A absoluta falta de liquidez e/ou o excessivo endividamento e/ou a vontade de facturar uma distribuição extraordinária de dividendos levaram quase ¾ dos accionistas a aprovar a proposta da Telefónica para compra da Vivo, vetada logo de seguida pelo governo usando os privilégios da golden-share.
Aposto singelo contra dobrado que no dia 8 de Julho o Tribunal Europeu vai considerar ilegal esses privilégios e César Alierta poderá aproveitar para fazer um desconto na sua proposta que agora foi rejeitada. Será uma boa punição para os accionistas portugueses da PT, quase todos uns lambe botas, sempre prontos a ir para a cama com o governo.
PS: Por falar em punição, quem deveria ser exemplarmente responsabilizado é «Zeinal Bava, Portugal Telecom’s chief executive, (who) had previously said the bid for Vivo was not a case where the “golden share” could be used».
30/06/2010
Terminado o sonho dos navegantes, de volta às dívidas
A eliminação da selecção portuguesa por La Roja só é uma surpresa para os distraídos. O que deveria ter sido uma relativa surpresa é um país com apenas 10 milhões de habitantes e umas dezenas de milhar de praticantes conseguir reunir uma equipa para chegar ao terceiro lugar do ranking da FIFA e aos oitavos de final do campeonato do mundo, apesar de liderada por um líder fraco que tem medo da própria sombra e ter a sua maior estrela a jogar para a bancada. Não me recordo de desempenho de nível comparável em outras actividades.
BREIQUINGUE NIUZ: As portagens nas SCUT vão ser introduzidas «o mais depressa possível» (5)
Actualizando a primeira, a segunda, a terceira e a quarta retrospectivas e confirmando a espantosa incapacidade de realização dos governos de José Sócrates que constantemente se empluma precisamente com a sua alegada capacidade de realização.
- 06-11-2004 Mário Lino revela que portagens nas Scut irão financiar todas as estradas
- 20-05-2005 Mário Lino, ministro das Obras Públicas, admitiu que em breve se tenha que proceder à cobrança de portagens nas Scut
- 07-11-2005 Mário Lino está já a desenvolver um novo modelo geral de financiamento da rede rodoviária nacional, que inclui as Scut, e que deverá ficar concluído em 2006.
- 19-01-2006 Mário Lino revela que portagens nas Scut irão financiar todas as estradas
- 18-10-2006, pouco depois das 11h, Mário Lino tornava-se o quarto ministro consecutivo a anunciar o fim das chamadas auto-estradas Scut
- 30-08-2007 portagens pagas nas ... Scut, anunciada pelo ministro Mário Lino em Outubro do ano passado, só será concretizada, na melhor das hipóteses, em 2008
- 02-05-2007 negociações para introdução de portagens nas Scut retomadas há um mês
- 10-10-2007 Mário Lino: Governo vai introduzir portagens nas Scut até ao final do ano
- 13-11-2007 a implementação de portagens nas três Scuts - até ao fim deste ano - poderá ser adiada para o primeiro trimestre de 2008.
- 15-01-2008 o processo está «bastante avançado», devendo «estar concluído brevemente»
- 27-02-2008 Negociações para introdução de portagens «bem encaminhadas», garante Mário Lino
- 01-03-2008 as negociações com as concessionárias estão bem encaminhadas.
- 27-05-2008 entrarão em funcionamento «o mais depressa possível».
- 30-06-2008 «Se pudesse ter amanhã portagens nas SCUT eu fazia»
- 06-07-2007 «o Governo está a implementar a introdução das portagens nas três SCUT já referidas»
- 02-10-2008 as portagens nas chamadas SCUT`s vão ser introduzidas «o mais depressa possível»
- 27-01-2010 «Há condições para introduzir portagens nas SCUT no 1º semestre»
- 22-04-2010 «serão introduzidas portagens nas Scut já a partir do próximo dia 1 de Julho» disse Teixeira dos Santos.
- 29-06-2010 «O Governo tomou a decisão de adiar por trinta dias, até 1 de Agosto, a introdução de portagens nas SCUT Costa de Prata, Norte Litoral e Grande Porto»
29/06/2010
A caminho dos amanhãs que choram os pastorinhos abandonam o barco (2)
Já aqui tinha escrito. Os pastorinhos da economia dos amanhãs que cantam, um após outro, abandonam discretamente o barco Sócrates que faz água pelos múltiplos rombos, e põem-se a jeito na praia para apanhar o próximo vapor. Um dos casos mais notórios é o de Daniel Amaral. Depois de anos a dar lustro às políticas dos governos socialistas (com alguma inteligência e uma certa discrição, registe-se em seu benefício), começou a sofrer uma crise de fé que nos últimos tempos roça a heresia. Leia-se este balanço arrasador e os medonhos amanhãs que anuncia:
«A ilação a tirar é que perdemos uma década a adoptar políticas erradas: na escolha dos investimentos, na organização das empresas, na legislação do trabalho, na distribuição dos rendimentos, na gestão da poupança, sei lá! E as chamadas reformas estruturais vão ter de recomeçar do zero. Mas isso ainda seria o menos. O pior é que, em simultâneo, o nível de vida vai sofrer uma queda abrupta para valores substancialmente mais baixos. Vem aí uma revolução. Como é que se explica isto às pessoas?»
«A ilação a tirar é que perdemos uma década a adoptar políticas erradas: na escolha dos investimentos, na organização das empresas, na legislação do trabalho, na distribuição dos rendimentos, na gestão da poupança, sei lá! E as chamadas reformas estruturais vão ter de recomeçar do zero. Mas isso ainda seria o menos. O pior é que, em simultâneo, o nível de vida vai sofrer uma queda abrupta para valores substancialmente mais baixos. Vem aí uma revolução. Como é que se explica isto às pessoas?»
ESTADO DE SÍTIO: Ideias nefastas segundo o novo paradigma da universidade
Segundo disse Miguel Tamen da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa à Tabu do Sol, as «duas ideias nefastas» são: «a ideia de especializar as pessoas num assunto, tornando-as analfabetas funcionais no resto, e a ideia de que a função da universidade é exclusivamente assegurar empregos para os seus graduados».
Eu acrescentaria duas outras ideias nefastas: a ideia que um país no século XXI pode viver sem as pessoas se especializarem num assunto e a ideia da universidade portuguesa estar a cumprir a função de assegurar empregos para os seus graduados.
Eu acrescentaria duas outras ideias nefastas: a ideia que um país no século XXI pode viver sem as pessoas se especializarem num assunto e a ideia da universidade portuguesa estar a cumprir a função de assegurar empregos para os seus graduados.
28/06/2010
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (18) – está tudo explicado
Existindo o sistema da Via Verde que cobre todas as outras auto-estradas e está testadíssimo além de estar integrado com a SIBS e permitir o débito nas contas de qualquer banco, até recentemente ninguém percebia o racional de inventar um novo sistema. Por exemplo, um chip de matrícula com virtualidades de torrar os habituais milhões de euros para suportar o sistema de cobrança de portagens das SCUTS que o governo anda a anunciar desde pelo menos Novembro de 2004 – ver aqui o último ponto de situação da implementação do sistema.
Ninguém percebia até o Expresso informar que o administrador executivo da SIEV, a sociedade criada pelo governo para gerir o sistema de chips de matrícula e de cobrança de portagens, um tal Pedro Bento anteriormente membro do gabinete do secretário de estado adjunto das Obras Públicas, pediu uma licença e ressuscitou como country manager da Q-Free, por uma feliz coincidência a empresa que foi contratada pelos operadores das SCUT para montar o tal sistema.
Ninguém percebia até o Expresso informar que o administrador executivo da SIEV, a sociedade criada pelo governo para gerir o sistema de chips de matrícula e de cobrança de portagens, um tal Pedro Bento anteriormente membro do gabinete do secretário de estado adjunto das Obras Públicas, pediu uma licença e ressuscitou como country manager da Q-Free, por uma feliz coincidência a empresa que foi contratada pelos operadores das SCUT para montar o tal sistema.
26/06/2010
ÉTUDE DE CAS: L’exception française et la toxoplasmose
O toxoplasma gondii é um agente patogénico que causa a toxoplasmose, uma doença bastante comum que atinge 60% da população mundial e que até agora parecia ter apenas consequências benignas não mais graves do que uma vulgar gripe. O agente é transmissível para os humanos através das fezes dos gatos domésticos, os quais frequentemente a contraem quando papam um rato. Nos ratos a coisa tem consequências mais drásticas podendo o toxoplasma g. formar quistos no cérebro e no fígado.
Também já eram conhecidos outros possíveis efeitos subtis e mais deletérios do agente patogénico nos humanos: por exemplo a esquizofrenia, quatro vezes mais frequente nas pessoas com anti-corpos ao toxoplasma g. Estudos mais recentes citados aqui mostram outros possíveis efeitos, como a propensão significativamente maior dessas pessoas para sofrer acidentes rodoviários, propensão aparentemente resultante de maiores tempos de reacção e menores capacidades de atenção.
Muito mais interessante pelo seu potencial explicativo dos padrões de comportamentos sociais é a elevada correlação estatística observada entre taxas de incidência da toxoplasmose e frequências de neurose. O caso mais interessante é o da França com altíssimos valores do score de neurose (1,8) e da taxa de infecção (45%), quando comparada, por exemplo, com a Grã-Bretanha, com valores muito mais baixos: -0,8 e 6,6%, respectivamente. Eventualmente isso explicará as dimensões culturais esquizofrénicas da França que os estudos de Geert Hofstede mostram com um índice de distância hierárquica duplo do britânico, explicação possível da conhecida propensão gaulesa para manifestações violentas e mudanças revolucionárias do poder por oposição às reformas graduais. Se tivesse que dar um conselho ao presidente Sarko e à sua bela Bruni para contribuírem para a pacificação da sociedade francesa e a promoção do espírito reformista seria: cuidem melhor da higiene sanitária dos franceses, exterminem os ratos e, em caso desesperado, como último acto de mudança violenta (revolucionária), exterminem também os gatos.
[Informação eventualmente útil para dona Carla do bomba inteligente e o seu gato Varandas]
Também já eram conhecidos outros possíveis efeitos subtis e mais deletérios do agente patogénico nos humanos: por exemplo a esquizofrenia, quatro vezes mais frequente nas pessoas com anti-corpos ao toxoplasma g. Estudos mais recentes citados aqui mostram outros possíveis efeitos, como a propensão significativamente maior dessas pessoas para sofrer acidentes rodoviários, propensão aparentemente resultante de maiores tempos de reacção e menores capacidades de atenção.
Muito mais interessante pelo seu potencial explicativo dos padrões de comportamentos sociais é a elevada correlação estatística observada entre taxas de incidência da toxoplasmose e frequências de neurose. O caso mais interessante é o da França com altíssimos valores do score de neurose (1,8) e da taxa de infecção (45%), quando comparada, por exemplo, com a Grã-Bretanha, com valores muito mais baixos: -0,8 e 6,6%, respectivamente. Eventualmente isso explicará as dimensões culturais esquizofrénicas da França que os estudos de Geert Hofstede mostram com um índice de distância hierárquica duplo do britânico, explicação possível da conhecida propensão gaulesa para manifestações violentas e mudanças revolucionárias do poder por oposição às reformas graduais. Se tivesse que dar um conselho ao presidente Sarko e à sua bela Bruni para contribuírem para a pacificação da sociedade francesa e a promoção do espírito reformista seria: cuidem melhor da higiene sanitária dos franceses, exterminem os ratos e, em caso desesperado, como último acto de mudança violenta (revolucionária), exterminem também os gatos.
[Informação eventualmente útil para dona Carla do bomba inteligente e o seu gato Varandas]
25/06/2010
Mitos (14) – os cortes orçamentais estão a ameaçar o estado social e a dificultar a retoma
Segundo a narrativa da coligação esquerdalhada - especuladores arrependidos (por exemplo Soros) - keynesianos retardados (por exemplo Krugman), a pressão dos especuladores, das agências de rating e dos neo-liberais para fazer cortes orçamentais está ameaçar o estado social e a dificultar a reforma. Não é verdade e está mal contado. Não obstante a redução (por vezes negligenciável) dos défices, a dívida pública continuará a aumentar e se alguma coisa ameaça a sobrevivência do estado social é a sua própria insustentabilidade.
[Gráfico daqui]]
[Gráfico daqui]]
CASE STUDY: quem é o deus ex machina da Ongoing? (10)
[Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8) e (9)]
Já se sabe quem é a Ongoing, o seu deus ex machina (os Espíritos) e, pela boca de Armando Vara, o que podemos esperar dos seus timoneiros (Nuno Vasconcelos e Rafael Mora). E também se vai ficando a saber quem são os seus amigos como Soares Carneiro, o administrador da PT que decidiu, à revelia da comissão de investimentos, aplicar o dinheiro das pensões dos empregados da PT em fundos geridos pela Ongoing, decisão que deixou tão expostos os meandros da coisa que Granadeiro teve que lhe tirar o tapete e obrigá-lo a demitir-se.
E o que se faz aos amigos quando eles perdem o emprego por amor à nossa causa? Oferece-lhes outro, evidentemente. De preferência longe, por razões de discrição. Foi o que fez a Ongoing ao oferecer uma tença não discriminada a Soares Carneiro no Brasil.
Já se sabe quem é a Ongoing, o seu deus ex machina (os Espíritos) e, pela boca de Armando Vara, o que podemos esperar dos seus timoneiros (Nuno Vasconcelos e Rafael Mora). E também se vai ficando a saber quem são os seus amigos como Soares Carneiro, o administrador da PT que decidiu, à revelia da comissão de investimentos, aplicar o dinheiro das pensões dos empregados da PT em fundos geridos pela Ongoing, decisão que deixou tão expostos os meandros da coisa que Granadeiro teve que lhe tirar o tapete e obrigá-lo a demitir-se.
E o que se faz aos amigos quando eles perdem o emprego por amor à nossa causa? Oferece-lhes outro, evidentemente. De preferência longe, por razões de discrição. Foi o que fez a Ongoing ao oferecer uma tença não discriminada a Soares Carneiro no Brasil.
24/06/2010
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (17) - uma tença estratosférica
Rui Pedro Soares, o peão de brega de José Sócrates no assalto à TVI e na arregimentação de Luís Figo para a campanha socialista, em serviço na administração da PT, recebeu uma tença por esses serviços que nos últimos cinco anos atingiu a estratosférica quantia de 5.000.000 € (cinco milhões de euros).
Pode-se dizer que a sua fidelidade canina ao «chefe» não foi barata. A pergunta que me ocorre fazer aos socialistas honrados é: como conseguem conviver com esta extrema falta de princípios? A dúvida que me ocorre, pelo facto de só conceber a resposta «não conseguimos», é: ainda haverá gente honrada no PS? E os novos situacionistas como julgam este exemplo de ética republicana?
[Nota para os não iniciados na festa brava:
Peão de brega (cat. nominal)
glosa: artista tauromáquico que auxilia a faena, preparando o touro para as lides e protegendo o toureiro em caso de perigo
exemplo: O peão de brega conseguiu chamar a atenção do touro, para que o toureiro colhido pudesse abandonar a arena.]
Pode-se dizer que a sua fidelidade canina ao «chefe» não foi barata. A pergunta que me ocorre fazer aos socialistas honrados é: como conseguem conviver com esta extrema falta de princípios? A dúvida que me ocorre, pelo facto de só conceber a resposta «não conseguimos», é: ainda haverá gente honrada no PS? E os novos situacionistas como julgam este exemplo de ética republicana?
[Nota para os não iniciados na festa brava:
Peão de brega (cat. nominal)
glosa: artista tauromáquico que auxilia a faena, preparando o touro para as lides e protegendo o toureiro em caso de perigo
exemplo: O peão de brega conseguiu chamar a atenção do touro, para que o toureiro colhido pudesse abandonar a arena.]
23/06/2010
A maldição da tabuada (4) - meio por meio
Quando há alguns anos se fez no Instituto Superior Técnico uma prova de aferição (supõe-se aos alunos do 1.º ano duma cadeira de matemática) a pergunta de resposta múltipla ½ + ½ = ? foi mal respondida por 27 por cento dos alunos. Alguns destes alunos podem hoje estar a fazer os cálculos de betão armado dum qualquer pardieiro nos subúrbios.
O IST é uma escola ainda com algum prestígio e com médias de admissão relativamente elevadas. Imagine-se o estado dos neurónios e das sinapses de um aluno duma das universidades privadas do nível da Independente onde se graduou o nosso primeiro-ministro. Avolumam-se as minhas suspeitas sobre a génese dos nossos défices crónicos – será um problema de tabuada?
PS: Por falar em défices e tabuada, num ano suposto de forte contenção orçamental o défice primário das contas públicas de Janeiro a Maio deste ano aumentou 17,7% em relação ao período homólogo de 2009.
O IST é uma escola ainda com algum prestígio e com médias de admissão relativamente elevadas. Imagine-se o estado dos neurónios e das sinapses de um aluno duma das universidades privadas do nível da Independente onde se graduou o nosso primeiro-ministro. Avolumam-se as minhas suspeitas sobre a génese dos nossos défices crónicos – será um problema de tabuada?
PS: Por falar em défices e tabuada, num ano suposto de forte contenção orçamental o défice primário das contas públicas de Janeiro a Maio deste ano aumentou 17,7% em relação ao período homólogo de 2009.
22/06/2010
Um país em vias de subdesenvolvimento
Depois da Irlanda, Grécia, Chipre, Eslovénia, República Checa chegou a vez de Malta nos ultrapassar. Mais alguns anos e a Eslováquia fará o mesmo.
[Fonte: Eurostat, First estimates for 2009, GDP per inhabitant in the Member States]
[Fonte: Eurostat, First estimates for 2009, GDP per inhabitant in the Member States]
Estado empreendedor – (30) IAPMEI torra 2 milhões sem perdão
Já aqui foi contada a estória sumária do Lockheed TriStar a propósito da «nova» Qimonda. O que se passou com a Facontrofa, uma empresa em Senhor dos Perdões, Vila Nova de Famalicão, detentora da marca Cheyenne, excedeu tudo quanto a antiga musa canta. Em Novembro o IAPMEI injectou-lhe nas veias 2 milhões de euros e ficou com 40% do seu capital. Duas semanas depois a fábrica deixou de produzir e faliu em Maio deixando desempregados 300 trabalhadores. O IAPMEI explica que estas coisas acontecem.
21/06/2010
BREIQUINGUE NIUZ: Os espanhóis estão a ver-se gregos
Pressionado pelo governo alemão e pelo BCE, Zapatero não tem remédio senão em cortar em quase 8% a despesa pública orçamentada para 2011 e comprometer-se a reduzir o défice já para 6% este ano, depois de ter aprovado a flexibilização do anquilosado mercado de trabalho.
Especula-se o que foi Strauss-Kahn fazer a Madrid e ninguém acredita ter-se tratado duma visita de rotina. Um pouco por toda a Europa reza-se para que a Espanha não entre em incumprimento com os seus 727 mil milhões de euros de dívidas à banca europeia e o governo saia do seu estado de negação.
Especula-se o que foi Strauss-Kahn fazer a Madrid e ninguém acredita ter-se tratado duma visita de rotina. Um pouco por toda a Europa reza-se para que a Espanha não entre em incumprimento com os seus 727 mil milhões de euros de dívidas à banca europeia e o governo saia do seu estado de negação.
A Coreia do Norte não resistiu (apesar da ajuda do professor Queiroz)
20/06/2010
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Se o país não muda, mudam-se eles
Mesmo que só metade dos trabalhadores que declararam no inquérito da Hays admitir trabalhar no estrangeiro tenha de facto essa intenção (a outra metade poderia, à boa maneira portuguesa, estar a exorcizar impotência e despeito), isso significaria que mais de 1/3 da população activa considera votar com os pés. É obra.
A verdade da mentira
19/06/2010
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Saramago
«Julgo que é um escritor razoável e será lembrado por ser o primeiro Nobel da língua portuguesa.»
António Valdemar, presidente da Academia Nacional de Belas Artes
[e será esquecido o seu papel de torquemada comunista do Diário de Notícias]
António Valdemar, presidente da Academia Nacional de Belas Artes
[e será esquecido o seu papel de torquemada comunista do Diário de Notícias]
Estado empreendedor – (29) quando a energia se esgota na manipulação mediática (II)
Em Outubro de 2007 o saudoso ministro da economia Pinho anunciava «o projecto Pelamis que vai criar ao largo de Viana do Castelo o projecto mais avançado, até à data, de energias das ondas». Quase um ano depois, em 23-09-2008, o mesmo ministro inaugurava o «projecto de conversão da energia das ondas ao largo de Leixões» que rapidamente ficou inoperacional e à deriva, por assim dizer, como aqui referi em Setembro de 2009. Como muitos outros projecto falhados, o assunto eclipsou-se do horizonte mediático.
À míngua de notícias excitantes, a central de manipulação criou mais um manipulado e ressuscitou o projecto das profundezas do oceano mediático, rebaptizou-o, rebocou-o virtualmente 150 milhas para sul, plantando-o virtualmente ao largo de S. Pedro de Moel e anunciou que o vai adjudicar à REN que virtualmente o irá desenvolver. Com o know-how da REN nos postes de alta tensão prevê-se que o destino desta nova encarnação da energia das ondas tenha o mesmo destino da sua defunta antecessora.
À míngua de notícias excitantes, a central de manipulação criou mais um manipulado e ressuscitou o projecto das profundezas do oceano mediático, rebaptizou-o, rebocou-o virtualmente 150 milhas para sul, plantando-o virtualmente ao largo de S. Pedro de Moel e anunciou que o vai adjudicar à REN que virtualmente o irá desenvolver. Com o know-how da REN nos postes de alta tensão prevê-se que o destino desta nova encarnação da energia das ondas tenha o mesmo destino da sua defunta antecessora.
18/06/2010
CASE STUDY: Portugal em pequenino
O valor de mercado dos jogadores da selecção portuguesa é superior a 200 milhões de euros, o que faz dela a 5.ª mais valiosa em todo o mundo. Porquê a 5.ª selecção mais valiosa teve as dificuldades conhecidas de apuramento para a fase final do campeonato do mundo e nesta fase final está a ter um desempenho medíocre quando se esperaria que navegasse serenamente até pelo menos aos quartos de final? Porquê os melhores jogadores do mundo são uma sombra de si próprios quando jogam na selecção?
A minha explicação é simples: tal como em todos os domínios profissionais, as leis dos grandes números tornam cada vez mais provável o surgimento de talentos à medida que o número de profissionais aumenta. Não sendo Portugal exactamente a Índia ou a China, apesar disso é muito provável, pelo menos nos domínios com maior número de profissionais, o surgimento dum certo número de potenciais talentos. Se esses potenciais talentos não se tornam efectivos devemos procurar a causa numa cultura abominante da competição e/ou na qualidade das elites e das lideranças, pelo menos no domínio das actividades colectivas que precisam dum suplemento de gestão, sejam desportos, negócios, ou outras.
No caso da selecção de futebol, o seleccionador deveria ser um gestor com elevadas competências técnicas e de liderança. Não parece ser o caso do professor Queiroz que nos últimos 20 anos, depois dos sucessos como seleccionador dos sub-20, fui acumulando flops um pouco por todo o mundo e está hoje reduzido a um cabide de fatos Armani (ver a este respeito o meu apelo de Outubro de 2008 «Come back Big Sergent, we miss you»).
Em boa verdade o que se passa no futebol é semelhante ao que se passa em todas as actividades, política incluída, onde assistimos à emergência de líderes medíocres mas espertalhões, quase sempre, e sem escrúpulos, frequentemente. A nova geração destes líderes, de que são exemplos o soi-disant professor Queiroz e o soi-disant engenheiro Sócrates, acrescentou uma nova especialidade à falta de visão, integridade e competência: o jeito para lidar com a comunicação social e os saberes manipulativos para construir uma imagem, actividade em que se esgota a sua ciência e se concentra o essencial dos seus esforços.
É por isso que a polémica sobre os salários dos gestores em Portugal se limita à argumentação irremediavelmente despeitada e invejosa e à argumentação desmioladamente teórica assente na ideia mirabolante que esses salários resultam dum mercado inexistente de gestores. Em vez de mercado temos pouco mais de um repositório de gente com jeito para equilibrar um pé na política e outro nos negócios ao colo do governo e em mercados quasi-monopolistas e de parentela com lugar garantido nas empresas de influência familiar (mesmo que algumas estejam cotadas na bolsa). A esmagadora maioria destes gestores morreria à fome se dependesse dum mercado de trabalho competitivo e, evidentemente, não se podem comparar os seus salários com os de postos supostamente idênticos em empresas internacionais. Por várias razões óbvias e uma menos óbvia: sendo eles os principais responsáveis pela desastrosa produtividade das empresas portuguesas, com a qual os próprios justificam salários dos trabalhadores entre metade e um terço dos europeus, como podem aspirar a ter salários ao nível dos seus pares?
Por falar em mercados de trabalho internacionais, deveríamos reconhecer que os jogadores portugueses de futebol são os únicos profissionais que verdadeiramente trabalham num mercado internacional competitivo sujeitos a uma avaliação constante e impiedosa. Deve ser mais fácil encontrar uma agulha num palheiro do que um gestor português integrado num mercado de trabalho internacional ao nível do mais modesto dos nossos jogadores no estrangeiro. É também por isso que quando leio os intelectuais de trazer por casa a perorar sobre o futebol e o trabalho destes rapazes desejaria castigá-los (aos intelectuais) pondo-os a competir em idênticas circunstâncias.
A minha explicação é simples: tal como em todos os domínios profissionais, as leis dos grandes números tornam cada vez mais provável o surgimento de talentos à medida que o número de profissionais aumenta. Não sendo Portugal exactamente a Índia ou a China, apesar disso é muito provável, pelo menos nos domínios com maior número de profissionais, o surgimento dum certo número de potenciais talentos. Se esses potenciais talentos não se tornam efectivos devemos procurar a causa numa cultura abominante da competição e/ou na qualidade das elites e das lideranças, pelo menos no domínio das actividades colectivas que precisam dum suplemento de gestão, sejam desportos, negócios, ou outras.
No caso da selecção de futebol, o seleccionador deveria ser um gestor com elevadas competências técnicas e de liderança. Não parece ser o caso do professor Queiroz que nos últimos 20 anos, depois dos sucessos como seleccionador dos sub-20, fui acumulando flops um pouco por todo o mundo e está hoje reduzido a um cabide de fatos Armani (ver a este respeito o meu apelo de Outubro de 2008 «Come back Big Sergent, we miss you»).
Em boa verdade o que se passa no futebol é semelhante ao que se passa em todas as actividades, política incluída, onde assistimos à emergência de líderes medíocres mas espertalhões, quase sempre, e sem escrúpulos, frequentemente. A nova geração destes líderes, de que são exemplos o soi-disant professor Queiroz e o soi-disant engenheiro Sócrates, acrescentou uma nova especialidade à falta de visão, integridade e competência: o jeito para lidar com a comunicação social e os saberes manipulativos para construir uma imagem, actividade em que se esgota a sua ciência e se concentra o essencial dos seus esforços.
É por isso que a polémica sobre os salários dos gestores em Portugal se limita à argumentação irremediavelmente despeitada e invejosa e à argumentação desmioladamente teórica assente na ideia mirabolante que esses salários resultam dum mercado inexistente de gestores. Em vez de mercado temos pouco mais de um repositório de gente com jeito para equilibrar um pé na política e outro nos negócios ao colo do governo e em mercados quasi-monopolistas e de parentela com lugar garantido nas empresas de influência familiar (mesmo que algumas estejam cotadas na bolsa). A esmagadora maioria destes gestores morreria à fome se dependesse dum mercado de trabalho competitivo e, evidentemente, não se podem comparar os seus salários com os de postos supostamente idênticos em empresas internacionais. Por várias razões óbvias e uma menos óbvia: sendo eles os principais responsáveis pela desastrosa produtividade das empresas portuguesas, com a qual os próprios justificam salários dos trabalhadores entre metade e um terço dos europeus, como podem aspirar a ter salários ao nível dos seus pares?
Por falar em mercados de trabalho internacionais, deveríamos reconhecer que os jogadores portugueses de futebol são os únicos profissionais que verdadeiramente trabalham num mercado internacional competitivo sujeitos a uma avaliação constante e impiedosa. Deve ser mais fácil encontrar uma agulha num palheiro do que um gestor português integrado num mercado de trabalho internacional ao nível do mais modesto dos nossos jogadores no estrangeiro. É também por isso que quando leio os intelectuais de trazer por casa a perorar sobre o futebol e o trabalho destes rapazes desejaria castigá-los (aos intelectuais) pondo-os a competir em idênticas circunstâncias.
17/06/2010
Uma espécie de almirante Américo Tomás da União Europeia
«É a primeira reunião normal desde que fui eleito para o cargo. São 10:30 e não há crise» disse para abrir o Conselho Europeu o seu presidente.
Cada vez se percebe melhor a agenda franco-alemã ao impor para tal cargo Sua Nulidade Herman Van Rompuy, cujo telefone é conhecido da secretária da secretária da secretária de Estado Hillary Clinton.
Cada vez se percebe melhor a agenda franco-alemã ao impor para tal cargo Sua Nulidade Herman Van Rompuy, cujo telefone é conhecido da secretária da secretária da secretária de Estado Hillary Clinton.
16/06/2010
CASE STUDY: A maldição do petróleo
Diz-se que Salazar, ao saber da hipótese de poder haver petróleo algures na zona de Torres Vedras, terá dito: «só nos faltava mais essa!». Não se sabe se era ou não o mesmo petróleo que Joe Berardo 50 anos depois anda a prospectar no mesmo sítio, mas percebe-se o desabafo do Botas que já nessa altura deve ter percebido que petróleo e desenvolvimento não rimam a maior parte das vezes.
Lula da Silva, se dissesse alguma coisa quando começaram as descobertas no pré-sal, seria «já temos o que nos faltava». E, contudo, seria possivelmente mais prudente ter dito o mesmo que é atribuído ao Botas porque a prodigalidade da natureza costuma tornar pródigos os humanos nos trópicos e, para ser justo, em todos os azimutes, salvo talvez onde a natureza não costuma ser pródiga.
Diferentemente de Lula, os governadores dos estados, com a excepção do Rio de Janeiro que até agora tem desfrutado da maioria dos royalties, teriam dito «ainda nos falta essa». Faltava porque, depois da aprovação pelo congresso da redistribuição dos royalties por todos os estados, passou a faltar aos cariocas que vão ter que pagar os seus 200 mil funcionários públicos com apenas 3% dos anteriores 1,8 mil milhões de euros. Se o passado é um bom indicador do futuro, vamos assistir nos próximos anos ao crescimento em todos estados duma floresta de funcionários fertilizada pela chuva de royalties mais densa do que a Amazónia até há 50 anos. Não seria a primeira vez e não seria a última.
Lula da Silva, se dissesse alguma coisa quando começaram as descobertas no pré-sal, seria «já temos o que nos faltava». E, contudo, seria possivelmente mais prudente ter dito o mesmo que é atribuído ao Botas porque a prodigalidade da natureza costuma tornar pródigos os humanos nos trópicos e, para ser justo, em todos os azimutes, salvo talvez onde a natureza não costuma ser pródiga.
Diferentemente de Lula, os governadores dos estados, com a excepção do Rio de Janeiro que até agora tem desfrutado da maioria dos royalties, teriam dito «ainda nos falta essa». Faltava porque, depois da aprovação pelo congresso da redistribuição dos royalties por todos os estados, passou a faltar aos cariocas que vão ter que pagar os seus 200 mil funcionários públicos com apenas 3% dos anteriores 1,8 mil milhões de euros. Se o passado é um bom indicador do futuro, vamos assistir nos próximos anos ao crescimento em todos estados duma floresta de funcionários fertilizada pela chuva de royalties mais densa do que a Amazónia até há 50 anos. Não seria a primeira vez e não seria a última.
15/06/2010
A vingança dos pobres falidos
Segundo as estimativas de Jacques Cailloux do Royal Bank of Scotland, a dívida portuguesa total, pública e privada, atinge o número astronómico de 333 mil milhões de euros ou seja dois PIB. A maior parte desta dívida é detida pelos sistemas financeiros francês e alemão, resta-nos a consolação que com a nossa eventual falência arrastaremos vários bancos e seguradoras para a bancarrota. Seria (será?) a vingança dos pobres falidos.
14/06/2010
CASE STUDY: A inumeracia é meio caminho andado para a inadimplência
Segundo uma pesquisa (*) recentemente citada pela Economist baseada nas hipotecas subprime nos estados da Nova Inglaterra (Maine, New Hampshire, Vermont, Massachusetts, Rhode Island e Connecticut), a probabilidade de incumprimento dos devedores com maior inumeracia é dupla da dos devedores que sabem fazer as contas. Donde se conclui que os bancos deveria incluir no seu credit scorecard o domínio da tabuada.
(*) Financial Literacy and Subprime Mortgage Delinquency: Evidence from a Survey Matched to Administrative Data; Kristopher Gerardi, Lorenz Goette, and Stephan Meier; Working Paper 2010-10; April 2010
(*) Financial Literacy and Subprime Mortgage Delinquency: Evidence from a Survey Matched to Administrative Data; Kristopher Gerardi, Lorenz Goette, and Stephan Meier; Working Paper 2010-10; April 2010
13/06/2010
DIÁRIO DE BORDO: elefantes voadores
Ao fazer um voo Lisboa–Londres a semana passada ao fim da tarde, não pude deixar de comparar o quase vazio da Portela com a agitação de Gatwick 2,5 horas mais tarde e dei comigo a pensar com os botões o absurdo de pretender destruir uma infra-estrutura onde nos últimos quase 70 anos se enterraram a preços actuais milhares de milhões de euros. Lembrei então o post que publiquei há mais de 2 anos a este propósito comparando a Portela com Heathrow:
Alguém pode fazer o favor de explicar porque pode o aeroporto de Heathrow suportar um voo em média em cada 45 segundos e a Portela rebenta pelas costuras (defendem os otários) com um voo em média em cada 4 minutos? Se o número de voos aumentasse 5% por ano a Portela precisaria de 33 anos para atingir a frequência de voos de Heathrow.Note-se que Heathrow já teve 6 pistas e actualmente tem apenas 2, pondo em causa o argumento da falta de espaço para mais pistas para abandonar a Portela. Voltando a Gatwick, este aeroporto com uma única pista principal (a segunda só funciona na indisponibilidade da primeira) movimentou mais de 32 milhões de passageiros em 2009 em mais de 250 mil voos, isto é mais do dobro do aeroporto da Portela, que tem duas pistas. No caso de Gatwick, se o número de voos aumentasse 5% por ano a Portela precisaria de 15 anos para atingir a frequência de voos de Gatwick.
12/06/2010
Nunca se sabe se um português numa escada vai a subir ou a descer
«Viemos (todos de África). E nós temos uma diversidade menor, nós e os galegos, do que qualquer outra pessoa na Europa. Somos iguais aos galegos. Mais longe de Adis Abeba. Éramos muito poucos. Se vinham seis pessoas, elas tinham características diferentes umas das outras, mas das seis só uma ou duas chegam ao ponto seguinte. Há uma espécie de efeito de gargalo.
…
Um geneticista dirá que é péssimo (termo-nos cruzado pouco).
…
Conhece um ditado galego que diz que quando se vê um galego numa escada nunca se sabe se vai a subir ou a descer? É uma descrição de um português. A geografia, a periferia. E o clima, que nunca nos matou. Na Noruega, o clima mata, eles tinha de se associar. O frio matou durante milhares e milhares de anos. Frio, dieta paupérrima, sem sol.
Esses (os nórdicos) são os que sobreviveram. Nós, baixinhos e gordinhos, e as senhoras vestidas de preto, com a anca muito larga, com muitos filhos, aguentávamos sem dificuldades. E não precisávamos juntar-nos. Não seleccionámos. Fomos para fora e trouxemos alguns genes femininos. ...ameríndias, mestiças, negras... E os galegos também, da América Latina. Isto da selecção é terrível.
… (O sítio onde cruzámos mais foi o Brasil). Claro. Aqui ninguém vinha. E culturalmente ainda pior, porque nunca tivemos de competir. O Brasil é uma mistura extraordinária, mas ficaram lá, os cruzamentos ficaram lá. Somos uma sociedade de alto contexto, com regras não explícitas que são mortais para qualquer pessoa que venha para cá.
Termos um contexto único e não nos apercebemos disso. Veja-se esse exemplo prosaico que é a nossa incapacidade de colocar sinalética. Nós ou sabemos ou topamos. E nunca conseguimos transmitir ao tipo que vem de fora uma instrução prática. Como sociedade. E isto tem a ver com a nossa falta de respeito por uma hierarquia de mérito. Temos uma hierarquia tribal.
…
(O nosso clima) é ideal. Não morríamos de noite de frio, havia animais e pesca, estávamos afastados da Espanha pelas montanhas... Porque é que somos tão pouco altruístas? Porque não precisávamos. Se você tem um frango e quer sobreviver, por que raio é que me há-de dar o frango? O altruísmo existe como defesa das doenças ou do inimigo. Você precisa de alimentar os seus para sobreviver e se defender. Altruísmo paroquial. Nós não temos altruísmo paroquial, somos de um individualismo feroz. Não tivemos hordas de invasores, nisso o Cláudio Torres tem razão. Os muçulmanos eram meia dúzia de gatos-pingados.
A religião foi funesta. Em vez do altruísmo, estimulou o individualismo, ao dar a cada um de nós uma relação privilegiada com Deus. Zerámos, como dizem os brasileiros. Zerar é meter um carro velho com o conta-quilómetros a zero, como se fosse novo. Zerar. Os protestantes, a viver em climas frios, com guerras permanentes, tinham de ser muito diferentes. A genética veio dar-nos uma percepção do passado mais do que dizer-nos para onde vamos. »
[Extractos da entrevista de Clara Ferreira Alves a Manuel Sobrinho Simões, director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, na Única do Expresso de 29 de Maio]
Apesar de perceber que o tema é o mais possível politicamente incorrecto, o que poderá explicar muita coisa, é ainda assim para mim um mistério a aparente inexistência de estudos científicos sérios sobre a génese da alma portuguesa, para dizer a coisa uma forma poética, génese aqui aflorada por Sobrinho Simões com uma boa dose de humor.
…
Um geneticista dirá que é péssimo (termo-nos cruzado pouco).
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Conhece um ditado galego que diz que quando se vê um galego numa escada nunca se sabe se vai a subir ou a descer? É uma descrição de um português. A geografia, a periferia. E o clima, que nunca nos matou. Na Noruega, o clima mata, eles tinha de se associar. O frio matou durante milhares e milhares de anos. Frio, dieta paupérrima, sem sol.
Esses (os nórdicos) são os que sobreviveram. Nós, baixinhos e gordinhos, e as senhoras vestidas de preto, com a anca muito larga, com muitos filhos, aguentávamos sem dificuldades. E não precisávamos juntar-nos. Não seleccionámos. Fomos para fora e trouxemos alguns genes femininos. ...ameríndias, mestiças, negras... E os galegos também, da América Latina. Isto da selecção é terrível.
… (O sítio onde cruzámos mais foi o Brasil). Claro. Aqui ninguém vinha. E culturalmente ainda pior, porque nunca tivemos de competir. O Brasil é uma mistura extraordinária, mas ficaram lá, os cruzamentos ficaram lá. Somos uma sociedade de alto contexto, com regras não explícitas que são mortais para qualquer pessoa que venha para cá.
Termos um contexto único e não nos apercebemos disso. Veja-se esse exemplo prosaico que é a nossa incapacidade de colocar sinalética. Nós ou sabemos ou topamos. E nunca conseguimos transmitir ao tipo que vem de fora uma instrução prática. Como sociedade. E isto tem a ver com a nossa falta de respeito por uma hierarquia de mérito. Temos uma hierarquia tribal.
…
(O nosso clima) é ideal. Não morríamos de noite de frio, havia animais e pesca, estávamos afastados da Espanha pelas montanhas... Porque é que somos tão pouco altruístas? Porque não precisávamos. Se você tem um frango e quer sobreviver, por que raio é que me há-de dar o frango? O altruísmo existe como defesa das doenças ou do inimigo. Você precisa de alimentar os seus para sobreviver e se defender. Altruísmo paroquial. Nós não temos altruísmo paroquial, somos de um individualismo feroz. Não tivemos hordas de invasores, nisso o Cláudio Torres tem razão. Os muçulmanos eram meia dúzia de gatos-pingados.
A religião foi funesta. Em vez do altruísmo, estimulou o individualismo, ao dar a cada um de nós uma relação privilegiada com Deus. Zerámos, como dizem os brasileiros. Zerar é meter um carro velho com o conta-quilómetros a zero, como se fosse novo. Zerar. Os protestantes, a viver em climas frios, com guerras permanentes, tinham de ser muito diferentes. A genética veio dar-nos uma percepção do passado mais do que dizer-nos para onde vamos. »
[Extractos da entrevista de Clara Ferreira Alves a Manuel Sobrinho Simões, director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, na Única do Expresso de 29 de Maio]
Apesar de perceber que o tema é o mais possível politicamente incorrecto, o que poderá explicar muita coisa, é ainda assim para mim um mistério a aparente inexistência de estudos científicos sérios sobre a génese da alma portuguesa, para dizer a coisa uma forma poética, génese aqui aflorada por Sobrinho Simões com uma boa dose de humor.
10/06/2010
CONDIÇÃO MASCULINA: Cherchez la femme
Se há coisa politicamente incorrecta e abominável à luz da ciência de causas é a constatação da profunda diferença física, biológica, comportamental e inata entre os sexos constantemente confirmada pela investigação independente e descomprometida. Diferença que resiste e resistirá (aleluia) a todos os esforços niveladores dos sacerdotes da religião do politicamente correcto.
Uma vez mais, um paper de David Puts aqui referenciado, concluiu que os atributos da masculinidade, profundamente diferenciadores da feminilidade, não são necessária e essencialmente os mais atractivos para as mulheres (embora alguns o sejam na medida em que indiciam bons genes) mas surgiram e evoluíram, tal como em muitas outras espécies, como resposta à necessidade dos machos lutarem entre si para e ganhar a oportunidade de acasalar em exclusivo. Daqui não resulta, obviamente, que o papel na fêmea na escolha do macho não tenha vindo historicamente a evoluir sobretudo nas sociedades afluentes, nem significa que a luta entre machos se continue a fazer de moca na mão – nas sociedades modernas a competição é cada vez mais no domínio simbólico: mais paleio, melhor aspecto (ou seja aspecto mais feminino), mais dinheiro, etc.
Uma vez mais, um paper de David Puts aqui referenciado, concluiu que os atributos da masculinidade, profundamente diferenciadores da feminilidade, não são necessária e essencialmente os mais atractivos para as mulheres (embora alguns o sejam na medida em que indiciam bons genes) mas surgiram e evoluíram, tal como em muitas outras espécies, como resposta à necessidade dos machos lutarem entre si para e ganhar a oportunidade de acasalar em exclusivo. Daqui não resulta, obviamente, que o papel na fêmea na escolha do macho não tenha vindo historicamente a evoluir sobretudo nas sociedades afluentes, nem significa que a luta entre machos se continue a fazer de moca na mão – nas sociedades modernas a competição é cada vez mais no domínio simbólico: mais paleio, melhor aspecto (ou seja aspecto mais feminino), mais dinheiro, etc.
09/06/2010
Mitos (13) – Apesar de tudo melhorámos
Um dos mitos da vulgata socialista é o de, apesar de há 10 anos não estarmos a convergir para a UE, quer em termos de produtividade quer de PIB per capita, temos tido alguns ganhos no nível de vida. Como Vasconcellos e Sá mostrou no seu artigo «Nível de vida caiu 10% desde 2004», publicado no Sol de 4 de Junho, tal é absolutamente falso. Em primeiro lugar porque a medida mais adequada do nível de vida não é o PIB mas o Rendimento Nacional, desde logo porque os rendimentos de capital que saem são muito superiores aos que entram, nomeadamente a componente pagamento de juros. No limite, com um PIB per capita de €16.000 e com uma dívida líquida ao exterior de 200% do PIB e uma taxa média de juro de 5%, o rendimento nacional per capita seria de apenas €14.400, se os outros fluxos se anulassem (e não anulam, porque o saldo é negativo).
Mesmo deixando cair a hipótese muito provável admitida por Vasconcellos e Sá de uma maior eficiência da máquina fiscal ter diminuído nos últimos anos o peso da economia informal entre 4 a 10%, o rendimento per capita a preços constantes de 2004 terá descido cerca de 4% de €12.055 para €11.580, conforme evidencia o quadro seguinte.
Mesmo deixando cair a hipótese muito provável admitida por Vasconcellos e Sá de uma maior eficiência da máquina fiscal ter diminuído nos últimos anos o peso da economia informal entre 4 a 10%, o rendimento per capita a preços constantes de 2004 terá descido cerca de 4% de €12.055 para €11.580, conforme evidencia o quadro seguinte.
08/06/2010
SERVIÇO PÚBLICO: Receba agora e pague depois ou a cosmética do défice em preparação
O método receba agora e pague depois é irresistível para qualquer governo em estado de pré-falência. Uma vez mais, ao que parece, retorna a manobra da transferência para a Segurança Social das responsabilidades por pensões dos bancários. É uma manobra mutuamente interessante para o governo, que enche o pipeline com os fundos de pensões dos bancos e reduz como por milagre o défice, e para os bancos que se livram das insuficiências dos fundos e do risco de imparidades dos activos dos fundos.
Para se perceber melhor, vejamos alguns factos há 5 anos aqui referidos, a propósito da manobra no Millenium bcp ainda com Jardim Gonçalves, e agora actualizados :
1.º facto - este chuto para a frente da transferência de responsabilidades e dos correspondentes fundos para a Segurança Social já foi dado muitas vezes no passado recente, com destaque especial para o caso da CGD (ver o inventário no final);
2.º facto - esta eventual transferência dos fundos de pensões é altamente conveniente, agora e sobretudo no futuro, para o Millenium bcp que, tendo recorrido maciçamente à antecipação de reformas do pessoal dos bancos que comprou, ficou com o volume gigantesco de responsabilidades por pensões no regime de «benefícios definidos»;
3.º facto - isso obrigou e obrigará no futuro a dotar o fundo para compensar menos-valias durante as fases de bear market (veja-se o que se passou com os fundos de pensões ingleses que têm insuficiências de biliões de libras);
4.º facto - esta eventual transferência dos fundos de pensões dos bancos é altamente conveniente para o governo actual, porque lhe permite minimizar o défice durante algum tempo;
5.º facto - essa transferência é altamente inconveniente para a sustentabilidade da Segurança Social pois faz entrar imediatamente dezenas de milhar de reformados com pensões muito superiores à média e aumenta as responsabilidades futuras pelas pensões de outras dezenas de milhar de activos que transitariam para o regime geral;
6.º facto - como a Segurança Social vive num sistema de pay as you go, as dezenas de milhar de milhões de euros (só o Millenium bcp tinha em 31-12-2009 responsabilidades de 5,4 mil milhões) irão financiar a despesa corrente com pensões, subsídios de desemprego, doença and so on e, talvez (um grande talvez), uma pequena parte fosse afectada ao fundo de estabilização da segurança social.
Nos finais de 2005, O Insurgente inventariava as transferências de fundos de pensões para a Segurança Social (a maior parte dos quais da responsabilidade do governo de Durão Barroso):
Para se perceber melhor, vejamos alguns factos há 5 anos aqui referidos, a propósito da manobra no Millenium bcp ainda com Jardim Gonçalves, e agora actualizados :
1.º facto - este chuto para a frente da transferência de responsabilidades e dos correspondentes fundos para a Segurança Social já foi dado muitas vezes no passado recente, com destaque especial para o caso da CGD (ver o inventário no final);
2.º facto - esta eventual transferência dos fundos de pensões é altamente conveniente, agora e sobretudo no futuro, para o Millenium bcp que, tendo recorrido maciçamente à antecipação de reformas do pessoal dos bancos que comprou, ficou com o volume gigantesco de responsabilidades por pensões no regime de «benefícios definidos»;
3.º facto - isso obrigou e obrigará no futuro a dotar o fundo para compensar menos-valias durante as fases de bear market (veja-se o que se passou com os fundos de pensões ingleses que têm insuficiências de biliões de libras);
4.º facto - esta eventual transferência dos fundos de pensões dos bancos é altamente conveniente para o governo actual, porque lhe permite minimizar o défice durante algum tempo;
5.º facto - essa transferência é altamente inconveniente para a sustentabilidade da Segurança Social pois faz entrar imediatamente dezenas de milhar de reformados com pensões muito superiores à média e aumenta as responsabilidades futuras pelas pensões de outras dezenas de milhar de activos que transitariam para o regime geral;
6.º facto - como a Segurança Social vive num sistema de pay as you go, as dezenas de milhar de milhões de euros (só o Millenium bcp tinha em 31-12-2009 responsabilidades de 5,4 mil milhões) irão financiar a despesa corrente com pensões, subsídios de desemprego, doença and so on e, talvez (um grande talvez), uma pequena parte fosse afectada ao fundo de estabilização da segurança social.
Nos finais de 2005, O Insurgente inventariava as transferências de fundos de pensões para a Segurança Social (a maior parte dos quais da responsabilidade do governo de Durão Barroso):
- Caixa Geral de Depósitos, S.A (CGD) [Decreto-Lei n.º 240-A/2004, de 29 de Dezembro, e Decreto-Lei n.º 241-A/2004, de 30 de Dezembro];
- Aeroportos de Portugal, S.A. (ANA, S.A.) [Decreto-Lei n.º 240-B/2004, de 29 de Dezembro]
- Empresa Pública Navegação Aérea de Portugal (NAV Portugal, E.P.E.)[Decreto-Lei n.º 240-C/2004, de 29 de Dezembro]
- Imprensa Nacional – Casa da Moeda, S.A. (INCM, S.A.) [Decreto-Lei n.º 240-D/2004, de 29 de Dezembro]
- CTT - Correios de Portugal, S.A. [Decreto-Lei n.º 246/2003, de 8 de Outubro]
- Casa do Douro [Decreto-Lei n.º 277/2003, de 6 de Novembro]
- Radiodifusão Portuguesa, S.A. (RDP) [I] [Decreto-Lei n.º 291/2003, de 19 de Novembro]
- INDEP [Despacho do Secretário de Estado do Orçamento de 21/10/2002]
- Radiodifusão Portuguesa, S.A. (RDP) [II] [Decreto-Lei n.º 90/99, de 22 de Março]
- Dragapor [Decreto Lei n.º 10/98, de 17 de Janeiro]
- Banco Nacional Ultramarino, S.A. (BNU) [Decreto-Lei n.º 227/96, de 29 de Novembro]
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Vendendo os anéis enquanto não se vendem os dedos
«Começou-se pelo imobiliário. Na última década e meia, Portugal vendeu terrenos do Alentejo a agricultores espanhóis, moradias no Algarve a turistas e reformados ingleses, prédios, avenidas novas e centros comerciais de Lisboa a fundos de "real estate" internacionais. Venderam-se também empresas, dispersando-as em Bolsa, mas mantendo o seu controlo em Portugal. Agora, acelerou-se a venda de posições estratégicas das grandes empresas. E mais virá com as privatizações, para as quais não há capacidade de aquisição pelos capitalistas portugueses.
O problema não é a entrega de empresas a controlo estrangeiro. Isso é até bom, na medida em que essas empresas se tornarem mais eficientes, oferecerem produtos e serviços melhores e mais baratos aos consumidores portugueses. O problema é que a entrada de capitais que essas vendas significam não se reproduz. Porque o capital não se fixa, entra por um ouvido e sai pelo outro. Os accionistas estão endividados, recebem o dinheiro e pagam ao banco português, que por sua vez está endividado, recebe o dinheiro e paga ao credor estrangeiro. Entra a 100 e sai a 200.
Veja-se o caso da PT. Imaginemos que a venda da Vivo se faz pelos 6,5 mil milhões de euros, um valor enorme que ultrapassa toda a receita orçamentada pelo Estado para o seu acelerado programa de privatizações. O que acontece ao dinheiro? Uma de duas coisas: ou é reinvestido, ou entregue aos accionistas como dividendo extraordinário. Provavelmente, as duas coisas acontecerão. O investimento será, supõe-se, no estrangeiro. E o dinheiro entregue aos accionistas, para onde vai? 70% vai para accionistas estrangeiros (que assim recebem o retorno do seu investimento); o resto é pago a pequenos investidores e ao chamado "núcleo duro" português, que está quase todo ele endividado junto de bancos estrangeiros ou junto de bancos portugueses… que estão endividados junto de bancos estrangeiros. No final, dos 6,5 mil milhões, pouco capital ficará em Portugal.»
[A grande execução, Pedro Santos Guerreiro no JdeN]
O problema não é a entrega de empresas a controlo estrangeiro. Isso é até bom, na medida em que essas empresas se tornarem mais eficientes, oferecerem produtos e serviços melhores e mais baratos aos consumidores portugueses. O problema é que a entrada de capitais que essas vendas significam não se reproduz. Porque o capital não se fixa, entra por um ouvido e sai pelo outro. Os accionistas estão endividados, recebem o dinheiro e pagam ao banco português, que por sua vez está endividado, recebe o dinheiro e paga ao credor estrangeiro. Entra a 100 e sai a 200.
Veja-se o caso da PT. Imaginemos que a venda da Vivo se faz pelos 6,5 mil milhões de euros, um valor enorme que ultrapassa toda a receita orçamentada pelo Estado para o seu acelerado programa de privatizações. O que acontece ao dinheiro? Uma de duas coisas: ou é reinvestido, ou entregue aos accionistas como dividendo extraordinário. Provavelmente, as duas coisas acontecerão. O investimento será, supõe-se, no estrangeiro. E o dinheiro entregue aos accionistas, para onde vai? 70% vai para accionistas estrangeiros (que assim recebem o retorno do seu investimento); o resto é pago a pequenos investidores e ao chamado "núcleo duro" português, que está quase todo ele endividado junto de bancos estrangeiros ou junto de bancos portugueses… que estão endividados junto de bancos estrangeiros. No final, dos 6,5 mil milhões, pouco capital ficará em Portugal.»
[A grande execução, Pedro Santos Guerreiro no JdeN]
07/06/2010
Tribunal de Contas investiga paleotérios
«O Tribunal de Contas (TC) encontrou mais de 161 milhões de euros em contratos adicionais entre 3 de Setembro de 2006 e 30 de Junho de 2008 em projectos de obras públicas remetidos para análise por aquela entidade. Este valor representa cerca de 9,85% do total de 1,63 mil milhões de euros em contratos analisados pelo TC. Entre os projectos que mais obras a mais pedem estão os projectos de campos de futebol e parques urbanos.» [JdeN]
A diferença entre um estradista e um estadista
«Portugal registou o maior crescimento económico da Europa no primeiro trimestre deste ano … (e) foi o primeiro país a sair da condição de recessão técnica e o que melhor resistiu à crise», disse o estradista.
«A qualidade de um verdadeiro estadista é tomar a boa decisão de explicar às pessoas o propósito por detrás do sofrimento. … Uma dívida enorme deve ser gerida. Cruzar os dedos, esperando pelo crescimento e pelo desaparecimento da dívida, não é simplesmente uma resposta», disse o estadista.
«A qualidade de um verdadeiro estadista é tomar a boa decisão de explicar às pessoas o propósito por detrás do sofrimento. … Uma dívida enorme deve ser gerida. Cruzar os dedos, esperando pelo crescimento e pelo desaparecimento da dívida, não é simplesmente uma resposta», disse o estadista.
BREIQUINGUE NIUZ: Uma legião de nubentes do mesmo sexo espera impaciente
Segundo a agenda fracturante da esquerdalhada, a urgência do «casamento» gay justificava-se pela legião de nubentes do mesmo sexo que esperaria impaciente pela lei salvífica em boa hora aprovada pela AR e promulgada por imperativo da crise (?) por um Cavaco reticente.
Para além do ridículo de tal iniciativa ser em nome de criaturas que sempre desprezaram a família e o casamento, a circunstância de a experiência mostrar abundantemente que o padrão da união de homossexuais se caracteriza pela promiscuidade e pela volatilidade, para já não falar da curta esperança de vida (*) a que o casal gay pode aspirar, deveria ser suficiente para se desconfiar da existência dessa legião impaciente. Pois, segundo parece a realidade ultrapassa os piores prognósticos: até agora o(a)s único(a)s candidato(a)s são o casal de cromos que anda há anos a fazer o número devidamente acolitado pelos fracturantes do costume.
(*) Ver aqui uma referência a vários países do norte da Europa onde o casamento gay está há muito legalizado nos quais a esperança de vida dos casais gays é inferior em mais de 20 anos à dos heterossexuais.
Para além do ridículo de tal iniciativa ser em nome de criaturas que sempre desprezaram a família e o casamento, a circunstância de a experiência mostrar abundantemente que o padrão da união de homossexuais se caracteriza pela promiscuidade e pela volatilidade, para já não falar da curta esperança de vida (*) a que o casal gay pode aspirar, deveria ser suficiente para se desconfiar da existência dessa legião impaciente. Pois, segundo parece a realidade ultrapassa os piores prognósticos: até agora o(a)s único(a)s candidato(a)s são o casal de cromos que anda há anos a fazer o número devidamente acolitado pelos fracturantes do costume.
(*) Ver aqui uma referência a vários países do norte da Europa onde o casamento gay está há muito legalizado nos quais a esperança de vida dos casais gays é inferior em mais de 20 anos à dos heterossexuais.
06/06/2010
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: E os curdos ali tão perto!
«Os activistas que Israel está a devolver à Turquia podiam aproveitar essa vocação humanista para se manifestarem na própria Turquia ou nas águas da Turquia a favor dos curdos ou dos arménios. Ou até rumar ao Chipre em solidariedade com os cipriotas gregos. O governo turco ia adorar tal activismo!»
[Sugestão de Helena Matos no Blasfémias]
[Sugestão de Helena Matos no Blasfémias]
05/06/2010
ARTIGO DEFUNTO: Número de atropelamentos ficou negativo
«Atropelamentos urbanos descem mais de 100%», titulou o Sol na última página do caderno principal, entrando assim para o clube daquele suinicultor que um dia lamentou os porcos estarem-lhe a morrer a mais de 100%.
Vou continuar a precisar do camião para transportar as minhas couves
Will tablets replace PCs?
“I’m trying to think of a good analogy. When we were an agrarian nation, all cars were trucks. But as people moved more towards urban centers, people started to get into cars. I think PCs are going to be like trucks. Less people will need them. And this transformation is going to make some people uneasy… because the PC has taken us a long way. They were amazing. But it changes. Vested interests are going to change. And, I think we’ve embarked on that change. Is it the iPad? Who knows? Will it be next year or five years? … We like to talk about the post-PC era, but when it really starts to happen, it’s uncomfortable.”
[Steve Jobs à conversa com Walt Mossberg e Kara Swisher do WSJ, durante a «D: All Things Digital conference»]
Vou continuar a precisar do camião para transportar as minhas couves, ou pensa ele que vou trabalhar e escrever os meus posts em tabletes feitas para dedos e olhos infantis, ou ainda pior nos aipodes, aquelas coisas minúsculas - para mim são ainãoposso.
“I’m trying to think of a good analogy. When we were an agrarian nation, all cars were trucks. But as people moved more towards urban centers, people started to get into cars. I think PCs are going to be like trucks. Less people will need them. And this transformation is going to make some people uneasy… because the PC has taken us a long way. They were amazing. But it changes. Vested interests are going to change. And, I think we’ve embarked on that change. Is it the iPad? Who knows? Will it be next year or five years? … We like to talk about the post-PC era, but when it really starts to happen, it’s uncomfortable.”
[Steve Jobs à conversa com Walt Mossberg e Kara Swisher do WSJ, durante a «D: All Things Digital conference»]
Vou continuar a precisar do camião para transportar as minhas couves, ou pensa ele que vou trabalhar e escrever os meus posts em tabletes feitas para dedos e olhos infantis, ou ainda pior nos aipodes, aquelas coisas minúsculas - para mim são ainãoposso.
04/06/2010
BREIQUINGUE NIUZ: na Grécia sê grego, na Hungria também
O actual primeiro-ministro húngaro empossado no dia 29 de Maio admite que a economia está numa situação muito grave e que falar de default não é exagerado. O anterior primeiro-ministro, responsável pela situação actual, garante que a Hungria está longe do default. A situação não é tão desesperada quanto a grega porque o endividamento é menor (78% contra 115%) e principalmente porque o governo húngaro ainda dispõe da bomba nuclear: pode desvalorizar o forint.
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: «torcer por default»
«Vou torcer por Portugal como quem torce por um filho sem talento.»
[Pedro Bidarra ao JdeN]
[Pedro Bidarra ao JdeN]
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (16) – dão-se alvíssaras a quem os encontrar
«Ninguém sabe onde param os gravadores tirados à "Sábado"», roubados furtados subtraídos confiscados pelo vice-presidente do grupo parlamentar do PS Rodrigues.
CASE STUDY: Pior do que os especuladores e as agências de rating só os bancos
Em vez usarem o mercado interbancário, como sempre fizeram, para gerir a sua liquidez, os bancos estão a colocar os seus excessos de liquidez no BCE a uma taxa de 0,25% muito inferior à que poderiam obter emprestando a outros bancos que carecem de fundos. Piores do que especuladores, que compensam o risco com maiores spreads, os bancos evitam os riscos a qualquer spread. Piores do que as agências de rating, utilizam informação privilegiada em privado e fazem declarações públicas contraditórias com a informação privada.
03/06/2010
Lost in translation (50) – Marrakesh Express, 432 anos de depois de Alcácer-Quibir (معركة القصر الكبير)
«Tive ocasião de assinalar ao senhor primeiro ministro marroquino, [Abbas El Fassi] que o setor empresarial português tem muito interesse em acompanhar o projeto de Alta Velocidade aqui em Marrocos, que está já a desenvolver-se na fase de concurso. E tenho a certeza de que a experiência portuguesa se pode somar à experiência marroquina para que esses projetos venham a ter sucesso», disse José Sócrates na conferência de imprensa em Marraquexe.
Comecei por pensar: a criatura estava sob influência das ervas de Marraquexe e teve uma alucinação confundindo o Marrakesh Express com o TGV marroquino. Só podia ser. Afinal qual é a experiência do sector empresarial português no TGV? Fala há quinze anos da coisa e é tudo quanto tem para oferecer. O meu segundo pensamento foi mais elaborado e fez-me ver o génio da criatura. Vejamos o contexto: os marroquinos precisam tanto do TGV como de sarna para se coçar; Marrocos tem ainda menos dinheiro para torrar no TGV do que Portugal; com maiores distâncias (Tanger-Agadir são 3 vezes Lisboa-Porto) e menores densidades (metade da portuguesa) os défices de exploração seriam ainda maiores; daqui resulta que o melhor a fazer ao TGV marroquino é deixar os lunáticos aborígenes falar nisso, gastar apenas algum dinheiro em projectos e adiar, adiar, adiar, sempre. Quem melhor qualificado do que o «sector empresarial português», petit nom do complexo político-empresarial socialista, liderado por José Sócrates? Ninguém.
Would you know we're riding
on the Marrakesh Express
Would you know we're riding
on the Marrakesh Express
All on board that train
I've been saving all my money just to take you there
I smell the garden in your hair
[Marrakesh Express; Crosby, Stills, Nash & Young]
Comecei por pensar: a criatura estava sob influência das ervas de Marraquexe e teve uma alucinação confundindo o Marrakesh Express com o TGV marroquino. Só podia ser. Afinal qual é a experiência do sector empresarial português no TGV? Fala há quinze anos da coisa e é tudo quanto tem para oferecer. O meu segundo pensamento foi mais elaborado e fez-me ver o génio da criatura. Vejamos o contexto: os marroquinos precisam tanto do TGV como de sarna para se coçar; Marrocos tem ainda menos dinheiro para torrar no TGV do que Portugal; com maiores distâncias (Tanger-Agadir são 3 vezes Lisboa-Porto) e menores densidades (metade da portuguesa) os défices de exploração seriam ainda maiores; daqui resulta que o melhor a fazer ao TGV marroquino é deixar os lunáticos aborígenes falar nisso, gastar apenas algum dinheiro em projectos e adiar, adiar, adiar, sempre. Quem melhor qualificado do que o «sector empresarial português», petit nom do complexo político-empresarial socialista, liderado por José Sócrates? Ninguém.
Would you know we're riding
on the Marrakesh Express
Would you know we're riding
on the Marrakesh Express
All on board that train
I've been saving all my money just to take you there
I smell the garden in your hair
[Marrakesh Express; Crosby, Stills, Nash & Young]
CASE STUDY: De desilusão em desilusão outra vez
Alguns amigos, e muitos outros que não são amigos, iludidos sobre a alegada irrelevância dos défices (do orçamento, do comércio externo e de poupança, a que acrescento hoje os défices de integridade e de competência dos decisores) e do irremediavelmente crescente endividamento, uns, e outros, iludidos também sobre a alegada irrelevância do crescimento, não anteciparam o que, se não fora a ilusão, seria fácil de antecipar. Viria um dia em que para manter os dedos seria necessário vender os anéis, que é como quem diz os inalienáveis centros de decisão nacional. Como virá também um dia em que depois de vendidos os anéis será preciso vender alguns dedos, que é como quem diz parcelas da soberania portuguesa.
O primeiro dia já chegou e continuará a chegar. Depois da CIMPOR - uma empresa estratégica enquanto os accionistas não estiveram soterrados pelas dívidas – foi a vez da participação da PT na Vivo, uma participação estratégica enquanto os accionistas não se sentiram entalados entre as dívidas da própria PT, as dívidas duns accionistas a outros accionistas (*) e as mais-valias que resultarão da oferta da Telefonica.
(*) Vários dos accionistas fazem parte do complexo político-empresarial socialista: Ongoing, o amigo Oliveira, a Visabeira e o insubstituível Joe Berardo, pelo lado dos devedores; pelo lado dos credores a Caixa e o BES (o deus ex machina da Ongoing), isto é a banca do regime.
O primeiro dia já chegou e continuará a chegar. Depois da CIMPOR - uma empresa estratégica enquanto os accionistas não estiveram soterrados pelas dívidas – foi a vez da participação da PT na Vivo, uma participação estratégica enquanto os accionistas não se sentiram entalados entre as dívidas da própria PT, as dívidas duns accionistas a outros accionistas (*) e as mais-valias que resultarão da oferta da Telefonica.
(*) Vários dos accionistas fazem parte do complexo político-empresarial socialista: Ongoing, o amigo Oliveira, a Visabeira e o insubstituível Joe Berardo, pelo lado dos devedores; pelo lado dos credores a Caixa e o BES (o deus ex machina da Ongoing), isto é a banca do regime.
02/06/2010
DIÁRIO DE BORDO: O caso da frota "humanitária" – como é que ficaram tão burros?
Não é terrorismo de estado, nem nenhuma daquelas lengalengas muito do gosto da esquerdalhada. Como reconheceram algumas mentes lúcidas israelitas, cair no engodo da tripulação da frota «humanitária» composta por simpatizantes do terrorismo e esquerdistas conduzindo um bando de devotos do politicamente correcto e escuteiros das boas acções, é pura estupidez e incompetência. «Como é que ficámos tão burros?» perguntava um título do Yedioth Ahronoth.
Lost in translation (49) – venha de lá a grana que bastante falta nos está a fazer
«PT não aceita nova oferta da Telefónica mas admite conversar», titula o DE.
CASE STUDY: De desilusão em desilusão
Já aqui contei da ilusão de alguns amigos imaginando durante uma década que no interior da mesma zona monetária poderíamos viver à tripa forra e os défices e o endividamento consequentes seriam irrelevantes, dado não haver desvalorização. Só agora talvez tenham prestado atenção aos fundamentos da previsão de Milton Friedman que não acreditava que a Zona Euro sobrevivesse à primeira crise económica.
Outros e alguns dos mesmos amigos, acalentavam ilusão semelhante com o crescimento do PIB, que não seria muito relevante, seja por causa da Felicidade Nacional Bruta (quando tiver tempo tratarei desta falácia), seja porque o mais importante seria o emprego e - argumento definitivo - estivemos décadas com um dos empregos mais baixos da Europa.
Recordei esta outra fantasia a propósito da taxa de desemprego em Abril divulgada pelo Eurostat (10,8%) que nos coloca no topo da Zona Euro apenas ultrapassados pela Espanha (19,7%), Eslováquia (14,1%) e Irlanda (13,2%).
Outros e alguns dos mesmos amigos, acalentavam ilusão semelhante com o crescimento do PIB, que não seria muito relevante, seja por causa da Felicidade Nacional Bruta (quando tiver tempo tratarei desta falácia), seja porque o mais importante seria o emprego e - argumento definitivo - estivemos décadas com um dos empregos mais baixos da Europa.
Recordei esta outra fantasia a propósito da taxa de desemprego em Abril divulgada pelo Eurostat (10,8%) que nos coloca no topo da Zona Euro apenas ultrapassados pela Espanha (19,7%), Eslováquia (14,1%) e Irlanda (13,2%).
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: A propósito do 'arrogante' Mou
«Um português que se destaque em qualquer actividade ganha, antes de mais, a desconfiança dos seus concidadãos. … Viver para vencer é uma actividade desconcertante neste jardim em que se leva a vida a pregar que devemos ser mais competitivos.»
[Muito bem apanhado por Carla Hilário Quevedo, na Tabu do Sol]
É um país feminino, ou seja pouco masculino, no sentido de Hofstede, onde se prezam os desgraçadinhos, a quem podemos olhar complacentemente de cima, e se invejam, no mínimo, ou se odeiam, no máximo, os bem sucedidos que nos olham de cima com arrogância.
[Muito bem apanhado por Carla Hilário Quevedo, na Tabu do Sol]
É um país feminino, ou seja pouco masculino, no sentido de Hofstede, onde se prezam os desgraçadinhos, a quem podemos olhar complacentemente de cima, e se invejam, no mínimo, ou se odeiam, no máximo, os bem sucedidos que nos olham de cima com arrogância.
01/06/2010
Lost in translation (48) – ninguém ligou ao ministro anexo, queriam eles significar
«Constâncio recebido sem pompa no BCE», enquanto espera a chegada de Axel Weber que o vai pôr em sentido e dizer e fazer o contrário do que tem dito e feito ao serviço dos governos do PS.
Estado empreendedor (28) - Metro do Porto, uma espécie de torrefacção
Segundo as conclusões da auditoria do Tribunal de Contas, o Metro do Porto está novamente em situação da falência técnica, depois de ter torrado, desde 2003, 80-oitenta-80 vezes o capital social.