Confirmando o apodrecimento da situação do PS, António Costa encolhe-se outra vez, não se expõe a uma candidatura e ainda tenta fazer acordos com os inimigos internos para enfrentar os adversários externos, como poderia ter dito Churchill se por acaso ainda por cá andasse e frequentasse o Largo do Rato.
As suas conversas redondas ontem na Quadratura do Círculo confirmam a sua estratégia que consiste essencialmente na falta dela deixando apodrecer o poder até lhe cair no colo. Nada que não se esperasse. É grave? Para um possível futuro secretário-geral do PS, nem por isso. Para um candidato a primeiro-ministro de um país em estado de assistência financeira e de soberania limitada, se calhar também nem por isso - se for para manter a soberania limitada.
31/01/2013
Pro memoria (92) - Seria o Constâncio deles melhor do que nosso ministro anexo?
«Contratos de alto risco e suspeitas de gestão ruinosa passaram despercebidos ao Banco de Itália quando este era dirigido por Mário Draghi.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mário Draghi, teve ontem um encontro não programado com o ministro italiano das Finanças, Vittorio Grilli, para discutir o avolumar de problemas e suspeitas de gestão danosa no Monte dei Paschi di Siena (MPS), em vésperas de o assunto ser debatido no parlamento italiano e em plena campanha eleitoral.»
(Negócios)
À escala, Mario Draghi não chegou aos calcanhares do nosso ministro anexo, agora sentado na cadeira ao lado, no BCE em Frankfurt. Na verdade, 4 mil milhões de euros torrados no MPS, o banco mais antigo do mundo, em Itália, com um PIB quase 10 vezes o de Portugal, não comparam com os 6,5 mil milhões torrados no BPN em Portugal.
Em conclusão, ambos têm problemas de visão já antigos. Contudo, os óculos de Vítor Constâncio precisariam de mais dioptrias do que os de Mario Dragui.
À escala, Mario Draghi não chegou aos calcanhares do nosso ministro anexo, agora sentado na cadeira ao lado, no BCE em Frankfurt. Na verdade, 4 mil milhões de euros torrados no MPS, o banco mais antigo do mundo, em Itália, com um PIB quase 10 vezes o de Portugal, não comparam com os 6,5 mil milhões torrados no BPN em Portugal.
Em conclusão, ambos têm problemas de visão já antigos. Contudo, os óculos de Vítor Constâncio precisariam de mais dioptrias do que os de Mario Dragui.
30/01/2013
DIÁRIO DE BORDO: Entradas de leão e saídas de sendeiro
Como aqui prognostiquei, António Costa ficou surdo ao canto de sereia dos órfãos de Sócrates mesmo depois de «meio copo de uísque» e empurrou a candidatura à liderança do PS com a barriga para a frente. Aposto singelo contra dobrado que vai continuar com o discurso ambíguo, a colocar pedras em todos os tabuleiros e com um olho no burro e outro no cigano, como diz o povo, esperando que Seguro fique inseguro, o governo se desgaste um pouco mais e a situação melhore o suficiente para a criatura prometer «estimular o consumo».
Foi um prognóstico fácil, dadas as características do actor e as exigências do papel na peça que está em palco. Difícil de prognosticar seria António José Seguro recandidatar-se contra «o regresso ao passado», rejeitando 13 anos de governação socialista.
Foi um prognóstico fácil, dadas as características do actor e as exigências do papel na peça que está em palco. Difícil de prognosticar seria António José Seguro recandidatar-se contra «o regresso ao passado», rejeitando 13 anos de governação socialista.
Títulos inspirados (14) - «Macaco astronauta iraniano preocupa Estados Unidos»
«O Irão anunciou ontem que enviou um macaco para o espaço, que regressou são e salvo. Os EUA dizem que, a ser verdade, é uma violação das resoluções das Nações Unidas.» (Expresso)
Bons exemplos (49) – Melhor é possível (e não é difícil)
The Lisbon MBA, um mestrado em gestão da Nova em parceria com a Católica, surge este ano em 61.º lugar (em 15.º entre os europeus) como único MBA português do Global MBA Ranking 2013 do Financial Times. Entre os 100 melhores encontramos 51 universidades americanas, 11 do Reino Unido e 6 da China e igual número do Canadá, os nossos vizinhos têm 3 e a Alemanha só tem 1 (shame on them!).
FT: Global MBA Ranking 2013 |
29/01/2013
DIÁRIO DE BORDO: Against all odds
Se tivesse de apostar, apostaria que o homem providencial para o Estado Previdência, o Dom Sebastião do PS, vai deixar desapontados os aflitos à espera de serem por ele conduzidos pela autoestrada dos amanhãs que cantam ao assalto à mesa do delapidado orçamento. António Costa, ao contrário do que esperam e vaticinam os órfãos de José Sócrates, vai aguardar por melhores dias – é esse o meu prognóstico.
CASE STUDY: O homem providencial para o Estado Previdência (2)
Já se percebeu que António Costa se estava a movimentar na penumbra e a colocar o palito no bolo para avaliar as hipóteses da sua putativa candidatura a líder do PS. Os anúncios da Câmara de Lisboa a evidenciar a sua faceta de combatente das dívidas não são inocentes porque o homem anda por aí há muito tempo.
Faltava saber se as suas ideias políticas se distinguiam das do actual líder e, sobretudo, das de José Sócrates, o grande responsável por chegarmos aonde agora nos encontramos. A resposta dada no congresso do PS-Açores é não se distingue e oferece-nos como solução para doença a mesma receita que nos pôs doentes: «estimular o consumo».
Por essa, e por outras, terei de dar razão a Alberto Gonçalves que ontem escreveu no DN: «O Dr. Costa não tem vergonha nenhuma e, se o pernicioso regresso aos mercados não lhe trocar as sondagens, pondera apresentar-se às massas enquanto o orgulhoso representante dos desvarios que condenaram as massas a apertos sem fim à vista. Se nada garante que tamanha extravagância vá longe, a sua mera plausibilidade é suficiente para recear a falta de memória e de juízo do bom povo.»
Faltava saber se as suas ideias políticas se distinguiam das do actual líder e, sobretudo, das de José Sócrates, o grande responsável por chegarmos aonde agora nos encontramos. A resposta dada no congresso do PS-Açores é não se distingue e oferece-nos como solução para doença a mesma receita que nos pôs doentes: «estimular o consumo».
Por essa, e por outras, terei de dar razão a Alberto Gonçalves que ontem escreveu no DN: «O Dr. Costa não tem vergonha nenhuma e, se o pernicioso regresso aos mercados não lhe trocar as sondagens, pondera apresentar-se às massas enquanto o orgulhoso representante dos desvarios que condenaram as massas a apertos sem fim à vista. Se nada garante que tamanha extravagância vá longe, a sua mera plausibilidade é suficiente para recear a falta de memória e de juízo do bom povo.»
28/01/2013
Pro memoria (91) – O condicionamento pavloviano das mentes pelos comunistas
Continua a ser impressionante a forma e a extensão como os comunistas condicionaram e condicionam o pensamento e a expressão política em Portugal. Que outro partido poderia defender e justificar durante décadas, sem protestos dos comentadores de esquerda e direita e com a passividade da opinião pública, os regimes políticos mais abjectos da história, responsáveis por mais vítimas do que todos os nazismos e fascismos, como desde sempre os sistemas soviéticos da URSS e as «democracia populares» dos países da Cortina de Ferro, as ditaduras de inspiração maoísta da China, do Vietname, do Cambodja, do Laos, da Coreia do Norte (*), e ainda Cuba, entre outros? Nenhum.
Por isso, nenhum outro partido poderia pela voz de um dos seus destacados dirigentes e controleiro da CGTP referir-se numa manifestação de professores a um etíope «rei mago escurinho». Mesmo sendo o representante do FMI para Portugal na troika. Embora, reconheça-se, para muita gente a demonização do FMI é suficiente para fazer orelhas moucas a uma boca que vinda de outras paragens e dirigida a outra pessoa da lista das personalidades toleradas pela esquerdalhada criaria vagas de indignação histérica. Como seria de esperar numa imprensa ocupada por jornalistas ao serviço de causas (os que não servem causas metem o rabinho entre as pernas quando se trata de certas causas), com excepção do Correio da Manhã, os outros jornais publicaram apenas as desculpas de mau pagador de Arménio Carlos, mas não a notícia original.
(*) Nem de propósito, ficou-se a saber que na Coreia do Norte, aquele país que o líder parlamentar do PCP diz não estar certo de que não seja uma democracia, morreram 10 mil pessoas de fome o ano passado e um pai foi executado por ter comido os seus dois filhos durante essa vaga de fome.
Por isso, nenhum outro partido poderia pela voz de um dos seus destacados dirigentes e controleiro da CGTP referir-se numa manifestação de professores a um etíope «rei mago escurinho». Mesmo sendo o representante do FMI para Portugal na troika. Embora, reconheça-se, para muita gente a demonização do FMI é suficiente para fazer orelhas moucas a uma boca que vinda de outras paragens e dirigida a outra pessoa da lista das personalidades toleradas pela esquerdalhada criaria vagas de indignação histérica. Como seria de esperar numa imprensa ocupada por jornalistas ao serviço de causas (os que não servem causas metem o rabinho entre as pernas quando se trata de certas causas), com excepção do Correio da Manhã, os outros jornais publicaram apenas as desculpas de mau pagador de Arménio Carlos, mas não a notícia original.
(*) Nem de propósito, ficou-se a saber que na Coreia do Norte, aquele país que o líder parlamentar do PCP diz não estar certo de que não seja uma democracia, morreram 10 mil pessoas de fome o ano passado e um pai foi executado por ter comido os seus dois filhos durante essa vaga de fome.
SERVIÇO PÚBLICO: Podia ser muito pior (5)
[(1), (2), (3) e (4)]
Apesar do falhanço das estimativas das receitas correntes (sobretudo do IVA), segundo os dados provisórios da DGO, o défice do OE 2012 acabou por ser inferior ao objectivo do PAEF de 9 mil milhões, graças aos 800 milhões da concessão da ANA. Evidentemente que tudo isto só foi possível com a transferência decidida em 2011 de 2,8 mil milhões dos fundos de pensões dos bancos as quais irão gerar no futuro despesas provavelmente não cobertas pelos valores agora transferidos – só em 2012 as pensões correspondentes ao Regime Substitutivo Bancário atingiram 515,8 milhões ou 3,6% do total das pensões, uma percentagem muito superior à do número de pensionistas bancários.
Apesar do falhanço das estimativas das receitas correntes (sobretudo do IVA), segundo os dados provisórios da DGO, o défice do OE 2012 acabou por ser inferior ao objectivo do PAEF de 9 mil milhões, graças aos 800 milhões da concessão da ANA. Evidentemente que tudo isto só foi possível com a transferência decidida em 2011 de 2,8 mil milhões dos fundos de pensões dos bancos as quais irão gerar no futuro despesas provavelmente não cobertas pelos valores agora transferidos – só em 2012 as pensões correspondentes ao Regime Substitutivo Bancário atingiram 515,8 milhões ou 3,6% do total das pensões, uma percentagem muito superior à do número de pensionistas bancários.
27/01/2013
A maldição da tabuada (14) - se não sabem fazer contas não deveriam citar números
Comentando com o habitual ressabiamento com que escreve sobre algum resultado conseguido por este governo constituído por gente sem pátina, Miguel Sousa Tavares conclui na sua peça habitual no Expresso que «4,891% de juros (o yield do leilão de OT da semana passada) … não deixa de ser 5 vezes a taxa de inflação». Não se sabe qual a taxa de inflação a que MST se refere, mas se fosse a taxa média de inflação anual em Dezembro passado seria 2,77% (INE), de onde resultaria ser o yield do leilão 1,8 vezes a taxa de inflação e não 5 vezes. Daqui inferimos que a tabuada de MST, eventualmente construída num sistema que não o de base 10, o levou a um erro «colossal».
Pro memoria (90) – Bandeiras arreadas
Depois de aprovada pela maioria de esquerda na assembleia nacional francesa e a seguir ser considerada inconstitucional pelo Conselho Constitucional francês, «la taxe à 75% ne verra pas le jour» antecipou a Europe1. Mais uma bandeira arreada.
26/01/2013
DIÁRIO DE BORDO: Caught in the Act (40)
Um governo à deriva (8) – Pior é difícil (mas não impossível)
Continuação daqui.
A gestão do caso RTP é um paradigma das asneiras de um governo que costumamos classificar no (Im)pertinências como mau no género bom, diferentemente dos governos de Sócrates que foram bons no género mau.
Entendamo-nos, mesmo para quem defenda (não é o meu caso) uma coisa chamada «serviço público de televisão», supondo que se saiba do que se trata, não há razão nenhuma para estar alimentar a pão-de-ló um burro que carrega 2 mil passageiros para produzir uma programação miserável que nada distingue das televisões privadas. Por uma fracção dos mais de 200 milhões que custa aos portugueses a RTP seria possível o governo comprar tempo de antena nas televisões privadas para as transmissões de «interesse público».
Depois de um ano e meio de novela realizada pelo inefável Relvas, com episódios de privatização pura e dura, episódios de concessão da exploração, entre outros que não percebi, chegamos a um anticlímax: aliviar o burro de 600 passageiros e reduzir assim a dose de palha. Supõe-se que este anticlímax se deve à necessidade de apaziguar as corporações que se opõem a alterar o status quo que vão desde os 2 mil passageiros até aos operadores privados de televisão, passando pelo CDS, apaziguamento que não parece estar a correr bem dadas as reacções do PS que está contra a «operação de cosmética de emagrecimento» e, inevitavelmente, das reacções do Sindicato dos Jornalistas que defende estar o processo de reestruturação «ferido de clara ilegalidade». Surpreendentemente, neste último episódio da novela, ainda ninguém falou da Constituição. Lá chegaremos, em devido tempo.
A gestão do caso RTP é um paradigma das asneiras de um governo que costumamos classificar no (Im)pertinências como mau no género bom, diferentemente dos governos de Sócrates que foram bons no género mau.
Entendamo-nos, mesmo para quem defenda (não é o meu caso) uma coisa chamada «serviço público de televisão», supondo que se saiba do que se trata, não há razão nenhuma para estar alimentar a pão-de-ló um burro que carrega 2 mil passageiros para produzir uma programação miserável que nada distingue das televisões privadas. Por uma fracção dos mais de 200 milhões que custa aos portugueses a RTP seria possível o governo comprar tempo de antena nas televisões privadas para as transmissões de «interesse público».
Depois de um ano e meio de novela realizada pelo inefável Relvas, com episódios de privatização pura e dura, episódios de concessão da exploração, entre outros que não percebi, chegamos a um anticlímax: aliviar o burro de 600 passageiros e reduzir assim a dose de palha. Supõe-se que este anticlímax se deve à necessidade de apaziguar as corporações que se opõem a alterar o status quo que vão desde os 2 mil passageiros até aos operadores privados de televisão, passando pelo CDS, apaziguamento que não parece estar a correr bem dadas as reacções do PS que está contra a «operação de cosmética de emagrecimento» e, inevitavelmente, das reacções do Sindicato dos Jornalistas que defende estar o processo de reestruturação «ferido de clara ilegalidade». Surpreendentemente, neste último episódio da novela, ainda ninguém falou da Constituição. Lá chegaremos, em devido tempo.
DIÁRIO DE BORDO: Caught in the Act (39)
25/01/2013
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Convertido ao crescimentismo
Secção Entradas de leão e saídas de sendeiro
Depois de ter dito algumas verdades impopulares, tais como a inevitabilidade de os salários ainda terem de baixar e a ignorância dos empresários, que suscitaram amplas ondas de indignação das luminárias do regime, devidamente amplificadas pelos megafones do jornalismo de causas, António Borges parece ter-se cansado e resolvido converter-se ao discurso crescimentista, concluindo numa entrevista à Renascença: «já temos a economia equilibrada e, em muito sentido, já não precisávamos de mais austeridade nenhuma … no sentido macroeconómico claro que não, porque já não temos défice externo. É necessário cortar o défice público, o que é uma coisa diferente. Mas esse corte deve ser acompanhado de um regresso ao crescimento no investimento e no consumo».
Infelizmente António Borges não se deu ao trabalho de nos esclarecer como vamos cortar o défice público sem a continuação de medidas de austeridade, e, se regressamos ao consumo, de onde virá o dinheiro para investir a partir das sobras do consumo e do serviço de uma dívida pública crescente e de uma dívida externa de uma dimensão pantagruélica (2,5 vezes o PIB), dívida externa na melhor hipótese estabilizada - se as contas externas continuassem equilibradas, o que não aconteceria com o aumento do consumo.
Três urracas pela conversão à vulgata crescimentista, que certamente lhe renderá o tributo da economia mediática, e cinco chateaubriands, se for um caso de fé equivalente a abençoar a divina providência por fazer passar os rios pelo meio das cidades.
Depois de ter dito algumas verdades impopulares, tais como a inevitabilidade de os salários ainda terem de baixar e a ignorância dos empresários, que suscitaram amplas ondas de indignação das luminárias do regime, devidamente amplificadas pelos megafones do jornalismo de causas, António Borges parece ter-se cansado e resolvido converter-se ao discurso crescimentista, concluindo numa entrevista à Renascença: «já temos a economia equilibrada e, em muito sentido, já não precisávamos de mais austeridade nenhuma … no sentido macroeconómico claro que não, porque já não temos défice externo. É necessário cortar o défice público, o que é uma coisa diferente. Mas esse corte deve ser acompanhado de um regresso ao crescimento no investimento e no consumo».
Infelizmente António Borges não se deu ao trabalho de nos esclarecer como vamos cortar o défice público sem a continuação de medidas de austeridade, e, se regressamos ao consumo, de onde virá o dinheiro para investir a partir das sobras do consumo e do serviço de uma dívida pública crescente e de uma dívida externa de uma dimensão pantagruélica (2,5 vezes o PIB), dívida externa na melhor hipótese estabilizada - se as contas externas continuassem equilibradas, o que não aconteceria com o aumento do consumo.
Três urracas pela conversão à vulgata crescimentista, que certamente lhe renderá o tributo da economia mediática, e cinco chateaubriands, se for um caso de fé equivalente a abençoar a divina providência por fazer passar os rios pelo meio das cidades.
Ressabiados do regime (1) – O caso notável do professor Freitas do Amaral
Entre os ressabiados do regime, o caso do professor Freitas do Amaral é o mais estudado pelos contribuintes do (Im)pertinência, como se pode confirmar pela vasta soma de posts que lhe foram dedicados.
A última manifestação de ressaibo foi ontem a propósito do «grande festejo por Portugal ter regressado aos mercados… (que) não é mérito deste Governo… (mas) do senhor Mario Draghi que, em Agosto passado, fez declarações em que se comprometeu a defender o euro fosse como fosse, e os mercados recuperaram confiança, e os juros começaram a baixar». Para usar as palavras do Blasfémias, o emérito ressabiado não explicou «porque é que a Grécia não acompanhou Portugal e a Irlanda … e se o mérito é todo das declarações de Agosto do senhor Draghi, porque foi que os juros da dívida portuguesa começaram a descer em… Fevereiro?»
Com melhor razão do que ao senhor Dragui, poderia o professor Freitas do Amaral atribuir ao saudoso engenheiro José Sócrates e aos seus governos (de um deles, recordemos, ele próprio fez parte) os méritos pelo regresso aos mercados porque a esses governos se deve a saída dos mercados sem a qual não teria havido regresso.
Pode ser visto aqui o vídeo com as declarações num tom sapiente e definitivo em que o emérito postula ex cathedra, repetidamente. os deméritos do governo e o mérito do senhor Dragui.
A última manifestação de ressaibo foi ontem a propósito do «grande festejo por Portugal ter regressado aos mercados… (que) não é mérito deste Governo… (mas) do senhor Mario Draghi que, em Agosto passado, fez declarações em que se comprometeu a defender o euro fosse como fosse, e os mercados recuperaram confiança, e os juros começaram a baixar». Para usar as palavras do Blasfémias, o emérito ressabiado não explicou «porque é que a Grécia não acompanhou Portugal e a Irlanda … e se o mérito é todo das declarações de Agosto do senhor Draghi, porque foi que os juros da dívida portuguesa começaram a descer em… Fevereiro?»
Com melhor razão do que ao senhor Dragui, poderia o professor Freitas do Amaral atribuir ao saudoso engenheiro José Sócrates e aos seus governos (de um deles, recordemos, ele próprio fez parte) os méritos pelo regresso aos mercados porque a esses governos se deve a saída dos mercados sem a qual não teria havido regresso.
Pode ser visto aqui o vídeo com as declarações num tom sapiente e definitivo em que o emérito postula ex cathedra, repetidamente. os deméritos do governo e o mérito do senhor Dragui.
24/01/2013
Lost in translation (167) – Portugal volta ao mercado da dívida de longo prazo
É isso que o Financial Times quer dizer quando escreve «Portugal has returned to the long-term debt market for the first time since being bailed out in 2011 in a landmark deal for the rehabilitation of the eurozone’s struggling peripheral economies».
Trata-se de «long-term debt» e não «principalmente nos prazos mais curtos» como vaticinou o novo guru doméstico das finanças. É óbvio que os mercados, onde os investidores colocam a boca e também o dinheiro, acreditarem não quer dizer tudo, nem talvez muito. Mas quer dizer certamente mais do que opiniões domésticas enviesadas de quem não arrisca um cêntimo e sabe que tem audiência amplificada pelo jornalismo de causas e garantida pelo nacional-ressabiamento.
Trata-se de «long-term debt» e não «principalmente nos prazos mais curtos» como vaticinou o novo guru doméstico das finanças. É óbvio que os mercados, onde os investidores colocam a boca e também o dinheiro, acreditarem não quer dizer tudo, nem talvez muito. Mas quer dizer certamente mais do que opiniões domésticas enviesadas de quem não arrisca um cêntimo e sabe que tem audiência amplificada pelo jornalismo de causas e garantida pelo nacional-ressabiamento.
23/01/2013
SERVIÇO PÚBLICO: O princípio do princípio (15)
Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (12), (13) e (14)]
Para um país que está ligado ao ventilador da troika há quase dois anos, o sucesso do leilão desta manhã de OT a 5 anos com um yield ponderado de 4,9% e uma procura 5 vezes superior aos 2,5 mil milhões colocados com70% mais de 90% das ordens do estrangeiro tem de considerar-se um passo positivo, a confirmar o que costumo escrever nestas ocasiões: os portugueses andam tão ocupados a queixar-se, indignar-se, revoltar-se e a tentar chutar para o lado e para a frente a factura da festa que acreditam menos nos resultados das políticas de consolidação do que os credores que arriscaram e arriscam o seu dinheiro torrado na festa. É um passo positivo, até pelos vistos surpreendente para o guru Roubini que ainda ontem tinha dúvidas sobre se iria acontecer em breve.
Para um país que está ligado ao ventilador da troika há quase dois anos, o sucesso do leilão desta manhã de OT a 5 anos com um yield ponderado de 4,9% e uma procura 5 vezes superior aos 2,5 mil milhões colocados com
CASE STUDY: António Champalimaud revolve-se na tumba (5)
[Outras revoltas na tumba: (1),
(2), (3) e (4)]
A reforçar todas as dúvidas anteriores (ver outras revoltas na tumba) sobre o que anda a ser feito com o legado do de cujus, fica-se a saber que a presidente Leonor Beleza anunciou andar à procura de apoios financeiros e de mais doações explicando em linguagem cifrada: «vamos fazê-lo, não porque temos dificuldades agora, mas porque queremos fazer mais». Traduzido em português corrente com a preciosa ajuda das contas, isso significa que, como previ nas anteriores revoltas na tumba, começa a ser incontornável o esgotamento a prazo do combustível para manter o faraónico mausoléu à beira rio.
De facto, uma consulta rápida ao último relatório anual de 2011, que no esplendor das suas 139 páginas dedica 3 à «gestão do património financeiro», retira quaisquer dúvidas.
O balanço e a demonstração de resultados de 2011 mostram que nesse ano e no anterior foram torrados quase 16 milhões de euros do património líquido e do legado de 500 milhões já só restavam 358 milhões no final de 2011, assumindo a premissa bastante especulativa que os activos valem o seu valor contabilístico.
A reforçar todas as dúvidas anteriores (ver outras revoltas na tumba) sobre o que anda a ser feito com o legado do de cujus, fica-se a saber que a presidente Leonor Beleza anunciou andar à procura de apoios financeiros e de mais doações explicando em linguagem cifrada: «vamos fazê-lo, não porque temos dificuldades agora, mas porque queremos fazer mais». Traduzido em português corrente com a preciosa ajuda das contas, isso significa que, como previ nas anteriores revoltas na tumba, começa a ser incontornável o esgotamento a prazo do combustível para manter o faraónico mausoléu à beira rio.
De facto, uma consulta rápida ao último relatório anual de 2011, que no esplendor das suas 139 páginas dedica 3 à «gestão do património financeiro», retira quaisquer dúvidas.
Clicar para ampliar |
22/01/2013
Bons exemplos (48) – A excepção e a regra
«No espaço de 24 horas quatro mulheres deram à luz gémeos num hospital israelita: uma é judia, outra cristã árabe, a terceira é muçulmana e a última é drusa.»
O que tem esta notícia de extraordinário? Os quatro pares de gémeos em 24 horas no mesmo hospital? Nem tanto. Isso poderá acontecer com maior probabilidade em qualquer outro país do Médio Oriente, dadas as taxas de fertilidade mais elevadas. Por muito que Israel não seja exactamente um modelo de sociedade tolerante, o extraordinário é aquelas quatro mães de 4 religiões diferentes se encontrariam improvavelmente juntas para dar à luz em qualquer outro hospital do Médio-Oriente fora de Israel, et pour cause.
O que tem esta notícia de extraordinário? Os quatro pares de gémeos em 24 horas no mesmo hospital? Nem tanto. Isso poderá acontecer com maior probabilidade em qualquer outro país do Médio Oriente, dadas as taxas de fertilidade mais elevadas. Por muito que Israel não seja exactamente um modelo de sociedade tolerante, o extraordinário é aquelas quatro mães de 4 religiões diferentes se encontrariam improvavelmente juntas para dar à luz em qualquer outro hospital do Médio-Oriente fora de Israel, et pour cause.
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Da próxima vez não será diferente (2)
[Continuação de (1)]
«Não pediremos mais tempo nem mais dinheiro», garantiu Passos Coelho no final de um encontro com Mariano Rajoy, 6 meses depois da tomada de posse do seu governo. Decorrido um ano, o ministro das Finanças pede ao Eurogrupo uma extensão das maturidades dos empréstimos que, segundo ele, apresentam «uma concentração de pagamentos muito considerável nos anos de 2014, 2015 e 2016».
Veja-se o calendário seguinte, já aqui citado.
Duas perguntas:
«Não pediremos mais tempo nem mais dinheiro», garantiu Passos Coelho no final de um encontro com Mariano Rajoy, 6 meses depois da tomada de posse do seu governo. Decorrido um ano, o ministro das Finanças pede ao Eurogrupo uma extensão das maturidades dos empréstimos que, segundo ele, apresentam «uma concentração de pagamentos muito considerável nos anos de 2014, 2015 e 2016».
Veja-se o calendário seguinte, já aqui citado.
Duas perguntas:
- O que sabe hoje o governo a este respeito que não soubesse há um ano?
- O que tem de muito considerável a concentração de pagamentos em 2014 e 2015 (ano pré-eleitoral e ano de eleições, respectivamente, se este governo durasse até lá) que não tenha em 2013 ou em 2017 e anos seguintes?
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: O indispensável rigor no preenchimento da declaração fiscal
Secção Assault of thoughts (*)
Cinco afonsos para o contribuinte de Evesham que assim demonstrou poder um sujeito passivo ser um sujeito activo, até certo ponto.
(*) John Maynard Keynes, o economista que defendeu políticas intervencionistas quando as despesas públicas eram uma fracção do que são hoje, inspirando seguidores que continuam encalhados nos anos 30 do século passado, também disse «words ought to be a little wild, for they are the assault of thoughts on the unthinking.»
(Enviado por JARF) |
(*) John Maynard Keynes, o economista que defendeu políticas intervencionistas quando as despesas públicas eram uma fracção do que são hoje, inspirando seguidores que continuam encalhados nos anos 30 do século passado, também disse «words ought to be a little wild, for they are the assault of thoughts on the unthinking.»
21/01/2013
Títulos inspirados (13) - A arte de bem manipular todo o título
Quando li o título «Hollande diz que Portugal não é exemplo a seguir» da peça de Daniel Ribeiro, o correspondente em Paris do Expresso, sobre a conferência de imprensa conjunta de François Hollande e Passos Coelho confesso que não fui mais longe e pensei, voilà François a fazer o frete ao camarada Seguro.
Acontece que, como sublinha o blogue «Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...», contrariamente ao que esse título sugere, Hollande faz uma apreciação positiva dos resultados das políticas de consolidação orçamental do governo português e faz uma crítica implícita aos governos anteriores que não conseguiram «evitar chegar a essas soluções» em contraponto com a França, porque segundo ele, «reduzimos o nosso défice, controlámos a nossa dívida e fizemos o esforço da competitividade... é melhor tomar as medidas antes porque, quando se espera demasiado, elas podem ser extremamente dolorosas». Por isso o título mais adequado até seria, como também sugere o referido blogue, «Hollande critica Sócrates e elogia Passos Coelho».
E assim se vê a contumácia do jornalismo de causas, fazendo de água dura na pedra mole das meninges dos leitores.
Acontece que, como sublinha o blogue «Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...», contrariamente ao que esse título sugere, Hollande faz uma apreciação positiva dos resultados das políticas de consolidação orçamental do governo português e faz uma crítica implícita aos governos anteriores que não conseguiram «evitar chegar a essas soluções» em contraponto com a França, porque segundo ele, «reduzimos o nosso défice, controlámos a nossa dívida e fizemos o esforço da competitividade... é melhor tomar as medidas antes porque, quando se espera demasiado, elas podem ser extremamente dolorosas». Por isso o título mais adequado até seria, como também sugere o referido blogue, «Hollande critica Sócrates e elogia Passos Coelho».
E assim se vê a contumácia do jornalismo de causas, fazendo de água dura na pedra mole das meninges dos leitores.
20/01/2013
Exemplos do costume (11) – Para o Expresso os entrevistados são todos iguais mas há um mais igual do que os outros
Depois de vários boletins médicos divulgados nos jornais a contar estórias (internado por «indisposição»), finalmente o Expresso informa-nos que Mário Soares teria tido uma encefalite, deu entrada no hospital e foi internado numa unidade de cuidados intensivos, apresentando «um estado confusional». Faço votos para que o cidadão idoso Mário Soares recupere a sua saúde e acrescento, sem ironia, que este diagnóstico estaria ao alcance de qualquer leigo depois de ouvir as suas intervenções dos últimos meses.
Distraidamente o Expresso informa-nos ainda que na véspera da hospitalização Mário Soares queria chamar «alguns dos seus colaboradores, pois precisava de rever a entrevista que concedera ao Expresso na edição da semana passada – e que acabaria por não ser publicada … por “razões atendíveis”». Terei lido bem? O Expresso concede aos seus entrevistados a oportunidade de «rever» as entrevistas? E se não forem revistas não as publica por «razões atendíveis»?
Distraidamente o Expresso informa-nos ainda que na véspera da hospitalização Mário Soares queria chamar «alguns dos seus colaboradores, pois precisava de rever a entrevista que concedera ao Expresso na edição da semana passada – e que acabaria por não ser publicada … por “razões atendíveis”». Terei lido bem? O Expresso concede aos seus entrevistados a oportunidade de «rever» as entrevistas? E se não forem revistas não as publica por «razões atendíveis»?
19/01/2013
Presunção de inocência ou presunção de culpa? (10)
Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8) e (9).
Não é a primeira vez que os banqueiros do regime marcam presença nesta série de posts. Desta vez, a propósito das 3 rectificações à declaração de IRS de 2011 feitas por Ricardo Salgado antes de depor no processo Monte Branco. É claro que é naturalíssimo uma pessoa tão ocupada ter-se esquecido de declarar mais de 8 milhões de euros de rendimentos.
Como é igualmente natural usar alegadamente informação privilegiada em alegado benefício próprio ou ajeitar alegadamente os preços, como alegadamente suspeita a CMVM em relação a operações do BES envolvendo acções da EDP Renováveis em 2008 que poderão alegadamente ter beneficiado alegados altos quadros do grupo.
Podem os banqueiros do regime dormir descansados porque felizmente esta não é alegadamente a pátria do capitalismo que, como se sabe, é o alegado inferno dos capitalistas.
Não é a primeira vez que os banqueiros do regime marcam presença nesta série de posts. Desta vez, a propósito das 3 rectificações à declaração de IRS de 2011 feitas por Ricardo Salgado antes de depor no processo Monte Branco. É claro que é naturalíssimo uma pessoa tão ocupada ter-se esquecido de declarar mais de 8 milhões de euros de rendimentos.
Como é igualmente natural usar alegadamente informação privilegiada em alegado benefício próprio ou ajeitar alegadamente os preços, como alegadamente suspeita a CMVM em relação a operações do BES envolvendo acções da EDP Renováveis em 2008 que poderão alegadamente ter beneficiado alegados altos quadros do grupo.
Podem os banqueiros do regime dormir descansados porque felizmente esta não é alegadamente a pátria do capitalismo que, como se sabe, é o alegado inferno dos capitalistas.
Lost in translation (166) - Picaretas falantes no parlamento europeu
Os 22 deputados portugueses ao parlamento europeu representam cerca de 3% do total de 751 e, com excepção de uma deputada galega, são os únicos que se expressam em português.
Sem grande surpresa, para quem conheça as capacidades oratórias e a verborreia imanente ao político português, segundo o Irish Times citado pelo SOL, aqueles 3% dos deputados representaram no período de Janeiro a Maio de 2012 quase 12% do tempo total das intervenções no parlamento europeu, à frente de todos os outros com excepção dos que intervieram em inglês com 22% e em francês com mais umas décimas do que em português. O campeão da treta é Diogo Feio do CDS com 1.383-discursos-1.383 nesta legislatura.
Como aguentam os restantes 729 deputados o luso dilúvio de palavras num deserto de ideias? Suspeito que desligando a tradução simultânea.
Sem grande surpresa, para quem conheça as capacidades oratórias e a verborreia imanente ao político português, segundo o Irish Times citado pelo SOL, aqueles 3% dos deputados representaram no período de Janeiro a Maio de 2012 quase 12% do tempo total das intervenções no parlamento europeu, à frente de todos os outros com excepção dos que intervieram em inglês com 22% e em francês com mais umas décimas do que em português. O campeão da treta é Diogo Feio do CDS com 1.383-discursos-1.383 nesta legislatura.
Como aguentam os restantes 729 deputados o luso dilúvio de palavras num deserto de ideias? Suspeito que desligando a tradução simultânea.
18/01/2013
SERVIÇO PÚBLICO: Uma queda colossal? Depende de que falamos.
Segundo as projecções do Boletim Económico de Inverno do BdeP, a redução acumulada da procura interna entre 2009 e 2013 será de 17%. Esta é de facto uma queda colossal. E, na sua maior parte, essa queda é do consumo interno, e por isso ainda bem, porque foi a sua pletora que nos trouxe onde nos encontramos.
Apesar dessa queda colossal da procura interna e apesar do aumento colossal da taxa de desemprego no mesmo período de 8,9% (INE) para 17% (o governo estima 16,4%), o BdeP estima uma queda acumulada menos colossal do PIB entre 2009 e 2013 de 7,4%. O que mostra que a economia está a cortar no subemprego e a limpar o tecido empresarial das empresas inviáveis.
Apesar dessa queda colossal da procura interna e apesar do aumento colossal da taxa de desemprego no mesmo período de 8,9% (INE) para 17% (o governo estima 16,4%), o BdeP estima uma queda acumulada menos colossal do PIB entre 2009 e 2013 de 7,4%. O que mostra que a economia está a cortar no subemprego e a limpar o tecido empresarial das empresas inviáveis.
Pro memoria (89) – A deriva antidemocrática, as reformas e os consensos
Não é minha vocação fazer hermenêutica dos sound bites da nossa classe política, por isso não vou fazê-lo também no que respeita à frase de Passos Coelho no encerramento de uma conferência sobre a reforma do Estado:
«O país não pode ficar parado, paralisado, por não haver consenso necessário à decisão, ou por simples medo do ciclo político, de evitar o desagrado do eleitorado.»
17/01/2013
SERVIÇO PÚBLICO: O princípio do princípio (14)
Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (12) e (13)]
Ontem o IGCP realizou três leilões de Bilhetes do Tesouro totalizando 2,5 mil milhões: 300 milhões a 3 meses, 1.200 milhões a 12 meses e outro de 1.000 milhões a 18 meses. As taxas implícitas para 18 meses desceram num mês quase 1% para 1,963% e as de 3 meses de 2% para 0,66% e a procura total foi quase 3 vezes o montante colocado.
É um bom sinal? Sem dúvida. Para avaliar a bondade do sinal seria preciso saber quem foram os participantes nos leilões porque é diferente serem os operadores «amigos» (BES, Caixa, BCP, etc.) ou Goldman Sachs, Deutsche, Morgan Stanley, etc.
Digo-o uma vez mais: os portugueses andam tão ocupados a queixar-se, indignar-se, revoltar-se e a tentar chutar para o lado e para a frente a factura da festa que acreditam menos nos resultados das políticas de consolidação do que os credores que arriscaram e arriscam o seu dinheiro torrado na festa. Isto é sobretudo importante se os operadores de mercado internacionais participaram significativamente nestes leilões.
Ontem o IGCP realizou três leilões de Bilhetes do Tesouro totalizando 2,5 mil milhões: 300 milhões a 3 meses, 1.200 milhões a 12 meses e outro de 1.000 milhões a 18 meses. As taxas implícitas para 18 meses desceram num mês quase 1% para 1,963% e as de 3 meses de 2% para 0,66% e a procura total foi quase 3 vezes o montante colocado.
É um bom sinal? Sem dúvida. Para avaliar a bondade do sinal seria preciso saber quem foram os participantes nos leilões porque é diferente serem os operadores «amigos» (BES, Caixa, BCP, etc.) ou Goldman Sachs, Deutsche, Morgan Stanley, etc.
Digo-o uma vez mais: os portugueses andam tão ocupados a queixar-se, indignar-se, revoltar-se e a tentar chutar para o lado e para a frente a factura da festa que acreditam menos nos resultados das políticas de consolidação do que os credores que arriscaram e arriscam o seu dinheiro torrado na festa. Isto é sobretudo importante se os operadores de mercado internacionais participaram significativamente nestes leilões.
Pro memoria (88) – A deriva antidemocrática
Por muito que frequentemente me escasseie a pachorra para escutar ou ler os bramantes contra austeridade, depois de um silêncio ensurdecedor de décadas face às políticas que tornaram a austeridade insubstituível, obrigo-me a reconhecer que o preço de os ouvir é apenas mais um custo da democracia.
16/01/2013
Dúvidas (10) – Pergunta de resposta difícil
«Queremos um sistema de saúde que nos proporcione indicadores mais próximos do dos países nórdicos ou queremos um sistema de saúde assim-assim?», pergunta Maria de Belém, deputada, presidenta do PS e ex-ministra da Saúde e para a Igualdade do saudoso Guterres.
Respostas possíveis:
Respostas possíveis:
- A realidade - Temos um sistema de saúde assim-assim e pagamos um sistema de saúde como o dos países nórdicos;
- A fantasia - Queremos um sistema de saúde como o dos países nórdicos mas só podemos pagar um sistema de saúde assim-assim;
- O que tem de ser tem muita força - Só podemos a pagar um sistema de saúde assim-assim e conformamo-nos com um sistema de saúde assim-assim.
15/01/2013
DIÁRIO DE BORDO: Portugueses no topo
De boas intenções está o inferno cheio (13) – Sobretudo se for um inferno a carvão
Desde Kyoto, ou mesmo antes, a União Europeia tem-se apresentado a si própria como a campeã do ambiente por oposição a uns Estados Unidos que nem o tratado assinaram. Como quase tudo na vida, as aparências iludem e os vários infernos estão repletos de boas intenções.
A realidade é que com o gás de xisto os EU reduziram drasticamente a utilização de carvão para produzir energia e, em consequência, as emissões reduziram também radicalmente. Ao mesmo tempo, os excedentes de carvão fizeram o preço descer mais de 1/3 num ano e começaram a ser exportados. Imaginem para onde?
A realidade é que com o gás de xisto os EU reduziram drasticamente a utilização de carvão para produzir energia e, em consequência, as emissões reduziram também radicalmente. Ao mesmo tempo, os excedentes de carvão fizeram o preço descer mais de 1/3 num ano e começaram a ser exportados. Imaginem para onde?
14/01/2013
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (58) – Os guantanameros (II)
Actualização deste post.
«A Amnistia Internacional quer que a União Europeia pressione os Estados Unidos para que estes encerrem a prisão de Guantanamo, 11 anos depois da primeira transferência para este centro de detenção norte-americano na ilha de Cuba.» (DN)
Ouso perguntar: não fez já o quarto aniversário do encerramento?
«A Amnistia Internacional quer que a União Europeia pressione os Estados Unidos para que estes encerrem a prisão de Guantanamo, 11 anos depois da primeira transferência para este centro de detenção norte-americano na ilha de Cuba.» (DN)
Ouso perguntar: não fez já o quarto aniversário do encerramento?
Pro memoria (87) – O lugar do outro
O Tribunal Constitucional (TC) faz o papel do executivo, o executivo faz o papel de apresentador dos estudos do FMI e o presidente da República faz o papel do TC produzindo um documento com 29 páginas, que se recusou a divulgar publicamente (estaria em segredo de justiça?), onde explica ao TC o que este deve acordar. Só não explica como, com tantas certezas sobre a inconstitucionalidade e preocupações com o respeito da Constituição, não enviou imediatamente o OE 2013 ao TC, em vez de o deixar fritar em lume brando.
LEMA: «Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
LEMA: «Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
13/01/2013
CASE STUDY: O homem providencial para o Estado Previdência
O anúncio que o líder in waiting do PS a estagiar na CM Lisboa mandou colocar nos jornais anunciando que a Câmara «atingiu 0% de endividamento líquido» é como que uma mensagem subliminar dirigida às mentes dos membros do PS, em primeiro lugar, e dos eleitores, mais tarde, todos avassalados com o peso da dívida nas costas e a leveza nos bolsos. Ecce homo que nos vai libertar do jugo da troika, pastorear até ao Éden do crescimento e fazer renascer das cinzas o Estado Social.
Estado empreendedor (71) – pior é difícil (mas não impossível)
Já aqui escrevi sobre os swaps de taxas de juros que algumas empresas públicas contrataram para se protegerem da subida das taxas depois do início da crise de 2008 e me tinha interrogado como foi possível às criaturas que ocupam os conselhos de administração dessas empresas públicas terem achado indispensável pagar para se proteger do risco de subida das taxas de juros que, desde o colapso do Lehman Brothers em Setembro de 2008, não fizeram outra coisa senão descer?
Pois bem, segundo as estimativas do Expresso, as perdas resultantes destes contratos já irão em 3 mil milhões de euros and counting até ao final nalguns casos a muitos anos de vista. Será mais um pequeno contributo de quase 2% do PIB para a insolvência do monstro.
Pois bem, segundo as estimativas do Expresso, as perdas resultantes destes contratos já irão em 3 mil milhões de euros and counting até ao final nalguns casos a muitos anos de vista. Será mais um pequeno contributo de quase 2% do PIB para a insolvência do monstro.
12/01/2013
ESTADO DE SÍTIO: Será o Estado irreformável?
«O relatório do FMI teve este efeito: uniu a oligarquia do regime. Da direita à esquerda, do Governo à oposição, quase toda a gente levantou a pá de Aljubarrota. Manuel Alegre lembrou até o ultimato de 1890. Carlos Moedas foi a proverbial exceção. Não se esperava outra coisa. O FMI foi ingénuo. Partiu do pressuposto de que o Estado é uma empresa com certos objetivos, como o de garantir o acesso à educação e à saúde, e sugeriu maneiras de o Estado cumprir a sua missão com mais sucesso e sem fazer sofrer tanto o país. Ora o Estado não é bem isso. É a forma como nos relacionamos uns com os outros, e o meio através do qual a oligarquia política controla a população. Os objetivos descritos pelo FMI são secundários, em relação às razões de ser principais do Estado: permitir-nos vidas desligadas; com menos responsabilidades, e dar recursos à oligarquia para criar clientelas e fomentar dependências. Por exemplo, o funcionalismo, que o FMI trata como mão de obra, serve de facto como base social ao regime. Sem este Estado, haveria mais responsabilidades para os cidadãos e menos poder para a oligarquia. Estamos perante uma questão política, e não empresarial.
Lost in translation (165) - Edição especial de homenagem à Economist
Por ter publicado um «Glossary of new French doublespeak» (cujos termos, se não fosse vergonha, copiaríamos para o Glossário das Impertinências) numa peça com o nome de «Lost in translation» (se calhar poderíamos invocar direitos de autor a dividir com Sofia Coppola). Alguns termos:
Sécurisation de l’emploi (improving job security): phrase used to launch current labour-market negotiations, designed to introduce more flexibility (see banned words).
Flexibilité (flexibility): outlawed word prompting grim visions of unregulated Anglo-Saxon free-for-all (see Libéral).
Laissez-faire: iffy Anglo-Saxon phrase with no place in French (see Libéral).
Redressement des comptes publics (putting right the public finances): budget cuts and tax increases, never combined with austérité or rigueur (see banned words). Not to be confused with…
Minable (pathetic): departure of French national who considers taxes too high (see Depardieu, G).
Social-libéral (social liberal): suspicious form of pseudo-Socialist who embraces free-marketry.
Libéral (liberal): rare species with dodgy Anglo-Saxon motives, set on undermining French way of life (don’t see Frédéric Bastiat).
Ultra-libéral (ultra-liberal): beyond the pale, eg, The Economist.
Sécurisation de l’emploi (improving job security): phrase used to launch current labour-market negotiations, designed to introduce more flexibility (see banned words).
Flexibilité (flexibility): outlawed word prompting grim visions of unregulated Anglo-Saxon free-for-all (see Libéral).
Laissez-faire: iffy Anglo-Saxon phrase with no place in French (see Libéral).
Redressement des comptes publics (putting right the public finances): budget cuts and tax increases, never combined with austérité or rigueur (see banned words). Not to be confused with…
Minable (pathetic): departure of French national who considers taxes too high (see Depardieu, G).
Social-libéral (social liberal): suspicious form of pseudo-Socialist who embraces free-marketry.
Libéral (liberal): rare species with dodgy Anglo-Saxon motives, set on undermining French way of life (don’t see Frédéric Bastiat).
Ultra-libéral (ultra-liberal): beyond the pale, eg, The Economist.
11/01/2013
DIÁRIO DE BORDO: A língua portuguesa tem muitas subtilezas…
… e o meu ofício não é o de escriba. Só por isso, não me admirei dos mal-entendidos que o meu post sobre a performance de Carlos Moedas suscitou junto de amigos comuns. Tentando reparar o que, espero, não seja irreparável, vou remeter para a leitura de uma peça de Pedro Sousa Carvalho, no Económico, com o significativo título de «O sorriso de Carlos Moedas», que escreve com mais jeito uma parte do que queria dizer e de onde respigo estes dois parágrafos:
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: O caminho fez-se caminhando (3)
10/01/2013
CASE STUDY: As propostas do FMI ou de como os portugueses lidam muito mal com a realidade, adoram o consenso e repudiam as mudanças (2)
[Continuação daqui]
Gostava de escrever o que vou escrever de uma maneira diferente, porque tenho Carlos Moedas em boa conta como profissional e académico competente, pelo menos à distância, mas não seria a mesma coisa. Quero dizer: poderia não se perceber bem devido às subtilezas da língua portuguesa.
Gostava de escrever o que vou escrever de uma maneira diferente, porque tenho Carlos Moedas em boa conta como profissional e académico competente, pelo menos à distância, mas não seria a mesma coisa. Quero dizer: poderia não se perceber bem devido às subtilezas da língua portuguesa.
Lost in translation (164) – Croissance, Solidarité, Redressement, Récession
«La Banque de France prévoit une récession en fin d'année» (Figaro). As poções mágicas socialistas de François Hollande estão a evaporar-se. A crise que estava «derrière nous» voltou estar à nossa frente.
09/01/2013
CASE STUDY: As propostas do FMI ou de como os portugueses lidam muito mal com a realidade, adoram o consenso e repudiam as mudanças
Tenho à minha frente um documento pdf criado esta manhã às 7:20:37 contendo o relatório do FMI «PORTUGALRETHINKING THE STATE—SELECTED EXPENDITURE REFORM OPTIONS». Ainda não o li nem lerei nas próximas horas.
Desde a madrugada que jornalistas, comentadores, porta-vozes dos partidos, informam, comentam, condenam ou colocam preventivamente os corpinhos de fora. Deve ser raro encontrar a esta hora (17:30H) um português que não tenha uma opinião formada e definitiva sobre as propostas do FMI que se estendem pelas 77 páginas do relatório em inglês.
Desde a madrugada que jornalistas, comentadores, porta-vozes dos partidos, informam, comentam, condenam ou colocam preventivamente os corpinhos de fora. Deve ser raro encontrar a esta hora (17:30H) um português que não tenha uma opinião formada e definitiva sobre as propostas do FMI que se estendem pelas 77 páginas do relatório em inglês.
CONDIÇÃO MASCULINA / LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: A vingança póstuma de Larry Summers
No remoto ano de 2005 contei aqui a seguinte estória:
Em 14 de Janeiro, Lawrence Summers, presidente da Harvard University, e, entre muitos outros postos, antigo secretário do Tesouro do presidente Clinton, proferiu este discurso na Conference on Diversifying the Science & Engineering Workforce do National Bureau of Economic Research. Nesse discurso Summers explicou que não era um especialista mas via 3 razões possíveis para haver menos mulheres nas áreas de matemáticas e ciências. A discriminação e pressões sociais a que são sujeitas as mulheres; as tremendas exigências de disponibilidade que tornam menos atractivas estas carreiras para elas e, last but not least, a maior variabilidade das atitudes, face à ciência, nos homens do que nas mulheres.
Em 14 de Janeiro, Lawrence Summers, presidente da Harvard University, e, entre muitos outros postos, antigo secretário do Tesouro do presidente Clinton, proferiu este discurso na Conference on Diversifying the Science & Engineering Workforce do National Bureau of Economic Research. Nesse discurso Summers explicou que não era um especialista mas via 3 razões possíveis para haver menos mulheres nas áreas de matemáticas e ciências. A discriminação e pressões sociais a que são sujeitas as mulheres; as tremendas exigências de disponibilidade que tornam menos atractivas estas carreiras para elas e, last but not least, a maior variabilidade das atitudes, face à ciência, nos homens do que nas mulheres.
DIÁRIO DE BORDO: O problema está na “acção recíproca”
«O discurso do "economês", que é hoje uma parte importante do discurso do poder, é uma espécie de marxismo pobre e rudimentar, que acredita a seu modo que a "infraestrutura" condiciona a "superestrutura", ou seja, que é a "economia" que determina a "política". Marx ainda falava da "acção recíproca" e, quando teve que defrontar a questão da arte e da literatura, ainda abriu caminho a uma autonomia complexa da "superestrutura", mas isso é muito complicado para mentes simples educadas por manuais escolares que estavam igualmente impregnados deste marxismo vulgar. Depois, com as modas mediáticas e os blogues, este marxismo vulgar virou uma vulgata liberal com muita facilidade.»
Não deixa de ser curioso que Pacheco Pereira neste artigo do Público não tenha concluído que o estado actual miserável da “infraestrutura”, a “economia”, se ficou a dever à “acção recíproca” entre essa “infraestrutura” e a “superestrutura”, a política para não ir mais longe. E, por isso, pode ser uma boa solução mitigar a “acção recíproca” da “superestrutura”, sobre a “infraestrutura” concedendo a esta “uma autonomia complexa”. Talvez seja uma conclusão demasiado simples para mentes complicadas.
Não deixa de ser curioso que Pacheco Pereira neste artigo do Público não tenha concluído que o estado actual miserável da “infraestrutura”, a “economia”, se ficou a dever à “acção recíproca” entre essa “infraestrutura” e a “superestrutura”, a política para não ir mais longe. E, por isso, pode ser uma boa solução mitigar a “acção recíproca” da “superestrutura”, sobre a “infraestrutura” concedendo a esta “uma autonomia complexa”. Talvez seja uma conclusão demasiado simples para mentes complicadas.
08/01/2013
Pro memoria (86) - «Possível fracasso do carro elétrico»
O aviso é da ACEA, Associação de Construtores Europeus de Automóveis, e o carro eléctrico foi um dos projectos de novas tecnologias apadrinhado por José Sócrates, à pala do qual torrou uns milhões para montar uma rede de carregamento das baterias dos menos de 300 carros existentes com mais de mil postos a 3 mil euros por posto e os de carregamento rápido a custaram dez vezes mais, e nos torrou os neurónios com as suas excitadas intervenções fervorosamente transmitidas pelas televisões.
(Retrospectiva dos carros eléctricos de José Sócrates no (Im)pertinências)
(Retrospectiva dos carros eléctricos de José Sócrates no (Im)pertinências)
07/01/2013
06/01/2013
CONDIÇÃO MASCULINA / LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: Viva a diferença!
Para quem sempre constatou, como este vosso escriba, que o homem e a mulher são diferentes, e não só no que é óbvio, constatação sempre confirmada pela observação da realidade, em particular pela criação de filhos de sexos diferentes, e daí duvidou que o ensino misto fosse uma boa solução, dúvida cada vez mais forte perante o handicap cada vez mais evidente que representa para rapazes ensinados por professoras, com métodos e em contextos talvez adequados para as raparigas e obviamente inadequados para eles, é um alívio ler esta peça, escrita por uma jornalista de um jornal infestado pelo politicamente correcto, sobre a experiência do Colégio Planalto, exclusivamente masculino, do Colégio Mira Rio exclusivamente feminino, e da European Association Single Sex Education (EASSE).
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (65) – les bons esprits se rencontrent
Fomos muito injustos em relação a Nicolau Santos por ter sido «embarretado» pelo alegado professor doutor Artur Baptista da Silva, membro do PNUD e chefe de uma missão da ONU para montar em Portugal um Observatório dos países da Europa do sul em processos de ajustamento.
Como é que a pobre homem poderia não ser «embarretado» se o autointitulado professor doutor, além de trazer nas suas referências aqueles títulos, vinha credenciado pelo Grémio Literário, um olimpo da intelectualidade lusitana, e, cereja em cima do bolo, pela Academia do Bacalhau, e ainda, veio agora a saber-se, é membro da SEDES desde 1980 e é (ou foi) militante do PS, apoiante de Vítor Constâncio para secretário-geral em 1986, esteve no topo de uma lista nas eleições para a Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, em 1990, e chegou a ser escolhido para a comissão política da FAUL, e em 2008 parece ter integrado uma lista para a concelhia de Lisboa do PS. Com estas credenciais e a dizer o que Nicolau ansiava ouvir, como podia a criatura não ser «embarretada»?
Se Artur Baptista da Silva fosse militante do CDS ou do PSD ninguém se espantaria porque são partidos degenerados sem uma pinga de ética republicana.
Como é que a pobre homem poderia não ser «embarretado» se o autointitulado professor doutor, além de trazer nas suas referências aqueles títulos, vinha credenciado pelo Grémio Literário, um olimpo da intelectualidade lusitana, e, cereja em cima do bolo, pela Academia do Bacalhau, e ainda, veio agora a saber-se, é membro da SEDES desde 1980 e é (ou foi) militante do PS, apoiante de Vítor Constâncio para secretário-geral em 1986, esteve no topo de uma lista nas eleições para a Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, em 1990, e chegou a ser escolhido para a comissão política da FAUL, e em 2008 parece ter integrado uma lista para a concelhia de Lisboa do PS. Com estas credenciais e a dizer o que Nicolau ansiava ouvir, como podia a criatura não ser «embarretada»?
Se Artur Baptista da Silva fosse militante do CDS ou do PSD ninguém se espantaria porque são partidos degenerados sem uma pinga de ética republicana.
05/01/2013
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Da próxima vez não será diferente
Se tudo corresse bem, e não vai correr porque nunca corre, e se tivermos juízo, que não teremos porque nunca tivemos, lá para 2025 poderíamos sair da tutela, ter outra vez um governo «solidário» e iniciar um novo ciclo de endividamento baseado no princípio enunciado por Reinhart e Rogoff «desta vez é diferente». Quem parece ter percebido melhor do que a direcção do PS a dimensão dos nossos problemas é Ferro Rodrigues ao aconselhar o PS a não ter pressa em governar. Pudera!
O calendário do Expresso mostra a situação em meados de Dezembro de 2012. A acrescer a estas amortizações há evidentemente as correspondentes à inevitável nova dívida e em cima de tudo é preciso somar os juros. Juros que até Setembro do ano passado já correspondem a cerca de 80% do défice orçamental ou 5,6% do PIB dos 3 primeiros trimestes.
O caminho para a insolvência é um atalho no caminho para a servidão |
04/01/2013
Mitos (98) – Os sindicatos e as greves (II)
A confirmar a pouca representatividade dos sindicatos, evidenciada neste post, segundo dados do relatório “Industrial Relations in Europe 2010” da CE e de um estudo do Banco de Portugal, citados pelo ionline, a UGT representava em 2010 cerca de 70 mil trabalhadores por conta de outrem do sector privado (com um grande peso dos bancários) ou seja cerca de 2,2% do total. A CGTP representava 134 mil trabalhadores do sector privado. Os valores para o sector público não são conhecidos mas representam inevitavelmente uma proporção superior, sem que no total do sector privado e público isso signifique mais do que a densidade sindical inferior a 20% estimada pelo estudo de Claus Schnabel já de 2012, citado no post anterior.
Dúvidas (9) – Será o mesmo?
O professor de economia Cavaco Silva, residente em Belém, que disse: «temos urgentemente de pôr cobro a esta espiral recessiva», é o mesmo professor de Economia que durante 5-anos-5 não viu urgência nenhuma em pôr cobro à espiral de bancarrota do Estado português que conduziu o governo de José Sócrates a pedir a intervenção da troika BCE-CE-FMI, da qual resultam as medidas de austeridade geradoras da recessão que o mesmo professor de economia classifica como «espiral»?
LEMA: «Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
LEMA: «Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
03/01/2013
NÓS VISTOS POR ELES: Setback, disse o WSJ
«The move - signing off on the budget and then sending it for constitutional review - could be a setback for Mr. Passos Coelho, who has struggled to reform Portugal's costly welfare state and improve the competitiveness of one of Western Europe's poorest countries. The Socialist Party, the main opposition group, said Mr. Cavaco Silva's announcement is evidence that Mr. Passos Coelho is "profoundly isolated" in his pro-austerity stance.»
[Portugal Faces Divisions Over Austerity Measures, WSJ]
[Portugal Faces Divisions Over Austerity Measures, WSJ]
O tigre celta e o tareco lusitano
Sequela de O rugido do tigre vs o miado do gato.
«A Irlanda, hoje, não é exemplo para ninguém» dizia-nos há menos de 2 anos o grande pensador do regime Freitas do Amaral.
Work in progress |
«A Irlanda, hoje, não é exemplo para ninguém» dizia-nos há menos de 2 anos o grande pensador do regime Freitas do Amaral.
02/01/2013
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: A culpa está outra vez a ser d’ELES
Quem são eles? Segundo o Glossário das Impertinências, são os culpados da nossa miséria (dos fascistas aos liberais, passando pelos comunistas e, sempre, os espanhóis, e, desde que transferimos a soberania para Berlim, os alemães, e, em alternância, o governo e a oposição).
Segundo o embaixador José Cutileiro, os culpados têm vindo a suceder-se:
«1960. A culpa dos nossos males era do Dr. Salazar...
1986. A esquerda do PREC tinha tirado metade da culpa dos nossos males ao Dr Salazar…
2004. A culpa já era nossa mas ainda não tínhamos dado por isso...
2012. A culpa está outra vez a deixar de ser nossa – dizem-me que muito boa gente acha que é da Alemanha...
Oito séculos de História sem nunca ter perdido o fio à meada criaram o calo e a manha precisos para apoiarem força e razão na defesa do país e do povo. Continuam a dar para as encomendas, das quais a última antes da crise financeira foi a integração no tecido social português de centenas de milhares de retornados das antigas colónias, com tão pouco sobressalto que já nem se fala nisso. Darão também para os rigores a mais e visão a menos que o século XXI nos trouxe.»
«Favas com chouriço mouro», José Cutileiro no Negócios
Segundo o embaixador José Cutileiro, os culpados têm vindo a suceder-se:
«1960. A culpa dos nossos males era do Dr. Salazar...
1986. A esquerda do PREC tinha tirado metade da culpa dos nossos males ao Dr Salazar…
2004. A culpa já era nossa mas ainda não tínhamos dado por isso...
2012. A culpa está outra vez a deixar de ser nossa – dizem-me que muito boa gente acha que é da Alemanha...
Oito séculos de História sem nunca ter perdido o fio à meada criaram o calo e a manha precisos para apoiarem força e razão na defesa do país e do povo. Continuam a dar para as encomendas, das quais a última antes da crise financeira foi a integração no tecido social português de centenas de milhares de retornados das antigas colónias, com tão pouco sobressalto que já nem se fala nisso. Darão também para os rigores a mais e visão a menos que o século XXI nos trouxe.»
«Favas com chouriço mouro», José Cutileiro no Negócios
ESTADO DE SÍTIO: OE 2013 – A resultante das forças do irrealismo, do cinismo e da falta de coragem
Depois de concluir que a começar pelos bispos e a acabar na oposição, passando pelos sindicatos, as associações patronais, o CDS e o presidente da República, «com excepção de Vitor Gaspar e de Passos Coelho (e mesmo este não parece ultimamente muito convencido), ninguém aprova o orçamento de estado de 2013», rui a. do Blasfémias pergunta-se «sendo assim, resta perguntar por que razão não destituíram o governo e não encontraram melhor solução do que aquela que hoje começou a vigorar?»
01/01/2013
Mitos (97) – Os sindicatos e as greves
Quando se lê ou ouve os mídia portugueses, infestados pelo jornalismo de causas e pelo enviesamento esquerdizante, fica a ideia que os sindicatos têm um papel crucial na sociedade portuguesa e no mundo laboral. Na verdade, a densidade sindical é inferior a 20% e os sindicatos têm uma importância cada vez mais reduzida, abaixo da média dos países “avançados”, como se pode confirmar no quadro seguinte (Schnabel, Claus - «Union membership and density: Some (not so) stylized facts and challenges», Friedrich-Alexander-Universität, August 2012). Portugal é, de facto, o país em que a densidade de sindicalização mais desceu no período 1980-2010.
ARTIGO DEFUNTO: Biblicamente estúpido
Que muitos jornalistas do Público praticam o jornalismo de causas já era conhecido. Que muitas dessas causas, além de discutíveis, são estúpidas era igualmente conhecido. Este artigo defunto é apenas a confirmação que não há limites para a estupidez.
Esclarecimento: «Biblicamente estúpidos» são comentários bisonhamente estúpidos, que «envergonham um morto» e mostram «a má-fé e a obnubilação da esquerda», usando as palavras de Vasco Pulido Valente.
Esclarecimento: «Biblicamente estúpidos» são comentários bisonhamente estúpidos, que «envergonham um morto» e mostram «a má-fé e a obnubilação da esquerda», usando as palavras de Vasco Pulido Valente.