30/11/2023

SERVIÇO PÚBLICO: A escola pública, um clássico de Filomena Mónica

Por acaso voltei a cruzar-me com este artigo de Maria Filomena Mónica no Expresso que citei há mais de dez anos. É uma visão lúcida da escola pública que não envelheceu e tem subjacente uma autópsia  do resultado de décadas de intrusão ideológica, incompetência e negligência.

A ESCOLA PÚBLICA

Acabamos sempre por voltar ao local do crime. Em 1977, terminei uma tese sobre a escola durante os primeiros anos do salazarismo. Como me aconselhou o prof. Sedas Nunes, deveria prosseguir o trabalho nesta disciplina. Por várias razões, decidi seguir outro rumo, o que não me impediu de, em diversas ocasiões, ter escrito sobre os problemas do ensino. Em abril de 1974, imaginei que, através de uma boa rede de escolas públicas, Portugal poderia eliminar as desigualdades que, desde a infância, me haviam escandalizado. Até fiz um documentário, "Nados e Criados Desiguais". Depois, fui-me apercebendo de que o sonho não era tão fácil de concretizar quanto pensara.

Tem-se falado muito nos gastos disparatados com a reconstrução de alguns liceus. Quando me sentei ao computador estava determinada a escrever sobre este tópico, mas, a meio, a minha bússola intelectual obrigou-me a mudar de rumo, levando-me a fazer uma revisão da matéria. Eis, em dez pontos, aquilo em que acredito.

1 - Não são tanto os edifícios que contam no sucesso escolar, mas os professores. Precisamos de ter, nas nossas escolas, indivíduos bem preparados, bem remunerados e sobretudo acarinhados pela comunidade.

2 - O envio de papelada para cima dos professores, que faz as delícias dos funcionários do Ministério, deve terminar, a fim de que aqueles possam ensinar em paz.

3 - Se a cultura pseudoprogressista transmitida nos cursos de Ciências de Educação continuar dominante, estaremos a formar indivíduos incapazes não só de ganhar o seu sustento mas de ter um mínimo de cultura geral.

4 - Muito do que se passa na sala de aula depende das expectativas dos docentes. Se estes olharem os filhos dos pobres como candidatos a empregos subalternos nunca deles exigirão o suficiente para que possam sair do círculo de pobreza onde estão encerrados.

5 - Nos últimos trinta anos, sacrificámos a qualidade à quantidade, do que resultou uma redução no nível de exigência dos exames. Os "netos de Rousseau" devem ser afastados, logo que possível, do GAVE (gabinete que prepara os exames).

 6 - Apesar de poderem ser um veículo de mobilidade social, as escolas têm como missão central transmitir o saber, pelo que não devem ser pensadas como uma máquina de engenharia social.

7 - À ex-secretária de Estado Ana Benavente deve ser interditada a aproximação de qualquer escola pública.

8 - A melhor forma de ajudar os filhos dos pobres é através da elaboração de bons programas, que os ensinem a ler, a pensar e a saber exprimir-se.

9 - As crianças não são naturalmente boas. Carecem, assim, por parte dos pais e dos professores, da imposição de uma certa disciplina. A concessão de demasiada liberdade leva-as a tornaram-se tiranetes.

10 - Podemos ter igualdade de resultados ou igualdade de oportunidades: não as duas. A primeira, defendida pelos esquerdistas, leva a que às crianças dotadas, provenientes de meios socialmente desfavorecidos, não lhes seja exigido tudo aquilo que podem dar. A coberto de uma ideologia bondosa está a cometer-se um crime.

29/11/2023

DIÁRIO DE BORDO: R.I.P.

Munger (à direita) com o meu capitalista favorito

Com 99 anos morreu ontem Charlie Munger, o parceiro na Berkshire Hathaway de Warren Buffett, o meu capitalista favorito, um dos homens mais ricos do mundo, de gostos simples e com uma vida frugal. Viveu décadas na mesma casa e explicou numa entrevista recente que se tivesse outro estilo de vida «I didn't think it would be good for the children», dos quais teve oito.

O que me fez lembrar Jeff Bezos, o fundador da Amazon, que mandou construir recentemente um iate que para sair do estaleiro na Holanda foi necessário desmontar uma ponte. O iate tem 127 metros e como é à vela (os mega-ricos lambem as mãos dos áctivistas ambientais) é acompanhado por um barco de apoio a diesel com uma plataforma para helicóptero.

Sobre o centro que se afunda nas sondagens, o congresso do PS-D que celebra o Estado assistencialista falhado e as coincidências da vida

O que há de comum entre o centro que se afunda nas sondagens, o congresso do PS-D e as coincidências da vida? Nada de especial, apenas o facto deste vosso escriba ter intenção de escrever sobre os dois primeiros temas e ter-se dispensado de o fazer porque lhe tiraram as palavras da boca.

Começou com uma mensagem de um amigo a propósito das sondagens com o destaque «Centro afunda-se, Chega dispara» da primeira página do Público, que me induziu a responder-lhe com poema The Second Coming de Yeats, que é citado desde há alguns anos no cabeçalho deste blogue. Tudo para mais tarde ler o editorial do mesmo Público citando o mesmo poema.


E chegamos ao congresso do PS-D (para quem consiga ler até ao fim este post, imagino ser desnecessário explicar esta minha grafia), que adiava comentar desde há dois ou três dias. Admito não ter conseguido ver integralmente o pletórico vídeo da intervenção do Dr. Montenegro, contudo, vi o suficiente para concluir que João Miguel Tavares escreveu um resumo melhor do que eu teria escrito.
«No sábado, Luís Montenegro prometeu subir o rendimento mínimo garantido dos pensionistas portugueses para 820 euros até 2028. Na segunda-feira, André Ventura prometeu subir todas as pensões até ao nível do salário mínimo. Lembram-se de 1974, quando todos os partidos de direita tiveram de arranjar nomes de esquerda para não serem acusados de fascistas? Cinquenta anos depois estamos mais ou menos na mesma: a direita está convencidíssima que só consegue ganhar eleições fingindo que é de esquerda. Vai daí, propõe ao país doses cavalares de políticas redistributivas e promete gastar ainda mais dinheiro com pensionistas do que o PS.»
E o que porventura faltaria (a referência ao crescimento económico sem o qual todas as promessas são miragens) estava escrito num post do Corta-Fitas.
«Atendendo ao último congresso do PSD, não há dúvidas: Montenegro entrou no leilão com o PS por pensionistas e salários mínimos, somando a recuperação da esquecida função publica nos últimos anos e acrescentando um prometido renascimento da esmagada classe média. Só coisas boas. Fiquei apenas surpreendido por não haver menções enfáticas ao crescimento económico que poderia permitir que estas promessas sejam realistas. Montenegro promete transformar PNS num menino de coro.»
A reforçar a ideia do mimetismo do PS-D, o comentador oficial Dr. Marques Mendes regozija-se pelo PS-D ter dado «primazia aos temas sociais. Até que enfim!» e o Dr. Miranda Sarmento, líder parlamentar do PS-D, certamente preocupado com as "contas certas", garantiu que «o complemento solidário para idosos (...) nunca colocará em causa o equilíbrio orçamental», passando ao lado da questão central que é a sustentabilidade da segurança social. 

As políticas públicas para reparar a avaria do elevador social que o sistema de ensino deveria ser, para recuperar o sistema de saúde do estado comatoso em que o PS o deixa, e para assegurar a sustentabilidade do sistema de segurança social, não dei conta que tivessem sido mencionadas pelo Dr. Montenegro.

28/11/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (93b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 93a)

Alguém se recorda do tempo em que as agências de rating conspiravam contra o governo socialista?

Em comunicado do ministério das Finanças, o Dr. Medina celebra o upgrade pela Moody’s do rating o qual «demonstra que os fundamentais da economia são robustos e confirma que Portugal conquistou um lugar entre o grupo de países com maior qualidade creditícia e maior credibilidade internacional». Longe vão os tempos em que o partido do Dr. Medina responsabilizava as agências de rating pelo aumento das taxas da dívida pública (ver a série de posts «teorias da conspiração sobre as agências de rating»).

Agora é oficial. O Dr. Medina não sabe o que é uma reforma...

Em entrevista ao jornal Eco, o Dr. Medina, tentado contrariar a ideia de que o seu governo não faz reformas, declara enfaticamente «se a baixa da dívida não é uma reforma, não sei o que é uma reforma».

… e no entanto, o seu governo fez reformas que ele por modéstia não cita

Tais como: (1) a nacionalização da TAP e da EFACEC; (2) o fim das PPP na saúde em vários hospitais que eram um modelo de gestão;(3) a transformação das escolas públicas em fábricas de analfabetos funcionais, (4) as mudanças no regime dos contratos de associação com as escolas privadas, (5) a irrelevância da habitação social reduzida ao concurso de anúncios de programas de Renda Acessível do Dr. Medina e do Dr. Pedro Nuno Santos; (6) o esvaziamento da CReSAP, criada pelo governo PSD-CDS para seleccionar dirigentes públicos com base na competência; etc. Por falar em dirigentes públicos, o governo já tem 44 em fila de espera.

No Portugal dos Pequeninos os problemas deixam de existir se os ignorarmos

A comissão que estuda a sustentabilidade do sistema de pensões adiou a entrega do relatório ao governo para depois das eleições, relatório cujas conclusões num país normal seriam importantes para suportar as propostas alternativas dos programas dos partidos. A comissão é presidida pela Dr. Mariana Trigo Pereira, que foi economista-chefe do gabinete do ministro do Trabalho e filha do Dr. Paulo Trigo Pereira, antigo deputado pelo PS – a família socialista, sempre ela.

Poderia ser coincidência? Sim, poderia 

O despacho conjunto de cinco ministérios anunciado em 25 de Setembro para “agilizar” a instalação de cabos submarinos feito à medida do para «potenciar o investimento em centros de dados» só foi publicado dois meses, no dia 22 de Novembro.

De volta ao velho normal

Passada a pandemia durante a qual os portugueses reduziram o consumo, a taxa de poupança voltou a cair 34% o ano passado e estamos assim.

Se isto é um problema em qualquer circunstância, numa economia e num Estado descapitalizados com um investimento insuficiente isto é um desastre.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

A coisa está tão complicada que é impossível escondê-la por mais tempo e a “direcção executiva” reconhece num comunicado do dia 26 que «O Serviço Nacional de Saúde (SNS) atravessa um período crítico da sua existência» e de seguida chuta para fora dizendo que o problema é mundial e que os portugueses recorrem excessivamente às urgências.

Derrapagem é o outro nome para gestão socialista de obras públicas

Ainda a procissão vai no adro e já as obras de expansão dos metros de Lisboa e Porto derraparam 750 milhões de euros.

27/11/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (93a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

O mantra da justiça costista mudou? Não. O Dr. Costa não tem mantras, tem expedientes

No início do seu consolado como líder do PS, o Dr. Costa recitava o mantra «à justiça o que é da justiça, à política o que é da política». Continuou com o mesmo mantra durante oito anos enquanto uma dúzia dos seus ajudantes no governo eram obrigados a demitir-se por suspeita de golpadas. Quando chegou a sua vez de ser abrangido por um inquérito judicial, chamou-lhe “processo-crime” e aproveitou para se demitir não invocando o mantra, mostrando que era apenas mais um expediente do seu arsenal que começou por usar para sacudir do seu capote a água do Eng. Sócrates e de seguida a água dos membros do governo demitidos.

A ética republicana ainda não chegou à procuradoria-geral da república

Quando há cinco anos Joana Marques Vidal, uma PGR que não hesitou em escarafunchar os podres das figuras de cera do regime, não teve o seu mandato renovado e em sua substituição foi escolhida a Dr. Lucília Gago, o Dr. Costa deve ter suspirado de alívio. Cinco anos depois concluiu que o suspiro foi um exagero quando se enredou a si próprio e enredou o Dr. Marcelo na sua manobra de demissão, depois de falhada a tentativa de ter chuva na eira de escapar a S. Bento e o sol no nabal de deixar lá o Dr. Centeno, tentou enredar a PGR atribuindo-lhe a responsabilidade pela sua decisão a qual lhe respondeu à letra «não me sinto naturalmente responsável, porque se trata de uma avaliação pessoal e política que foi feita».

Já se sabia que o Dr. Costa é um troca-tintas é muito hábil, para que não haja dúvidas ele confirma sempre que possível

Na conferência de imprensa do dia 11 em que anuncia a sua demissão o Dr. Costa disse que «com grande probabilidade [não exercerá] nunca mais qualquer cargo público» para logo de seguida rectificar para «qualquer cargo executivo». Guess why. No dia 20 o Dr. Costa abandona o «nunca mais» que passa a «enquanto não estiver esclarecido este assunto».

O Estado sucial é um caloteiro e coloca os “privados” a financiar o SNS

De 1.618 milhões no princípio do ano, a dívida do SNS aos “privados” cresceu até 2.322 milhões em Setembro, dos quais 635 milhões têm mais de 90 dias, aproximando-se do recorde de 2011, durante a intervenção da troika que se seguiu à falência do Estado sucial que o Eng. Sócrates deixou antes de ir estudar para Paris.

Estava escrito nas estrelas

Há três semanas prognostiquei que o Dr. Costa não deixaria de cobrar o preço do silêncio das hostes governamentais pela alegada interferência de S. Ex.ª numa cadeia de cunhas para proporcionar um tratamento caríssimo a crianças brasileiras no Hospital de Santa Maria, numa altura em que o SNS está de rastos. Avolumam-se os indícios que o assunto não morrerá tão cedo: o Público diz-nos que o inquérito em curso do MP «visa desconhecidos» e escreve com falsa inocência «se o Presidente da República viesse a ser suspeito, abertura de processo teria de ser votada no Parlamento» e no Expresso a Pluma Caprichosa escalpeliza os detalhes do processo numa página half broadsheet onde a palavra presidente surge sete vezes.

“Raramente a verdade é pura, e nunca é simples”

Pelo menos umas centenas de imigrantes que se manifestaram à frente do tribunal em Cuba pedindo a libertação das pessoas «suspeitas de integrarem uma rede que se dedicava ao tráfico de seres humanos», não colaboraram na campanha em curso para demonizar os malvados patrões que usam “mão de obra escrava” e empunharam cartazes garantindo terem boas condições de trabalho e serem bem tratados.

(Continua)

26/11/2023

NÓS VISTOS POR ELES: Por que insistem em convidá-lo? (4) - O "misterioso milagre" de Krugman explicado às criancinhas

Continuação de (1), (2) e (3)

Recordando, Paul Krugman participou na «Grande Conferência do Negócios» e classificou o desempenho económico de Portugal nos últimos anos como um «milagre económico (...) um pouco misterioso». A imprensa do regime destacou o sound bite e foi um festim de aproveitamento do bullshit que revela uma ignorância da realidade que até para o que se espera de um comentarista é excessiva.

Comecemos por comparar o milagre português com o de oito países saídos do bloco soviético que aderiram à UE mais tarde e que nos ultrapassaram na produtividade, um indicador sintético que traduz  bem o sucesso económico.


Vejamos a evolução de um conjunto de dez outros indicadores, dos quais metade tiveram uma evolução positiva e a outra metade negativa, e ainda o stock de capital do Estado cuja redução durante os governos socialistas é uma das razões para a paralisia do aparelho administrativo impossível de esconder mesmo com a cortina de fumo que o controlo dos mídia dá ao PS, paralisia de que o colapso do SNS é apenas o exemplo mais notório. Acrescente-se que foi à custa dessa redução do stock de capital do Estado que o governo conseguiu o único verdadeiro milagre para um partido socialista: continuar a redução do défice e da dívida pública vinda do governo anterior, política que ele tanto criticou e a que opôs o seu mantra «virar a página da austeridade» enquanto a continuava da pior maneira possível. 
 

Note-se também que apesar de os cinco indicadores com evolução positiva revelaram um inegável sucesso, dois deles nada ficaram a dever às políticas públicas dos governos socialistas (exportações e taxa de desemprego cuja recuperação se iniciou com o governo PSD-CDS), a redução do rácio da dívida pública deve-se significativamente ao aumento do PIB nominal pela inflação (recorde-se que em valor absoluto a dívida pública subiu 44,2 mil milhões de 235,7 mil milhões em Dezembro de 2015 para 279,9 mil milhões em Setembro de 2023). Restam por isso as emissões de gases que podemos creditar parcialmente às políticas ambientais do governo socialista e debitar pelos elevados custos da energia.

Se isto é um milagre, Paul Krugman é uma nossa senhora de Fátima saída das páginas do New York Times.

25/11/2023

Dúvidas (367) – Will Brexit happen? (XXIV) - Still a perfect example of Merton's laws

Other doubts about the consummation of Brexit (mostly in Portuguese).

Spectator

«During the Brexit campaign, much fuss was made of the news that immigration had hit 323,000 a year, making a mockery of David Cameron’s promise to reduce it to the ‘tens of thousands’. Brexiteers and Remainers alike assumed the whole point of leaving the EU and ending ‘free movement’ was to reduce arrivals. The consensus was that about 130,000 a year was right. We now take that amount of people roughly every ten weeks.» (Spectator)

Once again, the truth and the facts end up exposing the lies, unfortunately at a high cost. One after another, the various lies and distortions were revealed and the result of the "liberation" of the United Kingdom from the European yoke is so far: increasing immigration, massive deficits, a sharply increasing public debt and... the lowest forecasted growth in the next two years, from all OECD countries.

24/11/2023

Pro memoria (432) - Um CV resumido do Dr. Pedro Nuno

«Pedro Nuno Santos é um político profissional, sem curriculum profissional, e, como o próprio confessou, com um percurso com erros e cicatrizes. Há 12 anos o jovem Pedro Nuno Santos propunha não pagar a dívida pública e que, segundo ele, poria os credores alemães e franceses com as pernas a tremer. Colaborou com o primeiro-ministro na tomada do “controlo” da TAP em que os privados ficavam com a gestão executiva, o que revela bem a falta de preparação neste tipo de transacções de empresas.

Foi o autor moral da intervenção do Estado na TAP, que implicou assumir a dívida e os riscos de uma empresa insolvente, pagar ao investidor estrangeiro cerca de 50 milhões de euros por uma participação cujo valor seria, naquela data, negativo, e dizer que o outro accionista privado seria reduzido a pó, como se veio a verificar…

Foi o pai do plano de recuperação da TAP, que envolveu medidas inéditas e vedadas aos empresários privados, que consistiram em cortes significativos dos salários e um despedimento colectivo (anulado pelos tribunais, por ilegalidade) e que culminou com um aporte de capitais públicos de 3.200 milhões de euros.

Cometeu um erro de percepção política quando anunciou, sem cobertura do primeiro-ministro e do Conselho de Ministros, a nova localização do(s) aeroporto(s) de Lisboa, o que conduziu a uma das maiores humilhações e vexame políticos da nossa democracia. Nem assim se demitiu…

Não contente com tal humilhação, a arrogância, conjugada com ignorância, decidiu passar a gerir a TAP via WhatsApp, num informalismo e impreparação profissional postos a nu na comissão parlamentar de inquérito à TAP.

Relembro apenas dois episódios dessa gestão: a autorização do despedimento e pagamento da indemnização milionária à administradora Alexandra Reis, que primeiro negou e depois se lembrou, e a cobertura ao seu secretário de Estado para alterar um voo para agradar a Sua Excelência o Senhor Presidente da República em detrimento de centenas de passageiros. Tais erros ou cicatrizes levaram inelutavelmente ao pedido da sua demissão.

No referido discurso aos seus apoiantes (entre os quais despontava o Ministro da Educação ou o Presidente da Câmara Municipal de Gaia, condenado por peculato e perda do seu mandato), acusa despudoradamente a direita de ter cortado as pensões e os investimentos na escola pública e no SNS e de se aliar no futuro ao Chega, partida racista e xenófobo.

Se não fosse para rir era mesmo para chorar. Esqueceu-se que esses cortes foram negociados e acordados entre o então primeiro-ministro Sócrates com a troika e a conjuntura económica que a isso a respectiva governação conduziu.

Numa entrevista no mesmo dia para a SIC, não escondeu que se for necessária uma aliança com a extrema-esquerda (apoiante de Putin, contra a NATO e com posições anti-semitas) para tomar de assalto o poder não hesitaria.

Finalmente, decretou que nos próximos quatro meses não se falaria do processo judicial de tráfico de influências que abalou o nosso sistema político. Infelizmente a realidade lhe ditará que muita água correrá sobre esse leito, pois não é fácil esquecer que o Chefe de Gabinete tinha espalhado dinheiro vivo na residência oficial do primeiro-ministro, que o ex-melhor amigo do primeiro-ministro está indiciado por tráfico de influências e que existem escutas comprometedoras do primeiro-ministro.
»

Diogo Horta Osório no Jornal Económico

23/11/2023

Os equívocos do Programa "Mais Habitação", ou como tentar administrar uma medicação sem saber qual é a doença (10) - A "habitação social" a cargo dos senhorios

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8) e (9)

No post anterior escrevi que em Portugal quem tem promovido compulsivamente a "habitação social" são os senhorios a quem são impostos congelamentos de rendas.

Isso é visível quando se sabe que «a renda média dos contratos celebrados entre 2017 e 2021, que representam a maioria do mercado português, era de 440 euros. Já nos contratos celebrados até 1990 a renda média era de 137 euros». (fonte) Admitindo que a tipologia das habitações dos contratos antigos e a dos novos não seja muito diferente, estes números significam que os senhorios estão em média a subsidiar a "habitação social" à razão de cerca de 300 euros mensais por contrato.

Por coincidência, o IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana) publicou há dias o Relatório sobre o Arrendamento Habitacional em Portugal onde estimou o custo anual de compensar os senhorios pelo diferencial de rendas em 653 milhões. 

A este contributo dos senhorios para a "habitação social" em substituição do Estado sucial nos arrendamentos antigos, devemos acrescentar no caso dos novos arrendamentos as limitações compulsivas da actualização a 2% em 2023 que se aplicam a cerca de 900 mil contratos, o que significa uma ajuda compulsiva dos senhorios superior a 200 milhões por ano que se manterão para o futuro. Grosso modo, estamos a falar de quase mil milhões de euros que os senhorios desembolsam pela "habitação social".

22/11/2023

NÓS VISTOS POR ELES: Por que insistem em convidá-lo? (3) - À quarta vez foi de vez

Continuação de (1) e (2)

Em Fevereiro de 2012, no auge da «austeridade» resultante do programa de resgate negociado pelo PS e executado pelo governo PSD-CDS, luminárias académicas socialistas e outras resolveram doutorar honoris causa Paul Krugman, o prémio Nobel da Economia que já foi economista no passado e hoje é um comentador do NYT, na esperança de obter a sua bênção para as soluções alternativas estatistas e dirigistas que inspiravam as suas políticas,

Nessa altura o tiro saiu pela culatra e Krugman acabou a dizer: «eu realmente tenho dificuldade em dar conselho ao Governo português [na época o governo PSD-CDS]. Aliás, detesto dizê-lo, mas não faria as coisas de forma muito diferente daquilo que está a ser feito agora.»

De novo, em Dezembro de 2015 nas vésperas do Dr. Costa ser entronizado primeiro-ministro, Krugman foi convidado a pretexto da homenagem a Silva Lopes, e disse coisas inconvenientes  como: o aumento do salário mínimo em Portugal é «problemático» dada a baixa produtividade, ao contrário da Grécia, o país não ficou numa «situação tão desesperada», e, cúmulo do desaforo, que «o novo Governo não pode fazer muito diferente do anterior» e «deve focar-se no investimento». O novo governo PS não só foi contrariado nas suas teses como fez exactamente o contrário de «focar-se no investimento» ao reduzi-lo em detrimento da despesa pública para manter as «contas certas», o mantra do Dr. Costa para se distanciar do seu antecessor Animal Feroz que arruinou as contas públicas.

Ainda uma outra vez, em Abril de 2016 voltaram a convidar Krugman e ele disse «Portugal? Não é um desastre completo, é só muito mau» e deixou quatro recados assim resumidos pelo director do Expresso: «1) a margem de manobra para o país é muito escassa; 2) o Governo faz bem em aproveitar essa margem para aliviar a austeridade e diminuir a dor social; 3) não estamos em posição de lançar um programa de estímulo orçamental; 4) a nossa recuperação passa sobretudo por mudanças nas políticas alemãs.» O governo reagiu naturalmente com mixed feelings a estes recados.

Da quarta e última vez, Krugman veio a Portugal para participar na «Grande Conferência do Negócios» e disse várias coisas das quais a imprensa do regime destacou o sound bite do desempenho português nos últimos anos ser  um «milagre económico» o que, confessou, «é um pouco misterioso». Desta vez foi, por assim dizer, o triunfo da persistência porque o bullshit de uma vedeta do comentário económico que não se deu ao incómodo de se informar fully and thoroughly sobre o objecto do seu comentário foi algo que o governo terá escutado com gosto. 

Um bullshit que não resiste a uma análise mesmo superficial do que tem sido a evolução da economia portuguesa dos últimos 8 anos, ultrapassada um a um pelos países vítimas do colapso do império soviético, economia em que persistem, e nalguns casos se agravam, todos os handicaps de sempre como a baixa produtividade, a descapitalização e a inevitável falta de competitividade, que se tem aguentado à tona à força de subsídios e de um turismo conjuntural que nada deve às políticas do governo socialista.

21/11/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (92b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 92a)

Até um elefante branco pode apresentar lucro desde que lá se torrem os milhões suficientes

O presidente da CP celebra os resultados positivos que espera apresentar este ano. O presidente da TAP fará o mesmo em breve.

Os resultados positivos nas empresas públicas são sempre muito celebrados por boas e más razões. As boas razões é que são tão raros que podemos colocá-los na categoria dos milagres. As más razões é que para os elefantes brancos públicos apresentaram lucros de umas dezenas de milhões é indispensável que a tutela lhes injecte muitas centenas de milhões extorquidos aos contribuintes (quase sete mil milhões no caso dos dois citados).

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

Face ao desastre das urgências dos hospitais, o que faz o director das urgências do hospital de Santa Maria, o maior do país? Apela aos “utentes” (o nome adequado seria “carentes”) para que só vão às urgências «se precisarem», o que pressupõe que eles muitas vezes vão lá só para passar o tempo. E também recomenda que falem primeiro com o Saúde 24 ou INEM o que é uma boa sugestão visto que os utentes que a sigam deixarão de ir às urgências durante alguns dias, enquanto aguardam que alguém atenda do telefone.

A geringonça prepara-se para ressuscitar depois do falecimento da Passarola de Costa

E até já tem um programa: «derrotar a direita», diz o Dr. Pedro Nuno, ecoa a Dr.ª Mariana, e o Dr. Paulo diz que «é o momento de intensificar a luta», com vista a derrotar a direita, evidentemente.

O Dr. Costa foi ao banco levantar o cheque, vai-se embora e deixa bazuca encravada

O relatório da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR concluiu que em 86 medidas, só um terço estão em linha com o previsto, das restantes quase metade precisa de atenção especial, 17 estão em estado preocupante e 3 em situação crítica. (fonte)

O Dr. Galamba passou ao Dr. Costa a pasta que havia recebido do Dr. Pedro Nuno

Demitido o Dr. Galamba, já em estado de avançada decomposição, o Dr. Costa assumiu o ministério das Infraestruturas o que não deixa de ser uma solução natural dada a sua familiarização com os dossiês do lítio e do centro de dados. Infelizmente para ele já não poderá contar com a assessoria do seu melhor amigo nem a daquele senhor dos envelopes com notas no gabinete.

Entre os vários desastres deixados pelo Dr. Pedro Nuno e herdados pelo Dr. Galamba agora demitido, e agora assumidos pelo Dr. Costa, destacam-se as obras públicas, que tiveram a maior derrapagem desde 2006 com os trabalhos adicionais a atingirem 168 milhões e o Ferrovia 2020 cujos projectos tem um atraso total de quase 30 mil dias.

Em conclusão, o Dr. Pedro Nuno pode ter um enorme talento para derrotar a direita (não tem) mas é um zero à esquerda como governante.

E se o pântano de que o Dr. Costa está a fugir estiver já no horizonte?

É só um detalhe, as exportações de bens estão em queda há seis meses consecutivos. A coisa por agora vai-se compondo à custa do turismo.

20/11/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (92a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

Uma república dos bananas…

Que outra república poderia ser uma república cujo presidente, um professor de direito que se considera e é considerado como um profundo conhecedor da Constituição, dissolve a prazo o parlamento, a pretexto da suposta necessidade de aprovação pelo parlamento dissolvido de um orçamento apresentado por um governo cujo primeiro-ministro se demitiu, garantindo não ter feito nada de censurável. Garantia, a ser verdade, num político “habilidoso” indiferente às dezenas de escândalos de que resultaram demissões de membros dos seus governos deixa implícito que está a aproveitar o pretexto para se pôr ao fresco. Primeiro-ministro que tentou ser substituído pelo governador do banco central, que ele próprio nomeou e que havia sido seu ministro precisamente com a tutela do banco central, governador que anunciou a um jornal internacional o convite, atribuindo-o ao presidente, sendo de seguida por este desmentido e obrigado a retratar-se. Governador que poucos dias depois deste vergonhoso episódio evocou um poema para se considerar um livre-pensador. Orçamento que será aprovado exclusivamente pelo partido do governo e será executado por um outro governo, eventualmente constituído por partidos da oposição ao governo que apresentou o orçamento.

… num país de bananas

Que outro país poderia ser um país em que os mídia e a comentadoria do regime discutem apaixonadamente para gáudio dos cidadãos se são ou não crimes as trafulhices, as trapalhadas, o tráfico de influência, os conflitos de interesses e tudo o mais que seria suficiente num país civilizado para um governo se ter há muito demitido em bloco.

Sem se dar conta o Dr. Costa reconheceu a sua incompetência para governar…

Quando na sua comunicação do dia 12 o Dr. Costa tentou limpar a sua folha e a dos seus ajudantes justificando que a “agilização” dos processos de licenciamento para não «desperdiçar oportunidades estratégicas» nos casos do centro de dados e do lítio, ele estava a reconhecer, sem se dar conta, que o seu governo substituiu a reforma do quadro legislativo aplicável ao licenciamento, uma espécie de “simplex” do investimento, pela trafulhice, sua e dos seus ministros.

Por falar em «oportunidades estratégicas» o que acrescentam à economia portuguesa pavilhões imensos com equipamentos (servidores de dados) importados, que consomem imensas quantidades de energia produzida por imensos painéis solares importados para armazenar dados da Google e de outros operadores?

… e o seu putativo herdeiro Dr. Medina, ministro das Finanças, faz dos contribuintes mais parvos do que são

«Todo o OE2024 está construído na aposta no investimento» disse a criatura em entrevista ao jornal Eco, sabendo os governos socialistas desde 2015 até ao final de 2023 deixaram de investir 6,5 mil milhões de euros orçamentados e que o investimento público orçamentado para 2024 é apenas 3,3% do PIB ou 7,5% da despesa pública.

(Continua)

19/11/2023

Setting minds on fire to bring out the worst in them


«We will drive out the globalists, we will cast out the communists, Marxists, fascists. We will throw off the sick political class that hates our country … On Veterans Day, we pledge to you that we will root out the communists, Marxists, fascists and the radical left thugs that live like vermin within the confines of our country, that lie and steal and cheat on elections and will do anything possible … legally or illegally to destroy America and to destroy the American dream.

(...) the threat from outside forces is far less sinister, dangerous and grave than the threat from within. Our threat is from within. Because if you have a capable, competent, smart, tough leader, Russia, China, North Korea, they’re not going to want to play with us.»


Mr. Trump in his Veterans Day speech a week ago in Claremont N.H.

18/11/2023

Os equívocos do Programa "Mais Habitação", ou como tentar administrar uma medicação sem saber qual é a doença (9) - "Trancas à porta"

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7) e (8)

Há vários meses que venho publicando posts mal amanhados tentando fazer alguma luz sobre este tema contaminado por ideias feitas e agitprop, principalmente socialista e berloquista. Se esta edição da Aletheia já tivesse sido publicada há mais tempo ter-me-ia poupado tempo.

Em benefício de quem não tenha lido este trabalho de uma equipa do IL liderada por Carlos Guimarães Pinto, faço um curto resumo das principais conclusões acrescentando alguns comentários.

Esse resumo é sobretudo centrado no diagnóstico, que foi a óptica dos oito posts anteriores e não nas soluções, porque para administrar uma medicação é preciso primeiro saber qual é a doença.

  • O aumento dos preços da habitação verificou-se em toda a UE, mas menos nos países do Sul, com excepção de Portugal;
  • Em Portugal os preços têm aumentado especialmente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e no Algarve;
  • O impacto da procura dos não residentes que representa cerca de 6% (metade da Espanha) e a dos vistos gold é ainda menor (cerca de 3%) não pode explicar o magnitude do aumento, além de que essa procura concentra-se no segmento alto;
  • O alojamento local só tem alguma expressão no Algarve e nas cidade de Lisboa e Porto e em muitos casos resultou da recuperação de casas degradadas. Comentário pessoal: suspeito que o clamor à volta do alojamento local resulta principalmente de afectar zonas residenciais preferidas pela militância esquerdista;
  • As taxas de juros historicamente mais baixas de sempre com a preferência esmagadora pela opção de taxas variáveis tornaram as mensalidades do crédito à habitação mais baixas do que a renda de aluguer de uma habitação equivalente potenciando assim um aumento da compra de habitação em detrimento do arrendamento;
  • Essa procura crescente não foi acompanhada pelo aumento das novas construções. Pelo contrário, na última década foram construídas menos 700 mil casas do que a média das 3 décadas anteriores;
  • Indisponibilidade artificial de terrenos aptos para a construção e processos de licenciamento burocráticos são obstáculos que contribuem para limitar as novas construções. Comentário pessoal: a descapitalização da economia portuguesa é sem dúvida outro obstáculo;   
  • Os imóveis vagos não contribuíram para o aumento dos preços porque quando estes aumentaram o seu número diminui e a maioria dos imóveis vagos estão no interior onde existe um excedente de casas e não estão nas zonas urbanas onde a procura mais aumentou;
  • Em suma, «Portugal tem casas onde não há empregos e concentra empregos onde não há casas»;
  • A habitação social promovida pelo Estado tem um peso mais reduzido em Portugal, mas pode não resolver o problema dos preços, como mostram os exemplos dos Países Baixos e da Áustria; 
  • Em Portugal quem tem promovido compulsivamente a "habitação social" são os senhorios a quem são impostos congelamentos de rendas;
  • A construção de habitação pelo Estado não resolverá o problema quando se sabe que para suprir as 700 mil casas construídas a menos na última década o PRR tem como objectivo a construção de 32 mil. 

17/11/2023

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (205) - Começo a suspeitar que esse silêncio se deve à escassez de gente honrada


«Qualquer outro partido que fizesse metade, um terço destas patifarias e trapalhices, já teria sido engolido vivo. O Partido Socialista, o seu corpus e a sua ideologia esparsa e difusa, tanto é de esquerda como de centro como não é nada a não ser a favor da sobrevivência política e pessoal, possui uma resistência aos escândalos e desaires que os outros partidos não têm. António Costa é o perfeito exemplar deste estado de coisas. Passos Coelho foi crucificado por muito menos. O PS sobreviveu ao escândalo da Casa Pia, a única vez que correu perigo sério e em que atiraram a matar para destruir o partido e seus dirigentes, sobreviveu à demissão de Guterres, e fuga, sobreviveu ao escândalo de Sócrates, único na história de democracia portuguesa, sobreviveu aos erros e horrores da pandemia (que não foi o sucesso imputado a Costa, que a certa altura estava mais interessado em trazer para Portugal um campeonato de futebol do que no confinamento, chamando a isto um “prémio” aos médicos e trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde — a mais asinina frase da democracia portuguesa) e sobreviveu aos escândalos deste Governo. Pedrógão, Tancos, negócios corruptos da Defesa, o transfronteiriço de outro nomeado de Costa com cadáveres no armário, e as guerras com os professores e os médicos. Fora o resto. A pouco e pouco, por inércia, incompetência e arrogância do Governo, vimos esboroarem-se o SNS e a educação pública.

Ora nada disto faz parar o PS para pensar. O PS julga-se o único partido competente e inteligente para governar a pátria, e acha-se o destinatário de um direito divino. O PS comporta-se como uma monarquia, com famílias reais, uma aristocracia que não renuncia aos privilégios, uma corte de serventes e serviçais, e direitos dinásticos. O mote real é “Habituem-se!”. A insígnia é “contra tudo e contra todos”.

São socialistas e basta, o título sugere uma supremacia moral. Este PS não aceita pactos de regime, usa a direita ou a esquerda conforme lhe convém para se manter à tona. E acha-se a única garantia contra o Chega e a ameaça corporizada em André Ventura. Na verdade, usa Ventura como o papão da democracia, tal como usara Passos Coelho como o papão da austeridade e da justiça social.

Com o mestre da sobrevivência António Costa, todas estas características se acentuaram, agravadas pelo facto de o pessoal político se ter desqualificado. A aristocracia dos tempos da fundação era agora um corpo de videirinhos e trepadores sociais, com raras exceções. A prova disto é que em Portugal a única coisa que se discute é dinheiro, ou a falta dele.»

Um fraco rei, Clara Ferreira Alves

16/11/2023

O próximo primeiro-ministro do Portugal dos Pequeninos poderá ser um admirador encartado do Animal Feroz

Embora não pareça, o Dr. Pedro Nuno quando fez aquele discurso apologético já havia saído da adolescência. A admiração recíproca é comovente e diz tanto sobre ele como sobre o Eng. José Sócrates. Algum tempo mais tarde, já depois deste último ter ido estudar para Paris, o Dr. Pedro Nuno produziu em Novembro de 2011, em Castelo de Paiva, um discurso inflamado onde vituperou os bancos alemães nestes termos épicos:  

“Estou marimbando-me para os bancos alemães que nos emprestaram dinheiro nas condições em que nos emprestaram. Estou marimbando-me que nos chamem irresponsáveis. Nós temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e dos franceses. Ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos a dívida” e se o fizermos “as pernas dos banqueiros alemães até tremem”.

Dirão que isto é história, ou, melhor, estória, mas para quem está atento ao estado, andamento e possível evolução da ecoanomia e das finanças do Portugal dos Pequeninos, não é improvável que o Dr. Pedro Nuno venha a ter de novo oportunidade de fazer a mesma voz grossa a Bruxelas que substituirá os banqueiros alemães. Apenas com um quid: para nessa altura engrossar a voz o Dr. Pedro Nuno estará no Rato, mas não em S. Bento. Em S. Bento ele faria como o Dr. Costa e perguntaria: «já posso ir ao banco».

Ditosa pátria que tais filhos teve!

15/11/2023

Mitos (331) - A ideologia e os preconceitos distorcem o retrato dos imigrantes

«(...) uma semana depois da OCDE ter publicado o seu “International Migration Outlook 2023”, pareceu-me oportuno revisitar o tema na imigração em Portugal. (...)

Também Portugal recebeu em 2021 94 000 novos imigrantes de longo prazo ou permanentes, mais 11% do que em 2020. Brasil, Índia e Bélgica foram as três principais nacionalidades de recém-chegados. Os residentes não nacionais representam agora cerca de 11 % da população.

3 – Não obstante estes valores record, a situação dos imigrantes no mercado de trabalho melhorou. Entre 2021 e 2022, a taxa de emprego dos migrantes melhorou em todos os países da OCDE, exceto na Polónia – que teve elevados fluxos de refugiados da Ucrânia – e atingiu o nível mais elevado alguma vez registado, em toda a OCDE. Em mais de metade dos países da OCDE, a taxa de emprego dos migrantes é a mais elevada em mais de duas décadas. Os aumentos registados tanto na nova migração laboral como na taxa de emprego dos migrantes residentes estão ligados ao facto de muitos países da OCDE estarem enfrentando escassez de mão de obra.

Estes bons resultados verificam-se também em Portugal onde a taxa de emprego é 77,8%, 6 pontos percentuais acima do valor para nacionais. A ideia de que os imigrantes parasitam os portugueses e os seus sistemas de apoio social parece, assim, não encontrar suporte nos dados.

4 – Uma dimensão importante da integração dos migrantes nas sociedades de acolhimento é o seu nível de escolaridade. Em 2020, 35,6% dos migrantes adultos (com idades compreendidas entre os 25 e os 54 anos) que nasceram noutro Estado-Membro da UE tinham um nível de ensino superior. Esta taxa foi mais baixa para os migrantes que nasceram fora da UE (29,6%). Em contrapartida, a percentagem da população com formação superior que vivia no Estado-Membro onde nasceu era de 36,7%.

Em Portugal a situação é diversa: 51% dos imigrantes oriundos da UE e 34,8% dos oriundos fora da EU, têm educação terciária completa. Estes valores contrastam com os 28,2% dos nacionais com mais de 25 anos que completaram o ensino superior.

5 – Concluindo, os imigrantes permanentes para Portugal são em média mais bem qualificados que os residentes e têm uma participação superior no mercado de trabalho. A maioria (47,6%) dos portugueses que emigra também tem formação superior. Não sei se o influxo imigratório compensa estas saídas (suspeito que não), mas a delapidação do stock de capital humano nacional seria ainda maior se não existisse imigração.»

Um retrato dos imigrantes, José Ferreira Machado

14/11/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (91b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 91a)

Eu diria mesmo mais

Como já foi escrito, vou apenas citar
 
«Ao governo, disse António Costa, não cabe criar regras gerais e abstractas que sejam eficientes e defendam o interesse público, garantindo que a administração pública as aplica com respeito pela transparência e igualdade de todos perante a lei, ao governo cabe, quando entenda que está em causa o interesse nacional, resolver as complicações que essas regras gerais e abstractas possam criar nos casos concretos.» (Henrique Pereira dos Santos)

«A causa da crise não foi social, nem económica, muito menos internacional. Foi o mau governo. O bem e o mal andam de braço dado! O que parecia um bom governo era feito de maus ministros. Em certos casos, gente vaidosa e prepotente. Noutros, medíocres fantasmas.» (António Barreto)

Os amigos são conforme as ocasiões

Do ponto de vista do carácter do Dr. Costa, o momento mais revelador nesta saga da Operação Influencer foi o abandono cínico do seu “melhor amigo de sempre” Dr. Lacerda Machado, que há duas décadas o vem servindo, e do Dr. Escária, um operacional reciclado do socratismo que tem usado para pequenas manobras.

O Dr. Centeno que já se sabia ter perdido o tino, sabe-se agora que pode ser mentiroso (ou então o Dr. Marcelo comeu outra Vichyssoise)

O Dr. Costa tentou endrominar o Dr. Marcelo, impingindo-lhe como primeiro-ministro substituto o Dr. Centeno que ficou tão excitado que não se conteve e confidenciou ao Financial Times (possivelmente o jornal financeiro internacional mais importante do planeta) que tinha sido convidado pelo Dr. Marcelo. O Dr. Marcelo negou formalmente o convite, negação que convirá interpretar cum grano salis tratando-se da personagem da Vichyssoise no famoso jantar que nunca existiu e do Cristo que desceu à terra. Seja como for, o certo é que o Dr. Centeno se viu compelido a negar o que havia afirmado e a ficar sujeito ao parecer da Comissão de Ética do Banco de Portugal que o enviará ao BCE. Pode ser mais outro fim de outra carreira promissora.

Choque ferroviário da Boa Nova com a realidade. Um descaramento sem limites

De um sujeito como o Dr. Galamba deve esperar-se tudo, como por exemplo dizer em relação à ferrovia «não avançar com projetos em curso ou adiá-los será atrasar o país em várias décadas», ferrovia em que o atraso total nos troços é já de quase 30 mil dias.

Todo um programa “cultural” numa só frase

Um ministro competente e responsável diria que no seu sector os objectos alcançados ou as realizações num certo período foram estas ou aquelas. O que não diria, como disse o ministro da Cultura Dr. Adão e Silva (é só um), e quase todos os outros ministros socialistas no seu lugar diriam coisa parecida, é que a despesa na “cultura” cresceu 175% desde 2015.

Esqueçam as tretas da falta de habitação resultar do alojamento local e dos estrangeiros

Fonte

As 200 mil dormidas da Web Summit ficam um poucochinho caras

A Web Summit espera 70 mil participantes, um número inferior ao de 2019 (77 mil), o que significa que dos 11 milhões por ano garantidos ao Paddy que os contribuintes desembolsam, cada participante custa cerca de 160 euros aos quais teremos de adicionar todos os custos de realização suportados directamente pelo governo e pela câmara de Lisboa que são uns bons milhões. É claro que, além das dormidas, dizem os crentes, temos os impactos “intangíveis”.

13/11/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (91a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

A corrupção é um dos resultados de um Estado pesado ocupado por uma clique de neosituacionistas

Não foi por acaso que as maiores erupções de corrupção se deram com os governos socialistas em duas épocas em que o dinheiro dos contribuintes europeus foi derramado com o Eng. Sócrates e está a sê-lo de novo com o Dr. Costa numa economia pouco competitiva, atrofiada por uma espessa e hermética regulação e cavalgada por uma legião de apparatchiks. É precisamente a receita ideal para a proliferação de pelotões de lobistas, influenciadores, facilitadores que vendem serviços de “agilização”.

Dr. Centeno, um pau para toda a obra

Até mesmo neste Reino de Pacheco de maus costumes, redundâncias e bem-pensâncias, é demasiada falta de princípios uma criatura caída de paraquedas de ministro da tutela para um lugar no Banco de Portugal por si tutelado, instituição que deveria estar imunizada da influência política, lugar que tem usado como megafone para expor as suas ambições, ter-se voluntariado para substituir o seu ex-chefe demissionário como primeiro-ministro de um governo a que pertenceu e o nomeou para esse lugar.

O orçamento que o Dr. Costa nos deixa

Despesas públicas que crescem de 42,6% do PIB este ano para 44,5% (se a o PIB crescer o que o governo prevê) no próximo, enquanto o investimento público é apenas 3,3% do PIB, se o governo o executar o que não tem acontecido na maioria dos anos de governos do Dr. Costa. As prestações sociais representam 40% e os gastos com os mais de 740 mil funcionários representam 24% e no conjunto pensionistas e funcionários, que constituem o eleitorado natural do Partido do Estado, como o baptizou Medina Carreira, são-lhes destinados 2/3 da despesa. A despesa do SNS aumenta 10% em relação a 2023, depois de ter subido mais de 70% desde que o Dr. Costa chegou a S. Bento o que lhe dá razão quando ele diz que a degradação (ele chama-lhe “os problemas”) do SNS não se deve à falta de dinheiro, mas à falta de competência de gestão, o que ele não diz.

O cativador que nos tem cativo

Quando há três meses o Dr. Medina anunciou o fim das cativações no próximo ano, esqueceu-se de nos dizer que este ano até Agosto ainda mantinha mais de metade das cativações.

A Hidra de SEF, como a de Lerna, tem sete cabeças

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) que o segundo governo do Dr. Costa anunciou ir extinguir, em alternativa a apurar responsabilidades pela má gestão e arbitrariedades que culminaram com o homicídio de um imigrante ucraniano, foi agora extinto depois de 2 anos de hibernação. No seu lugar foram criados a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) e a Unidade de Coordenação de Fronteiras e Estrangeiros (UCFE) e outras funções foram transferidas para a PSP, a GNR e a PJ, o Instituto dos Registos e Notariado (IRN), o Sistema de Segurança Interna (SIS) e as autarquias.

(Continua)

12/11/2023

A fábrica de canudos encrenca ainda mais o encrencado elevador social

Expresso - Caderno de Economia

O título do Expresso é o exemplo quase perfeito da confusão que no Portugal dos Pequeninos em geral e na imprensa do regime em particular se faz entre a emissão de diplomas e a qualificação dos seus detentores. Esta confusão é um caso particular da confusão mais geral que infecta a mente das luminárias domésticas que quase sem excepções (Vasco Pulido Valente é a única que me ocorre) acreditam que do aumento do número de graduados decorre o desenvolvimento de um país, ignorando que, se puder estabelecer-se uma relação causal, será precisamente a inversa.  

Por coincidência, pouco depois de ler a peça do Expresso, li uma outra de Carina João Reis, directora da associação Insignare, no Nascer do Sol que incluía um diagrama que ilustra uma das razões porque temos uma mão-de-obra pouco qualificada com uma produtividade muito inferior à média da UE apesar da pletora de graduados que inclui dois grandes grupos, a saber: as vítimas do programa socrático Novas Oportunidades que em pouco anos aviou diplomas do secundário para centenas de milhar de estudantes chumbados ou desistentes em anos anteriores e outras centenas de milhar de licenciados em ogias que na melhor hipótese trabalham na restauração, na intermédia foram incorporados no exército de apparatchiks administrativos do Estado sucial e na pior estão desempregados - não por acaso, os jovens até aos 34 anos saídos da fábrica de canudos nas últimas duas décadas representam quase metade dos desempregados.

11/11/2023

A pesada herança do Dr. Costa e dos seus governos

«António Costa demite-se do Governo e deixa:

A maior carga fiscal de sempre: 36,4% do PIB

A maior dívida pública de sempre: 276 mil milhões de euros

O maior número de portugueses sem médico de família de sempre: 1,7 milhões de portugueses

42,5% dos portugueses em risco de pobreza antes de transferências sociais

O menor número de processos findos nos tribunais portugueses desde 1985: 524 mil (com exceção de 2020, ano de maior impacto da pandemia) 

O ano de menor acesso dos cidadãos à justiça desde 1979: 484 mil processos entrados nos tribunais portugueses

O pior mês da história do Serviço Nacional de Saúde, nas palavras do próprio Governo

583 mil utentes em lista de espera para consultas

235 mil inscritos em lista de espera para cirurgias

32% dos utentes a serem atendidos para lá do tempo recomendado

Médicos e enfermeiros em guerra

Professores e auxiliares em guerra

Forças Armadas em processo de falência e com níveis operacionais em risco

Crise total na habitação, impossibilidade de os portugueses conseguirem casa para morar´

A própria Economia a começar a definhar, o último trimestre já foi de contração

Esta é uma fotografia real, com dados oficiais, de alguns dos mais importantes indicadores da sociedade que somos

É neste quadro que António Costa se demite.»

Inventário recebido via WhatsApp

10/11/2023

Nanny state is back in a new incarnation, in Britain and elsewhere

 «Labour wants three- to five-year-olds to have tooth-brushing lessons. Under a Labour government, a crackdown on vaping is coming, with bans on some flavours and rules on advertising likely. Although a proposed junk-food advertising ban has been pushed back by the Tories, it will be enthusiastically approved by a future Labour government. Outside Westminster, people want to go further. Sir Tony Blair’s well-funded think-tank, which has the ear of Labour’s leaders, lobbies loud and hard for a tax on junk food itself. In a political pincer movement, so does George Osborne, a former Conservative chancellor.

(...) politicians now see the nanny state as a necessity, rather than a nice-to-have. The old nanny state was paternalistic, protecting people from themselves. In the new nanny state, policy is aimed at protecting the state from the people.

Cigarettes are to be banned because smokers heap pressure on the NHS, says Mr Sunak. Toddler teeth must be brushed because tooth decay can land children in hospital, which costs taxpayers money, says Mr Streeting. “You can’t run a modern health-care system where people are going to live much longer unless they take some responsibility,” says Sir Tony. This is a mentality best exemplified by a sign spotted in Devon: “Cyclists. Exton Village. NOT Racetrack. For NHS sake. Slow down!”

For politicians, the new nanny state still retains all its old attractions. Governing is often hard. Railways come in late and over budget; pandemics and wars disrupt plans. In contrast, banning things is easy. A single piece of legislation can sweep a product from shelves or whack up the price of an unhealthy snack. It is also cheap. Neither party has much fiscal leeway. A policy with a low price tag is a valuable thing.

And whereas most politicians have to watch as successors unpick their hard work, bans are rarely undone. New Labour’s public smoking ban was controversial when it was introduced in 2007. Sir Tony fretted that working-class voters would desert the party (he waited until he was almost out of office to introduce it). Although some MPS worried, the majority of voters supported it from the off. Banning cigarettes means Mr Sunak will have at least one lasting policy from his (probably brief) tenure.

This intoxicating mix of ease, price and instant legacy means even libertine politicians become statist in power. For years Boris Johnson, a former editor of the Spectator, took aim at the fusspot nature of New Labour. It was the inalienable right of an Englishman to stuff his face with chocolate, crisps and cheese if he so chose. “Face it: it’s all your own fat fault”, ran one of his columns in 2004. But once in power, it was Mr Johnson who pushed an anti-obesity scheme that would ban daytime advertising of junk food. Outside a few columnists and the occasional Tory mp, there are few libertarians in British politics.

Intrusion in one area can lead to intrusion elsewhere. Despite the wishes of Sir Tony and many public-health academics, neither party will touch junk-food taxes while inflation remains high. Whether that will hold once inflation is tamed is another matter. Steep taxes on unhealthy food appear reasonable when compared with, say, straight prohibition of tobacco. And although few lobby for an outright ban on certain foods now, not many were pushing for a ban on cigarette sales until recently.

Expectations of the state have increased dramatically since 2020. It is not enough for it to fend off invaders and protect personal property. Nor is the post-war welfare state, with health care and welfare on tap, sufficient. Both parties now pledge comprehensive free child care. Each promises to protect elderly voters from the cost of social care. Voters benefited from gigantic energy subsidies when gas prices shot up in 2022. Theresa May, a former prime minister, once complained that voters think their own rainy-day funds must not be touched, even on rainy days. Whatever the problem, she despaired, voters now expect the state to step in.

Politicians are quietly turning this expectation into a quid pro quo: if voters want more from the state, the state will want more from voters. People have to pay more for public services, for one thing. Taxes have risen, and will keep rising as long as people’s demands increase. The Conservatives have managed this stealthily, by letting inflation push people into higher tax brackets. This alone will bring in about £40bn ($49bn; 2% of GDP) annually by the end of the decade—enough to build a leg of HS2 each year.

But it also means the state will intrude more into the lives of voters, in a bid to keep a lid on the cost of the services they demand. Compared with lockdowns, even sweeping measures seem small bore. Banning cigarettes seems less invasive than when the government briefly made it illegal to meet friends in your garden, all in the name of keeping the NHS running. That principle is now the norm. In the new nanny state, everyone is a public servant.»

The rise of Britain’s new nanny state

09/11/2023

DIÁRIO DE BORDO: Uma demissão que parece uma fuga, como a do seu antecessor e patrono


O Dr. Costa saiu primeiro-ministro de umas eleições que perdeu, aliou-se a partidos não democráticos montado numa geringonça, governou mal durante quase oito anos, foi complacente com a corrupção e a incompetência dos membros do seu governo, para dizer o menos, ou foi cúmplice para dizer o mais. Não fez uma única reforma, adoptou políticas públicas que acentuaram a dependência económica e política do país face a Bruxelas e a dependência dos cidadãos face ao Estado sucial, políticas desastrosas que desacreditaram o sistema público de ensino e o tornaram inútil como instrumento de mobilidade social e transformaram o SNS num sistema de saúde ineficaz, ineficiente e caro a que só pobres recorrem por falta de alternativa. Como se não bastasse, essas políticas comprometeram a convergência económica com a UE, cujos países mais pobres nos ultrapassaram ou estão em vias de conseguir.

Qualquer uma destas falhas, chamemos-lhe assim, seria razão suficiente para se ter demitido. Fazê-lo agora a pretexto de um inquérito parece, mais do que qualquer outra coisa, uma fuga do "pântano", como a do seu patrono Eng. Guterres, com o qual disputará o lugar do pior primeiro-ministro desde Dona Maria II.

08/11/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (90c)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 90a e 90b)

"Flagrante de Lítio"

Este post já estava escrito quando foi conhecida a renúncia do Dr. Costa por estar a ser investigado em inquérito do Supremo Tribunal de Justiça, tema que por falta de tempo fica adiado para a próxima edição do Semanário de Bordo da Nau Catrineta, nau que com toda a probabilidade já não será comandada pelo Dr. Costa, ainda que não seja de excluir que continuará a navegar no caminho para o socialismo.

A investigação pode ter acabado com a carreira política do Dr. Costa porque desta vez a coisa passou a fronteira, como exemplifica a circunspecta The Economist, onde rarissimamente se escreve sobre Portugal dos Pequeninos, que ontem poucas horas depois de conhecida a renúncia publicou uma peça em que considera «on November 7th his good fortune came to an abrupt end» e termina com um panegírico que parece ter sido escrito pelo agitprop do PS: «under Mr Costa, Portugal had become a European success story. The country’s strong economic growth and booming tourism and tech sectors have turned it from a European backwater into a magnet for investors, and it has won praise for progressive health and social-welfare policies.» (o mundo não é perfeito e até numa revista de excelência se escreve bullshit).

Boas Novas

No decurso do debate parlamentar do OE2024 não faltaram as boas novas, porj exemplo:

17 mil habitações para renda acessível - após seis anos resultaram dos programas de Renda Acessível do Dr. Pedro Nuno 771-contratos-771 contratos, ou seja, 0,084% dos 921 mil arrendamentos em Portugal;

A almofada de liquidez Estado terá reforço de 30% em 2024 - isto será suficiente para uns 25 dias de despesa pública (no governo PSD-CDS a almofada chegou a atingir quase 50 dias).

Boa Nova das camas para estudantes antes e depois do choque com a realidade
  • Fevereiro de 2022 - governo anuncia que PRR financia 15 mil camas de residências estudantis até 2026;
  • Setembro de 2022 – governo anuncia 26 mil camas para estudantes do ensino superior até 2026;
  • Setembro de 2022 - Governo prometeu criar 12 mil camas em residências universitárias entre 2019 e 2022 e reabilitou de 873 e criou 1027;
  • Novembro de 2023 - Governo que 10 meses lançou 139 camas diz que nos 2 meses que restam até ao fim do ano lançará 933.
As 200 mil dormidas da Web Summit ficam um poucochinho caras

Depois da imbecilidade do Paddy, a Web Summit ficou em risco, com grande preocupação de luminárias como os Drs. Marcelo, Costa e Moedas, que esperavam com ansiedade os abraços do Paddy no palco do Altice Arena, pelos quais os contribuintes pagarão 11 milhões por ano até 2028, quer haja ou não abraços. 

Ah, já me esquecia teremos resmas de oradores entre os quais os Drs. Costa e Moedas, na qualidade de promotores, e Miss Morena Baccarin, bela actriz brasileira, «passionate advocate for the protection and empowerment of women and girls», que só por ela valerá o preço do bilhete.

De volta ao velho normal

Até Outubro foram vendidos quase 200 mil veículos novos, mais cerca de 30% do que no mesmo período do ano passado o que consolida o honroso 14.º lugar de Portugal na taxa de motorização da UE. Porque será que isto me faz lembrar os anos que precederam o resgate?

Se devemos ao Dr. Costa o “bom momento da economia”, a quem devemos os maus momentos

Em resultado da queda de 8,8% das exportações de bens no 3.º trimestre o PIB diminuiu 0,2% (a quarta maior queda na UE) em relação ao trimestre anterior e em termos homólogos o crescimento no trimestre caiu para 1,9%.

Saberão eles o que estão a fazer?

Segundo a ministra adjunta que tutela a AIMA que substitui o SEF, esta agência irá «lançar uma megaoperação de recuperação de pendências até ao fim de Março», da qual resultará a legalização de 600 mil imigrantes. A pergunta é retórica, é claro que não sabem.