António Champalimaud destinou no seu testamento 73% da quota disponível da herança à criação de uma fundação que deveria ter «por objecto e finalidade o desenvolvimento da actividade de pesquisa científica no campo da medicina». Dois significativos exemplos do entendimento da administração da fundação sobre como prosseguir aquela finalidade:
Champimóvel
«Centro de investigação científica multidisciplinar, translacional e de referência no campo da biomedicina» em Pedrouços
É um investimento de cujo montante não se encontra informação objectiva, anunciado como criando 700 postos de trabalho, como se fosse uma fábrica de confecções no vale do Ave. O investimento total em edifícios e equipamentos atingirá provavelmente muitas dezenas de milhões de euros e uma percentagem significativa dos activos da Fundação que eram de 470 milhões de euros no relatório de 2007 - último disponível no site, mais de dois anos e meio depois do encerramento do exercício.
Como referência, os imóveis e equipamento da Fundação Gates no relatório de 2009 representavam pouco mais de 1% do total dos activos e as despesas administrativas e de gestão representavam 6% do total das despesas, sendo o restante despesas de programas e principalmente contribuições e donativos representando 85% do total.
Em conclusão, melhor para a «pesquisa científica no campo da medicina» em particular e para a humanidade em geral teria sido António Champalimaud seguir o exemplo de Warren Buffet fazendo uma doação à Fundação Gates. A Fundação Champalimaud poderá ter serventia para alindar as vista da beira rio, para dar emprego a portugueses e assento nos seus órgãos a muito rabo emproado (veja a lista de luminárias dos conselhos de curadores e os membros do júri, onde se destacam os incontornáveis Cavaco Silva, Almeida Santos, Proença de Carvalho, Cunha Vaz e António Guterres).
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