[Sequela de (1) e (2)]
Ontem em frente ao parlamento em S. Bento juntou-se uma multidão de gente que se supõe ligada ao cinema independente para exigir ao governo o saque de mais impostos para subsidiar a projecção do imaginário dos portugueses.
Exagero meu? Nem por isso. A associação dos realizadores entende, pela pena de um deles, que está em causa «a capacidade dos portugueses, através dos filmes e do seu cinema, sonharem, se confrontarem com os seus fantasmas, fruindo na sua vida uma experiência mais rica e intensa, através das suas emoções e da projecção do seu imaginário».
E quantos portugueses fruem a projecção do seu imaginário proporcionada por estes cineastas manifestantes? Em vários dos filmes saídos desses crânios, menos do que o número de manifestantes – ver este post, por exemplo. De onde se poderia concluir que se todos esses manifestantes, mais os amigos, a família e as namoradas e namorados, vissem regularmente todos os filmes portugueses as audiências médias aumentariam significativamente.
Por isso, seria muito mais adequado substituir na frase bombástica acima a palavra «portugueses» por «cineastas» e, nesse caso, tudo ficaria mais claro. Os manifestantes foram lá tratar da sua vidinha, tentar olear a máquina que esportula os portugueses para eles sonharem e se confrontarem com os seus fantasmas, ou simplesmente se masturbarem com as suas criações para as quais o povo português se borrifa.
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