- Economias desenvolvidas
- Lentas
- Rápidas
- Economias em vias de desenvolvimento
- Lentas
- Rápidas
- Economias em vias de subdesenvolvimento
- Lentas
- Rápidas
31/08/2010
ARTIGO DEFUNTO: Os jornalistas são muito criativos
«Espanha ganha estatuto de economia desenvolvida lenta», escreve o DE. Se há economias desenvolvidas lentas, deve haver economias desenvolvidas rápidas (por exemplo a Alemanha), e muito mais. Para arrumar o assunto, proponho a seguinte classificação:
ARTIGO DEFUNTO: É uma questão de perspectiva (2)
Face aos dados dos Inquéritos de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores, ontem publicados pelo INE, alguns jornais titularam o seguinte:
- Diferença negativa agrava-se - Sentimento económico melhora na Europa e piora em Portugal (Público)
- Clima económico estabiliza e confiança melhora em Agosto (Diário de Notícias)
- Portugueses ganharam ânimo com a “silly season” (Diário Económico)
Somos todos culpados? Quem? Moi?
João Marques de Almeida defende que os governos não devem enganar os povos, como faz o governo de José Sócrates, para não ir mais longe. Contudo, realista, concede que os portugueses «não querem ouvir verdades que incomodem e sobretudo que os obriguem a mudar de vida. Preferem as mentiras ilusórias às verdades duras.» Só posso concordar com as duas premissas.
Conclui ser «triste, no caso português, … mais de três décadas de democracia não (terem) construído laços de confiança política entre os cidadãos e o poder político. E somos todos culpados.» Quanto a ser triste, posso partilhar essa tristeza, se não tiver outro remédio. Quanto a ser culpado, mais devagar. Posso ser culpado de muita coisa, mas não de recusar ouvir as verdades e mudar de vida. Gasto horas da minha vida, sem ao menos beneficiar de um subsídio, de uma humilde tença, a espalhar a dúvida metódica, a estragar digestões e consensos.
Conclui ser «triste, no caso português, … mais de três décadas de democracia não (terem) construído laços de confiança política entre os cidadãos e o poder político. E somos todos culpados.» Quanto a ser triste, posso partilhar essa tristeza, se não tiver outro remédio. Quanto a ser culpado, mais devagar. Posso ser culpado de muita coisa, mas não de recusar ouvir as verdades e mudar de vida. Gasto horas da minha vida, sem ao menos beneficiar de um subsídio, de uma humilde tença, a espalhar a dúvida metódica, a estragar digestões e consensos.
30/08/2010
LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE / CONDIÇÃO MASCULINA: A megera, o palerma e o show cripto-politicamente-correcto
Não me recordo onde li recentemente a estória da mulher que durante o show da tia Oprah confessou ao marido também presente que tinha torrado umas centenas de milhar de dólares e por isso o crédito hipotecário da casa de ambos tinha sido executado e estariam condenados a viver ao ar livre. Enquanto o show prosseguia, a reacção do pobre marido foi evoluindo de surpresa para indignação, de indignação para dúvida, chegando rapidamente, com a preciosa ajuda da tia Oprah, à auto-culpabilização e ao arrependimento. Acabou a pedir desculpa por não amar suficientemente a megera e prometendo que tudo iria mudar.
[Na imagem, um homem-grávido é apalpado pela tia Oprah]
[Na imagem, um homem-grávido é apalpado pela tia Oprah]
29/08/2010
Lost in translation (59) – Rigor? Já fizemos engenharia orçamental no passado. Voltaremos a fazê-lo no futuro, queria ele dizer (XII)
O Expresso dedica este fim-de-semana uma página inteira às manobras de desorçamentação do governo com a venda a empresas públicas de imóveis ocupados por serviços da administração pública que depois os arrendam às empresas públicas que os compraram. Com esta manobra o governo enche o pipeline do orçamento fabricando receitas correspondentes ao valor da venda à custa de rendas anuais que são uma pequena fracção desse valor (qualquer coisa ao redor de um vigésimo).
O Expresso acordou um pouco tarde, porque essas manobras até no (Im)pertinências já foram várias vezes denunciadas.
O Expresso acordou um pouco tarde, porque essas manobras até no (Im)pertinências já foram várias vezes denunciadas.
SERVIÇO PÚBLICO: Pobres e mal pagos
Situação do prazo médio de pagamento e das perdas por incumprimento segundo o European Payment Index 2010 do intrum justitia, o maior prestador europeu de serviço de gestão de crédito, nos últimos 3 anos:
É uma espécie de pescadinha de cauda nos lábios: pagamos mal e só podemos receber mal e como recebemos mal temos que pagar mal.
É uma espécie de pescadinha de cauda nos lábios: pagamos mal e só podemos receber mal e como recebemos mal temos que pagar mal.
28/08/2010
O top 7 das dívidas das empresas públicas
Endividamento no final de 2009:
[Dados extraídos do post Preparem-se, pois quem vos avisa... no Quarta Republica]
- Refer: 5,5 mil milhões de euros, 71% dos activos
- Metro de Lisboa: 3,6 mil milhões de euros, 98,3% dos activos
- CP: 3,4 mil milhões de euros, 213% dos activos
- Metro do Porto: 2 mil milhões de euros, 91% dos activos
- Metro de Lisboa: 3,6 mil milhões de euros, 98,3% dos activos
- Carris: 393 milhões, 233% dos activos
- STCP: 288 milhões, 342% dos activos
[Dados extraídos do post Preparem-se, pois quem vos avisa... no Quarta Republica]
ESTADO DE SÍTIO: Temos muito a aprender com os gregos
Em Abril de 2009 a Grécia previu um défice de 3,7%. Soube-se agora que o governo grego em 2 de Outubro desse ano começou por aumentar a previsão para 6% e em 21 de Outubro, na véspera da divulgação pela CE de todos os resultados, alterou para 12,5%. A previsão de 2 de Outubro foi omitida pela CE com receio de um monumental escândalo de em 3 semanas o governo grego ter multiplicado o défice previsto 3,4 vezes.
Definitivamente, o governo grego ultrapassou nesta matéria o português que entre Outubro de 2008 e Fevereiro de 2010 apenas conseguiu alterar a previsão do défice de 2009 de 2,2% para 9,3%. É certo tê-la aumentado 4,2 vezes, mas para isso precisou de 17 meses contra as 3 semanas do governo do partido irmão PASOK.
Definitivamente, o governo grego ultrapassou nesta matéria o português que entre Outubro de 2008 e Fevereiro de 2010 apenas conseguiu alterar a previsão do défice de 2009 de 2,2% para 9,3%. É certo tê-la aumentado 4,2 vezes, mas para isso precisou de 17 meses contra as 3 semanas do governo do partido irmão PASOK.
27/08/2010
Cidadãos dum estado falhado beneficiam de discriminação positiva?
O resultado do processo de nomeação até agora de 115, dum total de 141 eurocratas, pela Alta Representante Lady Ashton para os novos serviços diplomáticos da UE, tem sido um estrondoso sucesso para a Bélgica - representa 2% da população e consegue 13% dos postos (15), quase tantos como a França e a Itália (16 cada), mais do que a Alemanha (11) e mais do que as mulheres de todos os países (11).
Como alguém terá dito, a Bélgica é o estado falhado mais bem sucedido. Poderá Portugal, com 6 postos, ser considerado um estado quase falhado razoavelmente sucedido?
Como alguém terá dito, a Bélgica é o estado falhado mais bem sucedido. Poderá Portugal, com 6 postos, ser considerado um estado quase falhado razoavelmente sucedido?
SERVIÇO PÚBLICO: Também estamos no top
No quadro da CMA Data Vision dos 10 estados com probabilidade mais elevada de incumprimento, onde nos posicionamos no 8.º lugar, temos a companhia da Venezuela do amigo Chávez, da Argentina do casal de presidentes amigos Kirchner, da Irlanda dos descendentes dos comedores de batata, vivendo acima das suas posses, e do Illinois do amigo (de Obama) Blagojevich. E estamos no 1.º lugar dos que mais aumentaram a probabilidade de incumprimento desde a última revisão.
CPD (Cumulative Probability of Default): probabilidade de um estado não conseguir cumprir as obrigações da dívida pública num terminado período (geralmente 5 anos)
CPD (Cumulative Probability of Default): probabilidade de um estado não conseguir cumprir as obrigações da dívida pública num terminado período (geralmente 5 anos)
26/08/2010
ESTADO DE SÍTIO: Desconsolidação orçamental
Foi há dias publicado o Boletim Mensal de Agosto do IGCP com a execução orçamental do 1.º semestre que nos mostra as finanças públicas em direcção ao abismo. Apesar das receitas correntes aumentarem 3,2% em relação ao período homólogo de 2009, por força do aumento dos impostos, o saldo primário agravou-se de 4,8 mil milhões (9,2%) devido ao aumento das despesas correntes (5,1%). Registe-se que um terço do aumento das despesas terá resultado «da melhoria das remunerações de professores, no seguimento do processo de avaliação». Não é extraordinário que um processo que deveria melhorar a eficiência do sistema de educação pública venha a piorá-la mantendo ou degradando a qualidade e aumentando os custos?
Não garantiu o duo Sócrates-Teixeira dos Santos que a consolidação orçamental se iria fazer em partes iguais pela receita e pela despesa? Em vez disso temos a desconsolidação orçamental resultante dum aumento da despesa primária de 1,1 mil milhões que engoliu o aumento da receita primária de 500 milhões.
Inevitavelmente, a dívida pública continua a crescer de vento em popa. A dívida directa total do Estado, que era de 132,7 mil milhões no final do ano passado, cresceu 11% para 146,2 mil milhões em 31 de Julho.
A coisa só pode acabar mal. Muito mal.
Não garantiu o duo Sócrates-Teixeira dos Santos que a consolidação orçamental se iria fazer em partes iguais pela receita e pela despesa? Em vez disso temos a desconsolidação orçamental resultante dum aumento da despesa primária de 1,1 mil milhões que engoliu o aumento da receita primária de 500 milhões.
Inevitavelmente, a dívida pública continua a crescer de vento em popa. A dívida directa total do Estado, que era de 132,7 mil milhões no final do ano passado, cresceu 11% para 146,2 mil milhões em 31 de Julho.
A coisa só pode acabar mal. Muito mal.
25/08/2010
Pro memoria (6) Delírios de mais um elefante (marinho) branco
Segundo os delírios estivais de António Mendonça, ministro das Obras Públicas, presumivelmente inspirados pela parceria João Lagos, organizador de eventos, e Isaltino de Morais, presidente da câmara de Oeiras, vai ser reconvertida a zona da Docapesca em Pedrouços para dar guarida à Volvo Ocean Race em 2012.
Segundo a delirante narrativa, a coisa irá atrair milhões de euros e centenas de milhar de visitantes (assumidamente mais do que os 420 mil da última edição na Irlanda) e só custará 10 milhões de euros «numa primeira fase» de não se sabe quantas.
Lembram-se da Expo 98 e das «novas centralidades» socráticas dos 10 estádios do Euro 2004 e dos milhares de milhões de euros que iriam entrar e dos milhões de visitantes que iriam chegar? Pois bem, será um elefante branco parecido, mas desta vez marinho. Oremos para que a organização da Volvo Ocean Race faça outra escolha.
Segundo a delirante narrativa, a coisa irá atrair milhões de euros e centenas de milhar de visitantes (assumidamente mais do que os 420 mil da última edição na Irlanda) e só custará 10 milhões de euros «numa primeira fase» de não se sabe quantas.
Lembram-se da Expo 98 e das «novas centralidades» socráticas dos 10 estádios do Euro 2004 e dos milhares de milhões de euros que iriam entrar e dos milhões de visitantes que iriam chegar? Pois bem, será um elefante branco parecido, mas desta vez marinho. Oremos para que a organização da Volvo Ocean Race faça outra escolha.
Aparentemente surpreendente? Só se for para o keynesianismo serôdio
«Quase 855 milhões de euros foram injectados pelo Estado, durante oito anos, em 10.753 empresas do ramo manufatureiro. O objectivo claro era promover a competitividade do sector. Mas quais foram os efeitos práticos destes apoios públicos, provenientes de fundos estruturais da União Europeia ou de subsídios estatais, no início da actividade exportadora das empresas domésticas, e que reflexos tiveram na eficiência e facturação das mesmas?
Segundo o estudo feito pelo investigador Armando Silva, professor do Instituto Politécnico do Porto, intitulado "O papel dos subsídios nas exportações: o caso das empresas manufactureiras portuguesas", a resposta é aparentemente surpreendente: "Nenhuns".»
[Jornal de Negócios]
Como esses subsídios foram financiados com impostos extorquidos às famílias e às empresas, em rigor falta considerar os impactos negativos da consequente redução do consumo e do investimento.
Segundo o estudo feito pelo investigador Armando Silva, professor do Instituto Politécnico do Porto, intitulado "O papel dos subsídios nas exportações: o caso das empresas manufactureiras portuguesas", a resposta é aparentemente surpreendente: "Nenhuns".»
[Jornal de Negócios]
Como esses subsídios foram financiados com impostos extorquidos às famílias e às empresas, em rigor falta considerar os impactos negativos da consequente redução do consumo e do investimento.
24/08/2010
ESTADO DE SÍTIO: A ordem é pobre e os frades são muitos (2)
Em plena execução do PEC 2 ditado por Bruxelas, a administração central e a administração local continuam a engordar a vaca marsupial pública, que só emagrece com as aposentações. Como os utentes pensionistas que a abandonam passam a ser pagos pelo orçamento da CGA, a coisa limita-se em grande parte à mudança da rubrica das despesas e tudo fica praticamente na mesma.
Ainda recentemente foi a admissão nos ministérios da Saúde e da Educação de 6 mil funcionários com «vínculo precário ao Estado». Soube-se agora que também a administração local abriu concursos para mais 1.500 utentes, na maioria com a categoria de «assistentes operacionais», nome que não engana ninguém e deve significar jobs for the boys.
A coisa só pode acabar mal. Muito mal.
Ainda recentemente foi a admissão nos ministérios da Saúde e da Educação de 6 mil funcionários com «vínculo precário ao Estado». Soube-se agora que também a administração local abriu concursos para mais 1.500 utentes, na maioria com a categoria de «assistentes operacionais», nome que não engana ninguém e deve significar jobs for the boys.
A coisa só pode acabar mal. Muito mal.
DIÁRIO DE BORDO: Se eu pudesse escolher
Se eu pudesse escolher, escolheria os petiscos do Jamie Oliver preparados pelas mãozinhas de fada da Nigella Lawson e servidos na presença das suas formas generosas e visivelmente suculentas.
A propósito, a não perder este Jamie’s em Bath.
A propósito, a não perder este Jamie’s em Bath.
23/08/2010
O paraíso socialista do amigo Chávez
Caracas é a capital mais violenta do mundo, muito à frente de Mogadíscio e Bagdade, num dos países mais violentos do mundo. De quem é a responsabilidade? Dos órgãos de informação. Que outra coisa poderia ser?
Uns votam com os pés, outros com a carteira
Há pelo menos dois grupos de portugueses que não acreditam nos amanhãs que cantam de José Sócrates. Os emigrantes qualificados que votam com os pés e as criaturas abonadas que votam com a bolsa. Estas últimas já aplicaram nos offshores (1,2 mil milhões) durante o primeiro semestre quase tudo o que de lá retiraram o ano passado (1,3 mil milhões), depois da campanha de charme fiscal do governo.
É grave? É sim senhor. Uns são dos que têm mais talento, outros dos que têm mais dinheiro.
É grave? É sim senhor. Uns são dos que têm mais talento, outros dos que têm mais dinheiro.
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Se eles são anões, meçam-se em metros de 50 cm
Sabendo-se o estado calamitoso do ensino secundário, não custa imaginar o estado comatoso da preparação dos alunos do primeiro ano numa disciplina técnica ou científica. Independentemente da qualidade da docência, com um módico de rigor na avaliação será fácil atingir uma percentagem de reprovação de 50%. Por isso, custa perceber que uma professora do departamento de Química da Universidade Nova, responsável pela disciplina de Técnicas de Laboratório e Segurança tenha sido afastada por «um aumento súbito do insucesso escolar» aparentemente resultante de critérios objectivos de avaliação.
É neste contexto que se atribui à professora Elvira Gaspar 3 afonsos, dando de borla a objectividade e adequação da avaliação e 4 chateaubriands ao presidente do Departamento de Química e ao Conselho Científico da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UN, por talvez imaginarem que a ciência dos alunos melhora alterando a métrica.
É neste contexto que se atribui à professora Elvira Gaspar 3 afonsos, dando de borla a objectividade e adequação da avaliação e 4 chateaubriands ao presidente do Departamento de Química e ao Conselho Científico da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UN, por talvez imaginarem que a ciência dos alunos melhora alterando a métrica.
22/08/2010
Cada eleitorado, cada primeiro-ministro
«Mr Cameron took the train north on August 10th, to answer questions from a hundred or so Manchester voters. It could have been a tough crowd: Manchester has received much public money over the years to recover from a post-industrial slump. It is still home to a lot of jobless households. The audience, picked by a local radio station, included many with a stake in the state: teachers, the boss of a youth arts project, parents anxious about cherished social services. Yet the mood was businesslike and on the whole respectful.
Part of that is the prime minister’s manner. It is said that Mr Cameron—an expensively educated sort with aristocratic in-laws—acts as if born to rule. That is right, but potentially misleading. He is not a drawling toff. His is a brisk, self-confident form of poshness: think of a young officer in one of the smarter regiments, getting on with the job in some global hotspot. In Manchester he strode about in shirtsleeves, politely but firmly in charge, cutting wafflers short and kindly prompting the nervous. He has old-fashioned good manners and treats voters like adults, admitting when problems have no simple solution.»
[Continue a ler aqui]
Vamos esquecer os antepassados notáveis. Vamos esquecer a entrada para o Eton College aos 13 anos. Vamos esquecer a First class honours, a segunda mais alta classificação na graduação em Oxford, uma das melhores universidades do mundo. Vamos esquecer a educação e as boas maneiras. Vamos esquecer um passado quase sem mácula (OK, vamos aceitar umas fumaças de cannabis e talvez umas linhas de coca).Vamos esquecer tudo o resto, mas não podemos aspirar a ter um primeiro-ministro que trate os eleitores como adultos?
Poder, não podemos. E não seria a mesma coisa, porque os nossos eleitores não são adultos.
Part of that is the prime minister’s manner. It is said that Mr Cameron—an expensively educated sort with aristocratic in-laws—acts as if born to rule. That is right, but potentially misleading. He is not a drawling toff. His is a brisk, self-confident form of poshness: think of a young officer in one of the smarter regiments, getting on with the job in some global hotspot. In Manchester he strode about in shirtsleeves, politely but firmly in charge, cutting wafflers short and kindly prompting the nervous. He has old-fashioned good manners and treats voters like adults, admitting when problems have no simple solution.»
[Continue a ler aqui]
Vamos esquecer os antepassados notáveis. Vamos esquecer a entrada para o Eton College aos 13 anos. Vamos esquecer a First class honours, a segunda mais alta classificação na graduação em Oxford, uma das melhores universidades do mundo. Vamos esquecer a educação e as boas maneiras. Vamos esquecer um passado quase sem mácula (OK, vamos aceitar umas fumaças de cannabis e talvez umas linhas de coca).Vamos esquecer tudo o resto, mas não podemos aspirar a ter um primeiro-ministro que trate os eleitores como adultos?
Poder, não podemos. E não seria a mesma coisa, porque os nossos eleitores não são adultos.
21/08/2010
DIÁRIO DE BORDO: A agenda escondida da esquerda
Na esquerda, as criaturas mais inteligentes, e mais cínicas, sabem bem que quando defendem mais estado não é porque esperem que o resultado para a sociedade e os cidadãos seja melhor, em termos de liberdade ou em termos de riqueza e bem-estar. Sabem apenas que é o único processo de enfraquecerem a sociedade civil, minarem a iniciativa privada e sobretudo secundarizarem a família (ah a família, essa instituição tão odiada et pour cause). Assim imaginam criar condições para no dia que chegarem ao poder aplicarem a sua agenda sem resistência, seja a construção da sociedade sem classes ou coisas menos pomposas como a nacionalização dos sectores económicos estratégicos («estratégico» aqui é um conceito bastante elástico), a comunicação social ao serviço do povo, as causas fracturantes ou quaisquer outras.
20/08/2010
SERVIÇO PÚBLICO: Desaparecidos em combate
No início de 1998 existiam 746 mil activos entre os 15 e 24 anos. Em meados de 2007 já só eram 426,2 mil e no final do 2.º trimestre deste ano o número reduziu-se para 339,7 mil, isto é menos de metade de há 12 anos. O que se passou?
Várias coisas. Doze anos depois, nenhum dos jovens de 1998 se encontra já no escalão 15-24. Como a natalidade está a descer, é natural que o número se reduza. Mas reduzir para metade? A natalidade não se reduziu para metade do período 1974-83 (quando nasceram os activos que se encontravam naquele escalão em 1998) para o período 1986-95 (idem para 2010). Tem que haver outras causas. Claramente uma delas será a entrada cada vez mais tardia no mercado de trabalho dos jovens, aboletados nas casas dos pais, arrastando-se em cursos frequentemente inúteis. Outra causa será o aumento do desemprego, mas como? se a taxa de desemprego nesse escalão não está a aumentar. É bem provável que uma causa residual explique esta baixa dramática do emprego: a opção pela inactividade.
A coisa só pode acabar mal. Muito mal.
[Dados daqui]
Várias coisas. Doze anos depois, nenhum dos jovens de 1998 se encontra já no escalão 15-24. Como a natalidade está a descer, é natural que o número se reduza. Mas reduzir para metade? A natalidade não se reduziu para metade do período 1974-83 (quando nasceram os activos que se encontravam naquele escalão em 1998) para o período 1986-95 (idem para 2010). Tem que haver outras causas. Claramente uma delas será a entrada cada vez mais tardia no mercado de trabalho dos jovens, aboletados nas casas dos pais, arrastando-se em cursos frequentemente inúteis. Outra causa será o aumento do desemprego, mas como? se a taxa de desemprego nesse escalão não está a aumentar. É bem provável que uma causa residual explique esta baixa dramática do emprego: a opção pela inactividade.
A coisa só pode acabar mal. Muito mal.
[Dados daqui]
19/08/2010
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (22) – atascados até ao pescoço
Dez dos arguidos no caso Freeport, incluindo o tio do secretário-geral e vários funcionários e autarcas ligados ao PS, declararam no total rendimentos de 1,8 milhões, mas os movimentos nas suas contas bancárias foram de 7,7 milhões. Os investigadores concluíram que «os autos contêm abundantes elementos de prova que sustentam a forte convicção de que aos responsáveis da Freeport PLC foram exigidas, por diversas vezes, quantias em dinheiro, alegadamente destinadas às autoridades portuguesas e aos partidos políticos mais representativos». (Correio da Manhã)
Alegada conclusão: há alegados corruptores mas não há alegados corruptos.
Alegada conclusão: há alegados corruptores mas não há alegados corruptos.
18/08/2010
ARTIGO DEFUNTO: É uma questão de perspectiva
FACTOS
Nas últimas duas emissões de dívida pública as taxas médias dos leilões foram as seguintes:
Qual a leitura que estes números permitem suportar? Os mercados antecipam a muito curto prazo uma redução do risco da dívida portuguesa ou uma redução significativa das taxas. A curto-médio prazo, das duas, uma, ou esperam um agravamento da situação financeira do estado português e/ou esperam um aumento das taxas de mercado.
NOTÍCIAS
Perante o mesmo facto, inclusivamente com indicação explícita das mesmas taxas e montantes, dois jornais titulam:
Público - «Estado paga mais juros para emitir dívida com o prazo de um ano»
Jornal de Negócios – «Portugal lidera queda de juros na Europa após sucesso na emissão da dívida»
Nas últimas duas emissões de dívida pública as taxas médias dos leilões foram as seguintes:
Qual a leitura que estes números permitem suportar? Os mercados antecipam a muito curto prazo uma redução do risco da dívida portuguesa ou uma redução significativa das taxas. A curto-médio prazo, das duas, uma, ou esperam um agravamento da situação financeira do estado português e/ou esperam um aumento das taxas de mercado.
NOTÍCIAS
Perante o mesmo facto, inclusivamente com indicação explícita das mesmas taxas e montantes, dois jornais titulam:
Público - «Estado paga mais juros para emitir dívida com o prazo de um ano»
Jornal de Negócios – «Portugal lidera queda de juros na Europa após sucesso na emissão da dívida»
16/08/2010
Os mais poderosos da economia 2010
Talvez por estarmos a atravessar a silly season, o Jornal de Negócios resolveu fazer um inventário silly dos mais poderosos da economia portuguesa. Caiu-me o olho neste homem que tem este curriculum e é o 19.º mais poderoso. Se este é o 19.º como serão o 20.º e seguintes, interroguei-me. Quatro lugares mais abaixo está Cavaco Silva seguido de um Espírito. Concluí que devem ser os poderes ocultos da criatura.
ESTADO DE SÍTIO: Se não consegues extingui-los, apropria-os
Um dia destes, o ministro da Agricultura, um dos poucos poupados no falar, e portanto nas asneiras prontamente desmentidas por Sócrates, teve um delírio eventualmente motivado pelo intenso calor. Defendeu a ideia, mais tarde reivindicada pelo candidato Defensor de Moura, de expropriar os terrenos abandonados como medida de prevenção dos incêndios florestais. Esses terrenos iriam juntar-se às florestas do domínio público das quais já ninguém cuida. Seria talvez uma medida adequada para diminuir o desemprego, a exemplo do Fundo Florestal Permanente a torrar umas dezenas de milhão do seu orçamento para manter uma burocracia inútil.
15/08/2010
Mitos (21) - a economia alemã vai continuar a ser o motor da Europa
Assim tem sido, como se confirma pelo crescimento no 2.º trimestre que foi o mais alto desde a reunificação. Provavelmente continuará a ser nos próximos anos, muito graças às empresas mittelstand que representam três quartos do emprego e outro tanto das exportações.
E no longo prazo quando estaremos todos mortos, como dizia o John Maynard? Nesse horizonte, será conveniente ter em conta a arguta observação (1) do ex-esquerdista Félix Ribeiro do departamento de Prospectiva do ministério da Economia e possivelmente a sua única mente ainda lúcida. (2)
«A Alemanha tem dois problemas. O primeiro é que é uma economia muito exportadora mas não é inovadora. Não há nada de novo que a Alemanha tenha criado nos últimos 50 anos. É extraordinária a melhorar aquilo que já faz há quase 150 anos: automóveis, mecânica, química. Está muito bem adaptada para fornecer países que se industrializam, que se urbanizam e que se motorizam. Mas tem uma grande dificuldade em inovar sobretudo quando as economias desenvolvidas passaram a ser economias terciárias. No sector dos serviços, já praticamente não há um nome alemão. (3) Isso quer dizer que [o modelo alemão] está esgotado e que ainda tem vida apenas porque há economias emergentes. O segundo problema é que o modelo alemão, em termos financeiros, é totalmente oposto ao dos EUA e ao do mundo anglo-saxónico - é um modelo centrado nos bancos.
Os alemães continuam a poupar muito e a colocar muitos depósitos nos seus bancos. Esses bancos tinham tradicionalmente uma relação muito estreita com a indústria alemã, para onde canalizavam o seu dinheiro. O que acontece é que hoje a grande indústria alemã financia-se nos mercados de capitais, que são uma invenção anglo-saxónica. Com muitos depósitos a afluir e com menos negócios tradicionais para aplicar o dinheiro, eles tiveram de ir à procura de aplicações altamente rentáveis e foram comprar coisas como o subprime, do qual foram os segundos grandes compradores. Importaram um vírus que o seu sistema imunitário não tem capacidade para gerir. E, então, para tentar obter novas receitas que lhes permitissem apagar os prejuízos que aquilo ia criar, lançaram-se a comprar dívida soberana dos países do Sul [da Europa].»
(1) Entrevista ao Público do dia 5.
(2) FR é um exemplo que o esquerdismo pode ter cura sem se transformar no neo-situacionismo. Infelizmente vai-se reformar e o departamento fica entregue aos «mais novos … a geração da procura da felicidade», como ele diz.
(3) Esquecendo os bancos que FR trata em separado, há vários nomes alemães nos serviços, como por exemplo a Allianz (maior seguradora do mundo com 100 mil milhões de prémios e 150.000 empregados em quase todo o mundo), Munich Re (maior resseguradora mundial com 40 mil milhões de prémios e 47.000 empregados), SAP (6.ª maior nos IT services, com 10,6 mil milhões e 45.000 empregados em 50 países) ou a Roland Berger Strategy Consultants (com quase mil milhões de facturação e 2.000 consultores em 25 países, entre muitos outros nomes.
E no longo prazo quando estaremos todos mortos, como dizia o John Maynard? Nesse horizonte, será conveniente ter em conta a arguta observação (1) do ex-esquerdista Félix Ribeiro do departamento de Prospectiva do ministério da Economia e possivelmente a sua única mente ainda lúcida. (2)
«A Alemanha tem dois problemas. O primeiro é que é uma economia muito exportadora mas não é inovadora. Não há nada de novo que a Alemanha tenha criado nos últimos 50 anos. É extraordinária a melhorar aquilo que já faz há quase 150 anos: automóveis, mecânica, química. Está muito bem adaptada para fornecer países que se industrializam, que se urbanizam e que se motorizam. Mas tem uma grande dificuldade em inovar sobretudo quando as economias desenvolvidas passaram a ser economias terciárias. No sector dos serviços, já praticamente não há um nome alemão. (3) Isso quer dizer que [o modelo alemão] está esgotado e que ainda tem vida apenas porque há economias emergentes. O segundo problema é que o modelo alemão, em termos financeiros, é totalmente oposto ao dos EUA e ao do mundo anglo-saxónico - é um modelo centrado nos bancos.
Os alemães continuam a poupar muito e a colocar muitos depósitos nos seus bancos. Esses bancos tinham tradicionalmente uma relação muito estreita com a indústria alemã, para onde canalizavam o seu dinheiro. O que acontece é que hoje a grande indústria alemã financia-se nos mercados de capitais, que são uma invenção anglo-saxónica. Com muitos depósitos a afluir e com menos negócios tradicionais para aplicar o dinheiro, eles tiveram de ir à procura de aplicações altamente rentáveis e foram comprar coisas como o subprime, do qual foram os segundos grandes compradores. Importaram um vírus que o seu sistema imunitário não tem capacidade para gerir. E, então, para tentar obter novas receitas que lhes permitissem apagar os prejuízos que aquilo ia criar, lançaram-se a comprar dívida soberana dos países do Sul [da Europa].»
(1) Entrevista ao Público do dia 5.
(2) FR é um exemplo que o esquerdismo pode ter cura sem se transformar no neo-situacionismo. Infelizmente vai-se reformar e o departamento fica entregue aos «mais novos … a geração da procura da felicidade», como ele diz.
(3) Esquecendo os bancos que FR trata em separado, há vários nomes alemães nos serviços, como por exemplo a Allianz (maior seguradora do mundo com 100 mil milhões de prémios e 150.000 empregados em quase todo o mundo), Munich Re (maior resseguradora mundial com 40 mil milhões de prémios e 47.000 empregados), SAP (6.ª maior nos IT services, com 10,6 mil milhões e 45.000 empregados em 50 países) ou a Roland Berger Strategy Consultants (com quase mil milhões de facturação e 2.000 consultores em 25 países, entre muitos outros nomes.
14/08/2010
CASE STUDY: António Champalimaud revolve-se na tumba
António Champalimaud destinou no seu testamento 73% da quota disponível da herança à criação de uma fundação que deveria ter «por objecto e finalidade o desenvolvimento da actividade de pesquisa científica no campo da medicina». Dois significativos exemplos do entendimento da administração da fundação sobre como prosseguir aquela finalidade:
Champimóvel
«Centro de investigação científica multidisciplinar, translacional e de referência no campo da biomedicina» em Pedrouços
É um investimento de cujo montante não se encontra informação objectiva, anunciado como criando 700 postos de trabalho, como se fosse uma fábrica de confecções no vale do Ave. O investimento total em edifícios e equipamentos atingirá provavelmente muitas dezenas de milhões de euros e uma percentagem significativa dos activos da Fundação que eram de 470 milhões de euros no relatório de 2007 - último disponível no site, mais de dois anos e meio depois do encerramento do exercício.
Como referência, os imóveis e equipamento da Fundação Gates no relatório de 2009 representavam pouco mais de 1% do total dos activos e as despesas administrativas e de gestão representavam 6% do total das despesas, sendo o restante despesas de programas e principalmente contribuições e donativos representando 85% do total.
Em conclusão, melhor para a «pesquisa científica no campo da medicina» em particular e para a humanidade em geral teria sido António Champalimaud seguir o exemplo de Warren Buffet fazendo uma doação à Fundação Gates. A Fundação Champalimaud poderá ter serventia para alindar as vista da beira rio, para dar emprego a portugueses e assento nos seus órgãos a muito rabo emproado (veja a lista de luminárias dos conselhos de curadores e os membros do júri, onde se destacam os incontornáveis Cavaco Silva, Almeida Santos, Proença de Carvalho, Cunha Vaz e António Guterres).
Champimóvel
«Centro de investigação científica multidisciplinar, translacional e de referência no campo da biomedicina» em Pedrouços
É um investimento de cujo montante não se encontra informação objectiva, anunciado como criando 700 postos de trabalho, como se fosse uma fábrica de confecções no vale do Ave. O investimento total em edifícios e equipamentos atingirá provavelmente muitas dezenas de milhões de euros e uma percentagem significativa dos activos da Fundação que eram de 470 milhões de euros no relatório de 2007 - último disponível no site, mais de dois anos e meio depois do encerramento do exercício.
Como referência, os imóveis e equipamento da Fundação Gates no relatório de 2009 representavam pouco mais de 1% do total dos activos e as despesas administrativas e de gestão representavam 6% do total das despesas, sendo o restante despesas de programas e principalmente contribuições e donativos representando 85% do total.
Em conclusão, melhor para a «pesquisa científica no campo da medicina» em particular e para a humanidade em geral teria sido António Champalimaud seguir o exemplo de Warren Buffet fazendo uma doação à Fundação Gates. A Fundação Champalimaud poderá ter serventia para alindar as vista da beira rio, para dar emprego a portugueses e assento nos seus órgãos a muito rabo emproado (veja a lista de luminárias dos conselhos de curadores e os membros do júri, onde se destacam os incontornáveis Cavaco Silva, Almeida Santos, Proença de Carvalho, Cunha Vaz e António Guterres).
CASE STUDY: Uma espécie de SCUT local
Desde 2004 existe um metro de superfície monocarril sem condutor com um percurso de 1,2 km ligando Paço de Arcos ao Shopping Oeiras Parque. A empresa que o explora (SATU) é participada pela CM Oeiras e pela Teixeira Duarte e tem um prejuízo acumulado de 16,8 milhões. A maior parte das vezes, a carruagem transporta um pequeno número de passageiros – em 2099 foram 220 mil e a SATU perdeu 15€ por cada, apesar de cobrar 1,15€ por um percurso de 1,2 km.
Como seria de esperar, há ideias para tornar «rentável» o investimento, basicamente inspiradas no efeito Lockheed TriStar, torrando mas uns muitos milhões de euros para levar o metro mais 9 km até ao Cacém.
[Dados publicados no Confidencial do semanário Sol]
Como seria de esperar, há ideias para tornar «rentável» o investimento, basicamente inspiradas no efeito Lockheed TriStar, torrando mas uns muitos milhões de euros para levar o metro mais 9 km até ao Cacém.
[Dados publicados no Confidencial do semanário Sol]
13/08/2010
Lost in translation (58) – não são só as florestas que estão a arder, queria ele dizer
No 2.º trimestre o PIB da UE27 cresceu 1%. O PIB português com um crescimento de 0,2% foi o quarto, ex aequo com a Espanha, com menor crescimento. José Sócrates interrompeu as férias correndo atrás de Aníbal Cavaco a ajudar os bombeiros a apagar os incêndios para deixar algo para arder para o próximo ano. No intervalo do combate aos incêndios, a propósito do comportamento da economia, José Sócrates considerou os números um «sinal de encorajamento e confiança».
A amizade é uma coisa muito bonita
Manuel Pinho, ex-ministro da Economia, e António Mexia, presidente da EDP, são duas almas gémeas. Foram ambos empregados dos Espíritos, os banqueiros do regime, e Pinho enquanto ministro patrocinou a chuva de subsídios às energias renováveis que ensopou a subsidiária EDP Renováveis. Saído do governo, com a energia renovada, as forças vivas da nação empenharam-se em ocupar Pinho, como vice-presidente do BES África e como presidente do Conselho de Administração da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, em substituição dessa incontornável figura do regime que se chama António Vitorino.
Sobrando-lhe ainda assim energia, era imperioso utilizá-la. Foi o que fez a EDP que doou à universidade de Columbia um valor que não pode ser revelado para ser promovido um seminário de que será professor visitante o amigo Pinho.
Sobrando-lhe ainda assim energia, era imperioso utilizá-la. Foi o que fez a EDP que doou à universidade de Columbia um valor que não pode ser revelado para ser promovido um seminário de que será professor visitante o amigo Pinho.
12/08/2010
A PT é uma espécie de vaca marsupial pública e alguns accionistas são vitelos mamões
Já se sabia que vários accionistas vendem bens e serviços à PT em condições preferenciais. Alguns deles, como a Controlinveste e a Visabeira, provavelmente até só são accionistas por essa razão. Outros, como o BES e a Caixa, terão outras razões, mas não deixam de aproveitar uma oportunidade como a da assessoria à venda da Vivo e compra da Oi para cobrarem 12,5 milhões de euros. É uma comissão que daria para pagar uma equipa de 100 consultores para cada um dos bancos durante 100 dias com uma taxa pantagruélico de 1.250 euros por consultor e dia. Note-se que a Merryl Linch cobrou outro tanto e Morgan Stanley mais uns trocos. Tudo isto só para preparam os papéis porque quanto a negociação e decisão estava já tudo feito pelo bando dos que disputam a boca de cena. Certo? Se não, o que estiveram a fazer Lula da Silva, Dilma Rousseff e José Dirceu, por um lado, e José Sócrates, Ricardo Salgado, José Maria Ricciardi, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, por outro?
DIÁRIO DE BORDO: Passarinho caído do ninho
Vamos esperar para ver se: aguenta os calores tórridos e a dieta a pão saloio, não se convence que sou pai (ou mãe) dele e não apareça por cá o gato de Cheshire ou o gato Varandas.
11/08/2010
Estado empreendedor (34) – uma empresa pública está ao serviço dos seus funcionários
A TAP (Take Another Plane) não está a servir refeições em certos voos, alegadamente por falta de tripulantes. Segundo o sindicato do pessoal de voo «sem a tripulação completa não estão reunidas condições para fazer a vigilância e simultaneamente o serviço aos passageiros» - o sindicato não explicou em que consiste a vigilância. Segundo uma advogada da PLMJ (a sociedade do advogado do regime Júdice), «pelo facto de existir um contrato de transporte, não se pode pressupor que há imediatamente o direito a uma refeição». Temos pois a versão do sindicato e a versão dos advogados, falta a versão do responsável da qualidade da TAP, supondo que tal coisa exista.
E porque faltam tripulantes numa empresa pública falida nesta altura de maior procura? Porque estão de férias, ora essa. Em conclusão, a TAP é uma high cost com um serviço de low cost, muito pior em termos de pontualidade.
E porque faltam tripulantes numa empresa pública falida nesta altura de maior procura? Porque estão de férias, ora essa. Em conclusão, a TAP é uma high cost com um serviço de low cost, muito pior em termos de pontualidade.
SERVIÇO PÚBLICO: O comércio externo está surdo aos delírios prospectivos de José Sócrates
A economia, em particular o comércio externo, não parece manifestar o menor entusiasmo pelos delírios prospectivos de José Sócrates. Segundo os dados preliminares do INE, o défice do comércio externo de Abril a Junho aumentou de -4,6 mil milhões em 2009 para -5,0 mil milhões em 2010, nomeadamente por aumento do défice com países terceiros.
Por grandes categorias económicas, com base nos dados disponíveis referentes ao período de Março a Maio, o aumento do défice ter-se-à ficado a dever essencialmente ao aumento das importações de automóveis (+381 milhões) e combustíveis para refinar (+626 milhões). Em contrapartida, a importação de máquinas e outros bens de capital reduziu-se em 105 milhões, mostrando que os portugueses sabem muito bem o que é importante.
A coisa só pode acabar mal. Muito mal.
Por grandes categorias económicas, com base nos dados disponíveis referentes ao período de Março a Maio, o aumento do défice ter-se-à ficado a dever essencialmente ao aumento das importações de automóveis (+381 milhões) e combustíveis para refinar (+626 milhões). Em contrapartida, a importação de máquinas e outros bens de capital reduziu-se em 105 milhões, mostrando que os portugueses sabem muito bem o que é importante.
A coisa só pode acabar mal. Muito mal.
10/08/2010
TRIVIALIDADES: Empurrando-se uns aos outros para agradecer os aplausos
Vou esperar sentado para ver, quando se a operação Oi se revelar um fiasco o que se adivinha, a saída do palco pela esquerda-baixa dos artistas que empurrando-se uns aos outros agora vêm à boca de cena agradecer os aplausos, a começar por José Sócrates, a continuar em Ricciardi e a acabar em Zeinal Bava, para só citar as estrelas da companhia.
Inversão politicamente irremediável do ónus de prova (2)
É claro que todos têm o direito a serem considerados inocentes até serem julgados culpados, sobretudo se forem o primeiro-ministro de um governo cujos tentáculos podem ser uma ameaça para quem dependa do Estado. Não é isso que está em causa. O que está em causa é que um cidadão tem o direito a que não lhe insultem a inteligência e a fazer juízos de probabilidade a partir dos factos que conhece. E esse juízo neste momento só pode ser, tendo em atenção o que se sabe (licenciatura, projectos, etc. - um grande etc.), que já se deu uma politicamente irremediável inversão do ónus de prova, para usar o juridiquês.
O parágrafo anterior foi escrito há um ano e meio a propósito das garantias dadas então pela directora do DCIAP Cândida Almeida de que Sócrates não seria suspeito no processo Freeport, mas permanece actual face aos factos que vão transpirando apesar dos esforços visíveis de José Sócrates e seus dos homens e mulheres de mão para arrumar o assunto. Fica-se a saber que até os ingleses perceberam o que muitos de nós percebem, incluindo que «a Sra. [Cândida] Almeida era contra a ideia de que o primeiro-ministro português pudesse ter recebido qualquer suborno». Fica-se também a saber que as razões porque Sócrates não foi ouvido não se resumem a mera inépcia dos investigadores.
O parágrafo anterior foi escrito há um ano e meio a propósito das garantias dadas então pela directora do DCIAP Cândida Almeida de que Sócrates não seria suspeito no processo Freeport, mas permanece actual face aos factos que vão transpirando apesar dos esforços visíveis de José Sócrates e seus dos homens e mulheres de mão para arrumar o assunto. Fica-se a saber que até os ingleses perceberam o que muitos de nós percebem, incluindo que «a Sra. [Cândida] Almeida era contra a ideia de que o primeiro-ministro português pudesse ter recebido qualquer suborno». Fica-se também a saber que as razões porque Sócrates não foi ouvido não se resumem a mera inépcia dos investigadores.
09/08/2010
Ontem licenciados, amanhã mestres, no futuro doutores
Chegou-me um dia destes um convite para assinar esta petição:
À primeira vista pareceu-me uma petição ridícula. À segunda vista pareceu-me uma petição ridiculamente incontornável. O processo de Bolonha visava permitir aos jovens universitários chegar mais cedo ao mercado de trabalho. Na sua aplicação às universidades portugueses perdeu-se pelo caminho o grau de bacharelato, muitas licenciaturas encolheram para 4 anos e nas equivalências das que já tinham 4 anos conseguiu-se em muitas universidades uma equivalência ao mestrado com umas cadeirinhas suplementares ad hoc. Com este Bolonha à portuguesa, filho ilegítimo das obsessões harmonizadoras da UE e da chico-esperteza nacional, se os bacharéis são promovidos a licenciados é natural que os licenciados queiram ser promovidos a mestres e, já agora, os mestres aspirem a promoção a doutores.
À primeira vista pareceu-me uma petição ridícula. À segunda vista pareceu-me uma petição ridiculamente incontornável. O processo de Bolonha visava permitir aos jovens universitários chegar mais cedo ao mercado de trabalho. Na sua aplicação às universidades portugueses perdeu-se pelo caminho o grau de bacharelato, muitas licenciaturas encolheram para 4 anos e nas equivalências das que já tinham 4 anos conseguiu-se em muitas universidades uma equivalência ao mestrado com umas cadeirinhas suplementares ad hoc. Com este Bolonha à portuguesa, filho ilegítimo das obsessões harmonizadoras da UE e da chico-esperteza nacional, se os bacharéis são promovidos a licenciados é natural que os licenciados queiram ser promovidos a mestres e, já agora, os mestres aspirem a promoção a doutores.
SERVIÇO PÚBLICO: Testes de (pouca) resistência (3)
[Continuação de (1) e (2)]
Segundo a narrativa da troika Comissão Europeia, BCE e Comité de Supervisores Bancários Europeus em coro com os bancos centrais nacionais, os resultados observados dos testes de resistência foram quase tão bons quanto os previstos e anunciados premonitoriamente nas semanas anteriores. Diferentemente das reservas de muitos analistas independentes quanto à metodologia, os mercados de capitais reagiram até agora positivamente aos resultados e as bolsas recuperam uma parte das perdas deste ano.
Podemos, portanto, virar a página porque os mercados de capitais europeus dobraram o cabo das tormentas? Talvez. Entretanto, à cautela, antes de passar à frente, façamos algumas perguntas. Quem conhece melhor a situação financeira dos bancos europeus? Os próprios bancos. Estão os bancos europeus, com confiança acrescida pelos resultados dos testes de resistência, a emprestar mais dinheiro uns aos outros? Não parece. Continuam as dificuldades de financiamento no mercado interbancário e as taxas a subir.
Segundo a narrativa da troika Comissão Europeia, BCE e Comité de Supervisores Bancários Europeus em coro com os bancos centrais nacionais, os resultados observados dos testes de resistência foram quase tão bons quanto os previstos e anunciados premonitoriamente nas semanas anteriores. Diferentemente das reservas de muitos analistas independentes quanto à metodologia, os mercados de capitais reagiram até agora positivamente aos resultados e as bolsas recuperam uma parte das perdas deste ano.
Podemos, portanto, virar a página porque os mercados de capitais europeus dobraram o cabo das tormentas? Talvez. Entretanto, à cautela, antes de passar à frente, façamos algumas perguntas. Quem conhece melhor a situação financeira dos bancos europeus? Os próprios bancos. Estão os bancos europeus, com confiança acrescida pelos resultados dos testes de resistência, a emprestar mais dinheiro uns aos outros? Não parece. Continuam as dificuldades de financiamento no mercado interbancário e as taxas a subir.
08/08/2010
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: A fábula do surto inventivo que nos assola
Se há coisa que me faz urticária é a tendência doméstica para o auto-contentamento, especialmente notória no jornalismo apologético. Um exemplo deste fim-de-semana é a peça publicada pelo Expresso sobre o suposto surto inventivo que assola os portugueses. O facto que suporta o título «Portugueses criam duas invenções por dia» deveria ser suficiente para desencorajar o jornalista de escrever a peça naquele tom encomiástico, se a criatura se tivesse dado ao incómodo de olhar para as estatísticas do European Patent Office (EPO). Não o fez e escreveu coisas como «os investigadores portugueses estão cada vez mais a dar cartas no mercado global», escreveu, citando o presidente do INPI ou «ao nível da ciência, já temos um desempenho comparável aos dos países mais desenvolvidos da Europa e até do mundo», citando o presidente do IST. O resto da narrativa é no mesmo tom de fábula.
Infelizmente tanto encómio não resiste aos factos. Já o ano passado aqui se desmontou uma outra peça de jornalismo apologético de Nicolau Santos sobre o surto de I&D que, segundo ele, o país estaria a atravessar. Desta vez é mais do mesmo oferecido pelo Expresso para nos animar. Vejamos, pois, os factos, sempre desagradáveis.
Em primeiro lugar, as 723 patentes com pedido de registo em 2009 no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) são patentes «domésticas». A maioria delas não chegará ao crivo do EPO, a começar pelo facto do pedido de registo no EPO custar 20.000 euros e o do INPI custar 100 euros, donde qualquer luso inventor vá a correr a INPI pedir o registo duma ideia que lhe veio ao bestunto numa noite de insónia na cama pelo preço duma noite de insónia nas docas.
Quando comparamos os pedidos de registo em 2009 no EPO, verificamos que Portugal pediu o registo de 107 patentes (compare-se com os 723 pedidos ao INPI) e dos 36 países considerados só há 13 com menos pedidos. Em número de pedidos por milhão de habitantes, desses 36 países só há 9 com menos do que os 10,1 por milhão de Portugal: Bulgária, Grécia, Croácia, Lituânia, Macedónia, Polónia, Roménia, Eslováquia e Turquia. A nossa vizinha Espanha, por exemplo, registou 12 vezes mais patentes e não consta esteja a celebrar nenhum surto inventivo.
Vejamos o que se passa com os pedidos de patente no USPTO (United States Patent and Trademark Office) onde são registados todas as invenções que interessam. O que se observa no «Patent Counts by Country/State and Year – All Patent Types» é arrasador. Portugal registou menos patentes em 2009 (19) do que em 2008 (31) e desde 1977 apenas registou 291 patentes. Do total registado em 2009 no USPTO (191.933 ou 29 patentes por milhão de habitante, considerando um total de 6.900 milhões), as 19 patentes portuguesas representam uma percentagem infinitesimal e correspondem a menos de 2 patentes por milhão de habitantes (compara com a média mundial de 29).
Porquê a minha urticária com estas efabulações? Porque ninguém sai de um atoleiro onde se meteu ou foi metido se não perceber que está nele.
Infelizmente tanto encómio não resiste aos factos. Já o ano passado aqui se desmontou uma outra peça de jornalismo apologético de Nicolau Santos sobre o surto de I&D que, segundo ele, o país estaria a atravessar. Desta vez é mais do mesmo oferecido pelo Expresso para nos animar. Vejamos, pois, os factos, sempre desagradáveis.
Em primeiro lugar, as 723 patentes com pedido de registo em 2009 no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) são patentes «domésticas». A maioria delas não chegará ao crivo do EPO, a começar pelo facto do pedido de registo no EPO custar 20.000 euros e o do INPI custar 100 euros, donde qualquer luso inventor vá a correr a INPI pedir o registo duma ideia que lhe veio ao bestunto numa noite de insónia na cama pelo preço duma noite de insónia nas docas.
Quando comparamos os pedidos de registo em 2009 no EPO, verificamos que Portugal pediu o registo de 107 patentes (compare-se com os 723 pedidos ao INPI) e dos 36 países considerados só há 13 com menos pedidos. Em número de pedidos por milhão de habitantes, desses 36 países só há 9 com menos do que os 10,1 por milhão de Portugal: Bulgária, Grécia, Croácia, Lituânia, Macedónia, Polónia, Roménia, Eslováquia e Turquia. A nossa vizinha Espanha, por exemplo, registou 12 vezes mais patentes e não consta esteja a celebrar nenhum surto inventivo.
Vejamos o que se passa com os pedidos de patente no USPTO (United States Patent and Trademark Office) onde são registados todas as invenções que interessam. O que se observa no «Patent Counts by Country/State and Year – All Patent Types» é arrasador. Portugal registou menos patentes em 2009 (19) do que em 2008 (31) e desde 1977 apenas registou 291 patentes. Do total registado em 2009 no USPTO (191.933 ou 29 patentes por milhão de habitante, considerando um total de 6.900 milhões), as 19 patentes portuguesas representam uma percentagem infinitesimal e correspondem a menos de 2 patentes por milhão de habitantes (compara com a média mundial de 29).
Porquê a minha urticária com estas efabulações? Porque ninguém sai de um atoleiro onde se meteu ou foi metido se não perceber que está nele.
07/08/2010
A caminho dos amanhãs que choram os pastorinhos abandonam o barco (3)
Daniel Amaral não pára de me surpreender. Depois de muita prosa gasta durante anos a justificar as políticas guterristas e socráticas, os seus prognósticos vão agora de catástrofes a tragédias.
«O busílis está aqui. O cenário, ainda que inevitável, é de uma enorme violência. E não é crível que as oposições ao Governo estejam dispostas a colaborar. Pelo contrário, o que se antecipa é o linchamento: o PCP e o Bloco, por razões políticas; o PSD e o CDS, por razões estratégicas - que importa o país, se o odioso cair sobre o PS? Enfim, o OE-2011 deverá ser chumbado. Espanta-me sobretudo o PSD, que aspira a ser governo: continua a dar tiros nos pés.
O chumbo do OE-2011 poderá ter várias implicações: a revisão do documento, a demissão do Governo, a aplicação de duodécimos, etc. Passo por cima de todas elas para me centrar na que é mais importante: o falhanço perante Bruxelas. A reacção só pode ser agressiva e eu receio o pior - a expulsão do euro. Claro que esta figura não está prevista. Mas, no dia em que os financiadores nos abandonarem, qual é a alternativa?
Imaginemos então o regresso ao escudo. O passo seguinte é a contratação de um FMI qualquer, que nos imporá a receita do costume: desvalorizações brutais, inflação galopante, salários decrescentes, endividamento louco. E como as taxas de juro também deverão subir, o crédito à habitação poderá tornar-se ingerível, transferindo para o sistema uma bolha de consequências inimagináveis. Vou medir bem as palavras: podemos estar à beira de uma tragédia.
Por favor, não brinquem com o fogo.»
Curiosamente o título do seu artigo é «Pirómanos», possivelmente uma alusão aos partidos da oposição que ele antecipa se furtem a combater o incêndio soprado pelo PS. Esqueceu-se do bombeiro incendiário que em 12 dos últimos 15 anos finge combater o incêndio que ateou.
«O busílis está aqui. O cenário, ainda que inevitável, é de uma enorme violência. E não é crível que as oposições ao Governo estejam dispostas a colaborar. Pelo contrário, o que se antecipa é o linchamento: o PCP e o Bloco, por razões políticas; o PSD e o CDS, por razões estratégicas - que importa o país, se o odioso cair sobre o PS? Enfim, o OE-2011 deverá ser chumbado. Espanta-me sobretudo o PSD, que aspira a ser governo: continua a dar tiros nos pés.
O chumbo do OE-2011 poderá ter várias implicações: a revisão do documento, a demissão do Governo, a aplicação de duodécimos, etc. Passo por cima de todas elas para me centrar na que é mais importante: o falhanço perante Bruxelas. A reacção só pode ser agressiva e eu receio o pior - a expulsão do euro. Claro que esta figura não está prevista. Mas, no dia em que os financiadores nos abandonarem, qual é a alternativa?
Imaginemos então o regresso ao escudo. O passo seguinte é a contratação de um FMI qualquer, que nos imporá a receita do costume: desvalorizações brutais, inflação galopante, salários decrescentes, endividamento louco. E como as taxas de juro também deverão subir, o crédito à habitação poderá tornar-se ingerível, transferindo para o sistema uma bolha de consequências inimagináveis. Vou medir bem as palavras: podemos estar à beira de uma tragédia.
Por favor, não brinquem com o fogo.»
Curiosamente o título do seu artigo é «Pirómanos», possivelmente uma alusão aos partidos da oposição que ele antecipa se furtem a combater o incêndio soprado pelo PS. Esqueceu-se do bombeiro incendiário que em 12 dos últimos 15 anos finge combater o incêndio que ateou.
A atracção fatal entre a banca do regime e o poder (6) – todos os azimutes
Não terá sido por acaso ou distracção que Ricardo Salgado garantiu recentemente que o «BES é um banco de todos os regimes». Poderia mesmo ter acrescentado, parafraseando o general de Gaulle, «em todos os azimutes». Como por exemplo em Angola onde tem como sócios no BESA la crème de la crème da nomenclatura do MPLA: o general Kopelipa e os seus lugares-tenentes que compraram a posição do general Dino e de Manuel Vicente da Sonangol e o grupo Geni de Isabel dos Santos, filha do presidente.
Mitos (20) - os socialistas são amigos dos pobres
Como compreender à luz da vulgata anti-capitalista, que um Warren Buffet já tenha doado metade da sua fortuna à Fundação Gates (*), tenha prometido mais 49% e tenha convencido os seguintes capitalistas (and couting) a doar pelo menos metade para filantropia :
Paul G. Allen, Laura and John Arnold, Michael R. Bloomberg, Eli and Edythe Broad, Warren Buffett, Michele Chan and Patrick Soon- Shiong, Barry Diller and Diane von Furstenberg, Ann and John Doerr, Larry Ellison, Bill and Melinda Gates, Barron Hilton, Jon and Karen Huntsman, Joan and Irwin Jacobs, George B. Kaiser, Elaine and Ken Langone, Gerry and Marguerite Lenfest, Lorry I. Lokey, George Lucas, Alfred E. Mann, Bernie and Billi Marcus, Thomas S. Monaghan, Tashia and John Morgridge, Pierre and Pam Omidyar, Bernard and Barbro Osher, Ronald O. Perelman, Peter G. Peterson, T. Boone Pickens, Julian H. Robertson Jr., David Rockefeller, David M. Rubenstein, Herb and Marion Sandler, Vicki and Roger Sant, Walter Scott Jr., Jim and Marilyn Simons, Jeff Skoll, Tom Steyer and Kat Taylor, Jim and Virginia Stowers, Ted Turner, Sanford and Joan Weill, Shelby White.
«Our family continues to be united in the belief that those who have benefitted the most from our nation’s economic system have a special responsibility to give back to our society in meaningful ways», explicou Rockefeller numa carta. «I’m not a big fan of inherited wealth. It generally does more harm than good», escreveu por seu turno T. Boone Pickens.
Não estamos a falar de trocos. Estamos a falar de milhares de milhões de dólares, para muitos deles. Em conclusão, os amigos dos pobres são os capitalistas. Para os socialistas, os pobres são apenas clientes do mercado onde vendem as suas mezinhas. Por isso, eles não querem acabar com o seu mercado. Eles querem acabar com os ricos.
(*) Não, a Fundação Gates não é parecida com a Fundação Luís Figo, nem mesmo com a Fundação Champalimaud que está a enterrar em Pedrouços uma pipa de massa, uns bons por cento da doação de 830 milhões de euros. A Fundação Gates gasta dinheiro em projectos como AIDS, malária, tuberculose, etc.
Paul G. Allen, Laura and John Arnold, Michael R. Bloomberg, Eli and Edythe Broad, Warren Buffett, Michele Chan and Patrick Soon- Shiong, Barry Diller and Diane von Furstenberg, Ann and John Doerr, Larry Ellison, Bill and Melinda Gates, Barron Hilton, Jon and Karen Huntsman, Joan and Irwin Jacobs, George B. Kaiser, Elaine and Ken Langone, Gerry and Marguerite Lenfest, Lorry I. Lokey, George Lucas, Alfred E. Mann, Bernie and Billi Marcus, Thomas S. Monaghan, Tashia and John Morgridge, Pierre and Pam Omidyar, Bernard and Barbro Osher, Ronald O. Perelman, Peter G. Peterson, T. Boone Pickens, Julian H. Robertson Jr., David Rockefeller, David M. Rubenstein, Herb and Marion Sandler, Vicki and Roger Sant, Walter Scott Jr., Jim and Marilyn Simons, Jeff Skoll, Tom Steyer and Kat Taylor, Jim and Virginia Stowers, Ted Turner, Sanford and Joan Weill, Shelby White.
«Our family continues to be united in the belief that those who have benefitted the most from our nation’s economic system have a special responsibility to give back to our society in meaningful ways», explicou Rockefeller numa carta. «I’m not a big fan of inherited wealth. It generally does more harm than good», escreveu por seu turno T. Boone Pickens.
Não estamos a falar de trocos. Estamos a falar de milhares de milhões de dólares, para muitos deles. Em conclusão, os amigos dos pobres são os capitalistas. Para os socialistas, os pobres são apenas clientes do mercado onde vendem as suas mezinhas. Por isso, eles não querem acabar com o seu mercado. Eles querem acabar com os ricos.
(*) Não, a Fundação Gates não é parecida com a Fundação Luís Figo, nem mesmo com a Fundação Champalimaud que está a enterrar em Pedrouços uma pipa de massa, uns bons por cento da doação de 830 milhões de euros. A Fundação Gates gasta dinheiro em projectos como AIDS, malária, tuberculose, etc.
06/08/2010
ESTADO DE SÍTIO: A ordem é pobre e os frades são muitos (2)
O governo de Sócrates continua a trabalhar como se viu para agravar o défice e, consequentemente, o endividamento, o qual agravará mais o défice, o qual agravará mais o endividamento, o qual … Além disso, ainda se esmerou a ajudar o sector privado a reduzir a competitividade da economia promovendo o maior aumento do salário mínimo da Zona Euro, seguido, não certamente por caso, pelo da Grécia (5,6% e 5,5%, respectivamente).
A coisa só pode acabar mal. Muito mal.
A coisa só pode acabar mal. Muito mal.
ESTADO DE SÍTIO: A ordem é pobre e os frades são muitos
Segundo o estudo do BCE aqui citado por Miguel Frasquilho, nos primeiros 10 anos do euro o crescimento acumulado dos salários da função pública em Portugal foi 58,0% (contra 35,3% do sector privado), um dos mais elevados da Zona Euro cuja média foi 34,9%. Em plena vigência do PEC 2, com todos os olhos da CE, do BCE e dos nossos inimigos de estimação (especuladores e agências de rating), o que faz o governo? Reduz as despesas correntes? Não, aumenta-as 5,1% relativamente ao 1.º semestre do ano anterior. Despede excedentários, congela ou reduz salários? Não, admite nos quadros nos ministérios da Saúde e da Educação 6 mil funcionários com «vínculo precário ao Estado».
A coisa só pode acabar mal. Muito mal.
A coisa só pode acabar mal. Muito mal.
05/08/2010
O aplauso à PT
É preciso reconhecer que Zeinal Bava, o CEO da PT, tem pelo menos um mérito evidente (tem mais, mas agora não tenho tempo). A saber: vende-se bem aos analistas financeiros (e a outros, mas agora não vou por aí). Só isso pode explicar que 12 analistas, que vão desde o BPI até ao Citi, passando pelo UBS, aplaudam os resultados trimestrais de 164 milhões – aplaudir foi o verbo usado pelo Jornal de Negócios e do Diário Económico, denunciando talvez a mãozinha do PR da PT que preparou o manipulado. Aplauso que passa ao lado do aumento no 2.º trimestre da insuficiência de 156 milhões do fundo de pensões, a qual engoliria quase todo o lucro do trimestre. Aplauso que passa por cima da insuficiência de 1,2 mil milhões do fundo de pensões, insuficiência que para ser suprida teria engolido os resultados de 2008 e 2009.
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Crime e castigo
Perguntava-me aqui como podem os accionistas portugueses da PT ter-se submetido aos ditames da clique socrática que ocupa o governo, ainda sem saber que a PT poderá vir a pagar entre 6 a 10 vezes o valor de mercado da Oi. Recorde-se que a Telefónica pagou 3,4 vezes o valor de mercado por 30% da Vivo, o que foi considerado um prémio elevadíssimo. É um castigo duríssimo, embora merecido, para os accionistas portugueses da PT: os Espíritos e a sua banca do regime, a Controlinveste do amigo Oliveira e a Visabeira, um dos maiores fornecedores da PT. Infelizmente o castigo da Caixa, um dos maiores accionistas, é um castigo dos contribuintes, parcialmente merecido pelos sujeitos passivos que votaram no PS.
04/08/2010
Quem é o culpado da nossa miséria?
O estado está endividado, o sistema financeiro está endividado, as empresas estão endividadas, os particulares estão endividados, o país está endividado e não pára de se endividar. Temos um défice orçamental crónico, temporariamente suspenso quando a coisa ainda pode ser resolvida com engenharia orçamental. Temos um défice crónico do comércio externo. Temos uma das produtividades mais baixas da UE e em perda. Temos a economia anémica há mais de 10 anos, deixámos de convergir para a média da EU e vamos sendo sucessivamente ultrapassados pelos novos membros sobreviventes do colapso da economia soviética.
De quem é a culpa? Do salazarismo e do seu condicionamento industrial? É difícil de sustentar porque nos seus últimos anos, depois da adesão à EFTA, crescemos como nunca mais crescemos depois, não tínhamos praticamente dívida externa, e as despesas públicas apesar da guerra colonial eram uma fracção das actuais. Como quer que seja, duas gerações passadas, o crime já teria prescrito.
Das loucuras do PREC e da sovietização da economia? As opiniões dividem-se. Da adesão à EU? É difícil de sustentar porque foi nos 10 anos imediatos que a economia mais cresceu? Da construção do Estado Social, iniciada pelo Botas, continuada pelo Bloco Central e metodicamente aperfeiçoada pelo PS em 12 dos últimos 15 anos? Das práticas colectivistas e da ocupação do Estado Social por levas sucessivas e alternadas de apparatchiks do PS e do PSD? Da crescente intervenção do Estado na economia e da promiscuidade entre o poder político e o poder económico? Não, não e não!
A culpa é do suspeito do costume – o neo-liberalismo, uma espécie de neo-coisismo.
De quem é a culpa? Do salazarismo e do seu condicionamento industrial? É difícil de sustentar porque nos seus últimos anos, depois da adesão à EFTA, crescemos como nunca mais crescemos depois, não tínhamos praticamente dívida externa, e as despesas públicas apesar da guerra colonial eram uma fracção das actuais. Como quer que seja, duas gerações passadas, o crime já teria prescrito.
Das loucuras do PREC e da sovietização da economia? As opiniões dividem-se. Da adesão à EU? É difícil de sustentar porque foi nos 10 anos imediatos que a economia mais cresceu? Da construção do Estado Social, iniciada pelo Botas, continuada pelo Bloco Central e metodicamente aperfeiçoada pelo PS em 12 dos últimos 15 anos? Das práticas colectivistas e da ocupação do Estado Social por levas sucessivas e alternadas de apparatchiks do PS e do PSD? Da crescente intervenção do Estado na economia e da promiscuidade entre o poder político e o poder económico? Não, não e não!
A culpa é do suspeito do costume – o neo-liberalismo, uma espécie de neo-coisismo.
03/08/2010
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Há algo de podre no reino de Portugal
Se já é suficientemente mau o governo ter interferido nas decisões dos accionistas da PT, imagine-se o que é o governo ter montado uma operação essencialmente política, como aqui se relata (via Blasfémias), em que a PT se vê envolvida pela mão de José Sócrates no vespeiro duma Oi com uma estrutura societária absolutamente bizarra, accionistas que não fazem a mínima ideia do que seja o negócio de telecomunicações, tudo para «armar o Partido dos Trabalhadores (a reboque do qual virá, agora, o Partido Socialista de Portugal) com a imbatível arma de um sistema completo e verticalizado de telecomunicações, com projecção nacional e internacional, que lhe dará poderes incontestáveis sobre o verdadeiro esqueleto em cima do qual se estruturam e se apoiam toda a economia e, para ser directo e resumido, todas as actividades humanas hoje em dia».
Como podem os accionistas portugueses ter-se submetido aos ditames daquela gente? É ver quem são eles: os Espíritos que têm mantido com os governos socialistas uma promiscuidade sem vergonha, a Caixa, a Controlinveste do amigo Oliveira e a Visabeira (um dos maiores fornecedores da PT).
E podia ser de outra maneira? Dificilmente, dadas as circunstâncias, e nunca com esta mesma gente que ocupa o aparelho de estado napoleónico-estalinista. Não há milagre que transforme gente que afunda um estado ineficiente e falido, aprofunda a falência de empresas públicas falidas e de caminho torra milhares de milhões de dinheiro extorquido aos contribuintes, em gente com visão estratégica e empreendedorismo suficientes para tomar decisões deste calibre, ainda por cima, envolvendo capitais alheios para os quais não contribuíram com um cêntimo.
Como podem os accionistas portugueses ter-se submetido aos ditames daquela gente? É ver quem são eles: os Espíritos que têm mantido com os governos socialistas uma promiscuidade sem vergonha, a Caixa, a Controlinveste do amigo Oliveira e a Visabeira (um dos maiores fornecedores da PT).
E podia ser de outra maneira? Dificilmente, dadas as circunstâncias, e nunca com esta mesma gente que ocupa o aparelho de estado napoleónico-estalinista. Não há milagre que transforme gente que afunda um estado ineficiente e falido, aprofunda a falência de empresas públicas falidas e de caminho torra milhares de milhões de dinheiro extorquido aos contribuintes, em gente com visão estratégica e empreendedorismo suficientes para tomar decisões deste calibre, ainda por cima, envolvendo capitais alheios para os quais não contribuíram com um cêntimo.
02/08/2010
Lost in translation (57) – Rigor? Já fizemos engenharia orçamental no passado. Voltaremos a fazê-lo no futuro, queria ele dizer (XI)
Bem pode o governo começar a preparar o PEC 3, porque o défice continua a derrapar. E o que faz o governo? Mandou o ministério da Saúde vender à empresa pública Estamo, uma participada da Parpública, os hospitais de Santa Marta, São José, Capuchos e Miguel Bombarda por cerca de 110 milhões e as sedes da Direcção-Geral de Saúde e da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo por 6 milhões. Mandou o ministério da Agricultura vender dois prédios do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) por 21 milhões e mandou ainda outros ministérios vender outros prédios que totalizam 16 milhões. E o que fez o governo com estes dinheiros? Aumentou o capital de 18 hospitais em 75 milhões, fintando o OE, e o resto são receitas fora do OE, fintando-o uma vez mais.
Estado empreendedor (33) – cada um tem o Metro que pode
Com um passivo de 2 mil milhões (1,2% do PIB), um défice de liquidez a curto a prazo de 200 milhões e a banca a cortar-lhe o crédito à falta dos avales do Estado, o Metro do Porto está a beira da ruptura financeira. Face a isto, a administração faz ultimatos ao governo que assobia para o lado. Outro galo cantaria se fosse o Metro de Lisboa - passivo de 3,3 mil milhões, administração povoada com apparatchiks do PS. Tratando-se do Metro de Porto, o passivo é muito menor, mas não ajuda uma administração povoada de apparatchiks do PSD, incluindo Marco António Costa, vice-presidente da Câmara Municipal de Gaia. Resta-lhes a vuvuzela de Luís Filipe Menezes em Gaia.
01/08/2010
ESTADO DE SÍTIO: Acabar com os chumbos é para o estado do ensino público parecido com emitir uma certidão de óbito para o estado duma criatura em coma
Não vai pô-lo pior, vai apenas oficializar o fim da aparência dos esforços para o reanimar e concentrar esses esforços em trabalhar para a estatística, uma especialidade inaugurada pelos governos Guterres e elevada ao nível da excelência pelos governos de Sócrates. Por trás dos boletins médicos do governo, sempre recheados de manipulados e efabulações, o estado do ensino público é o que nos mostram os relatórios PISA. Por exemplo, o estado do ensino da matemática segundo o PISA 2006: Science Competencies for Tomorrow’s World Executive Summary © OECD 2007 é o seguinte:
Quando se compara o score em matemática (466) conseguido pelos alunos portugueses (26.º em 30 países da OCDE) com o score da Self-Efficacy (S.E.) (*) que nos coloca em 9.º lugar, concluiu-se que nossos alunos são ignorantes em matemática, vivem sem dar por isso e mantêm uma fé inabalável na excelência das suas competências, como aqui em tempos se escreveu.
Assim, a curto prazo o fim dos chumbos não mudará nada, irá apenas tornar a opinião pública (e os próprios professores – quanto aos próprios alunos, estamos conversados como se vê pelo score S.E.) mais alienados em relação ao estado das coisas. A médio prazo só poderá piorar, mas ninguém dará por isso porque não haverá chumbos para o constatar. Enquanto isso, temos a «educação sexual» e as «aulas contra a violência».
(*) «Unlike efficacy, which is the power to produce an effect (in essence, competence), self-efficacy is the belief (whether or not accurate) that one has the power to produce that effect.» (ver mais aqui)
Range of rank of countries/economies on the mathematics scale (PISA 2006)
(Clicar para ampliar)
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Quando se compara o score em matemática (466) conseguido pelos alunos portugueses (26.º em 30 países da OCDE) com o score da Self-Efficacy (S.E.) (*) que nos coloca em 9.º lugar, concluiu-se que nossos alunos são ignorantes em matemática, vivem sem dar por isso e mantêm uma fé inabalável na excelência das suas competências, como aqui em tempos se escreveu.
Assim, a curto prazo o fim dos chumbos não mudará nada, irá apenas tornar a opinião pública (e os próprios professores – quanto aos próprios alunos, estamos conversados como se vê pelo score S.E.) mais alienados em relação ao estado das coisas. A médio prazo só poderá piorar, mas ninguém dará por isso porque não haverá chumbos para o constatar. Enquanto isso, temos a «educação sexual» e as «aulas contra a violência».
(*) «Unlike efficacy, which is the power to produce an effect (in essence, competence), self-efficacy is the belief (whether or not accurate) that one has the power to produce that effect.» (ver mais aqui)