21/05/2011

DIÁRIO DE BORDO: Especulações politicamente incorrectas a propósito de DSK

Às 7:54 desta manhã de sábado um amigo estava a enviar-me um email a informar que «os cartões de acesso ao quarto do Sofitel NY comprovam que empregada imigrante e DSK estiveram 15 minutos em simultâneo no quarto de hotel, ouvi no Euronews esta manhã». [O que teria levado esse amigo a interessar-se e escrever a essa hora tão matutina sobre este tema?]

Se os cartões de acesso estão a falar verdade, a estória da violação fica a parecer mal contada. Especulando: a coisa poderia ter consistido no DSK a comprar sexo por um punhado de dólares e a cleaning lady, após os 15 minutos de serviço, informada sobre quem era a personagem (mesmo sem informação específica, não seria difícil perceber que quem paga 3.000 dólares por noite está preparado para pagar muito mais), e eventualmente aconselhada por «especialistas», monta uma cena de assédio para extrair dinheiro a sério. Parece delirante? Think again. A prática dos contingency fees dos advogados americanos consegue milagres de enorme criatividade em todos os litígios, desde atropelamentos até, e sobretudo assédio sexual, passando pela reclamação de danos por defeitos de produtos.

Seguindo a minha especulação, DSK poderia ter sido vítima dos seus instintos e da sua falta de discernimento. Nesse caso, a estória seria mais um exemplo dum princípio que fui inferindo ao longo dos anos: os pobres não se distinguem dos ricos por terem mais escrúpulos em extrair dinheiro por processos ilegítimos, mas antes por terem menos talento para o fazer. Ou, vá lá, por também terem menos oportunidades.

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