«O socialismo é um clientelismo de Estado! Levei 70 anos a descobrir. Claro que isto é soft, evidentemente, somos livres, podemos dizer mal do governo, não serve para nada mas podemos, e isso é fundamental. Mas com Guterres e depois com Sócrates, já não para não falar dos Coelhos (esse saltitar do governo para as empresas... Coelhos é o que cá mais temos) chegou-se ao ponto em que no país o Estado, que quer dizer muitas vezes o governo, que não quer dizer outra coisa senão o partido do governo, que é o Partido Socialista que governou em 13 dos últimos 16 anos. Um Estado que controla directamente mais de 50% do PIB e indirectamente controla, com as golden-shares, com essas coisas todas, as participações, a EDP, nomeia, decide, compra, vende, etc., 80% do PIB. O Estado manda em 80%. E depois ficam 20% de pequenas e médias empresas exangues, porque não há crédito para elas. Depois há os bancos, que eram credores dos Estado, aconteceu-lhes que quando o devedor deve 100 está tramado, quando deve 100 mil, quem se trama é o credor. Estou a pensar, em particular, no BES. O BES é uma entidade política. Foi o senhor dr. Ricardo Salgado que mandou vir o FMI. Nessa quarta-feira de manhã, os bancos disseram: "É a última vez que a gente empresta e só emprestamos se chamarem o FMI". E foi assim que o Teixeira dos Santos chamou o FMI, o outro [José Sócrates] mandou-se ao ar, atirou com o telemóvel.»
[Entrevista a Villaverde Cabral no ionline, citada aqui]
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