A pobreza e o pêtismo de mãos dadas
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Folha de S. Paulo |
mais liberdade |
O que se passou com a economia brasileira entre 2003 e 2016 é comparável ao que se vem passando com a portuguesa desde 1995, exceptuando o período 2011-2014 de resgate pela troika que foi uma sequela da governação do Eng. Sócrates, amigo do Sr. Lula.
He is already making another sudden change of heart when, after announcing that as an “absolutist of free speech” he would allow on Twitter everything that is not illegal, he swallow his words and writes “Twitter obviously cannot become a free-for-all hellscape, where anything can be said with no consequences!”
And yet another sudden change of heart after saying that it would eliminate advertising (and implicitly switch to the model of charging a fee to tweeters) ended up saying a few days ago “I also very much believe that advertising, when done right, can delight, entertain and inform you…low-relevancy ads are spam, but highly relevant ads are actually content!”
These are examples that even a man who thinks quickly should not speak faster than he thinks.
[Nota prévia: este post não é sobre o professor Adriano Moreira, é sobre a esquerdalhada.]
Para quem não conheça o CV do professor Adriano Moreira recomendo a leitura do artigo «Adriano Moreira e a continuidade das elites entre dois regimes políticos» de Jorge Fernandes, do qual respigo a seguir o segmento mais importante a este respeito,
Não sem antes lembrar que há dez anos publiquei o post O camaleão do regime onde considerei o caso de Adriano Moreira como talvez o mais espantoso. Tão espantoso que ainda mais me espanto por isso, espantosamente, não parecer espantar (quase) ninguém. Ainda agora.
«A 14 de Abril de 1961, o recém-empossado Ministro do Ultramar reabriu o Campo do Tarrafal em Cabo Verde. Renomeado Campo do Chão Bom, para afastar fantasmas passados, o Tarrafal passou a servir primordialmente para prender Africanos envolvidos nas lutas coloniais. Os métodos de tortura mantiveram-se inalterados.
A 6 de Setembro do mesmo ano, o mesmíssimo ministro do governo liderado por António de Oliveira Salazar abolia o estatuto de indigenato, um conjunto de leis criado em 1926 que regulava os direitos e os deveres da população Africana nos territórios sobre administração Portuguesa. A mudança legislativa tinha como objectivo declarado acabar com o trabalho forçado e dotar a população indígena de direitos em linha com os dos colonizadores. De acordo com o ministro do Ultramar, as motivações para esta alteração legislativa eram consistentes com a tradição Portuguesa de a todos acolher com “igual fraternidade” e “sem violência”, sendo “necessário estabelecer um conjunto de preceitos que traduzissem a ética missionária que nos conduziu em toda a parte com fidelidade à particular maneira portuguesa de estar no Mundo.” Mais, de acordo com o mesmo ministro, “os imperativos legais destinados a proteger as populações que entravam no povo Português vieram a constituir um todo harmonioso, onde o respeito pela dignidade do homem, expressa nas formas tradicionais da propriedade, da família e das sucessões, se tornou um imperativo para todos os agentes, públicos e privados, da acção ultramarina portuguesa”.
O Ministro do Ultramar que tomou estas decisões, que contribuíram decisivamente para a capacidade de o regime autoritário e colonial de Salazar e, depois, de Caetano, resistir à descolonização até 1974, depois de uma guerra absurda onde muitos jovens Portugueses e Africanos sacrificaram a vida, chamava-se Adriano Moreira. De acordo com a história que ele próprio construiu, o fim do estatuto do indigenato terá sido da sua arquitectura, visto ter grandes preocupações com as condições de vida e de trabalho das populações Africanas e com a necessidade da modernização do regime, quiçá mesmo o seu fim.»
Pergunto-me com um CV comparável não seria de esperar um ódio entranhado por parte da seita autodesignada antifascista? Certamente, veja-se como a esquerdalhada tratou quase todos os outros ministros e até quadros do Estado Novo - nem estou a recordar-me de outras excepções, salvo os que foram membros ou que aderiram posteriormente um partido de esquerda.
Créditos: um Amigo com pouco que fazer |
«É nas instituições americanas que a curva da "wokeness" parece estar ainda em ascensão. Nas universidades, nas artes, nos mídia, nos principais grupos de defesa, nas ONGs, fundações, administrações escolares, organizações profissionais e departamentos corporativos de recursos humanos, é difícil detectar um refluxo da maré. Nos últimos dois anos, houve uma proliferação de burocracias imbuídas de princípios de "diversidade, equidade e inclusão", coexistindo com o endoutrinamento ideológico, regras e restrições destinadas a obrigar condutas consideradas sensíveis aos marginalizados. Até mesmo revistas científicas veneráveis como a Nature estão renegando o seu racismo passado e prometendo "descolonizar" a pesquisa científica.O "wokeness" está teimosamente entrincheirada nessas instituições, e é lá que se vai posicionar. Milhões de pessoas têm empregos, dinheiro, cargos e influência que agora estão ligadas do "wokeness", e não desistirão facilmente. O mundo que habitam está mais isolado das visões das pessoas comuns do que as do discurso social e da competição política. Podemos ainda não ter visto "peak woke" nesse mundo — o que significa que muitos de nós, infelizmente, ainda podem enfrentar ser confrontados, cancelados ou visados de alguma forma.»
No Portugal dos Pequeninos, onde tudo chega atrasado (voltarei a este tema), suspeito que mesmo depois de expirada a validade do wokeism nos States, cujas universidades de artes e ciências sociais substituíram Moscovo, Pequim e Tirana para a esquerdalhada, ainda o teremos por cá muito tempo nas nossas universidades caducas e endogâmicas.
Paulo Tunhas escreveu há dias no Observador sobre «O amor da tirania», um tema que me fascina por não ter até hoje encontrado uma boa explicação pelo fascínio pelas tiranias e pela devoção dos tiranos, ou candidatos a tiranos, de que sofrem, digamos assim, milhões de criaturas um pouco por todo o mundo.
No geral tendo a concordar com Paulo Tunhas, excepto na sua conclusão de que o móbil da rejeição da democracia («num sentido lato e convenientemente impreciso») é o amor à tirania o que ele explica assim:
«Muita gente discute se o motor desta rejeição da democracia e da liberdade tem uma origem primeiramente negativa ou positiva. Dito de outra maneira: se aquilo que verdadeiramente a motiva é a detestação dos Estados Unidos e do Ocidente ou o puro amor pela força bruta e pela mentira incondicionada de que esta se serve para atingir os seus fins. Bom, é certo que nenhum dos factores é completamente isolável do outro. Mas é verosímil que seja o elemento por assim dizer positivo que represente a força dominante. A afirmação é, regra geral, prévia por relação à negação. O amor da força bruta – o amor da tirania – goza de uma certa precedência por relação à rejeição da liberdade. A força bruta e a mentira alucinada que a acompanha como justificação oferecem um excesso de sentido que satisfaz muitos espíritos. São uma pura afirmação liberta das condições limitativas da razoabilidade. No acto do seu exercício e na curiosa libertação que nos garantem face à obrigação do respeito pelos factos. Amar a tirania é, para o egoísmo lógico em geral – tanto o inconsequente quanto o consequente, e sobretudo para este último -, mais satisfatório do que amar a liberdade. A tirania do Eu encontra nesse amor uma ilimitação que dificilmente o amor da liberdade lhe permitiria.»
Sendo certo que também considero que «nenhum dos factores é completamente isolável do outro», tendo a concluir que é ódio à democracia que motiva o fascínio pelas tiranias e pela devoção dos tiranos. Ódio que, em boa verdade, possivelmente não é tanto à democracia em si mas às suas talvez inevitáveis consequências, nomeadamente as que essas criaturas abominam, como a relativização do que acham é a moral e os bons costume (a "libertinagem") e o questionar da autoridade (a "anarquia"), para dar dois exemplos.
E chego a essa conclusão por duas ordens de razões. Por um lado, porque tenho dificuldade em compreender que alguém possa ter fascínio por tiranias e devoção por tiranos quando são tão visíveis as consequências da privação das liberdades, dos abusos de autoridade, da violência contra os cidadãos, da intolerância das divergências e em última instância da pobreza ou mesmo da miséria que quase sempre resulta das tiranias que não desfrutam da "maldição dos recursos naturais".
E também porque compreendo melhor que essas criaturas rejeitem os excessos e os abusos da liberdade que frequentemente coexistem com a democracia e tenham dificuldade de aceitar racionalmente que a democracia não é perfeita e é simplesmente a forma de governo menos má ou, como concluiu Churchill, a pior com excepção de todas as outras.
Finalmente porque a evidência empírica parece mostrar que nas sociedades democráticas onde as diferenças ideológicas são mais exacerbadas e as guerras culturais entre os clãs mais intensas é o ódio a certas ideias e a certos valores que constitui o motor principal dos extremismos, mais do que a identificação positiva, isto é o amor, pelas tiranias.
Last week I published in the previous post the result of some calculations I made based on the data available in two Wikipedia entries that showed socialist countries (*) with a wealth measured by GDP (PPP) per capita less than half of non-socialist countries and less than a quarter of the EU.
Economist |
Coincidentally, I found a piece today where the Economist presents the graph above that suggests the same conclusions but based on a ranking in three groups of countries based on the democracy index. The two approaches go in the same direction if one considers that socialist countries in that sense share in most cases serious limitations to freedom.
Additionally, the Economist diagram also shows the discrepancy between GDP per capita published in official statistics and estimates based on satellite studies of night lights - a process that has proven to be a good indicator (I will return to this topic). And what can be concluded from the comparison of the two values is that the official statistics of countries with democratic deficits are grossly "fixed".
(*) Including Marxist–Leninist states (China, Cuba, Laos, Vietnam) plus Countries with constitutional references to socialism (Angola, Algeria, Bangladesh, Eritrea, Guinea-Bissau, Guyana, India, Nepal, Nicaragua, North Korea, Portugal, Sahrawi, Sri Lanka, Tanzania).
mais liberdade |
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« The main challenge to Putin’s power, then, comes not from the street but from within the regime itself. (...)
Institutionally, the Kremlin has for years been effectively an extension of the Federal Security Service, or FSB. The three most powerful men in Russia today are all current or former FSB chiefs – Putin himself, the Security Council chairman Nikolai Patrushev and the current FSB head Alexander Bortnikov. They met in the Leningrad KGB in the mid-1970s and have known and worked with each other for nearly half a century. Most other top Kremlin mandarins – for instance the Rosneft head Igor Sechin, the foreign intelligence chief Sergei Naryshkin and many more – are also drawn from that same tiny Leningrad KGB circle, leavened by a few of Putin’s old friends from his time as deputy mayor of St Petersburg in the 1990s.
For these people, the question of who is eventually chosen to succeed Putin is much less important than who does the choosing. (...)
Modern Russia is not just a security state but literally a state that has been taken over by its own security services. Putin is the ultimate decision-maker and arbiter in various disputes between rival factions inside that extended FSB-connected ruling class. And insofar as a ‘collective Putin’ exists, it’s composed of a tiny group of very closely connected, very paranoid old men whose chief goal is to preserve their wealth and power and pass it on to their children and protégés.
So when we consider whether regime change is possible in Russia, what we are really wondering is whether some outside force could ever challenge the rule, not of Putin himself, but of the extended FSB clan that currently holds ultimate political and economic power.
(...)
If the Russian army suffers a serious collapse and the country moves into a revolutionary situation, such nationalist firebrands will be the Kremlin elite’s most dangerous foes. It is much more likely, however, that the FSB clique around Putin will respond to a rising tide of nationalist anger and frustration by becoming more nationalist and authoritarian themselves. They may make Kadyrov defence minister or appoint Prigozhin to a senior ministerial post. But Kadyrov’s and Prigozhin’s ambitions in themselves do not present a fundamental challenge to the power of the ruling FSB clan which controls serious military force, and has a stronghold on Russia’s media and politics.
The power of the extended FSB dwarfs that of any potential challengers except for one: a rising, angry people who feel cheated of victory by their corrupt leaders. That revolution is likely to be as chaotic and ugly as the one which followed Russia’s last catastrophic military defeat in 1917 – and will doubtless begin, as the previous one did, with angry soldiers on remote train platforms railing against the tsar’s corrupt ministers. »
Excerpt from Kremlin crack-up: who’s out to get Putin?, Owen Matthews, The Spectator
Como é sabido, os drones, ou UAV (veículos aéreos não tripulados), existem conceptualmente há mais de um século e os considerados modernos foram pela primeira vez utilizados durante a guerra do Vietname e mais tarde nos anos setenta foram intensivamente usados pelas forças armadas israelitas e generalizaram-se na guerra do Golfo há mais de 30 anos.
Os usos civis começaram mais tarde e tornaram comuns na última década. Actualmente estima-se que existam mais de um milhão só nos EUA e o mercado global de UAV representa mais de USD 20 mil milhões, sendo dominado por empresas chinesas.
É neste contexto que a celebração do feito das Forças Armadas Portuguesas com um voo de teste de UAV (a que para disfarçar chamaram "sistema aéreo não tripulado" ou SANT) «que percorreu 940 quilómetros, entre Beja e Porto Santo, para avaliar a sua utilização em missões de vigilância a longa distância», assume foros de ridículo evocando «o sentimento de fragilidade íntima inconsciente e a correspondente vontade de a compensar com o desejo de fazer boa figura» que perpassa o Portugal dos Pequeninos, de que falou Eduardo Lourenço ou, se preferirem, a «culpada indulgência» de Eça na carta de Fradique Mendes a Madame de Jouarre, muito citada nos últimos tempos:
«Era a bonacheirice, a relassa fraqueza que nos enlaça a todos nós portugueses, nos enche de culpada indulgência uns para os outros, e irremediavelmente estraga entre nós toda a Disciplina e toda a Ordem.»«Marcelo coroado 'rei amor' na Costa do Marfim» |
No artigo «O congelador social», publicado no Expresso do dia 7 de Outubro e integralmente citado neste post, o economista Luís Aguiar-Conraria mostra como o impacto da pandemia nos sistemas educativos, e em particular do Portugal dos Pequeninos, veio confirmar que as políticas facilitistas dos governos de esquerda (desvalorização da avaliação, supressão dos exames, etc.) tendem a ter as consequências opostas às intenções anunciadas, degradando o ensino público e assim prejudicando o desempenho dos alunos pobres, ao mesmo tempo que promovem a transferência dos alunos das «famílias certas» para as escolas privadas, assim acelerando a degradação do ensino das escolas públicas.
Num exercício de despudorada hipocrisia, muitos dos defensores mais ruidosos do ensino público, incluindo os "famosos" da esquerdalhada, inscrevem os seus filhos no ensino privado.
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