31/07/2005
30/07/2005
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Kafka na EMEL
Do meu amigo e detractor habitual do Impertinências JARF recebi a seguinte desesperada mensagem:
DOCUMENTAÇÃO REQUERIDA PELA EMEL PARA A ATRIBUIÇÃO DO DÍSTICO DE RESIDENTE
1) Formulário, de onde conste:
· Nome
· Morada e Código Postal
· Nº. da Carta de Condução, Validade e Local de Emissão
· Data de Nascimento
· Nº. de Eleitor
· Freguesia de Residência
· N.º de Contribuinte
· Telefone ou Telemóvel
· Matricula do automóvel
· Marca e Modelo do automóvel
· (assinatura)
Caso o veículo automóvel seja propriedade da entidade patronal do requerente, e associado á sua actividade profissional, ainda:
· Designação da Entidade Patronal
· Nº. de pessoa colectiva
· Capital Social
· Conservatória do Registo Comercial da matrícula
· Nº. de registo na CRC
· Sede Social
· Representante para efeitos desta declaração
· Nº de Bilhete de Identidade
· Data de emissão
· Local de emissão
· (assinatura)
2) Cartão de Eleitor, (ou atestado de residência)
3) Carta de Condução
4) Certidão de Domicílio Fiscal, donde conste:
· Nome
· Nº. de contribuinte
· Morada
· Referência á EMEL
· Data do requerimento
· Assinatura
· Certificação da Repartição de Finanças
5) Título de Registo de Propriedade do veículo
6) O Dístico a revalidar
PARA CORRECTA APRECIAÇÃO DO REQUERIMENTO PODERÁ SER PEDIDA CÓPIA DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS PELO REQUERENTE (Art 13º., Nº. 3 do Regulamento Geral das Zonas de Estacionamento de Duração Limitada)
Os Dísticos são válidos por 3 anos findos os quais se reinicia o processo. Caso o deixe caducar poderá ser multado todos os dias por ter o carro á porta de casa.
«Vejam só o que preciso para ter a porra do carro á porta de casa ou em qualquer rua lá do bairro.
Para além do que consta do regulamento também estão pedindo a última declaração do IRS.
Se ao menos a CML constituisse as putas de Lisboa em Empresa Municipal, e me nomeasse Presidente do Conselho de Administração, ainda vá que não vá.»
DOCUMENTAÇÃO REQUERIDA PELA EMEL PARA A ATRIBUIÇÃO DO DÍSTICO DE RESIDENTE
1) Formulário, de onde conste:
· Nome
· Morada e Código Postal
· Nº. da Carta de Condução, Validade e Local de Emissão
· Data de Nascimento
· Nº. de Eleitor
· Freguesia de Residência
· N.º de Contribuinte
· Telefone ou Telemóvel
· Matricula do automóvel
· Marca e Modelo do automóvel
· (assinatura)
Caso o veículo automóvel seja propriedade da entidade patronal do requerente, e associado á sua actividade profissional, ainda:
· Designação da Entidade Patronal
· Nº. de pessoa colectiva
· Capital Social
· Conservatória do Registo Comercial da matrícula
· Nº. de registo na CRC
· Sede Social
· Representante para efeitos desta declaração
· Nº de Bilhete de Identidade
· Data de emissão
· Local de emissão
· (assinatura)
2) Cartão de Eleitor, (ou atestado de residência)
3) Carta de Condução
4) Certidão de Domicílio Fiscal, donde conste:
· Nome
· Nº. de contribuinte
· Morada
· Referência á EMEL
· Data do requerimento
· Assinatura
· Certificação da Repartição de Finanças
5) Título de Registo de Propriedade do veículo
6) O Dístico a revalidar
PARA CORRECTA APRECIAÇÃO DO REQUERIMENTO PODERÁ SER PEDIDA CÓPIA DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS PELO REQUERENTE (Art 13º., Nº. 3 do Regulamento Geral das Zonas de Estacionamento de Duração Limitada)
Os Dísticos são válidos por 3 anos findos os quais se reinicia o processo. Caso o deixe caducar poderá ser multado todos os dias por ter o carro á porta de casa.
29/07/2005
CASE STUDY: procura-se e oferece-se
Anúncio publicado em The Economist, July 23rd :
Non-Executive Board Members
English Partnerships
2 days per month £11,743 per annum
English Partnerships is the Government’s national regeneration agency delivering high quality, sustainable growth in England and helping to create communities where people can afford to live and want to live. Information on our projects and programmes can be found at www.englishpartnerships.co.uk
English Partnerships now seeks two non-executive Board Members, both Public Appointments, who share our commitment and enthusiasm to help deliver the Office of the Deputy Prime Minister’s Sustainable Communities Plan.
You will have a strong record of achievement at the highest level in either commercial property and development or construction and design, as well as a detailed understanding of how property deals are structured. You will also have a working knowledge of government, including public finance, with an appreciation of the importance of public accountability and good governance.
The ODPM promotes equal opportunities in Public Appointments. Applications from women, people from ethnic minority backgrounds, and disabled people are particularly welcome.
For more information and to download an application pack please visit www.e-penna.com/recruitment/englishpartnerships.
TRADUÇÃO (resumida)
CIRCULAR INTERNA DO PARTIDO
Camaradas,
O nosso governo vai criar a Unidade de Missão para a Conversão dos Bairros Degradados em Locais Agradáveis para Viver (UMCBDLAV). A UMCBDLAV irá promover a transferência das populações excluídas que vivem nos bairros degradados dos centros urbanos para novas urbanizações a construir nos subúrbios em terrenos camarários. Os bairros urbanos degradados serão reconvertidos e neles serão construídas habitações de qualidade.
Este projecto é muito importante para o partido porque vai ser desenvolvido com parcerias público-privadas (PPP) e dele resultarão benefícios para todos: autarquias e construtores, sem esquecer os excluídos. Vai ser aplicado um novo conceito: SECCOs (Sem Custos para os Construtores).
Dos 23 lugares da Administração da UMCBDLAV ainda restam 2 vagas, depois de preenchidas as quotas do secretário-geral, da distrital e das concelhias.
Exortam-se todos as camaradas e os camaradas, de qualquer cor, credo, orientação sexual ou habilitação académica, detentores de carta de condução válida, a candidatarem-se.
(Juntar cartão de militante, comprovativo das quotas em dia e fotocópia autenticada da carta de condução)
Non-Executive Board Members
English Partnerships
2 days per month £11,743 per annum
English Partnerships is the Government’s national regeneration agency delivering high quality, sustainable growth in England and helping to create communities where people can afford to live and want to live. Information on our projects and programmes can be found at www.englishpartnerships.co.uk
English Partnerships now seeks two non-executive Board Members, both Public Appointments, who share our commitment and enthusiasm to help deliver the Office of the Deputy Prime Minister’s Sustainable Communities Plan.
You will have a strong record of achievement at the highest level in either commercial property and development or construction and design, as well as a detailed understanding of how property deals are structured. You will also have a working knowledge of government, including public finance, with an appreciation of the importance of public accountability and good governance.
The ODPM promotes equal opportunities in Public Appointments. Applications from women, people from ethnic minority backgrounds, and disabled people are particularly welcome.
For more information and to download an application pack please visit www.e-penna.com/recruitment/englishpartnerships.
TRADUÇÃO (resumida)
CIRCULAR INTERNA DO PARTIDO
Camaradas,
O nosso governo vai criar a Unidade de Missão para a Conversão dos Bairros Degradados em Locais Agradáveis para Viver (UMCBDLAV). A UMCBDLAV irá promover a transferência das populações excluídas que vivem nos bairros degradados dos centros urbanos para novas urbanizações a construir nos subúrbios em terrenos camarários. Os bairros urbanos degradados serão reconvertidos e neles serão construídas habitações de qualidade.
Este projecto é muito importante para o partido porque vai ser desenvolvido com parcerias público-privadas (PPP) e dele resultarão benefícios para todos: autarquias e construtores, sem esquecer os excluídos. Vai ser aplicado um novo conceito: SECCOs (Sem Custos para os Construtores).
Dos 23 lugares da Administração da UMCBDLAV ainda restam 2 vagas, depois de preenchidas as quotas do secretário-geral, da distrital e das concelhias.
Exortam-se todos as camaradas e os camaradas, de qualquer cor, credo, orientação sexual ou habilitação académica, detentores de carta de condução válida, a candidatarem-se.
(Juntar cartão de militante, comprovativo das quotas em dia e fotocópia autenticada da carta de condução)
28/07/2005
SERVIÇO PÚBLICO: o governo tem a oposição que merece
«A oposição parlamentar manifestou-se hoje em bloco contra a proposta do Governo de reduzir as férias judiciais dos magistrados e funcionários de justiça para um mês, classificando a medida como populista e demagógica.» (Público)
Porque não propõe a oposição «férias fiscais», «férias hospitalares», «férias policiais», etc.? Porquê são filhos uns e os outros enteados?
Porque não propõe a oposição «férias fiscais», «férias hospitalares», «férias policiais», etc.? Porquê são filhos uns e os outros enteados?
DIÁRIO DE BORDO: será o liberalismo um estado de espírito? (6)
[Prosseguindo a série «será o liberalismo um estado de espírito?» (1), (2), (3), (4) e (5)]
Talvez seja. Mas nesta terra será mais fácil uma criatura ser vítima do terror da Al Qaeda do que ter a mente atormentada por tal estado de espírito.
Em que se distingue o «liberalismo» dum governo do PS do «liberalismo» dum governo do PSD ou PSD-CDS? No traçado do TGV e na escolha dos artistas contemplados com os subsídios.
Qual foi o pensamento mais heterodoxo que o doutor Vitorino, a luminária mais «liberal» do PS, e um dos poucos socialistas que põe reservas aos projectos faraónicos da Ota e do TGV, produziu na sua entrevista de 3.ª feira à RTP? A dúvida quanto aos privados assumirem o risco da exploração destes projectos o que permitiria que o investimento público não fosse contabilizado como despesa para o cálculo do défice. As reservas do doutor Vitorino são reservas contabilísticas - mais uma vocação que se perdeu.
Até há poucos meses, quem era para a esquerda o paradigma do político neo-liberal? O inefável doutor Santana Lopes. O mesmo que prometeu aos artistas viabilizar o parque Mayer iniciando a conhecida e infindável saga. O mesmo que agora se propõe encerrar o seu desastroso mandato na CML com a «viabilização» duma companhia de ballet que a Fundação Gulbenkian deixou de manter.
Talvez seja. Mas nesta terra será mais fácil uma criatura ser vítima do terror da Al Qaeda do que ter a mente atormentada por tal estado de espírito.
Em que se distingue o «liberalismo» dum governo do PS do «liberalismo» dum governo do PSD ou PSD-CDS? No traçado do TGV e na escolha dos artistas contemplados com os subsídios.
Qual foi o pensamento mais heterodoxo que o doutor Vitorino, a luminária mais «liberal» do PS, e um dos poucos socialistas que põe reservas aos projectos faraónicos da Ota e do TGV, produziu na sua entrevista de 3.ª feira à RTP? A dúvida quanto aos privados assumirem o risco da exploração destes projectos o que permitiria que o investimento público não fosse contabilizado como despesa para o cálculo do défice. As reservas do doutor Vitorino são reservas contabilísticas - mais uma vocação que se perdeu.
Até há poucos meses, quem era para a esquerda o paradigma do político neo-liberal? O inefável doutor Santana Lopes. O mesmo que prometeu aos artistas viabilizar o parque Mayer iniciando a conhecida e infindável saga. O mesmo que agora se propõe encerrar o seu desastroso mandato na CML com a «viabilização» duma companhia de ballet que a Fundação Gulbenkian deixou de manter.
27/07/2005
BLOGARIDADES: eu não estive lá mas
Quem lá esteve conta aqui e aqui o que se passou na Ordem dos Economistas na passada 2ª Feira.
Aparentemente o menor dos dislates do ministro da Economia na sua conferência foi confundir biliões com mil milhões. O que, de resto, lhe dará acesso directo ao MASP III.
Os maiores dislates (e os mais caros) terão sido pronunciados na sua qualidade de emérito otário e sacerdote do culto do investimento público.
Aparentemente o menor dos dislates do ministro da Economia na sua conferência foi confundir biliões com mil milhões. O que, de resto, lhe dará acesso directo ao MASP III.
Os maiores dislates (e os mais caros) terão sido pronunciados na sua qualidade de emérito otário e sacerdote do culto do investimento público.
ESTÓRIA E MORAL: o 18 Brumário de Soares ou Soares por ele próprio
Estória
Um dos temas inesgotáveis no pequeno mundo da política portuguesa é a candidatura à presidência da República.
Já tratei do inventário dos candidatos no post Senhor livra-nos deles que careceu de actualização no post Lugares comuns.
Também já tratei no post O ersatz do líder da oposição duma teoria conspirativa que explicaria a irresistível atracção dos nossos políticos por um lugar em Belém.
Retomo agora o tema, depois do anúncio da candidatura do doutor Soares, patrocinada pelo engenheiro Sócrates.
Na idade dele, os anos são sempre um possível handicap, sobretudo face à possibilidade de um segundo mandato. Não obstante, Pacheco Pereira tem razão: «o mais estúpido dos argumentos contra Soares é a idade». O homem está em muito bom estado, lúcido, e tem uma vitalidade notável.
«Soares na Presidência não actuará contra o PS, porque tem uma cultura jacobina de partido, mas será frontalmente contra "este" PS.» Também aqui Pacheco Pereira terá razão - o percurso político do doutor Soares mostra o caminho que inexoravelmente percorreu desde o «socialismo na gaveta» até ao esquerdismo senil, desde mon ami Miterrand até compagnon de route do doutor Anacleto Louçã.
Se assim for, ser contra «este» PS pode ser o mais inteligente dos argumentos a favor de Soares, que enviará doses letais de intriga a partir de Belém e fará a cama ao engenheiro Sócrates. Teremos então uma farsa.
À farsa poderá seguir-se uma nova tragédia com um governo soarista ainda mais despesista que deixará o país exangue e à beira dum ataque de nervos e talvez então preparado para inevitáveis e dolorosas reformas.
Moral
«Hegel observa em uma de suas obras que todos os factos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. Caussidière por Danton, Luís Blanc por Robespierre, a Montanha de 1845-1851 pela Montanha de 1793-1795, o sobrinho pelo tio.» (Karl Marx, O 18 Brumário de Luís Bonaparte)
Um dos temas inesgotáveis no pequeno mundo da política portuguesa é a candidatura à presidência da República.
Já tratei do inventário dos candidatos no post Senhor livra-nos deles que careceu de actualização no post Lugares comuns.
Também já tratei no post O ersatz do líder da oposição duma teoria conspirativa que explicaria a irresistível atracção dos nossos políticos por um lugar em Belém.
Retomo agora o tema, depois do anúncio da candidatura do doutor Soares, patrocinada pelo engenheiro Sócrates.
Na idade dele, os anos são sempre um possível handicap, sobretudo face à possibilidade de um segundo mandato. Não obstante, Pacheco Pereira tem razão: «o mais estúpido dos argumentos contra Soares é a idade». O homem está em muito bom estado, lúcido, e tem uma vitalidade notável.
«Soares na Presidência não actuará contra o PS, porque tem uma cultura jacobina de partido, mas será frontalmente contra "este" PS.» Também aqui Pacheco Pereira terá razão - o percurso político do doutor Soares mostra o caminho que inexoravelmente percorreu desde o «socialismo na gaveta» até ao esquerdismo senil, desde mon ami Miterrand até compagnon de route do doutor Anacleto Louçã.
Se assim for, ser contra «este» PS pode ser o mais inteligente dos argumentos a favor de Soares, que enviará doses letais de intriga a partir de Belém e fará a cama ao engenheiro Sócrates. Teremos então uma farsa.
À farsa poderá seguir-se uma nova tragédia com um governo soarista ainda mais despesista que deixará o país exangue e à beira dum ataque de nervos e talvez então preparado para inevitáveis e dolorosas reformas.
Moral
«Hegel observa em uma de suas obras que todos os factos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. Caussidière por Danton, Luís Blanc por Robespierre, a Montanha de 1845-1851 pela Montanha de 1793-1795, o sobrinho pelo tio.» (Karl Marx, O 18 Brumário de Luís Bonaparte)
...
Da tragédia ... à farsa
26/07/2005
SERVIÇO PÚBLICO: «o que é que acham?»
«O que é que acham? Que eu ia desmentir o que eu disse?»
O Impertinências acha que tudo é possível para quem já disse isto
«Eu recomendo que leiam o meu programa: não está no programa nenhum aumento de impostos»,
e dois meses depois, para justificar aquilo, disse isto
«Nunca ninguém pensou que o valor do défice fosse quase de sete por cento»
mas quatro meses antes, na Sessão plenária de 18 de Novembro de 2004 da AR, tinha ouvido da boca do doutor Jaime Gama isto (*)
«Considerando as necessidades globais de financiamento do Estado do sector público administrativo, das empresas públicas deficitárias, dos hospitais SA e de outros, o défice anual já é superior a 6%. Ora, isto coloca um conjunto de problemas a prazo...»
(Aplausos do PS)
(*) Citado pelo Grande Loja do Queijo Limiano.
Read my lips (pardon, watch my leaps)
O Impertinências acha que tudo é possível para quem já disse isto
«Eu recomendo que leiam o meu programa: não está no programa nenhum aumento de impostos»,
e dois meses depois, para justificar aquilo, disse isto
«Nunca ninguém pensou que o valor do défice fosse quase de sete por cento»
mas quatro meses antes, na Sessão plenária de 18 de Novembro de 2004 da AR, tinha ouvido da boca do doutor Jaime Gama isto (*)
«Considerando as necessidades globais de financiamento do Estado do sector público administrativo, das empresas públicas deficitárias, dos hospitais SA e de outros, o défice anual já é superior a 6%. Ora, isto coloca um conjunto de problemas a prazo...»
(Aplausos do PS)
(*) Citado pelo Grande Loja do Queijo Limiano.
ESTÓRIA E MORAL: ele é ele ou o outro?
Estória
No passado dia 21 o anacleto doutor Louça deu uma entrevista ao Público. Leram? Eu também não.
Só fiquei a conhecê-la numa das minhas excursões ao Abrupto - o blogue em que Pacheco Pereira escreve ocasionalmente. Soterrada debaixo de várias camadas de erudição, lá estava a entrevista.
Vale a pena lê-la e aos comentário de JPP. É um brilhante exercício evasivo do doutor Anacleto a respeito de ser ou não ser trotskista, marxista, leninista, marxista-leninista ou, no limite, ter uma ideologia qualquer que seja. Porque se esconde o homem atrás dessa camuflagem de rebelde sem causa?
Moral
À força de querer parecer outra coisa, já não sei quem sou (alguém disse isto, mas não sei quem).
No passado dia 21 o anacleto doutor Louça deu uma entrevista ao Público. Leram? Eu também não.
Só fiquei a conhecê-la numa das minhas excursões ao Abrupto - o blogue em que Pacheco Pereira escreve ocasionalmente. Soterrada debaixo de várias camadas de erudição, lá estava a entrevista.
Vale a pena lê-la e aos comentário de JPP. É um brilhante exercício evasivo do doutor Anacleto a respeito de ser ou não ser trotskista, marxista, leninista, marxista-leninista ou, no limite, ter uma ideologia qualquer que seja. Porque se esconde o homem atrás dessa camuflagem de rebelde sem causa?
Moral
À força de querer parecer outra coisa, já não sei quem sou (alguém disse isto, mas não sei quem).
24/07/2005
ESTÓRIA E MORAL: «sucesso adiado»
Estória
Na próxima semana, os delegados ao congresso em Buxton da Associação Profissional de Professores inglesa ouvirão da boca da professora reformada Liz Beattie, uma beata da religião do politicamento correcto, a condenação da palavra «insucesso», traumática para os jovens, e a sua substituição por «sucesso adiado».
A BBC dá vários exemplos do conceito aplicado fora dos domínios do ensino. Podemos acrescentar alguns genuinamente lusitanos: o sucesso adiado por 18 anos dos lagartos ou por 11 anos dos lampiões, sem esquecer o sucesso adiado sine die (ou sine spe?) do equilíbrio orçamental que espera a ressurreição do professor Botas, ou outro qualquer acontecimento mais miraculoso.
Moral
É impossível fazer alguma coisa à prova de imbecis, porque os imbecis são extremamente engenhosos (Terceiro Corolário de Murphy).
Na próxima semana, os delegados ao congresso em Buxton da Associação Profissional de Professores inglesa ouvirão da boca da professora reformada Liz Beattie, uma beata da religião do politicamento correcto, a condenação da palavra «insucesso», traumática para os jovens, e a sua substituição por «sucesso adiado».
A BBC dá vários exemplos do conceito aplicado fora dos domínios do ensino. Podemos acrescentar alguns genuinamente lusitanos: o sucesso adiado por 18 anos dos lagartos ou por 11 anos dos lampiões, sem esquecer o sucesso adiado sine die (ou sine spe?) do equilíbrio orçamental que espera a ressurreição do professor Botas, ou outro qualquer acontecimento mais miraculoso.
Moral
É impossível fazer alguma coisa à prova de imbecis, porque os imbecis são extremamente engenhosos (Terceiro Corolário de Murphy).
23/07/2005
ARTIGO DEFUNTO: o milagre da multiplicação, segundo um otário
Numa peça enganadoramente titulada «Contra o pensamento dominante», no Expresso de hoje, o doutor Nicolau Santos, socorrendo-se do estudo de Marvão Pereira e Miguel Andraz («O impacto do investimento público na economia portuguesa»), afirma que «o investimento público de um Euro conduz, no longo prazo, ao aumento do produto em cerca de 9,5 euros, a receitas fiscais 3,3 vezes superiores, ao aumento do investimento privado em 8,1 euros e à criação de 230 novos empregos».
Se, como diz o ministro das Obras Públicas, o investimento público na Ota vai representar 15 a 18% do investimento total, então com os cerca 5 mil milhões de euros, no longo prazo (seja lá o que isso for, mas fiquemo-nos por 20 anos), duas pistas para aviões, uns hangares, umas torres de controlo, umas mangas, umas gares, um auto-estrada e mais umas miudezas irão fazer chover sobre nós o seguinte maná:
Como é que ainda ninguém se tinha lembrado disto?
(Para levar a coisa um pouco mais a sério, pode ler-se o que escreveu o blasfemo João Miranda a respeito da falácia dos multiplicadores.)
Se, como diz o ministro das Obras Públicas, o investimento público na Ota vai representar 15 a 18% do investimento total, então com os cerca 5 mil milhões de euros, no longo prazo (seja lá o que isso for, mas fiquemo-nos por 20 anos), duas pistas para aviões, uns hangares, umas torres de controlo, umas mangas, umas gares, um auto-estrada e mais umas miudezas irão fazer chover sobre nós o seguinte maná:
- incremento do PIB superior a 7 mil milhões de euros
- aumento de 2,5 mil milhões de euros na colecta
- aumento do investimento privado em 6 mil milhões de euros
- e, last but not least, mais de 170 mil milhões novos empregos.
Como é que ainda ninguém se tinha lembrado disto?
(Para levar a coisa um pouco mais a sério, pode ler-se o que escreveu o blasfemo João Miranda a respeito da falácia dos multiplicadores.)
DIÁRIO DE BORDO: pensamento do dia (2)
Ele queria ir como se ficasse e queria ficar como se fosse. É um pusilânime.
(Inspirado numa paródia com LA a propósito de alguém que se fosse objecto da Avaliação Contínua sê-lo-ia na Secção Sol na eira e chuva no nabal)
(Inspirado numa paródia com LA a propósito de alguém que se fosse objecto da Avaliação Contínua sê-lo-ia na Secção Sol na eira e chuva no nabal)
22/07/2005
DIÁRIO DE BORDO: o socialismo é um comunismo de 3.ª idade?
Lembro-me como se fosse hoje: JM a dizer-me, há uns bons 25 anos, que o doutor Jaime Gama nunca poderia ser um bom socialista, porque todo o bom socialista teria que ter sido comunista na sua juventude.
Só muitos anos mais tarde percebi a profundidade (talvez involuntária) do pensamento.
Vem isto a propósito do engenheiro Mário Lino que foi um comunista ortodoxo e encartado na juventude (e na maturidade), convertido mais tarde ao socialismo em liberdade. Está agora ao leme das grandes obras faraónicas do governo e iluminou ontem os deputados com a explanação da sua inovadora metodologia de avaliação de projectos:
«Cada um dos projectos será depois avaliado à medida que for sendo implementado.»(*)
Vem isto também a propósito do doutor Teixeira dos Santos que foi um comunista reconstruído na sua juventude e se deixou mais tarde conquistar pelas delícias do socialismo. Está agora ao leme da máquina de extorsão que tentará alimentar a fornalha de Moloch onde seu colega Lino se propõe torrar muitos mil milhões de euros.
(*) Tenho para mim que o pensamento do engenheiro Lino não é inteiramente original. Salvo erro, o senhor João Pinto já tinha dito o mesmo nas suas palavras simples de profissional do chuto: «prognósticos só no fim do jogo». Numa óptica fiscal também se poderia dizer: «pague primeiro e reclame depois».
Só muitos anos mais tarde percebi a profundidade (talvez involuntária) do pensamento.
Vem isto a propósito do engenheiro Mário Lino que foi um comunista ortodoxo e encartado na juventude (e na maturidade), convertido mais tarde ao socialismo em liberdade. Está agora ao leme das grandes obras faraónicas do governo e iluminou ontem os deputados com a explanação da sua inovadora metodologia de avaliação de projectos:
«Cada um dos projectos será depois avaliado à medida que for sendo implementado.»(*)
Vem isto também a propósito do doutor Teixeira dos Santos que foi um comunista reconstruído na sua juventude e se deixou mais tarde conquistar pelas delícias do socialismo. Está agora ao leme da máquina de extorsão que tentará alimentar a fornalha de Moloch onde seu colega Lino se propõe torrar muitos mil milhões de euros.
(*) Tenho para mim que o pensamento do engenheiro Lino não é inteiramente original. Salvo erro, o senhor João Pinto já tinha dito o mesmo nas suas palavras simples de profissional do chuto: «prognósticos só no fim do jogo». Numa óptica fiscal também se poderia dizer: «pague primeiro e reclame depois».
21/07/2005
DIÁRIO DE BORDO: pensamento do dia
Ser português é fazer do inexorável contingência e da contingência inexorabilidade.
(Inspirado numa discussão com APS a propósito da reconstrução do 5º Império que vai impedir a decadência historicamente inevitável da Europa, em contraponto à falta de ganas para cortar uns míseros 20% na ração da vaca marsupial pública, cujo empaturramento reclamado pelos otários está entregue desde hoje aos cuidados do doutor dos Santos.)
(Inspirado numa discussão com APS a propósito da reconstrução do 5º Império que vai impedir a decadência historicamente inevitável da Europa, em contraponto à falta de ganas para cortar uns míseros 20% na ração da vaca marsupial pública, cujo empaturramento reclamado pelos otários está entregue desde hoje aos cuidados do doutor dos Santos.)
20/07/2005
BREIQUINGUE NIUZ: os otários marcam ao fim de 5 minutos de jogo
Incapaz de aguentar a pressão dos otários, a equipa da casa substitui o ponta de lança Cunha pelo centro-campista dos Santos.
Segundo o treinador, dos Santos está mais afeiçoado à toada de jogo que os otários estão a impôr. Remetida à defesa, a equipa da casa ficará à mercê dos otários que se preparam para aviar uma convincente goleada, prevêem os comentadores.
Segundo o treinador, dos Santos está mais afeiçoado à toada de jogo que os otários estão a impôr. Remetida à defesa, a equipa da casa ficará à mercê dos otários que se preparam para aviar uma convincente goleada, prevêem os comentadores.
O começo da época foi fatal para o ponta de lança Cunha
TRIVIALIDADES: não é preciso agradecer-me
O DN vai publicar daqui a pouco uma entrevista do excelso professor Freitas do Amaral que, ainda antes de ser publicada, já levantou imensa poeira soprada pelo próprio e pela oposição (CDS, PSD e PCP). Até o engenheiro Sócrates se sentiu obrigado a borrifá-la para a assentar.
A poeira faz mal aos delicados pulmões do governo e por, muito que se proteste inocência, só pode enfraquecê-lo no braço de ferro com os lóbis e a oposição. E, por muito que se proteste inocência, improvável quando vinda da excelsa figura, no mínimo trata-se de um afloramento da grandiosa ideia que o excelso tem de si próprio, que não o deixa ficar atrás do ministro das Finanças na marcação de subtis distâncias ao governo (artigo de opinião no Público do último domingo). No máximo trata-se de uma cavilosa manobra com vista a melhorar as suas chances de proto-candidato no eleitorado da oposição.
A poeira faz mal aos delicados pulmões do governo e por, muito que se proteste inocência, só pode enfraquecê-lo no braço de ferro com os lóbis e a oposição. E, por muito que se proteste inocência, improvável quando vinda da excelsa figura, no mínimo trata-se de um afloramento da grandiosa ideia que o excelso tem de si próprio, que não o deixa ficar atrás do ministro das Finanças na marcação de subtis distâncias ao governo (artigo de opinião no Público do último domingo). No máximo trata-se de uma cavilosa manobra com vista a melhorar as suas chances de proto-candidato no eleitorado da oposição.
«Tal como no passado traiu o doutor Soares, aliando-se com ele para chegar ao governo e dele saindo para o fazer cair, o professor Freitas irá trair no futuro o engenheiro Sócrates, mesmo que este aceite pagar o preço de o deixar preparar um futuro radioso à medida da sua vaidade. Está na sua natureza.»Há quatro meses eu avisei. E ainda não viram nada.
19/07/2005
BREIQUINGUE NIUZ: crime e castigo em terras do tio Sam
Já aqui, aqui e aqui contei as agruras da família Greenberg e de outros próceres do capitalismo ianque às mãos da justiça, contrapondo o seu sofrimento à leveza dos incómodos a que tem sido sujeitos os seus homólogos lusitanos.
Para além das trapalhadas do IVA que custaram alguns incómodos ao doutor Cebola, não são conhecidos entre nós outros casos relevantes. A não ser que se considere que as multas (uma pequena fracção das mais-valias que realizaram com a sua batota) pagas por Miguel Sousa Cintra e Carlos Magalhães Pinto por operações de inside trading sejam um castigo - prefiro chamar-lhe custos de operação. (Não falo sobre o caso dos sobreiros e do mensalão que ainda estão, ou ainda não estão, em segredo de justiça.)
Do outro lado do Atlântico, a acrescentar a todos os casos já conhecidos, tivemos a semana passada (por isso é que são BREIQUINGUE NIUZ) a condenação a 25 anos de cadeia de Bernard Ebbers, ex-CEO da WorldCom.
A próxima vez que um dos nossos empreendedores se queixar do clima desfavorável aos negócios e vier com aquela tanga do «se fosse nos EU», lembrem-lhes que os capitalistas americanos são demasiados apreciados pela direita e são demasiado odiados pela esquerda. Diferentemente, os portugueses não são suficientemente apreciados pela direita nem suficientemente odiados pela esquerda, por isso não ganham tanto dinheiro e só são presos durante as revoluções.
Para além das trapalhadas do IVA que custaram alguns incómodos ao doutor Cebola, não são conhecidos entre nós outros casos relevantes. A não ser que se considere que as multas (uma pequena fracção das mais-valias que realizaram com a sua batota) pagas por Miguel Sousa Cintra e Carlos Magalhães Pinto por operações de inside trading sejam um castigo - prefiro chamar-lhe custos de operação. (Não falo sobre o caso dos sobreiros e do mensalão que ainda estão, ou ainda não estão, em segredo de justiça.)
Do outro lado do Atlântico, a acrescentar a todos os casos já conhecidos, tivemos a semana passada (por isso é que são BREIQUINGUE NIUZ) a condenação a 25 anos de cadeia de Bernard Ebbers, ex-CEO da WorldCom.
A próxima vez que um dos nossos empreendedores se queixar do clima desfavorável aos negócios e vier com aquela tanga do «se fosse nos EU», lembrem-lhes que os capitalistas americanos são demasiados apreciados pela direita e são demasiado odiados pela esquerda. Diferentemente, os portugueses não são suficientemente apreciados pela direita nem suficientemente odiados pela esquerda, por isso não ganham tanto dinheiro e só são presos durante as revoluções.
18/07/2005
SERVIÇO PÚBLICO: paralisia geral
Um só dos vários exemplos citados pelo engenheiro Nuno Ribeiro da Silva no Jornal de Negócios da paralisia que ataca o artrítico corpo do estado napoleónico-estalinista:
«Um Instituto Público enganou-se na transposição de uma Directiva de Bruxelas. Teve de refazer o trabalho. Ao fim de 10 anos (!) tinha, enfim, a Directiva correctamente transposta. Mas, essa Directiva havia sido revogada e substituída por outra, sete meses antes?»Como é possível alguém não perceber que a deriva decadente de Portugal não se resolve engordando o monstro? Não será óbvio que, se a doença é criada pela medicina administrada há décadas por sucessivas levas de pessoal político, essa doença não se cura administrando mais do mesmo?
ARTIGO DEFUNTO: ainda outro óbvio e risível tijolo para reparar a danificada reputação do doutor Freitas
O Expresso, em parceria com o media spin doctor do ministro dos Negócios Estrangeiros (creio que é o Sr. Carneiro Jacinto), continua a promover a imagem do excelso professor Freitas do Amaral. (ver alguns outros tijolos aqui e aqui, por exemplo).
No último número do antigo semanário de referência, convertido no pasquim de Paço de Arcos, pode ouvir-se o arrulhar do pombinho Diogo para a rolinha Condi e até admirar-se na pág. 8 uma foto em que o body language do excelso fala mais alto do que as palavras: a curvatura lânguida e respeitosa da sua postura ameaça a espondilítica coluna, gasta de maus tratos durante 30 anos de arrojados swings.
Não contente de arrastar a asa à ajudante do Hitler ianque, o excelso usou as suas feromonas para seduzir Bill Gates, outro ícone do Império. Certamente receoso de também ele cair nas garras do excelso, Bill mandou o seu heli para o levar a jantar com uma sua vice-presidente, cujo nome o Expresso não nos revela, com exemplar e cavalheiresca discrição.
Eu, no lugar da esposa do excelso, faria uma cena de ciúmes. No mínimo.
No último número do antigo semanário de referência, convertido no pasquim de Paço de Arcos, pode ouvir-se o arrulhar do pombinho Diogo para a rolinha Condi e até admirar-se na pág. 8 uma foto em que o body language do excelso fala mais alto do que as palavras: a curvatura lânguida e respeitosa da sua postura ameaça a espondilítica coluna, gasta de maus tratos durante 30 anos de arrojados swings.
Não contente de arrastar a asa à ajudante do Hitler ianque, o excelso usou as suas feromonas para seduzir Bill Gates, outro ícone do Império. Certamente receoso de também ele cair nas garras do excelso, Bill mandou o seu heli para o levar a jantar com uma sua vice-presidente, cujo nome o Expresso não nos revela, com exemplar e cavalheiresca discrição.
Eu, no lugar da esposa do excelso, faria uma cena de ciúmes. No mínimo.
17/07/2005
SERVIÇO PÚBLICO: fazer o lugar do outro
Ao mesmo tempo que se prepara para torrar quase 5 mil milhões de euros para fazer o lugar dos empresários das PMEs na modernização das suas empresas, o estado napoleónico-estalinista, ocupado momentaneamente pelo exército socialista comandado pelo engenheiro Sócrates, deixa amontoar mais de 1,2 milhões de processos cíveis nos tribunais. O monte aumenta ao ritmo de mais de 100 mil por ano. Em cima desses processos cíveis pendentes podemos pendurar mais 820 mil acções executivas que aumentam todos os anos 100 mil. (dados publicados pelo Semanário Económico de 15-07)
16/07/2005
CASE STUDY: já demos para estes peditórios e foi o que se viu
Peditório ressuscitado
Dão-se alvíssaras a quem encontrar diferenças entre a coisa anunciada pelo ministro da Economia do governo do engenheiro Sócrates em Santa Maria da Feira, baptizada de PRIME, e uma outra coisa chamada SIME e inventada em 2000 por um outro governo em que ele participava. Esta última criatura pode ser vista aqui em formato DR 1.ª Série, a outra aguarda despacho.
A criatura SIME, que teria custado 5 mil milhões de euros se não tivesse sido um fiasco completo, era suposto incentivar a modernização das PMEs. Esse mesmo voto piedoso foi agora transferido para a criatura SIME que, se não vier a ser um fiasco completo, como é provável, virá a custar um pouco menos - os bolsos do engenheiro Sócrates estão agora mais vazios do que os bolsos rotos do engenheiro Guterres.
Não vale a pena discutir a bondade deste tipo de incentivos que, se funcionassem, dariam vida a projectos inviáveis e não funcionando, como se espera, darão vida a projectos viáveis: emprego a uns quantos «técnicos», uns TTs, umas segundas residências, umas férias em destinos exóticos, etc.
Peditório inovador
O ministério da Economia depois de meses de ruminação, fervilha de novos projectos. Um deles é a criação um Observatório de Empresas em Risco que, a bem dizer, deveria ser um gigantesco observatório com centenas de milhares de antenas que permitissem acompanhar outras tantas empresas «em dificuldades».
Esta maravilhosa invenção funcionará no pomposo Gabinete de Intervenção Integrada e Reestruturação Empresarial, que tem a cómica sigla AGIIRE. A sigla deve ter sido inspirada na palavra AGIR pronunciada por um gago, como se pode confirmar pela complexa arquitectura que foi inventada para o Gabinete a qual pode ser apreciada, em todo o seu esplendor, na ejaculação do órgão legislativo aqui derramada.
Ainda não se percebeu o que se vai fazer às observadas com o resultado das observações, mas receia-se que, como de costume, se trate de lhes prolongar a vida já de si suspensa à custa de evasão fiscal, de fintas aos credores e da pouca exigência do mercado. A confirmarem-se os piores receios será encontrado um caminho para pôr «em dificuldades» as empresas ainda viáveis face à concorrência de empresas zumbis subsidiadas com o dinheiro dos contribuintes pelo estado napoleónico-estalinista, também conhecido como o monstro do doutor Cavaco.
Dão-se alvíssaras a quem encontrar diferenças entre a coisa anunciada pelo ministro da Economia do governo do engenheiro Sócrates em Santa Maria da Feira, baptizada de PRIME, e uma outra coisa chamada SIME e inventada em 2000 por um outro governo em que ele participava. Esta última criatura pode ser vista aqui em formato DR 1.ª Série, a outra aguarda despacho.
A criatura SIME, que teria custado 5 mil milhões de euros se não tivesse sido um fiasco completo, era suposto incentivar a modernização das PMEs. Esse mesmo voto piedoso foi agora transferido para a criatura SIME que, se não vier a ser um fiasco completo, como é provável, virá a custar um pouco menos - os bolsos do engenheiro Sócrates estão agora mais vazios do que os bolsos rotos do engenheiro Guterres.
Não vale a pena discutir a bondade deste tipo de incentivos que, se funcionassem, dariam vida a projectos inviáveis e não funcionando, como se espera, darão vida a projectos viáveis: emprego a uns quantos «técnicos», uns TTs, umas segundas residências, umas férias em destinos exóticos, etc.
Peditório inovador
O ministério da Economia depois de meses de ruminação, fervilha de novos projectos. Um deles é a criação um Observatório de Empresas em Risco que, a bem dizer, deveria ser um gigantesco observatório com centenas de milhares de antenas que permitissem acompanhar outras tantas empresas «em dificuldades».
Esta maravilhosa invenção funcionará no pomposo Gabinete de Intervenção Integrada e Reestruturação Empresarial, que tem a cómica sigla AGIIRE. A sigla deve ter sido inspirada na palavra AGIR pronunciada por um gago, como se pode confirmar pela complexa arquitectura que foi inventada para o Gabinete a qual pode ser apreciada, em todo o seu esplendor, na ejaculação do órgão legislativo aqui derramada.
Ainda não se percebeu o que se vai fazer às observadas com o resultado das observações, mas receia-se que, como de costume, se trate de lhes prolongar a vida já de si suspensa à custa de evasão fiscal, de fintas aos credores e da pouca exigência do mercado. A confirmarem-se os piores receios será encontrado um caminho para pôr «em dificuldades» as empresas ainda viáveis face à concorrência de empresas zumbis subsidiadas com o dinheiro dos contribuintes pelo estado napoleónico-estalinista, também conhecido como o monstro do doutor Cavaco.
15/07/2005
BLOGARIDADES: um cimbalino no Café Blasfémias
Como tema de debate, «Por que é que a direita quando chega ao poder não é liberal?» parecia-me um perigoso mal-entendido. Corria-se o risco desnecessário de tomar cariocas no café Blasfémias.
Devia ser claro que a direita portuguesa, e muito menos a esquerda, não é liberal no poder, como não o é na oposição. O Impertinências tem esforçadamente tentado explicar-se, desde aqui, até à série «será o liberalismo um estado de espírito» (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
Não estive lá e só falo de ouvido, mas o facto da coisa ter-se composto, a avaliar pelos «tópicos de uma intervenção» do blasfemo CAA que repõe o comboio nos carris, mostra que os participantes deram conta de fintar aquele tema equívoco.
Parece ter sido uma iniciativa louvável num país que sofre de esvaziamento da fala.
Parabéns aos blasfemos.
(Faço votos para que a próxima sessão não tenha como tema qualquer coisa como «Por que é que a esquerda quando chega ao poder gosta tanto do estado?»)
Devia ser claro que a direita portuguesa, e muito menos a esquerda, não é liberal no poder, como não o é na oposição. O Impertinências tem esforçadamente tentado explicar-se, desde aqui, até à série «será o liberalismo um estado de espírito» (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
Não estive lá e só falo de ouvido, mas o facto da coisa ter-se composto, a avaliar pelos «tópicos de uma intervenção» do blasfemo CAA que repõe o comboio nos carris, mostra que os participantes deram conta de fintar aquele tema equívoco.
Parece ter sido uma iniciativa louvável num país que sofre de esvaziamento da fala.
Parabéns aos blasfemos.
(Faço votos para que a próxima sessão não tenha como tema qualquer coisa como «Por que é que a esquerda quando chega ao poder gosta tanto do estado?»)
14/07/2005
SERVIÇO PÚBLICO: apanhado com as calças na mão
Com poucas excepções (Aviz), por cá falou-se pouco do caso. Nomeadamente a imprensa silenciou-o completamente, et pour cause - mexe com os darlings do PT, claro.
Adalberto Vieira, assessor do líder do PT na Assembleia Legislativa do Ceará, que é irmão do presidente nacional do PT, José Genoino, foi caçado no aeroporto de Congonhas com US$ 100 mil e R$ 200 mil, parte dentro das calças. (pormenores aqui)
Genoino acabou por demitir-se antes que a trampa subisse mais alto, cada vez mais perto de Lula. (pormenores aqui)
Já se conhecia a relação equívoca que a esquerda tem com o dinheiro, mas não a imaginava tão perto das genitálias.
Adalberto Vieira, assessor do líder do PT na Assembleia Legislativa do Ceará, que é irmão do presidente nacional do PT, José Genoino, foi caçado no aeroporto de Congonhas com US$ 100 mil e R$ 200 mil, parte dentro das calças. (pormenores aqui)
Genoino acabou por demitir-se antes que a trampa subisse mais alto, cada vez mais perto de Lula. (pormenores aqui)
Já se conhecia a relação equívoca que a esquerda tem com o dinheiro, mas não a imaginava tão perto das genitálias.
O MEU LIVRO DE CABECEIRA: «Portugal, Hoje - O Medo de Existir» (1)
Por instinto resisto a ler best sellers. Prefiro que o tempo depure as trivialidades, poupando-me leituras. É por isso é que ando sempre atrasado e fora de moda. Dois exemplos: só li o Ulisses uns bons 70 anos depois do Joyce o ter escrito e ainda hoje estou à espera que a Odisseia ganhe pátina.
Talvez por influência dos eflúvios que emanam do local quebrei a regra e, enquanto esperava que a pitonisa bebesse o seu Kassotis, dei comigo a ler o Portugal, Hoje - O Medo de Existir de José Gil.
Quase desisti, atolado na prosa evasiva dos primeiros capítulos, contaminados pelo jargão tipo emplastro. Aquela treta da não-inscrição estava a tornar-se demasiado enjoativa para um sujeito pragmático, que espera ver problemas identificados, soluções desenhadas e acções planeadas, que fica ouriçado com a «problematização», como se os problemas não fossem já de si suficientemente difíceis para haver necessidade de os complicar.
A coisa começou a interessar-me por volta do 5º capítulo («O pequeno infinito») - nessa altura estavam os sacerdotes a retorcer a profecia para a tornar ainda mais enigmática, mais ou menos o mesmo que José Gil estivera a fazer nos primeiros capítulos. Nesse 5º capítulo o doutor Gil identifica o que chamou o esvaziamento da fala como um dos traços característicos da alma lusitana.
Agora sim, estava perante uma arguta observação do autismo dos portugueses que falam, frequentemente ao mesmo tempo, a maior parte das vezes sobre trivialidades, saltitando de tema para tema, com um falatório dispersivo, incapazes de se focalizar, tudo isto sem se escutarem uns aos outros.
Não é só nas mesas-redondas, onde as luminárias peroram obsessivamente cada uma para si num ruidoso cacarejar. Também no quotidiano dos portugueses isso é visível, isto é audível. Mesmo nos meus amigos, que são quase todos portugueses mais ou menos descentrados e atípicos, está presente o esvaziamento da fala.
(Para ser honesto, suspeito que também estou contaminado)
Talvez por influência dos eflúvios que emanam do local quebrei a regra e, enquanto esperava que a pitonisa bebesse o seu Kassotis, dei comigo a ler o Portugal, Hoje - O Medo de Existir de José Gil.
Quase desisti, atolado na prosa evasiva dos primeiros capítulos, contaminados pelo jargão tipo emplastro. Aquela treta da não-inscrição estava a tornar-se demasiado enjoativa para um sujeito pragmático, que espera ver problemas identificados, soluções desenhadas e acções planeadas, que fica ouriçado com a «problematização», como se os problemas não fossem já de si suficientemente difíceis para haver necessidade de os complicar.
A coisa começou a interessar-me por volta do 5º capítulo («O pequeno infinito») - nessa altura estavam os sacerdotes a retorcer a profecia para a tornar ainda mais enigmática, mais ou menos o mesmo que José Gil estivera a fazer nos primeiros capítulos. Nesse 5º capítulo o doutor Gil identifica o que chamou o esvaziamento da fala como um dos traços característicos da alma lusitana.
Agora sim, estava perante uma arguta observação do autismo dos portugueses que falam, frequentemente ao mesmo tempo, a maior parte das vezes sobre trivialidades, saltitando de tema para tema, com um falatório dispersivo, incapazes de se focalizar, tudo isto sem se escutarem uns aos outros.
Não é só nas mesas-redondas, onde as luminárias peroram obsessivamente cada uma para si num ruidoso cacarejar. Também no quotidiano dos portugueses isso é visível, isto é audível. Mesmo nos meus amigos, que são quase todos portugueses mais ou menos descentrados e atípicos, está presente o esvaziamento da fala.
(Para ser honesto, suspeito que também estou contaminado)
13/07/2005
DIÁRIO DE BORDO: clientes difíceis
- Ó fáxavor, atão eu tenho que pagar a placa toda só pra cortar uma prateleira?
- Sim senhor. São as regras.
- As regras? Atão e eu sou obrigado a levar o resto da placa?
- Não. Pode deixá-la ficar, mas tem que pagá-la.
- Olha lá! Logo vi. Atão eu pago-la e voceses vão-la aproveitar para fazer os sacanas dos móveis pra depois os venderem!? Tá visto!
- Não senhor. Nós vamos destruir a placa. Parti-la toda em bocadinhos pequeninos para descarregar o estresse que é lidar com clientes com o senhor.
(Ouvido na secção de corte de madeiras do Aki e contado ao Impertinências por MV)
- Sim senhor. São as regras.
- As regras? Atão e eu sou obrigado a levar o resto da placa?
- Não. Pode deixá-la ficar, mas tem que pagá-la.
- Olha lá! Logo vi. Atão eu pago-la e voceses vão-la aproveitar para fazer os sacanas dos móveis pra depois os venderem!? Tá visto!
- Não senhor. Nós vamos destruir a placa. Parti-la toda em bocadinhos pequeninos para descarregar o estresse que é lidar com clientes com o senhor.
(Ouvido na secção de corte de madeiras do Aki e contado ao Impertinências por MV)
12/07/2005
CASE STUDY: como melhorar o aproveitamento escolar sem esforço
«Mais de dois terços dos alunos do nono ano "chumbaram" na prova de Matemática», titula o Público, tranquilizando-nos logo de seguida esclarecendo que, apesar disso, «74 por cento dos alunos conseguiram "passar" à disciplina, obtendo uma nota positiva no final do ano, uma vez que o exame nacional conta apenas 25 por cento para a classificação final.»
Sabendo-se que as provas durante o ano são feitas «por medida» em cada escola e as classificações «ajeitadas» para não traumatizar os jovens, o segredo está em diminuir o peso atribuído ao exame nacional. Estou certo que se este representar apenas 10% na classificação final teremos um maravilhoso score de 90% de aprovações. No limite, se o peso do exame nacional for 1%, atingiremos o clímax e todos os alunos serão aprovados.
Exemplo de como numa prova de ciências uma escola pode melhorar o aproveitamento:
1ª pergunta: Qual a cor do sulfato de cobre azul?
2ª pergunta: Escreva a fórmula do ácido sulfúrico.
1ª resposta: amarelo - errada
2ª resposta: não sei - certa
Resultado: o aluno é aprovado com «satisfaz».
Sabendo-se que as provas durante o ano são feitas «por medida» em cada escola e as classificações «ajeitadas» para não traumatizar os jovens, o segredo está em diminuir o peso atribuído ao exame nacional. Estou certo que se este representar apenas 10% na classificação final teremos um maravilhoso score de 90% de aprovações. No limite, se o peso do exame nacional for 1%, atingiremos o clímax e todos os alunos serão aprovados.
Exemplo de como numa prova de ciências uma escola pode melhorar o aproveitamento:
1ª pergunta: Qual a cor do sulfato de cobre azul?
2ª pergunta: Escreva a fórmula do ácido sulfúrico.
1ª resposta: amarelo - errada
2ª resposta: não sei - certa
Resultado: o aluno é aprovado com «satisfaz».
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: uma comenda para o Elefante Branco
«Leitor ávido da imprensa internacional, é raro encontrar alguma notícia respeitante a Portugal que não envolva futebol. Esta encontrei hoje na edição on line do "The Times", e prova que o Mourinho não é a excepção que confirma a regra da nossa incapacidade para atingir o sucesso no mercado global. Pelos vistos, também as putas do Elefante Branco têm ultimamente conquistado o respeito de uma audiência internacional e cosmopolita.(uma corajosa proposta do meu amigo JM para condecorar certas putas, ou mais precisamente as putas certas)
Ficou-me no entanto uma dúvida: se calhar a moça nem é portuguesa... talvez brasileira, quem sabe. Que se dane - menos portuguesa que o Obikwelu não será com certeza!
E outra dúvida: como será que convenceram a VW a investir na Auto-Europa? Às tantas devemos 10% das nossas exportações às difamadas colaboradoras daquele elegante estabelecimento. Merecem, elas sim, acumular a reforma de um político (mais o subsídio de reintegração após 12 anos de devoção à causa pública) com as progressões automáticas dos professores, as férias dos juízes, e por aí adiante... e uma comenda no 10 de Junho, claro.»
11/07/2005
SERVIÇO PÚBLICO: os otários atacam de novo (1)
A inevitabilidade incontornável do novo aeroporto da Ota avaliada por quem sabe e contada no executive summary do jaquinzinhos:
«Áreas: Aeroporto de Málaga: 320 hectares, Aeroporto de Lisboa: 520 hectares.
Pistas: Aeroporto de Málaga: 1 pista, Aeroporto de Lisboa: 2 pistas.
Tráfego (2004): Aeroporto de Málaga: 12 milhões de passageiros, taxa de crescimento, 7% a 8% ao ano. Aeroporto de Lisboa: 10,7 milhões de passageiros, taxa de crescimento 4,5% ao ano.
Soluções para o aumento de capacidade:
Málaga: 1 novo terminal, investimento de 191 milhões de euros, capacidade 20 milhões de passageiros/ano. O aeroporto continua a 8 Km da cidade e continua a ter uma só pista.
Lisboa: 1 novo aeroporto, 3.000 a 5.000 milhões de euros, solução faraónica a 40Km da cidade. É o que dá sermos ricos com o dinheiro dos outros e pobres com o próprio espírito.»
DIÁRIO DE BORDO: a profecia é vaga
Purifiquei-me na fonte de Castalia, paguei o pelanon e sacrifiquei um borrego no altar de Apolo. Aproveitei duas costeletas do borrego para o almoço.
Regressado do retiro espiritual, tento interpretar a profecia revelada pela pitonisa de serviço depois de ter mastigado o louro, bebido três goles de água da fonte de Cassotis e inalado o charro. Como costume, a profecia é muito vaga.
Regressado do retiro espiritual, tento interpretar a profecia revelada pela pitonisa de serviço depois de ter mastigado o louro, bebido três goles de água da fonte de Cassotis e inalado o charro. Como costume, a profecia é muito vaga.
Pitonisa temperando o borrego
03/07/2005
DIÁRIO DE BORDO: vou fazer um retiro espiritual e volto já
Vou meditar para bem longe nas sugestões e dicas para estrangular o colector de palha para a vaca marsupial pública.
Seguindo o exemplo dos rapazes do Bloco, vou iniciar-me na desobediência civil.
Vou ali a Delfos ouvir o oráculo e já volto.
Seguindo o exemplo dos rapazes do Bloco, vou iniciar-me na desobediência civil.
Vou ali a Delfos ouvir o oráculo e já volto.
CASE STUDY: a evasão fiscal é um imperativo patriótico (n.º 0)
É verdade que rumino este manifesto há meses. Sempre fui um contribuinte cumpridor e pontual, como posso ter chegado a este ponto?
Resisti a dois aumentos do IVA, a um aumento do IRS, às notícias das reformas duplas e triplas de membros da nomenclatura do bloco central, ao anúncio da publicação da minha declaração fiscal na Internet. A minha estóica resistência veio a sucumbir a este post perverso do blasfemo RAF.
Para se perceberem os porquês, tenho que explicar que, depois de 39 anos de trabalho em várias empresas privadas (e uma que foi nacionalizada no PREC, donde me evadi logo que possível) e de 5 anos posteriores como profissional liberal, antecipei a minha reforma. Durante mais de 3/4 desse tempo fui quadro superior ou administrador das empresas para as quais trabalhei e que, nalguns casos, ajudei a fundar. Em todo esse tempo aceitei pacificamente a confiscação pela Segurança Social de mais de 1/3 dos meus salários. Não me queixei pela dedução de 18% pela antecipação da reforma. Não me queixei pela taxa global de formação não ser 88% = (39+5) x 2%, por estar limitada a 80%. Não me queixei por ter sido considerado não o último salário mas a média dos 10 melhores anos dos últimos quinze - se fosse a média de toda a carreira contributiva era pior, pensei com os meus botões. Conformei-me com o resultado final de toda a calculatória: uma pensão anual equivalente a menos de 1/4 da minha remuneração do último ano em que trabalhei numa empresa.
A seguir, para continuar a perceber-se este meu furor insano, é preciso folhear as 16 páginas dos nºs 9579 a 9594 do DR n.º 124 da 2.ª Série onde encontrarão o Aviso n.º 6358/2005 do ministério das Finanças para o qual em má hora me encaminhou com malícia o blasfemo RAF.
Na lista dos cerca de 1.000 novos utentes «aposentados e reformados» da vaca marsupial pública, que depois de descontarem durante muito menos tempo uma insignificância para a CGA, foram contemplados com uma pensão mensal igual ao último salário. Cerca de 1/6 dos «aposentados e reformados» têm uma pensão de valor superior à pensão deste vosso criado, nalguns casos mesmo muito superior.
Entre este 1/6 dos felizardos podemos encontrar:
Resisti a dois aumentos do IVA, a um aumento do IRS, às notícias das reformas duplas e triplas de membros da nomenclatura do bloco central, ao anúncio da publicação da minha declaração fiscal na Internet. A minha estóica resistência veio a sucumbir a este post perverso do blasfemo RAF.
Para se perceberem os porquês, tenho que explicar que, depois de 39 anos de trabalho em várias empresas privadas (e uma que foi nacionalizada no PREC, donde me evadi logo que possível) e de 5 anos posteriores como profissional liberal, antecipei a minha reforma. Durante mais de 3/4 desse tempo fui quadro superior ou administrador das empresas para as quais trabalhei e que, nalguns casos, ajudei a fundar. Em todo esse tempo aceitei pacificamente a confiscação pela Segurança Social de mais de 1/3 dos meus salários. Não me queixei pela dedução de 18% pela antecipação da reforma. Não me queixei pela taxa global de formação não ser 88% = (39+5) x 2%, por estar limitada a 80%. Não me queixei por ter sido considerado não o último salário mas a média dos 10 melhores anos dos últimos quinze - se fosse a média de toda a carreira contributiva era pior, pensei com os meus botões. Conformei-me com o resultado final de toda a calculatória: uma pensão anual equivalente a menos de 1/4 da minha remuneração do último ano em que trabalhei numa empresa.
A seguir, para continuar a perceber-se este meu furor insano, é preciso folhear as 16 páginas dos nºs 9579 a 9594 do DR n.º 124 da 2.ª Série onde encontrarão o Aviso n.º 6358/2005 do ministério das Finanças para o qual em má hora me encaminhou com malícia o blasfemo RAF.
Na lista dos cerca de 1.000 novos utentes «aposentados e reformados» da vaca marsupial pública, que depois de descontarem durante muito menos tempo uma insignificância para a CGA, foram contemplados com uma pensão mensal igual ao último salário. Cerca de 1/6 dos «aposentados e reformados» têm uma pensão de valor superior à pensão deste vosso criado, nalguns casos mesmo muito superior.
Entre este 1/6 dos felizardos podemos encontrar:
- 1 secretária-geral
- 1 adjunta da secretária-geral
- 8 assessores principais
- 1 tenente (*)
- 88 professores do ensino básico ou secundário
- 3 educadores de infância
- 3 enfermeiras chefes
- 4 enfermeiras graduadas
- 2 enfermeiras especialistas
- 2 assistentes hospitalares
- 2 assistentes graduados hospitalares
(*) Depois de 39 meses na tropa também fui promovido a tenente miliciano.
Chegado a este ponto, inicio aqui definitiva e irrevogavelmente uma nova série temática com sugestões e dicas para estrangular a vaca marsupial pública à míngua de palha. É o único caminho para forçar o estado napoleónico-estalinista, tratador da vaca, a emagrecer o «monstro» do doutor Cavaco ou o «Moloch» da doutora Joana. É um imperativo patriótico.
(Se alguém me quizer processar não se esqueça do post do blasfemo RAF. Foi com ele que tudo começou. Eu sou inimputável.)
02/07/2005
DIÁRIO DE BORDO: a maiêutica do aborto (10)
Depois de perguntas fáceis de resposta difícil e de perguntas difíceis de resposta fácil em (1), (2), (3), (4), (5), (6, (7), (8) e (9), perguntas difíceis de resposta difícil.
Na passada 5ª feira, o líder do PCP doutor Bernardino Soares acusou na AR o Hospital Amadora-Sintra de dar instruções ao seu pessoal para comunicar às autoridades actos que segundo a lei portuguesa podem configurar crimes.
Segundo o Público, aquele conhecido admirador da democracia da Coreia do Norte denunciou o facto do Manual do Serviço do Bloco de Partos obrigar a equipa médica e de enfermagem a «comunicar o caso ao agente da PSP no hospital ... sempre que ocorra no Núcleo de Obstetrícia um parto de feto morto, com lesões visíveis de traumatismo, suspeita de manobras abortivas ou ainda nos casos em que a utente seja admitida com feto morto no domicílio».
O hospital Amadora-Sintra apressou-se a esclarecer que aquela instrução tinha sido revogada em Março de 2004, pelo que, acrescento eu, a equipa médica e de enfermagem já não está obrigada a comunicar às autoridades actos que segundo a lei portuguesa podem configurar crimes.
Porque não adoptar o critério das declarações fiscais, que serão publicadas no site da direcção geral dos Impostos, e publicar no site do ministério da Saúde os casos de suspeita de manobras abortivas?
Na passada 5ª feira, o líder do PCP doutor Bernardino Soares acusou na AR o Hospital Amadora-Sintra de dar instruções ao seu pessoal para comunicar às autoridades actos que segundo a lei portuguesa podem configurar crimes.
Segundo o Público, aquele conhecido admirador da democracia da Coreia do Norte denunciou o facto do Manual do Serviço do Bloco de Partos obrigar a equipa médica e de enfermagem a «comunicar o caso ao agente da PSP no hospital ... sempre que ocorra no Núcleo de Obstetrícia um parto de feto morto, com lesões visíveis de traumatismo, suspeita de manobras abortivas ou ainda nos casos em que a utente seja admitida com feto morto no domicílio».
O hospital Amadora-Sintra apressou-se a esclarecer que aquela instrução tinha sido revogada em Março de 2004, pelo que, acrescento eu, a equipa médica e de enfermagem já não está obrigada a comunicar às autoridades actos que segundo a lei portuguesa podem configurar crimes.
Porque não adoptar o critério das declarações fiscais, que serão publicadas no site da direcção geral dos Impostos, e publicar no site do ministério da Saúde os casos de suspeita de manobras abortivas?
01/07/2005
BREIQUINGUE NIUZ: a impaciente sede de justiça
«Não posso de deixar de estranhar a coincidência de só agora, em plena fase de pré-campanha e decorridos que vão cinco anos sobre a instauração do processo ter sido constituído arguido», disse o doutor Isaltino de Morais justamente indignado com a morosidade da justiça.
BLOGARIDADES: a blogue-diversidade está mais pobre
Com um requintado anúncio, o barnabé informa-nos que vai fechar as portas.
Se eu fosse um fundamentalista, diria que se até a extinção dum retrovirús reduz a bio-diversidade, porque não dizer o mesmo do desaparecimento antropofágico dos barnabés.
Se eu fosse um fundamentalista, diria que se até a extinção dum retrovirús reduz a bio-diversidade, porque não dizer o mesmo do desaparecimento antropofágico dos barnabés.
TRIVIALIDADES: este governo está quase a superar o anterior
«O relatório do Banco de Portugal tem uma "gralha" no quadro das cativações da despesa do Estado que, corrigida, faz descer o défice previsto para 2005 de 6,83% para 6,72%.»
Não sendo notoriamente um dos «apoiantes ferrenhos do governo extinto», nem mesmo um simples apoiante não ferrenho, queria evitar aquela frase fatal, que tanto parece aborrecer o doutor Pacheco Pereira, mas não sou capaz: «então o sr. Presidente a estes não dissolve?»
Não sendo notoriamente um dos «apoiantes ferrenhos do governo extinto», nem mesmo um simples apoiante não ferrenho, queria evitar aquela frase fatal, que tanto parece aborrecer o doutor Pacheco Pereira, mas não sou capaz: «então o sr. Presidente a estes não dissolve?»
SERVIÇO PÚBLICO: arrancar páginas da História
O monumento Checkpoint Charlie com as suas 1.000 cruzes simboliza outras tantas mortes de fugitivos de Berlim Oriental para Berlim Ocidental, abatidos pela polícia e a tropa durante os 40 anos que durou a ocupação soviético-comunista. Cada uma das cruzes tem o nome e a foto duma vítima do socialismo real.
A câmara de Berlim, governada por uma coligação do SPD com o PDS (antigo partido comunista da Alemanha de Leste - o cérebro que comandou os dedos nos gatilhos das armas que abateram os 1.000 berlinenses), parece estar por trás da decisão de cancelar o arrendamento do Bankaktiengesellschaft, proprietário do espaço ocupado pelo museu Checkpoint Charlie.
A data inicialmente marcada para a demolição do museu, 4 de Julho, dia da independência nacional dos EU, é uma notória manobra de provocação. Perante as reacções, as autoridades municipais adiaram para as 4 horas locais da madrugada de 5 de Julho, hora em que NY se lançará o fogo de artifício comemorativo do 4 de Julho.
(Ver a história completa em Davids Medienkritik)
A câmara de Berlim, governada por uma coligação do SPD com o PDS (antigo partido comunista da Alemanha de Leste - o cérebro que comandou os dedos nos gatilhos das armas que abateram os 1.000 berlinenses), parece estar por trás da decisão de cancelar o arrendamento do Bankaktiengesellschaft, proprietário do espaço ocupado pelo museu Checkpoint Charlie.
A data inicialmente marcada para a demolição do museu, 4 de Julho, dia da independência nacional dos EU, é uma notória manobra de provocação. Perante as reacções, as autoridades municipais adiaram para as 4 horas locais da madrugada de 5 de Julho, hora em que NY se lançará o fogo de artifício comemorativo do 4 de Julho.
(Ver a história completa em Davids Medienkritik)
Uma página da história que vai ser demolida