas emoções e da projecção do seu imaginário».
E quantos portugueses fruem a projecção do seu imaginário proporcionada por estes cineastas manifestantes? Em vários dos filmes saídos desses crânios, menos do que o número de manifestantes – ver este post, por exemplo. De onde se poderia concluir que se todos esses manifestantes, mais os amigos, a família e as namoradas e namorados, vissem regularmente todos os filmes portugueses as audiências médias aumentariam significativamente.
Por isso, seria muito mais adequado substituir na frase bombástica acima a palavra «portugueses» por «cineastas» e, nesse caso, tudo ficaria mais claro. Os manifestantes foram lá tratar da sua vidinha, tentar olear a máquina que esportula os portugueses para eles sonharem e se confrontarem com os seus fantasmas, ou simplesmente se masturbarem com as suas criações para as quais o povo português se borrifa.
Ontem em frente ao parlamento em S. Bento juntou-se uma multidão de gente que se supõe ligada ao cinema independente para exigir ao governo o saque de mais impostos para subsidiar a projecção do imaginário dos portugueses.
Exagero meu? Nem por isso. A associação dos realizadores entende, pela pena de um deles, que está em causa «a capacidade dos portugueses, através dos filmes e do seu cinema, sonharem, se confrontarem com os seus fantasmas, fruindo na sua vida uma experiência mais rica e intensa, através das suas emoções e da projecção do seu imaginário».
E quantos portugueses fruem a projecção do seu imaginário proporcionada por estes cineastas manifestantes? Em vários dos filmes saídos desses crânios, menos do que o número de manifestantes – ver este post, por exemplo. De onde se poderia concluir que se todos esses manifestantes, mais os amigos, a família e as namoradas e namorados, vissem regularmente todos os filmes portugueses as audiências médias aumentariam significativamente.
Por isso, seria muito mais adequado substituir na frase bombástica acima a palavra «portugueses» por «cineastas» e, nesse caso, tudo ficaria mais claro. Os manifestantes foram lá tratar da sua vidinha, tentar olear a máquina que esportula os portugueses para eles sonharem e se confrontarem com os seus fantasmas, ou simplesmente se masturbarem com as suas criações para as quais o povo português se borrifa.
Estou a dar o meu melhor para escapar a esta esquizofrenia paranóica… (3)
… mas não resisto a relembrar a estória da velhinha que um escuteiro possuído pelo espírito de missão forçou a atravessar a rua, tudo para ouvir «ó meu menino eu estava parada do outro lado da rua a pensar na vida mas não queria vir para este lado».
A estória ocorreu-me a propósito dos associados da CAP que «não foram contactados pelo Pingo Doce por forma a contribuirem para a campanha promovida pelo Pingo Doce no passado 1.º de Maio», transformando em excitação sem causa as excitações várias, nomeadamente da ministra socialista da Agricultura e do tele-evangelista doutor Louçã.
Actualização:
Há excitações para todos os gostos. O presidente da CNA, essencialmente uma associação satélite do PCP, pouco representativa, de pequenos agricultores que provavelmente pouco vendem para a grande distribuição, quer que «digam exatamente quanto ganharam no 1.º de maio e não tentem aplicar descontos aos produtores a pretexto destas promoções», mostrando que o objectivo da CNA não é prosseguir a prosperidade dos seus associados mas impedir a prosperidade dos «capitalistas». No final, se o deixássemos, teríamos as prateleiras do Pingo Doce com o mesmo aspecto das prateleiras dos «armazéns do povo» - vazias.
A estória ocorreu-me a propósito dos associados da CAP que «não foram contactados pelo Pingo Doce por forma a contribuirem para a campanha promovida pelo Pingo Doce no passado 1.º de Maio», transformando em excitação sem causa as excitações várias, nomeadamente da ministra socialista da Agricultura e do tele-evangelista doutor Louçã.
Actualização:
Há excitações para todos os gostos. O presidente da CNA, essencialmente uma associação satélite do PCP, pouco representativa, de pequenos agricultores que provavelmente pouco vendem para a grande distribuição, quer que «digam exatamente quanto ganharam no 1.º de maio e não tentem aplicar descontos aos produtores a pretexto destas promoções», mostrando que o objectivo da CNA não é prosseguir a prosperidade dos seus associados mas impedir a prosperidade dos «capitalistas». No final, se o deixássemos, teríamos as prateleiras do Pingo Doce com o mesmo aspecto das prateleiras dos «armazéns do povo» - vazias.
10/05/2012
DIÁRIO DE BORDO: A escolha de François
François Hollande tem duas escolhas simples:
- Reencarna mon ami Miterrand e desgraça a França, depois de um curto período de êxtase da esquerdalhada; a seguir desgraça a Zona Euro e depois a União Europeia tal como a conhecemos;
- Substitui o casal Merkozy pelo casal Merde, como a blogosfera francófona já baptizou a continuidade do conúbio franco-alemão, e põe a esquerdalhada a engolir sapos e incinerar as meninges para explicar a transmutação do ouro socialista em chumbo capitalista.
Lost in translation (143) - um prejuízo de 100 milhões, queria ele dizer
Quando Guilherme Costa, o presidente da RTP, diz que vai ter este ano um prejuízo de 10 milhões por isto, por aquilo e por aqueloutro, esquece-se de mencionar que irá ter «indemnizações compensatórias», isto é as contribuições extorquidas aos sujeitos passivos para manter o megafone a funcionar, de 90 milhões de euros (menos 20 milhões do que os 109 milhões de 2011).
Mitos (72) – Felicidade Nacional Bruta (II)
De vez em quando, aparece mais uma luminária a prescrever a substituição (lunáticos encartados) ou complementação (lunáticos mitigados) dos indicadores económicos, nomeadamente do PIB, por outros critérios de «qualidade de vida» que não especificam. Imagine-se um Instituto Nacional do Bem-Estar, pejado de apparatchiks ao serviço da clique socrática de uma qualquer clique, a calcular a Felicidade Nacional Bruta.
Escrevi o parágrafo anterior num post de 31-12-2010, que se aplica com uma ligeira alteração ao que disse esta semana o deputado do PSD Luís Leite Ramos, «relator de um parecer da Comissão da Economia e Obras Públicas da Assembleia da República, que surge no seguimento de uma petição de dois alunos universitários para que o Banco de Portugal inicie estudos e debates tendo em vista a medição da Felicidade Interna Bruta em Portugal.»
Uma boa notícia indiciadora de que o povo ainda não perdeu de todo o sizo: a petição dos dois aspirantes a luminárias não teve subscritores suficientes para ser debatida no plenário.
Escrevi o parágrafo anterior num post de 31-12-2010, que se aplica com uma ligeira alteração ao que disse esta semana o deputado do PSD Luís Leite Ramos, «relator de um parecer da Comissão da Economia e Obras Públicas da Assembleia da República, que surge no seguimento de uma petição de dois alunos universitários para que o Banco de Portugal inicie estudos e debates tendo em vista a medição da Felicidade Interna Bruta em Portugal.»
Uma boa notícia indiciadora de que o povo ainda não perdeu de todo o sizo: a petição dos dois aspirantes a luminárias não teve subscritores suficientes para ser debatida no plenário.
09/05/2012
ESTÓRIA E MORAL: Esquerdismo senil (outra vez)
Estória
Nos anos 20, Lenine escreveu «Esquerdismo, doença infantil do comunismo» para combater as ideias radicais, sobretudo dos comunistas alemães inspirados por Rosa Luxemburgo, Karl Liebknecht e Wilhelm Pieckum, entretanto assassinados.
O Dr. Mário Soares na sua juventude terá sido comunista ou, na versão oficial, membro do MUD, uma das organizações frentistas que o PCP criou no pós-guerra. Na sua maturidade combateu o Partido Comunista e as suas tendências golpistas durante o PREC. Na sua velhice, com quase 90 anos, tem-se aproximado das teses do esquerdismo como mostrou, mais uma vez, na entrevista publicada ontem pelo ionline onde anuncia novos amanhãs que cantam com a eleição de François Hollande e defende que o PS deve descomprometer-se com o MoU que assinou com a troika.
Nada mau para quem tem no currículo como primeiro-ministro a assinatura de dois acordos com o FMI em 1977 e 1983 e, quando acabou o dinheiro, terá dito que teríamos de meter o socialismo na gaveta - ele nega tê-lo dito, mas a verdade é, dizendo-o ou não, lá o colocou.
Moral
À luz da vivência do Dr. Soares, Lenine, se ainda por cá andasse, teria escrito um outro opúsculo «Esquerdismo, doença senil do comunismo».
É mais uma demonstração, como já escrevi, da sabedoria não decorrer necessariamente da idade. A única coisa que decorre necessariamente da idade são as artroses.
Nos anos 20, Lenine escreveu «Esquerdismo, doença infantil do comunismo» para combater as ideias radicais, sobretudo dos comunistas alemães inspirados por Rosa Luxemburgo, Karl Liebknecht e Wilhelm Pieckum, entretanto assassinados.
O Dr. Mário Soares na sua juventude terá sido comunista ou, na versão oficial, membro do MUD, uma das organizações frentistas que o PCP criou no pós-guerra. Na sua maturidade combateu o Partido Comunista e as suas tendências golpistas durante o PREC. Na sua velhice, com quase 90 anos, tem-se aproximado das teses do esquerdismo como mostrou, mais uma vez, na entrevista publicada ontem pelo ionline onde anuncia novos amanhãs que cantam com a eleição de François Hollande e defende que o PS deve descomprometer-se com o MoU que assinou com a troika.
Nada mau para quem tem no currículo como primeiro-ministro a assinatura de dois acordos com o FMI em 1977 e 1983 e, quando acabou o dinheiro, terá dito que teríamos de meter o socialismo na gaveta - ele nega tê-lo dito, mas a verdade é, dizendo-o ou não, lá o colocou.
Moral
À luz da vivência do Dr. Soares, Lenine, se ainda por cá andasse, teria escrito um outro opúsculo «Esquerdismo, doença senil do comunismo».
É mais uma demonstração, como já escrevi, da sabedoria não decorrer necessariamente da idade. A única coisa que decorre necessariamente da idade são as artroses.
De boas intenções está o inferno cheio (10) - Lições das eleições gregas e suas consequências
Esgotada a tentativa da Nova Democracia, o partido mais votado com 19% dos votos, formar maioria com os partidos comprometidos com as medidas negociadas com a troika, o Syriza, uma espécie de BE grego, está a negociar uma coligação com os partidos anti-austeridade.
Admitamos o sucesso das negociações e a constituição de um governo anti-austeridade, correspondendo assim à vontade popular, seja lá o que isso for. E a seguir? Há três hipóteses mais prováveis:
É mau? É. Mas não tão mau quanto as alternativas românticas e voluntaristas que costumam acabar como a história já nos mostrou que costumam.
Admitamos o sucesso das negociações e a constituição de um governo anti-austeridade, correspondendo assim à vontade popular, seja lá o que isso for. E a seguir? Há três hipóteses mais prováveis:
- O governo constituído pela esquerdalhada mete o socialismo na gaveta, que é como quem diz adopta as medidas com que a Grécia está comprometida e se supõem indispensáveis para continuar a viver com o dinheiro dos seus benfeitores;
- O governo cumpre o prometido e os credores fazem a sua parte e fecham a torneira e a Grécia entra em incumprimento, é forçada a sair do euro, continua a não ter acesso aos mercados de dívida soberana e enfrenta uma crise financeira e social de consequências potencialmente catastróficas;
- Haverá uns possíveis expedientes dilatórios como concluir que serão necessárias novas eleições para o povo tomar juízo, mas no final ou haverá um governo que pelo menos finja cumprir os compromissos ou volta-se às duas opções anteriores.
É mau? É. Mas não tão mau quanto as alternativas românticas e voluntaristas que costumam acabar como a história já nos mostrou que costumam.
08/05/2012
ARTIGO DEFUNTO: As causas do jornalismo de causas…
… a juntar às de ontem.
Causas da BBC (observadas por Rui Carmo)
Causas do Diário de Notícias (observadas por Rodrigo Moita de Deus)
Causas da BBC (observadas por Rui Carmo)
- A vitória com 51,5% dos votos do mayor de Londres Boris Johnson sobre o Red Ken foi por uma «tight margin»
- A vitória com 51,7% dos votos de François Hollande sobre Nicolas Sarkozy foi «a clear victory»
Causas do Diário de Notícias (observadas por Rodrigo Moita de Deus)
- Um título bombástico «Coligação de Merkel perde eleições regionais» em contraponto com a notícia: «os conservadores da CDU conseguem 30,5% (menos um ponto que em 2009). Mantém-se contudo à frente dos outros partidos.»
CASE STUDY: Elefantes brancos em Espanha (8)
“Caixa Mágica”, a joia da coroa da candidatura olímpica de Madrid |
[Da colectânea apócrifa «ESPAÑA PAIS DE MILLONARIOS» dos resultados (principalmente, mas não só) do socialismo ibérico em Espanha]
Estou a dar o meu melhor para escapar a esta esquizofrenia paranóica… (2)
… que está a atacar inúmeros grunhos e até cognocenti lusitanos, a propósito da promoção do Pingo Doce.
O meu melhor, mais uma vez, não é grande coisa, porque não resisti a citar o incontornável doutor Louçã que pretende acabar com «esta ditadura da grande distribuição», por meio da revolução proletária liderada pela vanguarda LCI que implantará uma democracia operária com o camarada Anacleto à cabeça das massas.
O meu melhor, mais uma vez, não é grande coisa, porque não resisti a citar o incontornável doutor Louçã que pretende acabar com «esta ditadura da grande distribuição», por meio da revolução proletária liderada pela vanguarda LCI que implantará uma democracia operária com o camarada Anacleto à cabeça das massas.
O grande líder quando jovem |
07/05/2012
ARTIGO DEFUNTO: As causas do jornalismo de causas
Um exemplar exercício de jornalismo de causas, do jornalismo em que «não há factos. Os factos correspondem à visão do mediador, do repórter» na definição iluminada do jornalista e escritor Armando Baptista-Bastos.
Muito bem observado por Helena Matos.
Jornal Público, um paradigma de independência |
Um exemplar exercício de jornalismo de causas, do jornalismo em que «não há factos. Os factos correspondem à visão do mediador, do repórter» na definição iluminada do jornalista e escritor Armando Baptista-Bastos.
Muito bem observado por Helena Matos.
Vivemos num estado policial? (3)
Não se sabe exactamente quantos polícias existem em Portugal, o que não tem nada de excepcional porque também se discute quantos são os desempregados, a despesa ou a dívida pública. O que se sabe é que são muitos, tal como os desempregados, a despesa ou a dívida pública. Tantos que fazem de Portugal um dos estados mais policiados do mundo.
Tal facto não impediu Rui Pereira, um dos homens do avental, ministro da Administração Interna de anunciar em 2008 que iriam ser contratados mais dois mil polícias a adicionar aos 46 mil ou 49 mil - as opiniões dividem-se. O que também não impediu o actual MAI de anunciar menos de 4 anos depois o recrutamento de mais 1.100 polícias e GNR.
E tudo isto não impede, segundo o Expresso, o novo comandante da PSP de ter produzido um documento com o pomposo nome de Grandes Opções Estratégicas 2013-2016 onde anuncia a contratação de mais 500 polícias por ano e pré-reformar 300.
É caso para concluir que a relação entre o número de polícias e a segurança obedece a uma função zingarilho: quanto mais polícias menos segurança.
Outros casos de polícia: (1) e (2)
Tal facto não impediu Rui Pereira, um dos homens do avental, ministro da Administração Interna de anunciar em 2008 que iriam ser contratados mais dois mil polícias a adicionar aos 46 mil ou 49 mil - as opiniões dividem-se. O que também não impediu o actual MAI de anunciar menos de 4 anos depois o recrutamento de mais 1.100 polícias e GNR.
E tudo isto não impede, segundo o Expresso, o novo comandante da PSP de ter produzido um documento com o pomposo nome de Grandes Opções Estratégicas 2013-2016 onde anuncia a contratação de mais 500 polícias por ano e pré-reformar 300.
É caso para concluir que a relação entre o número de polícias e a segurança obedece a uma função zingarilho: quanto mais polícias menos segurança.
Outros casos de polícia: (1) e (2)
Mitos (71) - Uma ONG é uma organização que não depende de governos
Segundo a vulgata do marxismo cultural, uma ONG (ou NGO na sigla em inglês) é uma organização não governamental, logo independente de Estados e de governos. Independente, segundo a mesma vulgata, não quer dizer que não depende. Isso depende de várias coisas e sobretudo da ONG em questão.
Se estiver em causa a internacional dos homossexuais, bissexuais e outros adeptos de práticas sexualmente desviantes, a circunstância de a Comissão Europeia e o governo holandês financiarem com o dinheiro dos impostos dos cidadãos comunitários, no primeiro caso, e dos contribuintes holandeses, no segundo, três quartos da grana torrada pela ILGA para promover essas práticas e a sua aceitação social, não afecta nada o seu carácter não governamental e a sua independência.
E porquê é a ILGA independente?, perguntareis. Porque a CE e o governo holandeses não estão a gastar o dinheiro deles mas dos sujeitos passivos na esmagadora maioria heterossexuais e a ILGA faz o que lhe apetece com esse dinheiro pela causa das minorias.
E, supúnhamos, se tratasse de uma ONG promotora da heterossexualidade? Poderia beneficiar do mesmo tratamento privilegiado? É claro que não, porque uma tal ONG teria um carácter discriminatório das minorias sexuais. Talvez um dia, se e quando os heterossexuais forem uma minoria, uma sua NGO possa aspirar a ser financiada com os impostos dos homossexuais, bissexuais et alia.
[Ver aqui, via perspectivas]
Se estiver em causa a internacional dos homossexuais, bissexuais e outros adeptos de práticas sexualmente desviantes, a circunstância de a Comissão Europeia e o governo holandês financiarem com o dinheiro dos impostos dos cidadãos comunitários, no primeiro caso, e dos contribuintes holandeses, no segundo, três quartos da grana torrada pela ILGA para promover essas práticas e a sua aceitação social, não afecta nada o seu carácter não governamental e a sua independência.
E porquê é a ILGA independente?, perguntareis. Porque a CE e o governo holandeses não estão a gastar o dinheiro deles mas dos sujeitos passivos na esmagadora maioria heterossexuais e a ILGA faz o que lhe apetece com esse dinheiro pela causa das minorias.
E, supúnhamos, se tratasse de uma ONG promotora da heterossexualidade? Poderia beneficiar do mesmo tratamento privilegiado? É claro que não, porque uma tal ONG teria um carácter discriminatório das minorias sexuais. Talvez um dia, se e quando os heterossexuais forem uma minoria, uma sua NGO possa aspirar a ser financiada com os impostos dos homossexuais, bissexuais et alia.
[Ver aqui, via perspectivas]
06/05/2012
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (55) – Yes he could. How dared he?
«It was just another lie that was told in order to get elected», disse-se de Obama na CNN. (aqui, via Insurgente)
E se a celebrada carreira universitária de Obama «was nothing more than a political stepping stool»? (aqui e aqui, via Insurgente)
Com este currículo, quem é que nos faz lembrar Obama?
E se a celebrada carreira universitária de Obama «was nothing more than a political stepping stool»? (aqui e aqui, via Insurgente)
Com este currículo, quem é que nos faz lembrar Obama?
E para que servem os milhares de ventoinhas semeadas por todo o país?
Como explicar que o investimento pantagruélico em energias renováveis, nomeadamente parques eólicos e foto-voltaicos, com procura garantida e preço por kW para amigos, não evitou o aumento da importação em 2011 de 227 milhões de euros em electricidade e de 300 milhões de euros em carvão (para a produção de electricidade)?
Para um princípio de resposta ler o artigo de Mira Amaral aqui transcrito.
Para um princípio de resposta ler o artigo de Mira Amaral aqui transcrito.
05/05/2012
Estado assistencialista falhado (7) – O parlamento foi invadido por marcianos lunáticos
Resolução da Assembleia da República n.º 61/2012
Por um envelhecimento ativo
A Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, recomendar ao Governo que:
Por um envelhecimento ativo
A Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, recomendar ao Governo que:
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Chamando os bois pelos nomes
E o sistema de ensino?
É péssimo. O sistema de ensino deixou-se contagiar por uma ideologia pseudo-esquerdista que tentou fazer iguais todos os alunos, mas por baixo. A exigência não foi valorizada. Em 1974, a revolução apanhou-me a meio do doutoramento e pedi para ficar cá mais um ano, para poder participar. E estive a dar aulas, mas dois meses depois já não aguentava os alunos. Os estudantes diziam que não queriam notas, que eles é que faziam os curricula e que eu não mandava em ninguém. Respondi: “Óptimo, vou-me embora.” E não é só culpa da esquerda, pois a direita está penetrada das mesmas utopias pseudo-igualitárias. Ministros como o Marçal Grilo ou o Roberto Carneiro, em vez de terem uma ideologia própria, reflectem este banho cultural que considera que aos alunos, coitadinhos, não se lhes pode dar más notas, pois ficam com auto-estima negativa. Devemos dar aos filhos dos pobres as mesmas oportunidades que aos filhos dos ricos e não baixar os níveis de exigência para que toda a gente passe, como durante anos aconteceu.
É péssimo. O sistema de ensino deixou-se contagiar por uma ideologia pseudo-esquerdista que tentou fazer iguais todos os alunos, mas por baixo. A exigência não foi valorizada. Em 1974, a revolução apanhou-me a meio do doutoramento e pedi para ficar cá mais um ano, para poder participar. E estive a dar aulas, mas dois meses depois já não aguentava os alunos. Os estudantes diziam que não queriam notas, que eles é que faziam os curricula e que eu não mandava em ninguém. Respondi: “Óptimo, vou-me embora.” E não é só culpa da esquerda, pois a direita está penetrada das mesmas utopias pseudo-igualitárias. Ministros como o Marçal Grilo ou o Roberto Carneiro, em vez de terem uma ideologia própria, reflectem este banho cultural que considera que aos alunos, coitadinhos, não se lhes pode dar más notas, pois ficam com auto-estima negativa. Devemos dar aos filhos dos pobres as mesmas oportunidades que aos filhos dos ricos e não baixar os níveis de exigência para que toda a gente passe, como durante anos aconteceu.
04/05/2012
Lost in translation (142) – o sucesso de Portugal é muito problemático, teria ela dito se falasse português
Segundo Maria Malas Mroueh, directora da Fitch, o «sucesso de Portugal depende do consenso político para reformas estruturais.» Sabendo-se que a única coisa em que o governo e a oposição estão de acordo é aumentar impostos e que já passámos o ponto em que a segunda derivada da curva de Laffer muda de sinal, pode-se antecipar que o sucesso nacional fica a depender da boa vontade internacional.
Estou a dar o meu melhor para escapar a esta esquizofrenia paranóica…
… que está a atacar grande número de portugueses, incluindo jornalistas, leitores de jornais, sindicalistas, pensadores de todas as correntes, sociólogos (?), opinion dealers, ministros, políticos de vários quadrantes, os combatentes da ASAE, deputados da nação e muitos outros ilustres. Tudo por causa do desconto na compra de mercearias que a cadeia Pingo Doce resolver conceder e que muitos portugueses compreensivelmente resolveram aceitar com um entusiasmo tão intenso que superou as manifestações do dia do trabalhador.
Como se comprova, o meu melhor não é suficientemente bom.
Como se comprova, o meu melhor não é suficientemente bom.
CASE STUDY: Elefantes brancos em Espanha (7)
Centro de Artes de Alcorcón |
[Da colectânea apócrifa «ESPAÑA PAIS DE MILLONARIOS» dos resultados (principalmente, mas não só) do socialismo ibérico em Espanha]
03/05/2012
Uma equipa mais portuguesa do que o Benfica depois de ter ganho à melhor equipa do mundo ganhou a melhor liga do mundo
Ministra Cristas ultrapassou pela esquerda o líder socialista (2)
Prosseguindo a sua governação de inspiração socialista, a ministra Cristas prometeu ontem no parlamento, a propósito da campanha de 50% de desconto do Pingo Doce, ir produzir mais uma ejaculação do órgão legislativo para combater as promoções dos hipermercados.
Agora que o governo tem em curso a transferência da soberania para o eixo Paris-Bruxelas-Berlim e fica por isso com mais tempo livre, é uma excelente ideia ocupar-se dos hipermercados, dos supermercados e até dos minimercados e fazê-los funcionar tão bem como faz a gestão da administração pública, da justiça, das polícias, da tropa, etc.
Bem haja, senhora ministra. Nunca se arrependa.
Agora que o governo tem em curso a transferência da soberania para o eixo Paris-Bruxelas-Berlim e fica por isso com mais tempo livre, é uma excelente ideia ocupar-se dos hipermercados, dos supermercados e até dos minimercados e fazê-los funcionar tão bem como faz a gestão da administração pública, da justiça, das polícias, da tropa, etc.
Bem haja, senhora ministra. Nunca se arrependa.
ARTIGO DEFUNTO: Onde se fica a saber, a propósito da IKEA, que nos paraísos socialistas soviéticos havia trabalho forçado
Durante as décadas de 70 e 80, a empresa sueca IKEA manteve um contrato com o governo da Alemanha de Leste, para a fabricação dos seus produtos nesse paraíso do socialismo soviético. O governo da Alemanha de Leste tinha uma polícia secreta chamada Stasi encarregada de proteger o Estado Socialista dos seus inimigos capitalistas.
40 anos depois, jornalistas suecos descobrem nos arquivos da Stasi documentos, tornados públicos com a queda do muro de Berlim e o colapso do paraíso socialista soviético sob a pressão do imperialismo ianque, que provam que o governo da Alemanha de Leste utilizava trabalho forçado dos prisioneiros políticos dissidentes para fabricar os produtos da IKEA.
Pergunta: como deve descrever estes factos um jornal económico português pertencente à Ongoing, cujo deus ex machina é um dos bancos do regime? Fácil meu caro Watson, assim:
40 anos depois, jornalistas suecos descobrem nos arquivos da Stasi documentos, tornados públicos com a queda do muro de Berlim e o colapso do paraíso socialista soviético sob a pressão do imperialismo ianque, que provam que o governo da Alemanha de Leste utilizava trabalho forçado dos prisioneiros políticos dissidentes para fabricar os produtos da IKEA.
Pergunta: como deve descrever estes factos um jornal económico português pertencente à Ongoing, cujo deus ex machina é um dos bancos do regime? Fácil meu caro Watson, assim:
«A multinacional sueca utilizou prisioneiros políticos da antiga Alemanha Oriental como trabalhadores forçados nas décadas de 1970 e 1980».
02/05/2012
Mitos (70) - A esquerdalhada defende os interesses do povo
Para a esquerdalhada o povo é composto por adolescentes retardados e pouco inteligentes e por isso incapazes de discernir o seu próprio interesse e tomar as decisões adequadas. Até aqui muita gente concordará - incluindo este vosso criado, com a adenda que para esse retardamento têm contribuído os talentos da própria esquerdalhada.
A seguir é que a porca torce o rabo, porque o remédio que a esquerdalhada quer administrar até ao fim dos tempos consiste em assaltar e usar o Estado para dar colo a esses presumíveis adolescentes retardados com a inevitável consequência de perpetuar a sua dependência. É aqui que a esquerdalhada perde a nossa companhia.
A seguir é que a porca torce o rabo, porque o remédio que a esquerdalhada quer administrar até ao fim dos tempos consiste em assaltar e usar o Estado para dar colo a esses presumíveis adolescentes retardados com a inevitável consequência de perpetuar a sua dependência. É aqui que a esquerdalhada perde a nossa companhia.
Se viesse a ser assim, seria a primeira vez em décadas que uma previsão do governo se cumpriria
2013 será «o ano do início da recuperação económica e prevê-se que em 2016 esteja eliminado o hiato do produto, ... espera-se que a atividade económica tenha atingido o seu nível potencial», disse o ministro Vítor Gaspar. Como se fosse pouco, ainda disse que a economia crescerá 2,5% em 2016, nesse ano o défice orçamental será de 0,5%, a despesa pública será de 42% do PIB e, cereja em cima do bolo, os subsídios de férias e de Natal serão repostos ao ritmo de 25% por ano a partir de 2015.
Se Keynes fosse vivo, teria dito, em vez de a longo prazo estaremos todos mortos, a médio prazo já não estaremos cá para responder pelas nossas previsões e, se estivermos, ninguém se lembrará.
Se Keynes fosse vivo, teria dito, em vez de a longo prazo estaremos todos mortos, a médio prazo já não estaremos cá para responder pelas nossas previsões e, se estivermos, ninguém se lembrará.
ESTÓRIA E MORAL: Para não ter respostas erradas é preciso fazer as perguntas certas
Estória
«Quanto tempo Portugal vai estar assim?», perguntou-se Pacheco Pereira no Público (pode ler-se o post do Abrupto). Começando por uma pergunta retórica, não espanta que o texto seja apenas uma extensa e erudita lamúria, deserto de tentativas de lhe responder.
Em vez dessa pergunta ou, pelo menos, antes dela, devem ser feitas outras. Quantas décadas foram necessárias para Portugal estar assim? O que fizeram os portugueses durante esse tempo para Portugal estar assim? O que deveriam ter feito os portugueses para Portugal não estar assim? E, já agora, porquê a maioria dos portugueses e quase toda uma legião de luminárias de várias especialidades e doutrinas só no final de uma longa marcha que nos conduziu a estar assim percebeu que Portugal está assim? São algumas dessas outras perguntas prévias.
Talvez seja até prudente cada um perguntar-se, antes de todas essas perguntas, em que consiste o «estar assim»?
Moral
«Para dizer que vai acontecer, é preciso entender o que já aconteceu.»
Nicolau Maquiavel
«Quanto tempo Portugal vai estar assim?», perguntou-se Pacheco Pereira no Público (pode ler-se o post do Abrupto). Começando por uma pergunta retórica, não espanta que o texto seja apenas uma extensa e erudita lamúria, deserto de tentativas de lhe responder.
Em vez dessa pergunta ou, pelo menos, antes dela, devem ser feitas outras. Quantas décadas foram necessárias para Portugal estar assim? O que fizeram os portugueses durante esse tempo para Portugal estar assim? O que deveriam ter feito os portugueses para Portugal não estar assim? E, já agora, porquê a maioria dos portugueses e quase toda uma legião de luminárias de várias especialidades e doutrinas só no final de uma longa marcha que nos conduziu a estar assim percebeu que Portugal está assim? São algumas dessas outras perguntas prévias.
Talvez seja até prudente cada um perguntar-se, antes de todas essas perguntas, em que consiste o «estar assim»?
Moral
«Para dizer que vai acontecer, é preciso entender o que já aconteceu.»
Nicolau Maquiavel
01/05/2012
SERVIÇO PÚBLICO:E se François Hollande for eleito e reincarnar «mon ami» Miterrand ?
«Em Maio de 1981, François Mitterrand - vencendo o incumbente Valéry Giscard d'Estaing - é eleito primeiro presidente socialista da 5ª República francesa. Prometia alargar ainda mais o controle e dirigismo estatal sobre a economia, ameaçava "quebrar o capitalismo", "derrubar o muro do dinheiro" e executar um extenso programa de nacionalizações. Numa altura em que, nos EUA e no Reino Unido, Reagan e Thatcher se moviam em sentido contrário, Mitterrrand servia uma forte mistura de keynesianismo, nacionalismo e controle de estatal.
Ministra Cristas ultrapassou pela esquerda o líder socialista
"Discordo da nova taxa, do novo imposto sobre as grandes superfícies em Portugal, porque verdadeiramente, como todos os portugueses já perceberam, não vão ser as grandes superfícies a pagar esse novo imposto e essa taxa. Vão ser os consumidores ou os produtores.
Quero ser muito claro. Se o Governo optar por uma proposta de lei a ser votada na Assembleia da República, o PS votará contra este novo imposto.»
Foram palavras de António José Seguro talvez contaminado por algum vírus liberal ou, mais provavelmente, fazendo o seu papel de querer substituir a falta de uma coluna vertebral programática por uma estudada firmeza socrática.
É também uma resposta à altura da mesma falta de coluna vertebral programática do CDS, em primeira linha, e do governo em segunda linha.
Foram palavras de António José Seguro talvez contaminado por algum vírus liberal ou, mais provavelmente, fazendo o seu papel de querer substituir a falta de uma coluna vertebral programática por uma estudada firmeza socrática.
É também uma resposta à altura da mesma falta de coluna vertebral programática do CDS, em primeira linha, e do governo em segunda linha.
DIÁRIO DE BORDO: «Arre, que o Portugal que se vê é só isto!» (2)
A propósito da Casa Fernando Pessoa e do seu desinteresse pelo trabalho biográfico de José Paulo Cavalcanti Filho, o leitor JPR enviou a seguinte mensagem, chamando a atenção para um outro caso ainda mais desesperado de desperdício de recursos.
Você acha que não fazem nada? Até concordo consigo, mas de repente lembrei-me do Instituto Camões, e de uma dirigente do mesmo que encontrei num jantar, e que me confessou que tinha um orçamento de quarenta e tal milhões de euros quase todos gastos a pagar despesas de pessoal. Peanuts, claro... Visitar o site deles é um tratado, e até se aprende entre muitas coisas que em 2010 (vide Balanço Social) "cada assistente técnico faltou em média 39,5 dias, cada técnico superior faltou em média 24,47 dias, cada docente do ensino básico e secundário faltou em média 8,18 dias e que cada dirigente intermédio faltou em média 3,87 dias" (pag. 28). Nada mau para o que dizem ser o organismo do Estado com melhor média salarial.[Obrigado por reconhecer que somos livres pensadores e não temos uma agenda – temos a nossa agenda, que consiste em não ter agendas alheias.]