18/04/2016

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (27)

Outras avarias da geringonça.

Como toda a a gente já escreveu (mas não em latim...), a semana que passou foi uma hebdomas horribilis para o governo da geringonça. Começou pela demissão do ministro da Cultura (ainda para mais filho do fundador) e do secretário de Estado, por causa das bofetadas prometidas por João Soares. Continuou com a substituição de João Soares pelo embaixador Castro Mendes, que afinal não é embaixador.

Seguiu-se a demissão do Chefe de Estado-Maior do Exército por causa das patetices, a propósito do Colégio Militar, do ministro da Defesa, feito porta-voz do berloquismo. A coisa podia ter ficado ainda mais complicada se o coronel Vasco Lourenço fosse capaz de manter uma posição mais do que um par de horas antes de passar ao delírio seguinte. (*)

Como se não fosse suficiente, o secretário de Estado da Juventude e Desportos demitiu-se por estar em «profundo desacordo» com o ministro da Educação, notícia que foi avançada pela Agência Noticiosa Professor Marcelo antes do governo. Emenda pior do que o soneto, é o novo secretário de Estado João Paulo Rebelo, ex-presidente da Movijovem, fez vários ajustes directos ao Grupo Lena do amigo do preso 44.

Ainda dentro da hebdomas horribilis, registou-se o caso de Diogo Lacerda Machado, o amigo com que Costa nos quer fazer de parvos, ligado aos escândalos dos helicópteros Kamov e do SIRESP, ambos envolvendo igualmente Costa himself, ligado também à compra da VEM pela TAP, empresa de brasileira de manutenção que tem sido um aspirador de dinheiro. Além de tudo isto, a sociedade de advogados a que pertence o amigo Machado facturou só em Janeiro e Fevereiro 170 mil euros em ajustes directos com o governo.

Quanto à banca, Costa tem ao colo a Caixa que torrou milhares de milhões nos últimos anos e precisa desesperadamente de se capitalizar. Como a DGComp não permite a capitalização com dinheiros públicos (bem-haja ó DGComp) e o par governo-presidente Marcelo quer manter a Caixa pública para financiar os projectos inviáveis que o Estado Sucial precisa para a sua autofagia, Costa teve a ideia genial de meter a capitalização da Caixa na barriga de aluguer do «banco mau» que seria criado para absorver o malparado de toda a banca - no fim da linha estarão os patos do costume, os sujeitos passivos.

No seio da geringonça já se viram melhores dias. O BE já disse que apresentará um candidato próprio à câmara de Lisboa e não apoiará o sucessor de António Costa. Também já fez saber que não está pelos ajustes de ajudar a espoliar os sujeitos passivos para pagar o malparado.

As fantasias crescimentistas socialistas ficaram ainda mais patentes com a última previsão do FMI do aumento do PIB reduzida este ano para 1,4%. Centeno parece ter finalmente percebido e começa a avisar os parceiros da geringonça que a folga para fantasias já foi e não virá tão cedo.

Fonte: DN
E não é só o crescimento que não respeita os milagres socialistas. Também o défice que segundo a previsão da Católica está a caminho dos 3,1%. Porém, o pior de tudo é o investimento público e privado que começou por uma previsão de 7,8% para 2016 pelos 12 economistas de Centeno, previsão que caiu para 4,9% no OE 2016 e foi agora revista pelo BdeP para 0,7%.

Contudo, há áreas onde os socialistas nunca nos desiludem.  Devidamente apadrinhada pelo professor Marcelo, está a caminho do Banco de Portugal Elisa Ferreira, uma senhora para quem o PS e o Estado se confundem, que será responsável pela supervisão prudencial de bancos onde nunca entrou, salvo para tratar das suas contas pessoais. Foi com surpresa que li no Expresso ter sido Elisa Ferreira proposta por Carlos Costa que, ainda segundo o Expresso, rejeitou Carlos Tavares, infinitamente melhor preparado do que ela.

Os socialistas também nunca nos desiludiram na verborreia auto laudatória. «Portugal é melhor do que a Alemanha» disse um Costa, inchado de pesporrência, a propósito de Portugal ter recebido até agora menos de 100 emigrantes, parte de mais um milhão, só no ano passado, dos quais a maioria se dirigiu à Alemanha. É precisa uma combinação invulgar de ousadia, estupidez e falta de decoro.

(*) Actualização:
Se o coronel recuou, o General António Campos Gil avançou e «dá vários murros na mesa e afirma que Azeredo Lopes “já não está à altura do cargo que está a desempenhar”». O ministro acidental da Defesa iniciou uma espécie de espiral da asneira e os militares estão a mostrar-se à altura

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