Por voltas do terceiro ano do seu primeiro governo, Fernando Henrique Cardoso adoptava as políticas, incluindo o Plano Real, que haveriam de fazer sair o Brasil de décadas de hiperinflação e hipocrescimento, pavimentando assim a estrada onde Lula da Silva rolaria durante dois mandatos enquanto a esburacava, trabalho que Dilma Rousseff continuou com mais afinco.
Por essa altura, a esquerda, incluindo o PT de Lula da Silva, derrotado nas eleições presidenciais, acusava FHC de neoliberal. No dia 2 de abril de 1997, FHC cansado de ouvir tanta bobagem, como dizem lá do outro lado do Altântico, disse uma frase memorável que ficou para a história: «Só quem não tem nada na cabeça é que fica repetindo que o governo é neoliberal. Isso é neobobismo.»
Desgraçadamente, não temos cá deste lado nenhuma luminária suficientemente desaforada, como também se diz lá do outro lado, que chame neobobos à legião de patetas que constantemente baptiza de neoliberal um governo de administração da massa falida, resultante de uma coligação entre um partido social-democrata e uma entidade mutante, liderados ambos por criaturas com notórias discrepâncias entre visão política e consistência, por um lado, e ambição, por outro – ambos por insuficiência dos dois primeiros atributos e o segundo coligado também por excesso do terceiro atributo.
(Recordado muito a propósito por Luís Marques no seu artigo no Expresso)
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