30/04/2016

Pro memoria (306) – a nacionalização do BPN não custou nada e o nada vai já em 4,5 6,5 7 mil milhões (IX)

Posts anteriores (I), (II), (III), (IV), (V), (VI), (VII), (VIII), e (IX)

Em retrospectiva: Teixeira dos Santos, co-autor com José Sócrates do desastre da nacionalização de um banco que valia 2% do mercado, ainda em 2012, decorridos 4 anos da sua decisão fatídica, justificava a inevitabilidade da sua decisão porque a falência do BNP, segundo ele, levaria à quebra do PIB em 4%.

Já que estamos a recordar, recordemos que a nacionalização do BPN foi entusiasticamente apoiada pelo Berloque na pessoa do seu Querido Líder Louçã, agora semi-aposentado, o que não impediu sete anos depois a sua sucessora Querida Líder Catarina Martins dizer com grande descaro que o Novo Banco «é cada vez mais o novo buraco (...) e cada vez lembra mais o BPN».

Essa nacionalização para Teixeira dos Santos não custaria nada aos contribuintes e veio a custar x mil milhões. O x tem variado ao longo do tempo no intervalo [0, ∞[ aproximando-se do limite superior e, segundo a última versão da geringonça, deve andar pelos 7,3 mil milhões dos quais 2,8 já torrados e 3,5 a torrar no futuro.

29/04/2016

Dúvidas (155) – Serão todos órfãos?

«O campo de refugiados de Calais é uma selva. E os 129 menores desaparecidos junto ao Canal da Mancha são apenas um pequeno exemplo da incompetência das autoridades europeias entre cujos dedos se “evaporaram”, sem deixar rasto, 10 mil refugiados menores.»
Na revista Visão escreveu-se esta frase enigmática. Autoridades europeias? Os menores chegaram a Calais sozinhos? São todos órfãos? Não haverá por lá progenitores ou, como se dizia no tempo do fascismo, encarregados de educação? Como foi então possível a «evaporação» dos 129 menores ou pelo menos dos que por lá terão progenitores, sem deixar rasto, por entre os seus dedos?

A mim parece-me que, pelo menos em relação aos menores que por lá têm progenitores isto é apenas um pequeno exemplo da incompetência desses progenitores, o que até nem é assim tão surpreendente porque os progenitores são originários de Estados falhados que falharam por razões a que talvez não seja alheia a incompetência dos progenitores.


Ou talvez não. Quem sabe se a culpa disto tudo não é do homem branco e, se for assim, lá sobra a coisa para as autoridades europeias.

Chávez & Chávez, Sucessores (43) – O povo venezuelano sofre o ataque do imperialismo ao socialismo bolivariano

Há 3 semanas o pajarito apareceu outra vez a Maduro e disse-lhe ao ouvido que os funcionários públicos deixariam de trabalhar à sexta-feira para poupar água e electricidade. Esta semana o pajarito voltou a aparecer e os funcionários públicos passarão a trabalhar estar nas repartições só dois dias por semana.

Em resposta, a população agitada por uma Quinta Coluna ao Serviço do Imperialismo (QCSI) saqueia as lojas, de resto inutilmente porque as prateleiras estão vazias devido ao boicote dos Comerciantes Monopolistas ao Serviço do Imperialismo (CMSI).

Apesar das ameaças e ingerências externas, a Venezuela sob a liderança do Querido Líder Maduro (o único com acesso ao pajarito) caminha para o estádio superior do socialismo em que deixarão de existir prateleiras.

Por todo o lado as forças populares e patrióticas solidarizam-se e organizam a Jornada Mundial de Solidariedade com a Venezuela, à cabeça das quais encontramos o PCP que «reafirma apoio à luta do povo venezuelano e exige o fim das ameaças e ingerências externas».

Os amanhãs cantarão de novo.

ARTIGO DEFUNTO: A lista de Salgado

Há duas semanas que o Expresso e a TVI divulgaram as primeiras informações sobre os Papéis do Panamá e desde então tem sido um regabofe de indignações sobre os off-shores. Entre os Papéis encontra-se uma lista de avenças e compensações pagas pelo GES a mais de uma centena de pessoas, incluindo políticos, gestores e jornalistas até hoje não divulgada.

Por que será?

28/04/2016

ARTIGO DEFUNTO: Se não foste tu foi o teu irmão

Em poucas horas, dezenas de notícias em vários jornais implicaram André Gustavo Vieira da Silva, o publicitário brasileiro que colaborou na campanha eleitoral do PSD, como estando envolvido no «Lava Jato».

A origem das notícias foi uma peça do dia 27 do jornal Público onde, com vasta soma de pormenores sobre o trabalho do publicitário e as suas ligações a Marco António e a Relvas, se deu como adquirida a ligação do publicitário ao Lava Jato. Os tambores rufaram convocando as indignações do costume, associando Passos Coelho e o PSD ao «Lava Jato».

Afinal parece que quem está envolvido não era esse, mas o irmão António Carlos Vieira da Silva Júnior. Até agora vários jornais corrigiram a notícia inicial mas o Público não se deu ao trabalho de o fazer.

Actualização:
Veja-se no Insurgente o inventário (incompleto) das notícias, tentando «associar Passos Coelho à operação Lava Jato» e o desmentido da Procuradoria Geral da República e tome-se nota que a mesma gente que quer desacreditar Passos Coelho por uma ligação inexistente ao Lava Jacto, limpa a folha dos pêtistas que no Brasil estão de facto ligados a esse e outros esquemas de corrupção.

LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: Para tirar os trapinhos qualquer causa é boa (18)

Outros trapinhos tirados.

Revista Visão

Deve haver uma explicação científica para o impulso de tirar os trapinhos parecer infectar mais mulheres do que homens pessoas do sexo género feminino do que do outro sexo género, ou melhor do que dos outros sexos géneros: masculino, lésbico, gay e trans.

ACREDITE SE QUISER: Fidelidade conjugal

"Meu voto ( ... ) é para dizer que o Brasil tem jeito, e o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com sua gestão."


«RAQUEL MUNIZ, deputada federal (PSD-MG) que. ao votar a favor do impeachment. fez questão de referir-se a seu marido, Ruy Munlz (PSB), o tal "prefeito de Montes Claros". No dia seguinte, Ruy Muniz foi preso pela PF em Brasília por ser suspeito de prejudicar os hospitais públicos de sua cidade para favorecer um hospital privado controlado por seus familiares. Diante da repercussão do fato. Raquel declarou que reiterava o que dissera.»

Revista Veja, 27 de Abril

27/04/2016

Curtas e grossas (33) - Também tenho pena

«Tenho pena de homossexuais. É verdade, não adianta esconder. Não tenho pena por serem homossexuais, isso é lá com eles; tenho pena porque, voluntária ou involuntariamente, deixaram-se representar na sociedade portuguesa por imbecis, buracos, nazis em geral e esganiçadas, algumas delas do Bloco (ou Bloca) de Esquerda (e Esquerdo). Já não basta pertencerem a uma minoria, ainda têm que aguentar que o resto das pessoas os considerem estúpidos pela associação política.» («Triste sina, a do homossexual português»)

CASE STUDY: Mais horas de matemática aumentam o emprego dos professores de matemática

«Para os autores do estudo «O que faz uma boa escola», do projecto aQeduto, que será apresentado nesta terça-feira, o aumento registado em Portugal “pode estar associado à melhoria de desempenho” dos alunos portugueses de 15 anos a Matemática, registada nos testes internacionais PISA, cujo resultado médio passou de 466 pontos, em 2003, para 487 em 2012», escreve o Público.

O único resultado indiscutível de 5 horas semanais de matemática contra as 3 horas da média europeia é o aumento do emprego dos professores de matemática. Por várias razões, a começar porque os mais 70% de tempo de aulas continuam a deixar-nos claramente abaixo da média dos testes PISA, mesmo sem os corrigir dos «truques para apresentar resultados rápidos de sucesso para enganar os eleitores».

E a propósito cito as três conclusões que o Pertinente retirou do estudo «Education at a Glance 2015 OECE Indicators» que põem em causa as teses sindicalista da Fenprof:

1.ª – Em relação à média da OCDE, os professores portugueses já gastam menos tempo no ensino e aprendizagem e mais tempo a manter a disciplina apesar de uma média menor de alunos por turma.
2.ª – ... o número de alunos por turma é inferior à média da OCDE e não há nenhum correlação visível entre este número e a eficácia do ensino.
3.ª -  número de alunos por professores em todos os níveis de ensino é inferior em Portugal à média OCDE e à média UE21 e, uma vez mais, não há nenhuma correlação visível entre este número e a eficácia do ensino.

E acrescento: «repare-se que em relação à média OCDE, Portugal tem claramente menos alunos por professor do que o número de alunos por turma. Porquê? Ora, porque haveria de ser? Porque muitos dos professores não ensinam: estão de baixa ou requisitados pelos sindicatos para fazer agitprop

Mitos (228) - a pesada herança da longa noite fascista (XI)

Outras pesadas heranças.

Seis anos depois, para actualização deste inventário da pesada herança da dívida pública deixada pela longa noite fascista, aproveito o estudo «Finanças Públicas Portuguesas Sustentáveis no Estado Novo (1933-1974)?» de Ricardo Ferraz, um economista doutorado em História Económica e Social, um verdadeiro herege a trabalhar no Parlamento – o lugar geométrico da mitologia da esquerdalhada, este ano particularmente espevitada.

O diagrama seguinte mostra a evolução dos saldos orçamentais corrigidos (os oficiais foram todos positivos excepto em 1974 - guess why) considerando apenas os valores com impacto na dívida pública.


Como classificar as finanças públicas de um período de 40 anos que incluiu 6 anos da II Guerra Mundial e 13 anos de uma guerra colonial que exigiu um esforço financeiro tremendo para manter um exército de 240 mil homens, dos quais 170 mil a combater em três frentes? Dou a palavra ao herege Ricardo Ferraz:
«De acordo com estes resultados, é assim possível afirmar que durante o Estado Novo (1933-1974) - regime político que defendeu "finanças sãs" - as contas públicas portuguesas foram sustentáveis.»

26/04/2016

LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: O insustentável peso da realidade

«É esse, talvez, o “essencial”: neste momento, Portugal não tem meios, nem para ser liberal, nem para ser socialista. Os liberais não podem cortar impostos a fim de libertar os cidadãos dos constrangimentos fiscais, nem os socialistas podem “investir” a fim de acumular recursos no Estado. No Portugal de hoje, qualquer arrebatamento liberal ou qualquer obstinação socialista gerariam imediatamente um défice orçamental que seria impossível de financiar nos mercados internacionais. Por isso, vimos, entre 2011 e 2015, um governo acusado de “liberal” a proceder a um “enorme aumento de impostos”, e vemos agora outro governo, orgulhoso do seu “socialismo”, a preparar discretamente “cativações” para o que der e vier. Enquanto a nossa respiração financeira depender da máquina europeia, estaremos todos muito “unidos no essencial”: a austeridade.»

«O paradoxo do presidente»,  Rui Ramos no Observador

Discordo no que respeita à nossa respiração financeira que depende sobretudo da dívida que acumulámos nos últimos 40 anos e que a máquina europeia nos permite ir suportando. Quem optou por se endividar optou por não ter opções e é por isso que esquerda e direita se diferenciam sobretudo pelo que dizem mas pouco pelo que fazem. 

CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (LI) A visita de estudo de Costa

Outros purgatórios a caminho dos infernos.

Tradução do pensamento do Alexis: Porquê me fará este gajo lembrar o Papandreou?
O que de mais notável aconteceu recentemente a Tsipras e ao Syriza? Quem lesse os mídia portugueses suporia que o acontecimento de maior relevo teria sido a visita de Costa, culminada com a assinatura conjunta de uma declaração contra a austeridade. Que o evento tenha sido completamente ignorado pela imprensa grega e pela imprensa internacional não lhe tira a importância nenhuma porque, como se sabe, a coisa se circunscrevia às negociatas entre o PS e o BE para insuflar oxigénio na geringonça.

Além da visita de Costa, Tsipras e o Syriza têm recebido inúmeras visitas das instituições anteriormente conhecidas como troika (*) para negociar o terceiro resgate que inclui um pacote de medidas adicionais (onde é que já ouvimos falar disto?) de 2 mil milhões de euros que se destina a ser automaticamente aplicado se o pacote previsto de 3% do PIB se revelar insuficiente (como costuma).

Tsipras e o Syriza também têm recebido inúmeras visitas de chineses, desde o primeiro-ministro Li Kegiang a delegações do China Ocean Shipping Group que pagou 368 milhões de euros pela concessão do porto do Pireu através do qual a China conta exportar os seus produtos para a Europa e Médio-Oriente, produtos a que se juntarão os excessos de produção de aço, carvão e cimento.

Sabendo-se disso, a visita de Costa ganha sentido e percebe-se que pode ter sido uma espécie de visita de estudo e mostra a visão estratégica de Grande Líder Costa quando logo após as eleições gregas disse: «Vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha».

(*) Homenagem a Prince

DIÁRIO DE BORDO: Grande Auditório Gulbenkian, o Pequeno Met dos tesos (8) - continuação

Quanto há duas semanas fiz aqui uma referência à prestação «superlativa» de Sondra Radvanovsky na Elisabetta da «Roberto Devereux» de Donizetti tive o cuidado de avisar que, como apreciador de ópera, sou como o apreciador de vinho que, por um misto de falta de talento para escanção (ou sommelier, como dizem os connaisseurs) e excesso de apreciação de vinho, passa directamente à ingestão.

Apesar desse aviso, quando alguns dias mais tarde lia atrasadamente a Revista do Expresso e deparei com a crítica demolidora de Jorge Calado fiquei … embaraçado como se estivesse expressado uma apreciação muito positiva de um briol que o sommelier de serviço considerou uma verdadeira zurrapa. Leia-se o que escreveu Calado (cuja erudição e bom gosto costumo apreciar):
Para o papel de Elisabetta exige-se voz, técnica de bel canto, convicção e génio dramático. Infelizmente, Radnovsky falha em todos os aspectos. O que se ouve é aquilo a que os ingleses chamam, em trocadilho, can belto (berros de cão).

25/04/2016

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (28)

Outras avarias da geringonça.

O acontecimento mais importante da semana pode muito bem ter sido a adopção pelo governo da proposta de mudar o sexo do Cartão de Cidadão apresentada pelo Bloco de Esquerda, porventura em alternativa a uma proposta de legalização da união de facto inter-espécies.

Pode ter sido uma compensação pela comunicação na passada terça-feita aos outros componentes da geringonça das novas previsões de crescimento que dos 3% do programa eleitoral baixaram para 1,8%, e, ainda assim, bem acima das previsões do resto do mundo. O BE está tão feliz com a união de facto que jura não haver razões «de alarme».

SERVIÇO PÚBLICO: Radiografia ao caminho socialista para a insolvência

Entrevista do Expresso a Daniel Bessa, um economista que por engano passou 5 meses pelo governo de Guterres, onde faz uma radiografia honesta, lúcida e corajosa das experiências socialistas passadas e presentes.

Quem são os culpados da crise? 
José Sócrates foi o operacional que estava aos comandos no momento do sinistro. Mas os maiores responsáveis políticos estão lá atrás: são o primeiro-ministro entre 1995 e 2000 e o governador do banco central depois disso. São pessoas, não é agradável estar a falar em pessoas, mas são pessoas no exercício de funções que eram muito importantes e que podiam ter invertido o curso dos acontecimentos.

Porquê António Guterres? 

A última grande oportunidade que nós tivemos para ter um futuro melhor foi na década de 90. A descida a pique dos juros trazida pela perspetiva da adesão ao euro teria resolvido o défice. Mas o Estado pôs-se a gastar dinheiro quando a economia privada por si só resolvia o problema do desemprego. É uma responsabilidade grande, que partilhei durante cinco meses e por aí me fiquei.

24/04/2016

CASE STUDY: Um imenso Portugal (28) (continuação com aditamento)

[Outros imensos Portugais]

O leitor Doublet deixou dois comentários ao meu último post desta série, cujo texto recebi por email. Por razões que desconheço, só um dos comentários foi publicado, pelo que eu próprio publiquei o texto do segundo comentário. Ambos podem agora ser lidos aqui - leitura que recomendo.

Aparentemente o leitor Doublet pretende demonstrar que existem razões legais para a impugnação de Dilma Rousseff. Lendo os textos fico com a sensação que existem factos que não estão provados e outros que, apesar de terem óbvias consequências políticas, não estou certo de que tenham consequências legais e constitucionais que suportem a impugnação porque não conheço a lei e a constituição brasileiras.

Como escrevi no post anterior, se ficar provado que Dilma cometeu ilegalidades susceptíveis de desencadearem a sua impugnação, ela deve ser impugnada. Tenho dúvidas que a Câmara dos Deputados e o Senado tenham idoneidade suficiente para julgarem essas ilegalidades, porque sobre muitos, talvez a maioria do seus membros, incidem fortes suspeitas de ilegalidades ainda maiores.

Além disso, estou convicto que, só por si, a impugnação de Dilma não resolverá nada porque o sistema constitucional brasileiro - um híbrido inviável entre o sistema presidencialista e o sistema parlamentar - tem um insanável «defeito de construção» e a maior parte dos líderes políticos e dos seus peões são gente com a qual não se pode construir um Estado de Direito.

Aditamento:

Coloquei ontem em dúvida a falta de idoneidade de deputados e senadores para julgarem Dilma. Lê-se hoje no DN: «Os 81 membros do Senado que começam hoje a analisar o impeachment são, na maioria, caciques locais e milionários a braços com a justiça.»

Apesar de ir regularmente ao Brasil desde há 25 anos, de lá ter passado uns 6 meses e ter por lá uma larga parentela, não posso dizer que conheça bem o país. Com essa reserva, sempre afirmo a minha convicção da falta de qualidade da classe política brasileira em linha com a falta «de educação cívica e política, da ausência de uma cultura de exigência e de responsabilidade no exercício de funções públicas. Isso é vertical e transversal a toda a sociedade brasileira» como escreveu Miguel Sousa Tavares, com quem de vez em quando concordo.

Lá, como cá, a classe política (com pouquíssimas excepções) vive de dar graxa ao «povão» na esperança de o «povão» aceitar a sua corrupção e incompetência. Até agora, lá como cá, têm tido sucesso.

SERVIÇO PÚBLICO: Regresso ao passado (continuação)

Em retrospectiva: por via das portarias de extensão, os contratos colectivos negociados pelos sindicatos que representam 10% dos trabalhadores têm influenciado 90% dos contratos de trabalho, em empresas e sectores sem condições para pagarem a bitola das maiores empresas e continuarem competitivas. Por esta via, a concertação social tem tido principalmente o papel de defender os «direitos adquiridos» das corporações empresariais e sindicais, aumentar o desemprego e assim manter o statu quo.

Desde Outubro de 2012, por pressão da troika, as portarias de extensões passaram a ter um alcance mais limitado só podendo aplicar-se à totalidade do sector se a associação patronal que assinou a convenção colectiva representar pelo menos metade desse sector.

Em Junho de 2014, acabado de sair de uma «saída limpa» - meio suja, como agora se confirma - o governo apresentou aos parceiros sociais uma alteração que, em termos práticos, colocou quase tudo como era no passado: haverá portarias de extensão se a associação patronal que assina a convenção colectiva tiver como associados pelo menos 30% de micro, pequenas e médias empresas. Devem contar-se pelos dedos de uma mão, ainda sobrando, as associações empresariais com menos de 30% dessas empresas.

Em resultado, nos 20 meses de Outubro de 2012 até Junho de 2014 apenas foram publicadas 31 portarias de extensão, exactamente metade das que foram publicadas nos 19 meses seguintes à «saída limpa» e até ao final do mandato do governo PSD-CDS. Nos menos de 5 meses desde a tomada de posse da geringonça já foram publicadas 23 portarias.

Pro memoria (305) – É possível que os comunistas sejam patriotas. De uma outra pátria

«Os volumes vinham da antiga sede da PIDE/DGS, a polícia política da ditadura, na Rua António Maria Cardoso. Assim que os camiões se puseram em marcha, foram seguidos por dois subchefes da PSP numa viatura à paisana. Quando regressaram ao Comando da Rua Capelo, os graduados contaram que os camiões foram diretamente para o aeródromo militar de Figo Maduro, contíguo ao aeroporto da Portela, tendo transferido a mercadoria para um aparelho da Aeroflot, a companhia de aviação da União Soviética

Excerto de «O mistério dos camiões do São Carlos», artigo de José Pedro Castanheira na Revista do Expresso, onde relata a transferência no Verão Quente de 1975 pelos comunistas de meia tonelada de documentos da PIDE em caixotes para a pátria dos comunistas.

23/04/2016

ACREDITE SE QUISER: Santos da casa não fazem milagres?

«His good remembrance, sir, lies richer in your thoughts than on his tomb.» — William Shakespeare


Fonte: The Economist Espresso
Entre as muitas celebrações dos 400 anos da morte do Bardo que se completam hoje 23 de Abril - a mesma data em que se acredita ter nascido - temos um «King Lear» em Kolhapur na India, representado em marathi, uma versão carnavalesca de «Romeu and Julieta» em Belo Horizonte no Brasil e por cá, no Portugal dos tristes, também temos umas coisitas.

CASE STUDY: Um imenso Portugal (28)

[Outros imensos Portugais]

Nem mesmo o Deus brasileiro escreve direito por linhas tortas. É por isso que o processo de impugnação de Dilma Rousseff está inquinado desde o princípio e dificilmente acabará bem.

Entendamo-nos. É claro que Dilma está há 6 anos a arrastar o Brasil para o desastre, mas não mais do que o seu antecessor que pôde contar com uma conjuntura muito mais favorável. E não mais de que um bom número de governos por esse mundo fora – inclusive a nossa geringonça. Se Dilma fosse impugnada por isso, todos esses governos o poderiam ser. Há apenas um pequeno problema - não existe base constitucional para fazer cair um governo por incompetência ou por adoptar políticas erradas. Erradas para a oposição, claro.

Isto não é um detalhe: a diferença entre um país democrático civilizado e um país pária é o primado da lei e das instituições, não é apenas o PIB per capita – a relação causal é mais the other way around.

Dilma é corrupta? Não parece que pessoalmente esteja envolvida e não é acusada de ter tirado proveito pessoal. Fechou os olhos à corrupção e assobiou para o lado? É possível que o tenha feito por uma «boa causa» que é o que todos os políticos menos maus fazem  - os piores fecham os olhos por qualquer causa.

Tanto quanto percebi, a única irregularidade de Dilma até hoje provada foi a «pedalada fiscal», a desorçamentação de despesas. Irregularidade mais grave teria sido nomear Lula para o seu governo, o que os tribunais não permitiram. Ao que parece, nada disto é legalmente suficiente para a impugnação. Se fosse, todos os presidentes anteriores poderiam ter sido impugnados e, em Portugal, todos os primeiros-ministros dos últimos quarenta e dois anos deveriam ter sido demitidos por «pedalada fiscal».

Admitamos que Dilma esteve pessoalmente envolvida no Mensalão, no Lava Jato ou noutro qualquer dos esquemas que o pêtismo montou para se manter no poder. Se isso se provar, ela deve ser impugnada, tal como, se o mesmo se provar, devem perder o mandato as centenas de senadores e deputados federais que receberam dinheiro do Mensalão ou tiveram a sua campanha paga pelo Lava Jato, incluindo o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha que é réu numa acção penal ou o vice-presidente Michel Temer que substitui Dilma e foi comprometido numa delação premiada.

Foi confrangedor ver durante horas os deputados, muitos dos quais suspeitos de corrupção activa ou passiva, a sucederem-se em declarações ridículas, protestando indignações em nome do povo, da mulher, dos filhos e do periquito.

Com o que se sabe até agora, para o processo de impugnação terminar com a destituição de Dilma deveriam ser dissolvidos o Senado e a Câmara dos Deputados e realizadas novas eleições com interdição de candidatos com processos em curso e sujeitando todos os outros a um escrutínio rigoroso.

O que escrevo não é em defesa de Dilma. É em defesa de um Estado de Direito no Brasil.

ESTADO DE SÍTIO: Apesar de a maioria dos portuguesas(es) não se importarem, também não aprecio que a geringonça me tome por parvo

 «Sinceramente, não levo a mal que este Governo mantenha a austeridade e, ao contrário do que prometera, não vire página nenhuma. Concedo que alguns funcionários públicos e pensionistas ficarão menos mal, outros na mesma e outros com uma diferença tão pequena que se sentirão na mesma.

Também não levo a mal que o Governo tente disfarçar o mais possível que a austeridade não acabou. Pois se ele foi empossado com base na necessidade de acabar com ela, como explicar agora que, afinal, ela continua? É, pois, relativamente normal que assim proceda.

O que já me afeta um pouco, mas não tanto que chegue para me irritar, é que o Governo nos tome por parvos. Porque a esmagadora maioria de nós não somos, nem os letrados, nem os iletrados; nem os privilegiados nem os necessitados. Não somos parvos e percebemos que aqueles que diziam que a crise estava para durar tinham e têm razão.
»

Excerto de «Viva! A austeridade continua!» de Henrique Monteiro, no Expresso Diário

22/04/2016

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (135) – Os afundadores

É ensurdecedor mas por vezes audível. Como ontem, em que se fez ouvir a voz de António Galamba com um artigo no jornal i a propósito do 42.º aniversário da fundação do PS, onde escreveu sobre o que para ele parece ser a "afundação" do PS pelos afundadores:

«É cívico reconhecer que, apesar dos esforços, a realidade dos números da economia são preocupantes, no território nacional e na relação com o exterior (Portugal com défice externo pelo quarto mês seguido).

É cívico sublinhar que é impossível encontrar um sentido de equilíbrio na governação quando quem apoia o governo no parlamento todos os dias procura marcar a agenda política do dia, apresenta propostas de aumento da despesa, direta ou indireta, e exercita a criatividade política em torno do magno debate sobre a designação do cartão oficial de identificação. A quadratura do círculo é um programa de televisão, nunca será um modelo de governação, porque o cobertor não estica. O facilitismo é o principal adversário da previsibilidade prometida: saber com o que podemos contar, agora e no futuro próximo, para evitar as políticas iô-iôs que mudam em função das circunstâncias ou dos políticos no poder.»

CASE STUDY: O círculo vicioso

A propósito das recentes discussões sobre o papel do Estado e da banca, e em particular da Caixa, o mausoléu da Avenida João XXI, lembrei-me de desenterrar da minha Torre do Tombo este diagrama já com uns anos.

No sentido dos ponteiros do relógio, mas pode começar em qualquer ponto

Estado assistencialista falhado (14) - O partido do Estado

«Neste dia em que centenas de milhares de funcionários públicos vão poder usufruir de mais uma reversão no corte de salários que lhe foi aplicado pelo anterior governo, eu gostava de prestar a minha homenagem pública a todos os professores, todos os médicos, todos os juízes, todos os polícias, todos os militares, todos os reformados que em Outubro votaram na coligação PSD-CDS, mesmo sabendo que a esquerda unida lhes prometia mais dinheiro caso vencesse as eleições. Todas essas pessoas, e foram muitas, votaram contra o seu interesse próprio em nome do interesse do país – são os meus heróis.

Segundo os números mais recentes da Pordata, existem em Portugal mais de 3,6 milhões de pensionistas. Mais de 650 mil funcionários públicos. Outros tantos desempregados. Perto de 300 mil beneficiários do rendimento social de inserção. Somando estes quatro números deparamo-nos com 5,2 milhões de pessoas. E se a estes 5,2 milhões somarmos filhos menores e familiares dependentes, ultrapassamos facilmente os 6 milhões que Medina Carreira costuma citar com regularidade. Fixem bem o número, porque ele é o mais importante para explicar Portugal e a sua paralisia: num país com 10 milhões de habitantes, pelo menos 6 milhões beneficiam de transferências directas do Estado central.»

Excerto «O partido do Estado (e os meus heróis)», João Miguel Tavares no Público

A viabilidade do partido do Estado Sucial depende do dinheiro dos credores e do dinheiro dos contribuintes líquidos, isto é dos sujeitos activos que o Estado Sucial trata como sujeitos passivos.

ACREDITE SE QUISER: Enganou-se na manif?

"Events, Events", The Economist
A dama em primeiro plano tem mais pinta de tory do que de labourite. Deve ser do ramo radical chic.

20/04/2016

Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (62) - O berloquismo é uma espécie de infecção da bem-pensância

«Nenhum operário (ou operária) está preocupado com estes tipo de temas [o "género" dos cartões de cidadão e de "cidadona"] – mas a verdade é que o Bloco também não os representa. O Bloco é um partido urbano de bem-pensantes, talvez o partido português com menos base popular. O Bloco é mesmo o exemplo acabado do destino das esquerdas contemporâneas, que há muito deixaram de representar os desvalidos, por vezes deixando-os mesmo nos braços de partidos-gémeos mas de extrema-direita, e passaram a falar pelas classes médias rentistas, isto é, pelos que economicamente dependem do Estado e culturalmente vivem no pânico de não serem considerados “modernos” ou mesmo “progressistas”.

O Bloco padece também de todos os vícios típicos dos partidos formatados por intelectuais com pouca ou nenhuma ligação à vida real. Alimenta-se por isso de ideias feitas, de “verdades” que grita no Parlamento (já repararam como quase ninguém condena a agressividade, por vezes a roçar a grosseria, de muitas das intervenções de Catarina Martins?) e de slogans fáceis que ninguém trata de confrontar com a realidade. É um partido que se alimenta de ideologia que apresenta como correspondendo ao senso comum, beneficiando, e muito, de em Portugal existir uma velha cultura estatista e iliberal, enraizada tanto à esquerda como à direita. 

Um bom exemplo deste viver de ideologia é um post de Mariana Mortágua no Facebook onde esta tenta desmentir a existência de uma relação entre subida do salário mínimo e desemprego de longa duração, uma relação referida no mais recente relatório da Comissão Europeia sobre Portugal. Jorge Costa já mostrou de forma eloquente que o raciocínio da deputada do BE está construído sobre falácias, pelo que o interessante neste caso é notar a reverência com que a nossa intelligentsia escuta Mariana Mortágua.»

Excerto de «Um dia destes acordamos nas mãos do Bloco», José Manuel Fernandes no Observador

CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Here we go again (12)

Como se pode recordar aqui, os saldos de tesouraria do Estado deixados pelo governo de José Sócrates no final do 1.º trimestre de 2011 eram 1,4 mil milhões (insuficientes para sequer pagar os salários dos funcionários públicos no mês seguinte) e no governo PSD-CDS chegaram a atingir 22 mil milhões três anos depois. Com a antecipação da amortização de alguns empréstimos do FMI para baixar a média taxa de juro, um ano depois o saldo já tinha baixado para 11,6 mil milhões. Depois disso, estranhamente, não há dados oficiais publicados e ficamos a saber pela CE que no final de 2015 a liquidez era apenas de 6,6 mil milhões e no final do ano será de 7,4 mil milhões o que constitui uma almofada insuficiente que a CE recomenda deve ser a correspondente a 12 meses de financiamento ou seja uns 11 mil milhões.

Os saldos das contas externas pela primeira em décadas começaram a ser positivos desde 2013. Segundo o Eurostat, voltaram a registar-se défices crescentes: -0.01, -0.23, -0.16, -0.43 pontos percentuais do PIB de Novembro a Fevereiro. Convém recordar-se que défices nas contas externas significam um aumento da dívida total pública e privada ao estrangeiro – a dívida total líquida que no final de 2013 foi de 99,9% do PIB subiu para 101,5% dois anos depois (Fonte: Pordata).

Tudo isto já seria preocupante se a economia estivesse a crescer o que a gerigonça projectou (1,8%). Acontece que todas as outras previsões são inferiores, desde o FMI com 1,4% até à CE com 1,6%, passando pelo BdeP com 1,5% e a realidade está aí para atropelar a geringonça porque, segundo a estimativa do ISEG, o crescimento homólogo no 1.º trimestre deste ano foi ainda inferior (1,1%).

Quem já percebeu tudo foi a CE que no Post-Programme Surveillance Report, Winter 2015/2016 identificou a necessidade de medidas adicionais. Costa volta a meter a cabeça na areia e nega, argumentando que execução orçamental nos primeiros meses do ano registou um excedente – pois claro, as medidas do «re» ainda não estavam a produzir efeitos na despesa.

Onde é que já vimos este filme, com outros protagonistas mas o mesmo enredo e a mesma produção?

Há quem pense que em 2011 o problema estava nas agências de rating, em Angela Merkel, etc., e depois passou a estar na troika e no governo «neoliberal» e agora está em Bruxelas. É mais ou menos o mesmo que um bêbado crónico pensar que o seu problema é a família que quer interná-lo na Casa de Saúde do Telhal e o médico que quer que ele beba água em vez de briol e, não fora uma e outro, ele viveria feliz para sempre.

19/04/2016

CASE STUDY: O que tem de ser tem muita força ou quando não há dinheiro mete-se o socialismo na gaveta

É por isso que o socialismo democrático, ao contrário do comunismo, que não só não precisa da democracia como a abomina, só é viável com o dinheiro dos credores ou dos «ricos» (um eufemismo para designar a classe média). Quanto este acaba, os socialistas mais pragmáticos metem o socialismo na gaveta (como disse e fez Soares) e deixam o capitalismo à solta para acumular reservas que eles se encarregarão de delapidar. É mais ou menos disto que trata o artigo de Rui Ramos «Ferreira Leite, Gaspar, Centeno: a mesma luta?» no Observador.

«Este fim de semana, Vítor Gaspar espantou a imprensa com um keynesianismo que não ficaria mal na bancada do PS. Sim, Vítor Gaspar, esse mesmo, o rosto da “austeridade”, a voz do “neo-liberalismo”. O que recomenda ele, agora? Pois “políticas de expansão da procura” e “aumento do investimento público”. Arrependeu-se? Juntou-se aos bons?

Já vimos evoluções parecidas. Em 2002, Manuela Ferreira Leite congelou os salários, aumentou impostos, e quando lhe falavam de “mais medidas de austeridade”, declarava: “Devo dizer, com toda a convicção, que não hesitarei em tomá-las”. Valia tudo para chegar a um défice de 0% em 2004. Era a “dama de ferro”. Mas eis-nos em 2012, com o país novamente a equilibrar as contas à pressa, e onde está Ferreira Leite? A usar contra Vítor Gaspar todos os chavões que já tinham sido usados contra ela, a começar pela “total insensibilidade social”.

Estado empreendedor (99) – Ainda a pesada herança do socratismo

Metade da frota da Transtejo e da Soflusa está parada, avariada ou sem certificado de navigabilidade, incluindo dois ferries encomendados à Navalria em 2010 com defeitos de construção resultantes da falta de conhecimento e experiência desta empresa.

Já agora, quem é Navalria? É uma pequena empresa de construção naval comprada pela Martifer em 2008 no mesmo ano em que ganhou o concurso público para a construção dos ferries. E, se não for perguntar demasiado, quem é a Martifer? É a metalúrgica do regime, uma empresa dos irmãos Martins, em tempos um dos exemplos de sucesso de José Sócrates e uma das meninas dos olhos do jornalismo promocional (exemplo: o pastorinho da economia dos amanhãs que cantam, Nicolau Santos), que em estado desesperado quase falida foi acolhida em 2007 pela Mota-Engil, a construtora mais emblemática do regime, de que foi presidente executivo Jorge Coelho.

Estamos, portanto, perante mais uma sequela do complexo político-empresarial socialista montado por José Sócrates. Não, não é falta de sorte. É inerente e intrínseco ao sistema.

ESTADO DE SÍTIO: Com a estratégia Novo Quadrado de Aljubarrota anti espanholização do Presidente Marcelo e do Condestável Costa derrotámos os angolanos e entregámos a praça-forte a Castela


Tudo começou quando o Condestável Costa com a bênção do Presidente Marcelo entregou o que restava da praça-forte Banif ao Alcaide de Santander. De imediato, talvez arrependidos, o Presidente Marcelo e o Condestável Costa resolveram emendar a mão e desenharam a estratégia Novo Quadrado de Aljubarrota, mandando a corte entoar cânticos patrióticos contra a «espanholização» da banca com um coro de opinion dealers, jornalistas de causas e patetas variados.

Na estratégia do Novo Quadrado os aliados para o combate a Castela desta vez não seriam os ingleses, agora ocupados com o Brexit. Seriam os angolanos, através da Primogénita do Soba de Angola com quem o Presidente Marcelo e o Condestável Costa iniciaram imediatamente conversações para negociar o tratado da Aliança Luso-Angolana que nos permitiria dispor os exércitos lusitano e angolano numa frente comum contra as ambições de Castela.

As negociações falharam e, num golpe de génio, o Presidente e o Condestável resolveram que se os angolanos não ajudavam Portugal a defender a praça-forte BPI, tanto pior para os angolanos. Serão expulsos do BPI antes de entregarmos a praça-forte a Castela.

18/04/2016

Dúvidas (154) - Costa com «obra feita» em Lisboa. Amanhã em Portugal? (14)

Outras obras feitas.

Segundo a vereação de Fernando Medina, o sucessor indigitado por Costa que depois da obra feita na câmara de Lisboa está a fazer obra no país, as contas de 2015 são «as melhores da década» porque o passivo está a ser reduzido.

A verdade, segundo o CDS, é que a redução do passivo está a ser feita pela transferência de dívida para as empresas municipais, e, segundo o PSD, as receitas estão a subir para financiar obra em ano de eleições.

Não admira que o sucessor adopte os métodos do sucedido para reduzir a dívida da câmara.  Recorde-se que o endividamento total em 2013 da câmara de Lisboa era de 558,8 milhões, um dos mais altos, e seria 845 milhões se não fossem 286 milhões recebidos do governo em 2012 «pela compra há mais de 70 anos dos terrenos do aeroporto, 20 anos antes de Costa ter nascido, e pela «compra» dos terrenos da Expo, uns 20 anos antes de Costa ter aterrado na câmara».

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (27)

Outras avarias da geringonça.

Como toda a a gente já escreveu (mas não em latim...), a semana que passou foi uma hebdomas horribilis para o governo da geringonça. Começou pela demissão do ministro da Cultura (ainda para mais filho do fundador) e do secretário de Estado, por causa das bofetadas prometidas por João Soares. Continuou com a substituição de João Soares pelo embaixador Castro Mendes, que afinal não é embaixador.

Seguiu-se a demissão do Chefe de Estado-Maior do Exército por causa das patetices, a propósito do Colégio Militar, do ministro da Defesa, feito porta-voz do berloquismo. A coisa podia ter ficado ainda mais complicada se o coronel Vasco Lourenço fosse capaz de manter uma posição mais do que um par de horas antes de passar ao delírio seguinte. (*)

BREIQUINGUE NIUZ: Não estava já tudo resolvido com a patriótica intervenção de Costa & Marcelo?

CaixaBank vai lançar OPA sobre BPI


Isabel dos Santos rompeu o acordo com o Caixabank no BPI depois de ser informada, quinta-feira passada, pelo Banco de Portugal que havia obstáculos a conceder-lhe o registo de idoneidade para ser administradora não executiva do BIC Portugal, o outro banco onde tem posição accionista.

17/04/2016

ACREDITE SE QUISER: Marcar território

Segundo o jornal SOL, uma «fonte próxima» do professor Marcelo, a propósito da torrente noticiosa gerada a partir de Belém e da agenda apoplética da presidência, disse que «os primeiros três meses são os que definem o mandato e têm de ser assim. É preciso marcar terreno, definir posições e estabelecer um estilo.»

Marcando o território
Porque cargas-de-água teria a «fonte próxima» usado a metáfora «marcar território»? Marcar? Como? Os «afectos» fazem parte disso? Território? Qual território? O palácio de Belém? O Portugal dos Pequeninos? Porquê? A espécie PR só tem um exemplar.

Estado empreendedor (98) - o aeroporto que só abria aos domingos, esteve para ser cemitério de aviões e agora é um parque de estacionamento (8)

[Continuação de outras aterragens: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aquiaquiaqui e aqui]

Começou por ser na mente de Augusto Mateus e nos sonhos do socratismo «uma plataforma logística para a carga a receber e a expedir de/para a América e África». A última vez de que nos demos conta, o destino do aeroporto de Beja era para ser uma «unidade de desmantelamento de aviões».

Afinal, virá a ser «uma espécie de parque de estacionamento de algumas companhias aéreas (e) actualmente há uma média de 3 a 5 aviões por semana ali estacionados», disse à TSF o actual director.

Parece mal (e até ridículo, tratando-se do empreendedorismo estatal) ser o próprio a realçar outra vez as suas capacidades preditivas, mas o certo é que há 7 anos escrevo sobre este paradigma da economia socialista e há 5 anos ilustro os posts com esta imagem agora substituída por outra mais apropriada ao estacionamento.

Há uma explicação muito simples para estes projectos saírem furados: as luminárias que os inventam e os políticos que os aprovam não põem o dinheiro onde põem a boca. Por duas razões: (1) o único dinheiro que têm (às vezes muito, veja-se o caso do preso 44) vem de sinecuras, negócios estatais ou corrupção pura e dura; (2) nunca lançaram nenhum negócio próprio, nem sequer um quiosque para vender jornais.

Títulos inspirados (57) – «O mistério chinês da Fundação Mário Soares»

«Há um empresário chinês detido nos Estados Unidos, acusado de branqueamento de capitais e corrupção de altos funcionários da ONU, que faz parte da Fundação Mário Soares, mas aparentemente ninguém na instituição sabe de quem se trata e como entrou para os órgãos sociais. A “misteriosa” personagem chama-se Lap Seng. Tem 68 anos e é um magnata da construção civil, imobiliário e turismo, com passaporte português. No conselho geral da fundação, onde os cargos são vitalícios, há mais quatro chineses. O multimilionário Stanley Ho, ligado à exploração do jogo, e o advogado de origem portuguesa Jorge Neto Valente, que dirigiu as candidaturas presidenciais de Soares em Macau, são dois. Leong Su Sang e Sio Tak Hong, desconhecidos empreendedores e sócios de Lap Seng, são os outros dois. O magnata que nasceu pobre já teve, ou tem, negócios com todos.

Lap Seng está em prisão domiciliária nos EUA desde setembro, com uma caução de 50 milhões de dólares, acusado de branqueamento de capitais e de participar num esquema de subornos destinados ao ex-presidente da Assembleia Geral da ONU, John Ashee, que também se encontra detido. O escândalo é já considerado o maior das Nações Unidas desde o caso “Petróleo por Alimentos” e o líder da organização, Ban Ki-Moon, confessou-se “chocado”

(Visão)

16/04/2016

DIÁRIO DE BORDO: Grande Auditório Gulbenkian, o Pequeno Met dos tesos (8)

Sondra Radvanovsky, a Elisabetta de «Roberto Devereux» de Donizetti
Interpretações excelentes e uma superlativa: a Elisabetta de Sondra Radvanovsky. Enfim, superlativa para um amante de ópera como aqueles provadores que, por um misto de falta de talento e excesso de apreciação de vinho, dispensam aqueles rituais de olhar para o rótulo, cheirar a rolha, abanar o copo, cheirar o vinho, meter um trago na boca e cuspir o precioso néctar, passam directamente à 5.ª fase e esquecem a 6.ª.

Não tem nada a ver com as provas, mas quando a câmara passeou pela audiência do Met pareceu-me ver o professor Marcelo com o seu olho brilhante a olhar para a objectiva como que a dizer «estou aqui», sentado ao lado da «eterna namorada». Comentei a sotto voce para a minha «eterna patroa»: o Marcelo está ali no Met! Respondeu-me que o Marcelo está em todo lado menos no Met e que eu estava a ter visões telepáticas.

Quando voltei a casa fui conferir a agenda do professor Marcelo. Ao contrário dos outros dias, em que tinha três, quatro, cinco, até nove eventos, hoje não tinha nada. É bem possível que estivesse em NY, a tempo de regressar para amanhã ir a Coimbra visitar a sede da Associação Académica de Coimbra, a República dos Fantasmas, Sala 17 de abril e acabar o dia jantar na Residência da Alegria (juro! é isso que ele tem na agenda).

Chávez & Chávez, Sucessores (42) - El Coronel em Alfragide

O pajarito chiquitico de Maduro em Alfragide

«Foi esta manhã descerrada a placa toponímica Praça Hugo Chávez, na freguesia de Alfragide, durante uma visita do Embaixador da Venezuela em Portugal, o General en Jefe Lucas Rincón Romero.» (Fonte)

ACREDITE SE QUISER: A coisa e o coiso

A associação de patetas esquizofrénicos que dá pelo nome de Bloco de Esquerda, à míngua de temas fracturantes ainda disponíveis, em vez de, por exemplo, defender em colaboração com o PAN a legalização da união de facto inter-espécies, propôs no parlamento um projecto de resolução para alterar o nome do documento de identificação de Cartão de Cidadão, que «não respeita a identidade de género de mais de metade da população portuguesa», para Cartão de Cidadania.

É falta de ímpeto revolucionário e, sobretudo, de imaginação. Com um campo tão vasto por desbravar, vão cair na burocracia mais rasteira. Por exemplo, por que diacho «coisa» há-de ser feminino, não respeitando a identidade de género de quase metade da população portuguesa. Afinal é um dos substantivos mais usados (8 milhões de ocorrências na pesquisa Google) em português, perdão, na língua portuguesa, para designar aquilo, masculino ou feminino, cujo nome não nos lembramos? Porque não usar «o» coiso (umas míseras 41 mil de ocorrências na pesquisa Google), quando aquilo que esquecemos é masculino? Tanto mais que, segundo os dicionários, quer «o» coiso, quer «a» coisa, são usados para designar «o coiso».

E se lançássemos uma petição para os berloquistas crescerem, tratarem-se deixarem de «coisar» o juízo dos portugueses, perdão, das pessoas portuguesas?

ESTADO DE SÍTIO: Habituem-se (3)

Fonte: Expresso
Apesar de ser uma sondagem Eurosondagem do regime, a sondagem não deixa margem para dúvidas.

Se, apesar deste aviso e deste lembrete, ainda pensais que, numa bela manhã de nevoeiro, o povo, percebendo que a governação da geringonça nos levará a percorrer um caminho já quase familiar de corda ao pescoço de novo até Bruxelas, se levantará como um só homem, perdão, como uma só pessoa do «género» humano, abdicando deste saboroso e distendido intermezzo e da renovação do living room, das férias nas Caraíbas, da troca do chaço, da substituição do hifi, do ipod, do iphone e do ai o caraças que aí vem a troika outra vez, se levantará, dizia eu, em poderosas manifs semelhantes às cariocas e paulistas, se não no clima pelo menos no ímpeto, exigindo a impugnação da geringonça, se ainda pensais, dizia eu, é melhor aproveitardes as ganas para renovardes o living room, trocardes chaço, o hifi, o ipod, o iphone e o ai o caraças porque, se vier aí a troika, deixai-a vir, depois logo se vê.

15/04/2016

Pro memoria (304) – Varoufakis não é como a mulher de César

A mulher de César era séria mas não parecia. Já não havia sérias razões para ter dúvidas que Yanis Varoufakis, o ex-ministro grego das Finanças (ou das finanças Gregas, se preferirem), mestre do doublespeak, não era sério, nem ao menos parecia.  A notícia seguinte (em castelhano, por ser mais castiço) tira quaisquer dúvidas:

«El podemita griego Varoufakis (*) cobra sus charlas de 50.000 € a través del paraíso fiscal de Omán

Yanis Varoufakis, líder de 'Plan B para Europa', la formación de izquierda radical europea ha saltado a la opinión pública con un escándalo sobre sus propias finanzas. Los 'papeles de Panamá' han vuelto a poner el foco en cuentas 'offshore' en paraísos fiscales. El dimitido ministro heleno tasa en hasta 60.000 dólares sus ponencias por todo el mundo.»

(*) Simpatizante ou militante do «Podemos» ou, em geral, de uma agremiação esquerdista.

Declaração de interesse:
Não tenho a opinião que seja necessariamente criminoso ou eticamente reprovável ter uma conta bancária offshore. Depende, como já escrevi. Quem acha isso é a esquerdalhada em geral e, em particular, o ramo radical chic a que pertence o camarada Yanis.

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (134) – Os socialistas convivem bem com a imprensa amiga e convivem mal com a liberdade de imprensa (II)

Lembram-se do episódio célebre de António Guterres, o picareta falante n.º 1, que questionado sobre quanto seria o PIB meteu os pés pelas mãos e acabou a dizer «é só fazer as contas…»? Não se lembram? Pouco importa. Afinal o episódio já tem mais de 20 anos e foi aqui recordado por Ricardo Costa em Setembro do ano passado, a propósito da campanha para as Legislativas.

Cheguei a esse artigo de RC – o meio-irmão do outro Costa, de quem o Impertinente já louvou várias vezes a independência - via uma referência de há dias do próprio, onde relata com uma inocência cheia de significado, como se falasse da coisa mais natural da vida (e é a coisa mais natural da vida para a esquerdalhada), a interferência da clique socialista na edição de notícias das televisões:
«Naquela tarde tinha havido alguns telefonemas para a SIC a tentarem enquadrar a gaffe. Jorge Coelho, Pina Moura, entre outros, tentaram a sua sorte. Nada feito na SIC, aquilo era demasiado bom para que perdêssemos um segundo sequer a ponderar não a emitir. Mal sabíamos que, enquanto vínhamos para Lisboa, Guterres tinha conversado com os jornalistas que estavam na caravana e os tinha convencido a não emitir nada…»
Este é um exemplo do soft power socialista sobre os mídia, a mão mole socialista, que completa o hard power, a mão dura socialista, exemplificada pelos telefonemas intimidatórios aos jornalistas, pelas interferências descaradas, pelas nomeações de jornalistas amigos e, no, limite pelas tentativas de comprar a TVI durante o consolado socrático. A meio caminho encontramos o SMS de Costa.

14/04/2016

Nem só o Estado é amigo do empreendedor (8) - A maldição do jornalismo promocional – ainda outra vez

Recapitulando:
A Bial é uma empresa farmacêutica portuguesa com uma excelente imprensa e o seu presidente Luís Portela tem sido levado ao colo pelos mídia ou, como costumo dizer, a empresa e o empresário são favoritos do que costumo chamar o jornalismo promocional. Não questiono a bondade nem o mérito da Bial e da família que a dirige, de quem tenho até impressão positiva, apenas registo o que parece ser mais uma ocorrência da maldição do jornalismo promocional – uma espécie do jornalismo de causas empresariais frequentemente praticado pelos pastorinhos da economia dos amanhãs que cantam.

Depois do episódio das suspeitas de corrupção activa e passiva, burla ao SNS e falsificação de documentos, houve o episódio da morte num ensaio clínico e agora a confirmação pelo Expresso do offshore no Panamá, cuja existência fora negada pelo presidente da Bial Luís Portela, através do qual a família Portela tinha dinheiro no banco UBS.

É certo que, para a maioria das pessoas com juízo e sem preconceitos esquerdizantes, deter uma conta num offshore não é diferente de deter uma conta num onshore. O que faz diferença é, principalmente, como foi ganho, de onde vem e para onde vai o dinheiro e, secundariamente, se foi ou não fintado o fisco e aqui devemos relativizar o crime fiscal face ao grau de extorsão predatória.

Mas é claro que para quem diaboliza em absoluto os offshores, como o Expresso, fica difícil voltar a louvaminhar a Bial e a família Portela.

TRIVIALIDADES: Zangam-se as comadres da geringonça, descobre-se o que pensam uns dos outros (2.º episódio da 1.ª temporada)

A coisa não ficou por aqui. Depois do Camarada Jorge Cordeiro do CC do PCP ter insultado no Pravda Avante a Camarada dele, Simplesmente Marisa, João Semedo, o ex-membro do género masculino do ex-casal coordenador do Bloco de Esquerda, qual cavaleiro branco vermelho, envergou a armadura, montou o alazão, segurou o escudo, sobraçou a lança e saiu em defesa da sua dama «engraçadinha».

João, Sem Medo, entrou a matar com um título que na boca dele terá sido o maior insulto ao Camarada de Luta Jorge Cordeiro que lhe ocorreu: «Nasceu um novo Pedro Arroja». E escreve, lamuriento, «com tanto corrupto, reaccionário e liberal à solta por aí, com tanta direita a exigir duro combate, não há no PCP quem diga ao Jorge Cordeiro para escolher melhor os seus alvos?».

Será o fim de um casamento de conveniência? Espera-se uma intervenção do padrinho Costa e aguarda-se impacientemente novos episódios.

Declaração de interesse:
Nunca fui acusado de corrupção, fui acusado raramente de reaccionário e mais frequentemente, como sinónimo, de liberal. Permito-me discordar de João Sem Medo no que respeita à abundância desta última classe de criaturas, cuja raridade neste nosso Portugal colectivista nem daria para formar um partido do táxi.

13/04/2016

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo

Há quase quatro anos apelidei aqui o actual presidente da República de «picareta falante», o mesmo apodativo que Vasco Pulido Valente usou para designar António Guterres - outra criatura verborrágica, não por acaso, muito chegado em tempos a Marcelo Rebelo de Sousa. Anunciei então, com quatro anos de antecedência, que não votaria em MRS para evitar transformar Belém num centro de intriga permanente – não votei, mas já confessei que engoliria o sapo se a alternativa na segunda volta tivesse sido a vacuidade gongórica do professor Nóvoa.


MRS tem confirmado os meus piores receios. Ontem mesmo, julgando-se ainda no púlpito das televisões, em bicos de pés, a querer demonstrar os seus dotes de inside trader, MRS «revelou (através da TVI, o seu último púlpito) que um dos eurodeputados poderá deixar, em breve, o parlamento europeu para ocupar um cargo no sector financeiro em Portugal. Sem relevar nomes, há uma hipótese em cima da mesa: a eurodeputada do PS, Elisa Ferreira». Que confiança se pode ter numa presidência da república ocupada por uma criatura assim?

Dizem-me que ele pode corrigir-se. Como se alguém a caminhar para os setenta se pudesse corrigir. Há muito que lhe é aplicável a conhecida fábula de Esopo: era uma vez uma rã e um escorpião...

Senhor, sei que pecámos, endividámo-nos, fizemos asneiras (até elegemos para presidente esta criatura) e talvez não tenhamos emenda, mas Senhor, livrai-nos destes «afectos» e concedei-nos a graça de não termos mais outros cinco anos de TV Marcelo.

A defesa dos centros de decisão nacional (17) – Contra a estrangeirização em geral e a espanholização em particular

Porquê? Porque sim. Porque só com a lavoura portuguesa, a indústria portuguesa, os serviços portugueses, e em particular a banca portuguesa, Portugal se pode desenvolver. E ainda melhor se for Nosso, do Povo. Quereis exemplos? Lembrai-vos do pós 11 de Março quando o patriótico MFA decidiu nacionalizar a banca, os seguros, os grandes grupos económicos, o capital monopolista, etc., tudo por junto representando um terço da economia. Lembrai-vos do surto explosivo de desenvolvimento que se seguiu, só interrompido por dois resgates do FMI em 1977 e 1983.

Depois vieram as privatizações promovidas pelo neoliberalismo do Dr. Cavaco e mais tarde do governo de Passos Coelho que foi para além da troika. E agora? Agora quase só nos restam os transportes públicos concessionados ao PCP e, claro, a Caixa Geral de Depósitos, que com as suas perdas acumuladas de 2,5 mil milhões em 7 anos e com os seus mil milhões de créditos malparados (já reconhecidos, porque estarão debaixo do tapete muitos mais) ajudou imenso a lançar e manter negócios inviáveis com créditos aprovados por critérios político-patrióticos sem os quais o país não seria o mesmo.

Sim, porque não queremos ficar como um daqueles países que alienaram a sua indústria automóvel aos indianos e alemães, os seus aeroportos aos espanhóis, a sua energia aos franceses e chineses, uma parte importante da banca está na mão de suíços, americanos, franceses e alemães, entregaram a organização dos Jogos Olímpicos aos australianos, as suas equipas de futebol a americanos e árabes, o desenvolvimento urbano a qataris e malaios, estão em vias de entregar a sua bolsa aos alemães e, pior do que tudo, nomearam um canadiano para o banco central.

Não, definitivamente não queremos ficar como esse país, o Reino Unido, que fez tudo aquilo, com a sua democracia parlamentar e liberal, que está a equilibrar as contas públicas, tem um PIB per capita PPC quase uma vez e meia o português e cresce regularmente acima da média EU28. Não, não queremos e por isso queremos uma Caixa só para nós e, claro, uma TAP. Os transportes públicos ficam bem entregues à CGTP.

ACREDITE SE QUISER: Quem disse que o espaço é um domínio do sector público?

O primeiro andar do Falcon 9 «amarando» no Atlântico
Pela primeira vez, o primeiro andar reutilizável de um foguetão foi recuperado no mar, aterrando suavemente numa plataforma flutuante - um droneship (na circunstância uma barcaça), depois de ter cumprido uma missão igualmente inovadora: a acostagem de um compartimento inflável à International Space Station.

O que tem a NASA a ver com isto? Desta vez, muito pouco. Congratulou a SpaceX uma empresa privada aeroespacial fundada por Elon Musk – sim, esse mesmo, o fundador da Tesla, empresa que desenha e fabrica exclusivamente veículos totalmente eléctricos, e de várias outras empresas, incluindo a PayPal.

12/04/2016

ACREDITE SE QUISER: Os políticos capitalistas ricos americanos são pobres comparados com os políticos comunistas ricos chineses

A propósito das referências que nos últimos dias foram feitas por Miguel Monjardino no Expresso e por João Carlos Espada no Observador, aqui fica a informação original e completa.

«Wealthy politicians», Economist
«Many Americans grumble about the wealth of their politicians, but they are paupers compared with their Chinese counterparts. The 50 richest members of America's Congress are worth $1.6 billion in all. In China, the wealthiest 50 delegates to the National People's Congress, the rubber-stamp parliament, control $94.7 billion.»

TRIVIALIDADES: Zangam-se as comadres da geringonça, descobre-se o que pensam uns dos outros

«Admita-se que dificilmente se encontraria nome mais sugestivo para o novo espaço de comentário desencantado pela TVI que «simplesmente Marisa». Trocados o Maria por Marisa, vencidas que sejam no tempo mais de quatro décadas, substituída que seja a então Rádio Renascença pelo agora referido canal de televisão, a designação escolhida transporta-nos para os terrenos do folhetim radiofónico «simplesmente Maria» que fazia as delícias de um público pouco exigente que se desfazia em lágrimas com os amores e e desamores de «Maria» e «Alberto». (...)

Quanto ao resto, a opção anunciada em dia de mentiras fala por si. Cada um tem direito às escolhas que faz, mais que não seja porque quem detém o capital manda e este não descura os seus interesses de classe. Ainda mais quando elas casam com os critérios editoriais dominantes. Ter alguém com a coerência de quem é capaz de estar num dia em Atenas festejando a pré-anunciada vitória de Tsipras para meses seguintes parecer nem saber onde fica a Grécia ou de negar com a mesma convicção, como se estivesse a respeitar a verdade, a posição que assumiu quanto à invasão da Líbia, bate na perfeição com os padrões de rigor da entidade contratante.»

«Simplesmente», Camarada Jorge Cordeiro do CC do PCP no Pravda Avante

11/04/2016

CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Costa e Tsipras, a mesma luta?


25-01-2015

António Costa. "Vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha"

10-04-2016

Greece's lenders demand more supplementary pension cuts and tax hikes


Luís Afonso no Negócios
11-04-2016

António Costa e Alex Tsipras juntos na crise dos refugiados e contra austeridade na Europa

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Em risco a economia subsidiada pelo Estado

«Em Lisboa há três tipos de lojas: as recentes, as antigas e as com história. As recentes são recentes, as antigas são antigas e as com história são falidas. A diferença entre uma loja antiga e uma com história é que a loja antiga vende produtos a clientes; a loja com história, não. Uma é parte activa da economia da cidade, a outra é património imaterial. Literalmente: não tem material que atraia clientes. Mas aguenta-se porque é "histórica" no sentido em que, historicamente em Portugal, todos desejam viver a expensas do Estado, que vai manter as rendas baixas. Às custas dos proprietários. A loja com história não tem clientes, tem fãs. Que, como se lembram de ter lá ido em criança, decretam que deve permanecer aberta. (...)

Para conservar a memória deste tipo de serviço, a Câmara de Lisboa vai recongelar as rendas destas lojas. A CML quer preservar a personalidade própria das lojas falidas da Baixa. (Ao mesmo tempo que, com regulamentos que obrigam os toldos e esplanadas a serem todos iguais, não deixa que lojas que tentam ter lucro tenham personalidade própria). O objectivo é impedir que Lisboa fique igual a outras cidades que atraem turistas, descaracterizando-a. Se estas lojas fecham, perde-se uma das maiores características portuguesas: a economia subsidiada pelo Estado.»

«Lojas históricas, fãs histéricas», José Diogo Quintela no CM

Dúvidas (153) - Papéis do Panamá? Alguém consegue imaginar «Papéis» da URSS, da Rússia de Putin, de Cuba da Família Castro, da China do Camarada Xi ou da Venezuela de Maduro?


A democracia liberal e o capitalismo permitem conhecer as perversões da democracia liberal e do capitalismo. Que outros regimes e sistemas permitem conhecer as suas próprias perversões?

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (26)

Outras avarias da geringonça.

Um exemplo terminal da estratégia da geringonça de re-governar o país (a única estratégia discernível nas medidas até agora tomadas) é a re-posição das freguesias, anunciada pelo secretário de Estado das Autarquias Locais. A fusão de freguesias com o desaparecimento de 1.168 foi o arremedo de reforma autárquica que o governo PSD-CDS foi capaz de fazer. Re-colocar este tema esquecido no baú das velharias políticas é algo gratuito e intrinsecamente estúpido.

Com o anúncio a semana passada de que o governo irá obrigar os senhorios a subsidiar até 2027 as rendas das lojas que os socialistas considerarem históricas e as rendas das habitações dos idosos, a geringonça demonstrou, mais uma vez, uma espécie de lei de Lavoisier modificada: no Estado Sucial nada se cria, tudo se transforma ou se perde.

DIÁRIO DE BORDO: Gratuito é algo muito caro

Ocorreu-me ao ler este artigo de Paulo Ferreira no Observador, haver uma lacuna indesculpável no Glossário das Impertinências. Já não há.

Gratuito 

Designa em socialês algo tão caro que quem se propõe «oferecer» a uns não tem coragem de dizer o preço que será pago por outros.

Exemplos:
  • Autoestradas SCUT, cujas portagens pagas pelos utilizadores correspondem de 10% a 20% dos custos anuais, sendo os outros 80% a 90% pagos pelos contribuintes, muitos dos quais não põem as rodas numa SCUT; 
  • Manuais escolares gratuitos, cujos custos são pagos na sua quase totalidade por pais cujos filhos ainda não ou já não utilizam manuais.