(Este post é uma continuação deste e vem a propósito deste outro do Blasfémias)
Reconheci no meu post as dificuldades práticas de aplicar uma redução selectiva da TSU - chamo-lhe selectiva e não sectorial porque não tenho a certeza que para ser selectiva tenha de ser sectorial. Por isso, só posso concordar com as dificuldades à aplicação da redução sectorial apontadas por João Miranda.
Contudo, não estou convencido serem essas dificuldades inultrapassáveis. Veja-se o exemplo do Brasil. Para combater o dumping – ou o considerado como tal - praticado por alguns países asiáticos, a partir de Outubro vai ser abolido a título experimental o equivalente à TSU de 20% , em várias indústrias de mão-de-obra intensiva, como vestuário e calçado, mobiliário e … software. No final de 2012, se esta redução tiver sucesso, será tornada permanente e alargada a outras actividades. Apesar de o objectivo do Brasil ser a protecção da produção para consumo interno contra as importações em dumping, a medida teria igual eficácia se o propósito fosse tornar mais competitivas as exportações.
Por estas, e por outras, parece-me precipitado e eventualmente insensato descartar a possibilidade de uma redução selectiva da TSU.
31/08/2011
30/08/2011
CASE STUDY: Será a Grécia (e Portugal) a Alemanha de Leste dos anos 90?
Depois da reunificação, os salários no leste da Alemanha subiram em flecha (88% de 1990 para 1992) no sentido de alinharem com os de oeste, passando ao lado duma diferença abissal de produtividade. A falta de competitividade das empresas herdeiras do sistema comunista levou um grande número à falência e aumentou o desemprego para mais de 20%. Do ponto de vista da economia, o que se está passar na Grécia (em em Portugal) é semelhante, apesar de ter uma génese diferente.
Decorridos 20 anos, a leste da Alemanha perdeu 20% da população pela emigração e redução da fertilidade e continua com uma taxa de desemprego dupla do oeste. São más notícias para as perspectivas de recuperação da Grécia (e Portugal).
[East Germany Was and Is Greece, Matthew Dalton no WSJ]
Decorridos 20 anos, a leste da Alemanha perdeu 20% da população pela emigração e redução da fertilidade e continua com uma taxa de desemprego dupla do oeste. São más notícias para as perspectivas de recuperação da Grécia (e Portugal).
[East Germany Was and Is Greece, Matthew Dalton no WSJ]
ESTADO DE SÍTIO: Um estado capturado
Entre a multidão de capturas, continuam a destacar-se as da Ongoing - um polvo em crescimento acelerado. (*) Começou por ser uma criatura dos banqueiros do regime (os Espíritos) por interpostas pessoas (a dupla Vasconcelos & Mora) e aparentemente ganhou asas próprias e aspirações separadas. Continua a recrutar entre a tralha socrática, desde os espiões até ao pessoal político – os últimos foram Costa Pina, ex-secretário de estado do Tesouro e Guilherme Dray, ex-chefe de gabinete de Mário Lino.
Recentemente, talvez a captura mais notória com mãozinha da Ongoing tenha sido a teia costurada pela coligação maçonaria/PS nas secretas, tornada visível com o trânsito dos espiões directamente para as empresas, levando consigo as informações. O escândalo do espiolhamento pelas secretas dos telefonemas do jornalista que investigava o caso, permitiu iluminar um pouco estas zonas sombrias.
Outro exemplo é o dos militares com as suas desavergonhadas «promoções por arrasto» que o governo socialista deixou apodrecer e legou ao governo actual.
O caso da chantagem velha de décadas do Bokassa das Ilhas aos governos centrais para lhes extorquir o dinheiro dos cubanos ficará possivelmente na história como um clássico em que o extorsionário insulta os extorquidos antes e depois de os extorquir. Em cinco anos a dívida da república das bananas duplicou e a criatura incha garantindo que «a Madeira tem muito património, graças a Deus (Deus tem aqui as costas largas), … mais do que suficiente para cobrir muitas vezes a sua dívida». Sugerindo talvez que deveria ser feita uma dação da sua obra nas ilhas em pagamento da dívida. Se fosse esse o preço para o país se ver livre dele e do seu bando de extorsionários seria prudente ponderá-lo.
(*) Sobre a Ongoing e o seu deus ex machina já se escreveu bastante no (Im)pertinências – ver por exemplo esta pesquisa.
Recentemente, talvez a captura mais notória com mãozinha da Ongoing tenha sido a teia costurada pela coligação maçonaria/PS nas secretas, tornada visível com o trânsito dos espiões directamente para as empresas, levando consigo as informações. O escândalo do espiolhamento pelas secretas dos telefonemas do jornalista que investigava o caso, permitiu iluminar um pouco estas zonas sombrias.
Outro exemplo é o dos militares com as suas desavergonhadas «promoções por arrasto» que o governo socialista deixou apodrecer e legou ao governo actual.
O caso da chantagem velha de décadas do Bokassa das Ilhas aos governos centrais para lhes extorquir o dinheiro dos cubanos ficará possivelmente na história como um clássico em que o extorsionário insulta os extorquidos antes e depois de os extorquir. Em cinco anos a dívida da república das bananas duplicou e a criatura incha garantindo que «a Madeira tem muito património, graças a Deus (Deus tem aqui as costas largas), … mais do que suficiente para cobrir muitas vezes a sua dívida». Sugerindo talvez que deveria ser feita uma dação da sua obra nas ilhas em pagamento da dívida. Se fosse esse o preço para o país se ver livre dele e do seu bando de extorsionários seria prudente ponderá-lo.
(*) Sobre a Ongoing e o seu deus ex machina já se escreveu bastante no (Im)pertinências – ver por exemplo esta pesquisa.
29/08/2011
Pro memoria (32) – as pré-visões de um economista e de um ministro anexo, uma década mais tarde
Em 1999, Milton Friedman afirmou claramente não acreditar na sobrevivência do euro depois da primeira crise económica e, em qualquer caso, não mais de 10 anos, porque se tratava de uma moeda única numa zona longe de ser uma zona monetária óptima, com sistemas fiscais e políticas orçamentais diferentes e sem uma efectiva mobilidade de mão-de-obra devido às barreiras linguísticas e mercados de trabalho fechados.
Em 23 de Fevereiro de 2000, Vítor Constâncio na tomada de posse como Governador do BdeP, garantia «...Sem moeda própria não voltaremos a ter problemas de balança de pagamentos iguais aos do passado. Não existe um problema monetário macroeconómico e não há que tomar medidas restritivas por causa da balança de pagamentos. Ninguém analisa a dimensão macro da balança externa do Mississipi ou de qualquer outra região de uma grande união monetária...».
Em 23 de Fevereiro de 2000, Vítor Constâncio na tomada de posse como Governador do BdeP, garantia «...Sem moeda própria não voltaremos a ter problemas de balança de pagamentos iguais aos do passado. Não existe um problema monetário macroeconómico e não há que tomar medidas restritivas por causa da balança de pagamentos. Ninguém analisa a dimensão macro da balança externa do Mississipi ou de qualquer outra região de uma grande união monetária...».
28/08/2011
Eles não têm emenda
Depois da razia eleitoral, o Bloco de Esquerda - a aliança de trotskistas, maoistas e arrependidos do revisionismo (como lhes chamavam os maoistas) com os movimentos gay - lambe as feridas e tenta reinventar-se. E como? Oferecendo-nos mais do mesmo: fracturas. Depois do aborto anti-concepcional, do casamento gay, do divórcio na hora, a adopção por gays e a eutanásia. Seguir-se-ia, se eles tivessem tomates, a proposta de legalização da pedofilia.
Finalmente. A luz ao fundo do túnel
«Aprovação da agência portuguesa de rating "está por semanas"». É um título a impulsionar vibrações patrióticas e a antecipar o fim dos nossos sofrimentos às mãos das agências ianques. Em boa verdade, seria mais exacto chamar-lhe agência do rating português.
27/08/2011
DIÁRIO DE BORDO: Eu também não sou rico (2)
[Sequela de (1)]
No concurso em marcha de ideias para extrair mais dinheiro aos sujeitos passivos, a proposta mais ousada parece ser a de criar um imposto sobre o património das grandes fortunas. Foi uma ideia ressuscitada pelo também ressuscitado líder do PS, julgado falecido sem combate. Não certamente por acaso, foi logo apadrinhada pelo professor Cavaco Silva.
Há várias razões morais, políticas, económicas, financeiras e, em particular fiscais, para não a adoptar. Por agora, vou ficarmos pelas primeiras, cuja compreensão não requer competências técnicas e apenas pede uma mistura adequada de bom senso, sensibilidade e inteligência. Como é o caso da mistura habitual no bomba inteligente, mesmo ainda a acordar, onde se descarta a ideia como «impostos retroactivos ... (incidindo sobre) ... o património que já foi sujeito a imposto».
No concurso em marcha de ideias para extrair mais dinheiro aos sujeitos passivos, a proposta mais ousada parece ser a de criar um imposto sobre o património das grandes fortunas. Foi uma ideia ressuscitada pelo também ressuscitado líder do PS, julgado falecido sem combate. Não certamente por acaso, foi logo apadrinhada pelo professor Cavaco Silva.
Há várias razões morais, políticas, económicas, financeiras e, em particular fiscais, para não a adoptar. Por agora, vou ficarmos pelas primeiras, cuja compreensão não requer competências técnicas e apenas pede uma mistura adequada de bom senso, sensibilidade e inteligência. Como é o caso da mistura habitual no bomba inteligente, mesmo ainda a acordar, onde se descarta a ideia como «impostos retroactivos ... (incidindo sobre) ... o património que já foi sujeito a imposto».
26/08/2011
ARTIGO DEFUNTO: O argumento definitivo para construir o novo aeroporto de Lisboa
Um arquitecto de origem portuguesa radicado em NY, actualmente a dirigir a construção do monumento às vítimas do 11-9, disse à Lusa «adorava fazer uma obra em Portugal. O aeroporto, de que há tantos anos estão a falar». O OJE inventou este título extraordinário: «Arquitecto que ergueu monumento do 11 de Setembro quer novo Aeroporto de Lisboa».
Vou esperar mais algum tempo antes de me declarar admirador de António Mexia (5)
[Continuação de (1), (2), (3) e (4)]
Depois de 4 anos de intensa agitação do provavelmente melhor gestor português, segundo o próprio e imprensa amiga, de expansão nacional e internacional na área das energias renováveis, deveríamos esperar uma significativa valorização do grupo EDP.
Ou não? Não. O grupo vale hoje metade do que valia há 4 anos. O que seria se não tivéssemos a sorte de ter o Dr. António Mexia a «energizar» a EDP?
Depois de 4 anos de intensa agitação do provavelmente melhor gestor português, segundo o próprio e imprensa amiga, de expansão nacional e internacional na área das energias renováveis, deveríamos esperar uma significativa valorização do grupo EDP.
Ou não? Não. O grupo vale hoje metade do que valia há 4 anos. O que seria se não tivéssemos a sorte de ter o Dr. António Mexia a «energizar» a EDP?
25/08/2011
CASE STUDY: Um minotauro espera a PT no labirinto da Oi (4)
[Outras esperas do minotauro: (1), (2) e (3)]
Como se sabe, a compra da participação da PT no Oi, com os dinheiros da venda da Vivo, deveria ter sido um grande negócio. Afinal estiverem envolvidos José Sócrates, Lula da Silva, para já não falar dos banqueiros do regime e de vários génios da gestão doméstica.
Infelizmente, como é habitual, os factos raramente se conformam com os cenários mediáticos construídos para vender ideias aos inocentes. É também o caso da venda da Vivo (uma excelente oportunidade para os banqueiros do regime mitigarem a secura de capitais) e da subsequente compra da participação na Oi que perde mercado há 4 meses consecutivos contra uma Vivo, imparável a crescer.
Como se sabe, a compra da participação da PT no Oi, com os dinheiros da venda da Vivo, deveria ter sido um grande negócio. Afinal estiverem envolvidos José Sócrates, Lula da Silva, para já não falar dos banqueiros do regime e de vários génios da gestão doméstica.
Infelizmente, como é habitual, os factos raramente se conformam com os cenários mediáticos construídos para vender ideias aos inocentes. É também o caso da venda da Vivo (uma excelente oportunidade para os banqueiros do regime mitigarem a secura de capitais) e da subsequente compra da participação na Oi que perde mercado há 4 meses consecutivos contra uma Vivo, imparável a crescer.
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Nós e os espanhóis
«É interessante o cotejo entre espanhóis e portugueses nos últimos dois anos. Eles decidiram, logo no orçamento de 2010, cortar pelo menos 10% na despesa pública. Nós começámos a apertar o cinto (leia-se aumentar impostos) em Maio de 2010. E só depois de a senhora Merkel ter dado um "chega p'ra lá" a José Sócrates. Eles começaram mesmo a cortar despesa em 2010. Nós só anunciámos o corte de 5% nos salários da Administração Pública em Setembro de 2010… para entrar em vigor em 2011 (e mesmo assim só depois de a senhora Merkel ter dito a Sócrates que nos largava aos cães). Eles começaram a fazer reformas estruturais (v.g. lei dos despedimentos) em 2010. Nós esperámos pela imposição da troika. Eles estão a apertar os calos às autonomias (responsáveis por 35% do défice orçamental). Nós colaboramos nos disparates das nossas regiões autónomas (graças a Deus só há duas…).
Eles têm um primeiro-ministro (o tal que anunciou o abandono da liderança do PSOE antes das eleições…) que chegou a acordo com Mariano Rajoy, líder do rival PP, para inscrever na Constituição limites ao endividamento do Estado (convém recordar que estamos a três meses de eleições gerais em Espanha). Nós temos um Presidente da República que, quiçá saudoso dos debates académicos (ou será outra coisa?), diz estranhar a constitucionalização da "schuldenbremse". Ah! E ainda temos um Presidente do Tribunal de Contas que diz que a regra já está escrita na Constituição… material (se a senhora Merkel ouve esta…).
Caro leitor, ainda não percebeu porque é que nós estamos intervencionados e os espanhóis vão resistindo (cheira-me que a Itália ainda cai primeiro que a Espanha…)?»
Nós e os espanhóis, Camilo Lourenço no Negócios online
Eles têm um primeiro-ministro (o tal que anunciou o abandono da liderança do PSOE antes das eleições…) que chegou a acordo com Mariano Rajoy, líder do rival PP, para inscrever na Constituição limites ao endividamento do Estado (convém recordar que estamos a três meses de eleições gerais em Espanha). Nós temos um Presidente da República que, quiçá saudoso dos debates académicos (ou será outra coisa?), diz estranhar a constitucionalização da "schuldenbremse". Ah! E ainda temos um Presidente do Tribunal de Contas que diz que a regra já está escrita na Constituição… material (se a senhora Merkel ouve esta…).
Caro leitor, ainda não percebeu porque é que nós estamos intervencionados e os espanhóis vão resistindo (cheira-me que a Itália ainda cai primeiro que a Espanha…)?»
Nós e os espanhóis, Camilo Lourenço no Negócios online
Bons exemplos (23) – crime e castigo em Westminster
«More than two years after stories of expense-fiddling first disgraced Parliament, guilty parties are still receiving their come-uppance. Lord Taylor of Warwick, a Conservative peer, was jailed for 12 months on May 31st for falsely claiming over £11,000 from the taxpayer. He was found guilty earlier this year of listing his main residence wrongly, and making unwarranted claims for travel. He first came to prominence in 1992 when he failed to win the safe Conservative seat of Cheltenham, in the west of England. There were suggestions that some local Tories refused to vote for a black candidate. His fall is a reminder that the expenses scandal has tainted all the main political parties (a few Labour MPs have been jailed) as well as both Houses of Parliament. He may not be the last culprit to serve time in prison. Another Tory peer, Lord Hanningfield, was recently convicted on six counts of false accounting and will soon be sentenced.» (The never-ending scandal)
Lembram-se das trapalhadas do parlamento de há uns anos sobre as viagens dos deputados? Lembram-se das residências em Lisboa para a candidatura e em Paris para despesas de viagem?
Lembram-se das trapalhadas do parlamento de há uns anos sobre as viagens dos deputados? Lembram-se das residências em Lisboa para a candidatura e em Paris para despesas de viagem?
Pro memoria (31) - A culpa morre solteira, outra vez
Um número indeterminado de facturas no valor total de 6,78 milhões de euros foram «encontradas numa sala» do Instituto do Desporto de Portugal. Até agora não foram feitas prisões. A culpa morre solteira, outra vez.
24/08/2011
DIÁRIO DE BORDO: Eu também não sou rico
«Eu não me considero rico. Sou trabalhador», garantiu Américo Amorim, o homem com maior fortuna em Portugal, a propósito da sua indisponibilidade para seguir o exemplo dos milionários franceses.
Terá sido influenciado por George Soros, o único especulador de quem a esquerda gosta, que numa entrevista no Monde descartou como teoria da conspiração a boa vontade do sage of Omaha ao pedir a Obama para «não mimar os super-ricos» : «Warren Buffett est un investisseur talentueux et malin. Il réfléchit à long terme et sait défendre les intérêts des super-riches. Il a conscience que si les riches ne font rien aujourd'hui, ils se mettront le public à dos dans les prochaines années»?
Como quer que seja, olhando para além da demagogia e das manobras mediáticas, o certo é estar por provar serem os milhões a retirar dos bolsos dos super-ricos a título de imposto adicional, de onde presumivelmente teriam saído para investir, aumentar a sua riqueza e criar emprego, já agora, melhor aplicados por governos habituados a deitar dinheiro para cima dos problemas que eles próprios criaram.
Terá sido influenciado por George Soros, o único especulador de quem a esquerda gosta, que numa entrevista no Monde descartou como teoria da conspiração a boa vontade do sage of Omaha ao pedir a Obama para «não mimar os super-ricos» : «Warren Buffett est un investisseur talentueux et malin. Il réfléchit à long terme et sait défendre les intérêts des super-riches. Il a conscience que si les riches ne font rien aujourd'hui, ils se mettront le public à dos dans les prochaines années»?
Como quer que seja, olhando para além da demagogia e das manobras mediáticas, o certo é estar por provar serem os milhões a retirar dos bolsos dos super-ricos a título de imposto adicional, de onde presumivelmente teriam saído para investir, aumentar a sua riqueza e criar emprego, já agora, melhor aplicados por governos habituados a deitar dinheiro para cima dos problemas que eles próprios criaram.
Exemplos do costume (5) – ou há moralidade ou comem todos
Após um longo processo de acumulação de prejuízos, resultado do efeito Lockheed TriStar, os trabalhadores da Companhia Nacional de Fiação e Tecidos de Torres Novas rejeitaram o plano de recuperação do grupo Lanidor. Assim se prossegue incansavelmente o princípio se não se pode salvar todos os postos de trabalho é melhor destruí-los.
23/08/2011
Lost in translation (120) – Rigor? Já fizemos engenharia orçamental no passado. Voltaremos a fazê-lo no futuro, queria ele dizer (XXIX)
[Actualização deste post]
Depois de ter vendido mais de mil milhões de imóveis à Estamo, isto é a si próprio, até 2009 e 360 milhões em 2010, o governo de José Sócrates propunha-se vender outra vez a si próprio mais 370 milhões este ano. Para financiar esta manobra de engenharia orçamental a Parpública, que detém a Estamo, viu a sua dívida total aumentar 38% para 4,8 mil milhões ou quase 3% do PIB.
Recorde-se que o «ele» que falou em «rigor» foi Teixeira dos Santos, agora rigorosamente caído em desgraça nos círculos da clique socratina.
E a coisa foi subindo. Como os empréstimos bancários começaram a secar, a Estamo já devia no final de 2010 1,2 mil milhões ao seu accionista único Sogestamo. A Sogestamo, pelas mesmas razões, já devia nessa altura 800 milhões ao seu accionista único Parapública.
Depois de ter vendido mais de mil milhões de imóveis à Estamo, isto é a si próprio, até 2009 e 360 milhões em 2010, o governo de José Sócrates propunha-se vender outra vez a si próprio mais 370 milhões este ano. Para financiar esta manobra de engenharia orçamental a Parpública, que detém a Estamo, viu a sua dívida total aumentar 38% para 4,8 mil milhões ou quase 3% do PIB.
Recorde-se que o «ele» que falou em «rigor» foi Teixeira dos Santos, agora rigorosamente caído em desgraça nos círculos da clique socratina.
E a coisa foi subindo. Como os empréstimos bancários começaram a secar, a Estamo já devia no final de 2010 1,2 mil milhões ao seu accionista único Sogestamo. A Sogestamo, pelas mesmas razões, já devia nessa altura 800 milhões ao seu accionista único Parapública.
DIÁRIO DE BORDO: E eu a pensar ter sido o comunismo que fracassou…
Nouriel Roubini, também conhecido por Dr. Doom pelas suas profecias catastróficas, escreveu um artigo com o título «O capitalismo está condenado ao fracasso?». A interrogação é meramente retórica porque o artigo termina com uma alternativa também retórica, sendo o desfecho implicitamente irremediável «uma estagnação interminável, depressão, guerras cambiais e comerciais, controlo de capitais, crise financeira, insolvências soberanas e enorme instabilidade política e social». To put it shortly, o fracasso do capitalismo.
DIÁRIO DE BORDO: Pensamento do dia
«Os amanhãs que cantam foram substituídos pelos amanhãs que pagam»
Henrique Raposo no Expresso de 19-08
22/08/2011
Mitos (52) - a redução indiscriminada da TSU é equivalente a uma desvalorização da moeda
A desvalorização da moeda serve para tornar as exportações mais competitivas, reduzindo o seu preço em divisas, e para aumentar o preço das importações. O volume das exportações aumentará, o volume das importações diminuirá e, no final, o efeito líquido será a redução do défice do comércio externo, com um custo - aumento da inflação, e uma consequência inevitavel - redistribuição do rendimento desfavorável às classes sociais mais baixas.
Num país imaginário sem trocas com o exterior ou com estas a representarem uma proporção irrelevante do PIB, a desvalorização cambial seria insignificante. Nas contas nacionais portuguesas é o contrário que acontece - as exportações em 2010 representaram quase 1/3 do PIB (cerca de ¾ são bens) e as importações quase 38%. Daí a eficácia a curto prazo desta medida, como o demonstraram as anteriores desvalorizações impostas pelo FMI.
Se não podemos desvalorizar a moeda, o que fazer para alcançar o mesmo resultado? A resposta do MoU é uma desvalorização fiscal à custa da redução indiscriminada da taxa social única, compensada por um aumento do IVA. Por muito sedutores que se apresentem os argumentos abstractos para fazer equivaler essa redução à desvalorização da moeda, eles passam ao lado de alguns factos.
Pretendendo-se o mesmo resultado da desvalorização cambial, se as exportações representam menos de 1/3 do PIB para quê reduzir os custos do trabalho em todos os sectores, compensando-os com aumentos do IVA com impacto imediato na inflação? Na verdade, para o efeito na competitividade das exportações ser relevante, a redução da TSU terá que ser significativa e compensada por um aumento brutal do IVA, em cima do IVA mais elevado da Zona Euro, com um impacto igualmente brutal na inflação.
Porque não reduzir a TSU apenas nos sectores em que o peso da exportação é significativo? Assim se evitaria ser a redução considerada como apoio directo à exportação não autorizado pelas normas da EU e da OMC. Foi a proposta de Caldeira Cabral. Vejam-se no quadro abaixo as suas estimativas para diferentes cenários.
Apresentando-se a opção da redução selectiva da TSU claramente como mais eficaz e com menores custos, porque não foi, nem parece estar a ser, seriamente considerada? Percebe-se que o trio FMI/FEEF/BCE não estivesse especialmente preocupado com os danos colaterais da redução indiscriminada da TSU e até receasse que a maior complexidade de implementação, com os vagares habituais da administração portuguesa, atirasse para as calendas gregas a redução selectiva da TSU; pelo contrário poderia estar preocupado em tornar as exportações portuguesas mais competitivas, antecipando tal facto não ser recebido entusiasticamente pela concorrência comunitária nesses sectores.
Percebe-se igualmente estar o governo cessante de José Sócrates tão desesperado por obter os fundos necessários para tapar os gigantescos buracos e garantir o serviço da dívida em Junho (cerca de 6 mil milhões) que o seu discernimento, sentido de estado e poder negocial estavam reduzidos a pó e aceitaria quase qualquer coisa. Percebe-se menos, mas é habitual, a impreparação para identificar os problemas e as soluções mais adequadas ter levado a oposição a assinar de cruz o MoU.
Também se percebe, que os sectores de bens e serviços não transaccionáveis, como os serviços financeiros ou a construção civil e obras públicas, fiquem excitados com a redução geral da TSU que, sem investirem um chavo em tecnologia ou mudança dos processos produtivos, lhes permitirá aumentar imediatamente os seus lucros e, com a ajuda de uma concorrência imperfeitíssima, aumentá-los de uma forma sustentada. Não admira andarem a tocar a corda mais sensível do colectivismo nacional: ou há moralidade ou comem todos.
Só não se percebe porquê o governo não abriu imediatamente a renegociação do MoU neste particular com o FMI/FEEF/BCE e não usou o que lhe resta de poder negocial para alterar esta medida num sentido muito mais positivo para o país.
Num país imaginário sem trocas com o exterior ou com estas a representarem uma proporção irrelevante do PIB, a desvalorização cambial seria insignificante. Nas contas nacionais portuguesas é o contrário que acontece - as exportações em 2010 representaram quase 1/3 do PIB (cerca de ¾ são bens) e as importações quase 38%. Daí a eficácia a curto prazo desta medida, como o demonstraram as anteriores desvalorizações impostas pelo FMI.
Fonte: INE |
Se não podemos desvalorizar a moeda, o que fazer para alcançar o mesmo resultado? A resposta do MoU é uma desvalorização fiscal à custa da redução indiscriminada da taxa social única, compensada por um aumento do IVA. Por muito sedutores que se apresentem os argumentos abstractos para fazer equivaler essa redução à desvalorização da moeda, eles passam ao lado de alguns factos.
Pretendendo-se o mesmo resultado da desvalorização cambial, se as exportações representam menos de 1/3 do PIB para quê reduzir os custos do trabalho em todos os sectores, compensando-os com aumentos do IVA com impacto imediato na inflação? Na verdade, para o efeito na competitividade das exportações ser relevante, a redução da TSU terá que ser significativa e compensada por um aumento brutal do IVA, em cima do IVA mais elevado da Zona Euro, com um impacto igualmente brutal na inflação.
Porque não reduzir a TSU apenas nos sectores em que o peso da exportação é significativo? Assim se evitaria ser a redução considerada como apoio directo à exportação não autorizado pelas normas da EU e da OMC. Foi a proposta de Caldeira Cabral. Vejam-se no quadro abaixo as suas estimativas para diferentes cenários.
Fonte: «A baixa da TSU que Portugal deve fazer», Caldeira Cabral |
Apresentando-se a opção da redução selectiva da TSU claramente como mais eficaz e com menores custos, porque não foi, nem parece estar a ser, seriamente considerada? Percebe-se que o trio FMI/FEEF/BCE não estivesse especialmente preocupado com os danos colaterais da redução indiscriminada da TSU e até receasse que a maior complexidade de implementação, com os vagares habituais da administração portuguesa, atirasse para as calendas gregas a redução selectiva da TSU; pelo contrário poderia estar preocupado em tornar as exportações portuguesas mais competitivas, antecipando tal facto não ser recebido entusiasticamente pela concorrência comunitária nesses sectores.
Percebe-se igualmente estar o governo cessante de José Sócrates tão desesperado por obter os fundos necessários para tapar os gigantescos buracos e garantir o serviço da dívida em Junho (cerca de 6 mil milhões) que o seu discernimento, sentido de estado e poder negocial estavam reduzidos a pó e aceitaria quase qualquer coisa. Percebe-se menos, mas é habitual, a impreparação para identificar os problemas e as soluções mais adequadas ter levado a oposição a assinar de cruz o MoU.
Também se percebe, que os sectores de bens e serviços não transaccionáveis, como os serviços financeiros ou a construção civil e obras públicas, fiquem excitados com a redução geral da TSU que, sem investirem um chavo em tecnologia ou mudança dos processos produtivos, lhes permitirá aumentar imediatamente os seus lucros e, com a ajuda de uma concorrência imperfeitíssima, aumentá-los de uma forma sustentada. Não admira andarem a tocar a corda mais sensível do colectivismo nacional: ou há moralidade ou comem todos.
Só não se percebe porquê o governo não abriu imediatamente a renegociação do MoU neste particular com o FMI/FEEF/BCE e não usou o que lhe resta de poder negocial para alterar esta medida num sentido muito mais positivo para o país.
21/08/2011
Uma aplicação do princípio de Pareto
Sabendo-se que a infecção pelo HIV depende obviamente do tipo de práticas sexuais e da frequência de parceiros, não deveria ser surpresa saber-se que os Centers for Disease Control estimaram que os homossexuais, representando 2% da população americana, contribuíram com 61% das novas infecções. Igualmente pouco surpreendente é o facto de serem os homens jovens homossexuais o único grupo a registar aumento do número de infecções no período 2006-2009.
(Via perspectivas)
(Via perspectivas)
CASE STUDY: O nascimento de um jornalista de causas
Sempre tive curiosidade de saber como nasce profissionalmente um jornalista de causas. Não sei se o caso de Miguel Portas, jornalista e dirigente berloquista, constitui um padrão, mas é bastante esclarecedor:
[Lido no «25 centímetros de neve»]
«Comecei como revisor de provas na Hesta, a tipografia onde se fazia o”Diário”. Um ano daquilo e só conseguia ver gralhas nos jornais! Nessa altura, o “Diário” pediu-me para inventar cartas de leitor, foi a minha primeira tarefa como jornalista, escrever cartas sobre o PS. Depois, fui funcionário público.»
[Lido no «25 centímetros de neve»]
20/08/2011
CASE STUDY: L’exception française - la presse
No princípio da década de 90 a administração do Monde, o último abencerragem da imprensa da esquerda bem-pensante francesa, para conseguir introduzir a impressão electrónica do jornal teve de aceitar uma imposição do Syndicat Général du Livre et de la Communication Ecrite: por cada computador o Monde teria que ter um trabalhador gráfico a dactilografar e um outro a olhar para o ecrã.
Apesar de ter pouco mais de um milhar de membros, este sindicato tem um poder imenso e conseguiu impor a contratação de 260 dos seus membros no sector da impressão do Monde, dez vezes mais do que os efectivos de um jornal como o suíço Le Temps, ou mais do dobro do Figaro, um outro jornal francês de grande tiragem.
Os actuais accionistas compraram o jornal para o salvar da falência em 2010 e estão a tentar introduzir as mudanças necessárias para assegurar a sua sobrevivência contra a resistência dos sindicatos. Estes, face à alternativa viabilizar a empresa e garantir uma parte dos postos de trabalho ou liquidá-la e destruir todos os empregos, pendem claramente pela segunda, comme d’habitude.
[ver mais pormenores aqui]
Apesar de ter pouco mais de um milhar de membros, este sindicato tem um poder imenso e conseguiu impor a contratação de 260 dos seus membros no sector da impressão do Monde, dez vezes mais do que os efectivos de um jornal como o suíço Le Temps, ou mais do dobro do Figaro, um outro jornal francês de grande tiragem.
Os actuais accionistas compraram o jornal para o salvar da falência em 2010 e estão a tentar introduzir as mudanças necessárias para assegurar a sua sobrevivência contra a resistência dos sindicatos. Estes, face à alternativa viabilizar a empresa e garantir uma parte dos postos de trabalho ou liquidá-la e destruir todos os empregos, pendem claramente pela segunda, comme d’habitude.
[ver mais pormenores aqui]
19/08/2011
Instalando mais bombas-relógio no sistema de segurança social
Se o sistema de segurança social continuasse exactamente como está, ficaria insustentável em poucas décadas. Com as manobras de engenharia orçamental para financiar os défices do OE transferindo as responsabilidades por dezenas de milhar de pensões dos bancários cuja média é o dobro (*) da média da segurança social, em contrapartida da entrega de fundos representando responsabilidades por pensões calculadas com base em premissas de taxas de desconto, inflação futura e mortalidade provavelmente irrealistas, o resultado só pode ser antecipar o colapso.
(*) Importante é saber se a notícia é verdadeira, como tudo indica. Se é uma «notícia inflamatória» é irrelevante, mesmo se a verdade inflama mais do que a mentira,
(*) Importante é saber se a notícia é verdadeira, como tudo indica. Se é uma «notícia inflamatória» é irrelevante, mesmo se a verdade inflama mais do que a mentira,
Pelo fruto se conhece a árvore
O casal Merkel-Sarkosy a fingir liderar a União Europeia, ou a Zona Euro, se é que eles sabem o que andam a fazer, parece cada vez mais um par de cegos a tentar orientar um banco de coxos num labirinto. Se a densidade das suas ideias sobre o governo económico europeu e o grau da sua convicção se medissem pelo líder que inventaram para cumprir tal propósito - Herman Van Rompuy, estaríamos conversados. Não nos enganemos, contudo. Eles têm algumas ideias e algumas convicções, talvez impraticáveis as primeiras e fracas as segundas, mas suspeito que passem todas por um propósito, ou, pior, dois propósitos, um francês e outro alemão, e um mal-entendido – o de que estão de acordo em algo mais do que considerarem ambos ser Van Rompuy o seu pau-mandado, com tanta capacidade de liderança quanto uma esfregona, como apropriadamente o caracterizou o euro-céptico Nigel Farage.
18/08/2011
DIÁRIO DE BORDO: É mais ciúme e inveja do que outra coisa
Estou a publicar o email abaixo mais para limitar a assimetria de informação do que para censurar em bloco os passarões nele visados. À boa maneira portuguesa, conhecida por cultivar mais o ciúme e a inveja do que a equidade, todos eles deveriam ser condenados por ganharem muito dinheiro. Antes de os condenarmos, há contudo algumas precisões a fazer.
Primeiro, put it into perspective. O que é muito dinheiro? Para um servente de pedreiro, o salário de muitos destinatários deste email é uma afronta tão grande quanto para estes são os honorários de qualquer dos passarões.
Segundo, é indispensável distinguir entre os cargos dos passarões no Estado e em empresas públicas, todos indirectamente suportados pelos sujeitos passivos da espoliação fiscal, e os cargos dos mesmos passarões em empresas privadas sujeitas à concorrência, com accionistas que os escolheram e lhes pagam. E se lhes pagam demais e/ou se os passarões os induzem a fazer asneiras o mercado puni-los-á por isso.
Terceiro, é sabido o portuguese way poder conduzir também as empresas privadas a contratar uns passarões não pelo que valem mas pelo lóbi que se espera que façam, na melhor hipótese, ou pelas influências corruptas que também se espera que tenham, sobretudo na partidocracia e na esfera estatal. Alguns dos passarões são disso suspeitos. Mas também é sabido muitos dos queixosos acharem legítimo e não terem a menor hesitação em usar o portuguese way para subir na vida, sacar umas massas por baixo da mesa ou arranjar emprego para a família, entre muitas outras utilizações.
Quarto, seja como for, o certo é serem poucas as alternativas para evitar os desvios à equidade, digamos assim. Uma está já fora de moda – o regime dos sovietes, onde só os chefes e os apparatchiks tinham datcha nos arredores e eles próprios ditavam o que é a equidade – e outra ainda não está na moda por cá e tem-se mostrado difícil de compatibilizar com o portugueses way – sociedade civil forte e aberta, concorrência, primado do mérito, igualdade de oportunidades, transparência.
Em conclusão, se não gostam não se queixem e façam alguma coisa para mudar o portuguese way. Ou habituem-se, como sugeriu um conhecido passarão.
Primeiro, put it into perspective. O que é muito dinheiro? Para um servente de pedreiro, o salário de muitos destinatários deste email é uma afronta tão grande quanto para estes são os honorários de qualquer dos passarões.
Segundo, é indispensável distinguir entre os cargos dos passarões no Estado e em empresas públicas, todos indirectamente suportados pelos sujeitos passivos da espoliação fiscal, e os cargos dos mesmos passarões em empresas privadas sujeitas à concorrência, com accionistas que os escolheram e lhes pagam. E se lhes pagam demais e/ou se os passarões os induzem a fazer asneiras o mercado puni-los-á por isso.
Terceiro, é sabido o portuguese way poder conduzir também as empresas privadas a contratar uns passarões não pelo que valem mas pelo lóbi que se espera que façam, na melhor hipótese, ou pelas influências corruptas que também se espera que tenham, sobretudo na partidocracia e na esfera estatal. Alguns dos passarões são disso suspeitos. Mas também é sabido muitos dos queixosos acharem legítimo e não terem a menor hesitação em usar o portuguese way para subir na vida, sacar umas massas por baixo da mesa ou arranjar emprego para a família, entre muitas outras utilizações.
Quarto, seja como for, o certo é serem poucas as alternativas para evitar os desvios à equidade, digamos assim. Uma está já fora de moda – o regime dos sovietes, onde só os chefes e os apparatchiks tinham datcha nos arredores e eles próprios ditavam o que é a equidade – e outra ainda não está na moda por cá e tem-se mostrado difícil de compatibilizar com o portugueses way – sociedade civil forte e aberta, concorrência, primado do mérito, igualdade de oportunidades, transparência.
Em conclusão, se não gostam não se queixem e façam alguma coisa para mudar o portuguese way. Ou habituem-se, como sugeriu um conhecido passarão.
17/08/2011
SERVIÇO PÚBLICO: Déjà vu
Se há actividade em que os portugueses deveriam ser bem sucedidos é a mineração. Pelo menos a abrir buracos no orçamento, só na Grécia temos concorrência à altura. Com a ajuda de fita métrica do trio FMI/BCE/FEEF lá se conseguiu medir mais um buraco de 1,8 mil milhões, resultante segundo as explicações oficiais da insuficiente dotação orçamental para pagar vencimentos à tropa e às forças de segurança (mais um malabarismo orçamental da engenharia socrática que a tropa fintou com a suspensão de pagamento dos descontos para a CGA – 5,5 milhões só da GNR), da insuficiente medida do buraco do BPN que aumentou 320 milhões, e da escavação do Bokassa das Ilhas que gastou em foguetório a massa para consertar as infra-estruturas destruídas com os temporais na Madeira e precisa de mais 280 milhões.
Se há um buraco, é preciso em primeiro lugar tentar escondê-lo e, não sendo já possível escondê-lo (demos graças ao Senhor, por isso), é preciso tapá-lo por uma de duas técnicas: despejam-se mais massas extorquidas aos contribuintes ou corta-se nas despesas, coisa manifestamente difícil porque, ao contrário da extorsão que assalta os bolsos de uma multidão desorganizada de sujeitos passivos da classe média, cortar a despesa pública mexe com os interesses das corporações, devidamente organizadas em lóbis, sindicatos e ordens, disputando lugares à mesa do orçamento.
Em alternativa a tapar o buraco com impostos ou com cortes na despesa, uma técnica que os governos portugueses têm recorrido com sucesso é chutar para a frente. Chutar para a frente tem sido feito essencialmente de duas maneiras: tratando-se de investimento público (leia-se, despesas em projectos de viabilidade económica duvidosa, na melhor hipótese, ou, na pior, despesas com elefantes imaculadamente brancos), criando PPP para desorçamentar despesas; tratando-se de receitas, como a transferência de fundos de pensões privados para a Segurança Social, um buraco grande é trocado por buracos anuais mais pequenos resultantes de responsabilidades por despesas correntes assumidas ad eternum.
O que está (por agora ?) o governo PSD-CDS a fazer para tapar os buracos orçamentais? Escudado na urgência, recorre às técnicas já testadas por governos anteriores: um mix de aumento de impostos (IRS adicional sobre o 13.º mês, IVA sobre a electricidade) e transferência de mais fundos de pensões, desta vez da banca.
Nada de novo. Salvo erro, a coisa foi falada pela primeira vez quando o BCP tentou empandeirar as suas responsabilidades por pensões em 2005 (ver este post). E segue-se a muitas outras transferências - ver aqui uma lista incompleta de 2005 à qual é preciso adicionar pelo menos a EDP e a PT (em relação a esta última ver aqui como o buraco do OE foi tapado à custa dum somatório maior de buracos nas próximas décadas).
Desta vez estamos a falar de uma transferência pantagruélica: mais de 12 mil milhões, ou quase 7% do PIB, que ofuscam os 2 mil milhões da PT. Segundo parece, desses 12 mil milhões apenas 500 milhões serão transferidos este ano e, sendo assim, o governo cria um tanque de reserva para continuar a encher os buracos a criar pelo despesismo nos próximos anos. Tudo à custa de despejar para a Segurança Social, um sistema já financeiramente insustentável, responsabilidades insuficientemente provisionadas pelas pensões mais altas deste país, as dos bancários – em relação à PT veja aqui uma estimativa da insuficiência.
Aguardo com expectativa novos desenvolvimentos e a apresentação do OE 2012.
Se há um buraco, é preciso em primeiro lugar tentar escondê-lo e, não sendo já possível escondê-lo (demos graças ao Senhor, por isso), é preciso tapá-lo por uma de duas técnicas: despejam-se mais massas extorquidas aos contribuintes ou corta-se nas despesas, coisa manifestamente difícil porque, ao contrário da extorsão que assalta os bolsos de uma multidão desorganizada de sujeitos passivos da classe média, cortar a despesa pública mexe com os interesses das corporações, devidamente organizadas em lóbis, sindicatos e ordens, disputando lugares à mesa do orçamento.
Em alternativa a tapar o buraco com impostos ou com cortes na despesa, uma técnica que os governos portugueses têm recorrido com sucesso é chutar para a frente. Chutar para a frente tem sido feito essencialmente de duas maneiras: tratando-se de investimento público (leia-se, despesas em projectos de viabilidade económica duvidosa, na melhor hipótese, ou, na pior, despesas com elefantes imaculadamente brancos), criando PPP para desorçamentar despesas; tratando-se de receitas, como a transferência de fundos de pensões privados para a Segurança Social, um buraco grande é trocado por buracos anuais mais pequenos resultantes de responsabilidades por despesas correntes assumidas ad eternum.
O que está (por agora ?) o governo PSD-CDS a fazer para tapar os buracos orçamentais? Escudado na urgência, recorre às técnicas já testadas por governos anteriores: um mix de aumento de impostos (IRS adicional sobre o 13.º mês, IVA sobre a electricidade) e transferência de mais fundos de pensões, desta vez da banca.
Nada de novo. Salvo erro, a coisa foi falada pela primeira vez quando o BCP tentou empandeirar as suas responsabilidades por pensões em 2005 (ver este post). E segue-se a muitas outras transferências - ver aqui uma lista incompleta de 2005 à qual é preciso adicionar pelo menos a EDP e a PT (em relação a esta última ver aqui como o buraco do OE foi tapado à custa dum somatório maior de buracos nas próximas décadas).
Desta vez estamos a falar de uma transferência pantagruélica: mais de 12 mil milhões, ou quase 7% do PIB, que ofuscam os 2 mil milhões da PT. Segundo parece, desses 12 mil milhões apenas 500 milhões serão transferidos este ano e, sendo assim, o governo cria um tanque de reserva para continuar a encher os buracos a criar pelo despesismo nos próximos anos. Tudo à custa de despejar para a Segurança Social, um sistema já financeiramente insustentável, responsabilidades insuficientemente provisionadas pelas pensões mais altas deste país, as dos bancários – em relação à PT veja aqui uma estimativa da insuficiência.
Aguardo com expectativa novos desenvolvimentos e a apresentação do OE 2012.
16/08/2011
A exportação dos centros nacionais de decisão (com um esclarecimento tardio)
«Entre Janeiro e Maio, os portugueses colocaram 1,3 mil milhões de euros em "offshores", uma subida de 700% face ao ano anterior.» Os destinos favoritos são: Ilhas Caimão, Ilha de Jersey, Ilhas Virgens Britânicas, Antilhas Holandesas, Guernsey e Bermudas.
Lembram-se dos centros nacionais de decisão, a bandeira da coligação dos empresários que venderam ou tinham esperança de vender as suas empresas à estranja com os pastorinhos da economia dos amanhãs que cantam?
Esclarecimento:
Do mesmo modo que compreendo e aplaudo até os trabalhadores que vendem o seu trabalho onde lhes dá mais jeito, aqui ou em qualquer outro sítio, como o vêm fazendo há séculos, também compreendo e não condeno os detentores de capital que o colocam onde lhes dá mais jeito, aqui ou na Bermudas, desde que cumpram as leis, em ambos os casos.
Pelo contrário, não aplaudo e censuro até trabalhadores ou detentores de capital que fazem grandes declarações patrióticas enquanto manobram para tentar evitar a concorrência, por exemplo criando obstáculos à imigração, uns, ou criando obstáculos à participação de estrangeiros em empresas portuguesas, outros.
Lembram-se dos centros nacionais de decisão, a bandeira da coligação dos empresários que venderam ou tinham esperança de vender as suas empresas à estranja com os pastorinhos da economia dos amanhãs que cantam?
Dando novos mundos ao mundo |
Esclarecimento:
Do mesmo modo que compreendo e aplaudo até os trabalhadores que vendem o seu trabalho onde lhes dá mais jeito, aqui ou em qualquer outro sítio, como o vêm fazendo há séculos, também compreendo e não condeno os detentores de capital que o colocam onde lhes dá mais jeito, aqui ou na Bermudas, desde que cumpram as leis, em ambos os casos.
Pelo contrário, não aplaudo e censuro até trabalhadores ou detentores de capital que fazem grandes declarações patrióticas enquanto manobram para tentar evitar a concorrência, por exemplo criando obstáculos à imigração, uns, ou criando obstáculos à participação de estrangeiros em empresas portuguesas, outros.
DIÁRIO DE BORDO: A Clockwork Orange, Gilda e o banditismo à luz do cinema
Comentando o banditismo dos jovens ingleses que vandalizaram Londres e outras cidades inglesas, Filomena Mónica evocou há dias na SIC «A Clockwork Orange», o romance de Burgess (não li) e o filme nele inspirado de Kubrick (vi duas vezes). Pareceu-me uma evocação com bastante sentido no que respeita à falta de propósito e ao grau de violência, mas sem nenhum sentido no que respeita à resposta das autoridades inglesas que não aplicaram a Ludovico's Technique. De facto, que se saiba, estas ainda não pensam usar uma terapia baseada em drogas para gerar a aversão à violência. Poderão não estar longe de recorrer a essa terapia, se não fizerem algumas reformas indispensáveis. E não, não se trata de mais subsídios ou mesmo de medidas para reduzir o desemprego.
Vou passar em revista alguns comentários e análises que mais me impressionaram, por boas e más razões, a respeito de certos aspectos do banditismo, das suas presumíveis causas e das reacções geradas.
O jornalista Ed West assimilou no Telegraph a reacção de medo da sociedade a esses jovens bandidos à síndrome de Estocolmo e considera que muitos jovens professores responsabilizam as instituições e as autoridades pelo comportamento marginal dos seus alunos por razões que, no entender de West, radicam no medo físico de serem eles próprios vítimas da sua violência.
Katharine Birbalsingh, uma professora que tem denunciado o sistema da chamada «comprehensive school» construído pelo Partido Trabalhista, salienta o papel da tolerância da escola, dos professores e de vários sectores da sociedade aos comportamentos que não deveriam ser tolerados em nenhuma circunstância.
Theodore Dalrymple, médico e antigo comentador de The Spectator e durante anos traduzido no Independente, caracterizou os tumultos como «a backhanded tribute to the long-term intellectual torpor, moral cowardice, incompetence and careerist opportunism of the British political and intellectual class».
David Lammy, deputado do partido Trabalhista por Tottenham, bairro onde tudo começou, considera ter sido a «ausência de pais», fruto da decomposição da família (ela própria vítima da intervenção do nanny state, acrescento) e a consequente falta de modelos comportamentais positivos, um factor decisivo para despoletar os comportamentos irresponsáveis e criminosos dos jovens bandidos.
Porém, a mais impressionante de todas as reacções foi sem dúvida a de uma criatura que escreve no blogue 5 dias (não frequento por razões sanitárias – cheguei lá via Insurgente) exortando à insurreição não sei quem (o proletariado? o povo? as massas? os estudantes pobres? os marginais? a esquerda radical chic?). O título é todo um programa: «Transformemos Portugal numa nova Inglaterra». É nestas alturas que o berloquismo, à míngua de causas fracturantes, como o aborto como método anticoncepcional, o casamento gay, o divórcio na hora, revela distraidamente a sua verdadeira natureza, em geral dissimulada para não espantar os papalvos.
Termino, como comecei - com o bom cinema. Entre nós, Helena Matos denunciou com humor os delírios irresponsabilizantes da esquerdalhada e do jornalismo de causas com um artigo no Público aqui reproduzido - Put the blame on Mame, o mesmo título de uma canção irresistível de Allan Roberts e Doris Fisher interpretada pela Haywoth no Gilda de Charles Vidor.
Vou passar em revista alguns comentários e análises que mais me impressionaram, por boas e más razões, a respeito de certos aspectos do banditismo, das suas presumíveis causas e das reacções geradas.
O jornalista Ed West assimilou no Telegraph a reacção de medo da sociedade a esses jovens bandidos à síndrome de Estocolmo e considera que muitos jovens professores responsabilizam as instituições e as autoridades pelo comportamento marginal dos seus alunos por razões que, no entender de West, radicam no medo físico de serem eles próprios vítimas da sua violência.
Katharine Birbalsingh, uma professora que tem denunciado o sistema da chamada «comprehensive school» construído pelo Partido Trabalhista, salienta o papel da tolerância da escola, dos professores e de vários sectores da sociedade aos comportamentos que não deveriam ser tolerados em nenhuma circunstância.
Theodore Dalrymple, médico e antigo comentador de The Spectator e durante anos traduzido no Independente, caracterizou os tumultos como «a backhanded tribute to the long-term intellectual torpor, moral cowardice, incompetence and careerist opportunism of the British political and intellectual class».
David Lammy, deputado do partido Trabalhista por Tottenham, bairro onde tudo começou, considera ter sido a «ausência de pais», fruto da decomposição da família (ela própria vítima da intervenção do nanny state, acrescento) e a consequente falta de modelos comportamentais positivos, um factor decisivo para despoletar os comportamentos irresponsáveis e criminosos dos jovens bandidos.
Porém, a mais impressionante de todas as reacções foi sem dúvida a de uma criatura que escreve no blogue 5 dias (não frequento por razões sanitárias – cheguei lá via Insurgente) exortando à insurreição não sei quem (o proletariado? o povo? as massas? os estudantes pobres? os marginais? a esquerda radical chic?). O título é todo um programa: «Transformemos Portugal numa nova Inglaterra». É nestas alturas que o berloquismo, à míngua de causas fracturantes, como o aborto como método anticoncepcional, o casamento gay, o divórcio na hora, revela distraidamente a sua verdadeira natureza, em geral dissimulada para não espantar os papalvos.
Termino, como comecei - com o bom cinema. Entre nós, Helena Matos denunciou com humor os delírios irresponsabilizantes da esquerdalhada e do jornalismo de causas com um artigo no Público aqui reproduzido - Put the blame on Mame, o mesmo título de uma canção irresistível de Allan Roberts e Doris Fisher interpretada pela Haywoth no Gilda de Charles Vidor.
15/08/2011
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Os campeões da repressão dão-se como exemplo à polícia inglesa
Secção Idiotas inúteis
Para quem tem o currículo de repressão do governo iraniano e dos seus sequazes, acompanhados por vezes de idiotas inúteis (como os estudantes aqui referidos), classificar de «repressão selvagem» a reacção da polícia aos motins da semana passada em Inglaterra e recomendar ao governo inglês «corrigir o comportamento brutal», só pode revelar insanidade irremediável ou insulto deliberado à inteligência (ou à falta dela, no caso de alguns sectores da esquerdalhada).
Às mentes do tipo EPROM (erasable programmable read-only memory) recomenda-se a leitura desta página da Amnistia Internacional para refrescar os feitos nos últimos tempos do Sr. Mahmoud Ahmadinejad e dos seus seguidores, entre os quais se destaca a execução habitual de autores de crimes cometidos quando tinham menos de 18 anos.
Por isto merece o Sr. Ahmadinejad, o seu governo e os idiotas úteis, 5 ignóbeis. Adicionalmente atribuem-se 5 chateaubriands aos idiotas inúteis.
Para quem tem o currículo de repressão do governo iraniano e dos seus sequazes, acompanhados por vezes de idiotas inúteis (como os estudantes aqui referidos), classificar de «repressão selvagem» a reacção da polícia aos motins da semana passada em Inglaterra e recomendar ao governo inglês «corrigir o comportamento brutal», só pode revelar insanidade irremediável ou insulto deliberado à inteligência (ou à falta dela, no caso de alguns sectores da esquerdalhada).
Às mentes do tipo EPROM (erasable programmable read-only memory) recomenda-se a leitura desta página da Amnistia Internacional para refrescar os feitos nos últimos tempos do Sr. Mahmoud Ahmadinejad e dos seus seguidores, entre os quais se destaca a execução habitual de autores de crimes cometidos quando tinham menos de 18 anos.
Por isto merece o Sr. Ahmadinejad, o seu governo e os idiotas úteis, 5 ignóbeis. Adicionalmente atribuem-se 5 chateaubriands aos idiotas inúteis.
Lost in translation (119) - «Não há factos» , disse um dia B.-B., o guru do jornalismo de causas (actualização)
Notícia do Mail Online:
«Mark Duggan, 29, was in a car being followed by police during a covert operation on Thursday. But Duggan, a known offender from London’s notorious Broadwater Farm Estate, became aware that he was being followed and opened fire on the officers. He shot the officer from Scotland Yard’s elite firearms squad CO19 in the side of his chest with a handgun.»
Notícia do Público:
«Tudo começou ontem à noite depois de um protesto de mais uma centena de habitantes que pediam “justiça” pela morte de Mark Duggan, pai de quatro crianças, abatido na quinta-feira durante uma operação policial. Duggan morreu no táxi onde seguia na sequência de uma troca de tiros quando um polícia tentou fazer uma detenção relacionada com crime violento. O facto de ser uma pessoa popular e considerada não violenta gerou indignação entre a população local.»
Notícia do Telegraph:
«Mark Duggan, the man whose death sparked the beginning of riots across Britain, was the nephew of a renowned gangland criminal with a history of violence. Duggan's late uncle has been revealed as Desmond “Dessie” Noonan, whose feared crime family ran Manchester's underworld for 20 years.
The link emerged yesterday as police sources said the officer who opened fire on Duggan had “an honest-held belief that he was in imminent danger of him and his colleagues being shot”.»
Tradução:
known offender, nephew of a renowned gangland criminal with a history of violence = pai de quatro crianças, uma pessoa popular e não violenta
(the known offender) shot the officer with a handgun = sequência de uma troca de tiros
[Via perspectivas]
«Mark Duggan, 29, was in a car being followed by police during a covert operation on Thursday. But Duggan, a known offender from London’s notorious Broadwater Farm Estate, became aware that he was being followed and opened fire on the officers. He shot the officer from Scotland Yard’s elite firearms squad CO19 in the side of his chest with a handgun.»
Notícia do Público:
«Tudo começou ontem à noite depois de um protesto de mais uma centena de habitantes que pediam “justiça” pela morte de Mark Duggan, pai de quatro crianças, abatido na quinta-feira durante uma operação policial. Duggan morreu no táxi onde seguia na sequência de uma troca de tiros quando um polícia tentou fazer uma detenção relacionada com crime violento. O facto de ser uma pessoa popular e considerada não violenta gerou indignação entre a população local.»
Notícia do Telegraph:
«Mark Duggan, the man whose death sparked the beginning of riots across Britain, was the nephew of a renowned gangland criminal with a history of violence. Duggan's late uncle has been revealed as Desmond “Dessie” Noonan, whose feared crime family ran Manchester's underworld for 20 years.
The link emerged yesterday as police sources said the officer who opened fire on Duggan had “an honest-held belief that he was in imminent danger of him and his colleagues being shot”.»
Tradução:
known offender, nephew of a renowned gangland criminal with a history of violence = pai de quatro crianças, uma pessoa popular e não violenta
(the known offender) shot the officer with a handgun = sequência de uma troca de tiros
[Via perspectivas]
14/08/2011
13/08/2011
Mitos (51) – as teorias da conspiração sobre as agências de rating (V)
[Continuação de (I), (II), (III) e (IV)]
Segundo a teoria da conspiração sobre agências de rating partilhada pelo conhecido especialista financeiro Professor Doutor Marcelo e por todas aquelas luminárias apenas iluminadas sobre a existência de um pequeno problema a afligir-nos há mais de uma década pela intervenção do FMI/BCE/FEEF, as coisas passam-se assim:
Fenómeno A
Durante vários meses, o presidente Obama, os senadores e os congressistas republicanos e democratas discutiram ad nauseum o aumento do limite de endividamento e as respectivas contrapartidas de aumento, segundo uns, redução, segundo outros, dos impostos e das despesas públicas. As agências emitiram vários outlooks negativos e a Standard & Poors degradou a notação de triple A (dívida sem risco) para AA+. Finalmente o governo, senado e congresso chegaram a um acordo. Poucos dias depois o governo emitiu dívida a 10 anos com yields historicamente baixos e mais baixos do que antes do downgrade.
Fenómeno B
Nos últimos dias os mercados ficaram nervosos com a dívida pública francesa e os spreads dos Credit Default Swaps (CDS) dispararam. As agências de rating não emitiram ainda nenhum outlook e a notação da dívida pública francesa continua triple A (dívida sem risco).
Segundo a teoria da conspiração sobre agências de rating partilhada pelo conhecido especialista financeiro Professor Doutor Marcelo e por todas aquelas luminárias apenas iluminadas sobre a existência de um pequeno problema a afligir-nos há mais de uma década pela intervenção do FMI/BCE/FEEF, as coisas passam-se assim:
- Ocorre uma conspiração (do grupo de Bilderberg, de Wall Street, do Tea Party, dum governo americano - de preferência republicano - ou dos sábios do Sião);
- Uma agência de rating emite um outlook negativo prenunciando um possível downgrade da notação;
- Outras agências de rating fazem o mesmo;
- Os mercados ficam nervosos;
- Os spreads dos Credit Default Swaps (CDS) começam a subir;
- Uma agência de rating, eventualmente seguida de outras, degrada a notação um ou mais níveis;
- Os mercados entram em pânico;
- Os spreads dos Credit Default Swaps (CDS) sobem para a estratosfera;
- Repete-se o ciclo infernal com mais outlooks negativos, downgrades,…
Fenómeno A
Durante vários meses, o presidente Obama, os senadores e os congressistas republicanos e democratas discutiram ad nauseum o aumento do limite de endividamento e as respectivas contrapartidas de aumento, segundo uns, redução, segundo outros, dos impostos e das despesas públicas. As agências emitiram vários outlooks negativos e a Standard & Poors degradou a notação de triple A (dívida sem risco) para AA+. Finalmente o governo, senado e congresso chegaram a um acordo. Poucos dias depois o governo emitiu dívida a 10 anos com yields historicamente baixos e mais baixos do que antes do downgrade.
Fenómeno B
Nos últimos dias os mercados ficaram nervosos com a dívida pública francesa e os spreads dos Credit Default Swaps (CDS) dispararam. As agências de rating não emitiram ainda nenhum outlook e a notação da dívida pública francesa continua triple A (dívida sem risco).
12/08/2011
CASE STUDY: A produção intelectual dos nossos pastorinhos da economia dos amanhã que cantam
«O euro era maravilhoso, não tinha custos significativos, todos ganhavam, um êxito. Foram quinze anos assim. Famosos economistas portugueses defenderam que o endividamente externo era um almoço grátis. Outros andaram anos a dizer que a subida dos salários por cima da produtividade do factor trabalho estimulava a economia. O clientelismo do Estado era a forma eficiente de promover centros de decisão nacional. Já não falo do comentário quase unânime sobre o maravilhoso e excelente nado-morto Tratado de Lisboa (conhecido pelo famoso "porreiro pá") no final de 2009 (quem dizia que aquilo era uma inutilidade era um ignorante).
Esta mesma gente escrevia há umas três semanas que a reunião de Bruxelas tinha resolvido a crise do euro (quem dizia que não era bem assim tinha que ser ou da esquerda radical ou anti-europeu). O génio europeu tinha uma vez mais salvo a moeda única da malvada conspiração norte-americana (claro que Durão Barroso era o grande timoneiro). Nem duas semanas durou. Provou-se que a análise de todos esses comentadores era simplesmente deficiente e errada pelas razões mencionadas por Posner: falta de trabalho, preguiça intelectual, banalidades e ao serviço de quem manda.
Um outro exemplo é o memorando de entendimento. Quando foi assinado pode contar-se pelos dedos de uma mão quem criticou. A esquerda radical, algum comentador por aí perdido, e pouco mais (como foi público escrevi desde o primeiro momento que para a área de justiça o dito memorando é, no mínimo, problemático). Surpreendentemente, muitos dos analistas e comentadores que andaram a defender o memorando e a criticar quem dizia o contrário, sempre em nome do interesse nacional, descobrem agora que o dito memorando é mau e desdobram-se em propostas de incumprimento. São apoiados pelas múltiplas corporações que coitadinhas são incompreendidas pelos estrangeiros, pelos banqueiros que afinal não querem pagar a factura que a troika lhes deu, pelos defensores dos centros de decisão nacional que advogam outra vez pela velha receita das desastrosas privatizações do cavaquismo e do PS, pela direita pseudo-liberal agora no Governo que descobre que Portugal precisa de 308 municípios, etc. Até admito que algumas das reticências anunciadas sejam adequadas (o programa de privatizações é evidentemente mau porque uma vez assumido o compromisso com a troika, o poder de negociação do Estado para favorecer um bom encaixe financeiro morreu), mas eu não ouvi toda esta gente abrir a boca quando era o momento adequado. E esse momento foi só há três meses. Cambalhotas rápidas num país sem memória.»
[A crise do euro e os nossos especialistas, Nuno Garoupa no Negócios Online]
Esta mesma gente escrevia há umas três semanas que a reunião de Bruxelas tinha resolvido a crise do euro (quem dizia que não era bem assim tinha que ser ou da esquerda radical ou anti-europeu). O génio europeu tinha uma vez mais salvo a moeda única da malvada conspiração norte-americana (claro que Durão Barroso era o grande timoneiro). Nem duas semanas durou. Provou-se que a análise de todos esses comentadores era simplesmente deficiente e errada pelas razões mencionadas por Posner: falta de trabalho, preguiça intelectual, banalidades e ao serviço de quem manda.
Um outro exemplo é o memorando de entendimento. Quando foi assinado pode contar-se pelos dedos de uma mão quem criticou. A esquerda radical, algum comentador por aí perdido, e pouco mais (como foi público escrevi desde o primeiro momento que para a área de justiça o dito memorando é, no mínimo, problemático). Surpreendentemente, muitos dos analistas e comentadores que andaram a defender o memorando e a criticar quem dizia o contrário, sempre em nome do interesse nacional, descobrem agora que o dito memorando é mau e desdobram-se em propostas de incumprimento. São apoiados pelas múltiplas corporações que coitadinhas são incompreendidas pelos estrangeiros, pelos banqueiros que afinal não querem pagar a factura que a troika lhes deu, pelos defensores dos centros de decisão nacional que advogam outra vez pela velha receita das desastrosas privatizações do cavaquismo e do PS, pela direita pseudo-liberal agora no Governo que descobre que Portugal precisa de 308 municípios, etc. Até admito que algumas das reticências anunciadas sejam adequadas (o programa de privatizações é evidentemente mau porque uma vez assumido o compromisso com a troika, o poder de negociação do Estado para favorecer um bom encaixe financeiro morreu), mas eu não ouvi toda esta gente abrir a boca quando era o momento adequado. E esse momento foi só há três meses. Cambalhotas rápidas num país sem memória.»
[A crise do euro e os nossos especialistas, Nuno Garoupa no Negócios Online]
DIÁRIO DE BORDO: Efeméride
Completam-se hoje 30 anos sobre o lançamento oficial do IBM PC, o dispositivo que inaugurou a era do computador pessoal. Há quem diga que tem os dias contados e será substituído pelos tablets, smart phones et alia. Há também quem diga serem estes dispositivos ersatz para quem é incompetente a usar eficazmente um PC.
ARTIGO DEFUNTO: De como a redução virtual da despesa leva ao aumento real dos impostos
«Ministro das Finanças apresentou hoje algumas medidas adicionais de corte na despesa, que levam ao aumento do IVA sobre a eletricidade e o gás natural», escreve cabalisticamente o Expresso.
11/08/2011
Há décadas que temos em falta «quaisquer pessoas» - não foi preciso esperar por 2013
«Qualquer pessoa que olhe até de forma desinteressada percebe que temos a médio prazo um problema de sustentabilidade do sistema», disse à Visão Pedro Mota Soares, o Ministro da Solidariedade e Segurança Social.
Post de 20 de Out de 2008
Tomem nota. Em 2013 voltamos a falar.
Segundo o Relatório sobre a Sustentabilidade da Segurança Social incluído na proposta de OE, o governo prevê que o primeiro défice do sistema será apenas em 2039. (Lusa)
Previsão: o mais tardar em 2013, um novo governo PS liderado por António Costa inventará um pretexto ou um outro governo PSD liderado pelo sucessor do sucessor do sucessor de Ferreira Leite irá desculpar-se com a incúria do anterior governo e, em qualquer dos casos, uma nova reforma será aprovada para durar 30 anos (ou 50, como a de Ferro Rodrigues segundo António Guterres).
Post de 20 de Out de 2008
Tomem nota. Em 2013 voltamos a falar.
Segundo o Relatório sobre a Sustentabilidade da Segurança Social incluído na proposta de OE, o governo prevê que o primeiro défice do sistema será apenas em 2039. (Lusa)
Previsão: o mais tardar em 2013, um novo governo PS liderado por António Costa inventará um pretexto ou um outro governo PSD liderado pelo sucessor do sucessor do sucessor de Ferreira Leite irá desculpar-se com a incúria do anterior governo e, em qualquer dos casos, uma nova reforma será aprovada para durar 30 anos (ou 50, como a de Ferro Rodrigues segundo António Guterres).
O poder local dos caciques locais
Em 2 anos de plena crise e suposta contenção orçamental, os efectivos de funcionários das câmaras aumentaram 8.954 ou 7,1%. O governo diz querer reduzir 6% até 2014 e também diz querer cumprir o Memorando do FMI/BCE/FEEF e reduzir o número de câmaras.
Acredite se quiser.
Acredite se quiser.
10/08/2011
09/08/2011
SERVIÇO PÚBLICO: Está escrito nas estrelas
Pelo menos nos rankings das encrencas económico-financeiras estamos geralmente bem colocados. Como mostra o quadro ao lado da Economist, a sustentabilidade da dívida está muito comprometida pelo facto do crescimento anémico não permitir suportar o seu custo. Um outro aspecto não evidenciado pelo quadro, resulta do peso record da dívida total pública e privada bruta ao exterior – quase 2,5 vezes o PIB, do qual resulta um aumento dos custos da dívida de 2,5% por cada ponto percentual de aumento da taxa média de juro.
É por isso que o desenlace inexorável, goste-se dele ou não, é a reestruturação da dívida: uma combinação de reescalonamento e redução dos juros e, muito provavelmente, um haircut. É por isso que os yields para as OT de 2 e 5 anos se situam nos últimos dias nos 12-13% pressupondo um haircut pesado.
Como aqui já clarifiquei, não preconizo a reestruturação da dívida, simplesmente prevejo a sua inevitabilidade.
É por isso que o desenlace inexorável, goste-se dele ou não, é a reestruturação da dívida: uma combinação de reescalonamento e redução dos juros e, muito provavelmente, um haircut. É por isso que os yields para as OT de 2 e 5 anos se situam nos últimos dias nos 12-13% pressupondo um haircut pesado.
Como aqui já clarifiquei, não preconizo a reestruturação da dívida, simplesmente prevejo a sua inevitabilidade.
08/08/2011
ARTIGO DEFUNTO: Dois pesos e duas medidas (2)
Se alguém pensou ser impossível um editor de Economia, como Nicolau Santos, de um jornal auto-intitulado independente e de referência, como o Expresso, descer abaixo do nível do seu artigo «O se-nhor mi-nis-tro das Fi-nan-ças» aqui reproduzido, desengane-se. Da pena de onde veio este artigo vieram e hão-de vir muitos mais do mesmo jaez.
Por exemplo o mea culpa que escreveu no Expresso de sábado passado, retratando-se por na semana anterior ter criticado (justamente, sublinhe-se) as nomeações e o novo modelo de governação da CGD e por ter agora descoberto o que supunha erroneamente serem asneiras paridas pelo se-nhor mi-nis-tro das Fi-nan-ças Gaspar são afinal excelentes ideias paridas em Outubro do ano passado pelo senhor ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos, a quem o pastorinho Nicolau bruniu as polainas durante 6 anos.
Sem esquecer que o novo modelo de governação «era há muito sugerido por analistas» e (believe it or not) agências de rating». Seriam as mesmas agências ao serviço dos interesses americanos vilipendiadas por este ex-pastorinho da ex-economia dos amanhãs que já não cantam?
Por exemplo o mea culpa que escreveu no Expresso de sábado passado, retratando-se por na semana anterior ter criticado (justamente, sublinhe-se) as nomeações e o novo modelo de governação da CGD e por ter agora descoberto o que supunha erroneamente serem asneiras paridas pelo se-nhor mi-nis-tro das Fi-nan-ças Gaspar são afinal excelentes ideias paridas em Outubro do ano passado pelo senhor ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos, a quem o pastorinho Nicolau bruniu as polainas durante 6 anos.
Sem esquecer que o novo modelo de governação «era há muito sugerido por analistas» e (believe it or not) agências de rating». Seriam as mesmas agências ao serviço dos interesses americanos vilipendiadas por este ex-pastorinho da ex-economia dos amanhãs que já não cantam?
07/08/2011
DIÁRIO DE BORDO: So far not so good (9) – Regresso ao passado?
Para quem anunciou querer romper com a engenharia orçamental do socratismo, a alteração à Lei do Enquadramento Orçamental aprovada na passada 4.ª Feira pela AR colide com tais declarações de intenção.
Com essa alteração o governo passará a poder transferir receita da Segurança Social em excesso das despesas para formalmente aumentar despesas de investimento no âmbito do PIDDAC e, pela porta do cavalo, usar essas receitas como segunda dotação orçamental, ganhando espaço de manobra para aumentar despesas de funcionamento sem um orçamento rectificativo aprovado pelo parlamento.
É também surpreendentemente diletante a resposta do ministro das Finanças à crítica de Honório Novo: «Tenho o maior gosto em reconhecer que a questão, tal como a levantou, é mais precisa do que a minha versão».
Com essa alteração o governo passará a poder transferir receita da Segurança Social em excesso das despesas para formalmente aumentar despesas de investimento no âmbito do PIDDAC e, pela porta do cavalo, usar essas receitas como segunda dotação orçamental, ganhando espaço de manobra para aumentar despesas de funcionamento sem um orçamento rectificativo aprovado pelo parlamento.
É também surpreendentemente diletante a resposta do ministro das Finanças à crítica de Honório Novo: «Tenho o maior gosto em reconhecer que a questão, tal como a levantou, é mais precisa do que a minha versão».
06/08/2011
Nem só o Estado é amigo do empreendedor (2)
[Alguns outros casos de sucesso de empreendedores com amigos nos jornais: Aerosoles - Investvar - Moveon, YDreams, Microfil, La Seda]
Também a comunicação social se consome a promover os seus darlings empresariais. Entre os case studies que recentemente se notabilizaram por más razões temos a Martifer (a metalúrgica do regime já aqui e aqui tratada), com um prejuízo no 1.º semestre de 7% da facturação e a Maló Clinics que está seca de liquidez, cortou os salários, não está a pagar ou faz cheques pré-datados (geralmente a antecâmara da falência).
Como há tempos escrevi, se metade dos talentos e das competências desperdiçadas a vender a imagem nos jornais, lidos por dois por cento da população, fossem usadas para desenvolver produtos, talvez conseguíssemos uma modesta projecção nos mercados internacionais.
Também a comunicação social se consome a promover os seus darlings empresariais. Entre os case studies que recentemente se notabilizaram por más razões temos a Martifer (a metalúrgica do regime já aqui e aqui tratada), com um prejuízo no 1.º semestre de 7% da facturação e a Maló Clinics que está seca de liquidez, cortou os salários, não está a pagar ou faz cheques pré-datados (geralmente a antecâmara da falência).
Como há tempos escrevi, se metade dos talentos e das competências desperdiçadas a vender a imagem nos jornais, lidos por dois por cento da população, fossem usadas para desenvolver produtos, talvez conseguíssemos uma modesta projecção nos mercados internacionais.
Mitos (50) – as teorias da conspiração sobre as agências de rating (IV)
[Continuação de (I), (II) e (III)]
«Nós não somos a Grécia, não somos Portugal», disse Obama. Os EU podem não ser a Grécia, nem Portugal, o que não impede as agências de rating de serem o que são, segundo as mais reputadas teorias da conspiração. O facto do Professor Doutor Marcelo, um conhecido especialista nestas coisas, já ter descoberto a «estratégia americana contra o Euro e contra a Europa», levou as agências a adoptar uma táctica de disfarce para simularem a sua independência: a Standard & Poors acaba de degradar a notação para a dívida americana de longo prazo de triple A (sem risco) para AA+.
«Nós não somos a Grécia, não somos Portugal», disse Obama. Os EU podem não ser a Grécia, nem Portugal, o que não impede as agências de rating de serem o que são, segundo as mais reputadas teorias da conspiração. O facto do Professor Doutor Marcelo, um conhecido especialista nestas coisas, já ter descoberto a «estratégia americana contra o Euro e contra a Europa», levou as agências a adoptar uma táctica de disfarce para simularem a sua independência: a Standard & Poors acaba de degradar a notação para a dívida americana de longo prazo de triple A (sem risco) para AA+.
05/08/2011
Mitos (49) - os socialistas são amigos dos pobres (III)
[Continuação de (I) e (II)]
Como se deveria saber, os socialistas, bem como os comunistas - uma espécie actualmente só existente em reservas, fazem tudo para manter pobres os pobres, para não perderem a freguesia. Na verdade, os amigos dos pobres são os ricos, ou pelo menos alguns ricos. Seja por má ou boa consciência, a verdade é que alguns ricos ajudam os pobres a deixarem de ser pobres, muitas vezes sem sucesso porque muitos pobres fazem o possível por continuar pobres.
Michael Bloomberg, o presidente da câmara de Nova Iorque, uma pequena câmara com um número de munícipes equivalente a 240 câmaras municipais médias portuguesas, já se tinha comprometido a doar para filantropia metade da sua considerável fortuna resultante de ter criado a maior empresa de informação financeira do mundo, a reputada Bloomberg. Considerando as dificuldades financeiras da câmara a que preside, Bloomberg decidiu agora contribuir com USD 30 milhões (um quarto do financiamento total) para um programa de ajuda a 315 mil nova-iorquinos pobres, desempregados, presos ou sem habilitações.
Refira-se que outro quarto do financiamento necessário foi assumido por Georges Soros, o capitalista esquerdalho que fez grande parte da sua fortuna no ataque à libra numa célebre Quarta-feira Negra de 1992. Terá ganho nesse dia mil milhões de dólares que fez crescer e com os quais vem financiando as actividades de denúncia do capitalismo de casino, revelando assim um notável sentido de humor.
Como se deveria saber, os socialistas, bem como os comunistas - uma espécie actualmente só existente em reservas, fazem tudo para manter pobres os pobres, para não perderem a freguesia. Na verdade, os amigos dos pobres são os ricos, ou pelo menos alguns ricos. Seja por má ou boa consciência, a verdade é que alguns ricos ajudam os pobres a deixarem de ser pobres, muitas vezes sem sucesso porque muitos pobres fazem o possível por continuar pobres.
Michael Bloomberg, o presidente da câmara de Nova Iorque, uma pequena câmara com um número de munícipes equivalente a 240 câmaras municipais médias portuguesas, já se tinha comprometido a doar para filantropia metade da sua considerável fortuna resultante de ter criado a maior empresa de informação financeira do mundo, a reputada Bloomberg. Considerando as dificuldades financeiras da câmara a que preside, Bloomberg decidiu agora contribuir com USD 30 milhões (um quarto do financiamento total) para um programa de ajuda a 315 mil nova-iorquinos pobres, desempregados, presos ou sem habilitações.
Refira-se que outro quarto do financiamento necessário foi assumido por Georges Soros, o capitalista esquerdalho que fez grande parte da sua fortuna no ataque à libra numa célebre Quarta-feira Negra de 1992. Terá ganho nesse dia mil milhões de dólares que fez crescer e com os quais vem financiando as actividades de denúncia do capitalismo de casino, revelando assim um notável sentido de humor.
04/08/2011
A conversão do Czar
«Graças a Deus, [a desvalorização do dólar] não aconteceu, eles tiveram bom senso e responsabilidade. Mas, em termos gerais, não há grandes novidades, trata-se de um simples adiamento da tomada de decisões mais profundas», sentenciou Vladimir Putin, acrescentando, do alto dos seus anos de experiência como apparatchik do aparelho russo de parasitagem do império soviético, que os Estados Unidos «em certo sentido, parasitam a economia mundial».
BREIQUINGUE NIUZ: Líder parlamentar socialista critica fortemente a governação socialista dos últimos 6 anos
«Os contribuintes continuam a ser chamados a um grande esforço e não se vê nenhuma sanção relativamente a todos os actos criminosos que foram cometidos», indignou-se justamente Maria de Belém a propósito do caso BPN.
03/08/2011
Lost in translation (118) – Rigor? Já fizemos engenharia orçamental no passado. Voltaremos a fazê-lo no futuro, queria ele dizer (XXVIII)
[Mais engenharias orçamentais: pesquisa Google]
Aos 3 mil milhões de euros de facturas por pagar do SNS será preciso adicionar mais umas largas centenas de milhões de outras proveniências, por cortesia dos governos Sócrates dos últimos 6 anos. Faltando ainda 615 entidades públicas que não deram informação sobre os seus calotes, já vamos num total de 3,3 mil milhões. Sabendo-se que no perímetro OE cabem cerca de 14.000-entidades públicas-14.000, dir-se-ia que os 5% que faltam são amendoins. Tudo depende de quem são os 5%. É melhor esperar coelhos a saltar da cartola e quando menciono coelhos, falo também do Coelho e das facturas da Mota-Engil.
Aos 3 mil milhões de euros de facturas por pagar do SNS será preciso adicionar mais umas largas centenas de milhões de outras proveniências, por cortesia dos governos Sócrates dos últimos 6 anos. Faltando ainda 615 entidades públicas que não deram informação sobre os seus calotes, já vamos num total de 3,3 mil milhões. Sabendo-se que no perímetro OE cabem cerca de 14.000-entidades públicas-14.000, dir-se-ia que os 5% que faltam são amendoins. Tudo depende de quem são os 5%. É melhor esperar coelhos a saltar da cartola e quando menciono coelhos, falo também do Coelho e das facturas da Mota-Engil.
DIÁRIO DE BORDO: Keep it simple, pá
Deve ser possível encontrar nas profundezas da psique lusitana uma explicação da irresistível tendência para complicar tudo, do mais simples ao muito complexo. Não vou fazer esse exercício demasiado complexo para a minha psique. Vou apenas dar dois exemplos de complicações linguísticas que me vieram à mente a propósito do Memorandum of Understanding (MoU) do FMI/BCE/CE:
Mas o pior está para vir, quando extravasamos o domínio da língua e passamos ao domínio do pensamento (e da acção) e comparamos a versão verborreica de 55 páginas do MoU com um pletórico documento de 130 páginas, com o propósito, em parte comum, da «Reforma da Despesa Pública», mas um âmbito consideravelmente mais reduzido (só previa 50 medidas). Este documento foi produzido há 10 anos por um grupo de luminárias do bloco central, sob inspiração do cardeal Pina Moura à época ministro das Finanças de Guterres - para mais pormenores do contexto de produção e conteúdo do papiro cardinalício ler esta retrospectiva.
É desnecessário lembrar ter sido tal documento imediatamente engavetado no dia seguinte à sua apresentação ao país com grande pompa e circunstância. Como engavetado seria o MoU, sem a condição no pain no gain ou seja não há medidas, não há dinheiro, não há dinheiro, não há palhaços, não há palhaços, não há circo. Valha-nos o FMI.
- Mind the gap - Tenha atenção ao intervalo entre a carruagem e o cais
- Staff only - É expressamente proibida a entrada de pessoas estranhas ao serviço.
Mas o pior está para vir, quando extravasamos o domínio da língua e passamos ao domínio do pensamento (e da acção) e comparamos a versão verborreica de 55 páginas do MoU com um pletórico documento de 130 páginas, com o propósito, em parte comum, da «Reforma da Despesa Pública», mas um âmbito consideravelmente mais reduzido (só previa 50 medidas). Este documento foi produzido há 10 anos por um grupo de luminárias do bloco central, sob inspiração do cardeal Pina Moura à época ministro das Finanças de Guterres - para mais pormenores do contexto de produção e conteúdo do papiro cardinalício ler esta retrospectiva.
É desnecessário lembrar ter sido tal documento imediatamente engavetado no dia seguinte à sua apresentação ao país com grande pompa e circunstância. Como engavetado seria o MoU, sem a condição no pain no gain ou seja não há medidas, não há dinheiro, não há dinheiro, não há palhaços, não há palhaços, não há circo. Valha-nos o FMI.
02/08/2011
Lost in translation (117) – Somos a banca de todos os governos, queria ele dizer
Ricardo Salgado, depois de 6 anos a servir-se dos e a servir os governos de José Sócrates, garantiu que este governo «tem a confiança da maioria dos portugueses e minha também».
Compreende-se. Em Abril do ano passado ele explicou que «o BES é um banco de todos os regimes» e porque quem dá o mais dá o menos, quem é o banco de todos os regimes é o banco de todos os governos.
Compreende-se. Em Abril do ano passado ele explicou que «o BES é um banco de todos os regimes» e porque quem dá o mais dá o menos, quem é o banco de todos os regimes é o banco de todos os governos.
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Também levei uns bons anos a descobrir
«O socialismo é um clientelismo de Estado! Levei 70 anos a descobrir. Claro que isto é soft, evidentemente, somos livres, podemos dizer mal do governo, não serve para nada mas podemos, e isso é fundamental. Mas com Guterres e depois com Sócrates, já não para não falar dos Coelhos (esse saltitar do governo para as empresas... Coelhos é o que cá mais temos) chegou-se ao ponto em que no país o Estado, que quer dizer muitas vezes o governo, que não quer dizer outra coisa senão o partido do governo, que é o Partido Socialista que governou em 13 dos últimos 16 anos. Um Estado que controla directamente mais de 50% do PIB e indirectamente controla, com as golden-shares, com essas coisas todas, as participações, a EDP, nomeia, decide, compra, vende, etc., 80% do PIB. O Estado manda em 80%. E depois ficam 20% de pequenas e médias empresas exangues, porque não há crédito para elas. Depois há os bancos, que eram credores dos Estado, aconteceu-lhes que quando o devedor deve 100 está tramado, quando deve 100 mil, quem se trama é o credor. Estou a pensar, em particular, no BES. O BES é uma entidade política. Foi o senhor dr. Ricardo Salgado que mandou vir o FMI. Nessa quarta-feira de manhã, os bancos disseram: "É a última vez que a gente empresta e só emprestamos se chamarem o FMI". E foi assim que o Teixeira dos Santos chamou o FMI, o outro [José Sócrates] mandou-se ao ar, atirou com o telemóvel.»
[Entrevista a Villaverde Cabral no ionline, citada aqui]
[Entrevista a Villaverde Cabral no ionline, citada aqui]
01/08/2011
Bons exemplos (22) - «Um pioneiro antieduquês»
«Sabotar o ensino público - desqualificando-o em nome da democratização, da ausência de selectividade escolar, da pedagogia não directiva, da proibição de memorizar, mesmo da dispensa de aprendizagem da tabuada, da proclamação do prazer como única motivação do saber e do pensar - é, directa ou indirectamente, uma forma extrema e repugnante de liquidação do sistema público de ensino.»[Sottomayor Cardia, ministro da Educação dos 1.º e 2.º governos, um socialista impertinente e desalinhado com o novo situacionismo, citado no Expresso por Guilherme Valente, editor da Gradiva]
DIÁRIO DE BORDO: Ideias para combater a crise
Por exemplo, em vez de continuardes a ir ao Met NY assistir àquelas óperas produzidas ao nível do Scalla, mas para melhor, porque não mandardes o Met vir até vós, ou, vá lá, vós irdes até àquele gracioso bunker de betão da avenida de Berna envolvido nas verduras do Ribeiro Telles e construído com o dinheiro do arménio dos cinco por cento?
Que fazer? Perguntou Vladimir Ulianov e pergunto também eu. Talvez f****, como sugeriu o Abrunhosa (aquele cantor do Porto que não sabe cantar)? Não. Pelo menos neste caso e por agora. Em vez disso ide à bilheteira online da Gulbenkian e escolhei, por duas dúzias de eurecos cada lugar, uma ou várias magníficas óperas, desde a Ana Bolena já em 15 de Outubro, até à Extraviada, passando por Don Giovanni, Siegfried, Satyagraha (só para quem gosta de minimalismo), etc., sempre com elencos de luxo e produções à altura da dívida soberana do Grande Satã.
Não se esqueçam de me agradecer. Sugestão: uma garrafita brut impérial Dom Perignon, uma Viúva, uma M&C ou mesmo uma humilde Taittinger (eu não sou esquisito e estou habituado à austeridade).
Que fazer? Perguntou Vladimir Ulianov e pergunto também eu. Talvez f****, como sugeriu o Abrunhosa (aquele cantor do Porto que não sabe cantar)? Não. Pelo menos neste caso e por agora. Em vez disso ide à bilheteira online da Gulbenkian e escolhei, por duas dúzias de eurecos cada lugar, uma ou várias magníficas óperas, desde a Ana Bolena já em 15 de Outubro, até à Extraviada, passando por Don Giovanni, Siegfried, Satyagraha (só para quem gosta de minimalismo), etc., sempre com elencos de luxo e produções à altura da dívida soberana do Grande Satã.
Não se esqueçam de me agradecer. Sugestão: uma garrafita brut impérial Dom Perignon, uma Viúva, uma M&C ou mesmo uma humilde Taittinger (eu não sou esquisito e estou habituado à austeridade).