Ao que parece, à troika CE/BCE/FMI acrescenta-se outra troika constituída pelo PSD, CDS e PS que acabam alcançar um consenso sobre a agenda de crescimento económico.
Estamos perante um caso de pactologia em tempos definida pelo inefável professor Carrilho como o «recurso à conversa dos consensos para ocultar a incapacidade de se assumirem posições difíceis, em nome das quais, justamente, se foi eleito».
E por falar em pactos, pacto é talvez a única palavra cuja grafia deveria ser atualizada para pato.
E, por falar em consensos, recorda-se que segundo o nosso Glossário, consenso é um acordo virtual, sobre matérias que não se sabe exactamente quais são, mas sobre as quais se suspeita existirem opiniões muito diferentes, que nenhuma das partes está muito interessada em conhecer. Durante o processo de procura do consenso todos se sentem obrigados a fingir boa vontade para chegar a resultados práticos que, em definitivo, ninguém quer chegar. Há dois desfechos possíveis para o consenso: o positivo e o negativo (em rigor equivalem-se nos efeitos finais). No consenso positivo concorda-se com «grandes princípios», o que entre gente sem princípios não significa o que significa. No consenso negativo concorda-se que não se concorda, por a outra parte estar de má fé como se demonstrou durante o processo negocial (quem está de má fé é afinal o único ponto insusceptível de consenso)
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