[Outros efeitos: I, II, III, e ainda este e este]
Pelo menos desde este post de Fevereiro de 2008, venho desmontando a conversa da clique de Sócrates que escreveu no programa do seu primeiro governo «Portugal deve ter como objectivo recuperar, nos próximos quatro anos, os cerca de 150.000 postos de trabalho perdidos na última legislatura» (*) e quando por volta do 2.º ano começa a desconfiar que nunca iria atingir esse objectivo, reformula a posteriori o objectivo de «recuperar» para «criar 150.000 postos de trabalho», o que até uma cavalgadura percebe ser um objectivo completamente diferente e alcançável destruindo ao mesmo tempo 550.000 postos de trabalho e, consequentemente, reduzindo o emprego em 400.000, aproximadamente o que aconteceu.
Recordei esta saga ao ver o vídeo publicado por João Miranda no Blasfémias onde José Sócrates por volta de 2005, muito longe de perceber as consequências perversas das suas acções sobre as suas promessas, garante «queremos recuperar os 150.000 empregos que se perderam nestes últimos 3 anos».
(*) Programa de XVII Governo (CAPÍTULO I UMA ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO PARA A PRÓXIMA DÉCADA, I. VOLTAR A ACREDITAR, 1. Uma estratégia mobilizadora para mudar Portugal, página 8
29/05/2011
SERVIÇO PÚBLICO: O robô e a máquina de propaganda
O robô e a máquina de propaganda
«Muitas vezes fala-se da 'máquina de propaganda' do Governo socialista. Mas nunca houve uma tentativa séria de investigar como funciona, que métodos utiliza, quantas pessoas envolve, quem a dirige, etc.
Vou dizer o que sei.
Essa máquina desdobra-se por várias frentes. Tem uma espécie de redacção central, que funciona como a redacção de um jornal, cuja missão é fazer constantemente contra-propaganda. Dispõe de um blogue chamado Câmara Corporativa (http://corporacoes.blogspot.com) e está permanentemente atenta a tudo o que se publica, desmentindo as notícias consideradas negativas para o Governo.
Além disso, critica artigos de opinião publicados nos jornais, rebatendo os argumentos e, por vezes, ridicularizando ou desacreditando os seus autores.
Mobiliza pessoas para intervir nos fóruns tipo TSF que hoje existem em todas as estações de rádio e TV.
Selecciona na imprensa internacional notícias, artigos ou entrevistas favoráveis ao governo português e põe-nos a circular entre jornalistas e colunistas ‘amigos’.
Outra vertente são as relações com jornalistas. Há uma rede de jornalistas 'amigos' e a coisa funciona assim: um assessor fala com um jornalista amigo e dá-lhe determinada informação. Chama-se a isto 'plantar uma notícia' - e todos os Governos o fazem. Só que, uma vez a notícia publicada, às vezes com pouco destaque, os assessores telefonam a outros jornalistas e sopram-lhes: «Viste aquela notícia no sítio tal? Olha que é verdade! E é importante!». E assim a notícia é amplificada, conseguindo-se um efeito de confirmação.
Umas vezes as notícias plantadas são verdadeiras, outras vezes são falsas. O Expresso, por exemplo, chegou a publicar em semanas consecutivas uma coisa e o seu contrário. Significativamente, o que estava em causa era Teixeira dos Santos, que o PS queria queimar.
E constata-se que as notícias desagradáveis para a oposição têm mais eco do que outras. Veja-se a repercussão que teve uma carta de António Capucho publicada no SOL, que era um documento interessante mas não tinha a relevância que acabou por ter. A máquina de propaganda amplifica as notícias que interessam ao Governo.
Em seguida, os comentadores colocados pelo PS nos vários programas de debate que hoje enxameiam as televisões repetem os argumentos convenientes. José Lello, Sérgio Sousa Pinto, Emídio Rangel, Francisco Assis, etc., repetem à saciedade, às vezes como papagaios, as mesmas ideias. E mesmo António Costa, na Quadratura do Círculo, um programa de características diferentes, não foge à regra: nunca o vi fazer uma crítica directa a Sócrates. Mas vi-o fazer uma crítica brutal a Teixeira dos Santos, na tal altura em que começou a cair em desgraça.
As únicas situações em que as coisas fugiram do controlo da máquina socrática foram os casos Freeport e Face Oculta. Só que aí era impossível abafá-los. E para os combater foram lançadas contra-campanhas, como expliquei noutros artigos. E houve pessoas que pagaram por isso.
A par das relações com os jornalistas, que se processam diariamente, há outro aspecto decisivo que passa pelo controlo dos principais meios.
A tentativa de comprar a TVI falhou, mas José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes foram afastados e a orientação editorial da estação mudou. José Manuel Fernandes foi afastado do Público, e a orientação do jornal também mudou. Medina Carreira foi afastado da SIC. O SOL foi alvo de uma tentativa de asfixia. E estes são apenas os casos mais conhecidos.
Por outro lado, o Governo soube cultivar boas relações com os patrões dos grandes grupos de media - a Controlinvest, a Cofina e a Impresa -, também como consequência das crises financeiras em que estes se viram mergulhados.
Podemos assim constatar que, das três estações de TV generalistas, nenhuma hoje é hostil ao Governo. A RTP do Estado, a TVI - que era muito crítica - foi apaziguada, a SIC tem-se vindo a aproximar do Executivo. Ora isto é anormal na Europa. Em quase todos os países há estações próximas da esquerda, há estações próximas da direita, há estações próximas do Governo, há estações próximas da oposição. Em Portugal é diferente.
Ainda no plano da contra-propaganda, já falei noutras alturas da técnica do boomerang. Como funciona? Quando alguém da oposição (regra geral, o líder do PSD) diz qualquer coisa passível de exploração negativa, toda a máquina se põe a mexer para usar essa ideia como arma de arremesso contra quem a proferiu.
Passos Coelho diz que quer mudar certas regras na Saúde - e logo Francisco Assis, Silva Pereira, Vieira da Silva, Jorge Lacão ou Santos Silva, os gendarmes de serviço, vêm gritar: «O PSD quer acabar com o Serviço Nacional de Saúde!». Passos Coelho diz qualquer coisa sobre as escolas públicas e as privadas - e lá vêm os mesmos dizer: «O PSD quer acabar com o ensino público gratuito!». Passos Coelho diz que quer certificar as 'Novas Oportunidades' - e os mesmos repetem: «O PSD ofendeu 500 mil portugueses!». E, no final, todos dizem em coro: «O PSD quer acabar com o Estado Social!».
Passos Coelho não soube lidar com isto de início. E, perante estes ataques, acabou muitas vezes por bater em retirada. Propôs uma revisão constitucional e recuou. Outras vezes explicou-se em demasia. E com isso deu uma ideia de impreparação e falta de convicção, que só recentemente conseguiu corrigir.
Mas a máquina não fica por aqui. Tem muitas outras frentes de combate. Os assessores do primeiro-ministro organizam dossiês para cada ministro, dizendo-lhes como devem reagir perante o que diariamente é publicado na imprensa. Assim, bem cedo pela manhã, um assessor telefona a um ministro, faz-lhe uma resenha da imprensa e diz-lhe o que ele deve responder a esta e àquela pergunta.
Claro que há ministros que não aceitam este paternalismo. Que querem ter liberdade para responder pela sua cabeça. Mas esses ficam logo marcados. Admito que Luís Amado não aceite recados, estou certo de que Campos e Cunha não os aceitou, Freitas do Amaral também não. Mas a maioria dos outros aceitou-os ou aceita-os, até para tranquilidade própria: assim têm a certeza de não cometer gaffes e não desagradar ao primeiro-ministro.
E já não falo nos boys colocados em todos os Ministérios e em todas as administrações das empresas públicas e que funcionam como correias de transmissão da opinião do Governo. Rui Pedro Soares é o caso mais conhecido. Mas obviamente não é o único. Eles estão por toda a parte. Muitas vezes nem têm posições de grande relevo. Mas o facto de se saber que são os porta-vozes do poder confere-lhes importância acrescida, porque as pessoas receiam-nos.
Como resultado de tudo isto, muita gente, mesmo dentro do PS, tem medo. Evita falar. No congresso socialista, que mais parecia um encontro da IURD, vimos pessoas respeitáveis participar alegremente na farsa sem um gesto de distanciação. Chegou a meter dó ver António Costa, António Vitorino, o próprio Almeida Santos, envolvidos naquela encenação patética.
Quem dirigirá esta poderosa e bem oleada da máquina de propaganda e contra-propaganda?
Haverá certamente um núcleo duro ao qual não serão alheios aqueles que dão a cara nos momentos difíceis: Francisco Assis, Jorge Lacão e os três Silvas: Vieira da Silva, Augusto Santos Silva e Pedro Silva Pereira.
Há quem fale numa personagem misteriosa, sibilina, que não gosta dos holofotes e dá pelo nome de Luís Bernardo. Actualmente é assessor de Sócrates, antes foi assessor de Carrilho na Cultura. Pedro Norton número 2 da Impresa e seu amigo, diz é «o homem mais inteligente que conhece».
Acontece que uma máquina pode ser muito boa, pode estar muito oleada, pode funcionar na perfeição, mas tem sempre um ponto fraco: depende em última análise da performance de um homem.
Durante anos essa performance foi quase perfeita - por isso chamei a Sócrates um robô político. Ora esse robô, agora, começou a falhar. E a derrota televisiva perante Passos Coelho pode ter posto em causa toda a engrenagem. O robô engasgou-se, exaltou-se, esteve à beira de colapsar.
E quando isso acontece não há não há máquina de propaganda que valha.»
José António Saraiva, na Tabu do jornal SOL
[Não revelando exactamente novidades, pelo menos para quem atentamente acompanhe a comunicação social, este artigo traça um retrato da máquina impressionante de manipulação montada por José Sócrates. À escala da nossa habitual incompetência e preguiça e da nossa dimensão microscópica, não é exagero considerá-la um paradigma de agitprop numa sociedade democrática, ainda que a democracia seja asmática. Que tenha sido possível manter esta máquina a funcionar na perfeição, sem que a esmagadora maioria dos portugueses sequer suspeitasse, exigiu a cumplicidade activa e passiva de muitos jornalistas, a infestação da mídia com jornalistas de causas, na melhor hipótese, e com gente sem escrúpulos disposta a tudo, na pior, e um clima de dependência económica dos mídia ao governo, directa através do aparelho socialista ou indirecta através da teia de interesses do que aqui temos chamado complexo político-empresarial socialista. É mais uma razão, a adicionar à devastação económica e social e à decomposição ética que a clique socrática nos trouxe para a sua derrota constituir um imperativo patriótico.]
«Muitas vezes fala-se da 'máquina de propaganda' do Governo socialista. Mas nunca houve uma tentativa séria de investigar como funciona, que métodos utiliza, quantas pessoas envolve, quem a dirige, etc.
Vou dizer o que sei.
Essa máquina desdobra-se por várias frentes. Tem uma espécie de redacção central, que funciona como a redacção de um jornal, cuja missão é fazer constantemente contra-propaganda. Dispõe de um blogue chamado Câmara Corporativa (http://corporacoes.blogspot.com) e está permanentemente atenta a tudo o que se publica, desmentindo as notícias consideradas negativas para o Governo.
Além disso, critica artigos de opinião publicados nos jornais, rebatendo os argumentos e, por vezes, ridicularizando ou desacreditando os seus autores.
Mobiliza pessoas para intervir nos fóruns tipo TSF que hoje existem em todas as estações de rádio e TV.
Selecciona na imprensa internacional notícias, artigos ou entrevistas favoráveis ao governo português e põe-nos a circular entre jornalistas e colunistas ‘amigos’.
A máquina do governo dispõe de uma redacção que ataca os artigos e os colunistas considerados hostis.É por esta última razão que vemos às vezes opiniões publicadas em obscuros órgãos de comunicação estrangeiros citadas em Portugal por diversas pessoas como importantes argumentos.
Outra vertente são as relações com jornalistas. Há uma rede de jornalistas 'amigos' e a coisa funciona assim: um assessor fala com um jornalista amigo e dá-lhe determinada informação. Chama-se a isto 'plantar uma notícia' - e todos os Governos o fazem. Só que, uma vez a notícia publicada, às vezes com pouco destaque, os assessores telefonam a outros jornalistas e sopram-lhes: «Viste aquela notícia no sítio tal? Olha que é verdade! E é importante!». E assim a notícia é amplificada, conseguindo-se um efeito de confirmação.
Umas vezes as notícias plantadas são verdadeiras, outras vezes são falsas. O Expresso, por exemplo, chegou a publicar em semanas consecutivas uma coisa e o seu contrário. Significativamente, o que estava em causa era Teixeira dos Santos, que o PS queria queimar.
E constata-se que as notícias desagradáveis para a oposição têm mais eco do que outras. Veja-se a repercussão que teve uma carta de António Capucho publicada no SOL, que era um documento interessante mas não tinha a relevância que acabou por ter. A máquina de propaganda amplifica as notícias que interessam ao Governo.
Em seguida, os comentadores colocados pelo PS nos vários programas de debate que hoje enxameiam as televisões repetem os argumentos convenientes. José Lello, Sérgio Sousa Pinto, Emídio Rangel, Francisco Assis, etc., repetem à saciedade, às vezes como papagaios, as mesmas ideias. E mesmo António Costa, na Quadratura do Círculo, um programa de características diferentes, não foge à regra: nunca o vi fazer uma crítica directa a Sócrates. Mas vi-o fazer uma crítica brutal a Teixeira dos Santos, na tal altura em que começou a cair em desgraça.
As únicas situações em que as coisas fugiram do controlo da máquina socrática foram os casos Freeport e Face Oculta. Só que aí era impossível abafá-los. E para os combater foram lançadas contra-campanhas, como expliquei noutros artigos. E houve pessoas que pagaram por isso.
A par das relações com os jornalistas, que se processam diariamente, há outro aspecto decisivo que passa pelo controlo dos principais meios.
A tentativa de comprar a TVI falhou, mas José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes foram afastados e a orientação editorial da estação mudou. José Manuel Fernandes foi afastado do Público, e a orientação do jornal também mudou. Medina Carreira foi afastado da SIC. O SOL foi alvo de uma tentativa de asfixia. E estes são apenas os casos mais conhecidos.
Por outro lado, o Governo soube cultivar boas relações com os patrões dos grandes grupos de media - a Controlinvest, a Cofina e a Impresa -, também como consequência das crises financeiras em que estes se viram mergulhados.
Podemos assim constatar que, das três estações de TV generalistas, nenhuma hoje é hostil ao Governo. A RTP do Estado, a TVI - que era muito crítica - foi apaziguada, a SIC tem-se vindo a aproximar do Executivo. Ora isto é anormal na Europa. Em quase todos os países há estações próximas da esquerda, há estações próximas da direita, há estações próximas do Governo, há estações próximas da oposição. Em Portugal é diferente.
Ainda no plano da contra-propaganda, já falei noutras alturas da técnica do boomerang. Como funciona? Quando alguém da oposição (regra geral, o líder do PSD) diz qualquer coisa passível de exploração negativa, toda a máquina se põe a mexer para usar essa ideia como arma de arremesso contra quem a proferiu.
Passos Coelho diz que quer mudar certas regras na Saúde - e logo Francisco Assis, Silva Pereira, Vieira da Silva, Jorge Lacão ou Santos Silva, os gendarmes de serviço, vêm gritar: «O PSD quer acabar com o Serviço Nacional de Saúde!». Passos Coelho diz qualquer coisa sobre as escolas públicas e as privadas - e lá vêm os mesmos dizer: «O PSD quer acabar com o ensino público gratuito!». Passos Coelho diz que quer certificar as 'Novas Oportunidades' - e os mesmos repetem: «O PSD ofendeu 500 mil portugueses!». E, no final, todos dizem em coro: «O PSD quer acabar com o Estado Social!».
Passos Coelho não soube lidar com isto de início. E, perante estes ataques, acabou muitas vezes por bater em retirada. Propôs uma revisão constitucional e recuou. Outras vezes explicou-se em demasia. E com isso deu uma ideia de impreparação e falta de convicção, que só recentemente conseguiu corrigir.
Mas a máquina não fica por aqui. Tem muitas outras frentes de combate. Os assessores do primeiro-ministro organizam dossiês para cada ministro, dizendo-lhes como devem reagir perante o que diariamente é publicado na imprensa. Assim, bem cedo pela manhã, um assessor telefona a um ministro, faz-lhe uma resenha da imprensa e diz-lhe o que ele deve responder a esta e àquela pergunta.
Claro que há ministros que não aceitam este paternalismo. Que querem ter liberdade para responder pela sua cabeça. Mas esses ficam logo marcados. Admito que Luís Amado não aceite recados, estou certo de que Campos e Cunha não os aceitou, Freitas do Amaral também não. Mas a maioria dos outros aceitou-os ou aceita-os, até para tranquilidade própria: assim têm a certeza de não cometer gaffes e não desagradar ao primeiro-ministro.
E já não falo nos boys colocados em todos os Ministérios e em todas as administrações das empresas públicas e que funcionam como correias de transmissão da opinião do Governo. Rui Pedro Soares é o caso mais conhecido. Mas obviamente não é o único. Eles estão por toda a parte. Muitas vezes nem têm posições de grande relevo. Mas o facto de se saber que são os porta-vozes do poder confere-lhes importância acrescida, porque as pessoas receiam-nos.
Como resultado de tudo isto, muita gente, mesmo dentro do PS, tem medo. Evita falar. No congresso socialista, que mais parecia um encontro da IURD, vimos pessoas respeitáveis participar alegremente na farsa sem um gesto de distanciação. Chegou a meter dó ver António Costa, António Vitorino, o próprio Almeida Santos, envolvidos naquela encenação patética.
Há boys colocados nas empresas e organismos públicos que nem têm posições de destaque, mas têm muito poder - porque veiculam a opinião do Governo.Que foi produzida como uma superprodução, com sofisticados meios audiovisuais. Quando Sócrates começou a proferir a primeira das três últimas frases do seu último discurso, uma música 'heróica' começou a ouvir-se baixinho. E foi subindo, subindo de tom - e quando Sócrates acabou de falar a música estoirou, as luzes brilharam, não sei se houve fogo preso mas podia ter havido, choveram flores, foi a apoteose.
Quem dirigirá esta poderosa e bem oleada da máquina de propaganda e contra-propaganda?
Haverá certamente um núcleo duro ao qual não serão alheios aqueles que dão a cara nos momentos difíceis: Francisco Assis, Jorge Lacão e os três Silvas: Vieira da Silva, Augusto Santos Silva e Pedro Silva Pereira.
Há quem fale numa personagem misteriosa, sibilina, que não gosta dos holofotes e dá pelo nome de Luís Bernardo. Actualmente é assessor de Sócrates, antes foi assessor de Carrilho na Cultura. Pedro Norton número 2 da Impresa e seu amigo, diz é «o homem mais inteligente que conhece».
Acontece que uma máquina pode ser muito boa, pode estar muito oleada, pode funcionar na perfeição, mas tem sempre um ponto fraco: depende em última análise da performance de um homem.
Durante anos essa performance foi quase perfeita - por isso chamei a Sócrates um robô político. Ora esse robô, agora, começou a falhar. E a derrota televisiva perante Passos Coelho pode ter posto em causa toda a engrenagem. O robô engasgou-se, exaltou-se, esteve à beira de colapsar.
E quando isso acontece não há não há máquina de propaganda que valha.»
José António Saraiva, na Tabu do jornal SOL
[Não revelando exactamente novidades, pelo menos para quem atentamente acompanhe a comunicação social, este artigo traça um retrato da máquina impressionante de manipulação montada por José Sócrates. À escala da nossa habitual incompetência e preguiça e da nossa dimensão microscópica, não é exagero considerá-la um paradigma de agitprop numa sociedade democrática, ainda que a democracia seja asmática. Que tenha sido possível manter esta máquina a funcionar na perfeição, sem que a esmagadora maioria dos portugueses sequer suspeitasse, exigiu a cumplicidade activa e passiva de muitos jornalistas, a infestação da mídia com jornalistas de causas, na melhor hipótese, e com gente sem escrúpulos disposta a tudo, na pior, e um clima de dependência económica dos mídia ao governo, directa através do aparelho socialista ou indirecta através da teia de interesses do que aqui temos chamado complexo político-empresarial socialista. É mais uma razão, a adicionar à devastação económica e social e à decomposição ética que a clique socrática nos trouxe para a sua derrota constituir um imperativo patriótico.]
28/05/2011
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Os 200 palhaços que vão à televisão falar de economia
Há quase 7 anos, numa noite inspirada, durante um debate com Oliveira Martins, nos «Negócios da Semana» na SIC Notícias, João César das Neves disse a seguinte frase lapidar:
Sem tempo para desenterrar as dezenas de gráficos que durante esses mesmos anos se reproduziram no (Im)pertinências em centenas de posts sobre o caminho para a insolvência visivelmente percorrido pelo menos desde os finais dos anos 90, socorro-me de uns quantos anteontem publicados por Alvaro Santos Pereira no seu post Verdadeiro legado deste governo.
Pergunto-me, seria necessário um génio económico-financeiro para explicar aos palhaços que foram à televisão falar de economia onde desembocaria o caminho que estava a ser percorrido?
Pergunto-me, com excepção de Medina Carreira, em geral, e de João Ferreira do Amaral, em particular quanto às consequências da pertença à Zona Euro, quantos desses palhaços avisaram a turba ignara do que a esperava se o país não mudasse de vida? Nenhum, que me lembre. E quantos desses palhaços, ao contrário, não trombetearam nas orelhas da turba ignara os amanhãs que iriam cantar? Muitos, se bem me lembro.
Os palhaços que durante todos estes anos foram à televisão falar de economia, passaram ao lado da crise financeira de 2007 para a qual, segundo eles, Portugal estaria imunizado e continuaram a assobiar para o lado. Para ouvir os primeiros balbúcios dos mais atentos à necessidade de mudar de comboio na altura própria, foi preciso esperar pela derrota do PS nas eleições europeias de 2009. Ainda assim, desde então e até há poucos meses, para maioria deles o problema era a crise «mundial», as agências de rating, os especuladores, os alemães, e até, para os mais desavergonhados, a oposição.
É por isso que é justo premiar Medina Carreira e João Ferreira do Amaral com afonsos. É igualmente justo premiar os palhaços que perceberam mas não tiveram tomates com urracas, os palhaços que perceberam e acharam que o problema não era deles com pilatos, os palhaços que não perceberam com chateaubriands, os palhaços que perceberam bem demais e não arriscaram as sinecuras com ignóbeis e com bourbons quase todos eles, porque nada aprendem e nada esquecem.
«A economia depende dos dez milhões de portugueses e não dos duzentos palhaços que vão à televisão falar de economia»Por essa frase, César das Neves levou na altura três afonsos pelo que o caso com ele está arrumado. Quem ficou por premiar foram os duzentos palhaços que durante todos estes anos foram à televisão falar de economia.
Sem tempo para desenterrar as dezenas de gráficos que durante esses mesmos anos se reproduziram no (Im)pertinências em centenas de posts sobre o caminho para a insolvência visivelmente percorrido pelo menos desde os finais dos anos 90, socorro-me de uns quantos anteontem publicados por Alvaro Santos Pereira no seu post Verdadeiro legado deste governo.
Pergunto-me, seria necessário um génio económico-financeiro para explicar aos palhaços que foram à televisão falar de economia onde desembocaria o caminho que estava a ser percorrido?
Pergunto-me, com excepção de Medina Carreira, em geral, e de João Ferreira do Amaral, em particular quanto às consequências da pertença à Zona Euro, quantos desses palhaços avisaram a turba ignara do que a esperava se o país não mudasse de vida? Nenhum, que me lembre. E quantos desses palhaços, ao contrário, não trombetearam nas orelhas da turba ignara os amanhãs que iriam cantar? Muitos, se bem me lembro.
Os palhaços que durante todos estes anos foram à televisão falar de economia, passaram ao lado da crise financeira de 2007 para a qual, segundo eles, Portugal estaria imunizado e continuaram a assobiar para o lado. Para ouvir os primeiros balbúcios dos mais atentos à necessidade de mudar de comboio na altura própria, foi preciso esperar pela derrota do PS nas eleições europeias de 2009. Ainda assim, desde então e até há poucos meses, para maioria deles o problema era a crise «mundial», as agências de rating, os especuladores, os alemães, e até, para os mais desavergonhados, a oposição.
É por isso que é justo premiar Medina Carreira e João Ferreira do Amaral com afonsos. É igualmente justo premiar os palhaços que perceberam mas não tiveram tomates com urracas, os palhaços que perceberam e acharam que o problema não era deles com pilatos, os palhaços que não perceberam com chateaubriands, os palhaços que perceberam bem demais e não arriscaram as sinecuras com ignóbeis e com bourbons quase todos eles, porque nada aprendem e nada esquecem.
27/05/2011
Frases que valem por um programa
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: O oráculo da rua de S. Caetano à Lapa
Secção Still crazy after all these years
«Neste momento, o cenário de o PS ganhar as eleições é um cenário que tem uma probabilidade, a meu ver, de 10%» profetizou o comentador professor doutor Marcelo, na sua encarnação de oráculo da rua de S. Caetano.
Leva 5 bourbons por não conseguir deixar de ser ele próprio e 4 chateaubriands por se convencer das suas profecias.
«Neste momento, o cenário de o PS ganhar as eleições é um cenário que tem uma probabilidade, a meu ver, de 10%» profetizou o comentador professor doutor Marcelo, na sua encarnação de oráculo da rua de S. Caetano.
Leva 5 bourbons por não conseguir deixar de ser ele próprio e 4 chateaubriands por se convencer das suas profecias.
Lost in translation (105) – se o PS perder, deixamos cair o querido líder e corremos para o albergue espanhol, queria ele dizer
«Acho que José Sócrates, se não ganhar as eleições, vai ser difícil de segurar, mesmo como líder de partido. Eu tentarei de tudo, mas vai ser difícil. Ele próprio há-de querer fazer tudo para simplificar uma solução nacional», disse Almeida Santos, preparando o terreno para a bendita «solução nacional» capaz de segurar pelo menos uma parte das sinecuras dos novos situacionistas.
26/05/2011
Lost in translation (104) – Rigor? Já fizemos engenharia orçamental no passado. Voltaremos a fazê-lo no futuro, queria ele dizer (XXV)
[Mais engenharias orçamentais: pesquisa Google]
Como se não fosse suficientemente vergonhosa a desmistificação pela outrora colaborante mídia (sempre em movimento para não perder comboios), como aqui no Económico ou aqui no Negócios online, dos auto-elogios do governo na execução orçamental, também a imprensa internacional (WSJ) se associa à festa e cita o relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) para concluir que a alegada melhoria das contas se ficou a dever à irregularidade no pagamento de juros e, sobretudo, ao empurrar de despesas por pagar que aumentaram mais de 200 milhões.
É claro que a credibilidade do governo português já atingiu mínimos que devem ter ultrapassado os do governo grego anterior da Nova Democracia de Konstantinos Karamanlis que falsificou as contas durante 10 anos. Mas isso não parece afectar o terço de portugueses devotos, cuja fé no senhor engenheiro parece inabalável.
Como se não fosse suficientemente vergonhosa a desmistificação pela outrora colaborante mídia (sempre em movimento para não perder comboios), como aqui no Económico ou aqui no Negócios online, dos auto-elogios do governo na execução orçamental, também a imprensa internacional (WSJ) se associa à festa e cita o relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) para concluir que a alegada melhoria das contas se ficou a dever à irregularidade no pagamento de juros e, sobretudo, ao empurrar de despesas por pagar que aumentaram mais de 200 milhões.
É claro que a credibilidade do governo português já atingiu mínimos que devem ter ultrapassado os do governo grego anterior da Nova Democracia de Konstantinos Karamanlis que falsificou as contas durante 10 anos. Mas isso não parece afectar o terço de portugueses devotos, cuja fé no senhor engenheiro parece inabalável.
A atracção fatal entre a banca do regime e o poder (10) - Les bons esprits se rencontrent
[Mais atracções fatais: pesquisa Google]
Pelos vistos, esta atracção fatal não é só com os poderes nacionais. Sabe-se agora que obrigações de dois dos pilares da banca do regime foram compradas pela Libyan Authority Investment (LIA), que apesar do nome não passa dum instrumento privado de Kadhafi. O BES com 12 milhões e o BCP, que depois do assalto à vara passou também a fazer parte da banca do regime, com 13 milhões são alguns dos investimentos em Portugal, que tem a honra de pertencer ao top 10 da compra de títulos pela LIA.
Pelos vistos, esta atracção fatal não é só com os poderes nacionais. Sabe-se agora que obrigações de dois dos pilares da banca do regime foram compradas pela Libyan Authority Investment (LIA), que apesar do nome não passa dum instrumento privado de Kadhafi. O BES com 12 milhões e o BCP, que depois do assalto à vara passou também a fazer parte da banca do regime, com 13 milhões são alguns dos investimentos em Portugal, que tem a honra de pertencer ao top 10 da compra de títulos pela LIA.
25/05/2011
As Novas Oportunidades são uma oportunidade...
... para desvalorizar os diplomas dos que trabalharam para aproveitar as velhas oportunidades. Foi o que me veio à cabeça quando li isto.
Estado empreendedor (47) – a "viabilização" do investimento público
[Continuação de outras aterragens: aqui, aqui e aqui]
Como aqui se previu, o aeroporto de Beja está a ser um sucesso: em dois meses já houve dois voos, ambos esgotados. O primeiro foi para Cabo Verde cheio de convidados, o segundo veio de Londres com 4 turistas e o resto composto por jornalistas e operadores turísticos. Estes ficaram preocupados, sem surpresa para quem conheça a região, com a falta de oferta de hotelaria na região. Recordemos como tudo começou.
Primeiro havia um aeroporto militar alemão abandonado. Depois, encomendou-se um estudo e inventou-se a necessidade de «reconverter» o aeroporto em «plataforma logística» para «carga recebida no porto de Sines, passível de ser transportada por meios aéreos, frescos agrícolas produzidos na zona de regadio do Alqueva e Andaluzia». Depois, para «viabilizar» a plataforma logística foi preciso torrar mais dinheiro no IP8 Sines-Beja. A seguir a carga de Sines e os frescos agrícolas não apareceram e inventou-se uma «plataforma turística». O passo lógico seguinte será «viabilizar» a «plataforma turística» torrando mais dinheiro em subsídios e incentivos para a hotelaria. E assim sucessivamente.
A qualquer mente não contaminada pelo síndrome de dependência do Estado, é óbvio, não conseguindo os governantes sequer governar eficaz e eficientemente a máquina administrativa do Estado, ser absurdo esperar que tomem decisões de investimento acertadas com o dinheiro alheio do qual nunca prestarão contas. Infelizmente, e esse é o peso que o país tem de arrastar, uma parte dos portugueses (a constante de Sócrates?) é completamente imune a este tipo de considerações e continua a esperar que seja positivo o saldo entre o que espolia aos outros contribuintes através do Estado e aquilo que lhe é espoliado pelo Estado.
24/05/2011
BREIQUINGUE NIUZ: De inexistente a longamente discutida em apenas 2 semanas
Afinal a redução da taxa social única que nunca teria sido considerada, apesar de estar no Memorandum of Understanding assinado pelo governo, e depois passou a estar «em estudo» e a ser uma descida «pequena e gradual», é agora em NY, pela boca do falecido ministro das Finanças, «uma matéria longamente discutida com a troika … e com certeza que vai implicar aumentos de impostos, nomeadamente impostos sobre o consumo».
Concurso de insultos à inteligência do eleitorado (5) – com a (quase) verdade nos engana
[Continuação dos exemplos reveladores de que as luminárias do PS consideram desprovido de inteligência o seu próprio eleitorado: (1), (2), (3) e (4)]
Da clique socrática já ouvimos de tudo para justificar o estado calamitoso da economia, o desemprego e a falência das finanças públicas. A crise internacional, as agências de rating, os especuladores, Frau Merkel, a oposição. Faltava-nos ouvir da boca do ministro mais credível depois da queda em desgraça de Teixeira dos Santos (daqui se intui a credibilidade dos restantes), a explicação mais pitoresca para justificar o agravamento das finanças públicas: «em 2009, os partidos queriam mais despesa e menos receita». Por acaso, surpreendentemente mais próxima da verdade se o plural «partidos» for convertido no singular PS.
Da clique socrática já ouvimos de tudo para justificar o estado calamitoso da economia, o desemprego e a falência das finanças públicas. A crise internacional, as agências de rating, os especuladores, Frau Merkel, a oposição. Faltava-nos ouvir da boca do ministro mais credível depois da queda em desgraça de Teixeira dos Santos (daqui se intui a credibilidade dos restantes), a explicação mais pitoresca para justificar o agravamento das finanças públicas: «em 2009, os partidos queriam mais despesa e menos receita». Por acaso, surpreendentemente mais próxima da verdade se o plural «partidos» for convertido no singular PS.
DIÁRIO DE BORDO: Uma enorme ousadia e uma chocante falta de vergonha
Durante o debate de 6.ª feira passado, José Sócrates tentou, ao que parece (por recomendação médica eu não vi), entalar Passos Coelho abrindo o dossier das trafulhices e confrontando-o com o facto de uma empresa à época presidida por ele ter sido «condenada a pagar 60 mil euros por negligência devido a descargas de águas residuais».
O homem tem uma enorme ousadia e uma chocante falta de vergonha, felizmente para ele sem consequências, porque do outro lado estava um sujeito mais ou menos normal, que parece ter feito alguma coisa pela vida, tem um apartamento em Massamá pago com o seu dinheiro, em vez de um apartamento no Héron Castilho, pago não sabemos como, um sujeito que defende o ensino privado mas tem os filhos no ensino público, em vez de atacar como Sócrates o ensino privado onde tem os seus filhos (colégios Moderno e Alemão). Se tivesse de se confrontar com um seu semelhante, José Sócrates teria pela frente uma criatura destilando hipocrisia e fel e abrindo uma dúzia de pastas de arquivo com a pletora das suas trafulhices e trapalhadas que encheu os jornais nos últimos 6 anos, apesar do filtro da central de manipulação.
O homem tem uma enorme ousadia e uma chocante falta de vergonha, felizmente para ele sem consequências, porque do outro lado estava um sujeito mais ou menos normal, que parece ter feito alguma coisa pela vida, tem um apartamento em Massamá pago com o seu dinheiro, em vez de um apartamento no Héron Castilho, pago não sabemos como, um sujeito que defende o ensino privado mas tem os filhos no ensino público, em vez de atacar como Sócrates o ensino privado onde tem os seus filhos (colégios Moderno e Alemão). Se tivesse de se confrontar com um seu semelhante, José Sócrates teria pela frente uma criatura destilando hipocrisia e fel e abrindo uma dúzia de pastas de arquivo com a pletora das suas trafulhices e trapalhadas que encheu os jornais nos últimos 6 anos, apesar do filtro da central de manipulação.
23/05/2011
A constante de Sócrates
Deve haver uma explicação para isso. Em quase todos os inquéritos de opinião e sondagens cerca de um terço dos inquiridos e sondados manifesta a sua admiração, ou confiança, ou avaliação positiva do querido líder que nos conduziu ao desemprego, à recessão, à falência, ao endividamento e ainda mente e deturpa com a maior das faltas de vergonha. Não admira que esse terço tivesse achado o mesmo da sua prestação no debate com Passos Coelho onde, para usar as palavras de Alberto Gonçalves, «ao longo de uma penosa hora, o eng. Sócrates revelou as costuras de um método que só funciona na cabeça dos devotos.»
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (42) – o querido líder promove o estado sucial dando de comer aos esfomeados
Depois das criancinhas alugadas por uma empresa de eventos para os espectáculos de circo mediático de José Sócrates na promoção do Magalhães, depois da mobilização de diplomados das Novas Oportunidades para os comícios em que José Sócrates chora de comoção com os «ataques» de Passos Coelho sobre o valor zero dos canudos, a central de manipulação inventou mais um expediente para animar as sessões de propaganda e cumprimentar o querido líder.
«Dezenas de imigrantes paquistaneses e indianos … têm agitado bandeiras, dado apertos de mão ao secretário-geral do Partido Socialista nos últimos dias e enchido salas de comício … há entre os viajantes casos de fome e garantias de que a presença nos comícios é trocada pela certeza de uma refeição quente.»
Percebo que os novos situacionistas aguentem tudo isto para segurar as sinecuras. Tenho mais dificuldade em perceber a gente honrada que ainda exista por lá. Se existir. Será, como disse Sobrinho Simões, porque os portugueses tendem a «admirar os aldrabões com sucesso»? Se for, esperamos que o insucesso do querido líder e da sua clique faça luz nessas mentes obnubiladas.
«Dezenas de imigrantes paquistaneses e indianos … têm agitado bandeiras, dado apertos de mão ao secretário-geral do Partido Socialista nos últimos dias e enchido salas de comício … há entre os viajantes casos de fome e garantias de que a presença nos comícios é trocada pela certeza de uma refeição quente.»
Percebo que os novos situacionistas aguentem tudo isto para segurar as sinecuras. Tenho mais dificuldade em perceber a gente honrada que ainda exista por lá. Se existir. Será, como disse Sobrinho Simões, porque os portugueses tendem a «admirar os aldrabões com sucesso»? Se for, esperamos que o insucesso do querido líder e da sua clique faça luz nessas mentes obnubiladas.
O negócio do Estado prospera, o do País degenera
As receitas fiscais aumentaram 17% nos primeiros 4 meses do ano, relativamente ao ano passado. Os indicadores de conjuntura do BdP mostram a degradação da actividade económica pelo 5.º mês consecutivo.
Talvez devêssemos encerrar o País e ficar só com o Estado.
Talvez devêssemos encerrar o País e ficar só com o Estado.
Concurso de insultos à inteligência do eleitorado (4) – há cenários e cenários, mas tudo acabará bem sem sectarismos e com diálogo
[Continuação dos exemplos reveladores de que as luminárias do PS consideram desprovido de inteligência o seu próprio eleitorado: (1), (2) e (3)]
Face a um «cenário» dum governo liderado por ele próprio, perguntado se aceita Paulo Portas e Pedro Passos Coelho como seus ministros, José Sócrates entrega-se ao cenário responde: «já disse que sim, que estou disponível».
Face a um «cenário» dum governo liderado por Passos Coelho, perguntado sobre se aceita ser ministro, José Sócrates rejeita o cenário e responde: «eu não me entrego a essas elaborações e a esses cenários» e arruma o assunto com «o que importa é que não haja sectarismos e que todos os partidos se disponibilizem para o diálogo».
Face a um «cenário» dum governo liderado por ele próprio, perguntado se aceita Paulo Portas e Pedro Passos Coelho como seus ministros, José Sócrates entrega-se ao cenário responde: «já disse que sim, que estou disponível».
Face a um «cenário» dum governo liderado por Passos Coelho, perguntado sobre se aceita ser ministro, José Sócrates rejeita o cenário e responde: «eu não me entrego a essas elaborações e a esses cenários» e arruma o assunto com «o que importa é que não haja sectarismos e que todos os partidos se disponibilizem para o diálogo».
SERVIÇO PÚBLICO: Equívoco da linha Sines-Badajoz em bitola
http://maquinistas.org/pdfs_ruirodrigues/sinesbadajozerro.ppt |
«A exploração de uma linha Sines-Badajoz em bitola ibérica é um equívoco que nos impede enviar e receber mercadorias de todos os países da Europa além Pirinéus.
Com este investimento será Algeciras a lucrar porque poderá receber e distribuir contentores para Portugal a um preço inferior a Sines e Setúbal por estarem desligados da rede de bitola europeia.
A solução proposta pelo Governo no Poceirão (nova Alfândega entre a bitola ibérica e europeia) é uma tragédia para a Economia Nacional. A resolução deste erro histórico passa por só prolongar a via dupla de bitola europeia de Badajoz até ao Pinhal Novo e de seguida, ligar, em bitola europeia, Poceirão aos portos de Sines e Setúbal. »
22/05/2011
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Servidores do Estado e sujeitos passivos
A D. Branca e os “ultra-liberais”
Em 1983 rebentou um esquema fraudulento, em pirâmide, de uma velha senhora portuguesa, D. Branca, que há décadas remunerava com altos juros os 'depósitos', usando os capitais que iam entrando (como fez Madoff nos Estados Unidos, numa outra escala, naturalmente). Na altura formaram-se longas filas de 'clientes' à porta da organização. A RTP mostrou, então, vários desses frustrados 'depositantes' a reclamarem violentamente e a exigirem uma intervenção do governo para não perderem o seu dinheiro.
Este episódio ficou-me na memória porque ilustra a peculiar relação dos portugueses com o Estado. Nós somos tão viscera1mente dependentes do Estado que até lhe pedimos protecção contra os prejuízos de um negócio totalmente ilegal, como era o da D. Branca.
Por isso, quando agora alguém propõe algo menos estatizante - digamos, o memorando da troika ou o programa do PSD -, logo se levanta um clamor de indignação contra o que é classificado de ultra-liberal. E muita gente fica aterrada com a hipótese de qualquer diminuição do paternalismo estatal.
Ora, temos Estado a mais desde há séculos. A aristocracia portuguesa nunca teve poder económico face à Coroa, de cujos favores dependia. A maior parte da débil burguesia da monarquia constitucional era constituída por funcionários públicos e assim continuou depois de 1910. Sob a capa do corporativismo, Salazar alargou o domínio do Estado, nomeadamente sobre a actividade económica. O condicionamento industrial, que só acabou depois do 25 de Abril, fazia depender a maioria dos investimentos fabris de prévia autorização estatal, visando evitar o aparecimento de unidades industriais em concorrência.
Poucos povos detestam mais a concorrência, a livre iniciativa, o risco empresarial, do que os portugueses. Os próprios empresários, com algumas excepções, encostam-se ao Estado para ganharem dinheiro, gerando promiscuidade entre poder político e negócios privados. Há Estado a mais na burocracia que tudo trava e que incentiva a corrupção. E o mercado muitas vezes não funciona entre nós, ou funciona mal, porque as autoridades de regulação não conseguem assegurar uma verdadeira concorrência, que deveria ser a primeira linha na defesa do consumidor.
Aí está: também temos Estado a menos onde ele seria mais necessário. Falta autoridade democrática às instituições políticas. Lucram os lóbis e as várias corporações, que colonizam o aparelho estatal e o multiplicam num autêntico Estado paralelo (fundações, institutos, empresas municipais, etc.). Também a justiça funciona pessimamente. É atribuída uma baixa prioridade aos recursos destinados às forças policiais e de segurança. O mesmo acontece com as Forças Armadas:
Falta Estado na enorme quantidade de leis que se publicam e depois não são regulamentadas; ou, mesmo regulamentadas, não são aplicadas na prática. É o caso das muitas regras ambientais e de ordenamento do território, que são sistematicamente violadas pelas próprias autoridades autárquicas, para permitirem a construção desenfreada e assim obterem receitas à custa de desfigurarem o país.
Curiosamente, os que se mostram tão alarmados com a alegada vaga neo-ultra-liberal não parecem preocupados com estas 'falhas de Estado' (apenas reparam nas falhas de mercado). Não percebem que a fraqueza do nosso Estado é um dos mais relevantes factores que geram injustiça social. Os ricos e poderosos sempre arranjam maneira de se defenderem contra a lentidão e as incertezas da justiça; ou quanto às falhas na segurança das pessoas face a uma criminalidade cada vez mais violenta. Mas os pobres…
Claro que é politicamente difícil reordenar as prioridades do Estado. Logo chovem as acusações de ultraliberalismo - que, por mais absurdas que sejam, assustam quem vive directa ou indirectamente à mesa do Orçamento. E muitos empresários receiam o fim do conúbio com o Estado, base dos seus negócios. Mas, sem uma séria reforma do Estado, a economia portuguesa não sairá do marasmo.
Francisco Sarsfield Cabral (publicado no jornal Sol de 20-05-2010)
Em 1983 rebentou um esquema fraudulento, em pirâmide, de uma velha senhora portuguesa, D. Branca, que há décadas remunerava com altos juros os 'depósitos', usando os capitais que iam entrando (como fez Madoff nos Estados Unidos, numa outra escala, naturalmente). Na altura formaram-se longas filas de 'clientes' à porta da organização. A RTP mostrou, então, vários desses frustrados 'depositantes' a reclamarem violentamente e a exigirem uma intervenção do governo para não perderem o seu dinheiro.
Este episódio ficou-me na memória porque ilustra a peculiar relação dos portugueses com o Estado. Nós somos tão viscera1mente dependentes do Estado que até lhe pedimos protecção contra os prejuízos de um negócio totalmente ilegal, como era o da D. Branca.
Por isso, quando agora alguém propõe algo menos estatizante - digamos, o memorando da troika ou o programa do PSD -, logo se levanta um clamor de indignação contra o que é classificado de ultra-liberal. E muita gente fica aterrada com a hipótese de qualquer diminuição do paternalismo estatal.
Ora, temos Estado a mais desde há séculos. A aristocracia portuguesa nunca teve poder económico face à Coroa, de cujos favores dependia. A maior parte da débil burguesia da monarquia constitucional era constituída por funcionários públicos e assim continuou depois de 1910. Sob a capa do corporativismo, Salazar alargou o domínio do Estado, nomeadamente sobre a actividade económica. O condicionamento industrial, que só acabou depois do 25 de Abril, fazia depender a maioria dos investimentos fabris de prévia autorização estatal, visando evitar o aparecimento de unidades industriais em concorrência.
Poucos povos detestam mais a concorrência, a livre iniciativa, o risco empresarial, do que os portugueses. Os próprios empresários, com algumas excepções, encostam-se ao Estado para ganharem dinheiro, gerando promiscuidade entre poder político e negócios privados. Há Estado a mais na burocracia que tudo trava e que incentiva a corrupção. E o mercado muitas vezes não funciona entre nós, ou funciona mal, porque as autoridades de regulação não conseguem assegurar uma verdadeira concorrência, que deveria ser a primeira linha na defesa do consumidor.
Aí está: também temos Estado a menos onde ele seria mais necessário. Falta autoridade democrática às instituições políticas. Lucram os lóbis e as várias corporações, que colonizam o aparelho estatal e o multiplicam num autêntico Estado paralelo (fundações, institutos, empresas municipais, etc.). Também a justiça funciona pessimamente. É atribuída uma baixa prioridade aos recursos destinados às forças policiais e de segurança. O mesmo acontece com as Forças Armadas:
Falta Estado na enorme quantidade de leis que se publicam e depois não são regulamentadas; ou, mesmo regulamentadas, não são aplicadas na prática. É o caso das muitas regras ambientais e de ordenamento do território, que são sistematicamente violadas pelas próprias autoridades autárquicas, para permitirem a construção desenfreada e assim obterem receitas à custa de desfigurarem o país.
Curiosamente, os que se mostram tão alarmados com a alegada vaga neo-ultra-liberal não parecem preocupados com estas 'falhas de Estado' (apenas reparam nas falhas de mercado). Não percebem que a fraqueza do nosso Estado é um dos mais relevantes factores que geram injustiça social. Os ricos e poderosos sempre arranjam maneira de se defenderem contra a lentidão e as incertezas da justiça; ou quanto às falhas na segurança das pessoas face a uma criminalidade cada vez mais violenta. Mas os pobres…
Claro que é politicamente difícil reordenar as prioridades do Estado. Logo chovem as acusações de ultraliberalismo - que, por mais absurdas que sejam, assustam quem vive directa ou indirectamente à mesa do Orçamento. E muitos empresários receiam o fim do conúbio com o Estado, base dos seus negócios. Mas, sem uma séria reforma do Estado, a economia portuguesa não sairá do marasmo.
Francisco Sarsfield Cabral (publicado no jornal Sol de 20-05-2010)
21/05/2011
DIÁRIO DE BORDO: Especulações politicamente incorrectas a propósito de DSK
Às 7:54 desta manhã de sábado um amigo estava a enviar-me um email a informar que «os cartões de acesso ao quarto do Sofitel NY comprovam que empregada imigrante e DSK estiveram 15 minutos em simultâneo no quarto de hotel, ouvi no Euronews esta manhã». [O que teria levado esse amigo a interessar-se e escrever a essa hora tão matutina sobre este tema?]
Se os cartões de acesso estão a falar verdade, a estória da violação fica a parecer mal contada. Especulando: a coisa poderia ter consistido no DSK a comprar sexo por um punhado de dólares e a cleaning lady, após os 15 minutos de serviço, informada sobre quem era a personagem (mesmo sem informação específica, não seria difícil perceber que quem paga 3.000 dólares por noite está preparado para pagar muito mais), e eventualmente aconselhada por «especialistas», monta uma cena de assédio para extrair dinheiro a sério. Parece delirante? Think again. A prática dos contingency fees dos advogados americanos consegue milagres de enorme criatividade em todos os litígios, desde atropelamentos até, e sobretudo assédio sexual, passando pela reclamação de danos por defeitos de produtos.
Seguindo a minha especulação, DSK poderia ter sido vítima dos seus instintos e da sua falta de discernimento. Nesse caso, a estória seria mais um exemplo dum princípio que fui inferindo ao longo dos anos: os pobres não se distinguem dos ricos por terem mais escrúpulos em extrair dinheiro por processos ilegítimos, mas antes por terem menos talento para o fazer. Ou, vá lá, por também terem menos oportunidades.
Se os cartões de acesso estão a falar verdade, a estória da violação fica a parecer mal contada. Especulando: a coisa poderia ter consistido no DSK a comprar sexo por um punhado de dólares e a cleaning lady, após os 15 minutos de serviço, informada sobre quem era a personagem (mesmo sem informação específica, não seria difícil perceber que quem paga 3.000 dólares por noite está preparado para pagar muito mais), e eventualmente aconselhada por «especialistas», monta uma cena de assédio para extrair dinheiro a sério. Parece delirante? Think again. A prática dos contingency fees dos advogados americanos consegue milagres de enorme criatividade em todos os litígios, desde atropelamentos até, e sobretudo assédio sexual, passando pela reclamação de danos por defeitos de produtos.
Seguindo a minha especulação, DSK poderia ter sido vítima dos seus instintos e da sua falta de discernimento. Nesse caso, a estória seria mais um exemplo dum princípio que fui inferindo ao longo dos anos: os pobres não se distinguem dos ricos por terem mais escrúpulos em extrair dinheiro por processos ilegítimos, mas antes por terem menos talento para o fazer. Ou, vá lá, por também terem menos oportunidades.
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: É também uma questão de fraude cosmética contabilística
Acumulam-se os indícios que o governo espanhol e os governos das regiões podem ter maquilhado os défices, escondendo dívidas, não contabilizando despesas ou empurrando-as para a frente. Não seria nada que não tivesse já acontecido quando há 5 meses a mudança do governo catalão criou a oportunidade para detectar trafulhices e o défice foi corrigido para mais do dobro. Para já não falar das competências do PS, o partido-irmão português, em matéria de engenharia contabilística, disponíveis aqui mesmo ao lado para consultoria do PSOE.
As mudanças de governos regionais que certamente se vão dar em consequência das eleições deste fim-de-semana, poderão fazer disparar as correcções das contas e confrontar os mercados com a confirmação das suspeitas que se vêm acumulando. Se assim for, será mais uma pedra do dominó da Zona Euro que ameaçará cair sob o olhar distraído da eurocracia que, como escreveu ontem o Pertinente, se vai masturbando com a semântica.
As mudanças de governos regionais que certamente se vão dar em consequência das eleições deste fim-de-semana, poderão fazer disparar as correcções das contas e confrontar os mercados com a confirmação das suspeitas que se vêm acumulando. Se assim for, será mais uma pedra do dominó da Zona Euro que ameaçará cair sob o olhar distraído da eurocracia que, como escreveu ontem o Pertinente, se vai masturbando com a semântica.
20/05/2011
Um governo à deriva (4) – a mulher do ministro
Aparentemente até agora pouca gente prestou atenção às decisões do ministro da Justiça. E definitivamente, desde a demissão do governo, já ninguém lhe liga. Nem Principalmente a mulher que reclamou da notificação para devolver 72 mil euros que tinha recebido por «acumulação de serviço» autorizada por um despacho do ex-secretário de estado, julgado inválido pela Inspecção Geral e entretanto anulado pelo ministro e marido.
Ao princípio era o verbo (2)
[Republicação deste post actualizado com o último bullshit eurocrático]
Primeiro, a Óropa em peso jurou que não era preciso resgate da Grécia. A seguir que não seria preciso o da Irlanda, e a seguir o de Portugal. Depois veio o resgate da Grécia, primeiro, e a seguir o da Irlanda e o de Portugal. Depois do resgate, a Óropa em peso jurou que nunca haveria reestruturação.
Agora, ao que parece, a Alemanha e o FMI admitem uma reestruturação «moderada» e «voluntária». A coisa tem piada porque «moderada» significa, por agora, o reescalonamento da dívida e vamos ver mais tarde o que significará. «Voluntária» tem ainda mais piada porque estão para nascer os credores que obriguem o devedor a reembolsar as obrigações a um valor inferior ao nominal.
Alguns dias depois, Juncker, presidente do Eurogrupo, chama-lhe «reestruturação ligeira da dívida grega». O que seja ligeira, ele deixou para Olli Rehn explicar em europês: «uma extensão voluntária de maturidades dos empréstimos, um reescalonamento ou renegociação numa base voluntaria também podem ser examinados».
Enquanto isso, o saudoso ex-ministro anexo Vítor Constâncio, igual a si próprio, ora diz que a reestruturação deverá ser o «último recurso», ora diz que seria uma «catástrofe».
E assim, de semântica em semântica, continuarão os eurocratas a promover a deliquescência da situação financeira dos PIGS até os factos se imporem por si mesmos de uma forma brutal que poderá por em causa a Zona Euro e por arrastamento a UE.
Primeiro, a Óropa em peso jurou que não era preciso resgate da Grécia. A seguir que não seria preciso o da Irlanda, e a seguir o de Portugal. Depois veio o resgate da Grécia, primeiro, e a seguir o da Irlanda e o de Portugal. Depois do resgate, a Óropa em peso jurou que nunca haveria reestruturação.
Agora, ao que parece, a Alemanha e o FMI admitem uma reestruturação «moderada» e «voluntária». A coisa tem piada porque «moderada» significa, por agora, o reescalonamento da dívida e vamos ver mais tarde o que significará. «Voluntária» tem ainda mais piada porque estão para nascer os credores que obriguem o devedor a reembolsar as obrigações a um valor inferior ao nominal.
Alguns dias depois, Juncker, presidente do Eurogrupo, chama-lhe «reestruturação ligeira da dívida grega». O que seja ligeira, ele deixou para Olli Rehn explicar em europês: «uma extensão voluntária de maturidades dos empréstimos, um reescalonamento ou renegociação numa base voluntaria também podem ser examinados».
Enquanto isso, o saudoso ex-ministro anexo Vítor Constâncio, igual a si próprio, ora diz que a reestruturação deverá ser o «último recurso», ora diz que seria uma «catástrofe».
E assim, de semântica em semântica, continuarão os eurocratas a promover a deliquescência da situação financeira dos PIGS até os factos se imporem por si mesmos de uma forma brutal que poderá por em causa a Zona Euro e por arrastamento a UE.
O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: To be or not to be (available)
Excerto do debate na TVI entre Paulo Portas e José Sócrates:
Paulo Portas: "O Senhor disse que nunca seria primeiro-ministro com o FMI."[Enviado por AB]
José Sócrates: "Não foi isso que eu disse. O que eu disse é que não estava disponível para ser primeiro-ministro com o FMI."
Judite de Sousa: "Não é a mesma coisa?"
José Sócrates: "Não. É diferente."
Lost in translation (103) - a EP devolve 2% dos subsídios recebidos, queriam eles dizer
Onde se lê a Estradas de Portugal vai «distribuir 10 milhões de dividendos ao accionista Estado» deve ler-se a EP devolve 10 milhões dos 556 milhões de subsídios recebidos através de consignação de impostos.
Do relatório e contas de 2010 (nota 22):
Do relatório e contas de 2010 (nota 22):
19/05/2011
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Verdade ou consequência?
«Mas se as Novas Oportunidades são um bom programa e se mentir é a melhor política, o melhor não é votar no Sócrates?» [Lido no Blasfémias]
Quando Passos Coelho diz «o que é importante não é combater a ideia das Novas Oportunidades, é combater que se gaste milhões de euros em ações promocionais das Novas Oportunidades», estará a sugerir que no lugar de Sócrates continuará as Novas Oportunidades mas sem acções promocionais?
Quando Passos Coelho diz «o que é importante não é combater a ideia das Novas Oportunidades, é combater que se gaste milhões de euros em ações promocionais das Novas Oportunidades», estará a sugerir que no lugar de Sócrates continuará as Novas Oportunidades mas sem acções promocionais?
A mentira como política oficial (4) - «apenas não verdadeira»
O Público noticiou que José Sócrates participou em 2000 como ministro do Ambiente «num plano para privatizar parte do capital da Águas de Portugal».
Sócrates responde esta manhã: «essa notícia é apenas não verdadeira, isso nunca existiu. A verdade é que o Governo a que eu pertencia na altura, há 11 anos, nunca pensou em privatizar a Águas de Portugal».
Extracto do memorando anotado por José Sócrates sobre a «criação de um grupo empresarial português de referência, no domínio da água e saneamento».
Um dia como os outros na vida do estado sucial
«Em 2010, mais de 100 jovens processaram os pais para continuarem a receber a pensão de alimentos. O direito à pensão cessa aos 18 anos e muitos jovens são incitados - especialmente pelas mães - a ir a tribunal pedir a continuidade do apoio». Por muito estranho que pareça, os jovens, na sua inocência, apenas estão, sem o saber, a querer receber adiantadamente o que mais à frente vão ter que pagar com juros.
«Movimento de Utentes critica possibilidade de mulheres que abortam pagarem taxas moderadoras.» O porta-voz do Movimento Manuel Villas-Boas acrescenta, com inocência, «qualquer dia pagamos tudo … cada dia vamos tendo conhecimento de mais medidas que vão contra os interesses dos utentes», não percebendo que esse dia já chegou e o problema é os «utentes» que usam e os pagantes que pagam não costumam ser os mesmos.
«O secretário-geral da CGTP acusou a chanceler alemã de "postura de colonialismo puro", ao ter defendido a uniformização do período de férias e o aumento da idade da reforma na União Europeia». Concorrendo com Carvalho da Silva para a medalha do pobre mais mal agradecido que recebe subsídios do maior contribuinte líquido da UE, o tele-evangelista Louçã acusa a presidente da misericórdia germânica de «mesquinhez».
Conversa fiada (6) – as estatísticas de causas do supremo mistificador
A central de manipulação (sucursal Lusa) está a perder o tino. Ora planta notícias com origem no IEFP que induzem na tola dos sujeitos passivos que o desemprego caiu 5% em termos homólogos para 542 mil, ora, perante os dados do INE, que apontam para um recorde absoluto do desemprego com 12,4% ou 689 mil desempregados, dá voz aos malabarismos de José Sócrates, induzindo no bestunto dos sujeitos passivos que o aumento é um fenómeno metodológico.
Ora, o que se passa na verdade, como aqui muito bem se explica, é que sim, a metodologia do INE foi alterada, mas o facto incontornável é mesmo com a anterior metodologia teríamos sempre um desemprego recorde com uma taxa de 11,4% e 633 mil desempregados. Nada mal para quem pretendia «recuperar, nos próximos quatro anos (do 1.º governo Sócrates), os cerca de 150.000 postos de trabalho perdidos na última legislatura» e não recuperando um único perdeu adicionalmente mais 300 mil.
Ora, o que se passa na verdade, como aqui muito bem se explica, é que sim, a metodologia do INE foi alterada, mas o facto incontornável é mesmo com a anterior metodologia teríamos sempre um desemprego recorde com uma taxa de 11,4% e 633 mil desempregados. Nada mal para quem pretendia «recuperar, nos próximos quatro anos (do 1.º governo Sócrates), os cerca de 150.000 postos de trabalho perdidos na última legislatura» e não recuperando um único perdeu adicionalmente mais 300 mil.
18/05/2011
NÓS VISTOS POR ELES: Agarrados ao pote, por assim dizer
«Penso que não é um bom ponto de partida [para as trocas comerciais] quando os cofres do Estado estão endividados e quando, de certa maneira, Portugal, afinal de contas, está agarrado ao pote da União Europeia, por assim dizer», afirmou Ludwig Veltmann, secretário-geral da ZGV confederação alemã que representa 220 mil Pequenas e Médias Empresas.
Eu não sei o que pensam os admiradores de José Sócrates (potencialmente 1/3 dos portugueses), mas eu fico envergonhado quando ouço ou leio o que estrangeiros pensam de nós. E não adianta meter a cabeça na areia e fazer como o jornalismo de causas, sempre à procura de heróis que nos resgatem. O problema não são os «eles», ou as agências de rating, ou os especuladores, ou a oposição. Não. O problema somos nós, com a nossa cultura de facilitismo, de preguiça, de falta de rigor, de nepotismo endémico, tudo incrementado por elites medíocres e uma governação do país que envergonharia até o Burundi.
O que fazer? Para começar, escorraçar a clique socrática do poder. Não chega? Pois não, mas passa por aí.
[Este post ficou perdido na selva dos servidores da Google durante vários dias.]
Eu não sei o que pensam os admiradores de José Sócrates (potencialmente 1/3 dos portugueses), mas eu fico envergonhado quando ouço ou leio o que estrangeiros pensam de nós. E não adianta meter a cabeça na areia e fazer como o jornalismo de causas, sempre à procura de heróis que nos resgatem. O problema não são os «eles», ou as agências de rating, ou os especuladores, ou a oposição. Não. O problema somos nós, com a nossa cultura de facilitismo, de preguiça, de falta de rigor, de nepotismo endémico, tudo incrementado por elites medíocres e uma governação do país que envergonharia até o Burundi.
O que fazer? Para começar, escorraçar a clique socrática do poder. Não chega? Pois não, mas passa por aí.
[Este post ficou perdido na selva dos servidores da Google durante vários dias.]
A atracção fatal entre a banca do regime e o poder (9)
[Mais atracções fatais: pesquisa Google]
Mais depressa aqui escrevesse «além dos juros a pagar pelo Estado à banca do regime e por esta ao BCE (com um spread invejável que torna a boa acção da banca altamente rentável), tudo isto vence outros «juros» a serem cobrados reciprocamente pela banca do regime e pelo PS, em devido tempo», mais depressa o devido tempo chegaria e os banqueiros de regime iriam saltar para o colo do governo e pedir a garantia do Estado para fazerem uma emissão de obrigações de 1,25 mil milhões. Sem esta garantia não conseguiriam nem um cêntimo dos investidores, ou especuladores, se gostarem mais do termo. Com esta garantia também não convencerão os que têm as maiores dúvidas sobre o serviço da dívida pública portuguesa, quanto mais dos avales à banca do regime.
Mais depressa aqui escrevesse «além dos juros a pagar pelo Estado à banca do regime e por esta ao BCE (com um spread invejável que torna a boa acção da banca altamente rentável), tudo isto vence outros «juros» a serem cobrados reciprocamente pela banca do regime e pelo PS, em devido tempo», mais depressa o devido tempo chegaria e os banqueiros de regime iriam saltar para o colo do governo e pedir a garantia do Estado para fazerem uma emissão de obrigações de 1,25 mil milhões. Sem esta garantia não conseguiriam nem um cêntimo dos investidores, ou especuladores, se gostarem mais do termo. Com esta garantia também não convencerão os que têm as maiores dúvidas sobre o serviço da dívida pública portuguesa, quanto mais dos avales à banca do regime.
Estado empreendedor (46) – aterrando contribuintes no aeroporto de Beja
Como todo o investidor inepto que aplica dinheiro alheio, o estado empreendedor primeiro torra o dinheiro dos contribuintes e depois espera que a coisa resulte – e todos sabemos o que costuma acontecer à coisa.
Desta vez a coisa foi o aeroporto de Beja que começou por ser, no interior do crânio de Augusto Mateus, um dos consultores do regime, uma «plataforma logística para a carga a receber e a expedir de/para a América e África, incluído o transporte de peixe, utilizando aviões de grande porte e executando em Beja o transhipment para aviões menores para a ligação com os aeroportos europeus» e seria um «entreposto para a carga recebida no porto de Sines, passível de ser transportada por meios aéreos, frescos agrícolas produzidos na zona de regadio do Alqueva e Andaluzia». Como a «plataforma logística» dependia duma auto-estrada, foi preciso torrar mais dinheiro no IP8. Como, ainda assim, o raio da plataforma teimava em não surgir, o governo fez o costume: fugiu para a frente e mandou a ANA procurar contratos para justificar o aeroporto, não já como a tal plataforma logística mas para a operação de voos turísticos charter.
Ora, salta à vista de qualquer um, que a coisa vai ser um sucesso. É só imaginar um turista inglês numa low cost a pagar um bilhete de ida e volta Londres-Beja por 150 euros e comprar um bilhete que custa 20% para apanhar o Expresso que leva quase o mesmo tempo de Beja a Lisboa ou a Faro do que o voo de Londres-Beja. Só pode ser um sucesso.
17/05/2011
BREIQUINGUE NIUZ: Grandes realizações do governo Sócrates (work in progress)
Continuação de (1), (2), (3) e (4) - sem esquecer nunca o aborto grátis, o casamento gay e o divórcio na hora]
Segundo o Eurostat, em Janeiro e Fevereiro Portugal registou um défice da balança comercial de 2,7 mil milhões de euros, o sexto maior da UE.
Note-se que «sexto» é em valor absoluto. Em percentagem do PIB, os 2,7 mil milhões representam 1,6% do PIB, aproximadamente o mesmo rácio da Grécia, só para nos compararmos com outros desgraçados. Se o défice se mantivesse nos restantes 10 meses, no final do ano ficaríamos no sítio do costume: 10% do PIB.
É claro que tudo isto se deve ao esforço de promoção das exportações que o governo de José Sócrates tem desenvolvido. Como dizia o outro: olha se nós não tivéssemos a sorte de ter um governo tão competente.
Segundo o Eurostat, em Janeiro e Fevereiro Portugal registou um défice da balança comercial de 2,7 mil milhões de euros, o sexto maior da UE.
Note-se que «sexto» é em valor absoluto. Em percentagem do PIB, os 2,7 mil milhões representam 1,6% do PIB, aproximadamente o mesmo rácio da Grécia, só para nos compararmos com outros desgraçados. Se o défice se mantivesse nos restantes 10 meses, no final do ano ficaríamos no sítio do costume: 10% do PIB.
É claro que tudo isto se deve ao esforço de promoção das exportações que o governo de José Sócrates tem desenvolvido. Como dizia o outro: olha se nós não tivéssemos a sorte de ter um governo tão competente.
DIÁRIO DE BORDO: Nós e a auto-estima
No (Im)pertinências têm-se defendido principalmente causas impopulares. Um notório exemplo é o do excesso de auto-estima dos portugueses, excesso que para as luminárias nacionais é a sua carência desculpabilizante e justificativa das nossas misérias. Daí, como aqui escrevi, a prática dessas luminárias do «afagar infantilizante do ego dos portugueses (que) não conduz a mais do que uma satisfaçãozinha preguiçosa e negligente que alimenta o conformismo».
É por isso que devo saudar as palavras desassombradas de João Pereira Coutinho (lidas aqui, por esta via) a este respeito:
É por isso que devo saudar as palavras desassombradas de João Pereira Coutinho (lidas aqui, por esta via) a este respeito:
«Está enganado se pensa que os portugueses não têm auto-estima. Pelo contrário: difícil é encontrar um povo tão narcisista quanto o nosso, com a provável excepção dos brasileiros, que mais não são do que portugueses dilatados pelo calor (obrigado, Eça). Na verdade, só um povo com excesso de auto-estima seria capaz de produzir e consumir (em êxtase) um vídeo masturbatório daqueles; e só um povo com um défice de auto-respeito também. O que temos a mais em vaidade falta-nos em trabalho, sentido do ridículo e noção das responsabilidades.»
16/05/2011
A atracção fatal entre a banca do regime e o poder (8)
[Mais atracções fatais: pesquisa Google]
Em Abril, a banca do regime, constituída principalmente pelos banqueiros do regime (Espírito Santo), o banco do estado (CGD) e a sua sucursal (BCP), aumentou em 9 mil milhões o financiamento do BCE em relação ao mês anterior, atingindo o máximo de 48 mil milhões. A aplicação destes fundos foi como de costume na dívida pública portuguesa, mas neste último mês com a particularidade de ser principalmente dívida de curto prazo não transaccionável o que terá adiado a bancarrota por algum tempo.
Além dos juros a pagar pelo Estado à banca do regime e por esta ao BCE (com um spread invejável que torna a boa acção da banca altamente rentável), tudo isto vence outros «juros» a serem cobrados reciprocamente pela banca do regime e pelo PS, em devido tempo. E assim se fortalece o complexo político-empresarial socialista e o conúbio das partes.
Em Abril, a banca do regime, constituída principalmente pelos banqueiros do regime (Espírito Santo), o banco do estado (CGD) e a sua sucursal (BCP), aumentou em 9 mil milhões o financiamento do BCE em relação ao mês anterior, atingindo o máximo de 48 mil milhões. A aplicação destes fundos foi como de costume na dívida pública portuguesa, mas neste último mês com a particularidade de ser principalmente dívida de curto prazo não transaccionável o que terá adiado a bancarrota por algum tempo.
Além dos juros a pagar pelo Estado à banca do regime e por esta ao BCE (com um spread invejável que torna a boa acção da banca altamente rentável), tudo isto vence outros «juros» a serem cobrados reciprocamente pela banca do regime e pelo PS, em devido tempo. E assim se fortalece o complexo político-empresarial socialista e o conúbio das partes.
BREIQUINGUE NIUZ: Grandes realizações do governo Sócrates (continuação)
[Continuação de (1), (2) e (3) - sem esquecer nunca o aborto grátis, o casamento gay e o divórcio na hora]
Segundo as estimativas de Primavera da CE, Portugal será em 2012 oitavo país mais pobre da UE, após a prevista ultrapassagem pela Eslováquia. Em 2012, o PIB PPP per capita português cairá para menos de 68% da média europeia, o nível de 1997.
Já estou a ouvir os admiradores de José Sócrates a indignarem-se: a criatura tem feito o seu melhor (acredito), a criatura é vítima da crise mundial (qual crise mundial?), é vítima das agências de rating, dos especuladores, da oposição, etc. Chegados aqui, antes do etc. porque aceito que Sócrates seja vítima do etc., recomendo uma clínica de desintoxicação.
Segundo as estimativas de Primavera da CE, Portugal será em 2012 oitavo país mais pobre da UE, após a prevista ultrapassagem pela Eslováquia. Em 2012, o PIB PPP per capita português cairá para menos de 68% da média europeia, o nível de 1997.
Já estou a ouvir os admiradores de José Sócrates a indignarem-se: a criatura tem feito o seu melhor (acredito), a criatura é vítima da crise mundial (qual crise mundial?), é vítima das agências de rating, dos especuladores, da oposição, etc. Chegados aqui, antes do etc. porque aceito que Sócrates seja vítima do etc., recomendo uma clínica de desintoxicação.
Mitos (40) – a crise mundial privativa de José Sócrates
Um dos mitos mais alimentados pela clique Socrática é a causa exógena da paralisia da economia portuguesa e da crise de endividamento público e privado. Este mito já foi desmontado no (Im)pertinências inúmeras vezes, por exemplo ainda recentemente aqui, e os factos estão constantemente a desmitificar as lendas contadas por José Sócrates.
Os dados do Eurostat do 1.º trimestre mostram a economia portuguesa com uma queda de 0,7% do PIB, o pior comportamento na UE, onde até a Grécia cresceu 0,8%.
15/05/2011
BREIQUINGUE NIUZ: Grandes realizações do governo Sócrates (continuação)
[Continuação de (1) e (2) - sem esquecer nunca o aborto grátis, o casamento gay e o divórcio na hora]
Segundo o FMI, «desigualdades sociais em Portugal agravaram-se cinco vezes mais do que na Zona Euro».
Segundo o FMI, «desigualdades sociais em Portugal agravaram-se cinco vezes mais do que na Zona Euro».
Pro memoria (28) – corrigindo as estimativas de tráfego
Tomemos nota, para memória futura, da alteração dos contratos de concessão da A7 e A11 pelo governo de Sócrates (ver mais detalhes aqui) transferindo o risco de exploração da concessionária para a concedente Estradas de Portugal, uma empresa cujos «accionistas» são os contribuintes, que passou a cobrar as portagens e a pagar à concessionária uma renda. Com esta alteração, os prejuízos da concessão resultantes de estimativas irrealistas de tráfego «empoladas … para justificar projectos» foram transferidos para a EP.
PS: A concessionária é a Ascendi, por acaso uma participada da Mota-Engil, por acaso presidida por Jorge Coelho, durante muitos anos o mais conhecido estradista do PS, como por aqui lhe chamámos.
PS: A concessionária é a Ascendi, por acaso uma participada da Mota-Engil, por acaso presidida por Jorge Coelho, durante muitos anos o mais conhecido estradista do PS, como por aqui lhe chamámos.
DIÁRIO DE BORDO: Lei de Rudin
Tenho andado a tentar compreender os resultados das sondagens e como explicação só me ocorre a lei de Rudin:
«In a crisis that forces a choice to be made among alternative courses of action, most people will choose the worst one possible.»
Retaliando o «martírio» de Bin Laden
Se eu fosse taliban vingaria a morte de Bin Laden com um atentado contra a Casa Branca (OK, sendo mais realista, contra a embaixada americana mais próxima), uma fragata americana, cortaria as goelas a um secretário da embaixada, ou o que estivesse mais à mão. Diz muito sobre a doutrina, os taliban terem feito explodir dois crentes para matar 80 paquistaneses, certamente todos eles fiéis do Islão e eventualmente muitos deles simpatizantes da causa.
CASE STUDY: Here we are, still (2)
[Continuação de (1)]
Às vozes do costume, juntou-se agora a voz de José Sócrates, aqui preventivamente registada, a garantir que em «nenhuma circunstância» pedirá a reestruturação da dívida. Podeis dizer que a voz dele vale o que vale, ou seja nada, mas o certo é que um terço do eleitorado parece continuar a dar-lhe crédito, seja por necessidade, para manter a sinecura, seja por falta de informação ou esclarecimento.
Como alguém tem que dar as más notícias, aqui vai. Há meses o (Im)pertinências vem referindo que a reestruturação é praticamente inevitável pela simples razão que Portugal não tem condições para pagar a dívida actual nas condições actuais, adicionada dos 78 milhões previstos no bailout. Essa é também a percepção dos investidores - no cânone esquerdizante chamados especuladores, o que não é exacto por quem especula são os lunáticos da esquerdalhada que não investem um cêntimo nas suas especulações; ao contrário, os chamados especuladores metem o dinheiro onde põem a boca.
De facto, segundo o inquérito da Bloomberg quase 60% dos investidores, ou especuladores, se preferirem, consideram provável o incumprimento já depois do bailout do FNI/CE/BCE, contra apenas cerca de 1/3 há um ano. Isso explica a evolução dos yields, sobretudo dos prazos mais curtos, os quais nas últimas semanas têm oscilado na faixa dos 11-12%, apesar da assinatura do Memorandum of Understanding e das boas notícias plantadas pelo governo e das notícias apaziguadoras da troika. Como costuma dizer-se, o que tem que ser tem muita força.
Às vozes do costume, juntou-se agora a voz de José Sócrates, aqui preventivamente registada, a garantir que em «nenhuma circunstância» pedirá a reestruturação da dívida. Podeis dizer que a voz dele vale o que vale, ou seja nada, mas o certo é que um terço do eleitorado parece continuar a dar-lhe crédito, seja por necessidade, para manter a sinecura, seja por falta de informação ou esclarecimento.
Como alguém tem que dar as más notícias, aqui vai. Há meses o (Im)pertinências vem referindo que a reestruturação é praticamente inevitável pela simples razão que Portugal não tem condições para pagar a dívida actual nas condições actuais, adicionada dos 78 milhões previstos no bailout. Essa é também a percepção dos investidores - no cânone esquerdizante chamados especuladores, o que não é exacto por quem especula são os lunáticos da esquerdalhada que não investem um cêntimo nas suas especulações; ao contrário, os chamados especuladores metem o dinheiro onde põem a boca.
De facto, segundo o inquérito da Bloomberg quase 60% dos investidores, ou especuladores, se preferirem, consideram provável o incumprimento já depois do bailout do FNI/CE/BCE, contra apenas cerca de 1/3 há um ano. Isso explica a evolução dos yields, sobretudo dos prazos mais curtos, os quais nas últimas semanas têm oscilado na faixa dos 11-12%, apesar da assinatura do Memorandum of Understanding e das boas notícias plantadas pelo governo e das notícias apaziguadoras da troika. Como costuma dizer-se, o que tem que ser tem muita força.
14/05/2011
Concurso de insultos à inteligência do eleitorado (3)
[Continuação dos exemplos reveladores de que as luminárias do PS consideram desprovido de inteligência o seu próprio eleitorado: (1) e (2)]
Enquanto inaugurava um aparelho de Rx ou outro qualquer zingarelho no Hospital de Braga, José Sócrates explicou que «o aumento do desemprego é o preço que temos que pagar pela consolidação orçamental e porque não temos alternativa», acrescentado «a única forma de entrarmos pelo crescimento é pormos as nossas contas públicas em ordem». Como se no passado ele e os seus ministros não tivessem já anunciado a consolidação orçamental, as contas em ordem e o fim da crise. E como se o desemprego tivesse feito outra coisa senão aumentar durante os 6 anos que já leva de governo. E como se o seu programa do 1.º governo não tivesse como objectivo «recuperar, nos próximos quatro anos, os cerca de 150.000 postos de trabalho perdidos na última legislatura»e o resultado efectivo da sua governação não fosse a sua redução em 300 mil and counting.
Enquanto debatia com o tele-evangelista, que o confrontou com uma carta do governo comprometendo-se a reduzir a taxa social única, José Sócrates na sua encarnação de secretário-geral do PS, disse que estava «em estudo» e que aceitaria uma descida «pequena e gradual» cuja compensação em termos de receita teria que ser estudada. Como se nos dias anteriores não tivesse a clique em coro atacado o PSD por incluir no seu programa de governo uma medida incluída no MoU e aceite pelo governo. E como se nos dias anteriores Vieira da Silva não tivesse acusado o PSD por não ter explicado como compensaria a redução da TSU.
Enquanto inaugurava um aparelho de Rx ou outro qualquer zingarelho no Hospital de Braga, José Sócrates explicou que «o aumento do desemprego é o preço que temos que pagar pela consolidação orçamental e porque não temos alternativa», acrescentado «a única forma de entrarmos pelo crescimento é pormos as nossas contas públicas em ordem». Como se no passado ele e os seus ministros não tivessem já anunciado a consolidação orçamental, as contas em ordem e o fim da crise. E como se o desemprego tivesse feito outra coisa senão aumentar durante os 6 anos que já leva de governo. E como se o seu programa do 1.º governo não tivesse como objectivo «recuperar, nos próximos quatro anos, os cerca de 150.000 postos de trabalho perdidos na última legislatura»e o resultado efectivo da sua governação não fosse a sua redução em 300 mil and counting.
Enquanto debatia com o tele-evangelista, que o confrontou com uma carta do governo comprometendo-se a reduzir a taxa social única, José Sócrates na sua encarnação de secretário-geral do PS, disse que estava «em estudo» e que aceitaria uma descida «pequena e gradual» cuja compensação em termos de receita teria que ser estudada. Como se nos dias anteriores não tivesse a clique em coro atacado o PSD por incluir no seu programa de governo uma medida incluída no MoU e aceite pelo governo. E como se nos dias anteriores Vieira da Silva não tivesse acusado o PSD por não ter explicado como compensaria a redução da TSU.
Pro memoria (27) – o devedor de promessas
No debate com o tele-evangelista, José Sócrates garantiu que «em nenhuma circunstância» pedirá a reestruturação da dívida. Tomemos nota para memória futura e recordemos que a criatura também já tinha garantido com a mesma veemência que Portugal não precisaria de ajuda, que o governo não tinha nenhuma intenção de pedi-la e que ele não estaria disponível para governar com o FMI.
CASE STUDY: a pátria do capitalismo é o inferno dos capitalistas (5)
[Outros anjos caídos recentemente: (1), (2), (3) e (4)]
Já aqui tinha referido a acusação de Raj Rajaratnam, multimilionário fundador do Galleon Group, por inside trading. Raj acaba de ser considerado culpado de 14 actos de conspiração e fraude e pode esperar décadas de prisão. Não é extraordinária a sanha com que são perseguidos os capitalistas na pátria do capitalismo, por oposição à ternura que entre nós, anti-capitalistas encartados, são tratados e às intimidades que desfrutam com os governantes?
Repetindo o que escrevi, se a doutora Maria José Morgado por cá tivesse estes arrojos, e, acrescento agora, se em vez do emplastro houvesse um PGR, seria pior do que o êxodo para o Brasil durante o PREC. Teríamos que implorar ao PCP que constituísse um governo de salvação nacional.
Já aqui tinha referido a acusação de Raj Rajaratnam, multimilionário fundador do Galleon Group, por inside trading. Raj acaba de ser considerado culpado de 14 actos de conspiração e fraude e pode esperar décadas de prisão. Não é extraordinária a sanha com que são perseguidos os capitalistas na pátria do capitalismo, por oposição à ternura que entre nós, anti-capitalistas encartados, são tratados e às intimidades que desfrutam com os governantes?
Repetindo o que escrevi, se a doutora Maria José Morgado por cá tivesse estes arrojos, e, acrescento agora, se em vez do emplastro houvesse um PGR, seria pior do que o êxodo para o Brasil durante o PREC. Teríamos que implorar ao PCP que constituísse um governo de salvação nacional.
13/05/2011
Ao princípio era o verbo
Primeiro, a Óropa em peso jurou que não era preciso resgate da Grécia. A seguir que não seria preciso o da Irlanda, e a seguir o de Portugal. Depois veio o resgate da Grécia, primeiro, e a seguir o da Irlanda e o de Portugal. Depois do resgate, a Óropa em peso jurou que nunca haveria reestruturação.
Agora, ao que parece, a Alemanha e o FMI admitem uma reestruturação «moderada» e «voluntária». A coisa tem piada porque «moderada» significa, por agora, o reescalonamento da dívida e vamos ver mais tarde o que significará. «Voluntária» tem ainda mais piada porque estão para nascer os credores que obriguem o devedor a reembolsar as obrigações a um valor inferior ao nominal.
Agora, ao que parece, a Alemanha e o FMI admitem uma reestruturação «moderada» e «voluntária». A coisa tem piada porque «moderada» significa, por agora, o reescalonamento da dívida e vamos ver mais tarde o que significará. «Voluntária» tem ainda mais piada porque estão para nascer os credores que obriguem o devedor a reembolsar as obrigações a um valor inferior ao nominal.
BLOGARIDADES: A Google deitou abaixo os «pintelhos» de Catroga e os tomates de Sócrates
Ontem publiquei dois posts provocatórios e de gosto duvidoso (não necessariamente por serem provocatórios) que se perderam no meio da floresta de servidores da Google. Um post versava a boutade vernácula de Catroga em que ele queria ter posto pêlos púbicos na boca dos jornalistas, com uma certa razão em relação à maioria deles. Devido às suas dificuldades com o português, Catroga trocou pentelhos por «pintelhos» (ao que parece puffinus obscurus, uma espécie de pintassilgo). O outro sobre um alemão berrando num vídeo que se os portugueses recolocassem Sócrates em S. Bento teriam matéria fecal no interior dos seus crânios – uma hipótese a não descartar. Os tomates do título deste segundo post eram os de Sócrates apertados pelo Herr Schmidt.
12/05/2011
Dúvidas (8)
Se Sócrates não estava disponível para governar com o FMI e se, por fim, admite governar com o FMI, porque é que se demitiu, pergunta-se. É bem perguntado.
11/05/2011
BREIQUINGUE NIUZ: Herdeiros dos nazis reclamam venda do ouro herdado do fascismo
Norbert Barthle e Carsten Schneider, porta-vozes para os assuntos parlamentares da CDU e do SPD, respectivamente, defendem que o governo português deveria vender uma parte das 382,5 toneladas de ouro que ainda restam da pesada herança do fascismo (866 toneladas). Aos preços actuais do ouro, tal permitiria abater cerca 13 mil milhões de euro à dívida, o que, reconheça-se, não dava nem para encher a cova do dente da totalidade da dívida que ninguém parece saber exactamente quanto é mas que de certeza já vale mais do que o PIB.
Podemos não gostar que nos forcem a vender o que resta do fascismo, mas, se calçarmos os sapatos dos alemães, é como emprestar dinheiro a uma família endividada até ao tutano e sem crédito, com as gavetas do pechiché cheias de cordões de ouro.
[Se o Botas ressuscitasse, morreria de vergonha menos de 10 segundos depois. E não seria caso para menos, nem que seja só por ter conhecimento de quem se senta hoje na cadeira que já foi dele.]
Podemos não gostar que nos forcem a vender o que resta do fascismo, mas, se calçarmos os sapatos dos alemães, é como emprestar dinheiro a uma família endividada até ao tutano e sem crédito, com as gavetas do pechiché cheias de cordões de ouro.
[Se o Botas ressuscitasse, morreria de vergonha menos de 10 segundos depois. E não seria caso para menos, nem que seja só por ter conhecimento de quem se senta hoje na cadeira que já foi dele.]
Concurso de insultos à inteligência do eleitorado (2)
[Continuação dos exemplos reveladores de que as luminárias do PS consideram desprovido de inteligência o seu próprio eleitorado]
«A rentabilidade potencial do futuro aeroporto poderá atrair capitais dirigidos a este tipo de investimentos», garante Vieira da Silva. Como se, não tendo atraído capitais na época em que o governo sonhava com vacas gordas, fosse atrair agora, quando já toda a gente (excepto aquele 1/3 de admiradores de José Sócrates) percebeu que as vacas, já nessa época magras, estão tuberculosas.
«A rentabilidade potencial do futuro aeroporto poderá atrair capitais dirigidos a este tipo de investimentos», garante Vieira da Silva. Como se, não tendo atraído capitais na época em que o governo sonhava com vacas gordas, fosse atrair agora, quando já toda a gente (excepto aquele 1/3 de admiradores de José Sócrates) percebeu que as vacas, já nessa época magras, estão tuberculosas.
Com uma grande lata, Vieira da Silva ainda explicou que «quando há uma diminuição de receita é preciso, de forma clara, explicar de onde é que vem esse dinheiro». Como se tivesse esquecido que fez parte dum governo que reduziu o IVA no 2.º semestre de 2008 (depois de o ter aumentado) sem nunca ter explicado como iria tapar o buraco que se foi alargando até 2010.
Jorge Lacão considera ter «a privatização do canal 1 da RTP … como consequência o desmantelamento da coerência do serviço público de televisão em Portugal». Como se a programação da RTP 1 pudesse considerar-se serviço público de televisão. Por exemplo a de 4.ª Feira (mas qualquer dia serve):
Concurso de insultos à inteligência do eleitorado (1)
Alguns exemplos que revelam que as luminárias do PS consideram que o seu próprio eleitorado é por completo desprovido de inteligência:
- «Ferro Rodrigues, defendeu hoje que o PSD cumpriu a "ameaça" de fazer um programa eleitoral "de radicalização do acordo com a 'troika'", para desmantelar o "Estado Social".» Como se o PS governando em 13 dos últimos 16 anos tivesse deixado alguma coisa para desmantelar.
- «Francisco Assis diz «ter “muito receio” daquilo que possa acontecer a Portugal “caso uma solução ultraliberal” vença as legislativas, considerando que os socialistas são “garante da manutenção” do Estado Social.» Como se um partido como o PSD co-responsável nos últimos 30 anos pela construção do estado assistencialista falhado a que o PS chama Estado Social pudesse ser um partido ultraliberal ou, vá lá, mesmo liberal.
- «As receitas adicionais [propostas pelo PSD] para financiar a Segurança Social, decorrentes da redução da taxa social única, só podem vir do aumento de impostos e todos conhecemos os balões de ensaio do PSD para o aumento de impostos”, disse hoje Augusto Santos Silva, dirigente nacional do PS». Como se a redução da taxa social única não estivesse prevista no programa de governo preparado pela «troika» para o protectorado e subscrito pela clique socrática: «the 2012 Budget will include a budget neutral recalibration of the tax system with a view to lower labour costs and boost competitiveness». Ver também a entrevista de Poul Thomsen o chefe da missão do FMI.
BREIQUINGUE NIUZ: O melhor dele é o pior de sempre
Quem ouviu e fez as contas garante que José Sócrates só ontem disse 7 vezes que ele e o Partido Socialista tinham dado o seu melhor nos últimos seis anos. Considerando que ele e o Partido Socialista conseguiram nesse seis anos «a maior taxa de desemprego dos últimos 90 anos, a maior dívida pública dos últimos 160 anos, o pior crescimento económico dos últimos 90 anos, a pior dívida externa dos últimos 120 anos, a pior taxa de poupança dos últimos 50 anos, na segunda pior taxa de emigração dos últimos 160 anos», temos de concluir que é difícil fazer pior do que o melhor de José Sócrates e do Partido Socialista.
10/05/2011
A mentira como política oficial (3)
«As auto-estradas lançadas pelo governo só passaram no tribunal de contas porque foi sonegada informação aos juízes. Em causa estão cinco subconcessões feitas pela Estradas de Portugal, em representação do Estado, no valor de 10 mil milhões de euros.
A auto-estrada transmontana, no valor global de 1692 milhões euros. A sub-concessão douro interior, de 2846 milhões euros. Baixo alentejo com 1996 milhões euros. Algarve litoral, com 1634 milhões euros. E litoral oeste, com um custo global de 1847 milhões.
O Tribunal de Contas começou por recusar o visto a todos estes contratos, porque as propostas finais das empresas eram mais caras do que as levadas a concurso. A Estradas de Portugal voltou à carga com segundos pedidos de visto, após renegociação dos contratos, mas sonegou informação aos juízes, relativa a significativas compensações financeiras aos bancos e às construtoras privadas.»
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (41) - o mais espantoso
«Durante anos, Sócrates saiu das situações mais difíceis e delicadas graças à sua retórica imparável, argumentação brilhante, magistral prosápia. Ao fim de certo tempo, uma pessoa assim convence-se de que tudo é possível. Acaba confundindo a ficção com a realidade e acha-se capaz de tudo.
Temos na História múltiplos exemplos disto, de Hitler a Saddam, de Alves dos Reis a Madoff. O mais espantoso neste caso é o número de pessoas que nesta fase ainda acredita nisto, incluindo um do mais antigos partidos portugueses.»
[João César das Neves, no DN]
Temos na História múltiplos exemplos disto, de Hitler a Saddam, de Alves dos Reis a Madoff. O mais espantoso neste caso é o número de pessoas que nesta fase ainda acredita nisto, incluindo um do mais antigos partidos portugueses.»
[João César das Neves, no DN]
09/05/2011
Exemplos do costume (2)
Não tendo até hoje conseguido investigar e acusar decentemente em nenhum dos grandes casos em que interveio, a Procuradoria-Geral da República e o emplastro que a dirige instauraram um inquérito às agências de rating baseado numa queixa de economistas berloquistas por «crime de manipulação de mercado».
NÓS VISTOS POR ELES: Chocante, disse ele
«The Greek government played it relatively straight but Portugal's crisis management has been, and remains, appaling.»
Wolfgang Munchau, The political causes of a not-so-secret meeting no Financial Times
Wolfgang Munchau, The political causes of a not-so-secret meeting no Financial Times
SERVIÇO PÚBLICO: The likes of Mr Sócrates
«José Sócrates, prime minister, has chosen to delay applying for a financial rescue package until the last minute. His announcement last week was a tragi-comic highlight of the crisis. With the country on the brink of financial extinction, he gloated on national television that he had secured a better deal than Ireland and Greece. In addition, he claimed the agreement would not cause much pain. When the details emerged a few days later, we could see that none of this was true. The package contains savage spending cuts, freezes in public sector wages and pensions, tax rises and a forecast of two years’ deep recession.
You cannot run a monetary union with the likes of Mr Sócrates, or with finance ministers who spread rumours about a break-up.»
Isto não é novidade para os portugueses, com excepção daquele 1/3 que abrange todos os novos situacionistas que dependem de sinecuras, a parte mais alienada do partido do Estado e todos os patetas que não conseguem distinguir a verdade da mentira. Agora a parte que só não é novidade para os poucos frequentadores regulares do (Im)pertinências e mais umas quantas almas com um módico de lucidez.
«Europe’s political elites are afraid to tell a truth that economic historians have known forever: that a monetary union without a political union is simply not viable. This is not a debt crisis. This is a political crisis. The eurozone will soon face the choice between an unimaginable step forward to political union or an equally unimaginable step back. We know Mr Schäuble has contemplated, and rejected, the latter. We also know that he prefers the former. It is time to say so.»
Wolfgang Munchau, The political causes of a not-so-secret meeting no Financial Times
You cannot run a monetary union with the likes of Mr Sócrates, or with finance ministers who spread rumours about a break-up.»
Isto não é novidade para os portugueses, com excepção daquele 1/3 que abrange todos os novos situacionistas que dependem de sinecuras, a parte mais alienada do partido do Estado e todos os patetas que não conseguem distinguir a verdade da mentira. Agora a parte que só não é novidade para os poucos frequentadores regulares do (Im)pertinências e mais umas quantas almas com um módico de lucidez.
«Europe’s political elites are afraid to tell a truth that economic historians have known forever: that a monetary union without a political union is simply not viable. This is not a debt crisis. This is a political crisis. The eurozone will soon face the choice between an unimaginable step forward to political union or an equally unimaginable step back. We know Mr Schäuble has contemplated, and rejected, the latter. We also know that he prefers the former. It is time to say so.»
Wolfgang Munchau, The political causes of a not-so-secret meeting no Financial Times
08/05/2011
07/05/2011
Resposta do Povo Finlandês à carta aberta do correspondente português da TSF
Caro Senhor Hélder Fernandes,
Recebemos a sua carta aberta ao Povo Finlandês que lemos atentamente. Queremos aproveitar para agradecer a generosidade do Povo Português, na altura tão pobre e sob um regime fascista, por ocasião da invasão do nosso País pelo exército soviético em 1940. Estamos também gratos pelos muitos milhões de telemóveis que generosamente compraram nas 2 últimas décadas à Nokia, agravando o problema que agora vos aflige.
Se o Povo Português estivesse a ser invadido uma vez mais pela vizinha Espanha ou pela França, como o foi várias vezes no passado, nós, o Povo Finlandês, teríamos a obrigação de secundar o Povo Inglês, e de vos socorrer, retribuindo a vossa ajuda de há 70 anos. Também contariam com a nossa solidariedade se tivessem sido atingidos por um novo terramoto de 1755, um tsunami ou qualquer outra catástrofe imprevisível para a qual não tivessem contribuído.
Porém, tal não é o caso. E do mesmo modo como temos a certeza que o Povo Português não estaria disponível em 1940 para nos enviar cobertores, casacos, sapatos, casacões e sacos de trigo e de arroz se, em vez de invadidos por bárbaros, tivéssemos sido invadidos por carros alemães, plasmas japoneses e coreanos, iPods e tabletes americanas e ocupados por primeiras, segundas e terceiras casas e coberto o nosso sagrado solo por revestimento betuminoso de auto-estradas - dizem-nos ser Portugal o 9.º país do mundo com melhor cobertura rodoviária e o 4.º com mais automóveis por 100 habitantes. Foi isso, segundo também julgamos saber, que aconteceu, agravado por líderes políticos incapazes e corruptos, por vós livremente escolhidos durante 3 décadas. E foi isso que vos conduziu, dia após dia, mês após mês, durante essas 3 décadas, ao estado de insolvência em que vos encontrais, situação com a qual agora fundamentais o vosso direito adquirido a ajuda financeira.
É por isso que só vos podemos oferecer o nosso exemplo de esforço num clima adverso e com um solo sem recursos, onde com muito trabalho, diligência e integridade, e sem colónias, conseguimos construir um país bem sucedido, com uma juventude educada e profissionalmente bem preparada e com elites responsáveis que prestam contas ao Povo – em suma, um País com uma elevada qualidade de vida onde vale a pena viver e um dos 10 países maiores contribuintes para a ajuda humanitária. É claro que sempre podemos oferecer uma pequena ajuda adicional passando férias no vosso País com esse sol acolhedor e belas praias - se estas ainda resistirem ao urbanismo selvagem, à incúria e ao desleixo.
O Povo Finlandês
Post Scriptum
Este nosso agradecimento ao Povo Português exclui os militantes, simpatizantes e eleitores do PCP e do Bloco de Esquerda, uns porque ainda hoje glorificam o bolchevismo que na sua versão estalinista nos invadiu em 1940 e os outros porque pensam que o bolchevismo não foi suficientemente longe e todos porque se fossem vivos nessa época teriam aplaudido a invasão da nossa Pátria por esses bárbaros.
Recebemos a sua carta aberta ao Povo Finlandês que lemos atentamente. Queremos aproveitar para agradecer a generosidade do Povo Português, na altura tão pobre e sob um regime fascista, por ocasião da invasão do nosso País pelo exército soviético em 1940. Estamos também gratos pelos muitos milhões de telemóveis que generosamente compraram nas 2 últimas décadas à Nokia, agravando o problema que agora vos aflige.
Se o Povo Português estivesse a ser invadido uma vez mais pela vizinha Espanha ou pela França, como o foi várias vezes no passado, nós, o Povo Finlandês, teríamos a obrigação de secundar o Povo Inglês, e de vos socorrer, retribuindo a vossa ajuda de há 70 anos. Também contariam com a nossa solidariedade se tivessem sido atingidos por um novo terramoto de 1755, um tsunami ou qualquer outra catástrofe imprevisível para a qual não tivessem contribuído.
Porém, tal não é o caso. E do mesmo modo como temos a certeza que o Povo Português não estaria disponível em 1940 para nos enviar cobertores, casacos, sapatos, casacões e sacos de trigo e de arroz se, em vez de invadidos por bárbaros, tivéssemos sido invadidos por carros alemães, plasmas japoneses e coreanos, iPods e tabletes americanas e ocupados por primeiras, segundas e terceiras casas e coberto o nosso sagrado solo por revestimento betuminoso de auto-estradas - dizem-nos ser Portugal o 9.º país do mundo com melhor cobertura rodoviária e o 4.º com mais automóveis por 100 habitantes. Foi isso, segundo também julgamos saber, que aconteceu, agravado por líderes políticos incapazes e corruptos, por vós livremente escolhidos durante 3 décadas. E foi isso que vos conduziu, dia após dia, mês após mês, durante essas 3 décadas, ao estado de insolvência em que vos encontrais, situação com a qual agora fundamentais o vosso direito adquirido a ajuda financeira.
É por isso que só vos podemos oferecer o nosso exemplo de esforço num clima adverso e com um solo sem recursos, onde com muito trabalho, diligência e integridade, e sem colónias, conseguimos construir um país bem sucedido, com uma juventude educada e profissionalmente bem preparada e com elites responsáveis que prestam contas ao Povo – em suma, um País com uma elevada qualidade de vida onde vale a pena viver e um dos 10 países maiores contribuintes para a ajuda humanitária. É claro que sempre podemos oferecer uma pequena ajuda adicional passando férias no vosso País com esse sol acolhedor e belas praias - se estas ainda resistirem ao urbanismo selvagem, à incúria e ao desleixo.
O Povo Finlandês
Post Scriptum
Este nosso agradecimento ao Povo Português exclui os militantes, simpatizantes e eleitores do PCP e do Bloco de Esquerda, uns porque ainda hoje glorificam o bolchevismo que na sua versão estalinista nos invadiu em 1940 e os outros porque pensam que o bolchevismo não foi suficientemente longe e todos porque se fossem vivos nessa época teriam aplaudido a invasão da nossa Pátria por esses bárbaros.
CASE STUDY: Here we are, still
Ouvimos durante meses os responsáveis europeus a jurarem que Portugal não precisaria de bailout. Percebe-se, porque se reconhecessem que precisaria, os yields subiriam à estratosfera e os mercados fechar-se-iam irremediavelmente (na verdade já estavam fechados, porque quem comprou a dívida nos últimos meses foram os bancos portugueses, et pour cause).
Também se percebe que Fernando Ulrich fique «chocado quando [vê] alguns jovens, transformados em jornalistas, irem para os jornais falar das vantagens de Portugal reestruturar a dívida». Pudera, em 31-12-2010 o BPI detinha mais de 2,7 mil milhões de OT com mais de 300 milhões de menos valias ainda sem afectarem resultados. Imagine-se um haircut a obrigar a registar perdas de centenas de milhões de euros, equivalentes a vários anos de resultados.
Igualmente se entende que «Poul Thomsen, chefe da missão do FMI, [garanta] que um cenário de reestruturação da dívida nacional está completamente fora de questão». Se não o fizesse estaria a dizer implicitamente aos mercados para deixarem de comprar a dívida do protectorado.
Percebendo-se tudo isso, convirá sobretudo perceber que os mercados, ou os especuladores, se preferirem, são pouco sensíveis às conveniências dos banqueiros e dos técnicos do FMI e são completamente surdos à conversa fiada dos sócrates deste mundo. É ver o que tem acontecido com os yields desde o anúncio do bailout no dia 6 de Abril. É por essas, e por outras, que agora não tenho tempo de explicar, que o (Im)pertinências, sem jovens no staff e muito menos jornalistas, nem mandato dos eleitores para os fazer felizes, prevê há meses que a reestruturação deverá chegar e, se não chegar, devemos preparar-nos para uma longa recessão e continuar por décadas a divergência económica com a UE iniciada há 10 anos.
Também se percebe que Fernando Ulrich fique «chocado quando [vê] alguns jovens, transformados em jornalistas, irem para os jornais falar das vantagens de Portugal reestruturar a dívida». Pudera, em 31-12-2010 o BPI detinha mais de 2,7 mil milhões de OT com mais de 300 milhões de menos valias ainda sem afectarem resultados. Imagine-se um haircut a obrigar a registar perdas de centenas de milhões de euros, equivalentes a vários anos de resultados.
Igualmente se entende que «Poul Thomsen, chefe da missão do FMI, [garanta] que um cenário de reestruturação da dívida nacional está completamente fora de questão». Se não o fizesse estaria a dizer implicitamente aos mercados para deixarem de comprar a dívida do protectorado.
Percebendo-se tudo isso, convirá sobretudo perceber que os mercados, ou os especuladores, se preferirem, são pouco sensíveis às conveniências dos banqueiros e dos técnicos do FMI e são completamente surdos à conversa fiada dos sócrates deste mundo. É ver o que tem acontecido com os yields desde o anúncio do bailout no dia 6 de Abril. É por essas, e por outras, que agora não tenho tempo de explicar, que o (Im)pertinências, sem jovens no staff e muito menos jornalistas, nem mandato dos eleitores para os fazer felizes, prevê há meses que a reestruturação deverá chegar e, se não chegar, devemos preparar-nos para uma longa recessão e continuar por décadas a divergência económica com a UE iniciada há 10 anos.
NÓS VISTOS POR ELES: Eles não sabem com quem se meteram
Ainda a tinta do Memorandum of Understanding não tinha secado, em particular o item «3.38. Reduce management positions and administrative units by at least 15% in the central administration», já a central de manipulação estava em plantar manipulados nos jornais, como este: «Corte de 1% dos trabalhadores na administração central pode dar margem para levantar congelamento de admissões. Reduções na Função Pública já ultrapassaram as metas da troika».
A única forma de os controlarem é cortarem-lhes a grana para torrar e obrigá-los a repetir em coro no final de cada reunião trimestral: no pain, no gain.
A única forma de os controlarem é cortarem-lhes a grana para torrar e obrigá-los a repetir em coro no final de cada reunião trimestral: no pain, no gain.