«A economia depende dos dez milhões de portugueses e não dos duzentos palhaços que vão à televisão falar de economia»Por essa frase, César das Neves levou na altura três afonsos pelo que o caso com ele está arrumado. Quem ficou por premiar foram os duzentos palhaços que durante todos estes anos foram à televisão falar de economia.
Sem tempo para desenterrar as dezenas de gráficos que durante esses mesmos anos se reproduziram no (Im)pertinências em centenas de posts sobre o caminho para a insolvência visivelmente percorrido pelo menos desde os finais dos anos 90, socorro-me de uns quantos anteontem publicados por Alvaro Santos Pereira no seu post Verdadeiro legado deste governo.
Pergunto-me, seria necessário um génio económico-financeiro para explicar aos palhaços que foram à televisão falar de economia onde desembocaria o caminho que estava a ser percorrido?
Pergunto-me, com excepção de Medina Carreira, em geral, e de João Ferreira do Amaral, em particular quanto às consequências da pertença à Zona Euro, quantos desses palhaços avisaram a turba ignara do que a esperava se o país não mudasse de vida? Nenhum, que me lembre. E quantos desses palhaços, ao contrário, não trombetearam nas orelhas da turba ignara os amanhãs que iriam cantar? Muitos, se bem me lembro.
Os palhaços que durante todos estes anos foram à televisão falar de economia, passaram ao lado da crise financeira de 2007 para a qual, segundo eles, Portugal estaria imunizado e continuaram a assobiar para o lado. Para ouvir os primeiros balbúcios dos mais atentos à necessidade de mudar de comboio na altura própria, foi preciso esperar pela derrota do PS nas eleições europeias de 2009. Ainda assim, desde então e até há poucos meses, para maioria deles o problema era a crise «mundial», as agências de rating, os especuladores, os alemães, e até, para os mais desavergonhados, a oposição.
É por isso que é justo premiar Medina Carreira e João Ferreira do Amaral com afonsos. É igualmente justo premiar os palhaços que perceberam mas não tiveram tomates com urracas, os palhaços que perceberam e acharam que o problema não era deles com pilatos, os palhaços que não perceberam com chateaubriands, os palhaços que perceberam bem demais e não arriscaram as sinecuras com ignóbeis e com bourbons quase todos eles, porque nada aprendem e nada esquecem.
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