Miguel Sousa Tavares, há duas semanas e ontem novamente no Expresso e também nos seus comentários tudológicos na SIC, meteu o pau no vespeiro dos professores. As vespas não se fizeram rogadas e picaram de diversas formas, como ele próprio já percebeu.
Ontem mesmo chegou-me um email que por aí anda a circular com «Equador», «Não te deixarei morrer» e «Rio das Flores» em anexos digitalizados e o seguinte texto:
30/06/2013
29/06/2013
SERVIÇO PÚBLICO: O princípio do princípio (18)
Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (12), (13), (14), (15), (16) e (17)
Há pelo menos dois Portugais. Há o Portugal que faz greves, que resiste às mudanças inevitáveis, amarrado aos direitos adquiridos, que sai para as ruas a protestar, que vai às televisões perorar contra a austeridade. E há o Portugal que silenciosamente se adapta, trabalha e faz pela vida. Se avaliarmos os pesos de cada um deles pelo ruído mediático, o primeiro dos Portugais, à boleia do jornalismo de causas e das luminárias incompetentes e cobardes que dominam os mídia, esmaga a humildade do segundo. Quando saímos do mundo do espectáculo as coisas podem ser diferentes.
Como tem sido salientado aqui no (Im)pertinências, as contas externas têm vindo a melhorar significativamente nos dois últimos anos. Isso deve-se ao que este governo fez? Alguma coisa, mas deve-se sobretudo ao que fez o Portugal que não depende do Estado. As contas externas até Abril, divulgadas no Boletim Estatístico de Junho do BdeP, mostram claramente a continuação dessa melhoria. Pela primeira vez desde há muitas décadas, não estamos a ter saldos negativos na balança corrente, ou seja não estamos a aumentar o endividamento ao exterior.
Há pelo menos dois Portugais. Há o Portugal que faz greves, que resiste às mudanças inevitáveis, amarrado aos direitos adquiridos, que sai para as ruas a protestar, que vai às televisões perorar contra a austeridade. E há o Portugal que silenciosamente se adapta, trabalha e faz pela vida. Se avaliarmos os pesos de cada um deles pelo ruído mediático, o primeiro dos Portugais, à boleia do jornalismo de causas e das luminárias incompetentes e cobardes que dominam os mídia, esmaga a humildade do segundo. Quando saímos do mundo do espectáculo as coisas podem ser diferentes.
Como tem sido salientado aqui no (Im)pertinências, as contas externas têm vindo a melhorar significativamente nos dois últimos anos. Isso deve-se ao que este governo fez? Alguma coisa, mas deve-se sobretudo ao que fez o Portugal que não depende do Estado. As contas externas até Abril, divulgadas no Boletim Estatístico de Junho do BdeP, mostram claramente a continuação dessa melhoria. Pela primeira vez desde há muitas décadas, não estamos a ter saldos negativos na balança corrente, ou seja não estamos a aumentar o endividamento ao exterior.
28/06/2013
ARTIGO DEFUNTO: «Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...»
Que título deveria dar a um post onde discorro sobre as minhas dúvidas para explicar os porquês dos mesmos mídia que esgravatam o menor despautério de um membro do actual governo, terem ignorado a barbaridade da ideia apresentada por António José Seguro no Fórum dos Progressistas Europeus em Paris há duas semanas? Recordando: o líder socialista propôs «como objetivo para o ano 2020 que nenhum país (pudesse) ter uma taxa de desemprego superior à média europeia», sem perceber que, decorrente do que é uma média, isso significaria ficarem todos os países vinculados a ter exactamente a mesma taxa de desemprego.
Se a greve dos transportes geral teve «forte adesão»…
… em 308 concelhos, então o S. João em 34 municípios teve uma colossal adesão.
Acrescente-se que as temperaturas do dia 24 foram mais elevadas do que as de 27, pelo que os efeitos relativos da greve «da ordem dos 100%», como declarou o controleiro Arménio Carlos, com a maior das faltas de vergonha, foram ainda menores do que resultaria da simples comparação com o S. João.
Fonte: Expresso |
27/06/2013
ESTADO DE SÍTIO: Too little, too late (2)
Como escrevi há tempos, manchado pelo pecado original de ter oferecido facilidades na campanha eleitoral quando devia ter anunciado dificuldades, depois de torrar ingloriamente quase dois anos, com uns 6 meses, estimo eu, de período de graça onde não fez uma reforma de fundo, o governo entrou definitivamente no período de desgraça por voltas de Setembro do ano passado e desde então nunca mais parou. Perdeu o tino e a bússola e começou a navegar não já à vista, como até então, mas à deriva.
Poderia relembrar inúmeros exemplos espalhados por este blogue, mas vou apenas referir dois dos últimos dias.
Poderia relembrar inúmeros exemplos espalhados por este blogue, mas vou apenas referir dois dos últimos dias.
26/06/2013
SERVIÇO PÚBLICO: Um bálsamo de lucidez num deserto de ideias encharcado de oportunismo e cobardia
Vítor Bento é das poucas luminárias do regime com lucidez e coragem para dizer e escrever verdades impopulares que as outras luminárias omitem nos seus exercícios cobardes de dar graxa ao pior dos portugueses. Vale a pena ler o seu artigo de hoje «O desafio do regime» no Económico.
«Quando a reforma do Estado agita o espaço público, pode ser útil reflectir para além da espuma imediata e tentar perceber a margem de manobra do que, um pouco tecnocraticamente, se poderá apelidar de “o modelo de negócio” do actual regime político.
Quanto se iniciou o regime, em 1974, a dívida pública correspondia a cerca de 15% do PIB. Actualmente, os números oficiais situam-na acima dos 120%, o que já é suficiente para questionar a sua sustentabilidade. A diferença acumulada sugere o que tem sido o "modelo de negócio" do regime: a venda de promessas a crédito, ou, dito de outro modo, gastar por conta do futuro.
«Quando a reforma do Estado agita o espaço público, pode ser útil reflectir para além da espuma imediata e tentar perceber a margem de manobra do que, um pouco tecnocraticamente, se poderá apelidar de “o modelo de negócio” do actual regime político.
Quanto se iniciou o regime, em 1974, a dívida pública correspondia a cerca de 15% do PIB. Actualmente, os números oficiais situam-na acima dos 120%, o que já é suficiente para questionar a sua sustentabilidade. A diferença acumulada sugere o que tem sido o "modelo de negócio" do regime: a venda de promessas a crédito, ou, dito de outro modo, gastar por conta do futuro.
DIÁRIO DE BORDO: O limiar da legitimidade
Quantas manifestações, quantos manifestantes e quanto tempo são necessários para retirar a legitimidade a um governo maioritário? Bom, isso depende. Se for um governo de esquerda, no total muitas dezenas ou centenas, vários milhões e um tempo indeterminado, respectivamente, podem não ser suficientes. Se não for um governo de esquerda, qualquer meia dúzia, umas dezenas de milhar e uma ou duas semanas são suficientes. Se cantarem a Grândola, os números e o tempo podem ser encurtados.
De resto, as próprias manifestações podem ser legítimas ou ilegítimas, independentemente do número de manifestantes. E não se pense que a legitimidade depende da orquestração das manifestações, da arregimentação em transportes dos organizadores. Dependendo de quem orquestra, pode haver orquestrações legítimas e ilegítimas.
E quem tem legitimidade para determinar a ilegitimidade? A esquerda em geral, incluindo a que perdeu as últimas eleições e até aquela que nunca ganhou eleições. Alguma dúvida?
De resto, as próprias manifestações podem ser legítimas ou ilegítimas, independentemente do número de manifestantes. E não se pense que a legitimidade depende da orquestração das manifestações, da arregimentação em transportes dos organizadores. Dependendo de quem orquestra, pode haver orquestrações legítimas e ilegítimas.
E quem tem legitimidade para determinar a ilegitimidade? A esquerda em geral, incluindo a que perdeu as últimas eleições e até aquela que nunca ganhou eleições. Alguma dúvida?
25/06/2013
É legítimo defender os interesses próprios. Não é legítimo fazer disso uma doutrina.
Com a adesão de João Salgueiro à militância da terceira-idade na defesa da imutabilidade das pensões, fundada na suposta contratualidade do sistema de Segurança Social, a acrescentar às adesões já conhecidas de Manuela Ferreira Leite, Luís Mira Amaral, Aníbal Cavaco Silva (militante recentemente na clandestinidade) e tantos outros, confirma-se Silva Lopes como a única voz dissonante entre as luminárias do regime.
Mais depressa se aceita a indignação da maioria anónima da legião dos 3,6 milhões de pensionistas, vivendo nas cavernas platónicas de alienação do Estado Social, do que os protestos por causa própria destas luminárias que tinham a obrigação de conhecer a insustentabilidade intrínseca deste esquema de Ponzi e, ainda para mais, porque participaram em governos que nos conduzirem com a maior das irresponsabilidades à situação em que nos encontramos de falência do Estado e do País - sim, do País; aliás, o País está mais falido do que o Estado.
Declaração de interesse: também não me convém nada o corte da pensão «adquirida» com mais de 40 anos de suadas contribuições.
Mais depressa se aceita a indignação da maioria anónima da legião dos 3,6 milhões de pensionistas, vivendo nas cavernas platónicas de alienação do Estado Social, do que os protestos por causa própria destas luminárias que tinham a obrigação de conhecer a insustentabilidade intrínseca deste esquema de Ponzi e, ainda para mais, porque participaram em governos que nos conduzirem com a maior das irresponsabilidades à situação em que nos encontramos de falência do Estado e do País - sim, do País; aliás, o País está mais falido do que o Estado.
Declaração de interesse: também não me convém nada o corte da pensão «adquirida» com mais de 40 anos de suadas contribuições.
CASE STUDY: A livre iniciativa dos desempregados
Desde há pelo menos há 9 anos que se vem insistindo no (Im)pertinências (por exemplo, aqui ou aqui, para citar apenas os posts mais antigos) que a Zona Euro não é uma zona monetária óptima e, por isso, só por milagre resistiria à primeira crise. Uma das peças que faltava (e falta) para a Zona Euro ser uma zona monetária óptima era (e é) o desmantelamento das barreiras à mobilidade da mão-de-obra e a criação de mecanismos facilitadores da mobilidade.
24/06/2013
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: A diferença entre Estados democráticos e Estados totalitários (2)
Mais um exemplo dos tempos do PREC, oportunamente lembrado pelo Herdeiro de Aécio (via Blasfémias), de que, como justamente escreveu o Insurgente, «Estados totalitários não fecham televisões públicas. Fecham televisões privadas.» Ou rádios, se necessário à bomba. Salvo, evidentemente, se puderem ocupar os rádios ou os jornais e nomear uma direcção de confiança.
ARTIGO DEFUNTO: Paris já está a arder, segundo o jornalismo de causas
«Dezenas de montras de bancos e de comércios foram atacados, esta tarde, em Paris, quando milhares de pessoas desfilaram numa manifestação "anti-fascista", em memória de Clément Méric, jovem militante de extrema-esquerda morto há duas semanas depois de ter sido agredido, durante uma altercação, por um skinhead, membro de um grupo semi-clandestino da extrema-direita.
Os militantes de esquerda e extrema-esquerda, muitos vestidos de negro, atacaram com pedras montras de dezenas de bancos e de comércios ou vandalizaram-nos com slogans anti-capitalistas e anti-fascistas, mas a polícia não interveio e manteve-se à distância.»
Os militantes de esquerda e extrema-esquerda, muitos vestidos de negro, atacaram com pedras montras de dezenas de bancos e de comércios ou vandalizaram-nos com slogans anti-capitalistas e anti-fascistas, mas a polícia não interveio e manteve-se à distância.»
23/06/2013
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Uma vergonha
«A leitura do documento (relatório parlamentar sobre as PPP) é uma descida aos infernos. Um verdadeiro retrato da nossa vergonha. Está lá tudo o que nos levou à falência. A incompetência, a irresponsabilidade, a fraude, o compadrio, o poder de quem manda sem atender aos verdadeiros interesses do país. É uma mistura de políticos sem carácter, autarcas sem vergonha, banqueiros gananciosos e empresários sem escrúpulos.
Começou com a "política de betão" de Cavaco Silva e acabou com as loucuras de José Sócrates. Para trás fica um país com infraestruturas, mas sem economia para as utilizar, um país com estradas e pontes, mas sem dinheiro para as pagar, um país rico em cimento, mas pobre em conhecimento. Uma vergonha.»
«O retrato da nossa vergonha», Luís Marques no Expresso
«O retrato da nossa vergonha», Luís Marques no Expresso
Pro memoria (116) – Mário Soares talvez saiba do que está a falar
Mário Soares diz ao Público (ver excertos no Expresso) que «a democracia está em perigo» e que «somos uma pseudodemocracia». Pode ser chocante dito por um político e ex-presidente da República com enormes responsabilidades na «pseudodemocracia», mas não devemos excluir a razão de Soares.
22/06/2013
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Nós fazemos as dívidas e eles pagam os juros e as amortizações. That’s it! Voilà! Da ist!
«"As eurobonds (euro-obrigações) são uma ideia estúpida que, felizmente, nunca será implementada", diz-nos cruamente o italiano Roberto Perotti, doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e professor de Economia na Universidade Bocconi, em Milão.
Acho incrível que muita gente no Sul da Europa continue a propor versões desta ideia. A Alemanha não pode assumir os riscos de todos os países da periferia (da zona euro) e se, por acaso, as euro-obrigações fossem concretizadas gerariam um tal ressentimento na opinião pública alemã que isso selaria a morte da zona euro, explica Perotti que considera um aventureirismo político essa proposta que tem corrido entre políticos europeus e economistas ocidentais de renome.» (Expresso)
Acho incrível que muita gente no Sul da Europa continue a propor versões desta ideia. A Alemanha não pode assumir os riscos de todos os países da periferia (da zona euro) e se, por acaso, as euro-obrigações fossem concretizadas gerariam um tal ressentimento na opinião pública alemã que isso selaria a morte da zona euro, explica Perotti que considera um aventureirismo político essa proposta que tem corrido entre políticos europeus e economistas ocidentais de renome.» (Expresso)
Lost in translation (178) – O nosso problema não é o denominador é o numerador, disse ele
«Seguramente que o nosso problema principal em matéria de competitividade não será a dimensão dos salários. O nosso problema principal situa-se muito mais no processo de criação de valor e nas posições que ocupamos nas cadeias de valor globalizadas», disse o economista Augusto Mateus na Católica Porto Business School falando sobre «O campeonato da competitividade: O caso de Portugal». Para arrumar o assunto também disse, por estas palavras que o jornalista pôs na boca dele, que «o nível salarial português, nas empresas na indústria dos serviços com mais de 10 trabalhadores, é 55% do nível médio da União Europeia, enquanto em Espanha e Grécia é de 85 e 83%». Esqueceu-se porém de acrescentar ser a produtividade do trabalho por hora em Portugal pouco mais de metade da média EU27.
É um grande contributo para a teoria económica, semelhante ao de um matemático que concluísse que o importante para determinar o valor de uma fracção não é o denominador é o numerador.
É um grande contributo para a teoria económica, semelhante ao de um matemático que concluísse que o importante para determinar o valor de uma fracção não é o denominador é o numerador.
21/06/2013
Mitos (114) - Protestos contra as despesas com a «Copa do Mundo»? Só contaram pra vocês...
Desculpem lá mas não compro essa estória dos protestos contra as despesas com a «Copa do Mundo». Seria a primeira vez que um povo protestaria contra os gastos sumptuários. Os povos gostam de circo, desde que não lhes falte o pão e, como disse o Joãozinho Trinta há quase quarenta anos, pobre gosta de luxo, quem não gosta de luxo é intelectual.
Além de gostarem de luxo (Joãozinho referia-se ao luxo das escolas de samba. Sim, luxo, é isso mesmo!), os pobres raramente se manifestam e só o fazem quanto têm fome e com a Bolsa Família os que têm fome não chegam para uma manif. Vejam-se aqui as fotos. Entre centenas de milhares de estudantes e jovens da classe média em geral quanto pobres se conseguem contar?
Clique para ampliar |
@RTISTA CONVIDADO: «O que tu quiseres» (24)
Efabulações já publicadas: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (13), (14), (15), (16), (17), (18), (19), (20), (21), (22) e (23)
Com este post termina a exposição impertinente de 24 efabulações da série «O que tu quiseres». O estendal onde a artista pendura algumas das suas coisas continuar a poder ser visto no sítio do costume.
(Terminou)
Com este post termina a exposição impertinente de 24 efabulações da série «O que tu quiseres». O estendal onde a artista pendura algumas das suas coisas continuar a poder ser visto no sítio do costume.
Voltas ao Mundo |
20/06/2013
Exemplos do costume (13) - A fábrica de presidenciáveis já começou a trabalhar
Depois de ter discursado no 10 de Junho do ano passado e ter debutado na Aula Magna num comício de uma espécie de Frente Popular promovida pelo Dr. Soares no princípio deste mês, Sampaio da Nóvoa, o ainda reitor da universidade de Lisboa, começou, sem surpresa, a ser soprado aos ouvidos do jornalismo de causas como uma espécie de sucessor de Fernando Nobre, isto é uma espécie de machina do deus Soares ou, se preferirem, uma espécie de cordeiro sacrificial desse deus. Por agora na reserva, não vá aparecer um Alegre, o próprio ou outro novo. Além disso, no caminho para o altar do sacrifício, Sampaio da Nóvoa ainda poderá alimentar ilusões aos órfãos de partido que pairam no limbo frentista e que circunstancialmente fazem de compagnons de route do Dr. Soares.
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: O contorcionista do Caldas
«Além de ter transformado o CDS em PP e voltado agora a utilizar praticamente só a sigla inicial, no próprio discurso, Portas fez ziguezagues e flic-flacs políticos como muito bem entendeu.
Teve a fase pura e dura liberal (PP), teve a época nacionalista (a da lavoura), teve o combate da justiça social (o defensor do contribuinte) e agora está de regresso à democracia cristã (marcando distâncias em relação ao próprio governo, neoliberal, que sustém contraditoriamente).
Teve a fase pura e dura liberal (PP), teve a época nacionalista (a da lavoura), teve o combate da justiça social (o defensor do contribuinte) e agora está de regresso à democracia cristã (marcando distâncias em relação ao próprio governo, neoliberal, que sustém contraditoriamente).
19/06/2013
ESTADO DE SÍTIO: Se não tens obras para anunciar, anuncia reduções de impostos ou então…
… «aumentar o salário mínimo (e) a recuperação de rendimentos dos trabalhadores da administração pública, dos pensionistas e dos trabalhadores do sector privado, bem como, a tributação – em sede de IRS – de todos eles», como os dirigentes do CDS .
Se perguntarem porquê responde-lhes que o «poder de compra dos portugueses está 25% abaixo da média europeia», ainda que a mão-de-obra portuguesa produza metade da média europeia e menos de 1/3 da irlandesa. Em caso desesperado, usa o argumento do PCP: aumentando o salário aumenta a produtividade, ainda que, ano após ano, seja desmentido pela corrida entre a lebre dos custos salariais e a tartaruga da produtividade.
Se perguntarem porquê responde-lhes que o «poder de compra dos portugueses está 25% abaixo da média europeia», ainda que a mão-de-obra portuguesa produza metade da média europeia e menos de 1/3 da irlandesa. Em caso desesperado, usa o argumento do PCP: aumentando o salário aumenta a produtividade, ainda que, ano após ano, seja desmentido pela corrida entre a lebre dos custos salariais e a tartaruga da produtividade.
ESTADO DE SÍTIO: Se não tens obras para anunciar, anuncia reduções de impostos
A partir de certa altura no governo Sócrates II, quanto mais escasseava o dinheiro e os elefantes brancos do regime ameaçavam nunca sair do PowerPoint, mais os ministros se obstinavam na produção de sound bites anunciando obras miraculosas.
Com esta coligação entre o PSD e um partido da oposição, por óbvia falta de dinheiro que retira qualquer credibilidade a putativos anúncios de novos elefantes brancos, resta aos ministros competirem entre si no anúncio dos milagres possíveis, dos quais hoje resta a redução de impostos.
Foi o que fizeram Paulo Portas, o representante da oposição no governo, que se propõe «iniciar, ainda nesta legislatura, o desagravamento fiscal em sede de IRS» e o ministro Álvaro que, mais comedido, por falta de um palco e de um coro como o que dispõe o Dr. Portas, concorda mas só «assim que seja possível». Tal como o TGV e novo aeroporto, tudo indica que estes milagres terão de ser adiados sine die ou, dito talvez de forma mais apropriada aos tempos, ad kalendas græcas.
Com esta coligação entre o PSD e um partido da oposição, por óbvia falta de dinheiro que retira qualquer credibilidade a putativos anúncios de novos elefantes brancos, resta aos ministros competirem entre si no anúncio dos milagres possíveis, dos quais hoje resta a redução de impostos.
Foi o que fizeram Paulo Portas, o representante da oposição no governo, que se propõe «iniciar, ainda nesta legislatura, o desagravamento fiscal em sede de IRS» e o ministro Álvaro que, mais comedido, por falta de um palco e de um coro como o que dispõe o Dr. Portas, concorda mas só «assim que seja possível». Tal como o TGV e novo aeroporto, tudo indica que estes milagres terão de ser adiados sine die ou, dito talvez de forma mais apropriada aos tempos, ad kalendas græcas.
@RTISTA CONVIDADO: «O que tu quiseres» (23)
18/06/2013
Bons exemplos (63) – E se também por cá?
E se a política de remuneração dos administradores tivesse que ser aprovada em AG pelos accionistas e os membros dos conselhos de remuneração se tornassem pessoalmente responsáveis por pagamentos excessivos, fora dessa política de remuneração? Parece uma boa ideia, sobretudo sabendo-se que os membros dos conselhos de remuneração são frequentemente «amigos» da administração «eleitos» em AG por meia dúzia de accionistas.
Não se inquietem as nossas luminárias gestoras que tal afronta não está para breve por cá. Por enquanto é só no Reino Unido.
Não se inquietem as nossas luminárias gestoras que tal afronta não está para breve por cá. Por enquanto é só no Reino Unido.
17/06/2013
Dúvidas (19) – Estão verdes não prestam?
Segundo a informação mensal de Maio do Instituto do Emprego e Formação Profissional, no final desse mês as ofertas de emprego («empregos disponíveis comunicados pelas entidades empregadoras aos Centros de Emprego») por satisfazer eram 14.400, tendo aumentado 8,4% em relação a Abril e 41% em relação ao mês homólogo de 2012. Como explicar estas oportunidades de trabalho não aproveitadas com um desemprego tão elevado?
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: «Deixem-me então recordar: Portugal faliu»
Apesar de não passar de mais uma indignação, e disso neste país já temos muito, o texto de MST vale a pena ser lido como exercício de desmistificação das lendas da FENPROF e do controleiro do PCP Mário Nogueira que faz de seu secretário-geral.
«Os novos tempos», Miguel Sousa Tavares no Expresso CLICAR PARA AMPLIAR |
16/06/2013
ARTIGO DEFUNTO: Um jornalista bom, no género mau
O director do Expresso Ricardo Costa é em minha opinião um dos melhores jornalistas de causas, no sentido de aviar as suas causas com inteligência e subtileza suficientes para parecer que está a fazer um jornalismo profissional. Contudo e inevitavelmente, com alguma frequência, acomoda os factos às causas com alguma falta de jeito.
@RTISTA CONVIDADO: «O que tu quiseres» (22)
Efabulações já publicadas: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (13), (14), (15), (16), (17), (18), (19), (20) e (21)
«O que tu quiseres», uma colecção de 24 efabulações. O estendal onde a artista pendura algumas das suas coisas pode ser visto AQUI.
(Continua)
«O que tu quiseres», uma colecção de 24 efabulações. O estendal onde a artista pendura algumas das suas coisas pode ser visto AQUI.
Viagens ao Centro da Terra |
(Continua)
A taxa única de António José Seguro
«Proponho que a UE estabeleça como objetivo para o ano 2020 que nenhum país possa ter uma taxa de desemprego superior à média europeia», defendeu António José Seguro no Fórum dos Progressistas Europeus em Paris.
Talvez AJS não saiba que se nenhum país pudesse ter uma taxa superior à média, todos os países teriam uma taxa igual. A ser assim, o passo seguinte seria ser aprovar todos os anos no parlamento europeu essa taxa única.
Outros exemplos de taxas únicas que AJS poderia propor ao PE para aprovar:
Outros exemplos de taxas únicas que AJS poderia propor ao PE para aprovar:
- Taxa única de crescimento do PIB
- Taxa única de inflação
- Taxa única de défice orçamental
- Taxa única de dívida pública em relação ao PIB
- Taxa única de défice das contas externas.
15/06/2013
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (67) – Nixon foi impugnado por menos
O escândalo do programa Prism continua a alastrar. Sabe-se agora que a administração Obama não só obteve através da NSA dezenas de milhões de registos telefónicos da Verizon, como ainda teve acesso directo aos servidores do Twitter, Microsoft, Google e Facebook. Agora sim, estamos perante uma Stasi digital, realtime, online e global e, por tudo isso, muitíssimo mais perigosa do que a original.
Para dizer as coisas de uma forma curta e grossa, cito Mehdi Hasan, um blogger que escreve para o Huffington Post, até recentemente um fã de Santo Obama: «On Wiretaps and Drone Strikes, It's Time for Liberals to Accept That Obama Is Worse Than Bush» (note-se que os «liberals» aqui não são os nossos liberais, é a esquerda americana).
Se a intrusão na sede do Partido Democrata em Washington a mando do staff de Nixon, de que ele negou ter conhecimento, terminou com a sua impugnação no caso Watergate, que outra coisa pode acontecer a um presidente que ordenou a intrusão na vida privada de centenas de milhões de cidadãos americanos e estrangeiros?
Para dizer as coisas de uma forma curta e grossa, cito Mehdi Hasan, um blogger que escreve para o Huffington Post, até recentemente um fã de Santo Obama: «On Wiretaps and Drone Strikes, It's Time for Liberals to Accept That Obama Is Worse Than Bush» (note-se que os «liberals» aqui não são os nossos liberais, é a esquerda americana).
Se a intrusão na sede do Partido Democrata em Washington a mando do staff de Nixon, de que ele negou ter conhecimento, terminou com a sua impugnação no caso Watergate, que outra coisa pode acontecer a um presidente que ordenou a intrusão na vida privada de centenas de milhões de cidadãos americanos e estrangeiros?
ARTIGO DEFUNTO: O casamento perfeito entre a incompetência comunicacional do governo e o agitprop do jornalismo de causas
«Eu estava nos estúdios da TVI, às 23h00 de terça-feira, quando ouvi a notícia pela primeira vez: o Conselho de Ministros deu ordem aos serviços para não processarem este mês os salários que o TC mandou 'devolver'. Soube assim, sem contexto.
Como sabia do atraso da Assembleia em aprovar a nova legislação - o Diário Económico noticiou-o - pensei que havia alguma coisa mais, para justificar a notícia. Por exemplo, que nem os subsídios abaixo dos 600 euros fossem pagos na altura prevista. Esperei à noite e nada.
Como sabia do atraso da Assembleia em aprovar a nova legislação - o Diário Económico noticiou-o - pensei que havia alguma coisa mais, para justificar a notícia. Por exemplo, que nem os subsídios abaixo dos 600 euros fossem pagos na altura prevista. Esperei à noite e nada.
Mitos (113) – Afinal onde está a economia de casino?
«In 2012, the main destinations of EU27 investments were the Offshore financial centres (18 bn euro), Canada and India (both 16 bn), the USA (15 bn), China and Hong Kong (both 10 bn) and Russia (9 bn).
The main investor into the EU27 was by far the USA (99 bn), followed by Canada (19 bn), Japan (8 bn), Russia and Hong Kong (both 7 bn).»
Fonte: Eurostat newsrelease 91/2013 - 13 June 2013
The main investor into the EU27 was by far the USA (99 bn), followed by Canada (19 bn), Japan (8 bn), Russia and Hong Kong (both 7 bn).»
Fonte: Eurostat newsrelease 91/2013 - 13 June 2013
O chávismo chegou aos traseiros dos polícias espanhóis
14/06/2013
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: A diferença entre Estados democráticos e Estados totalitários
«Estados totalitários não fecham televisões públicas. Fecham televisões privadas.» (André Abrantes Amaral n’O Insurgente)
Exemplos: governo grego fecha televisão pública (que poderia usar como câmara de eco do governo) paga a preço de ouro pelos contribuintes; o coronel Chávez encerrou a Globovisión por este canal se recusar a ser câmara de eco do governo.
Exemplos: governo grego fecha televisão pública (que poderia usar como câmara de eco do governo) paga a preço de ouro pelos contribuintes; o coronel Chávez encerrou a Globovisión por este canal se recusar a ser câmara de eco do governo.
CASE STUDY: A Madeira como região de culto (10)
[Sequela de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8) e (9)]
Segundo os pareceres do Tribunal de Contas sobre as contas da Madeira de 2011 e 2011 foram identificadas ilegalidades de 3,85 mil milhões. Injustamente, vai outra vez cair o Carmo e a Trindade a propósito destas miudezas. Vou apenas repetir o que aqui escrevi há quase 2 anos.
Segundo os pareceres do Tribunal de Contas sobre as contas da Madeira de 2011 e 2011 foram identificadas ilegalidades de 3,85 mil milhões. Injustamente, vai outra vez cair o Carmo e a Trindade a propósito destas miudezas. Vou apenas repetir o que aqui escrevi há quase 2 anos.
Mitos (112) – O erro do FMI
Há uma semana, deu-se uma conveniente fuga de informação de partes citadas por vários jornais de um documento do FMI sobre o bailout da Grécia, classificado «estritamente confidencial» e contendo uma espécie de autocrítica. Conclusões mais importantes do documento:
- Reconhecimento da subestimativa dos efeitos das medidas preconizadas em termos de recessão e desemprego;
- Admissão de ter sido demasiado optimista quanto à sustentabilidade da dívida e ao regresso da Grécia aos mercados;
- Constatação que a Grécia não cumpria 3 dos 4 critérios do FMI para um bailout;
- Reconhecimento que, apesar de tudo, a intervenção fez ganhar algum tempo para minimizar os impactos na Zona Euro e que esta beneficiou mais do que a própria Grécia com a intervenção; a este respeito Poul Thomsen, o negociador principal do FMI, comentou muito filosoficamente «if we were in the same situation… we would have done the same thing again».
@RTISTA CONVIDADO: «O que tu quiseres» (21)
13/06/2013
DIÁRIO DE BORDO: Os pastorinhos da economia dos amanhãs que cantam são quase a única razão de esperança
Reflexões filosóficas neste dia de Santo António de Lisboa
Quase a única razão de esperança são os prognósticos catastróficos e a obsessiva malhação no Gaspar, por quase todas aquelas pitonisas cujos poderes preditivos foram demonstrados pela sua visão dos amanhãs que cantavam até há 2 anos, enquanto a economia estagnava (des)multiplicada pelo investimento público, a dívida aumentava e as culpas eram endossadas sucessivamente para a economia de casino, o neoliberalismo, as agências de rating, Angela Merkel, até chegar agora ao triste Gaspar soterrado por antecessores tão ilustres.
Ora, penso, para me animar, sendo os poderes preditivos destes pastorinhos da economia dos amanhãs cantantes o que a história mostrou que são, talvez ainda possamos ter esperança.
CASE STUDY: Um imenso Portugal
An ever-deeper hole
At a seminar at the Fernand Braudel Institute in São Paulo on June 6th, Mansueto Almeida (Portuguese-language blog), an economist at IPEA, a government-funded think-tank, spoke about developments in public spending in Brazil. A coincidence of timing meant that earlier the same day S&P had cut its outlook for Brazil's credit rating from stable to negative, meaning the ratings agency saw a one-third chance of a downgrade in the next two years. It cited modest economic growth, fast-growing public spending and "some loss in the credibility of economic policy" as reasons for its decision.
12/06/2013
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (66) – They can sue and they do
A American Civil Liberties Union (ACLU) processou ontem a administração Obama pelo «arrastão» de milhões de registos de chamadas telefónicas, incluindo números de telefones contactados, localização, hora e duração, ao abrigo de um programa secreto denunciado por Edward J. Snowden que trabalhava para a National Security Agency (NSA).
Estes programas de vigilância sem autorização judicial começaram com a administração Bush em 2006 com a aprovação de um tribunal de segurança nacional e nunca foram sancionados pelo congresso. Evidentemente que tais programas são censuráveis quer sejam da administração Bush quer da de Obama, apesar de «escutando» o silêncio comprometido da esquerdalhada poder não parecer. Silêncio que contrastaria com o inevitável volumoso ruído de reacções indignadas se George W. ainda morasse na Casa Branca.
A maior humilhação terá sido o euro-deputado Markus Ferber da CSU alemã classificar os métodos da administração Obama como «Stasi-Methoden auf amerikanisch» (para refrescar as memórias, a Stasi era a PIDE da RDA nos tempos comunistas).
Estes programas de vigilância sem autorização judicial começaram com a administração Bush em 2006 com a aprovação de um tribunal de segurança nacional e nunca foram sancionados pelo congresso. Evidentemente que tais programas são censuráveis quer sejam da administração Bush quer da de Obama, apesar de «escutando» o silêncio comprometido da esquerdalhada poder não parecer. Silêncio que contrastaria com o inevitável volumoso ruído de reacções indignadas se George W. ainda morasse na Casa Branca.
A maior humilhação terá sido o euro-deputado Markus Ferber da CSU alemã classificar os métodos da administração Obama como «Stasi-Methoden auf amerikanisch» (para refrescar as memórias, a Stasi era a PIDE da RDA nos tempos comunistas).
Pro memoria (115) - O que Mário Soares explicava ao país no 2.º bailout do FMI
Palavras de Mário Soares em 31 de maio de 1984, citadas por Rui Ramos no Expresso;
«Jogando com os descontentamentos naturais, sem contudo se apresentar qualquer programa coerente alternativo, intencionalmente procurou fomentar-se um clima deletério; de descrença generalizada, de pessimismo total, assacando todas as culpas ao Governo - a este Governo - esquecendo o passado ainda tão próximo, denegrindo por sistema, entravando ou mesmo sabotando iniciativas em curso, silenciando ou minimizando os aspetos positivos de uma atuação que todos sabem ser feita em condições singularmente difíceis, que se pretende? Derrubar apenas o Governo? Mas como, se parece difícil fazê-lo no Parlamento, que é o único sítio, em democracia, onde se devem derrubar legitimamente os governos? Na rua? Para dar lugar a que confrontações e a que novo surto de anarco-populismo? Desagregando-o por dentro, desencorajando as pessoas e tentando destruir as suas imagens políticas? Para abrir caminho a que tipo de aventuras?»Há outras explicações para a contradição irreconciliável entre o primeiro-ministro Mário Soares de 1984, encurralado pelos antecessores dos que hoje encurralam o governo de Passos Coelho e exigem a sua demissão, e o ex-presidente Mário Soares que quase 30 anos depois lidera os sucessores dos antecessores, mas prefiro pensar que são as inevitáveis consequências dos 30 anos que passaram na sua lucidez. As outras explicações são piores para a memória que os portugueses têm de Mário Soares.
11/06/2013
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (65) – Verdade ou consequência?
A dívida pública segundo o Tribunal Constitucional pode ser 10 vezes o PIB
«O que é uma dívida? No significado mais restrito, é um papel a cujo detentor o Estado tem de pagar uma quantia. A soma das quantias nesses papéis é a dívida pública oficial.
…
Mas se deixou ser possível cortar as pensões no futuro, então elas devem contar como dívida, pois o Estado deixou de se poder escapar legalmente desta obrigação. Igualmente, se cortar salários ou despedir trabalhadores na função pública é agora inconstitucional, então os salários futuros também são dívida atual.
Neste caso, com contratações congeladas na função pública, então as futuras pensões e salários elevam a dívida pública para aproximadamente 1086% do PIB. Na melhor das hipóteses, se as despesas com pessoal e pensões caíssem todos os anos ao ritmo de 2010-11, a maior redução em décadas, mesmo assim a dívida subia para os 509% do PIB.
A interpretação extrema do acórdão é com certeza ridícula. Mas, consideremos antes a alternativa mais razoável de o Tribunal ter impedido qualquer corte superior a 7% por ano, como o que era proposto pelo governo no orçamento. Então, o Tribunal decretou um aumento efetivo na dívida do Estado para 337% do PIB. O debate e a jurisprudência neste assunto estão longe de estar encerrados.»
Ricardo Reis, Professor de Economia na Universidade de Columbia, no Dinheiro Vivo
…
Mas se deixou ser possível cortar as pensões no futuro, então elas devem contar como dívida, pois o Estado deixou de se poder escapar legalmente desta obrigação. Igualmente, se cortar salários ou despedir trabalhadores na função pública é agora inconstitucional, então os salários futuros também são dívida atual.
Neste caso, com contratações congeladas na função pública, então as futuras pensões e salários elevam a dívida pública para aproximadamente 1086% do PIB. Na melhor das hipóteses, se as despesas com pessoal e pensões caíssem todos os anos ao ritmo de 2010-11, a maior redução em décadas, mesmo assim a dívida subia para os 509% do PIB.
A interpretação extrema do acórdão é com certeza ridícula. Mas, consideremos antes a alternativa mais razoável de o Tribunal ter impedido qualquer corte superior a 7% por ano, como o que era proposto pelo governo no orçamento. Então, o Tribunal decretou um aumento efetivo na dívida do Estado para 337% do PIB. O debate e a jurisprudência neste assunto estão longe de estar encerrados.»
Ricardo Reis, Professor de Economia na Universidade de Columbia, no Dinheiro Vivo
@RTISTA CONVIDADO: «O que tu quiseres» (20)
10/06/2013
DIÁRIO DE BORDO: 10 de Junho, dia negro da exclusão social (REPUBLICADO)
Já não falo mais do meu caso. Apesar das minhas críticas vitriólicas à Nação, não deixo de ser um seu filho, pródigo, mas Filho malgré moi. Mas vou estoicamente esquecer o meu caso. Aceito, rendo-me, desisto de lutar por uma Comenda.
Mas que dirão uns milhares de Portugueses que nunca mereceram uma atenção no 10 de Junho? Que devem pensar esses excluídos, a quem nunca um Venerando Chefe de Estado prantou uma Comendazinha no peito? Desde que foi instituído o Dia da Pátria, por coincidência no mesmo dia consagrado pelo fassismo à raça, já passaram por Belém Generais, Marechais, Doutores, Professores, uns Republicanos, outros fassistas, ainda outros Democratas ou Socialistas ou Social-democratas e esses milhares de excluídos continuam à espera, impacientes.
Esperava que o professor Cavaco, que inscreveu no seu Pograma o Combate à Exclusão, erradicasse esta mancha do Estado Social. Imaginei que … finalmente tínhamos um critério claro e inequívoco - o Venerando iria a partir de agora condecorar, Concelho a Concelho, ou Distrito a Distrito, quem sabe?, as Forças Vivas Concelhias ou Distritais. É certo que, mesmo sendo o Distrito a unidade escolhida, o Venerando precisaria de 4 Mandatos, mas sempre se poderia alterar a Constituição da República, por uma Boa Causa. Se os neo-liberais admitem alterá-La para abolir os Direitos Adquiridos, porque não alterá-La para aumentá-Los - os do Presidente (o Direito a condecorar) e os dos Cidadãos (o Direito a serem condecorados)?
E as quotas? Para as Portuguesas, para não ir mais longe, que mais uma vez se viram colossalmente desvalorizadas nas comendas, com apenas 20% delas.
[Com pequenas alterações este post já foi publicado em 2006, 2009 e 2011. Falta de inspiração? Certamente, mas a meu favor invoco que nestas áreas da mitologia patriótica a tradição ainda é o que era e, por isso, não há nada de novo a dizer.]
Mas que dirão uns milhares de Portugueses que nunca mereceram uma atenção no 10 de Junho? Que devem pensar esses excluídos, a quem nunca um Venerando Chefe de Estado prantou uma Comendazinha no peito? Desde que foi instituído o Dia da Pátria, por coincidência no mesmo dia consagrado pelo fassismo à raça, já passaram por Belém Generais, Marechais, Doutores, Professores, uns Republicanos, outros fassistas, ainda outros Democratas ou Socialistas ou Social-democratas e esses milhares de excluídos continuam à espera, impacientes.
Esperava que o professor Cavaco, que inscreveu no seu Pograma o Combate à Exclusão, erradicasse esta mancha do Estado Social. Imaginei que … finalmente tínhamos um critério claro e inequívoco - o Venerando iria a partir de agora condecorar, Concelho a Concelho, ou Distrito a Distrito, quem sabe?, as Forças Vivas Concelhias ou Distritais. É certo que, mesmo sendo o Distrito a unidade escolhida, o Venerando precisaria de 4 Mandatos, mas sempre se poderia alterar a Constituição da República, por uma Boa Causa. Se os neo-liberais admitem alterá-La para abolir os Direitos Adquiridos, porque não alterá-La para aumentá-Los - os do Presidente (o Direito a condecorar) e os dos Cidadãos (o Direito a serem condecorados)?
E as quotas? Para as Portuguesas, para não ir mais longe, que mais uma vez se viram colossalmente desvalorizadas nas comendas, com apenas 20% delas.
[Com pequenas alterações este post já foi publicado em 2006, 2009 e 2011. Falta de inspiração? Certamente, mas a meu favor invoco que nestas áreas da mitologia patriótica a tradição ainda é o que era e, por isso, não há nada de novo a dizer.]
Un joli Deux jolis lapsus. Voilà
«Le président de la République a commis un joli lapsus ce vendredi à Tokyo, confondant peuple chinois avec le peuple japonais. Son interprète a heureusement rectifié la bourde.» (L’Express)
Joli lapsus? Si c'était le vieux George W. ça serait une grosse bêtise.
Addition (suite à une suggestion dans le commentaire): «"Il faut bien comprendre que la crise dans la zone euro est terminée", a asséné M. Hollande au troisième jour d'une visite d'Etat au Japon, devant un parterre de responsables et hommes d'affaires européens et japonais.» (L’Express)
Joli lapsus? Si c'était le vieux George W. ça serait une grosse bêtise.
Addition (suite à une suggestion dans le commentaire): «"Il faut bien comprendre que la crise dans la zone euro est terminée", a asséné M. Hollande au troisième jour d'une visite d'Etat au Japon, devant un parterre de responsables et hommes d'affaires européens et japonais.» (L’Express)
Pro memoria (114) – Procurai na liberalidade e nos erros do passado as raízes da austeridade do presente (e do futuro)
Ao princípio eram as SCUT, uma invenção da dupla Guterres-Cravinho, que proporcionaria uma espécie de paraíso rodoviário onde se circularia à borla até ao fim dos tempos. Já então, para os mais precavidos, borla significava uma pesada factura nas próximas décadas, como até os portugueses mais distraídos haveriam de perceber gradualmente nos anos seguintes.
Dez anos mais tarde José Sócrates, o discípulo de Guterres, apertado pela falta de dinheiro, foi forçado a mandar o ministro Mário Jamais Lino instalar o sistema de cobrança de portagens das SCUT. O ministro aprestou-se a instalar as portagens «o mais depressa possível», o que demorou praticamente 7 anos, como se recorda nesta retrospectiva.
Em vez de então optar pelo sistema testadíssimo da Via Verde, o governo escolheu um sistema de chips de matrícula, por razões que só se compreenderiam estando envolvidos donativos para o PS e para os intermediários, como aqui se deduziu.
O ano passado, decorridos 8 anos da escolha do sistema de cobrança de portagens pelo ministro Jamais Lino, a Estradas de Portugal, segundo o Expresso, pagou 42 milhões de euros para cobrar as portagens nas sete SCT, ou seja mais de 40% do seu valor. Não admira ter-se chegado a um volume de dívida da empresa que António Ramalho, presidente da EP considera ser o «verdadeiramente insustentável», como disse à comissão parlamentar de inquérito às PPP. Até 2030, a responsabilidade da EP com as concessões rodoviárias é de 16 mil milhões de euros, sem IVA, ou seja mais de 15 vezes o EBITDA da empresa.
Nos momentos mais exaltados, os indignados que hoje vociferam contra a austeridade, a troika, a Merkel e o Gaspar deveriam bater nas suas desconchavadas monas para se punirem por esses anos de alienação, poupando-nos a essa indignação tão tardia quanto inútil.
Dez anos mais tarde José Sócrates, o discípulo de Guterres, apertado pela falta de dinheiro, foi forçado a mandar o ministro Mário Jamais Lino instalar o sistema de cobrança de portagens das SCUT. O ministro aprestou-se a instalar as portagens «o mais depressa possível», o que demorou praticamente 7 anos, como se recorda nesta retrospectiva.
Em vez de então optar pelo sistema testadíssimo da Via Verde, o governo escolheu um sistema de chips de matrícula, por razões que só se compreenderiam estando envolvidos donativos para o PS e para os intermediários, como aqui se deduziu.
O ano passado, decorridos 8 anos da escolha do sistema de cobrança de portagens pelo ministro Jamais Lino, a Estradas de Portugal, segundo o Expresso, pagou 42 milhões de euros para cobrar as portagens nas sete SCT, ou seja mais de 40% do seu valor. Não admira ter-se chegado a um volume de dívida da empresa que António Ramalho, presidente da EP considera ser o «verdadeiramente insustentável», como disse à comissão parlamentar de inquérito às PPP. Até 2030, a responsabilidade da EP com as concessões rodoviárias é de 16 mil milhões de euros, sem IVA, ou seja mais de 15 vezes o EBITDA da empresa.
Nos momentos mais exaltados, os indignados que hoje vociferam contra a austeridade, a troika, a Merkel e o Gaspar deveriam bater nas suas desconchavadas monas para se punirem por esses anos de alienação, poupando-nos a essa indignação tão tardia quanto inútil.
CASE STUDY: António Champalimaud revolve-se na tumba (6)
[Outras revoltas na tumba: (1),
(2), (3), (4) e (5)]
Confirmando as previsões que temos vindo a fazer do progressivo desbaratamento em sumptuosidades do legado de António Champalimaud, dos 500 milhões já só restavam 358 milhões no final de 2011 e recentemente um dos casos polémicos com a recusa pela administração da Caixa de um financiamento à Fundação Champalimaud, da qual António Borges, por coincidência, é administrador, veio indiciar que o fim está cada dia mais próximo.
Nada surpreendente quando se sabe ter a presidente Leonor Beleza anunciado no princípio do ano andar à procura de apoios financeiros e de mais doações explicando em linguagem cifrada: «vamos fazê-lo, não porque temos dificuldades agora, mas porque queremos fazer mais».
Confirmando as previsões que temos vindo a fazer do progressivo desbaratamento em sumptuosidades do legado de António Champalimaud, dos 500 milhões já só restavam 358 milhões no final de 2011 e recentemente um dos casos polémicos com a recusa pela administração da Caixa de um financiamento à Fundação Champalimaud, da qual António Borges, por coincidência, é administrador, veio indiciar que o fim está cada dia mais próximo.
Nada surpreendente quando se sabe ter a presidente Leonor Beleza anunciado no princípio do ano andar à procura de apoios financeiros e de mais doações explicando em linguagem cifrada: «vamos fazê-lo, não porque temos dificuldades agora, mas porque queremos fazer mais».
09/06/2013
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: «A esquerda no seu labirinto»
«A esquerda adora atacar o governo de direita, quando está na oposição. Quando chega ao governo, a que chega, faz exatamente o mesmo que antes criticava. Usa o poder em seu proveito, alimenta as suas clientelas, com aquela suposta legitimidade de quem pensa que a esquerda representa o povo, queira o povo ou não.
SERVIÇO PÚBLICO: Gestão de tesouraria socialista vs «neoliberal»
A propósito do pagamento dos subsídios de férias e de natal, o governo em determinada altura meteu os pés pelas mãos e parecia pretender que o subsídio de férias fosse trocado com o de Natal que estava a ser pago em duodécimos. Tratar-se-ia, segundo os teóricos da conspiração, de um expediente para fintar a falta de dinheiro, adiando de Julho para Dezembro o pagamento do subsídio de férias à boleia da mudança de nome.
Não faço ideia qual seria o propósito do governo, mas interessei-me por saber se a falta de dinheiro seria um motivo plausível - para mim nada evidente, por razões que me poupo a explicar. O gráfico seguinte mostra claramente várias coisas que comprometem essa teoria.
Não faço ideia qual seria o propósito do governo, mas interessei-me por saber se a falta de dinheiro seria um motivo plausível - para mim nada evidente, por razões que me poupo a explicar. O gráfico seguinte mostra claramente várias coisas que comprometem essa teoria.
08/06/2013
LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: Para tirar os trapinhos qualquer causa é boa (11)
Outros trapinhos tirados:
(1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9) e (10).
O que fazem 3 meninas do Femen sem trapinhos à porta de Angela Merkel? Segundo elas protestando contra a visita do primeiro-ministro da Tunísia e exigindo a libertação de outras tantas militantes presas por se manifestarem sem trapinhos. E assim se podem multiplicar até ao infinito manifestações de tiragem de trapinhos, cada uma protestando contra a reacção à anterior.
O que fazem 3 meninas do Femen sem trapinhos à porta de Angela Merkel? Segundo elas protestando contra a visita do primeiro-ministro da Tunísia e exigindo a libertação de outras tantas militantes presas por se manifestarem sem trapinhos. E assim se podem multiplicar até ao infinito manifestações de tiragem de trapinhos, cada uma protestando contra a reacção à anterior.
Chávez & Chávez, Sucessores (9) – O triunfo da revolução chávista está à vista
«As autoridades do estado venezuelano de Zúlia (800 km a oeste de Caracas) vão testar um sistema automatizado de racionamento de produtos que impedirá que os habitantes comprem o mesmo produto em diferentes supermercados no mesmo dia.
A nova medida é conhecida como Plan Antibachaqueo (Plano Anticontrabando) e a explicação oficial para a sua aplicação é impedir que produtos comprados na Venezuela sejam levados e comercializados na Colômbia. A oposição ao Governo do Presidente Nicolás Maduro denunciou que se trata de aplicar no país um sistema de racionamento semelhante ao que existe em Cuba e que assenta em cupões.» (Público)
Bons exemplos (62) – Ainda acaba sendo expulso do clube das múmias
«Estamos a ver revoltas, mas não dos que mais sofrem. É dos que podem», confessou Silva Lopes, uma excepção com um resíduo de lucidez no clube das múmias paralíticas que insistem em não sair de cena, comandadas pela múmia das múmias irremediavelmente infectada pelo esquerdismo senil.
Estado assistencialista falhado (10) – Gostamos muito dele, mas não queremos pagá-lo, nem sabemos o que nos custa
Por um lado, o Estado Sucial incentiva o mais possível a desintegração das famílias, por todos os meios ao seu alcance, desde promover a união estéril e o aborto grátis até induzir a expectativa nos bestuntos que dará colo a toda a gente carecida, com vista a tornar descartável a solidariedade mais básica e essencial baseada no grupo familiar, por outro esportula as famílias com impostos para financiar o cumprimento da missão que se atribuiu.
Por exemplo, «um jovem internado (quase sempre proveniente de uma família desintegrada) num centro educativo tem um custo médio diário para o Estado de 133 euros, mais do dobro do custo de um recluso adulto, segundo dados da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.» Ou, dito de outro modo, o rendimento familiar anual de mais de 90% das famílias portuguesas não seria suficiente para pagar um jovem internado que custa por ano o equivalente ao IRS pago em média por 25 famílias.
Já tinha sido dito por Vítor Gaspar, o grande responsável pelas nossas amarguras, logo a seguir à economia de casino, ao neoliberalismo, às agências de rating e a Angela Merkel, que os portugueses gostam do Estado Sucial mas não querem pagá-lo. Falta acrescentar não sabem, nem nem querem saber, quanto custa.
Por exemplo, «um jovem internado (quase sempre proveniente de uma família desintegrada) num centro educativo tem um custo médio diário para o Estado de 133 euros, mais do dobro do custo de um recluso adulto, segundo dados da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.» Ou, dito de outro modo, o rendimento familiar anual de mais de 90% das famílias portuguesas não seria suficiente para pagar um jovem internado que custa por ano o equivalente ao IRS pago em média por 25 famílias.
Já tinha sido dito por Vítor Gaspar, o grande responsável pelas nossas amarguras, logo a seguir à economia de casino, ao neoliberalismo, às agências de rating e a Angela Merkel, que os portugueses gostam do Estado Sucial mas não querem pagá-lo. Falta acrescentar não sabem, nem nem querem saber, quanto custa.
07/06/2013
CASE STUDY: O homem providencial para o Estado Previdência (4)
Outras providências do homem providencial: (1), (2) e (3)
António Costa esteve ontem à noite a contar, uma vez mais, a uma plateia de admiradores a sua fábula do «endividamento zero» da Câmara de Lisboa. «Endividamento zero» que «não quer dizer que não haja dívida», porque há uma dívida bancária de 350 milhões de euros e uma dívida a fornecedores de 18 milhões e tudo, por junto, o passivo da câmara são 1,2 mil milhões de euros, segundo o próprio, reproduzido pelo jornalismo de causas oficial da Lusa.
Porquê António Costa se refugia nestes malabarismos, com a ajuda de uns mídia sempre disponíveis para ajudar os amigos? Porque não explica, como aqui se fez, que o critério legal de «endividamento líquido municipal» não é o endividamento líquido de uma câmara, isto é a diferença entre as suas dívidas e os seus créditos, diferentemente do que sem mais explicações o anúncio e a propaganda podem fazer crer? E não é porque nesse critério nem todas as dívidas são consideradas e nos créditos são incluídos os impostos municipais a receber.
E porque não fala Costa dos 286 milhões resultantes do acordo em Julho do ano passado pelo qual o governo aceitou pagar esse valor pela «compra» há mais de 70 anos dos terrenos do aeroporto, 20 anos antes de Costa ter nascido, e pela «compra» dos terrenos da Expo, uns 20 anos antes de Costa ter aterrado na câmara?
E porque pactuam os mídia, sempre tão disponíveis para espiolhar as contas dos governos não ungidos pela esquerdalhada, com estas habilidades conceptuais?
António Costa esteve ontem à noite a contar, uma vez mais, a uma plateia de admiradores a sua fábula do «endividamento zero» da Câmara de Lisboa. «Endividamento zero» que «não quer dizer que não haja dívida», porque há uma dívida bancária de 350 milhões de euros e uma dívida a fornecedores de 18 milhões e tudo, por junto, o passivo da câmara são 1,2 mil milhões de euros, segundo o próprio, reproduzido pelo jornalismo de causas oficial da Lusa.
Porquê António Costa se refugia nestes malabarismos, com a ajuda de uns mídia sempre disponíveis para ajudar os amigos? Porque não explica, como aqui se fez, que o critério legal de «endividamento líquido municipal» não é o endividamento líquido de uma câmara, isto é a diferença entre as suas dívidas e os seus créditos, diferentemente do que sem mais explicações o anúncio e a propaganda podem fazer crer? E não é porque nesse critério nem todas as dívidas são consideradas e nos créditos são incluídos os impostos municipais a receber.
E porque não fala Costa dos 286 milhões resultantes do acordo em Julho do ano passado pelo qual o governo aceitou pagar esse valor pela «compra» há mais de 70 anos dos terrenos do aeroporto, 20 anos antes de Costa ter nascido, e pela «compra» dos terrenos da Expo, uns 20 anos antes de Costa ter aterrado na câmara?
E porque pactuam os mídia, sempre tão disponíveis para espiolhar as contas dos governos não ungidos pela esquerdalhada, com estas habilidades conceptuais?
SERVIÇO PÚBLICO: Cinco ideias para melhorar os mercados de quem quase os afundou
Bern Madoff, condenado a 150 anos de prisão por ter montado o maior esquema de Ponzi da história, depois dos esquemas de segurança social, foi entrevistado pelo Market Watch e deu ideias para melhorar os mercados e ele sabe do que fala. Aqui vão elas:
«1.) The SEC needs more resources to protect investors.
The SEC is grossly undercapitalized and doesn’t have money to hire the right people. Basically, it’s a training ground, and by the time its people are qualified they leave for work at private firms. “They didn’t catch me because the whistleblower, Harry Markopolos, was leading them down the wrong alley,” Madoff told MarketWatch. “He was an idiot.”
«1.) The SEC needs more resources to protect investors.
The SEC is grossly undercapitalized and doesn’t have money to hire the right people. Basically, it’s a training ground, and by the time its people are qualified they leave for work at private firms. “They didn’t catch me because the whistleblower, Harry Markopolos, was leading them down the wrong alley,” Madoff told MarketWatch. “He was an idiot.”
@RTISTA CONVIDADO: «O que tu quiseres» (19)
06/06/2013
LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: Para tirar os trapinhos qualquer causa é boa (10)
Bons exemplos (61) – Se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé amanhã no Estádio do Bessa
«Um grupo de doze desempregados entre os 25 e os 50 anos, cansados de esperar, vão fazer uma feira do emprego ao contrário. Vão apresentar-se no estádio do Bessa, no Porto, a um conjunto de empresas sob o lema "Emprega-me". Milhões de pessoas estão hoje em redes sociais de trabalho, vendendo o que sabem fazer, de traduções a design. Estará a organização do trabalho a entrar numa nova era?» (Helena Garrido no Negócios)
Dúvidas (18) – Um jogador de futebol gay deve jogar numa equipa masculina, feminina ou mista?
Bésame, bésame mucho como si fuera el último partido |
Resumo (JusNet) do acórdão de 25 de Abril de 2013 do Tribunal de Justiça da UE, 3ª Secção
05/06/2013
ARTIGO DEFUNTO: O jornalismo de causas faz aquilo que a oposição tem por vezes vergonha de fazer
Facto: o bispo do Porto diz «eu julgo que este governo, ou outro governo que fosse, mesmo do partido que estava até há 2 anos, teria sempre que se confrontar com graves problemas. Porque o desgaste é dos próprios problemas, que são problemas internos mas com uma dependência externa como nós nunca tivemos.»
Notícia: «O Bispo do Porto apoia as greves dos professores e das centrais sindicais.»
Poderia ser um apparatchik do canal público em risco de perder a tença se não estiver nas graças da central de manipulação paga pelos contribuintes cada vez que acendem a luz. Não é que se desculpasse, mas compreender-se-ia a fraqueza. Mas não. Trata-se do jornalista José Rodrigues dos Santos que na sua encarnação de escritor vende mais livros do que todos os outros juntos.
[Lido no blogue Com jornalismo assim, quem precisa de censura?..., onde cada post é mais uma resposta «ninguém» à pergunta do título]
Mou’s back
Qual é o português que muda de emprego e a notícia faz a capa de mais de uma dúzia de jornais britânicos, incluindo Times, Guardian e Independent? Só pode ser um português especial, tão especial que até o Wall Street Journal se dá ao incómodo de anunciar a mudança.
@RTISTA CONVIDADO: «O que tu quiseres» (18)
04/06/2013
Dúvidas (17) – Desde que não lhes mexam nos bolsos até podem arruinar o país?
Estudo de opinião da Pitagórica para o jornal i, entre 23 e 28 de maio de 2013 |
Lost in translation (177) – fadiga da liberalidade
Nouriel Roubini é um economista americano muito celebrado por ter antecipado o rebentamento da bolha financeira alimentada durante duas décadas pelo FED - na verdade ele só antecipou o rebentamento, mas passou ao lado das causas e por isso ainda hoje preconiza, como parte de terapia, o mesmo tratamento que tornou a bolha inevitável.
É muito citado entre nós nos títulos, como este do Expresso «Roubini diz: "Há uma fadiga da austeridade em Portugal». Em rigor, mas isso nunca dá títulos ao jornalismo de causas, Roubini preconiza reformas estruturais e considera indispensável a «austeridade», apenas defende um trade off entre medidas com efeitos recessivos e medidas keynesianas.
Seja como for, esta estória da «fadiga da austeridade» tem de ser recontada. Só estamos fatigados com apenas 2 anos de «austeridade» porque quando a começámos já estávamos fatigados com uns 20 anos de liberalidade com o dinheiro alheio.
É muito citado entre nós nos títulos, como este do Expresso «Roubini diz: "Há uma fadiga da austeridade em Portugal». Em rigor, mas isso nunca dá títulos ao jornalismo de causas, Roubini preconiza reformas estruturais e considera indispensável a «austeridade», apenas defende um trade off entre medidas com efeitos recessivos e medidas keynesianas.
Seja como for, esta estória da «fadiga da austeridade» tem de ser recontada. Só estamos fatigados com apenas 2 anos de «austeridade» porque quando a começámos já estávamos fatigados com uns 20 anos de liberalidade com o dinheiro alheio.
CASE STUDY: Também tenho essas dúvidas (entre outras)
As dúvidas de John Kay, professor da London School of Economics, foram citadas pelo Financial Times:
«We have been through sequential crises, of which the prominent examples have really been the emerging market debt crisis in the mid- to late-1990s, the new economy bubble, credit expansion and bust, and the eurozone crisis.
«We have been through sequential crises, of which the prominent examples have really been the emerging market debt crisis in the mid- to late-1990s, the new economy bubble, credit expansion and bust, and the eurozone crisis.
03/06/2013
Pensava que Mário Soares estaria simplesmente a resistir a sair do palco infectado pelo esquerdismo senil…
… pensava antes de ser iluminado por esta sofisticadíssima teoria da conspiração. Soares, se a lesse, diria com os seus botões: meu deus, porque me fizeste tão maquiavelicamente inteligente?
DIÁRIO DE BORDO: A fome como triunfo moral do comunismo
«No mundo real, os inúmeros defeitos do capitalismo são inegavelmente melhores para as pessoas do que as virtudes do igualitarismo. No primeiro caso, muitos arriscam a pobreza. No segundo, quase todos garantem a miséria - salvo pela nomenclatura de esclarecidos empenhada em provar que a fome sob os regimes comunistas constitui um triunfo moral sobre as dificuldades em pagar o Visa.»
Alberto Gonçalves, no DN
Alberto Gonçalves, no DN
@RTISTA CONVIDADO: «O que tu quiseres» (17)
02/06/2013
Mitos (111) – O povo exige a demissão do governo e novas eleições
Fonte: Correio de Manhã |