Como todo o investidor inepto que aplica dinheiro alheio, o estado empreendedor primeiro torra o dinheiro dos contribuintes e depois espera que a coisa resulte – e todos sabemos o que costuma acontecer à coisa.
Desta vez a coisa foi o aeroporto de Beja que começou por ser, no interior do crânio de Augusto Mateus, um dos consultores do regime, uma «plataforma logística para a carga a receber e a expedir de/para a América e África, incluído o transporte de peixe, utilizando aviões de grande porte e executando em Beja o transhipment para aviões menores para a ligação com os aeroportos europeus» e seria um «entreposto para a carga recebida no porto de Sines, passível de ser transportada por meios aéreos, frescos agrícolas produzidos na zona de regadio do Alqueva e Andaluzia». Como a «plataforma logística» dependia duma auto-estrada, foi preciso torrar mais dinheiro no IP8. Como, ainda assim, o raio da plataforma teimava em não surgir, o governo fez o costume: fugiu para a frente e mandou a ANA procurar contratos para justificar o aeroporto, não já como a tal plataforma logística mas para a operação de voos turísticos charter.
Ora, salta à vista de qualquer um, que a coisa vai ser um sucesso. É só imaginar um turista inglês numa low cost a pagar um bilhete de ida e volta Londres-Beja por 150 euros e comprar um bilhete que custa 20% para apanhar o Expresso que leva quase o mesmo tempo de Beja a Lisboa ou a Faro do que o voo de Londres-Beja. Só pode ser um sucesso.
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