Diferentemente da minha previsão (ainda) não foi preciso Rui Machete substituir Relvas como bombo-da-festa da oposição e do jornalismo de causas (a mesma coisa com outro nome). Para já, Maria Luís Albuquerque (MLA) está a servir lindamente e talvez merecidamente, reconheça-se.
Deu-lhe para brincar com as palavras e as meias-verdades, talvez pensando ingenuamente entalar o PS por ser responsável pela quase totalidade dos contratos swap especulativos. Ora, diga-se por amor à verdade, uma pessoa como MLA (por coincidência até tinha contratado swaps na Refer) perante não um email mas vários, por muito herméticos que fossem, tinha obrigação de perceber imediatamente ter entre mãos uma bomba-relógio que não poderia esperar 18-meses-18, como esperou, por mais informações, avaliações e relatórios para começar a renegociar os contratos.
Resultado: desentalou o PS, que passou de criminoso a vítima e já pede a sua demissão, açulou o jornalismo de causas que já faz rufar os tambores e vai ser mais um passivo para o governo que já tem os suficientes. Não vale a pena queixar-se da oposição e do jornalismo de causas por estarem a fazer o que sabem fazer melhor.
Se quisesse construir uma teoria da conspiração, diria que a estória que Maria Luís Albuquerque conta está tão mal contada, que uma pessoa perspicaz, ainda que inexperiente nas lides da intriga política, dificilmente a contaria sem uma razão plausível. E uma razão plausível poderia ser, face à dependência directa e indirecta para regressar aos mercados dos bancos que são partes nos contratos swap, o governo ter optado uma abordagem tortuosa e demorada e por compensações que levaram tempo a negociar - há indícios disso. Se fosse assim, a verdade seria menos penosa e com menos custos políticos do que a meia-verdade que deixa MLA e o governo em maus lençóis.
Sem comentários:
Enviar um comentário