31/07/2013

SERVIÇO PÚBLICO: Um exemplo notável de como a combinação de alguma aselhice com muita desonestidade e manipulação pode aparentemente conduzir à inversão de responsabilidades

Passemos em revista os factos essenciais. Por razões que radicam no endividamento crónico, devido a uma combinação de exploração deficitária, capitais próprios insuficientes (muitas das empresas públicas, nomeadamente de transportes estão há décadas em falência técnica), atraso no pagamento das indemnizações compensatórias pelo governo, entre outros factores, nos anos que antecederam a crise do subprime, algumas dessas empresas começaram a negociar contratos swap para minimizar o impacto do forte aumento da taxas de juro.

Um dia como os outros na vida do estado sucial (10) – O desemprego e eu

Teoricamente, a minha experiência com o desemprego deveria ser considerável porque já estive uns 20 anos sem emprego - só com trabalho. Porém, como nunca recebi um módico de subsídio de desemprego, o meu conhecimento desse estatuto é muito limitado.

Evidentemente que haverá desempregados que procuram diligentemente trabalho, apenas eu não conheço nenhum. Que me lembre, nos últimos anos conheci o marido de uma porteira intermitentemente desempregado e empregado num estaminé de um familiar; conheci e conheço vários desempregados com acordos de despedimento que rezavam para não lhes aparecer um emprego antes de anteciparem a reforma; conheço outros que fogem do outplacement oferecido pela empresa e esperam até acabar o subsídio de desemprego; conheci e conheço outros, ainda sem reforma à vista nem outplacement, que fazem o mesmo.

30/07/2013

Estado assistencialista falhado (11) - É melhor aproveitar. Hoje há, amanhã não sabemos

«Sindicatos desconfiam da proposta de manter ADSE para rescisões amigáveis no Estado», titula o OJE e cita o coordenador da Federação Sindical da Administração Pública: «… o Governo avança com uma medida avulsa e que é evidentemente um presente envenenado…». Talvez não seja um presente envenenado. É mais um futuro não garantido.

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Não empreendam tanto no empreendedorismo

Por falar em destruição criativa, por cá a propósito e despropósito de empreendedorismo enche-se a boca de luminárias, escrevem-se teses, artigos, dedicam-se páginas de jornais (o Expresso, por exemplo, poderia chamar-se «Jornal do Empreendedorismo»), fazem-se seminários, conferências, eventos, e até, imagine-se, existe uma secretaria de estado. E, contudo, a acreditar em Daniel Isenberg que andou os últimos 30 anos a tratar do assunto, como empreendedor, investidor em capital de risco e académico, e estudando casos de empreendedorismo em todo o mundo, tudo isso é bem capaz de ser inútil. Vejamos o que aconselha Isenberg no seu livro «Worthless, Impossible, and Stupid» segundo o resumo da Economist:

29/07/2013

DIÁRIO DE BORDO: Pensamento em curso

«If liberty means anything at all, it means the right to tell people what they do not want to hear.»

(George Orwell)

ESTADO DE SÍTIO: A vingança serve-se fria?

Na saga dos submarinos, onde aconteceu de tudo, incluindo desaparecerem os papéis e até, a acreditar no Dr. Soares, uma alegada chantagem - seria um caso que o PSD teria de reserva para pressionar Portas, segundo Soares que em matéria de chantagem deve ser considerado uma autoridade. Portas que bem poderia ter-se afundado com o objecto do contrato, tem conseguido manter-se à tona, provavelmente pela sua apreciável influência nos meios jornalísticos, por boas e más razões.

Agora, já na fase de arrumação dos papéis para ceder as gavetas a Pires de Lima, compagnon de route de Paulo Portas, o ex-ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, anulou por incumprimento, 6 meses antes do termo, o contrato de contrapartidas para o fornecimento 46,2 milhões de torpedos para os submarinos negociado por Paulo Portas. Qual a pressa? Não poderia ter deixado a coisa para o seu sucessor?

Poderia, mas não deixou. Esquecendo uma bela teoria da conspiração para explicar a pressa, fico-me por uma constatação: com este episódio, a oposição e o jornalismo de causas (a mesma coisa com outro nome) adicionaram Paulo Portas aos dois bombos-da-festa já identificados, Rui Machete (casos BPN, BPP e FLAD) e Maria Luís Albuquerque (caso contratos swap e o que mais adiante surgirá). E uma previsão: ao contrário do que acontece com MLA que será cozida em lume brando, PP dispõe de armas que poderão calar o jornalismo de causas cobardolas e que não hesitará em usar, como sempre usou.

CASE STUDY: A estranha atracção de Sousa Tavares por José Sócrates

Escrevendo no Expresso, a propósito de uma sua experiência bem sucedida para tirar o passaporte, MST embala em loas à obra de José Sócrates evocando «as coisas inteligentes e certas que os seis anos de Sócrates fizeram pela melhoria concreta da vida concreta das pessoas». Não surpreende que os restos da tralha internética socrática residentes no blogue Câmara Corporativa tenham transcrito a totalidade do artigo.

28/07/2013

Mitos (121) - Racistas inesperados (2)

«Why, of all places in Johannesburg, the Indian Location should be chosen for dumping down all the Kaffirs of the town passes my comprehension…the Town Council must withdraw the Kaffirs from the Location.» (Reference: CWMG, Vol I, pp. 244-245)

His description of black inmates: «Only a degree removed from the animal.» Also, «Kaffirs are as a rule uncivilized - the convicts even more so. They are troublesome, very dirty and live almost like animals.» - Mar. 7, 1908 (Reference: CWMG, Vol VIII, pp. 135-136)

Mohandas Karamchand Gandhi

SERVIÇO PÚBLICO: O princípio do princípio (19)

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (12), (13), (14), (15), (16), (17), (18)

Enquanto na corte os cortesãos se indignam, elaboram, comentam e sonham amanhãs que cantarão, no resto do país prossegue o processo de destruição criativa ou seja de destruição de empresas insustentáveis e de empregos inviáveis e de criação de empresas talvez sustentáveis e de empregos talvez viáveis.

Barómetro Empresarial Dun & Bradstreet, Julho 2013
Clicar para ampliar
Em todo o lado? Não. No Estado, o maior empregador com 15% da mão-de-obra, não há destruição criativa. Há criação destrutiva.

Entretanto, fora da corte, prossegue o processo de ajustamento das contas externas que continuam a melhorar os saldos que passaram de negativos a positivos. Até Maio o saldo das balanças corrente e de capital aumentou para +1,4 mil milhões à custa de milhares de empresas exportadoras e da contenção das famílias que perceberam, muito antes dos pataratas que enchem o éter mediático, que não seria possível manter os padrões de consumo do passado - entre 1995 e 2010 o consumo aumentou para o dobro, enquanto a economia não crescia.

27/07/2013

CASE STUDY: Jornalismo que dispensa a censura

O Público foi há dias absolvido na acção movida por José Sócrates relativamente aos artigos publicados em 2009 sobre a compra do apartamento da Heron Castilho. O Tribunal deu como provados todos os factos referidos nos artigos e o «inequívoco e indesmentível interesse público» da sua divulgação.

Este caso foi apenas um entre vários outros (por exemplo: Cova da Beira, o curso na UI acabado ao domingo, Freeport, PT-TVI, Face Oculta, Taguspark-Luís Figo) envolvendo José Sócrates que foram morrendo nos mídia pelas pressões do próprio e da sua guarda pretoriana, pela falta de entusiasmo do jornalismo de causas e, nalguns casos, pela colaboração prestimosa do poder judicial.

Compare-se esta benevolência dos mídia face às gravíssimas trapalhadas de José Sócrates com a sanha persecutória com que trataram a inócua trapalhada académica de Miguel Relvas e com que estão e estarão nos próximos tempos a esgravatar o tiro no pé de Maria Luís Albuquerque no caso dos contratos swap. É por estas e por outras que, parafraseando um blogue que recomendamos, nos perguntamos com jornalismo assim, quem precisa de censura?

Pro memoria (126) – Pagando o sistema de cobranças das SCUT

O Agent provocateur, um amigo e comentador ocasional do (Im)pertinências, pergunta se sabíamos «que cerca quase um terço das receitas (29% para não exagerar) serve para pagar o próprio sistema de cobrança» das SCUTS. Por entre a pletora de destroços da governação socialista já não temos a certeza do que sabíamos. Porém, uma das coisas que ainda não esquecemos foi a escolha do sistema de cobranças das SCUTS, perdão CCTUS, cuja história volto a recordar.

26/07/2013

ESTADO DE SÍTIO: Here we go again

Diferentemente da minha previsão (ainda) não foi preciso Rui Machete substituir Relvas como bombo-da-festa da oposição e do jornalismo de causas (a mesma coisa com outro nome). Para já, Maria Luís Albuquerque (MLA) está a servir lindamente e talvez merecidamente, reconheça-se.

SERVIÇO PÚBLICO: Para além dos estereótipos crescimento vs austeridade

«Resolver a crise sem que os contribuintes alemães paguem um cêntimo de euro e sem premiar o risco moral … É um erro enorme acreditar que a Alemanha, por ser um país com excedentes, deverá pagar quer a dívida dos periféricos quer os investimentos que os nossos países necessitam» são algumas das ideias de Yanis Varoufakis, que com Stuart Holland e James Galbraith, apresentou uma plataforma que merece ser avaliada como uma alternativa à dialéctica esquizofrénica vácuo do «crescimentismo» vs «cul de sac» da austeridade:

«1) a conversão parcial da dívida soberana até 60% do PIB (o limite admitido pelo Tratado de Maastricht) através da emissão de obrigações por parte do BCE que, na prática, funcionará como um "intermediário";

2) o lançamento de um programa do tipo do "New Deal" norte-americano de investimentos produtivos através do Banco Europeu de Investimento (BEI) e do Fundo Europeu de Investimento (FEI) que se financiarão no mercado obrigacionista;

3) o uso exclusivo do Mecanismo Europeu de Estabilização para a recapitalização direta do sistema bancário, sem endividamento por parte dos governos. A dívida ao BCE contará para a dívida nacional, mas os empréstimos via BEI e FEI não

Mitos (120) - Racistas inesperados (1)

«I am not, nor ever have been, in favor of bringing about in any way the social and political equality of the white and black races, that I am not nor ever have been in favor of making voters or jurors of negroes, nor of qualifying them to hold office, nor to intermarry with white people ... I as much as any other man am in favor of having the superior position assigned to the white race. I say upon this occasion I do not perceive that because the white man is to have the superior position the negro should be denied everything. I do not understand that because I do not want a negro woman for a slave I must necessarily want her for a wife. My understanding is that I can just let her alone

Abraham Lincoln, debate com Stephen A. Douglas em Charleston, Illinois, 18 de Setembro de 1858

25/07/2013

Mitos (119) - As pensões públicas são sustentadas pelo FEFSS que não deve comprar dívida portuguesa

É evidente (será?) que a desmistificação que Vítor Bento faz no texto citado a seguir assenta no facto do sistema português de pensões ser pay-as-you-go ou de Ponzi, se preferirem. Faça-se justiça a quem criticou a decisão de Vítor Gaspar mandar o FEFSS comprar dívida pública portuguesa que o fez no pressuposto de que o sistema deveria ser de capitalização, mas como as coisas são o que são e serão nos próximos anos (ou décadas), Vítor Bento tem razão.

«As indignações suscitadas pela decisão de mandar o chamado Fundo da Segurança Social investir em dívida do Estado são bem reveladoras do poder ilusório dos malabarismos contabilísticos com que se foi construindo o desastre financeiro que a secagem do crédito internacional acabou por expor violentamente, e pelo qual o País está a pagar o preço que todos conhecem.

Para se perceberem as insuficiências da argumentação indignada, comecemos pelo senso comum. Defende-se o investimento preferencial do Fundo em activos estrangeiros "seguros", porque a dívida do Estado é muito arriscada e não garante a recuperação do investimento nela efectuado. O busílis deste argumento é saber como pode o Estado esperar convencer alguém a emprestar-lhe o dinheiro de que precisa desesperadamente para funcionar, ao mesmo tempo que expressa a falta de confiança que ele próprio tem na dívida que emite.

ESTADO DE SÍTIO: Balanço e Conta de Ganhos & Perdas

Dá-se por concluída ou interrompida (cortar conforme o gosto) a saga do «pacto de salvação nacional», classificada pela Economist como uma intervenção inábil do PR (uma tradução benévola para «Cavaco Silva intervened ineptly»), consistindo em 3 semanas de psicodrama que acabaram quase como tinham começado: um governo remodelado com um peso reforçado de Paulo Portas e do CDS e uma mudança discursiva da austeridade para o marquetingue do crescimento.

24/07/2013

Pro memoria (125) - Os provedores são como os melões…

O novo provedor de Justiça Faria Costa disse no parlamento sobre a sua competência para requerer a fiscalização da constitucionalidade que não compete ao provedor «sindicar os actos políticos». É um bom princípio e aqui fica registado para memória futura. Veremos o que faz dele Faria Costa – um apoiante da candidatura presidencial de Manuel Alegre.

ESTADO DE SÍTIO: A Constituição saída do PREC como lista de direitos adquiridos e preçário

À pergunta «admite um aumento das propinas?», o reitor da Universidade de Lisboa Cruz Serra respondeu:
«Isso não é tema, porque a nossa Constituição estabelece que o valor máximo da nossa propina é o que a Universidade de Lisboa tem neste momento. O Tribunal Constitucional já se pronunciou há muitos anos atrás e a única maneira de estar em cima da mesa um aumento da propina era haver uma alteração constitucional e eu não estou a ver que isso seja possível.»
É por estas e por outras que ou se revê a constituição ou se adiciona um artigo obrigando perpetuamente a Alemanha a financiar o protectorado.

A propósito da falência de Detroit

A propósito da falência há muito anunciada da antiga capital americana do automóvel (ver a este respeito «Detroit files for bankruptcy - Motown's blues» na Economist), lembrei-me de um post de há cinco anos citando um outro post do blogue Chicago Boys que perguntava premonitoriamente «If Obama’s economic policies work so well, why isn’t Detroit a paradise?» Aqui vai ele outra vez.


23/07/2013

CASE STUDY: Câmara de Lisboa, uma aplicação prática da lei de Parkinson (2) ou assim se fazem primeiros-ministros

Recordando o balanço no final do ano passado das décadas de gestão predominantemente socialista da câmara de Lisboa, à medida que a população da cidade vem diminuindo há meio século, a população dos funcionários da câmara vem aumentando a um ritmo ainda mais rápido até ter atingido 9.956 funcionários ou seja 1 por cada 55 residentes e o dobro de Madrid ou Barcelona, parqueados em cerca de 300 departamentos e divisões, que incluem:

E eu a pensar que a forma de sair das crises era o assalto ao Palácio de Inverno ou o Grande Salto em Frente

Clique para ver melhor o Palácio de Inverno
«Há quem tenha afirmado argumentos de estabilidade para não haver eleições. Isso, por um lado, é um ataque à democracia, porque as eleições são sempre a forma de sair das crises e é forma de o povo escolher como quer que seja o seu percurso», disse Catarina Martins, um dos membros do casal dirigente do BE ao arrepio das doutrinas dominantes na instituição, para justificar a realização de eleições no meio de um mandato de um governo com maioria parlamentar, mandato que a maioria dos portugueses inquiridos prefere seja levado até ao seu termo.

22/07/2013

CGTP – o departamento de agitprop do Partido Comunista

Se ainda fosse preciso demonstrar a verdade do título deste post – e não é, porque já foi abundantemente demonstrado nos últimos 39 anos – seria suficiente ler as declarações do camarada Arménio Carlos, o controleiro do PC na direcção da CGTP, que se dispõe a convocar mais uma greve geral a propósito da decisão do PR de aceitar a remodelação de um governo saído de eleições com maioria no parlamento, invocando o «povo português (que) não é espectador, é protagonista e tem de ser chamado a dizer o que pretende para o futuro» quando nem a certeza tem de poder falar em nome dos associados dos sindicados federados na CGTP que são uma percentagem ridícula dos trabalhadores portugueses.

Pro memoria (124) - A proposta do PS para o «Compromisso de Salvação Nacional»

Alguns excertos da proposta (recomenda-se a sua leitura integral):

«1.1.1. Parar com as políticas de austeridade» (pág. 4)

«aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN), das pensões mais baixas e a extensão do subsídio social de desemprego por mais seis meses, para as pessoas que não têm mais rendimentos» (pág. 4)

«A parte da dívida soberana superior a 60% do PIB deve ser gerida ao nível europeu, assumindo cada país a responsabilidade pelo pagamento dos juros correspondentes.» (pág. 5)

«intervenção do Mecanismo Europeu de Estabilidade na proteção das emissões de dívida dos países da Zona do Euro com maiores dificuldades» (Pág. 5)

«O PS ambiciona governar o país com maioria absoluta.» (pág. 10)

Surpreendentemente não há nenhuma referência a um segundo resgate inevitável com as medidas do PS, na melhor das hipóteses. Na pior, a falência do Estado e a saída do Euro.

21/07/2013

ESTADO DE SÍTIO: O estado do sítio visto por um não cavacologista

Não dominando o cavaquês, não fiz o menor esforço para traduzir a comunicação do dia 10 e, não sendo cavacologista, não faço a menor ideia dos propósitos do professor Cavaco Silva, os quais segundo as diferentes autoridades na matéria vão desde entalar o «salta-pocinhas» pelos seus tempos de «O Independente», até criar espaço para um governo composto por cavaquistas, passando por simplesmente sacudir a água do capote.

Pro memoria (123) «Os "Galambas" do PS e a próxima bancarrota»

Num artigo com o título deste post, Camilo Lourenço relata: «num debate do American Club, perguntei a João Galamba onde vai Portugal arranjar os 8,6 mil milhões de euros que gasta a mais (défice orçamental), se recusar cumprir o programa de ajustamento. O deputado do PS respondeu que não é um problema português, mas da Europa (sugerindo a federalização da dívida)

Percebe-se que a Alemanha e os outros países que se esforçaram por ter as suas contas públicas equilibradas não queiram comprometer-se a resgastar países que podem ser governados por gente desta.

Alguns obamas de Obama fazem felizes os obamófobos (4) – «The first black president speaks out first as a black American»

Foi o título do artigo do Washington Post, sobre a conferência de imprensa em que Barack Obama pode ter feito mais pelo racismo do que Jesse Helms numa vida inteira.

20/07/2013

CASE STUDY: António Champalimaud revolve-se na tumba (7)

[Outras revoltas na tumba: (1), (2), (3), (4), (5) e (6)]

A Fundação Champalimaud sob a presidência de Leonor Beleza está cada vez mais parecida com o Portugal socialista dos elefantes brancos, das autoestradas, dos aeroportos e dos TGV: quanto mais dinheiro já foi torrado e quanto menos dinheiro resta para torrar e menos lhe emprestam, mais projectos anuncia.

Desta vez foi a participação no «Human Brain Project» para desenvolver um modelo em computador do cérebro humano e a criação de uma equipa para trabalhar na área do cancro do colo-rectal, tudo anunciado pela presidente no último Conselho de Curadores. Aguardo com curiosidade as contas de 2012, ainda não publicadas, para ver o que resta do legado de António Champalimaud.

BREIQUINGUE NIUZ: Les bons esprits se rencontrent (2)

Uma espécie de continuação daqui.

Edward Snowden diz que teme pela vida por ter revelado os abusos de poder da administração Obama com os programas PRISM de vigilância de milhões de cidadãos americanos e estrangeiros, de governos e de organizações por todo o mundo, e pede abrigo a Putin, um ditador formalmente eleito que faz tudo para colocar os seus opositores na prisão com boas razões para temerem pela sua vida.

19/07/2013

ESTADO DE SÍTIO: O princípio da separação de poderes na República Portuguesa

O Tribunal Administrativo de Lisboa ordenou a «reposição imediata de funcionamento de todos os serviços - sem qualquer exceção - da MAC, mediante a realização de todas as operações necessárias, para o que se fixa um prazo de 15 dias (e a) abstenção da prática de atos administrativos do Ministério da Saúde, deliberações do Conselho de Administração do CHLC, de todos e quaisquer atos e/ou operações que importem o encerramento da MAC».

Agora percebo as montanhas de processos que se acumulam nos tribunais a aguardar prescrição. Os juízes estão ocupados a governar o país – que, como é sabido, é ingovernável.

A maldição da tabuada (16) – O Dr. Soares é a musa inspiradora do jornalismo de causas

Não é só por causa dos seus delírios fazerem as delícias do jornalismo de causas. É também porque a sua incapacidade de lidar com os números, confundindo milhões com milhares de milhão e biliões (os milliards de son ami Miterrand também ajudaram a confundi-lo), tem sido muito bem acolhida pelo jornalismo de causas.

Por exemplo, a quantia 92 233 720 368 547 800 dólares (92 mil biliões no sistema métrico ou short scale e 92 quadrillion no sistema americano ou long scale), por engano transferida para uma conta do Paypal, é descrita como sendo «cerca de 92 mil milhões de dólares», ou seja uma quantidade um milhão de vezes menor.

O que falta para o «acordo de salvação nacional» é o bunga-bunga?

Perante o meu cepticismo sobre a viabilidade do «acordo de salvação nacional» inventado pelo professor Cavaco Silva, há quem me diga que a priori o acordo entre Mário Soares e Mota Pinto e o governo do Bloco Central – afinal tudo, aparentemente, os afastaria - pareceria até mais difícil de alcançar do que entre Passos Coelho e Seguro – afinal muito, aparentemente, os aproxima, como a experiência de ambos nas juventudes partidárias.

Sendo assim, o que tinha o primeiro par e falta no segundo para garantir o sucesso de um acordo? O bunga-bunga de Soares-Pinto. Dirão os defensores da viabilidade do «acordo de salvação nacional»: pois que se reeditem as festas bunga-bunga, desta vez entre Coelho e Seguro. É fácil de dizer mas difícil de conseguir.

A começar porque do par Soares-Pinto só resta o primeiro e não parece nada disposto a ajudar com a sua experiência. Quanto ao professor Cavaco Silva, estamos conversados – o seu papel terminou com a deixa «façam as festas». E, em qualquer caso, qual o papel do Dr. Portas nas festas bunga-bunga de Coelho-Seguro?

CASE STUDY: A pátria do capitalismo é o inferno dos capitalistas (10)

Anjos caídos recentemente: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8) e (9).

Rajat K. Gupta, um dos líderes empresariais mais admirados dos EU (no seu currículo figuram a McKinsey e o Goldman Sachs), já condenado o ano passado por inside trading a 2 anos de prisão e proibido de fazer parte dos órgãos sociais de qualquer empresa cotada, foi agora condenado a pagar 13,9 milhões de dólares.

Uma vez mais, registo o meu espanto com a justiça america que consegue investigar, provar, julgar e condenar os crimes de colarinho branco sem deixar prescrever, sem o enriquecimento sem causa, sem a doutora Maria José Morgado, sem o Conselheiro Fernando José Matos Pinto Monteiro (ou outro qualquer), e sem todas as inúmeras luminárias que não conseguem provar nada e quando provam já o crime está prescrito.

18/07/2013

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (72) - Adivinhem quem foram estes governantes portugueses…

«O ex-líder da seita de Macau "14 K" (quilates) Wan Kuok Koi - mais conhecido por "Dente Partido" - afirmou ter dado cerca de 100 milhões de patacas (9,5 milhões de euros) a governantes portugueses, em entrevista à revista Next.

"Se não acreditam em mim podem perguntar aos próprios portugueses. Dei-lhes muito porque com a transferência de Macau para a China pensei que eles iam ficar sem dinheiro. A verdade é que foram eles que sempre me pediram. Naquela época não era difícil para mim, devo ter dado cerca de cem milhões", disse Wan Kuok Koi em entrevista à Next,.» (DN)

ARTIGO DEFUNTO: Um «erro» de edição

Uma das coisas que incendiou e continua a incendiar as almas do politicamente correcto nos States a propósito da morte de Trayvon Martin no ano passado pelo polícia George Zimmerman (um latino mestiço que o jornalismo de causas apelidou de «White Hispanic» para dar força à tese racista), desde logo considerado assassino racista, foi a «edição» que a NBC fez das conversas via rádio de Zimmerman com outro polícia.

Zimmerman diz «Este tipo parece que está a preparar alguma. Parece drogado... Está a chover e ele continua a andar por aqui, a olhar para as casas»; o outro polícia pergunta se o rapaz é preto, branco ou latino-americano e Zimmerman responde «Ele parece preto». Este diálogo foi transformado numa afirmação de Zimmerman «Este tipo parece que está a preparar alguma. Ele parece preto».

É um bom exemplo da manipulação subtil que o jornalismo de causas faz todos os dias um pouco por todo o mundo. A diferença é que, nos países em que as liberdades contam, os jornalistas que cometem estes «erros» não são promovidos – são despedidos.

BREIQUINGUE NIUZ: Les bons esprits se rencontrent

Exemplos deste adágio:

Os amantes da liberdade que denunciam os seus atropelos ou abusos pelo Grande Satã acabam por se acoitar em paraísos da democracia como a Rússia ou o Equador.

As democracias populares ajudam-se umas às outras, como Cuba ao enviar armas para reparação na Coreia do Norte – preço a pagar em açúcar.

Por vezes, até as almas gémeas podem zangar-se, como foi o caso de Dilma Rousseff que não gostou que Evo Morales tivesse violado a imunidade de um avião militar com o ministro brasileiro da Defesa em 2011 mandando inspeccioná-lo para verificar se transportava um senador boliviano que acusou Morales de corrupção. Ao fim ao cabo, uma estória comparável à dos protestos do mesmo Morales por não o deixarem aterrar por suspeita de transportar o amante da liberdade que pediu asilo político ao referido paraíso russo.

17/07/2013

Bons exemplos (65) – Em Portugal sejamos gregos

O parlamento grego aprovou ontem as conclusões de uma comissão parlamentar de inquérito ao ex-ministro das Finanças George Papaconstantinou e retirou-lhe a imunidade para que possa ser julgado por falsificação de um documento onde expurgou os nomes da sua família da famosa «lista Lagarde» contendo duas mil pessoas com contas na filial suíça do banco HSBC, acusadas de evasão fiscal.

Voto no Governo Tripartido de Esquerda proposto pelo camarada jcd!

Se me é permitido, apenas proporia trocar no ministério da Segurança Interna e Defesa dos Direitos o camarada Manuel Tiago pelo camarada Miguel Tiago (se não forem uma só pessoa), e adicionar uma secretaria de estado de Reeducação Política, responsável pela administração de uma nova FNAT socialista.

Estaria a criatura a pensar no regulamento do Gulag? (3)

«A corja que despreza a constituição que se ponha a pau. É que, se o meu direito à saúde, educação, pensão, trabalho, habitação, não valem nada, então, também os seus direitos à propriedade privada, ao lucro, à integridade física e moral deixam de valer. E nós somos mais do que eles!»
Miguel Tiago, deputado do PCP
(Lido aqui)

O camarada Miguel Tiago tal como o camarada Arménio Carlos e outros camaradas, se pudessem, enviariam os desalinhados que discordam da constituição herdada do PREC ou de outros artigos da vulgata comunista lusitana para um daqueles sítios e nem lhes dariam a caderneta de racionamento.

Clicar para ampliar

Obrigado camarada por nos lembrar.

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (71) - E porquê Seguro não deixa de fazer de conta e arruma já o assunto do putativo acordo?

Em vez de andar a colocar condições que dependem da troika ou de Bruxelas ou de todos ao mesmo tempo, enquanto anuncia que vai votar a moção de censura. Terá andado na mesma escola de José Sócrates?

E porque não ceder estes reitores às universidades cubanas?

Quem melhor do que «reitores (que) acusam (a) tutela de não saber ajustar oferta à procura», como se as leis da oferta e da procura fossem «leis» do ministério da Educação, poderia servir os propósitos da educação superior de um país que «há 50 anos (tem) caderneta de racionamento nas mãos»?

Aditamento:
A Direcção Geral de Ensino Superior (DGES) distribui a cada universidade as senhas de racionamento «vagas» em cada ano lectivo. Este ano, «mais de 250 cursos superiores vão já este ano ser forçados a aplicar uma redução de 10% nas suas vagas devido à alta taxa de desemprego verificada entre os seus diplomados». O que me leva a concluir que além de devermos ceder os reitores às universidades cubanas, podemos ceder também o ministério da Educação ao camarada presidente Raúl Castro.

15/07/2013

DIÁRIO DE BORDO: Acabei de degradar o rating reputacional do «salta-pocinhas» de B- para D…

ao saber que numa situação «de emergência nacional o “irrevogável” Paulo Portas um dos principais responsáveis pela crise: Portas já procurava “sede digna” de um vice-primeiro-ministro».

Pelo menos desde os tempos em que Portas ascendeu à liderança do CDS usando Manuel Monteiro (mas podia ser outro qualquer) sem a menor cerimónia ou escrúpulo que não dou um chavo pela criatura. Porém, numa situação destas, andar acompanhado pelos seus amiguinhos (diz-me com quem andas dir-te-ei quem és) em «aventuras nocturnas pelo património do Estado na capital» à procura de um sítio onde pousar a sua vaidosa bundinha ultrapassou a pior das minhas expectativas.

CASE STUDY: O tamanho interessa – quanto maior, pior

Começa a fazer o seu caminho a ideia de ter sido um disparate a revogação em 1999 pelo Congresso americano, com o apoio da administração Clinton, da lei Glass-Steagall, aprovada em 1933 com base na experiência da Grande Crise de 1929. A Glass-Steagall proibiu a banca universal impondo a separação da banca de investimento e da banca de retalho, criando assim indirectamente limites ao «too big to fail».

A revogação da lei, além de aumentar o risco de falência, quer na probabilidade quer na gravidade, não trouxe benefícios para os accionistas do sector financeiro que passados 13 anos têm menos lucros por acção, menor valorização das suas acções e um retorno médio de apenas 1% por ano. (Ver Markets make best case for Glass-Steagall no FT).

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (70) - José Sócrates defende que o PS não deve concordar com o que ele assinou

Recorde-se aos mais desmemoriados que JS assinou em Abril de 2011 um memorando de entendimento com medidas de austeridades mais duras do que as adoptadas pelo governo PSD-CDS, particularmente no que respeita à redução da despesa, redução dos salários e pensões e despedimentos na função pública. Aliás, é por isso que as medidas ainda necessárias parecem agora mais duras, apenas porque não foram tomadas antes, como deviam.

Quando JS, o principal responsável pela inevitabilidade do resgate, «recomendou» ontem ao PS insultando a pouca inteligência do seu líder para não aceitar um acordo «depois das medidas anunciadas, das medidas estabelecidas», está a dizer por outras palavras para o PS não cumprir o compromisso que ele assumiu.

SERVIÇO PÚBLICO: Há dois Portugais em Portugal

Há o Portugal dependente (e nalguns casos parasitário).

O Portugal dos políticos medíocres que governam mal e conspiram quando deixam a governação, ocupados com os seus presentes e preparando os seus futuros, e despreocupados com o interesse do país.

O Portugal do jornalismo de causas instrumentalizando-se ao serviço de interesses partidários e corporativos e promiscuindo-se com o Portugal dos políticos medíocres.

O Portugal do Estado tutelado e parasitado pelas corporações e pelas empresas do regime que está perto de atingir um endividamento de 130% do PIB, que gastará 18 mil milhões com amortizações e juros e que precisará de se financiar em 15 mil milhões de euros em média por ano nos próximos 10 anos, que se comprometeu a cortar 4,7 mil milhões na despesa pública e que ainda hoje está à espera do «guião/argumentário» em preparação há meses pelo «irrevogável» «salta-pocinhas».

14/07/2013

BLOGARIDADES: Um caso talvez perdido

Já há algum tempo que não visitava o Abrupto. Acabei de ler a série de posts «O navio fantasma». O homem está completamente alienado. Aquilo é do domínio freudiano. É triste ver um comentador inteligente e culto a deixar-se controlar pelo seu sistema límbico profundo e a consumir o seu talento em ódios de estimação.

Pro memoria (122) – José Sócrates e o caso da Universidade Independente

A semana passada, a revista Tabu do Sol dedicou algumas páginas ao acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa sobre o caso da Universidade Independente. São mais de 2 mil volumes que documentam um dos maiores regabofes deste século. Há lá eventos que cobrem um grande número de artigos do Código Criminal. Até lá há declarações do director da Faculdade de Ciências a dizer que José Sócrates «não é engenheiro».

Imaginemos, por uma vez, Miguel Relvas e a sua licenciatura de «equivalências» no lugar de José Sócrates, a quem, recorde-se, esta excelsa Universidade Independente concedeu uma «licenciatura» em condições que, apesar da autocensura do jornalismo de causas, foram na época referidas. Quantos mais tambores teriam rufado, a quantas mais indignações teríamos assistido, quantas vestes teriam sido rasgadas?

Como explicar esta duplicidade de critérios do jornalismo de causas? Simples, meu caro Watson: He’s their son of a bitch.

SERVIÇO PÚBLICO: Soluções partidárias para a economia

Este «Resumo esquemático das soluções partidárias para a economia» de Carlos Guimarães Pinto no blogue «A montanha de Sísifo» é tão bom que não resisti a reproduzi-lo – não vá o diabo tecê-las.




13/07/2013

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: A orfandade da esquerda

«No fundo, a esquerda é órfã da religião – e, nunca se satisfazendo, vai saltando de esperança em esperança, de utopia em utopia. Não aprende com a História
José António Saraiva, na Tabu do SOL.

A primeira vez que suspeitei desta orfandade da esquerda foi há uns 40 anos quando uma antiga crente militante me disse que percebia perfeitamente a minha militância política da época porque era exactamente igual à que ela tinha tido. Eu acrescentaria ao que escreveu AJS: atrás dos saltos utópicos (de esquerda, como de certas direitas) ficaram frequentemente uns milhões de vítimas.

Não há almoços grátis e para a Alemanha cada um paga o seu almoço

A proposta da Comissão Europeia de criação de um mecanismo único de resgate dos bancos europeus em dificuldades apresentada quarta-feita, que constituiria o 2.º pilar da União Bancária (o 1.º é a supervisão pelo BCE de cerca de 6 mil bancos), foi rejeitada pela Alemanha que, como escreve o WSJ, «has consistently resisted previous efforts to transfer financial risks from national economies to the broader euro zone, because it feels it would end up by paying a large part of the bill.» Tem resistido e continuará a resistir porque os políticos alemães também têm de prestar contas ao seu Tribunal Constitucional e, acima de tudo, aos seus eleitores que não parecem muito dispostos a pagar a prodigalidade financeira alheia.

É falta de solidariedade? A solidariedade não passa de um slogan vazio se não houver dinheiro para a pagar. Ora veja-se o tamanho da factura.

Economist

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Ditadura do proletariado

«A empresa (Carris) dispõe nas suas instalações de barbearias apetrechadas para uso exclusivo e privativo dos seus trabalhadores, incluindo reformados. Contudo, a própria Comissão de Trabalhadores já apresentou uma proposta à administração da empresa no sentido de converter as instalações da barbearia numa sala de refeições. Também os representantes sindicais já apresentaram uma proposta, no sentido de se proceder ao encerramento das barbearias, em troca de um pagamento no valor de 12 euros a cada trabalhador, visto este serviço não ser utilizado internamente». (Económico)

«A conduta do trabalhador de atirar as chaves para cima da mesa e entregar a farda depois de confrontado com condutas suas irregulares, sai do trabalho e não mais comparece, não vale como denúncia tácita do contrato de trabalho, pois não manifesta a vontade inequívoca de denunciar o contrato.» (Acórdão de 3 de Junho de 2013 do Tribunal da Relação do Porto)

12/07/2013

Lost in translation (181) – Não estou disposto a pagar nada, disse ele por outras palavras

«Prefiro pagar um preço de reputação nas vossas intervenções a não fazer o que posso e devo para um futuro melhor», disse, citando Sá Carneiro, o «salta-pocinhas» Dr. Paulo Portas, hoje no parlamento, onde ainda ontem gritavam grupos de «capangas», para citar duas vezes o Dr. Soares, enquanto a presidente Assunção Esteves citava Simone de Beauvoir, e a deputada socialista Isabel Moreira se citava a si própria na sua página de Facebook, criticando a presidente da AR por «chamar 'os nossos carrascos' ao povo desesperado», confundindo assim energúmenos com povo, o que se compreende porque a Sr.ª Deputada só nas manifs viu aquilo que imagina ser o povo.

Bons exemplos (64) – António Horta-Osório, o desalinhado


Ainda uma outra vez mais, a pretexto do Euromoney Award for excellence, o (Im)pertinências distingue AHO pelo seu desempenho. Recorde-se que quando AHO foi CEO do Totta Santander era conhecido no huis clos bancário como o «homem dos espanhóis» devido ao notório desalinhamento com o quarteto da banca do regime. Não certamente por acaso, o Totta Santander foi considerado o melhor banco em Portugal.

BREIQUINGUE NIUZ:O BE pretende acabar com os bancos, as seguradoras e a segurança social?

Antigamente o esquerdismo pretendia nacionalizar o sector financeiro. Hoje pretende acabar com ele, como resulta desta proposta de recomendação à Assembleia da República para a renegociação da dívida.

Não contentes com isso, os berloquistas pretendem acabar também com o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSE) cujos activos já são constituídos em boa parte por dívida portuguesa e, conforme o último despacho de Vítor Gaspar, ainda devem aumentar em 4 mil milhões até 2015.

É o que resultaria da renegociação proposta pelo BE que afectaria os cerca de 70 mil milhões de dívida pública nas mãos portuguesas (35% do total segundo o Deutsche Bank, citado pelo FT), essencialmente o sector financeiro e o FEFSE.

Adenda:
Não só os berloquistas pretendem acabar com o sector financeiro e a segurança social. Os comunistas não quiseram ficar atrás e defendem o mesmo.

11/07/2013

CASE STUDY: Know-how português chega ao Brasil

«A Ascendi, detida pela Mota-Engil (60%) e pelo GES - Grupo Espírito Santo, vai receber uma compensação financeira por não ter aumentado (em função da onda generalizada de manifestações e contestação que ocorreu nas últimas semanas no Brasil), no dia 1 de Julho, as taxas de portagem na concessão rodoviária que gere no Brasil, como estava previsto contratualmente.» (Económico)

Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
[Fado Tropical, Chico Buarque]

Dúvidas (20) - A verdade da mentira

Confesso a minha dificuldade em perceber o que Teixeira dos Santos quer significar quando diz «o que foi dito (por Maria Luís Albuquerque) não é verdade», sendo então mentira que «nada foi referido a respeito da matéria», como foi dito por MLA. Se TS quer dizer que «houve uma conversa. Houve mais que isso, mas houve, pelo menos uma conversa», ou quer dizer «o Governo que iniciou funções sabia que ia ter essa informação» ou ainda que havia uma ficha (a que «está aqui») ou «um ficheiro resumo, sem ironia, um ficheiro Excel».

Seja como for, só vejo duas interpretações e nenhuma delas é simpática para MLA:
  • a) uma das versões de Teixeira dos Santos é verdade e a equipa das Finanças do governo actual está a mentir e escondeu dolosamente um buraco da dimensão potencial de mais de 3 mil milhões e estamos perante matéria criminal; ou
  • b) Teixeira dos Santos está a mentir e a equipa das Finanças do governo, que só descobriu quase dois anos depois um buraco daquela magnitude, cometeu uma grossa asneira.

Lost in translation (180) - Renego tudo o que disse até hoje e prometo nunca mais prometer nada

«Não prometer o que não tenhamos a certeza que podemos cumprir quando governarmos a Câmara do Barreiro ou o país. Numa altura em que tanta gente promete tanto e depois desilude as pessoas e os eleitores, pois faz o contrário, estas palavras do nosso candidato devem ser valorizadas.» Foi a solene promessa de António José Seguro.

Lost in translation (179) – Relevante não é a independência do investigador, relevante é a independência do investigado

Um dos procuradores que investiga os contratos de swap das empresas públicas, escreveu no Facebook no dia da nomeação da ministra das Finanças «penso que seria de bom tom adiantarmos as coisas e passarmos directamente para a demissão da candidata ao lugar de Gaspar» em resposta a uma outra procuradora que escreveu «é impressão minha ou isto está tudo a implodir?».

Por seu turno, o director do DCIAP «não considera que o comentário tenha qualquer relevância para impedir a continuidade no cargo do magistrado que está no departamento desde 2011». Já o Negócios considera que «polémico tem sido o facto de a governante assumir neste caso um duplo papel, já que foi responsável, enquanto directora financeira da Refer, pela celebração de dois contratos considerado “complexos”

10/07/2013

DIÁRIO DE BORDO: Talvez a pior de todas as más soluções

Suspeito que, nas actuais circunstâncias e depois da faladura de S. Exa., o desfecho mais desestabilizador para a governabilidade do protectorado e o que menos garante a disposição dos credores o manterem a flutuar, já não seja a dissolução do parlamento e a convocação de eleições antecipadas. Suspeito que seja o governo a prazo em que Cavaco Silva acabou de converter este navio a fazer água, com o capitão e o imediato engalfinhados, entregando a válvula de fundo nas mãos de António José Seguro, um líder incapaz e fraco, condenado a agitar-se espasmodicamente e a mostrar serviço para não ser despedido pelo próprio partido.

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (69) – Nunca se sabe se ainda vão precisar dele…

Ontem durante a audição na comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros a oposição malhou no «salta-pocinhas» Portas pelo interlúdio «Sai o Paulo, Entra o Paulo». A oposição toda? Não, nem toda. Do PS, segundo a descrição pitoresca do Expresso, «nem uma vírgula sobre a demissão de Portas, a crise que se seguiu, o seu impacto internacional». Pois…

Pro memoria (121) – A transparência da governação autárquica segundo o putativo candidato socialista à governação do país (na reserva)

«A Câmara de Lisboa, presidida por António Costa, avançou com um recurso para o Tribunal Constitucional para travar sentenças judiciais que obrigam à divulgação de um documento interno da autarquia intitulado "Obras Públicas Municipais - Sobre o Estado da Arte", elaborado em 2011 pelo vereador Fernando Nunes da Silva, eleito pelo movimento Cidadãos por Lisboa", noticia hoje o jornal Público.

O documento em causa, apenas relevado parcialmente, foi inicialmente remetido à Comissão para a Promoção das Boas Práticas da Câmara de Lisboa e apontava falhas às práticas de contratação de empreitadas em vigor nos serviços da autarquia, nomeadamente número reduzido de concursos públicos face aos ajustes directos.» (Negócios)

Pro memoria (120) - Diz-me para onde vais, dir-te-ei quem és

Uns saem do governo, depois de arruinarem o país, e vão para viver luxuosamente de fundos de proveniência desconhecida para o XVIe arrondissement. Outros trabalharam (com sucesso reduzido) para fazer sair o país da falência onde os primeiros o deixaram e voltam à Rua do Comércio e ao business as usual.

Se não se fazem democracias sem democratas, também não se fazem governos com integridade sem pessoas com integridade.

CASE STUDY: No pain, no gain

Tenho pouca fé nos estudos económicos baseados em modelos matemáticos, ainda menos nos modelos DSGE (Dynamic stochastic general equilibrium) – ver a propósito o artigo recente da Economist New model army que aponta, com grande benignidade, diga-se, algumas das fragilidades destes modelos. E quando esses modelos tratam de multiplicadores, puxo logo da pistola, como Goebbels, o ministro da Propaganda do III Reich, quando ouvia falar de cultura.

Foi, por isso, com bastante cepticismo que resolvi fazer uma leitura em diagonal do estudo FISCAL MULTIPLIERS IN A SMALL EURO AREA ECONOMY: HOW BIG CAN THEY GET IN CRISIS TIMES? de Gabriela Castro e outros economistas do BdeP. Leitura que, sob reserva da minha parca familiaridade com estas elucubrações, me leva a concluir, uma vez mais, que este tipo de estudos baseados em modelos que simplificam grosseiramente a realidade estritamente económica e desconsideram as envolventes sociais, políticas e culturais, pertencem a uma de duas categorias: a dos que nos conduzem a conclusões erróneas e nocivas para a definição das políticas ou a dos que não nos dizem nada que não suspeitássemos.

09/07/2013

Pro memoria (119) – As vaias do povo e os aplausos dos capangas

Do alto da crescente jactância e putativa superioridade moral, apenas justificáveis por uma irremediável inimputabilidade, Mário Soares no seu artigo de agitprop no DN de hoje dita quem está do lado certo e quem está do lado errado:

«No sábado passado (Cavaco) foi vaiado outra vez pelas duas centrais sindicais em conjunto e por representantes de diversos partidos, mas de janelas fechadas no seu palácio, não deve ter ouvido as vaias, como de costume. ...

A presença do Presidente da República, nada discreta, de Passos Coelho e de Paulo Portas (na missa nos Jerónimos) e mais a claque dos capangas que lá puseram para bater palmas aos políticos presentes resultou num escândalo

Há dois meses, Soares defendeu Paulo Portas que «tem sido humilhado de várias formas». Ontem insultou-o chamando-lhe (adequadamente, acrescente-se) «salta-pocinhas». Porquê? Não é o mesmo Portas. Talvez sim, talvez não. O certo é que antes estava do lado certo e agora saltou para o lado errado.

Talvez nas próximas eleições Soares precise que Portas salte para a pocinha de uma coligação com o seu PS minoritário.

SERVIÇO PÚBLICO: Chamando os bois pelos nomes

Devido a crescente falta de tolerância à agressão simultânea do jornalismo de causas à visão e à audição, na televisão só vejo notícias/debates/mesas redondas ou quadradas sem som. Além disso, nesse preciso dia, estava protegido das ondas da TVI por uma distância confortável e segura de quase 3 mil km. Por isso, em qualquer caso, sempre teria perdido os comentários de Medina Carreira – uma das pouquíssimas luminárias com presença habitual nos mídia que não partilha da estupidez, incompetência, falta de escrúpulos e cobardia (cortar o que não for aplicável, conforme a luminária) que os impregnam. Só não perdi porque este blogue fez o favor de não deixar.

Aqui ficam para memória futura os comentários de Medina Carreira na TVI24.

08/07/2013

ARTIGO DEFUNTO: «Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...» (2)

«As notícias minuto a minuto» no 4R:

14:32 - "Cavaco exige Portas no Governo"
14:37 - "Cavaco só aceita novo Governo sem Portas"
14:39 - "Portas passará a Vice-Primeiro-Ministro"
14.40 - "Portas viabiliza governo de coligação mas não o integra"
14:41 - "Portas integra Governo mas só se Maria Luís sair do Ministério das Finanças"
14:43 - "Maria Luís mantem-se nas Finanças e Portas sai"
14:53 - "Maria Luís é substituida por Paulo Macedo. Portas sai"
14:54 - "Maria Luís é substituída por Paulo Macedo. Portas fica"
14:55 - "Maria Luís é substituída por Paulo Macedo. Portas não sabe se sai ou fica"
14:59 - "Passos não aceita substituir Maria Luís"
15:03 - "Passos cede e substitui Maria Luís"
15:09 - "Luís Filipe Vieira está preocupado com o País"
15:11 - "Portas joga pelo Seguro"
15:13 - "Eleições: Seguro não vê Portas de saída"
15:15 - "Bruma: de pequenino é que se torce o pepino"
15:13 - "Cavaco exige governo com Portas"
15:17 - "Passos leva a Belém governo sem Portas"

Com jornalismo assim quem precisa de censura?

Pro memoria (118) – Central de torrefacção de euros

Em 2011 a central termoelétrica de gás natural do Pego, um investimento de 530 milhões, propriedade da International Power e Endesa, foi integrada no SEN (sistema eléctrico nacional). Desde então quase não funcionou e este ano um dos dois grupos tem estado completamente inactivo.

Imaginem quem está a pagar compensações à International Power e Endesa por manterem a central disponível para o backup aos parques fortemente subsidiados de energia eólica semeados por todo o país que tornaram quase inútil o investimento nesta e noutras centrais.

Protestos: dirigir a José Sócrates em Paris (enviar para o XVIe arrondissement) e aos seus ministros, nomeadamente os da Economia, Manuel Pinho, dos corninhos (enviar ao cuidado dos Espíritos Santos) e Vieira da Silva (enviar para o largo do Rato).

07/07/2013

Mitos (118) – Levámos tempo a chegar aqui mas daqui vamos sair depressa

Quando ouço e leio o que dizem e escrevem as criaturas que, após longos anos a celebrar os amanhãs que haveriam de cantar, descobriram surpreendidas numa bela manhã de primavera de há 2 anos que Portugal estava falido, fico, também eu, surpreendido por tamanho mix de desvergonha e incompetência.

A minha surpresa pela dimensão crescente da desvergonha e da incompetência é ela própria crescente quando essas criaturas parecem também, desde então, cada vez mais surpreendidas por estarmos em recessão com o desemprego a aumentar. Evolução, que segundo elas, se deveria à inépcia do governo (inegável, mas incomparável com a do seu predecessor) a quem recomendam que adopte as receitas que nos conduziram onde chegámos nessa manhã de primavera de 2011.

Convém, por isso, lembrar, de vez em quando, porque estamos onde estamos, quem e o quê nos colocou aqui e que, se o caminho para aqui chegarmos levou décadas, o caminho para daqui sairmos levará algum tempo. Segundo os dados de Carmen Reinhart & Kenneth Rogoff, aqui citados, nas crises recentes europeias e asiáticas o desemprego teve um aumento médio de 7% numa duração média de 5 anos, a queda média do PIB per capita foi de 9% por cento na média de 2 anos, e o aumento da dívida pública foi de 86% nos 3 anos seguintes. Recorde-se que estas médias resultam de crises em países, quase sem excepção, com moeda própria e, portanto, com muito mais latitude para “aditivar” as políticas monetárias com desvalorizações.

Não há milagres. Esperai, pois, sentados.

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Por muito menos, outros foram galardoados com um Nobel da Economia

Secção Assault of thoughts

Michael Pettis, professor na Faculdade de Economia e Gestão da Universidade de Tsinghua em Pequim defende, segundo o Expresso, que «talvez a melhor coisa que Portugal pode fazer e que os outros países endividados da zona euro podem criar é um cartel de devedores e negociarem conjuntamente como grupo para forçar a Alemanha a aumentar a sua procura interna e a concordar numa reestruturação ordeira da dívida, pois provavelmente entre 30 a 40% da dívida soberana terá de ser perdoada no final

Esta ideia da cartelização dos devedores merece pelo menos 3 ou 4 ignóbeis. Só não faz o pleno porque lhe falta a componente de cartelização dos credores que está longe de ser feita com a troika que representa mais os futuros credores do que os actuais.

06/07/2013

O Verão quente já não é o que era. Só mais um calor de verão e a manif foi ao chão

«A manifestação marcada para sábado junto ao Palácio de Belém para pedir a queda do Governo está aberta a todos.» (4.ª Feira)

«A CGTP decidiu alterar o programa relativo ao protesto convocado para sábado, em Belém, devido às temperaturas elevadas previstas para Lisboa.» (Sexta-feira)

«Centenas de manifestantes juntaram-se ao protesto promovido pela CGTP junto ao Mosteiro dos Jerónimos para pedir a demissão do Governo». «É só mais um empurrão e o Governo vai ao chão» gritaram. (Hoje)

Mitos (117) – Teixeira dos Santos foi uma vítima «da conjuntura e do estrangeiro»

[Uma espécie de sequela do mito do PEC 4]

«A altura que o ministro Vítor Gaspar escolheu para abandonar o Governo coincidiu, acidentalmente, com o momento em que outro ex-ministro da pasta, Teixeira dos Santos, resolveu reaparecer aos portugueses. Na sua entrevista à TVI, o responsável que colocou as Finanças portuguesas a um centímetro da bancarrota e deixou o pais nas mãos da troika veio tentar convencer-nos de que foi um mero espectador da hecatombe que se desenrolava à sua volta.


05/07/2013

Ressabiados do regime (5) – Tende cuidado com os vossos desejos que se podem tornar realidade

Tenho escrito sobre vários ressabiados, incluindo Manuela Ferreira Leite, que são exemplos de o ressabiamento ser um péssimo conselheiro e conduzir pessoas inteligentes a dizerem e fazerem coisas estúpidas.

Por aquilo que disse ontem na TVI 24, MFL confirmou uma vez mais que o seu ódio de estimação aos seus colegas que estão na direcção do seu partido e no governo, lhe turva a lucidez e, pior do que isso, a leva a pisar os limites éticos na política quando insinua que a saída de Gaspar (e a de Portas) se pode dever à verdadeira situação financeira estar a ser escondida pelo governo. Seria louvável que MFL, sabendo algo que outros não sabem, denunciasse uma putativa manipulação das contas públicas, fazendo algo que não fez nos governos de Sócrates quando essa manipulação era por demais evidente, como depois se tornou público.

Ao mesmo tempo que faz estas insinuações, MFL tem uma saída de sendeiro, após uma entrada de leão, ao mitigar a sua conhecida posição clara de demissão do governo com conversa mole de «ses», «estabilidade», «entendimento». Pelo caminho fez, sem se dar conta, uma homenagem a Vítor Gaspar resumindo a sua carta a «eu sou muito bom e agora vocês vão ver o que é isto sem mim». Resumo cujo juízo é o contrário da posição de humildade de Gaspar, mas que é exacto no prognóstico «vocês vão ver o que é isto». Como alguém escreveu um dia destes, ressabiados tende cuidado com os vossos desejos que se podem tornar realidade.

Retrato a la minute de um casal desavindo

Por uma vez, vou fazer os perfis psicológicos a la minute dos protagonistas desta crise, para concluir que como os últimos dois anos e os acontecimentos desta semana comprovam à saciedade, Paulo Portas é um político com quem não se podem fazer alianças que sempre exigem negociação, compromissos, cedências, controlo dos egos e integridade, tudo num módico quanto baste para manter uma coligação a flutuar. A criatura é um político sem visão, cuja falta é substituída por um brilhantismo superficial, oportunista, sem convicções, com um gosto pela intriga e pela manipulação e obcecado com a sua pessoa.

Passos Coelho é apenas um homem com algumas qualidades, talvez suficientes para ter governado aceitavelmente no lugar de quase todos os seus antecessores e nomeadamente no lugar do mais directo responsável pela falência do país – José Sócrates -, mas claramente insuficientes, vê-se agora, para o maior desafio que Portugal tem de enfrentar desde o início da guerra colonial, para o qual é já óbvio não estar altura, nem talvez mesmo para conter os danos que o seu parceiro inconfiável é capaz de infligir ao governo e ao país.

Infelizmente, a alternativa António José Seguro é pior e com piores políticas - as mesmas que nos conduziram até aqui.

04/07/2013

NÓS VISTOS POR ELES: «O facto de uma coisa ser penosa, não significa que a alternativa não seja ainda mais penosa», disse não um dos eles mas um dos nossos

«NO ONE is likely to emerge a winner from the political disarray triggered in Portugal by the resignations of the finance and foreign ministers. For two years the country has won plaudits as the best behaved of peripheral Europe’s bailed-out countries. But voters have tired of the relentless austerity that Portugal has had to endure under the terms of its €78 billion ($101 billion) bail-out programme, and the repercussions appear to have split the two-party coalition government. Portugal’s international creditors, the “troika” of the EU, the IMF and the European Central Bank, are seeing their star pupil brought low by the political and social costs of implementing their rescue plan.


Pro memoria (117) - Neobobismo

Por voltas do terceiro ano do seu primeiro governo, Fernando Henrique Cardoso adoptava as políticas, incluindo o Plano Real, que haveriam de fazer sair o Brasil de décadas de hiperinflação e hipocrescimento, pavimentando assim a estrada onde Lula da Silva rolaria durante dois mandatos enquanto a esburacava, trabalho que Dilma Rousseff continuou com mais afinco.

Por essa altura, a esquerda, incluindo o PT de Lula da Silva, derrotado nas eleições presidenciais, acusava FHC de neoliberal. No dia 2 de abril de 1997, FHC cansado de ouvir tanta bobagem, como dizem lá do outro lado do Altântico, disse uma frase memorável que ficou para a história: «Só quem não tem nada na cabeça é que fica repetindo que o governo é neoliberal. Isso é neobobismo

Desgraçadamente, não temos cá deste lado nenhuma luminária suficientemente desaforada, como também se diz lá do outro lado, que chame neobobos à legião de patetas que constantemente baptiza de neoliberal um governo de administração da massa falida, resultante de uma coligação entre um partido social-democrata e uma entidade mutante, liderados ambos por criaturas com notórias discrepâncias entre visão política e consistência, por um lado, e ambição, por outro – ambos por insuficiência dos dois primeiros atributos e o segundo coligado também por excesso do terceiro atributo.

(Recordado muito a propósito por Luís Marques no seu artigo no Expresso)

03/07/2013

CASE STUDY: Um minotauro espera a PT no labirinto da Oi (7)

[Outras esperas do minotauro: (1), (2), (3), (4), (5) e (6)]

Desde há mais de dois anos venho fazendo prognósticos das encrencas que a PT iria enfrentar ao torrar uma boa parte do produto da venda à Telefonica da sua participação na Vivo na compra de 23% de um mastodonte chamado Oi, pejado de aspons petistas (assessores de porra nenhuma do PT).

Nos seis emails anteriores fez-se uma retrospectiva à qual se acrescentam agora mais dois episódios: a redução do dividendo da PT comido pelo corte da redução do dividendo pago pela OI e o princípio do fim das fantasias que parecem ter levado Zeinal Bava a emigrar para a Oi – a desejada fusão PT-Oi.

02/07/2013

Mitos (116) – O mito do PEC 4

«Seguindo a máxima de que “uma mentira mil vezes repetida …”, coube agora a vez ao ex-ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, vir a público defender que se o PEC 4 tivesse sido aprovado em Abril de 2011 teria sido possível evitar a celebração do Memorando de Entendimento com a ‘troika’.

À semelhança do que fez o ex-primeiro-ministro quando voltou à terra (dois anos parece ser o tempo da viagem de ida e volta ao purgatório político), também Teixeira dos Santos nos quer convencer que o Governo da altura tinha a situação controlada. E querem, sobretudo, que o povo conclua que foram o PSD e o CDS (e o PCP e o Bloco, já agora, que também chumbaram o PEC 4) os responsáveis pela entrada da troika em Portugal.


01/07/2013

DIÁRIO DE BORDO: Uma carta exemplar

Vítor Gaspar demite-se com uma carta exemplar de coragem e integridade, assumindo responsabilidades pelas quais não será o primeiro responsável, como nunca nenhum ministro tinha escrito e duvido que algum virá a escrever nesta 3.ª república em estado de putrefacção.

Mitos (115) – O povão manifesta-se nas cidades do Brasil

Já aqui manifestei a minha dúvida cartesiana sobre a participação en masse do povão brasileiro, e em particular dos pobres, nas manifestações recentes e em curso nas cidades brasileiras. Um inquérito da Datafolha entre os presentes a uma das manifestações em S. Paulo publicado pelo «Folha de S. Paulo», confirma isso mesmo.

Evidentemente não é por o povão estar ausente que as manifestações são menos legítimas, até pelo contrário, na medida em que há menos manipulação partidária, como mostram dos dados da Datafolha. É apenas uma questão de repor a verdade obscurecida pela mitologia dos habituais proprietários das manifestações.