Desde há pelo menos há 9 anos que se vem insistindo no (Im)pertinências (por exemplo, aqui ou aqui, para citar apenas os posts mais antigos) que a Zona Euro não é uma zona monetária óptima e, por isso, só por milagre resistiria à primeira crise. Uma das peças que faltava (e falta) para a Zona Euro ser uma zona monetária óptima era (e é) o desmantelamento das barreiras à mobilidade da mão-de-obra e a criação de mecanismos facilitadores da mobilidade.
Essas barreiras são sociais, como a língua e a cultura, e institucionais, como os obstáculos corporativos ao acesso às profissões. Entre a falta de mecanismos facilitadores da mobilidade, registe-se a ausência de regras comuns de equivalência e reconhecimento de graduações académicas e de reconhecimento de qualificações profissionais e a não portabilidade dos fundos de pensões, entre muitos outros.
Ora acontece que a crise nas economias dos PIGS e o desemprego crescente estão a colocar uma pressão tão grande nos mercados de trabalho nacionais que foram dados nos últimos 2 anos mais passos significativos para a criação de um mercado de trabalho europeu do que em todos os anos passados.
É o que nos dá conta o relatório da OCDE sobre migrações que estima ter a emigração portuguesa crescido de 23 mil em 2010 para 44 mil em 2011, números que tudo indicada estarem muito aquém da realidade, que poderá andar por mais de 100 mil saídas anuais nos últimos anos.
A outra face da moeda, é a imigração na Alemanha (e na Suíça que integra a ZEE) que está a absorver a emigração do sul da Europa. Os mais de 67 mil trabalhadores estrangeiros entrados na Alemanha (e 31 mil na Suíça) oficialmente registados em 2011 são certamente apenas uma parte.
Sendo certo que estes movimentos de mão-de-obra significam para os países de emigração a perda de qualificações que escasseiam e custaram caro, a verdade é que a livre iniciativa dos desempregados que procuram emprego noutros países está a ajudar a compor mais depressa uma das peças - a mobilidade da mão-de-obra - que faltam na Zona Euro para a viabilizar, do que os dirigentes dos países membros e os eurocratas estão a compor as outras peças.
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