Fonte: The Spectator |
30/09/2020
SERVIÇO PÚBLICO: "A coisa mais perigosa sobre o coronavírus é a histeria" (7)
29/09/2020
De boas intenções está o inferno cheio (54) - Como desacreditar a escola pública e aumentar a desigualdade de oportunidades
«No exame de acesso de Matemática A, a moda — ou seja, a nota que se repetiu mais vezes — foi 19. Em Física e Química A, do 11º ano, a moda foi 18. Olhando para as médias de acesso à Universidade, ficamos com a ideia de que o futuro do país está garantido. Os gestores portugueses serão, em breve, os melhores do mundo. Os economistas, idem. Temos uma medicina que não se compara a nada. Os juristas são tão extraordinários que a nossa Justiça rapidamente se tornará uma referência internacional. Cereja em cima do bolo, temos os melhores engenheiros aeroespaciais do mundo: em 10 anos, vamos a Marte e voltamos.
(Se tivermos em atenção que mais de metade dos professores universitários tem a avaliação máxima, de Excelente, somos obrigados a concluir que a academia portuguesa há de ser a melhor do mundo.)
Como, evidentemente, não somos todos uns génios, o que isto quer dizer é que os exames foram fáceis demais, não permitindo distinguir os bons alunos dos muito bons e dos excelentes. Isto tornou o acesso a alguns cursos numa autêntica lotaria. E numa tremenda injustiça para tantos jovens. Não consigo imaginar o que é estar na pele de um adolescente que desde o 10º ano só tira dezoitos, dezanoves e vintes, que nas provas de acesso não tem nenhuma nota abaixo de 18 e não consegue entrar no curso pretendido. Ou estar na pele de alguém que, ao longo de 3 anos, tirou 20 a tudo e que teve um azar no exame de Matemática, não conseguindo mais do que 16, e que por isso não entra no seu curso de sonho. Ao tornar o acesso ao superior numa lotaria, os exames foram um fracasso.»
Excerto de Mais um prego no caixão da escola pública, Luís Aguiar-Conraria no Expresso
A falta de exigência e de rigor e a cedência ao facilitismo está no ADN da esquerdalhada e reflecte-se nas políticas de educação que promovem, a pretexto de facilitar a vida aos mais pobres. Não é preciso ser um génio para perceber que o efeito é precisamente o contrário: o facilitismo agrava o handicap das origens sociais que dá vantagem aos jovens provenientes de famílias que dão importância ao ensino e estimulam a aprendizagem, comparativamente com os jovens de classes mais pobres que frequentemente não têm um ambiente familiar estimulante. Evidentemente que este resultado não tira o sono aos promotores do facilitismo por duas razões: (1) muitos deles inscrevem os seus rebentos em escolas privadas e (2) para quem vê o futuro dos jovens como funcionários de um Estado pantagruélico e omnipresente um diploma é suficiente e estar mal preparado não é um problema.
A longo prazo, esse facilitismo incentiva a optar pelo ensino privado as famílias que têm meios para isso, transformando gradualmente as escolas públicas em repositórios de jovens destinados a adultos falhados, sobretudo as escolas fora das zonas privilegiadas. O resultado final é o aumento das desigualdades, precisamente aquilo que se pretendia evitar.
Malhar em defuntos políticos e bajular quem tem popularidade e quem controla votos. Há quem lhe chame coragem
Ana Gomes sobre:
Cavaco Silva: «múmia paralítica»
Marcelo Rebelo de Sousa: «afectos foram úteis para desanuviar do estilo múmia paralítica»
António Costa: «desempenho de quadro de honra como governante»; «não precisava» de estar em comissões de honra, isto para quem disse de Vieira o que Maomé não disse do chouriço.
28/09/2020
ARTIGO DEFUNTO: "Material impreciso e pouco rigoroso"
Deve haver o cuidado de não divulgar material impreciso ou pouco rigoroso, ao nível do texto ou da imagem, susceptível de induzir em erro ou distorcer os factos.
Bruno Ciancio, diretor do Departamento de Emergência em Saúde Pública do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) em entrevista ao Expresso de 26-09-2020 |
Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (52) - Em tempo de vírus (XXIX)
O Expresso, pela pena de um dos ouvidos do Dr. Costa, informa-nos que «o governo vai criar comité para supervisionar obstáculos na aplicação dos fundos», presidido pelo Dr. Costa para «garantir autoridade política».
O Dr. Costa tem a paixão dos planos
O Eng. Guterres tinha a paixão da educação - deu no que deu. O Dr. Costa tem a paixão dos planos e está a dar no que já deu e vai dar: «Uma década para Portugal» (o relatório dos 12 sábios, entre eles o Dr Centeno, escalpelizado na série de posts dos amanhãs que cantam do PS), o Programa Eleitoral do PS, o programa de governo do PS, os múltiplos planos sectoriais e por último a Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030. Ainda a tinta deste último não secou e já o governo incluiu nas Grandes Opções do Plano a recuperação do estudo Porter pedido por Mira Amaral em 1994. Ora se há líquidos não miscíveis é a metodologia de Porter - uma abordagem microeconómica - e os devaneios poéticos macroeconómicos do Dr. Costa Silva.
O Zeppelin do Dr. Galamba
O Dr. Galamba, o criador do elefante branco da cor do hidrogénio verde, produziu há dias um pensamento: «a introdução do hidrogénio aumenta o valor económico de cada euro investido em eletricidade». Não entendem? Eu também não, mas entendo que, segundo as estimativas de Abel Mateus, o «hidrogénio verde vai aumentar fatura do gás em cerca de 20%», o que não admira porque só para começo de conversa o governo vai torrar 900 milhões. E também entendo que os gestores da Fusion Fuel, que têm um projecto para produzir hidrogénio verde em Sines, são também os gestores de duas empresas com várias acções judiciais e vários pedidos de insolvência.
«Estamos preparados»
Um estudo da Associação dos Administradores Hospitalares e da Ordem dos Médicos estima que com uma possível «segunda vaga da pandemia» até ao final do ano fiquem por fazer mais de 10 milhões de consultas nos centros de saúde e mais de 2,2 milhões nos hospitais e 214 mil cirurgias. Mesmo sem segunda vaga, os dados disponíveis até Agosto tornam essa estimativa muito plausível. Isso e os efeitos secundários do confinamento, sobretudo nos idosos, explica o excesso de óbitos não Covid em relação à média que as estatísticas evidenciam.
27/09/2020
"Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes"
Expresso de 22-09-2020 |
No último dos "Encontros fora da Caixa" promovidos pelo banco público que já custou aos contribuintes vários milhares de milhões de euros e pelo semanário de reverência Expresso, encontro que juntou umas dúzias de luminárias, entre as quais o escritor Gonçalo M. Tavares e o músico Pedro Abrunhosa, reflectiu-se sobre a salvação de Portugal pelo plano dos Costas para torrar 26 mil milhões de euros em dez anos, e produziram-se ideias, entre as quais a que o Expresso justamente destacou. Ditosa Pátria que tais Filhos tem.
Dúvidas (287) – Irá o Brexit consumar-se? (XIX) - Done? Undone yet!
26/09/2020
Ser de esquerda é... (8)
Dúvidas (320) - Também já tive essas dúvidas
25/09/2020
SERVIÇO PÚBLICO: Recomendação de leitura
Mitos e falácias sobre o IRS em Portugal um artigo de Carlos Guimarães Pinto com rigor e uma clareza meridiana que desfaz as construções ideológicas que a esquerdalhada costuma fazer com o IRS e o seu papel no sistema fiscal.
Dúvidas (319) - Já estarão a faltar condecoráveis para S. Ex.ª precisar de os exumar?
Alguém pode explicar porque carga de água o prof Marcelo foi agora condecorar postumamente Ruben A., um escritor falecido há 45 anos, que já havia sido condecorado em 1973 com a Ordem do Infante, uma condecoração apropriada a um escritor que viveu e ensinou no estrangeiro? Sim, eu sei que é este ano o centenário do nascimento de Ruben A., mas, nesse caso, irá S. Ex.ª condecorar em cada ano os escritores que nasceram cem anos antes? Ainda para mais S. Ex.ª condecorou-o com a Ordem Militar de Sant'Iago da Espada que não parece ter nada a ver com o condecorado.
24/09/2020
23/09/2020
CASE STUDY: Trumpologia (70) - Como e porquê o discurso de Donald Trump seduz os seus adeptos?
Tenho procurado entender como e porquê o discurso errático, contraditório, recheado de imprecisões ou mesmo mentiras puras e duras, de Trump seduz os seus adeptos. Eis uma das melhores respostas que encontrei (Donald Trump’s language offers insight into how he won the presidency):
«Toda a gente sabe como imitar Donald Trump. Na fala, adopta o seu timbre rouco, volume estridente e ritmo start-stop. Ao escrever, acrescenta “grandiosamente”, coloca em maiúsculas "frases substantivas emocionais" e termina tudo com um ponto de exclamação. Essas peculiaridades de enunciação e grafia tornam Trump fácil de imitar, mas não explicam facilmente o seu sucesso político. A maneira como ele constrói as frases, no entanto, oferece algumas postas sobre como ele conquistou a presidência.
A base da linguagem distinta de Trump é uma extrema confiança no seu próprio conhecimento. Como Steve Jobs - que inspirou seus colegas da Apple ao fazer o impossível parecer possível - o Sr. Trump cria seu próprio “campo de distorção da realidade”. Um de seus tropos característicos é “poucas pessoas sabem ...” Ele apresentou a natureza complexa dos cuidados de saúde, ou o facto de que Abraham Lincoln foi o primeiro presidente republicano, como verdades que são familiares apenas a alguns. Uma frase de efeito relacionada é “ninguém sabe mais sobre ... do que eu”. Os campos de especialização que Trump promoveu dessa forma incluem financiamento de campanha, tecnologia, políticos, impostos, dívida, infraestrutura, meio ambiente e economia.
Seus críticos muitas vezes atribuem isso ao narcisismo, mas uma explicação complementar é que também é um de seus pontos fortes - técnica de vendas. O Sr. Trump apresenta-se como estando na posse de informações raras. Ele é, portanto, capaz de fazer um acordo especial com um cliente “que muitas pessoas não conhecem”. Se você ficar tentado a levar sua empresa para um concorrente, ele irá lembrá-lo de que “ninguém sabe mais sobre” o que está em oferta do que ele.
22/09/2020
SERVIÇO PÚBLICO: "A coisa mais perigosa sobre o coronavírus é a histeria" (6)
Nos cornos da covid |
21/09/2020
Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (51) - Em tempo de vírus (XXVIII)
A «contradição íntima» do Dr. Costa
Numa das suas muitas apresentações da Estratégia para Plano de Recuperação Portugal 2020-2030, o Dr. Costa (Silva) anunciou a «derrota histórica que a realidade impôs a ideias ultraliberais» e postulou que «não é o mercado que nos vai salvar, é o Estado, são os serviços públicos». A um leigo, pode parecer ridículo atribuir a falência do Estado Sucial português às ideias ultraliberais porque se é certo a governação das últimas décadas já foi inspirada pelo comunismo, pelo esquerdismo infantil, pelo socialismo e pela social-democracia, não se encontra o menor vestígio de doutrinas liberais e, quanto ao mercado, tem sido uma espécie de resíduo do Estado Sucial. Porém, o paraministro Dr. Costa (Silva) não é um leigo, é um «engenheiro poeta», é «alguém que aceita fazer um plano destes», como observou Aguiar-Conraria.
Só alguém que aceita fazer tal plano se lembraria de deixar cair a bitola europeia, que só serviria para ligações baratas para exportação, e volta a apostar na alta velocidade Lisboa-Porto que é uma coisa inadiável para fazer reuniões de negócios, como alternativa ao Teams e ao Zoom. Também só alguém com o perfil do Dr. Costa (Silva) estaria capacitado para prever que «vamos piorar antes de melhorar». É certo quanto ao vamos piorar teve a ajuda de S. Ex.ª (ver secção seguinte) e quanto ao vamos melhorar teve a ajuda de todos os visionários que nas últimas décadas prognosticaram amanhãs que cantariam.
«Queda monumental»
20/09/2020
Os Oscares esquizofrénicos do politicamente correcto e da ideologia do género
«Verangender: a gender that seems to shift/change the moment it is identified.»
19/09/2020
De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (39) - Experiências fora da caixa (3)
worldometer |
A comparação dos 580 óbitos por milhão de habitantes com os 186 de Portugal é só uma parte da história porque o excesso em relação à média de mortalidade sueco já é inferior ao português, apesar das medidas serem muito menos drásticas. A evolução comparativa mostra o número de diário de novos casos mais estabilizado (comparar gráficos de cima) e o número de morte em decrescimento constante, ao contrário do caso português (gráficos de baixo), acresce que provavelmente a população sueca com imunidade adquirida é muito superior a portuguesa. Sem esquecer que o impacto na economia foi menos pesado na Suécia em que a variação homóloga do PIB no segundo trimestre foi de -7,7%, uma queda que é menos de metade dos -16.3% de Portugal.
18/09/2020
Maldição da tabuada (54) - Sair do armário não é desculpa para não saber fazer contas
O mundo visto pelo eco-lunatismo
- Proposta "séria": eliminar as árvores de Natal;
- Proposta ainda mais "séria": eliminar o Tour de France. Razão: trata-se de um evento misógino e aquelas miúdas a dar um beijinho com um ramo de flores aos campeões representa claramente um atentado a dignidade da mulher;
- Uma munícipe não participou num evento organizado pela igreja católica por preferir marcar bem a laicidade do poder; no dia seguinte foi pôr a primeira pedra na construção de uma mesquita;
- Uma presidente lésbica disse que tinha muita sorte em ser como é pois assim garantia não ser violada ou morta por homens.»
De uma mensagem de AB
17/09/2020
BREIQUINGUE NIUZ: O candidato com processos judiciais e malparado, preocupado com a sua reputação, evita ser apoiado pelo Dr. Costa e pelo Dr. Medina
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (105) - "Verdadeiro herói" é alguém com resultados profissionais medíocres apesar de talvez se ter esforçado
16/09/2020
15/09/2020
CASE STUDY: Trumpologia (69) - "Na convenção os republicanos preferiram o presidente à realidade"
A diferença entre a narrativa de Trump e a realidade é geralmente grande e desde a convenção republicana até às eleições irá certamente aumentar. Só o seu discurso de 70 minutos na Convenção Republicana conteve dezenas de falsidades, meias verdades e exageros, segundo o NYT que comentou cada um desses dislates. É claro que pode sempre dizer-se que isso são distorções dos mídias hostis, mas é uma tolice porque na maioria dos casos qualquer pessoa com dois neurónios não ocupados por teorias da conspiração constata isso. De resto, até os mídias amigos por vezes se desalinham, como a Fox News ao reportar os esqueletos que Michael Cohen desenterra no seu livro "Disloyal, A Memoir: The True Story of the Former Personal Attorney to President Donald J. Trump".
Como é possível que, com tudo isso, os republicanos, para não falar dos devotos de outros países, preferem o presidente à realidade, como escreveu a Economist, ignorando os seus dislates, as suas contradições e o desastre que tem sido a sua administração na resposta à pandemia? Para dar um exemplo trivial das contradições, Trump excita os instintos anti-elites do seu eleitorado demonizando os Ivy Leaguers não obstante o pelotão de trumpistas graduados numa das universidades de Ivy League que o rodeiam (ou rodearam), tais como Jared Kushner, Mike Pompeo, Wilbur Ross, Kris Kobach, Steve Bannon, Ron DeSantis, Kayleigh McEnany, etc.
A razão universal, como aqui referi, é a evolução natural ter conduzido o homo sapiens a um enviesamento da percepção da realidade que o leva a acreditar no que confirma as suas crenças e os seus pré-conceitos. Por isso, a partir do momento que um político ganha a confiança do seu eleitorado este tende a acreditar em tudo e isso é aproveitado por políticos manipuladores que apelam não à razão mas à emoção.
No caso de Donald Trump há razões em particular relacionadas com o seu discurso que podem ajudar a compreender a adesão dos seus adeptos. Um dia destes voltarei a este tema.
Entretanto, os ódios que procura suscitar (veja-se como provoca deliberadamente o áctivismo que funciona como o seu seguro de vida) exaltam ainda mais a fidelidade incondicional dos seus adeptos.
Forecasting the US elections |
14/09/2020
Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (50) - Em tempo de vírus (XXVII)
Quando se pensava que tinha sido atingido o limite do descaramento...
... o Dr. Costa mostra que para ele e seu putativo sucessor Dr. Medina não há limites e aparecem os dois na comissão de honra de Luís Filipe Vieira, um bonzo do regime que se candidata a sucessor de si próprio na presidência do Benfica. Para citar um constitucionalista, é o «primeiro-ministro a dizer que está tudo bem com uma pessoa que está com processos judiciais em curso» e foi um dos maiores devedores ao Novo Banco causando-lhe perdas de 225 milhões.
O Dr. Costa supera-se a si próprio. Não satisfeito com ter conseguido que sob a sua excelsa governação durante 5 anos o país ter sido um dos três ou quatro da UE cujas economias menos cresceram, consegue agora durante a pandemia que a economia portuguesa tenha tido a quarta maior queda do PIB. Melhor não é possível.
13/09/2020
Dúvidas (318) - Para que serve a disciplina de Cidadania?
Público |
O que fazer aos pais refractários? Por exemplo impedir que os seus filhos frequentem o ensino universitário, sugere uma juíza. Se o Dr. Salazar se tivesse lembrado de uma solução como esta para os filhos dos oposicionistas que não queriam que os seus rebentos frequentassem a Mocidade Portuguesa e a disciplina de Religião e Moral teria evitado que as universidades se enchessem de contestatários e o Estado Corporativo poderia ter sobrevivido mais uns tempos em vez de ter desabado e ser substituído por um Estado Sucial ocupado por filhos de oposicionistas, agora novos situacionistas.
ARTIGO DEFUNTO: Se uma imagem vale mais que mil palavras, duas imagens valem mais do que duas mil palavras ou o equivalente a uma página do semanário de reverência
Caderno Principal do Expresso de 12-09-2020 |
12/09/2020
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Sérgio Sousa Pinto, um socialista desalinhado
Aceitemos que manifesto e contra-manifesto fazem parte da chamada guerra cultural gramsciana. O que é inaceitável é prosélitos de uma disciplina de "Educação para a Cidadania", exigirem a sua expulsão do PS e o insultarem com um «facho mofento». Isto diz tanto sobre a disciplina como sobre o autores dos insultos.
11/09/2020
NÓS VISTOS POR ELES: S. Ex.ª e o nosso primeiro masturbam-se durante as reuniões? Pergunta uma emigrada em Houston
10/09/2020
ACREDITE SE QUISER: «Board das grandes do PSI-20 pede mais nove mulheres»
Foi esse o título que o Jornal de Negócios escolheu para nos informar que «mantendo a dimensão da administração, todas estas cotadas [EDP, EDP Renováveis, Jerónimo Martins, Nos e Galp] vão precisar de contar com pelo menos mais um elemento do sexo feminino nos órgãos de administração para satisfazer as novas metas e, no caso da EDP Renováveis e da Galp, terão mesmo de se acrescentar duas mulheres, assim como no caso do conselho geral e de supervisão da EDP. Só nesta amostra, são então nove o total de novos membros do sexo feminino que poderão passar a ser incluídos na administração por força da lei.»
Estranhamente ainda não ouvi um lamento ou um grito de indignação dos áctivistas da identidade de género. Sexo feminino? Sexo? O que é feito dos géneros? Já não falo dos cento e doze géneros, mas ao menos o clássico LGBT ou o upgrade para os dez "géneros" LGBTIQQAAP (L = lesbian, G = gay, B = bisexual, T = transgender, I = intersex, Q = queer, Q = questioning, A = allies, A = asexual, P - pansexual).
Imaginem-se as oportunidades de nomeações para os órgãos suciais de representantes dos quatro géneros ou, vá lá, dos dez géneros...
Dúvidas (317) - Intoxicar não tenho a certeza, mas enlouquecer, enlouquece
Curiosamente, a notícia do Observador é ilustrada pela foto acima que presumi teria alguma relação com a ingestão de MMS de onde, considerando que o Bill Gates, além do Windows e do Office, entre outros produtos de software, nunca produziu nenhuma vacina, deduzo que um dos efeitos secundários da MMS é produzir a demência dos seus consumidores.
09/09/2020
Mitos (307) - O contrário do dogma do aquecimento global (XXIV)
Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.
Fonte |
08/09/2020
CASE STUDY: O homo sapiens evoluiu para acreditar no que lhe dá jeito e isso dá muito jeito aos políticos em geral, e em particular aos mentirosos compulsivos
Toda a gente mente de vez em quando, os políticos em geral mentem frequentemente e alguns mentem tanto que eles próprios não conseguem distinguir a verdade da mentira. Isto é geralmente conhecido o que é menos conhecido é porque podem os políticos continuar a mentir sem pagarem um preço por essas mentiras, ou até mesmo porquê os seus devotos acreditam nelas e esperam que eles continuem. Nas minhas reflexões sobre este fenómeno lembrei-me do artigo You really can fool some of the people, all of the time (é de Outubro do ano passado e por isso algumas referências estão desactualizadas), que agora partilho com os visitantes. Aqui vai ele.
«Em 2001, Jonathan Haidt , psicólogo da Universidade de Nova York, publicou um artigo na Psychological Review deliciosamente intitulado “The Emotional Dog and its Rational Tail”. Haidt argumentou que quando as pessoas tomam decisões morais, são influenciadas pela emoção, ou o que também pode ser denominado intuição. Eles podem pensar que estão avaliando as evidências, mas na verdade as suas decisões são tomadas instantaneamente. As razões que dão depois apenas reflectem essas emoções, como um cachorro abanando o rabo.
Outros têm opiniões semelhantes. “A razão é, e só deve ser, escrava das paixões”, escreveu David Hume, um filósofo do Iluminismo escocês, em 1739. Mas as lições do ensaio de Haidt são particularmente adequadas numa época em que a mentira passou a definir política mais do que o usual.
As ditaduras sempre foram construídas sobre mentiras: que Kim Jong Un é um semideus, que nada aconteceu em 4 de junho de 1989 na Praça Tiananmen. A União Soviética chamou o seu principal jornal de Pravda (“Verdade”). Isso era uma mentira, é claro.
Os políticos nas democracias sempre torturaram a verdade: negando casos e minimizando os efeitos nocivos das suas políticas. O que é novo é o grau em que os eleitores estão preparados para apoiar líderes que parecem deliciar-se com sua falsidade.
O primeiro acto notável de Boris Johnson foi ser demitido de um jornal por fazer uma citação. No entanto, ele é o primeiro-ministro da Grã-Bretanha. A Índia disse que derrubou um caça a jacto F-16 do Paquistão sobre a Caxemira em Fevereiro. Diante de uma eleição, Narendra Modi, o primeiro-ministro da Índia, disse que seu país deu uma lição ao Paquistão. Uma inspecção subsequente da aeronave do Paquistão por oficiais americanos mostrou que nenhuma estava faltando (a Índia manteve sua posição).
Quanto ao presidente Donald Trump, sites inteiros são dedicados à sua falta de verdade. Num deles, Glenn Kessler, do Washington Post , verifica os factos das declarações presidenciais e as pontuações dos prémios: três Pinóquios por “erros factuais significativos” e quatro por “whoppers” (as alegações de Trump sobre a Ucrânia e Hunter Biden encaixam-se na categoria whopper). Até 9 de Outubro, o presidente havia feito 13.435 declarações falsas ou enganosas durante o mandato. Em vez de lidar com o que é verdadeiro e o que é falso, o Twitter disse em 30 de Outubro que proibiria anúncios políticos (o Facebook até agora recusou o mesmo).
No entanto, sua duplicidade parece custar aos políticos pouco, ou nada, em apoio eleitoral. Pesquisas feitas pelo YouGov, um pesquisador, colocaram o Partido Conservador de Johnson na liderança da eleição marcada para Dezembro. O índice de aprovação de trabalho de Trump, de 43%, é baixo, mas apenas um ponto abaixo do que era quando ele assumiu o cargo. Ninguém dá como certo que ele perderá as eleições presidenciais do próximo ano.
Por que mentir não é mais prejudicial? Uma possibilidade é que mentir na escala trumpiana é tão incomum - tão frequente, desavergonhado e obviamente falsificado - que as pessoas não sabem como reagir. Nos testes, entre dois terços e três quartos das pessoas dizem que nunca mentem; a maioria dos demais afirma mentir menos de cinco vezes ao dia. É difícil compreender alguém que vai muito além da mentira normal e ocasional.
Outra explicação é que as pessoas confiam nos líderes em quem votaram, não importa o que essas pessoas digam. Um estudo recente realizado por dois pesquisadores da Universidade Brigham Young, Michael Barber e Jeremy Pope, investigaram se os eleitores são leais a um líder individual ou se apoiam líderes que representam as políticas e perspectivas que defendem. Como Trump abandonou muitas políticas republicanas tradicionais, como o apoio ao comércio livre e a suspeição da Rússia, os investigadores concluíram que é pessoal: aqueles que ainda se dizem republicanos apoiam Trump por ser quem ele é, não pelo que ele representa. E se a lealdade pessoal triunfa sobre a ideologia, então os eleitores podem apoiar um político, mesmo que ele não diga a verdade.
Na verdade, os partidários de Trump podem até apreciar as suas mentiras. Se você acredita que todos os políticos são mentirosos, os indignados com as falsidades de Trump são hipócritas. A ira de seus oponentes e jornalistas, como o Sr. Kessler, pelas suas mentiras é considerada principalmente como prova "of his cocking a snook at the swampy establishment".
07/09/2020
Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (49) - Em tempo de vírus (XXVI)
O inferno está cheio de boas intenções
06/09/2020
Um Rio cada vez mais parecido com um socialista (7) - Agora certificado pelo comentador do regime
«O antigo líder parlamentar e antigo vice-presidente do PSD, José Pacheco Pereira, vai regressar ao partido como membro do Conselho Consultivo do Conselho Estratégico Nacional, o órgão que define a estratégia e que vai desenhar o próximo programa eleitoral do partido. Rui Rio recupera assim um militante que se manteve bastante crítico do próprio partido e chegou a participar no Congresso do PS no tempo em que Passos Coelho era o líder social-democrata.» (Observador)
À primeira vista parece estranho, mas não é. Pelo contrário, o Dr. Rio mostra coerência. Se o Dr. Pacheco deu palco ao Dr. Costa no seu programa Quadratura do Círculo para fazer oposição a António José Seguro, o líder socialista de então, porque não poderá o Dr. Pacheco no seu programa a Circulatura do Quadrado ajudar o Dr. Rio, o actual líder do PS-D e candidato a vice-primeiro ministro socialista, a evitar um opositor?
ROAD TO SERFDOM: "The Covid trap: will society ever open up again?"
«The great pandemic of 2020 has led to an extraordinary expansion of government power. Countries rushed to close their borders and half of the world’s population were forced into some sort of curfew. Millions of companies, from micropubs to mega corporations, were prohibited from carrying on business. In supposedly free and liberal societies, peaceful strollers and joggers were tracked by drones and stopped by policemen asking for their papers. It’s all in the name of defeating coronavirus; all temporary, we’re told. But it’s time to ask, just how temporary? As Milton Friedman used to warn: ‘Nothing is so permanent as a temporary government programme.’ (...)
These protectionist reactions to the Covid crisis are the result of a fundamental mismatch between our stone-age brains and the nature of the modern world. Instinctively rushing to put up or defend the perimeter and kill strangers made sense when the threat was a raiding band — but now?
H.L. Mencken once joked that the goal of much of practical politics is to keep the populace alarmed and hence clamouring for safety. He was referring to a human instinct. When we feel threatened, the danger often triggers a ‘fight or flight’ reaction, which makes us want to pick fights with scapegoats or foreigners or to hide behind walls or tariff barriers. And we start looking for the big man (or, in Scotland’s case, woman) to keep us safe. After that, few people want to be an outsider, a critic, a troublemaker. Those who protest against measures taken in the name of national safety are quickly shouted down.
But now that we’ve engaged in this massive experiment of shutting down societies and economies, surely we need a frank discussion about its merits and about whether these instincts are appropriate in a complex global economy. The enemy, after all, is a virus, not a raiding band. We shouldn’t bat away outsiders but co-operate with them in accumulating knowledge and producing solutions. (...)
How extreme will this backlash against globalisation be? From the early days of the pandemic, nativist populists were quick to argue the only way to defeat the virus was to fundamentally undermine the liberal order. Steve Bannon, a historically minded nativist, understood that a total war against the virus could usher in a new isolationist era without trade and migration. ‘Take draconian action,’ he said on his podcast in March. ‘Shut it all down.’
Even if the Covid crisis does not mean the end of globalisation, it seems inevitable that we will see greater government powers and more protectionist tendencies throughout the western world. Perhaps Britain will end up with a Brexit deal a lot less globally minded than some of its advocates imagined. The pandemic may shuffle the UK alongside Europe into a revived 1970s-style industrial policy that will reduce competitive pressure, innovation and growth. We could end up with an expansion of government size and its ‘temporary’ powers may end up permanent. Cities may live under threat of lockdown for some time. As Robert Higgs noted in his classic 1987 analysis of government expansion, Crisis and Leviathan, there is a ratchet effect. After the crisis has passed, governments yield some of their new powers, but not all. New measures set a new precedent and create new powerful constituencies. Look, for example, at the arguments to keep the furlough scheme beyond October.
And this is likely to be the case even if politicians want to return to normal. But many don’t. Why would they? When Orbán took emergency powers in June, it was underreported that at the same time he got parliament to grant him powers to impose a state of emergency if he identifies another public health threat.
But hang on, you might say, we’re living in unprecedented times — as politicians love to tell us — and they call for unprecedented action. But this pandemic is small by historical standards. Even now, the global number of deaths from Covid-19 is still lower than from the Hong Kong flu of 1968. But there was no lockdown, no mass school closures, nor did we throw ancient civil and economic liberties overboard. What’s new, this time, is our reaction, not the virus. Sooner or later we will face a worse pandemic or another devastating crisis. What would we be willing to sacrifice then?»
The Covid trap: will society ever open up again? A ‘temporary’ expansion of government power is hard to reverse, Johan Norberg
05/09/2020
Bons exemplos (136) - Se um anunciante tentasse influenciar conteúdos, os directores dos jornais amigos do Dr. Costa convidavam-no para almoçar para perceberem melhor o que deveriam mandar os jornalistas de causas escrever
A Cop-op (Co-operative Group) é a maior cooperativa de consumo britânica com 4,6 milhões de sócios, gere uma cadeia de distribuição com mais de 3.700 locais onde vende produtos alimentares, de farmácia, seguros, serviços jurídicos e assistência funerária. A Cop-op publicava anúncios regularmente na Spectator, uma revista conservadora britânica, cujos conteúdos tentou influenciar sob ameaça de retirar a publicidade. Andrew Neil, presidente da Spectator, respondeu assim:
«No need to bother, Co-op. As of today you are henceforth banned from advertising in The Spectator, in perpetuity. We will not have companies like yours use their financial might to try to influence our editorial content, which is entirely a matter for the editor.»
Freedom comes at a price. Many are willing to pay little and few are willing to pay much
«The generation of the second world war had been prepared to risk life to preserve freedom. This generation is ready to risk freedom to preserve life.»
Tony Abbot, Former Australian PM
04/09/2020
Bons exemplos (135) - Os jornalistas de causas do Portugal dos Pequeninos não teriam lugar na BBC
«The top priority would be to "renew our commitment to impartiality", he said.
Impartiality is "the very essence of who we are" and is possible to achieve even in polarised times."It is not simply about left or right. This is more about whether people feel we see the world from their point of view. Our research shows that too many perceive us to be shaped by a particular perspective."He added: "If you want to be an opinionated columnist or a partisan campaigner on social media then that is a valid choice, but you should not be working at the BBC."»
Tim Davie novo director geral da BBC.
De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (38) - Nos EUA (e noutros países) morre-se muito mais com Covid do que por Covid (2)
Este post faz parte da série De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é uma continuação deste.
Fonte: CDC |
Fonte: Economist |
03/09/2020
NOVA ENTRADA PARA O GLOSSÁRIO DAS IMPERTINÊNCIAS: "Mineração do guito europeu"
MINERAÇÃO DO GUITO EUROPEU
De minerar (figurativo, extrair minérios de uma mina, por exemplo Bitcoin Mining), guito (designação popular para dinheiro) e europeu (de Óropa). Designa a actividade a que se dedica com grande empenho o Dr. Costa e os socialistas.
Expressão usada pela primeira vez por Carlos Guimarães Pinto, ex-líder da Iniciativa Liberal, num podcast onde se discutia uma espécie de I have a dream, encomendado pelo Dr. Costa ao Dr. Costa Silva e denominado Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica. A Visão consiste essencialmente num enunciado de milagres que o Estado sucial administrado pelo Dr. Costa se propõe realizar como ersatz a tratar de coisas onde costuma falhar estrondosamente como a renovação do cartão de cidadão, fazer funcionar o Serviço Nacional de Saúde, acertar as contas públicas, gerir com um mínimo de competência as empresas públicas, prevenir a corrupção que infecta a administração pública, etc. (um gigantesco etc.)
A "nova esquerda" e o politicamente correcto visto por Roger Scruton
Para se entender a génese e os fundamentos filosóficos e teóricos do politicamente correcto, ou marxismo cultural, que hoje domina o discurso da extrema esquerda americana, infecta as faculdades de ciências sociais e influencia a esquerda europeia, é uma boa ideia ler Tolos, Impostores e Incendiários - Pensadores da Nova Esquerda que Roger Scruton, entretanto falecido, publicou em 2015 e que tem uma edição portuguesa de 2018 da Quetzal. Aqui vão alguns excertos.
« … a primeira preocupação dos movimentos revolucionários da esquerda tem sido a captura da linguagem, mudar a realidade mudando a forma como a descrevemos e, consequentemente, como a entendemos. A revolução começa a partir de um ato de falsificação, igualmente exemplificado nas revoluções francesa e russa e nas revoluções dos campus contemporâneos.
(…)
… as guerras culturais acabaram na América com uma vitória quase universal da esquerda. muitos dos que foram considerados guardiões da cultura ocidental aproveitam qualquer argumento, mesmo fracassado, e qualquer corrente académica, mesmo que falsa, para denegrir a sua herança cultural. Entrámos num período de suicídio cultural, comparável ao que o Islão sofreu após a ossificação do Império Otomano.
(…)
Como consequência das guerras culturais, tudo isso foi profundamente alterado. Em lugar de objetividade, temos apenas «intersubjetividade» - noutras palavras, consenso. Verdades, significados, factos e valores são agora vistos como negociáveis. O curioso, no entanto, é que esse subjetivismo vago é acompanhado por uma vigorosa censura. Aqueles que colocam o consenso no lugar da verdade, em breve dão por si a distinguir a verdade do falso consenso. E, inevitavelmente, o consenso está «à esquerda». Porque é que isso há de ser assim, é uma questão a que tento responder neste livro.
Assim, o «nós» de Rorty exclui rigorosamente todos os conservadores, tradicionalistas e reacionários. Apenas liberais é que lhe podem pertencer; assim como apenas feministas, radicais, ativistas homossexuais e antiautoritários podem beneficiar da desconstrução; assim como apenas opositores do «poder» podem usar as técnicas de sabotagem moral de Foucault, e tal como apenas «multiculturalistas» podem servir-se da crítica de Said aos valores do iluminismo. A conclusão inescapável é que a subjetividade, o relativismo e o irracionalismo são defendidos não para acolher todas as opiniões, mas precisamente para excluir as opiniões de pessoas que acreditam em velhas autoridades e verdades objetivas. Este é o atalho para a nova hegemonia cultural de Gramsci: não para justificar a nova cultura contra a velha, mas para mostrar que não há espaço para nenhuma delas, de forma a que nada fique a não ser o compromisso político.
Por conseguinte, quase todos os que abraçam os «métodos» relativistas introduzidos nas humanidades por Foucault, Derrida e Rorty são adeptos ferrenhos de um código do «politicamente correto» que condena em absoluto o desvio em termos intransigentes. A teoria relativista existe para apoiar uma doutrina absolutista.»
02/09/2020
CASE STUDY: Os efeitos do ensino online nos estudantes mais pobres (2)
01/09/2020
Mitos (306) - A resposta da UE à crise Covid-19 foi melhor do que à crise financeira de 2008
Para se perceber a génese do mito em título é indispensável ter em consideração que resposta da UE à crise Covid-19 está a ser na vigência de um governo PS e que a resposta à crise financeira de 2008 foi durante o mandato na CE de Durão Barroso, por quem o neosituacionismo nutre um ódio de estimação, e o resgate de que o governo de Sócrates foi responsável obrigou a um programa que esse governo negociou, mas foi executado pelo governo PSD-CDS.
Para desmontar o mito vale a pena ler o testemunho de António Cabral, um economista funcionário da Comissão Europeia entre 1988-2014, que acompanhou directamente a preparação e execução do resgate, publicado no Expresso de 29 de Agosto.
«A 9 de abril do corrente ano de 2020 o Eurogrupo, presidido pelo português Mário Centeno, e na sequência de um mandato do Conselho Europeu adotou uma proposta para “uma resposta global de política económica à pandemia da covid-19”. Ao apresentá-la ao mundo em conferência de imprensa, Mário Centeno considerou que “esta resposta contém propostas corajosas e ambiciosas, impensáveis ainda há algumas semanas. Todos nos podemos lembrar que na resposta à crise financeira da última década a Europa fez demasiado pouco e demasiado tarde (too little too late). Desta vez é diferente” . Em Lisboa, penso que por imposição estatutária, o secretário-geral-adjunto do PS não se poupou: aquele “foi um dia histórico da vida europeia” e “deu os parabéns ao primeiro-ministro e ao ministro das Finanças pelo contributo que deram para aquela decisão” (sic).
Recuperei o fôlego e fui ler a proposta do Eurogrupo, a ser enviada ao Conselho Europeu. Gostei bastante, são 23 parágrafos, cobrindo os diversos elementos que compõem a resposta, compreensiva, à pandemia. Para meu gosto contém welcomes a mais e ações a menos. Contei 11 welcomes, (expressão utilizada para saudar iniciativas de terceiros), ‘welcama-se’ a Comissão, o BCE, o BEI, etc., (ganda Eurogrupo, pá!). Apreciei em particular o parágrafo 16, onde consta o acordo — uma ação do Eurogrupo! — para os países do euro poderem recorrer aos fundos do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE) para financiar os custos de saúde, diretos e indiretos, resultantes da pandemia (até um montante de 2% do PIB respetivo). Mais ainda, poderem fazê-lo sem qualquer condicionalidade, que não fosse o compromisso de utilizar esse financiamento para suportar custos com a saúde. Pareceu-me uma boa decisão, pois a situação humanitária então vivida (“estava a morrer gente em Espanha”) requeria uma resposta urgente, que assim estava dada pelo Eurogrupo. Contudo (infelizmente?) até à data nem Portugal nem nenhum outro país do euro tinham ainda recorrido ao MEE para este efeito! Os €240 mil milhões disponíveis no MEE (2% do PIB da área do euro) permaneciam, assim, dormentes. A crise humanitária, então muitas vezes utilizada com demagogia (understatement, não havia necessidade, que diabo...), como que desapareceu. Pois foi, começaram a surgir odores a dinheiro gratuito, para quê ter a maçada de pedir dinheiro emprestado?