09/05/2012

De boas intenções está o inferno cheio (10) - Lições das eleições gregas e suas consequências

Esgotada a tentativa da Nova Democracia, o partido mais votado com 19% dos votos, formar maioria com os partidos comprometidos com as medidas negociadas com a troika, o Syriza, uma espécie de BE grego, está a negociar uma coligação com os partidos anti-austeridade.

Admitamos o sucesso das negociações e a constituição de um governo anti-austeridade, correspondendo assim à vontade popular, seja lá o que isso for. E a seguir? Há três hipóteses mais prováveis:
  1. O governo constituído pela esquerdalhada mete o socialismo na gaveta, que é como quem diz adopta as medidas com que a Grécia está comprometida e se supõem indispensáveis para continuar a viver com o dinheiro dos seus benfeitores;
  2. O governo cumpre o prometido e os credores fazem a sua parte e fecham a torneira e a Grécia entra em incumprimento, é forçada a sair do euro, continua a não ter acesso aos mercados de dívida soberana e enfrenta uma crise financeira e social de consequências potencialmente catastróficas;
  3. Haverá uns possíveis expedientes dilatórios como concluir que serão necessárias novas eleições para o povo tomar juízo, mas no final ou haverá um governo que pelo menos finja cumprir os compromissos ou volta-se às duas opções anteriores.
Lições: a democracia sai cara; sem dinheiro e sem crédito não há democracia nem soberania. Consequências: há definitivamente um certo número de inevitabilidades e entre elas a economia, por muito que isso possa ser «uma típica ideia marxista».

É mau? É. Mas não tão mau quanto as alternativas românticas e voluntaristas que costumam acabar como a história já nos mostrou que costumam.

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