Já sabíamos que os especuladores, os analistas anglo-saxónicos e as agências de rating conspiram para solapar as bases do sistema monetário e financeiro europeu. Faltava saber que os bandidos, traficantes de droga e branqueadores de capitais estão a contribuir para a estabilidade financeira com a procura de notas de 200 e 500 euros emitidas pelo BCE com grande satisfação e lucro, contribuindo para ajudar o euro a tornar-se a moeda preferida da economia subterrânea do crime e da economia paralela.
Devemos, pois, distinguir os vulgares maus do género mau destes bons do género mau ou, dependendo das opiniões, destes maus do género bom. Em tempo de grandes apertos financeiros, os bandidos, traficantes de droga e branqueadores de capitais nossos amigos escrevem direito por linhas tortas. Bem hajam.
31/07/2010
30/07/2010
ESTADO DE SÍTIO: a justiça não é cega mas é coxa (3)
[Sequela daqui e daqui]
23-01-2009
O PGR confirma ter pedido à responsável do DCIAP, Cândida Almeida, que tomasse medidas para resolver o processo “o mais depressa possível”
19-02-2009
Cândida Almeida confirma existirem arguidos no caso Freeport
16-04-2009
Caso Freeport: Cândida Almeida espera que processo esteja resolvido antes do fim do ano
07-09-2009
Freeport: eventual suspensão será conhecida dentro de dias, diz Pinto Monteiro
16-12-2009
Investigação ao caso Freeport está “na parte final”
15-01-2010
Acusações do Freeport até ao Verão
25-01-2010
Cândida Almeida continua à frente do DCIAP e promete conclusão do Freeport para Março
25-02-2010
Freeport: Cândida Almeida aponta abril como "teto temporal"
08-04-2010
Freeport: Cândida Almeida promete resolução rápida
26-07-2010
«O processo Freeport está dado como concluído e amanhã será divulgada uma nota»
29-07-2010 «Os procuradores - que receberam o relatório final da Polícia Judiciária no dia 21 de Junho - explicam que o vice-procurador-geral da República proferiu um despacho, no dia 4 do mês passado, em que fixou o dia 25 de Julho como o do fim do prazo para o encerramento do inquérito. "Tendo em atenção este facto", e o disposto na lei do Conselho de Estado quanto à obrigatoriedade de obter autorização daquele órgão para ouvir o primeiro-ministro, os titulares do inquérito concluem que "mostra-se, por ora, inviabilizada" a inquirição de José Sócrates e a realização das restantes diligências referidas, deduzindo-se assim o despacho final.»
E assim termina com umas vagas acusações de tentativa de extorsão para pagamento de luvas, meia dúzia de anos depois, um processo recheado de factos que o ligam a José Sócrates, família, amigos e correligionários, conduzido por uma procuradora que, por acaso, é uma conhecida figura notoriamente ligada ao PS. Pelo caminho perde-se o rasto a milhões de euro. Compreende-se que quem esteja em estado de necessidade, sob ameaça de perder uma tença, ou quem esteja privado de um lampejo de inteligência ou de um módico de independência de espírito possa acreditar nestas tretas. Mas quem mais?
23-01-2009
O PGR confirma ter pedido à responsável do DCIAP, Cândida Almeida, que tomasse medidas para resolver o processo “o mais depressa possível”
19-02-2009
Cândida Almeida confirma existirem arguidos no caso Freeport
16-04-2009
Caso Freeport: Cândida Almeida espera que processo esteja resolvido antes do fim do ano
07-09-2009
Freeport: eventual suspensão será conhecida dentro de dias, diz Pinto Monteiro
16-12-2009
Investigação ao caso Freeport está “na parte final”
15-01-2010
Acusações do Freeport até ao Verão
25-01-2010
Cândida Almeida continua à frente do DCIAP e promete conclusão do Freeport para Março
25-02-2010
Freeport: Cândida Almeida aponta abril como "teto temporal"
08-04-2010
Freeport: Cândida Almeida promete resolução rápida
26-07-2010
«O processo Freeport está dado como concluído e amanhã será divulgada uma nota»
29-07-2010 «Os procuradores - que receberam o relatório final da Polícia Judiciária no dia 21 de Junho - explicam que o vice-procurador-geral da República proferiu um despacho, no dia 4 do mês passado, em que fixou o dia 25 de Julho como o do fim do prazo para o encerramento do inquérito. "Tendo em atenção este facto", e o disposto na lei do Conselho de Estado quanto à obrigatoriedade de obter autorização daquele órgão para ouvir o primeiro-ministro, os titulares do inquérito concluem que "mostra-se, por ora, inviabilizada" a inquirição de José Sócrates e a realização das restantes diligências referidas, deduzindo-se assim o despacho final.»
E assim termina com umas vagas acusações de tentativa de extorsão para pagamento de luvas, meia dúzia de anos depois, um processo recheado de factos que o ligam a José Sócrates, família, amigos e correligionários, conduzido por uma procuradora que, por acaso, é uma conhecida figura notoriamente ligada ao PS. Pelo caminho perde-se o rasto a milhões de euro. Compreende-se que quem esteja em estado de necessidade, sob ameaça de perder uma tença, ou quem esteja privado de um lampejo de inteligência ou de um módico de independência de espírito possa acreditar nestas tretas. Mas quem mais?
Much Ado About (almost) Nothing (2)
Ontem escrevi aqui distraidamente que «o interesse estratégico e o imperativo patriótico da participação da PT na Vivo valem para o governo apenas 350 milhões de euros ou menos de 5% do valor porque vai ser vendida». Segundo contas mais rigorosas, considerando as diferenças entre as propostas antes e depois do veto, isto é faseamento dos pagamentos e os dividendos de 2009 e 2010, a proposta que os accionistas e o governo aprovaram é praticamente igual à que o governo tinha vetado. A ser assim,
- O resultado da gritaria mediática de Sócrates foi ZERO;
- A profecia de 30 de Junho do Impertinente foi (quase) cumprida; assim se demonstra que, não sendo grande profeta, sempre é melhor nas profecias que o grande líder a negociar com os castelhanos.
29/07/2010
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Como o governo insulta a (pouca?) inteligência do povo português
«1. A Oi é um activo estratégico de grande importância, um pouco como a insubstituível Vivo o era ainda há 15 dias.
2. Vender a Vivo por 7,5 mil milhões é um grande negócio. Há quinze dias atrás a venda por 7,15 mil milhões era uma asneira tendo em conta o grande potencial da empresa.
3. A Oi é uma empresa de grande potencial. Há 15 dias atrás era uma empresa cheia de problemas cujo potencial não tinha qualquer comparação com o da Vivo.
4. A PT está a vender a Vivo na altura certa. O potencial de crescimento está esgotado. Esgotou-se nos últimos 15 dias.
5. Ser minoritário na Oi não é um problema. Há 15 dias uma posição de controlo da Vivo era essencial.
6. O governo fez muito bem em usar a Golden Share. Conseguiu-se subir o preço e os accionistas privados ganharam. Há 15 dias intervenção estatal era justificada pelo interesse nacional, hoje intervenção estatal é justificada como forma de reforçar o poder de barganha de privados.
7. Se não fosse o uso da Golden Share a PT não tinha entrado na Oi. Non sequitur óbvio. Mas pronto. Há quem acredite nisso.
8. Conseguiu-se vender a Vivo por bom preço e ficar no Brasil. (Falta dizer que a Oi foi cara, o que em parte anula o bom negócio que se fez com a Vivo).
9. Há 15 dias era inaceitável vender a Vivo porque se teria que sair do mercado brasileiro. Entrar noutra empresa seria muito difícil. Ou a Vivo ou o caos. Ao fim de 15 dias trocou-se uma posição de controlo na Vivo por uma minoritária na Oi.
10. E já nem falo nos grandes nacionalistas portugueses, que se contentam com muito pouco. Basta a ilusão de que ser minoritário na Oi é tão bom como controlar a Vivo para os manter felizes. Ficam contentes por mandar menos em menos. Santana Lopes nem se vai lembrar do que disse.»
[Coisas giras que se começam a ouvir, João Miranda no Blasfémias]
2. Vender a Vivo por 7,5 mil milhões é um grande negócio. Há quinze dias atrás a venda por 7,15 mil milhões era uma asneira tendo em conta o grande potencial da empresa.
3. A Oi é uma empresa de grande potencial. Há 15 dias atrás era uma empresa cheia de problemas cujo potencial não tinha qualquer comparação com o da Vivo.
4. A PT está a vender a Vivo na altura certa. O potencial de crescimento está esgotado. Esgotou-se nos últimos 15 dias.
5. Ser minoritário na Oi não é um problema. Há 15 dias uma posição de controlo da Vivo era essencial.
6. O governo fez muito bem em usar a Golden Share. Conseguiu-se subir o preço e os accionistas privados ganharam. Há 15 dias intervenção estatal era justificada pelo interesse nacional, hoje intervenção estatal é justificada como forma de reforçar o poder de barganha de privados.
7. Se não fosse o uso da Golden Share a PT não tinha entrado na Oi. Non sequitur óbvio. Mas pronto. Há quem acredite nisso.
8. Conseguiu-se vender a Vivo por bom preço e ficar no Brasil. (Falta dizer que a Oi foi cara, o que em parte anula o bom negócio que se fez com a Vivo).
9. Há 15 dias era inaceitável vender a Vivo porque se teria que sair do mercado brasileiro. Entrar noutra empresa seria muito difícil. Ou a Vivo ou o caos. Ao fim de 15 dias trocou-se uma posição de controlo na Vivo por uma minoritária na Oi.
10. E já nem falo nos grandes nacionalistas portugueses, que se contentam com muito pouco. Basta a ilusão de que ser minoritário na Oi é tão bom como controlar a Vivo para os manter felizes. Ficam contentes por mandar menos em menos. Santana Lopes nem se vai lembrar do que disse.»
[Coisas giras que se começam a ouvir, João Miranda no Blasfémias]
28/07/2010
Much Ado About (almost) Nothing
Afinal parece que o interesse estratégico e o imperativo patriótico da participação da PT na Vivo valem para o governo apenas 350 milhões de euros ou menos de 5% do valor porque vai ser vendida, tanto quanto depois do veto do governo a Telefónica teve que adicionar à sua última proposta já aceite por Sócrates. Como é óbvio, a eventual entrada minoritária da PT na Oi nada tem a ver com a Telefónica a não ser o facto de disponibilizar dinheiro que a PT não teria para comprar essa participação.
Em resumo:
Em resumo:
- Já este ano a Telefónica nas conversas com a administração e/ou os accionistas aumentou a parada sucessivamente para 5, 5,7, 6,5 e 7,15 mil milhões;
- O governo vetou a proposta de 7,15 mil milhões, no meio de imensa manipulação mediática em que Sócrates se envolveu até às orelhas;
- Por último a Telefónica apresenta a proposta agora aceite de 7,5 mil milhões.
Em conclusão, os créditos pela melhoria de 2,5 mil milhões da proposta de 5 para 7,5 mil milhões devem-se:
- À administração e/ou accionistas 2,15 mil milhões ................... 86%
- À golden share e à gritaria mediática de Sócrates 350 milhões .... 14%
27/07/2010
ESTADO DE SÍTIO: a justiça não é cega mas é coxa (2)
[Sequela daqui]
23-01-2009
O PGR confirma ter pedido à responsável do DCIAP, Cândida Almeida, que tomasse medidas para resolver o processo “o mais depressa possível”
19-02-2009
Cândida Almeida confirma existirem arguidos no caso Freeport
16-04-2009
Caso Freeport: Cândida Almeida espera que processo esteja resolvido antes do fim do ano
07-09-2009
Freeport: eventual suspensão será conhecida dentro de dias, diz Pinto Monteiro
16-12-2009
Investigação ao caso Freeport está “na parte final”
15-01-2010
Acusações do Freeport até ao Verão
25-01-2010
Cândida Almeida continua à frente do DCIAP e promete conclusão do Freeport para Março
25-02-2010
Freeport: Cândida Almeida aponta abril como "teto temporal"
08-04-2010
Freeport: Cândida Almeida promete resolução rápida
26-07-2010
«O processo Freeport está dado como concluído e amanhã será divulgada uma nota»
23-01-2009
O PGR confirma ter pedido à responsável do DCIAP, Cândida Almeida, que tomasse medidas para resolver o processo “o mais depressa possível”
19-02-2009
Cândida Almeida confirma existirem arguidos no caso Freeport
16-04-2009
Caso Freeport: Cândida Almeida espera que processo esteja resolvido antes do fim do ano
07-09-2009
Freeport: eventual suspensão será conhecida dentro de dias, diz Pinto Monteiro
16-12-2009
Investigação ao caso Freeport está “na parte final”
15-01-2010
Acusações do Freeport até ao Verão
25-01-2010
Cândida Almeida continua à frente do DCIAP e promete conclusão do Freeport para Março
25-02-2010
Freeport: Cândida Almeida aponta abril como "teto temporal"
08-04-2010
Freeport: Cândida Almeida promete resolução rápida
26-07-2010
«O processo Freeport está dado como concluído e amanhã será divulgada uma nota»
SERVIÇO PÚBLICO: Testes de (pouca) resistência (2)
Aparentemente os mercados europeus parecem estar a reagir positivamente aos resultados dos testes, com os principais índices a mostrar alguma euforia. Isso significa que aparentemente o que escrevi aqui ontem parece completamente infundado? Not so fast. Os mercados de capitais são como os pássaros. É preciso deixá-los pousar. Entretanto, as reacções dos analistas são frequentemente cépticas, to say the least.
Confirma-se que as insuficiências de capital detectadas (3,5 mil milhões) estão muito longe das estimativas: Nomura 30 mil milhões; Goldman Sachs 38 mil milhões, Barclays 85 mil milhões. Confirma-se que a maioria da dívida pública não foi considerada por estar classificada (arbitrariamente) como banking book – por exemplo a dívida grega foi assim classificada em 90% pelos bancos testados. Se os testes tivessem considerado a totalidade da dívida pública (e não apenas a banking book) teriam ficado 24 bancos abaixo de 6% do Tier 1.
Em resumo, os stress tests conduzidos pelo troika Comissão Europeia, BCE e Comité de Supervisores Bancários Europeus ficam a parecer-se bastante como uma operação de marketing para induzir confiança nos mercados. Vamos ver nos próximos dias como estes reagem a frio.
Algumas análises heterodoxas:
É claro que sempre podemos descartar as questões incómodas e imaginar mais uma teoria da conspiração, desta vez dos analistas anglo-saxónicos. Infelizmente a realidade expulsa pela porta da frente volta a entrar pela porta das trazeiras, mais tarde ou mais cedo.
Confirma-se que as insuficiências de capital detectadas (3,5 mil milhões) estão muito longe das estimativas: Nomura 30 mil milhões; Goldman Sachs 38 mil milhões, Barclays 85 mil milhões. Confirma-se que a maioria da dívida pública não foi considerada por estar classificada (arbitrariamente) como banking book – por exemplo a dívida grega foi assim classificada em 90% pelos bancos testados. Se os testes tivessem considerado a totalidade da dívida pública (e não apenas a banking book) teriam ficado 24 bancos abaixo de 6% do Tier 1.
Em resumo, os stress tests conduzidos pelo troika Comissão Europeia, BCE e Comité de Supervisores Bancários Europeus ficam a parecer-se bastante como uma operação de marketing para induzir confiança nos mercados. Vamos ver nos próximos dias como estes reagem a frio.
Algumas análises heterodoxas:
É claro que sempre podemos descartar as questões incómodas e imaginar mais uma teoria da conspiração, desta vez dos analistas anglo-saxónicos. Infelizmente a realidade expulsa pela porta da frente volta a entrar pela porta das trazeiras, mais tarde ou mais cedo.
26/07/2010
BREIQUINGUE NIUZ: As portagens nas SCUT vão ser introduzidas «o mais depressa possível» (6)
Actualizando a primeira, a segunda, a terceira, a quarta e a quinta retrospectivas e confirmando a espantosa incapacidade de realização dos governos de José Sócrates que constantemente se empluma precisamente com a sua alegada capacidade de realização.
- 06-11-2004 Mário Lino revela que portagens nas Scut irão financiar todas as estradas
- 20-05-2005 Mário Lino, ministro das Obras Públicas, admitiu que em breve se tenha que proceder à cobrança de portagens nas Scut
- 07-11-2005 Mário Lino está já a desenvolver um novo modelo geral de financiamento da rede rodoviária nacional, que inclui as Scut, e que deverá ficar concluído em 2006.
- 19-01-2006 Mário Lino revela que portagens nas Scut irão financiar todas as estradas
- 18-10-2006, pouco depois das 11h, Mário Lino tornava-se o quarto ministro consecutivo a anunciar o fim das chamadas auto-estradas Scut
- 30-08-2007 portagens pagas nas ... Scut, anunciada pelo ministro Mário Lino em Outubro do ano passado, só será concretizada, na melhor das hipóteses, em 2008
- 02-05-2007 negociações para introdução de portagens nas Scut retomadas há um mês
- 10-10-2007 Mário Lino: Governo vai introduzir portagens nas Scut até ao final do ano
- 13-11-2007 a implementação de portagens nas três Scuts - até ao fim deste ano - poderá ser adiada para o primeiro trimestre de 2008.
- 15-01-2008 o processo está «bastante avançado», devendo «estar concluído brevemente»
- 27-02-2008 Negociações para introdução de portagens «bem encaminhadas», garante Mário Lino
- 01-03-2008 as negociações com as concessionárias estão bem encaminhadas.
- 27-05-2008 entrarão em funcionamento «o mais depressa possível».
- 30-06-2008 «Se pudesse ter amanhã portagens nas SCUT eu fazia»
- 06-07-2007 «o Governo está a implementar a introdução das portagens nas três SCUT já referidas»
- 02-10-2008 as portagens nas chamadas SCUT`s vão ser introduzidas «o mais depressa possível»
- 27-01-2010 «Há condições para introduzir portagens nas SCUT no 1º semestre»
- 22-04-2010 «serão introduzidas portagens nas Scut já a partir do próximo dia 1 de Julho» disse Teixeira dos Santos.
- 29-06-2010 «O Governo tomou a decisão de adiar por trinta dias, até 1 de Agosto, a introdução de portagens nas SCUT Costa de Prata, Norte Litoral e Grande Porto»
- 24-07-2010 O Governo «não pode aplicar as portagens nas SCUT a 1 de Agosto»
SERVIÇO PÚBLICO: Testes de (pouca) resistência
Já aqui confessei a minha pouca fé a priori nos testes de resistência dos bancos europeus cujos resultados foram divulgados na passada sexta-feira. Fé a posteriori ainda enfraquecida pelas seguintes razões:
- Multiplicação das declarações antecipadas de regozijo e confiança de dirigentes políticos e do FMI sobre os putativos resultados dos testes ainda em curso;
- Falta de garantias de independência do pool de entidades que organizou os testes: Comissão Europeia, BCE e um obscuro Comité de Supervisores Bancários Europeus sedeado em Londres;
- Dúvidas sobre a resistência de vários bancos centrais às pressões políticas e ao «imperativo moral e patriótico» de reforçar a confiança dos mercados;
- Dúvidas sobre a suficiência do grau de stress do pior cenário dos testes devido a:
- Critério adoptado para os riscos da dívida soberana que apenas foram considerados no caso da dívida classificada como activos detidos para negociação ou disponíveis para venda (trading book), estimados em menos de 1% dos activos totais (1); não foi considerado o risco da dívida pública classificada como investimentos a deter até à maturidade (banking book) (2);
- Na situação de forte exposição às dívidas públicas dos PIGS e com 38 dos 91 bancos considerados nos testes a receber assistência financeira dos respectivos governos, apenas 7 bancos não passaram;
- Desses sete, cinco são caixas espanholas, a maioria das quais se sabe que estão falidas, empanturradas duma mistura explosiva de créditos à habitação e à construção em stock sem compradores;
- Apenas um dos seis bancos gregos testados não passou, apesar de todos estarem atulhados de dívida pública grega;
- Apenas não passou um dos bancos alemães (Hypo Real Estate) já intervencionado pelo governo; passaram todos os landesbanks testados sabendo-se que a situação destes bancos é em geral reconhecidamente débil;
- Ainda dúvidas sobre a insuficiência de capital estimada em apenas 3,5 mil milhões, quando se sabe que o Goldman Sachs estimou antes dos testes dez vezes mais (38 mil milhões);
(1) No caso português as exposições estão disponíveis no documento do BdeP e pode constatar-se que as classificadas como trading book são bastantes superiores à média europeia o que significa que os resultados dos testes merecem, em princípio, maior confiança; note-se que, diferentemente, os melhores resultados do BPI provavelmente dependem em grande parte do critério de classificação da dívida pública em carteira - banking book na quase totalidade.FONTES:
(2) Deste critério resulta que as eventuais imparidades só são reconhecidas e têm impacto nos resultados no vencimento da dívida, salvo no caso de venda antecipada em que todos os activos da classe têm que ser reclassificados como disponíveis para venda e reconhecidas as imparidades. Não é difícil de perceber que, no caso de ameaça de default da dívida soberana de um país, o banco se vê confrontado com um dilema temível: vender títulos a preços de saldo, reconhecer as imparidades de todos os activos desta classe e registar nesse ano perdas consideráveis ou esperar pela maturidade e ficar em carteira com junk bonds e registar a prazo perdas eventualmente ainda maiores.
25/07/2010
Vou esperar mais algum tempo antes de me declarar admirador de António Mexia
É difícil ficar indiferente à sua entrevista na Única do Expresso. Se esquecermos que faz parte do esperma feliz, como lhe costuma chamar Warren Buffett, e estudou na Suíça, o homem subiu a pulso na vida ou pelo menos andou bastante à boleia, segundo confessa. Com os 3,1 milhões de salário e bónus recebidos da EDP o ano passado, hoje está bem, depois de ter passado por muitas dificuldades - para pagar a renda de casa não lhe chegava o dinheiro ganho como assistente em duas faculdades.
Apesar de tudo isso e correndo o risco de me ver incluído entre os invejosos e os mesquinhos, vou esperar mais algum tempo antes de me declarar seu admirador. Vou esperar que tenha sucesso como presidente duma empresa sem golden share, nem o Estado como accionista, actuando num mercado concorrencial de bens ou serviços transaccionáveis, sem subsídios, uma empresa que não seja um quasi-monopólio.
Apesar de tudo isso e correndo o risco de me ver incluído entre os invejosos e os mesquinhos, vou esperar mais algum tempo antes de me declarar seu admirador. Vou esperar que tenha sucesso como presidente duma empresa sem golden share, nem o Estado como accionista, actuando num mercado concorrencial de bens ou serviços transaccionáveis, sem subsídios, uma empresa que não seja um quasi-monopólio.
DIÁRIO DE BORDO: Reflexões avulsas após a declaração periódica do IVA no portal das Finanças
O departamento do Xerife de Notingham é o mais eficiente e eficaz da vaca marsupial pública. E porquê? Ora, porque haveria de ser? É dessa máquina de extorsão que vem o leite para amamentar as centenas de milhar de vitelos mamões pendurados nas tetas da vaca.
24/07/2010
NOVA ENTRADA PARA O GLOSSÁRIO DAS IMPERTINÊNCIAS: Neo-coisismo
Como se sabe, pelo menos desde Guilherme de Ockham, as coisas não existem sem um nome. Ontem o Pertinente criou, sem se dar conta (sou sempre eu que tenho que estar atento), uma nova categoria conceptual que importa registar para a post-eridade.
Neo-coisismo
É uma categoria conceptual que engloba a reencarnação sob novas vestes de doutrinas filosóficas, religiosas, políticas, militares, etc. eventualmente existentes no passado. As criaturas que defendem essas reencarnações doutrinárias são os neo-coisistas.
Exemplos: doutrinas políticas como o neo-liberalismo (eventualmente o socialismo pobre e endividado, d’après Abrupto) ou o neo-conservadorismo (o conservadorismo revolucionário), doutrinas económicas como o neo-keynesianismo (o keynesianismo que ainda não percebeu que as despesas públicas já não são 20% do PIB) ou doutrinas religiosas como o neo-benfiquismo (o benfiquismo de Jesus).
Neo-coisismo
É uma categoria conceptual que engloba a reencarnação sob novas vestes de doutrinas filosóficas, religiosas, políticas, militares, etc. eventualmente existentes no passado. As criaturas que defendem essas reencarnações doutrinárias são os neo-coisistas.
Exemplos: doutrinas políticas como o neo-liberalismo (eventualmente o socialismo pobre e endividado, d’après Abrupto) ou o neo-conservadorismo (o conservadorismo revolucionário), doutrinas económicas como o neo-keynesianismo (o keynesianismo que ainda não percebeu que as despesas públicas já não são 20% do PIB) ou doutrinas religiosas como o neo-benfiquismo (o benfiquismo de Jesus).
Eu diria mesmo mais: deitam-se abaixo e constroem-se de novo (2)
Infelizmente parece não estar a ter vencimento a proposta neo-keynesiana (*) que fiz a semana passada: demolir os estádios do Euro 2004 e construí-los de novo. Entre as 21 propostas dos alunos de Gestão de Marketing do Instituto Português de Administração de Marketing de Aveiro encontram-se ideias como «transformar o Estádio Municipal de Aveiro no maior pólo de jogos de sorte do país - com hotel de cinco estrelas e campo de golfe integrado - ou fazer do complexo um espaço cultural de referência da região centro», mas nenhuma ousa a demolição seguida de construção.
(*) O neo-keynesianismo está para o keynesianismo como o neo-liberalismo está para o liberalismo – quando não se sabe o que seja a coisa podemos sempre baptizá-la de neo-coisismo.
(*) O neo-keynesianismo está para o keynesianismo como o neo-liberalismo está para o liberalismo – quando não se sabe o que seja a coisa podemos sempre baptizá-la de neo-coisismo.
23/07/2010
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (21) – cada tiro, cada melro
Com a saída do amigo Armando Vara da vice-presidência da Caixa, ficou o outro amigo Francisco Bandeira. Ambos são agora acusados pela CMVM de eventual dolo por terem autorizado em 2006 e 2007 créditos a clientes (também amigos?) usados para aquisição de acções da REN, da Galp e da Martifer através de contas fictícias para fintar os limites de subscrição e «melhorar» o rateio.
Alegam os amigos desconhecer a marosca e ter sido a coisa engendrada por uns funcionários ignotos. A CMVM acha que todos estiveram com a mão na massa e lá terá as suas razões. Tratando-se de quem se trata, aqui no (Im)pertinências não se põe as mãos no lume por tais amigos do chefe e especialistas em trapalhadas.
[Aqui para nós, poderia ser até caso para inverter o ónus de prova.]
Alegam os amigos desconhecer a marosca e ter sido a coisa engendrada por uns funcionários ignotos. A CMVM acha que todos estiveram com a mão na massa e lá terá as suas razões. Tratando-se de quem se trata, aqui no (Im)pertinências não se põe as mãos no lume por tais amigos do chefe e especialistas em trapalhadas.
[Aqui para nós, poderia ser até caso para inverter o ónus de prova.]
Lost in translation (56) – Consolidação orçamental? Derrapagem orçamental, queriam eles dizer
Segundo o ministro das Finanças anunciou em devido tempo, a consolidação orçamental iria fazer-se fifty-fifty à custa da redução da despesa e do aumento dos impostos. Segundo os dados da DGO, a execução orçamental no 1.º semestre mostra um aumento da despesa total de 4,3% e de 5,1% das despesas correntes. O aumento das receitas fiscais foi de 6%, o que nem assim evitou o agravamento do défice em 6,3% para 7,8 mil milhões de euros. Por este andar, o défice pode ficar próximo dos 10%. Para se cumprir o PEC será preciso usar todos os recursos de engenharia orçamental e elevar a batota ao nível da excelência.
22/07/2010
SERVIÇO PÚBLICO: Ética republicana
Para quem tenha dúvidas sobre o que é para o socialismo maçónico (e não só) a ética republicana, inspirada na que foi a primeira república (1910-1926), recomenda-se a leitura deste texto de JPP.
Algo inexplicável pela cartilha da esquerdalhada
A Alemanha não conseguiu colocar a totalidade duma emissão de dívida de 4 mil milhões de marcos euros, enquanto a emissão grega teve uma procura quatro vezes superior à oferta (1,95 mil milhões) e a emissão espanhola (4,25 mil milhões) teve uma procura dupla da oferta.
Uma ajuda para as mentes confusas:
Uma ajuda para as mentes confusas:
- Maturidades: alemã 30 anos; grega 13 semanas; espanhola 12 meses
- Taxas: alemã 3,3%; grega 4,05%; espanhola 2,2%
21/07/2010
BREIQUINGUE NIUZ: O óbvio ululante
«PS diz que não apoiará destruição do Estado Social». E diz bem porque o que está feito não precisa de ser refeito. Em 12 dos últimos 15 anos o PS fez mais para destruir o Estado Social, arruinando-o, do que jamais qualquer revisão constitucional inspirada no neo-liberalismo poderá fazer.
Não basta ter (talvez) razão. É preciso ter razão na altura certa e explicá-la do modo adequado
Ou estou completamente enganado ou o tempo (na silly season e quando a plebe está a tentar esquecer que cada vez sobra mais mês ao ordenado ou ao subsídio de desemprego) e o modo (aos soluços) como o PSD está a lançar o tema da revisão constitucional estão completamente errados e estão condenados a ajudar José Sócrates a dar pasto à legião de comentadores e constitucionalistas, a distrair as atenções do pântano governativo e a assustar a populaça (olhó fim do SNS, olhós despedimentos selvagens, olhó neoliberalismo, olhós etc.), e, portanto, a prolongar a agonia do pior governo desde pelo menos dona Maria II (Sousa Franco dixit).
SERVIÇO PÚBLICO: O Strauss test não substitui os stress tests
Quando se sabe que os ministros das Finanças grego e espanhol e o secretário de estado do Tesouro português garantem que os stress tests em curso pelas autoridades de supervisão «independentes» dos respectivos países e a divulgar na próxima 6.ª feira vão mostrar que os seus bancos são «intocáveis», o «sistema financeiro é sólido» e «dissipar muitos equívocos», eu diria que a coisa parece equívoca e, por isso, o pobre deve desconfiar de tão generosa esmola.
O facto do «sentimento» de Strauss-Kahn, o director do FMI, ser de «tudo isto vai dar mais confiança» não nos deve inspirar confiança, sabendo-se que os testes resultam duma caldeirada metodológica, nunca tornada publicamente transparente, orquestrada pela Comissão Europeia, o BCE e um obscuro Comité de Supervisores Bancários Europeus, e estão a ser aplicados por 20 reguladores de diferentes países. O contraste com o processo conduzido pela Reserva Federal americana não pode ser maior.
O facto do «sentimento» de Strauss-Kahn, o director do FMI, ser de «tudo isto vai dar mais confiança» não nos deve inspirar confiança, sabendo-se que os testes resultam duma caldeirada metodológica, nunca tornada publicamente transparente, orquestrada pela Comissão Europeia, o BCE e um obscuro Comité de Supervisores Bancários Europeus, e estão a ser aplicados por 20 reguladores de diferentes países. O contraste com o processo conduzido pela Reserva Federal americana não pode ser maior.
20/07/2010
Lost in translation (55) – Rigor? Já fizemos engenharia orçamental no passado. Voltaremos a fazê-lo no futuro, queria ele dizer (X)
Como aqui explica Tavares Moreira no Quarta República, parece ter terminado o milagre da redução dos juros nos 4 primeiros meses do ano em que a dívida pública e as taxas de juro aumentaram. Afinal «os encargos com juros no período de Janeiro a Junho sobem cerca de 2,2% em relação a igual período de 2009... depois de no mês anterior estarem a cair 25%».
Pergunta retórica de TM: «o que de extraordinário se terá passado em Junho para uma reviravolta desta dimensão?» Nada de especial, apenas engenharia orçamental vulgar de Lineu.
Nota: Este é o 10.º post da série «Já fizemos engenharia orçamental no passado». No primeiro citei HMV o ministro Silva Pereira «já o fizemos (reduzir o défice) uma vez, como é sabido, em muito pouco tempo, com o Governo anterior».
Pergunta retórica de TM: «o que de extraordinário se terá passado em Junho para uma reviravolta desta dimensão?» Nada de especial, apenas engenharia orçamental vulgar de Lineu.
Nota: Este é o 10.º post da série «Já fizemos engenharia orçamental no passado». No primeiro citei HMV o ministro Silva Pereira «já o fizemos (reduzir o défice) uma vez, como é sabido, em muito pouco tempo, com o Governo anterior».
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Chamada a pagar no destino
Como foi fácil de prever, os privilégios da golden share do governo na PT foram considerados ilegais. Não era fácil de prever mas foi previsto que César Alierta virá a fazer um desconto na sua proposta. Pelo menos, para já, retirou-a, ignorando a choradeira accionista e a pedinchice da comissão executiva, mudando o terreno de batalha para a Holanda.
Ainda havemos de ver o governo a engolir a arrogância, no meio de muito fogo de barragem de manipulados para confundir quem já está confundido, retirando o veto e levando os accionistas a aceitar uma proposta pior do que a melhor antes do veto.
É claro que a substância da coisa é a ilegitimidade de numa economia de mercado um governo intervir numa empresa, como se fosse seu accionista maioritário, reinterpretando o interesse da empresa e dos seus accionistas em nome dum suposto interesse nacional que não se vislumbra poder estar em causa numa participação minoritária numa outra empresa estrangeira num sector de telecomunicações que nos dias que correm é tão trivial como a distribuição nas grandes superfícies.
Ainda havemos de ver o governo a engolir a arrogância, no meio de muito fogo de barragem de manipulados para confundir quem já está confundido, retirando o veto e levando os accionistas a aceitar uma proposta pior do que a melhor antes do veto.
É claro que a substância da coisa é a ilegitimidade de numa economia de mercado um governo intervir numa empresa, como se fosse seu accionista maioritário, reinterpretando o interesse da empresa e dos seus accionistas em nome dum suposto interesse nacional que não se vislumbra poder estar em causa numa participação minoritária numa outra empresa estrangeira num sector de telecomunicações que nos dias que correm é tão trivial como a distribuição nas grandes superfícies.
19/07/2010
Mitos (19) – as agências de rating estão ao serviço do lóbi neoliberal anglo-saxónico
Se essa coisa de neoliberalismo existisse fora da mente de certas criaturas, até poderia ser que as agências de rating estivessem ao serviço do lóbi neoliberal anglo-saxónico, mas o certo é a Moody’s, depois de ter degradado para A1 o rating da dívida pública portuguesa, não deixou arrefecer o cutelo e degradou para Aa1 o rating da Irlanda, apesar da sua dívida pública ser claramente inferior à portuguesa e do seu crescimento no 1.º trimestre ter sido 2,7% contra 1,1% do português.
LASCIATE OGNI SPERANZA VOI CH'ENTRATE: O fim do estado social
Em contas de merceeiro, a sustentabilidade do sistema de pensões exigiria pelo menos um activo por cada 3 pensionistas. Por isso, o fim do estado social, pelo menos tal como o conhecemos hoje, estará à vista algures nas próximas décadas e, nalguns países, como Portugal, com demografias mais desfavoráveis e legiões de pré-reformados, mais cedo.
Veja-se a redução do peso relativo dos escalões etários produtivos, entalados entre jovens que cada vez chegarão mais tarde ao mercado de trabalho e terceira idade que cada vez mais terá de sair mais tarde, após décadas a sair cada vez mais cedo.
[Gráfico de Staring into the abyss, Economist July 8th]
Veja-se a redução do peso relativo dos escalões etários produtivos, entalados entre jovens que cada vez chegarão mais tarde ao mercado de trabalho e terceira idade que cada vez mais terá de sair mais tarde, após décadas a sair cada vez mais cedo.
[Gráfico de Staring into the abyss, Economist July 8th]
18/07/2010
O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Falta de sexo
Vestibular da Universidade da Bahia cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de poema de Camões:
'Amor é fogo que arde
sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer '.
Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação :
'Ah, Camões!, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a Internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo !'
A Vestibulanda ganhou nota DEZ, pela originalidade, pela estruturação dos versos, das rimas insinuantes e também, foi a primeira vez que, ao longo e mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de Camões era apenas falta de mulher.
[Enviado por BCB de Belo Horizonte, MG]
'Amor é fogo que arde
sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer '.
Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação :
'Ah, Camões!, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a Internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo !'
A Vestibulanda ganhou nota DEZ, pela originalidade, pela estruturação dos versos, das rimas insinuantes e também, foi a primeira vez que, ao longo e mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de Camões era apenas falta de mulher.
[Enviado por BCB de Belo Horizonte, MG]
17/07/2010
SERVIÇO PÚBLICO: O ministro anexo não será substituído?
O novo governador do BdeP deu alguns sinais tímidos de não ser candidato a substituir o ministro anexo emigrado em Frankfurt. O BdeP previu esta semana «uma forte desaceleração da economia portuguesa já a partir do segundo semestre de 2010 e que se acentuará em 2011» ao arrepio do optimismo lunático do discurso do governo e referiu a necessidade de reformas estruturais profundas, incluindo a do mercado de trabalho, enquanto o governo se pavoneava como o mais reformista da EU.
16/07/2010
Estado empreendedor – (32) a estrada para a bancarrota - 4.ª parte
[Sequela das partes (1), (2) e (3)]
No mesmo dia em que se anuncia o aumento de 40% para 75 milhões dos lucros da Estradas de Portugal fica-se a saber que durante os mandatos de Sócrates a dívida da EP foi multiplicada por 30 (trinta) de 50 para 1.500 milhões. Nada que não tivesse já sido feito antes e por isso só preciso transcrever este post actualizando-lhe os números:
Uma das tácticas de manipulação dos governos Sócrates consiste na repetição periódica das suas alegadas realizações, visando instilar no bestunto dos eleitores distraídos a adição de feitos supostamente notáveis. Os exemplos são uma legião. Tomemos um dos últimos, o lucro de50 75 milhões de euros da Estradas de Portugal, várias vezes anunciado, segundo as contas de 2008 2009 que até hoje não foram publicadas - os cínicos dirão que as contas ainda estar a ser «massajadas», porque como diria o doutor Barroso, sabe-se que o resultado da soma algébrica é 50 75 milhões, só não se sabe quanto são as parcelas. Anyway, o passivo da EP equivale a 25 20 anos dos alegados lucros de 2008 2009.
No mesmo dia em que se anuncia o aumento de 40% para 75 milhões dos lucros da Estradas de Portugal fica-se a saber que durante os mandatos de Sócrates a dívida da EP foi multiplicada por 30 (trinta) de 50 para 1.500 milhões. Nada que não tivesse já sido feito antes e por isso só preciso transcrever este post actualizando-lhe os números:
Uma das tácticas de manipulação dos governos Sócrates consiste na repetição periódica das suas alegadas realizações, visando instilar no bestunto dos eleitores distraídos a adição de feitos supostamente notáveis. Os exemplos são uma legião. Tomemos um dos últimos, o lucro de
BREIQUINGUE NIUZ: Falta de sentido de oportunidade
«O anti-espanholismo é um tema que já não vende nada em Portugal», disse ao El Mundo Ana Maria Fernandes, a CEO da EDP Renováveis. Não podia ter maior falta de oportunidade dito a poucos dias do veto à venda da Vivo à Telefonica que foi muito apreciado pela grei e deu ao chefe uma segunda vida.
15/07/2010
SERVIÇO PÚBLICO: Os gays espanhóis lutam contra a discriminação …
…organizando paradas de orgulho e excluindo os participantes de Israel, por acaso o único país do Médio Oriente onde, além de não ser costume delapidar homossexuais, se respeitam os seus direitos.
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (20) - nem os independentes escapam
Ao pendor irresistível do PS para as trapalhadas nem os independentes escapam. Depois das viagens de avião em primeira classe para o domicílio em Lisboa que afinal era em Paris, fica-se a saber que a deputada Inês de Medeiros tem as declarações de rendimento aldrabadas e teve serviços pagos pela revista do peão de brega do chefe.
NÓS VISTOS POR ELES: Portugal, um blueprint para a Espanha e a Grécia
«Two decades ago, Portugal was regarded as an economic success. The country in the early and mid-1990s took steps to liberalize its economy, including an ambitious program of privatizing state companies, that led to rising wages and an investment-led boom.
Membership in the euro was expected to build on those gains by giving Portugal a stable currency, low interest rates and unfettered access to one of the world's largest trade zones. The country's booming economy left it in good shape to meet the common-currency zone annual budget deficit limit of no more than 3% of GDP.
But Portugal's boom contained the seeds of its own destruction. The rise in government tax revenue removed the urgency for unpopular spending cuts and economic liberalization. The government added workers, costs that would be hard to trim later.
Meanwhile, after Portugal adopted the euro in 1999, its dominant textiles industry wasn't able to use cheaper loans and a large common market to build a foundation for longer-term growth. Portugal's textiles were too expensive to compete with cheaper goods from China or Eastern Europe, but also lacked the high-fashion credentials of those from France or Italy.
Portugal's deficit soon exceeded the zone's limit. In 2002 it became the first euro-zone member to be slapped with an excessive-deficit warning.»
[Portugal Feels Austerity's Bite, The Wall Street Journal]
Membership in the euro was expected to build on those gains by giving Portugal a stable currency, low interest rates and unfettered access to one of the world's largest trade zones. The country's booming economy left it in good shape to meet the common-currency zone annual budget deficit limit of no more than 3% of GDP.
But Portugal's boom contained the seeds of its own destruction. The rise in government tax revenue removed the urgency for unpopular spending cuts and economic liberalization. The government added workers, costs that would be hard to trim later.
Meanwhile, after Portugal adopted the euro in 1999, its dominant textiles industry wasn't able to use cheaper loans and a large common market to build a foundation for longer-term growth. Portugal's textiles were too expensive to compete with cheaper goods from China or Eastern Europe, but also lacked the high-fashion credentials of those from France or Italy.
Portugal's deficit soon exceeded the zone's limit. In 2002 it became the first euro-zone member to be slapped with an excessive-deficit warning.»
[Portugal Feels Austerity's Bite, The Wall Street Journal]
14/07/2010
Lost in translation (54) - «inveterate optimist» pode traduzir-se por «mentiroso compulsivo»?
«José Sócrates: Severe test of inveterate optimist», titula o Financial Times.
Mitos (18) - as agências de rating estão a conspirar contra nós
À primeira vista é o que parece. Veja-se o último exemplo da Moody’s degradando para A1 o rating da dívida pública portuguesa, degradação fundamentada na conhecida situação financeira mas também nas inexistentes perspectivas de crescimento.
Contudo, essa impressão desaparece quando se sabe que na opinião do Royal Bank of Scotland esse rating deveria ser BBB (junk sovereign-debt). Deveríamos talvez concluir que as agências de rating são nossas amigas e quem conspira contra nós são os bancos estrangeiros que além de nos desclassificarem exigem um spread cada vez maior para nos emprestarem dinheiro?
Contudo, essa impressão desaparece quando se sabe que na opinião do Royal Bank of Scotland esse rating deveria ser BBB (junk sovereign-debt). Deveríamos talvez concluir que as agências de rating são nossas amigas e quem conspira contra nós são os bancos estrangeiros que além de nos desclassificarem exigem um spread cada vez maior para nos emprestarem dinheiro?
Eu diria mesmo mais: deitam-se abaixo e constroem-se de novo
Augusto Mateus, ex-ministro da Economia do governo Guterres I, numa entrevista à Folha de São Paulo aconselhou os brasileiros a não construírem estádios para o Mundial 2014, defendendo a demolição dos estádios do Euro 2004 cuja construção foi decidida pelo governo de que fez parte. A ideia não é má - está incompleta segundo a doutrina de um ex-ministro da Economia. Falta a incontornável receita keynesiana devidamente actualizada:
«É preferível abrir e tapar buracos demolir e construir estádios a deixar recursos por utilizar».
13/07/2010
ARTIGO DEFUNTO: Jornalismo mendicante
Um leitor desprevenido ao ler o título «Alemanha preparada para ajudar Portugal» pensaria que a Sr.ª Merkel já estaria a abrir a gaveta do Bundesbank para mandar para cá uns trocos. Sabendo-se a disposição do eleitorado alemão em relação à irresponsabilidade financeira dos indígenas da Europa do sul, a liberalidade do governo alemão deveria ser a última coisa a esperar.
Na verdade, segundo o próprio jornal, a coisa é simplesmente trivial: o ministro das Finanças alemão Wolfgang Shaeuble acordou um encontro com Teixeira dos Santos para avaliar «o que pode ser feito de forma bilateral no que diz respeito à informação, mas também acerca de aconselhamento e assistência». No contexto das actuais relações entre a Alemanha e os protectorados do Sul, adivinha-se o que «aconselhamento» e «assistência» possam significar.
Quem já está a ajudar é o presidente Sarkozy, quando promete que a França não vai ficar na mesma situação da Grécia e Portugal, promovendo estes dois países a um modelo de alunos mal comportados (lembrar o saudoso primeiro-ministro Cavaco e o seu Portugal bem comportado). Se tivesse cóltura cinematográfica, Nicolas ter-lhes-ia dado zéro de conduite.
Na verdade, segundo o próprio jornal, a coisa é simplesmente trivial: o ministro das Finanças alemão Wolfgang Shaeuble acordou um encontro com Teixeira dos Santos para avaliar «o que pode ser feito de forma bilateral no que diz respeito à informação, mas também acerca de aconselhamento e assistência». No contexto das actuais relações entre a Alemanha e os protectorados do Sul, adivinha-se o que «aconselhamento» e «assistência» possam significar.
Quem já está a ajudar é o presidente Sarkozy, quando promete que a França não vai ficar na mesma situação da Grécia e Portugal, promovendo estes dois países a um modelo de alunos mal comportados (lembrar o saudoso primeiro-ministro Cavaco e o seu Portugal bem comportado). Se tivesse cóltura cinematográfica, Nicolas ter-lhes-ia dado zéro de conduite.
Mitos (17) – depois da crise financeira os povos rejeitaram o mercado livre
[Fonte: Key Indicators Database - Views of the Free Market, Pew Global Attitudes Project]
12/07/2010
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Começar tudo de novo
Secção Still crazy after all these years
A Lusa, à falta de notícias sobre novas prescrições para a crise pelo lado de Paul Krugman, Joseph Stiglitz et alia, inaugurou ontem oficialmente a silly season com a entrevista ao investidor, homem de artes, e agora também humorista, Joe Berardo. Berardo preconiza para a crise do endividamento português, «ao nível do Governo, das empresas e privados, nacionalizar tudo e começar tudo de novo». Não explicou se o Estado «nacionalizaria» também as dívidas das empresas e dos privados, nem como iria pagá-las (as próprias e as «nacionalizadas»). Não explicou igualmente se a sua colecção de arte armazenada no CCB seria também «nacionalizada».
Atribuem-se-lhe cinco bourbons por continuar igual a si próprio e cinco chateaubriands pela sua extraordinária receita.
A Lusa, à falta de notícias sobre novas prescrições para a crise pelo lado de Paul Krugman, Joseph Stiglitz et alia, inaugurou ontem oficialmente a silly season com a entrevista ao investidor, homem de artes, e agora também humorista, Joe Berardo. Berardo preconiza para a crise do endividamento português, «ao nível do Governo, das empresas e privados, nacionalizar tudo e começar tudo de novo». Não explicou se o Estado «nacionalizaria» também as dívidas das empresas e dos privados, nem como iria pagá-las (as próprias e as «nacionalizadas»). Não explicou igualmente se a sua colecção de arte armazenada no CCB seria também «nacionalizada».
Atribuem-se-lhe cinco bourbons por continuar igual a si próprio e cinco chateaubriands pela sua extraordinária receita.
GLOSSÁRIO DAS IMPERTINÊNCIAS: Neo-liberalismo
Nova entrada:
«Neo-liberalismo … essa forma moderna de designar um socialismo pobre e endividado» [JCP na Sábado, via Abrupto].
«Neo-liberalismo … essa forma moderna de designar um socialismo pobre e endividado» [JCP na Sábado, via Abrupto].
11/07/2010
Mitos (16) – os Magalhães melhoram a aprendizagem dos nossos infantes
Este é um dos mitos subjacentes à doutrina Sócrates para a reforma da educação pública. Infelizmente os factos não suportam a doutrina, como se pode confirmar pelo paper Scaling the Digital Divide: Home Computer Technology and Student Achievement, de Charles T. Clotfelter, Helen F. Ladd and Jacob L. Vigdor da Duke University, citado por Nuno Crato no seu artigo Computadores no ensino, publicado no Expresso de 10-07.
Este estudo pode ser lido integralmente aqui e foi baseado numa amostra de grande dimensão de alunos das escolas públicas da Carolina do Norte acompanhados durante 5 anos. O resumo, não dispensando uma leitura pelo menos das duas páginas de conclusões (dum total de 56), permite perceber que, ao contrário da vulgata socrática, a introdução do computador nas casas dos alunos tem resultados ligeiramente negativos na matemática e na leitura.
«Does differential access to computer technology at home compound the educational disparities between rich and poor? Would a program of government provision of computers to early secondary school students reduce these disparities? We use administrative data on North Carolina public school students to corroborate earlier surveys that document broad racial and socioeconomic gaps in home computer access and use. Using within-student variation in home computer access, and across-ZIP code variation in the timing of the introduction of high-speed internet service, we also demonstrate that the introduction of home computer technology is associated with modest but statistically significant and persistent negative impacts on student math and reading test scores. Further evidence suggests that providing universal access to home computers and high-speed internet access would broaden, rather than narrow, math and reading achievement gaps.»
Este estudo pode ser lido integralmente aqui e foi baseado numa amostra de grande dimensão de alunos das escolas públicas da Carolina do Norte acompanhados durante 5 anos. O resumo, não dispensando uma leitura pelo menos das duas páginas de conclusões (dum total de 56), permite perceber que, ao contrário da vulgata socrática, a introdução do computador nas casas dos alunos tem resultados ligeiramente negativos na matemática e na leitura.
«Does differential access to computer technology at home compound the educational disparities between rich and poor? Would a program of government provision of computers to early secondary school students reduce these disparities? We use administrative data on North Carolina public school students to corroborate earlier surveys that document broad racial and socioeconomic gaps in home computer access and use. Using within-student variation in home computer access, and across-ZIP code variation in the timing of the introduction of high-speed internet service, we also demonstrate that the introduction of home computer technology is associated with modest but statistically significant and persistent negative impacts on student math and reading test scores. Further evidence suggests that providing universal access to home computers and high-speed internet access would broaden, rather than narrow, math and reading achievement gaps.»
10/07/2010
Lost in translation (53) – comunismo é o que os comunistas quiserem
Face ao dilema a China tem um sistema capitalista (afinal de contas tem uma economia que faria inveja a alguns liberais) ou um sistema comunista (afinal de contas tem um partido comunista que comanda a sociedade e a economia), a melhor resposta até hoje parece ser a de Chen Yuan, membro do partido e dirigente dum banco do estado:
[Richard McGregor – The Party: The Secret World of China’s Communist Rulers]
«Nós somos o Partido Comunista e decidimos o que significa o comunismo»
[Richard McGregor – The Party: The Secret World of China’s Communist Rulers]
09/07/2010
08/07/2010
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (19) – amigos, amigos, nos negócios têm parte
Com uma notável falta de vergonha, ou talvez com a convicção de que já não existe distinção entre Estado e Partido Socialista, Luís Patrão entrega ao amigo Oliveira da Controlinveste a maior parte duma campanha publicitária do Turismo de Portugal, de que é presidente, retribuindo talvez o voto na AG da PT ou outros serviços do amigo.
[Lido no Blasfémias]
[Lido no Blasfémias]
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (47) commander in chief?
McChrystal, como responsável militar, não podia ter dito o que e como o disse à Rolling Stone sobre o staff de segurança de Obama («the wimps in the White House»), mas o pior de tudo é ser assim mesmo. Ao demitir o mensageiro Obama não desmentiu a mensagem.
07/07/2010
ARTIGO DEFUNTO: Se são independentes porque dependem do Estado?
«Artistas independentes são quem mais vai sofrer com os cortes», titula o Público. Títulos alternativos «Artistas vão ter que fazer mais pela vida e arranjar audiências» ou «Contribuintes vão ficar com mais dinheiro disponível para gastar em arte».
Lost in translation (52) – vou dizer duas ou três palavras para os companheiros não se inquietarem sem razão, pensou Passos Coelho
«Não existe uma tendência neoliberal no PSD», disse.
Lost in translation (51) – vou dizer duas ou três palavras para pôr os camaradas a salivar, pensou ele
Ele é Santos Silva, o ex-maoísta convertido à agenda do socialismo possível aplicada com o agitprop canónico, e disse nas jornadas parlamentares do PS, em relação ao PSD: «têm uma agenda neo-liberal de desmantelamento do Estado Social».
É caso para dizer, uma vez mais, o PSD é neo-liberal e eu sou a Lola Montez.
É caso para dizer, uma vez mais, o PSD é neo-liberal e eu sou a Lola Montez.
06/07/2010
BREIQUINGUE NIUZ: Les uns et les autres
Enquanto os estadistas sacrificam o interesse das corporações ao interesse nacional, arriscando as próximas eleições, os estradistas, mesmo com as eleições já perdidas, engasgam-se na sua própria saliva.
A atracção fatal entre a banca do regime e o poder (5)
Era há muito óbvia a atracção entre os Espíritos, enquanto banqueiros do regime, e o poder protagonizado pelo governo Sócrates II. A evolução do caso Vivo começa agora a tornar óbvio o pendor fatal da atracção.
Por um lado Sócrates interpreta que o «interesse nacional» (ver a este respeito o post de ontem do Impertinente) levaria a PT a não vender a Vivo. Por outro lado, os accionistas entenderam que o «interesse nacional» seria vender para evitar uma OPA da Telefónica à PT que estaria em risco sem a venda da Vivo.
Por um lado Sócrates ordena aos accionistas «não violem a vontade do Estado», sendo o Estado protagonizado pelo governo e, portanto, por ele próprio (l’État c’est lui). No seu delírio luisiano, Sócrates acusa a Comissão Europeia pelas «posições ideológicas ultraliberais contra a presença do Estado» (*). Por outro, os Espíritos, via Ongoing, tentam entrar pelo seu pé na Oi, com a poderosa ajuda de José Dirceu, criador do «mensalão» e petista da maior confiança, colunista permanente do "Brasil Económico" da Ongoing cuja mulher é directora de marketing do grupo no Brasil.
Será o princípio do fim de um longo conúbio? Aproxima-se um divórcio litigioso? Estará no horizonte o namoro dos Espíritos com o homem que se pode seguir?
(*) A CE é ultraliberal e eu sou a Lola Montez.
Por um lado Sócrates interpreta que o «interesse nacional» (ver a este respeito o post de ontem do Impertinente) levaria a PT a não vender a Vivo. Por outro lado, os accionistas entenderam que o «interesse nacional» seria vender para evitar uma OPA da Telefónica à PT que estaria em risco sem a venda da Vivo.
Por um lado Sócrates ordena aos accionistas «não violem a vontade do Estado», sendo o Estado protagonizado pelo governo e, portanto, por ele próprio (l’État c’est lui). No seu delírio luisiano, Sócrates acusa a Comissão Europeia pelas «posições ideológicas ultraliberais contra a presença do Estado» (*). Por outro, os Espíritos, via Ongoing, tentam entrar pelo seu pé na Oi, com a poderosa ajuda de José Dirceu, criador do «mensalão» e petista da maior confiança, colunista permanente do "Brasil Económico" da Ongoing cuja mulher é directora de marketing do grupo no Brasil.
Será o princípio do fim de um longo conúbio? Aproxima-se um divórcio litigioso? Estará no horizonte o namoro dos Espíritos com o homem que se pode seguir?
(*) A CE é ultraliberal e eu sou a Lola Montez.
05/07/2010
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Os objectivos e a estratégia
A adequação de uma estratégia aos objectivos avalia-se pelo grau em que essa estratégia permite atingir os objectivos. Os objectivos declarados dos governos socratinos têm sido a atracção do investimento estrangeiro e a defesa dos centros de decisão nacionais. Da estratégia seguida tem resultado «menos investimento estrangeiro, descapitalização relativa das empresas portuguesas, descapitalização dos empresários portugueses (Berardos e Finos), venda de empresas portuguesas a empresas espanholas (Somague, Totta) e brasileiras (Cimpor), paralisação da Caixa Geral de Depósitos (empenhada em salvar os Finos e os Berardos e a comprar a Compal) e entrada nas empresas do regime de gente pouco recomendável (Sonangol, Isabel dos Santos)».
O que podemos concluir sobre a adequação dessa estratégia? Podemos concluir que é adequada a dar emprego aos filhos de Jorge Sampaio, de António Guterres e de Marcelo Rebelo de Sousa, ao irmão de Santana Lopes, ao filho de Otelo Saraiva de Carvalho e à filha de Jardim Gonçalves, e a muitos familiares dos Espíritos, bem como a uma multidão de boys e de peões de brega como Rui Pedro Soares e o filho de Penedos.
Aditamento:
A estratégia também é adequada a encaminhar negócio para vários accionistas e empresas suas participadas que se encontram entre os maiores fornecedores à PT de bens e serviços. A renda gerada por estas vendas «fora de mercado» funciona como um dividendo extraordinário exclusivo de alguns accionistas.
O que podemos concluir sobre a adequação dessa estratégia? Podemos concluir que é adequada a dar emprego aos filhos de Jorge Sampaio, de António Guterres e de Marcelo Rebelo de Sousa, ao irmão de Santana Lopes, ao filho de Otelo Saraiva de Carvalho e à filha de Jardim Gonçalves, e a muitos familiares dos Espíritos, bem como a uma multidão de boys e de peões de brega como Rui Pedro Soares e o filho de Penedos.
Aditamento:
A estratégia também é adequada a encaminhar negócio para vários accionistas e empresas suas participadas que se encontram entre os maiores fornecedores à PT de bens e serviços. A renda gerada por estas vendas «fora de mercado» funciona como um dividendo extraordinário exclusivo de alguns accionistas.
Estado empreendedor – (31) quando a energia se esgota nos bolsos do contribuinte
Ressuscitado o falecido projecto de energia das ondas e concessionado por 45 anos à REN que nele utilizará o seu know-how de postes de alta tensão, faltava garantir que a REN não terá riscos podendo resolver o contrato a partir do 5.º ano, ficando os sujeitos passivos com o ónus de pagar à concessionária os prejuízos acumulados até 6 milhões de euros. Faltava mas já não falta.
04/07/2010
ESTADO DE SÍTIO: A redução da despesa pública prossegue retroactivamente com todo o vigor
Os governos costumam reduzir o défice orçamental tentando diminuir a despesa pública futura, quando tentam, porque alguns limitam-se a aumentar os impostos. O governo do engenheiro Sócrates reduz retroactivamente a despesa pública de 2009 em 2,9% depois de o INE ter revisto os valores do PIB por alteração metodológica. Bendita metodologia.
Mitos (15) - ideias nefastas segundo o novo paradigma da universidade
Segundo disse Miguel Tamen da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa à Tabu do Sol da semana passada, as «duas ideias nefastas (são) a ideia de especializar as pessoas num assunto, tornando-as analfabetas funcionais no resto, e a ideia de que a função da universidade é exclusivamente assegurar empregos para os seus graduados».
Eu acrescentaria duas outras ideias nefastas: a ideia de no século XXI um país poder viver sem as pessoas se especializarem num assunto e a ideia da universidade portuguesa estar a cumprir a função de assegurar empregos para os seus graduados.
Eu acrescentaria duas outras ideias nefastas: a ideia de no século XXI um país poder viver sem as pessoas se especializarem num assunto e a ideia da universidade portuguesa estar a cumprir a função de assegurar empregos para os seus graduados.
03/07/2010
DIÁRIO DE BORDO: Inteligência prática e inteligência pura
Ele era uma criatura que arrotava uma ética farfalhuda em contraste com uma vida pessoal e profissional sinuosa. O admirador era uma daquelas criaturas que nasceram para se espantar com arrotos éticos. O homem era uma criatura que tinha feito pela vida o melhor que sabia e podia, realizando obra sem transigências morais, desperdiçando por isso oportunidades que exigiam uma coluna vertebral flexível.
Este homem, disse ele para o admirador, é uma inteligência pura. Sabes, perguntou para o homem, que existem inteligências puras e inteligências práticas? subentendendo que ele era o prático e o homem o puro.
Sei, respondeu o homem. Percebo o que queres dizer. Uma inteligência pura é uma inteligência prática com princípios.
[Inspirado numa conversa ouvida algures]
Este homem, disse ele para o admirador, é uma inteligência pura. Sabes, perguntou para o homem, que existem inteligências puras e inteligências práticas? subentendendo que ele era o prático e o homem o puro.
Sei, respondeu o homem. Percebo o que queres dizer. Uma inteligência pura é uma inteligência prática com princípios.
[Inspirado numa conversa ouvida algures]
02/07/2010
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: A ressurreição mediática da doutora Lurdes Rodrigues
Secção George Orwell
Cheguei a ter pena da antiga ministra da Educação, entalada entre um governo obcecado com a agenda mediática, sindicatos fossilizados encalhados nos direitos adquiridos, professores odiando visceralmente uma qualquer avaliação e pais esperando que os filhos que diariamente depositam nas escolas vão escorregando ano após ano até terem idade para serem funcionários públicos, caixas de supermercado ou, na pior hipótese, serventes de pedreiro. Deve ter sido para ela um inferno, ou, talvez melhor, um purgatório onde teve de penar até chegar ao céu da presidência da FLAD – Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, uma das melhores tenças a que uma criatura pode aspirar na vida.
Passado o período de nojo, a central de manipulação accionou os mecanismos habituais de resgate das almas perdidas e conseguiu uma entrevista ao Expresso conduzida por Nicolau Santos, um pastorinho da economia dos amanhãs que cantam, actualmente em crise de fé. Na entrevista a doutora Rodrigues desenvolve a narrativa de justificação da sua acção, da qual não lembro de ter havido resultados, com excepção das maninfestações de professores que deram muito jeito àquele conhecido líder sindical para subir na hierarquia do partido.
Na entrevista nem por um momento se entrevê qualquer dúvida sobre a bondade das políticas fundadas nos equívocos habituais. Por falta de tempo e de paciência cito apenas um destes equívocos: o de, contrariamente ao defendido pelos detractores, o «nível de conhecimento das novas gerações [proporcionado pelo sistema de educação pública não] é inferior ao das gerações que as precederam» porque «em mais de 20 séculos de um contínuo de invenções, de progresso técnico e científico, de modernização social e económica, tudo indica justamente o contrário». Imagina a antiga ministra que o papel da escola é enfiar nas meninges dos infantes esse contínuo de invenções, etc. devidamente formatado pelo Magalhães? Não lhe passará pela cabeça não ser isso possível, nem desejável, e que esse «contínuo» no mundo real das escolas se resume às trivialidades do politicamente correcto e umas quantas receitas com prazo de vida limitado? Não lhe passará pela cabeça que a escola deveria ensinar os infantes a moverem-se nesse terreno árido do raciocínio e dar-lhes ferramentas mentais para poderem navegar nesse «contínuo»? Durante muitos anos o Botas foi ridicularizado por ter atribuído à «instrução pública» a missão de ensinar «ler, escrever e contar». Quarenta anos depois, os seus sucessores não conseguem atingir esse objectivo «ridículo».
Pela fixação na narrativa e incapacidade de mudar de paradigma atribuo à doutora Rodrigues cinco chateaubriands à conta dos equívocos e cinco bourbons por nada ter aprendido nem esquecido.
Cheguei a ter pena da antiga ministra da Educação, entalada entre um governo obcecado com a agenda mediática, sindicatos fossilizados encalhados nos direitos adquiridos, professores odiando visceralmente uma qualquer avaliação e pais esperando que os filhos que diariamente depositam nas escolas vão escorregando ano após ano até terem idade para serem funcionários públicos, caixas de supermercado ou, na pior hipótese, serventes de pedreiro. Deve ter sido para ela um inferno, ou, talvez melhor, um purgatório onde teve de penar até chegar ao céu da presidência da FLAD – Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, uma das melhores tenças a que uma criatura pode aspirar na vida.
Passado o período de nojo, a central de manipulação accionou os mecanismos habituais de resgate das almas perdidas e conseguiu uma entrevista ao Expresso conduzida por Nicolau Santos, um pastorinho da economia dos amanhãs que cantam, actualmente em crise de fé. Na entrevista a doutora Rodrigues desenvolve a narrativa de justificação da sua acção, da qual não lembro de ter havido resultados, com excepção das maninfestações de professores que deram muito jeito àquele conhecido líder sindical para subir na hierarquia do partido.
Na entrevista nem por um momento se entrevê qualquer dúvida sobre a bondade das políticas fundadas nos equívocos habituais. Por falta de tempo e de paciência cito apenas um destes equívocos: o de, contrariamente ao defendido pelos detractores, o «nível de conhecimento das novas gerações [proporcionado pelo sistema de educação pública não] é inferior ao das gerações que as precederam» porque «em mais de 20 séculos de um contínuo de invenções, de progresso técnico e científico, de modernização social e económica, tudo indica justamente o contrário». Imagina a antiga ministra que o papel da escola é enfiar nas meninges dos infantes esse contínuo de invenções, etc. devidamente formatado pelo Magalhães? Não lhe passará pela cabeça não ser isso possível, nem desejável, e que esse «contínuo» no mundo real das escolas se resume às trivialidades do politicamente correcto e umas quantas receitas com prazo de vida limitado? Não lhe passará pela cabeça que a escola deveria ensinar os infantes a moverem-se nesse terreno árido do raciocínio e dar-lhes ferramentas mentais para poderem navegar nesse «contínuo»? Durante muitos anos o Botas foi ridicularizado por ter atribuído à «instrução pública» a missão de ensinar «ler, escrever e contar». Quarenta anos depois, os seus sucessores não conseguem atingir esse objectivo «ridículo».
Pela fixação na narrativa e incapacidade de mudar de paradigma atribuo à doutora Rodrigues cinco chateaubriands à conta dos equívocos e cinco bourbons por nada ter aprendido nem esquecido.
01/07/2010
Cada um tem a família que pode (ou que merece)
Normalmente não daria muito crédito a um arguido no processo da Frente Nacional que alega ter em sua posse provas de que o ti, o primo e a mãe de José Sócrates de depósitos para paraísos fiscais de 383 milhões de euros. Porém, abro uma excepção para o caso do engenheiro José Sócrates, conhecidas as inúmeras trapalhadas em que viu envolvido, que vão desde o diploma e os projectos até aos casos Freeport e Face Oculta.
DIÁRIO DE BORDO: Está a ser confrangedor
Foi confrangedor ouvir a narrativa empastelada e ver o entorpecido body language de Granadeiro à saída da AG da PT debatendo-se com as contradições entre o seu papel de serventuário de Sócrates, no caso TVI abundantemente demonstrado, e a sua representação do gestor pseudo-independente acabado de ser corneado pelo mesmo Sócrates. Não havia necessidade. Uma criatura com algumas competências, o melhor aluno do ano de não sei quantos, com currículo, com uma fortuna pessoal, prestar-se a estes serviços iníquos a uma personagem daquelas.
Foi confrangedor ver a decepção dos Espíritos aos sentirem-se também corneados, depois dum longo conúbio com os governos socialistas, debatendo-se entre a dissidência respeitosa e a ameaça da demissão de banqueiros do regime e agitando fantasmas de OPAs sobre a PT, fantasmas sem demora também replicados pela machina Ongoing e esperando o inevitável desfecho.
Foi confrangedor ver Paulo Portas a tentar um impossível convívio entre dúvidas sobre a excepcionalidade do veto e a sua admissão do princípio da intervenção do estado nas decisões de gestão dos accionistas, revelando o seu estatismo de direita populista e troglodita.
Foi constrangedor ver o coro de virgens pudicas da imprensa espanhola, clamando contra aquilo que na sombra ou às claras o governo e as empresas espanholas sempre fizeram.
Foi confrangedor ver a decepção dos Espíritos aos sentirem-se também corneados, depois dum longo conúbio com os governos socialistas, debatendo-se entre a dissidência respeitosa e a ameaça da demissão de banqueiros do regime e agitando fantasmas de OPAs sobre a PT, fantasmas sem demora também replicados pela machina Ongoing e esperando o inevitável desfecho.
Foi confrangedor ver Paulo Portas a tentar um impossível convívio entre dúvidas sobre a excepcionalidade do veto e a sua admissão do princípio da intervenção do estado nas decisões de gestão dos accionistas, revelando o seu estatismo de direita populista e troglodita.
Foi constrangedor ver o coro de virgens pudicas da imprensa espanhola, clamando contra aquilo que na sombra ou às claras o governo e as empresas espanholas sempre fizeram.