Recapitulando:
A Bial é uma empresa farmacêutica portuguesa com uma excelente imprensa e o seu presidente Luís Portela tem sido levado ao colo pelos mídia ou, como costumo dizer, a empresa e o empresário são favoritos do que costumo chamar o jornalismo promocional. Não questiono a bondade nem o mérito da Bial e da família que a dirige, de quem tenho até impressão positiva, apenas registo o que parece ser mais uma ocorrência da maldição do jornalismo promocional – uma espécie do jornalismo de causas empresariais frequentemente praticado pelos pastorinhos da economia dos amanhãs que cantam.
Depois do episódio das suspeitas de corrupção activa e passiva, burla ao SNS e falsificação de documentos, houve o episódio da morte num ensaio clínico e agora a confirmação pelo Expresso do offshore no Panamá, cuja existência fora negada pelo presidente da Bial Luís Portela, através do qual a família Portela tinha dinheiro no banco UBS.
É certo que, para a maioria das pessoas com juízo e sem preconceitos esquerdizantes, deter uma conta num offshore não é diferente de deter uma conta num onshore. O que faz diferença é, principalmente, como foi ganho, de onde vem e para onde vai o dinheiro e, secundariamente, se foi ou não fintado o fisco e aqui devemos relativizar o crime fiscal face ao grau de extorsão predatória.
Mas é claro que para quem diaboliza em absoluto os offshores, como o Expresso, fica difícil voltar a louvaminhar a Bial e a família Portela.
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