31/10/2018

ARTIGO DEFUNTO: O tsunami de Vasconcelos ou a arte de apresentar derrotas como vitórias

O tsunami de Vasconcelos

«O [partido] fundado por Lula foi o que menos sofreu no tsunâmi político que varreu o país: foi o que mais deputados elegeu e o seu candidato presidencial, FH, passou à 2ª volta, obtendo cerca de 45 milhões de votos; ora, o PMDB, de Temer, e o PSDB, do ex-Presidente FHC, sofreram uma queda brutal.»
José Carlos de Vasconcelos na Visão (citado na anteVISÃO)

O tsunani no mundo real
  • Presidente: Haddad, o candidato do PT, teve menos 10,7 milhões de votos do que Bolsonaro;
  • Governadores: o PT só conseguiu eleger 4 em 27 e perdeu 1 governador; o PSL, o partido de Bolsonaro, não tinha nenhum e ficou com 3; 14 dos eleitos apoiaram Bolsonaro no primeiro ou no segundo turno das eleições
  • Senado: o PT perdeu 3 dos seus 9 senadores; o PSL não tinha nenhum e ficou com 4;
  • Câmara de Deputados: o PT perdeu 12 dos seus 68 deputados; o PSL, o partido de Bolsonaro, passou de 1 para 52 deputados;
  • Número de votos: o PT foi o partido com mais votos mas perdeu 15 mil eleitores; o PSL aumentou de 2 para 90 milhões.

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (65) - «Catavento de opiniões erráticas»

Outras preces

Sobre a reposição das 35 horas:

Junho de 2016 «Marcelo promulga 35 horas mas envia para o TC se despesa aumentar»

Outubro de 2018 «Marcelo justifica aumento dos gastos com horas extra em Belém com horário de 35 horas»

Sobre a recandidatura:

«O tabu da recandidatura de Marcelo em 13 versões», desde tratar dos morangos em Abril de 2016 até Outubro 2018 em que admite recandidatura como "efeito colateral" de dez anos de Web Summit

Sobre o auto-conhecimento:

Para terminar com algo positivo sobre a criatura, recordo que quando Passos Coelho disse que o candidato do PSD não deveria ser um «Catavento de opiniões erráticas», Marcelo enfiou de pronto o chapéu.

30/10/2018

Os mais ricos estão mais ricos? As opiniões dividem-se

«A concentração de fortuna nas mãos dos homens e mulheres mais ricos do planeta está a acentuar-se e em 2017, revela um estudo do banco suíço UBS, os milionários de todo o mundo detinham um património de 8,9 biliões de dólares, mais 20% do que no ano anterior.» (Expresso)


«No relatório do ano passado do Credit Suisse, os 1% mais ricos pareciam reivindicar mais da metade da riqueza do mundo (ver gráfico). Mas estimativas novas e aprimoradas sugerem que a participação dos 1% pode ter atingido o pico ou estabilizado. Entre 2016 e 2018, caiu no Brasil, na Grã-Bretanha, na França, na Alemanha, na Índia e na Rússia e caiu nos EUA, Canadá, China, Itália e Japão.

Para ser um membro do 1%, uma pessoa precisa agora de mais de US $ 870.000 em ativos líquidos. Dois quintos desse grupo feliz podem ser encontrados nos Estados Unidos. No passado, o segundo maior contingente sempre esteve no Japão. Mas este ano eles vivem na China, lar de 8,4% deles (e Hong Kong acrescenta outros 0,4%). (The Economist)

Vós, as elites, não percebeis nada de nada

«... as elites artísticas, intelectuais e jornalísticas têm de meter na cabeça de uma vez por todas que a sua influência sobre o povo, na hora do voto, é nula. Que os seus poderes de mediação e de persuasão, na era das redes, evaporaram-se de vez. Que ter escritores, comentadores, historiadores, músicos ou jornais a criar vídeos, e manifestos, e hashtags, e editoriais, e o diabo a quatro, onde do alto da sua imensa sabedoria tentam explicar ao povo brasileiro (como já haviam tentado explicar ao povo americano) em quem ele deve votar, é uma ridícula figura, por uma razão muito simples – aquele voto, o voto de dezenas de milhões de brasileiros e de norte-americanos, também é contra nós.

(...)

Trump e Bolsonaro não são exemplos para ninguém, nem sequer para quem vota neles. Mas servem um propósito – abanar o sistema de alto a baixo. A esquerda gosta tanto de falar de empoderamento, pois aqui está ele: o eleitorado está-se a borrifar para aquilo que as elites lhe mandam fazer. Daí Trump. Daí Bolsonaro. Daí tantas lágrimas à minha volta.»

Nós, as elites, não percebemos nada de nada, João Miguel Tavares no Público

Isso é com as elites em geral. Se falarmos em particular de elites merdosas como a nossa, ainda é mais importante a choldra borrifar-se nelas.

29/10/2018

Os deputados assombrados pela ascensão do populismo querem acabar com a concorrência?

«A menos de um ano das legislativas, e assombrados pela ascensão do populismo um pouco por todo o mundo, os partidos portugueses estão preocupados com o fenómeno das fake news (notícias falsas), que teve um impacto direto nas eleições que levaram Donald Trump à Casa Branca e que estão a marcar a campanha nas presidenciais do Brasil. Por isso, o Parlamento quer colocar o assunto na agenda política portuguesa.

Edite Estrela, presidente da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, vai propor um debate sobre o tema. “Há uma nova forma de condicionar a opinião pública à revelia daquilo que é a mensagem política e o jornalismo. É uma alteração que merece ser refletida”, diz ao Expresso»)

É verdade. Há a velha forma de condicionar a opinião pública pela mensagem política e o jornalismo e há uma nova forma de condicionar a opinião pública à revelia daquilo que é a mensagem política e o jornalismo.

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (159)

Outras avarias da geringonça e do país.

Se as heranças do fascismo são pesadas, as heranças do socialismo não são menos pesadas: da herança do Euro 2004 nascido com Guterres e consumado com Sócrates, 14 anos depois ainda falta pagar 107 milhões de euros do estádios.

E se falamos de heranças do fascismo podemos falar da RTP, uma instituição que tem atravessado regimes e governos como púlpito dos poderes do momento. Nos 16 anos que tem o Acordo de Reestruturação Financeira, a RTP recebeu cinco mil milhões de euros, segundo as contas do CM, o equivalente a 500 euros por habitante à razão de 856 mil euros por dia. Convenhamos que é um elevado preço para os governos para nos tentarem moldar os bestuntos.

Entre os muitos acontecimentos que escapam à minha compreensão, encontra-se a chamada «nova ala pediátrica» do Hospital de S. João no Porto que Costa agora anunciou para as calendas gregas. Se bem entendi, é uma obra (Joãozinho) para a qual a iniciativa privada dinamizada por Pedro Arroja já teria conseguido financiamento privado e que há três anos foi bloqueada pelo governo (ver a saga no blogue Portugal Contemporâneo). Vem a propósito relevar que mais dois directores do Hospital de S. João apresentaram demissão por falta de condições para exercerem.

28/10/2018

ACREDITE SE QUISER: E quando se esperava que se fizesse acompanhar por um exemplar de Mein Kampf...


..., em vez disso, a Bíblia, a Constituição Brasileira e a biografia de... Winston Churchill.

ARTIGO DEFUNTO: «Outspoken Trump Supporter» não é a mesma coisa que «Suspect charge»

«Outspoken Trump Supporter in Florida Charged in Attempted Bombing Spree», foi o título do NYT da notícia sobre o envio de bombas artesanais pelo correio a diversas luminárias democratas.

«11 Killed in Pittsburgh Synagogue Massacre; Suspect Charged With 29 Counts», foi o título do NYT da notícia sobre o atentado por Robert Bowers, um sujeito que poucos dias antes, segundo o NYT, tuitou «Trump is a globalist, not a nationalist. There is no #MAGA as long as there is a” — he inserted a slur for Jews — “infestation.”»

Felizmente não voto nas eleições brasileiras

Cá em casa há quem na primeira volta tenha votado em Alckmin, também conhecido como picolé de chuchu, e na segunda volta não consiga decidir-se entre um demagogo autocrático admirador da ditadura militar e um marxista bem falante que é um pau mandado do pêtismo corrupto e golpista, de quem Fernando Henrique Cardoso (duas vezes presidente que deixou um legado que Lula e Dilma delapidaram) diz que a porta que o separa dele “enferrujou”.


Não escolher é também uma escolha. Não sei se é a melhor.

A ideologia do género é a continuação de um projecto totalitário por outros meios

Continuação deste post por outros meios.

Faz algum tempo soube-se que na escola Francisco Torrinha no Porto foi realizado um inquérito a alunos do 5.º ano perguntando-lhes se namoravam ou já tinham namorado e se sentiam atraídos por homens, mulheres ou ambos - estamos a falar de crianças com 9-10 anos de idade. Como é costume nestas coisas, não se chegou nem chegará a apurar responsabilidades já que o lóbi do politicamente correcto é quase tão influente como o lóbi socialista.

Dir-se-á, é um caso isolado. Talvez, mas todas as tentativas de perversão da moral convencional pelo politicamente correcto (ou marxismo cultural) começaram por ser casos isolados.

Leia-se o que se passa na Escócia, segundo Madeleine Kearns descreveu na Spectator. Kearns, até recentemente também professora, foi submetida a uma espécie de lavagem ao cérebro pelo "campaign group" LGBT Youth Scotland, que no ano passado recebeu mais de 1 milhão libras de subsídios. Durante a lavagem foram dadas aos professores instruções para dizerem na sala de aula às crianças do ensino básico que se podem considerar menino, menina ou nenhum dos dois.

O "formador", segundo as palavras de Kearns, «insistiu na importância de deixar as crianças decidirem a sua própria identidade. Como antes em tantas modas escolares progressistas, as crianças são os especialistas e os professores estão lá para encorajar e facilitar. Fomos aconselhados a decorar as nossas salas de aula com imagens positivas de pessoas trans e a falar sobre celebridades trans, especialmente aquelas com muitos seguidores nas redes sociais. Isso faria com que as crianças não-conformes de género se sentissem mais incluídas. Se elas se sentirem excluídas, correm o risco de se matar.» O mesmo se passa em Inglaterra, escreve.

Kearns termina: «Os professores estão a ser solicitados a colocar a ideologia antes dos factos e a excluir os pais de decisões sérias sobre o bem-estar social de seus próprios filhos. Muitas vezes os pais não são autorizados a participar da discussão. As crianças são solicitadas a tomar decisões importantes sobre seu género, o que é uma noção demasiado adulta para muitos entenderem. O que está claro é que a questão da disforia de género em crianças é de uma tremenda complexidade, tanto médica quanto moral. Sugerir o contrário - para crianças ou professores - é um erro perigoso

Porquê esta obsessão com a ideologia do género? O marxismo clássico falhou a sua revolução pelos meios convencionais. A instauração da ditadura do proletariado, que se esperava conduziria à abundância e ao paraíso na terra, conduziu à ditadura dos apparatchiks comunistas, à miséria e ao inferno na terra. Trata-se agora da variante do marxismo cultural que visa subverter as democracias liberais capitalistas minando-lhe as instituições, incluindo a família, como neste caso. O proletariado foi substituído pelas minorias, como os gays e as outras variedades de sexo alternativo, ou outras inventadas segundo as conveniência do momento; a burguesia exploradora foi substituída pelo homem branco heterossexual; os partidos comunistas foram substituído por ONG. A estratégia permanece obscura e as tácticas profundamente mutáveis - veja-se a instituição casamento a ser denegrida quando se trata do casamento convencional heterossexual e glorificada quando se trata do casamento gay.

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (176) - De pequenino se torce o pepino

«Um ano de nascimento incorrecto, uma referência a um mestrado em Ciência Política que afinal ficou a meio e a presidência de uma Associação de Estudantes (AE FCSH) que não aconteceu. Todos estes dados estavam na página de candidatura de Maria Begonha à liderança da Juventude Socialista (JS)

Por pudor, o Público não explicou que a Maria nasceu em 21 de Janeiro de 1989 e o seu prazo de validade para a JS termina dentro de 3 meses. Já o "erro" nas referências académicas faz parte do currículo do pessoal politico em geral e do socialista em particular.

Acrescente-se que a Maria é uma rapariga bem sucedida e já vai no terceiro contrato por ajuste directo, sendo o último de 180 mil euros com a Câmara de Lisboa, respeitante a serviços variados de assessoria ao vereador e seu camarada de partido Duarte Cordeiro. O contrato foi cancelado em Setembro tendo sido pagos 42 mil euros por 10 meses. (Jornal Económico)

Em conclusão, o currículo perfeito para uma candidata às juventudes socialistas.

26/10/2018

O dinheiro dos credores esgotou-se primeiro do que a capacidade da Portela (3)

Uma actualização deste post.

Em retrospectiva:

«A manterem-se as taxas de crescimento actuais, entre 2003 e 2007 esgota-se a capacidade do actual aeroporto. É evidente que é possível, com alguns investimentos complementares, aumentar a vida útil deste aeroporto por mais dois ou três anos. Eu diria que, em 2007 ou 2008, a capacidade do actual aeroporto estará esgotada.» (Guilhermino Rodrigues, secretário de estado dos Transportes, 29-05-1998)

«O aeroporto da Portela deverá começar a enfrentar dificuldades a partir de 2020, altura em que possivelmente ultrapassará os 18 milhões de passageiros para os quais ficou dimensionado com o plano de expansão da infra-estrutura.» (Negócios, 18-04-2010)

«... a ANAC admite que o Aeroporto da Portela atinja 24,8 milhões de passageiros este ano, o que representaria uma subida de 16%! Quando nos lembramos que muitos estudos garantiam que o aeroporto não aguentava mais de quinze milhões de passageiros...» (Expresso Diário, 10-05-2016)

Actualização:

Em 2017 passaram pelo Aeroporto da Portela um novo recorde de 28,7 milhões de passageiros e há planos para poderem ser movimentados 49 milhões.

A Portela aguenta? Ai aguenta, aguenta.

CASE STUDY: Trumpologia (41) - Deplorables do Donald em África

Mais trumpologia.

Economist
Já sabíamos que Trump é popular entre a classe operária americana (os deplorables de Hillary Clinton). Ficámos a saber que também é popular em África, apesar de pensar que "Nambia" é um país africano. Porquê? E porque não? Afinal, possivelmente a maioria dos africanos estará mais próxima dos deplorables americanos do que da bem-pensância que se consome no ódio ao Donaldo.

Entretanto, prossegue o tiro ao Donaldo como desporto favorito da esquerdalhada. A propósito das bombas entregues em casa de luminárias progressistas, a paranóia esquerdista atribui-lhe a responsabilidade, se não de ter ordenado a sua colocação, ao menos de a ter incitado. Leia-se, por exemplo, o que ontem a jornalista de serviço escreveu no email Expresso Curto: «todos alvos recorrentes das críticas de Donald Trump e dos seus apoiantes - receberam ameaças de bomba, sob a forma de pacotes contendo explosivos enviados pelo correio.»

Em geral um bom guia para encontrar os responsáveis por estes atentados é perceber quem ganha com isso, neste caso quem ganha com entregar bombas em casa de políticos retirados como os antigos presidentes Clinton e Obama ou o vice-presidente Biden, ou a candidata Hillary, ou actores como De Niro? Cabe no bestunto de alguém com juízo que o Donaldo ou a sua base de deplorables ganhariam alguma coisa com tais atentados? Faria mais sentido procurar agentes destacados da Federal'naya Sluzhba Bezopasnosti Rossiyskoi Federatsii ou do Glavnoye Razvedyvatel'noye Upravleniye ao serviço do czar Vladimir cuja ferramenta principal na política externa da Rússia é, como se viu e vê, a subversão dos países democráticos.

Ciência de causas ao serviço do politicamente correcto. Exemplos recentes

Uma vez ou outra, vou dando exemplos das fraudes intelectuais de que vou tendo conhecimento produzidas pela "ciência" ao serviço de causas. Acrescento agora mais alguns, por coincidência publicados pelo Observador no mesmo dia sobre temas completamente diferentes.

Uns quantos exemplos, citados num artigo de Luís Aguiar-Conraria, titulado com uma certa piada «Desconstruir a heteronormatividade pela porta dos fundos», são na verdade farsas escritas usando o jargão e os códigos pseudo-científicos sob a forma de papers em revistas científicas que se reclamam de credibilidade. Farsas que ao serem aceites para publicação puseram a nu os processos de peer review dessas revistas nas áreas do "género", ao apresentarem deliberadamente tretas que só mentes encharcadas com ideologia poderiam considerar credíveis, como a paródia de um desses papers que concluía deverem os homens heterossexuais estimular os seus ânus com vibradores para aumentar a sua sensibilidade à multiplicidade de "géneros", desde os 10 de LGBTQQIAAP até aos 71 do Facebook no Reino Unido, .

Outro exemplo são as teses populares entre o esquerdismo e nos nossos sindicatos de professores da inutilidade da avaliação escolar através de exames, ou, mais exactamente, da nocividade dessa avaliação. Nuno Crato cita no seu artigo «Afinal, avaliar não faz mal» um novo estudo da CESifo,  um centro de investigação internacional em Munique, com uma base estatística de grande dimensão,  que demonstra à saciedade que os exames melhoraram o desempenho escolar, uma conclusão óbvia para pais de família com as meninges em bom estado.

24/10/2018

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (64) - Nem que Cristo desça à terra ou me sirvam uma vichyssoise

Outras preces

Em retrospectiva:

Falamos de uma criatura que uns meses antes de ser entronizado presidente do PSD garantiu que «só se Cristo descer à terra» se candidataria; que garantiu ter havido um jantar, que nunca existiu, com vichyssoise de entrada; que garantiu a Isabel II que, com oito anos de idade, filho de um ministro de Salazar, estava na primeira fila da plebe que na Praça do Comércio a viu passar na visita a Lisboa em 1957 e que voltou a encontrar-se com ela em 1985 como «líder da oposição» (*). A mesma criatura a quem o «Presidente da República Federativa do Brasil, (...) pediu para ser recebido» mas não apareceu. A mesma que em pleno incêndio de Pedrógão Grande garantiu que «tudo está a ser feito com critério e organização», para poucos dias depois garantir que se iria «apurar tudo, mas mesmo tudo, o que houver a apurar». Ainda a mesma criatura que depois de ter minimizado o desaparecimento de munições em Tancos, veio dias depois defender «uma investigação que apure tudo, factos e responsabilidades». Ou a mesma criatura que garantiu «não faço comentários sobre os meus antecessores» enquanto comentava o que Cavaco Silva, seu antecessor em Belém, disse enaltecendo a ausência de verborreia de Macron, chapéu que Marcelo enfiou pressurosamente na cabeça.

(*) Isabel II visitou Portugal de 25 a 29 de Março de 1985; nessa época Rui Machete era presidente do PSD e vice-primeiro ministro de um governo de coligação do PS-PSD, sendo primeiro-ministro Mário Soares; a oposição era constituída pelo PRD, CDS e PCP. Por isso, nessa época, ou bem Marcelo estava no lugar de Hermínio Loureiro, Lucas Pires ou de Álvaro Cunhal ou bem Marcelo liderava a oposição a partir das colunas do jornal Semanário.

Actualização:

«Não comento, não comento, não comento. Não comento por uma questão de princípio. Não comento agora e não comentarei até ao fim da minha vida ex-primeiros-ministros, ex-Presidentes, futuros Presidentes, futuros primeiros-ministros»

Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas a propósito da publicação das memórias de Cavaco Silva (Público)

Taxistas, políticos e jornalistas não gostam de concorrência


«No caso das Fake News (...) as mentiras podem ser produzidas por plataformas sem necessidade de intermediação de partidos ou meios de comunicação e agenciamento tradicionais. Não admira que políticos e jornalistas olhem para essas plataformas como um taxista olha para um motorista da Uber: uma ameaça poderosa de concorrência num espaço que acreditavam ser só seu.»

(Lido no Blasfémias)

23/10/2018

SERVIÇO PÚBLICO: Índice de Capital Humano do Banco Mundial

Integrado no Human Capital Project, o Banco Mundial acabou de publicar o Índice de Capital Humano para 157 países cobrindo seis factores: (1) Probabilidade de sobrevivência aos 5 anos; (2) Anos de escolaridade; (3) Resultados nos testes escolares harmonizados; (4)  Anos de escolaridade ajustados ao desempenho; (5) Crianças de menos de 5 anos com desenvolvimento normal; (6) Taxa de sobrevivência dos adultos.


Portugal surge em 17.º lugar, bem classificado em todos os seis factores do capital humano, à frente de uma dezena de países economicamente mais desenvolvidos, sendo mais fraco o factor Resultados nos testes escolares harmonizados em que surge em 25.º lugar.

Em conclusão: os portugueses estão bem, quem não está grande coisa é o país, com um stock de capital físico insuficiente, por falta de investimento e este por falta de poupança (e/ou falta de investimento estrangeiro) e esta por excesso relativo de consumo (e/ou falta de atractividade do capital estrangeiro).

EU DIRIA MESMO MAIS: Costa, mestre a empurrar com a barriga

«Um homem de sorriso fácil, um político hábil e um artista da arte de nunca dizer não.»

«Poucos meses depois de terminar o meu mandato, ganhei a convicção de que o primeiro-ministro (...) era mestre em gerir a conjuntura política, em capitalizar uma aparência de ‘paz social’ e em empurrar para a frente os problemas de fundo da economia portuguesa

Cavaco Silva sobre António Costa, nas suas memórias da coabitação com a geringonça.

22/10/2018

CASE STUDY: Trumpologia (39) - Make manufacturing jobs great again

Mais trumpologia.

«Manufacturing in America
The producers

Donald Trump campaigned on a promise to bring back jobs in manufacturing after decades of decline. The past few months have indeed seen the best run for growth in manufacturing jobs since the late 1990s. But it is unclear whether this owes more to Mr Trump’s policies or to broader economic forces. One thing is for sure: the counties that voted for Mr Trump in 2016 have seen the largest job gains.
» (The Economist News Desk)

A esquerdalhada pensa que o Donaldo é um jerk. Deveriam pensar duas vezes.

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (158)

Outras avarias da geringonça e do país.

Como explicar que este governo de Costa escape quase incólume a tanta trafulhice, trapalhada e incompetência? Uma parte da explicação reside no jornalismo de causas e no enviesamento à esquerda dos mídia. Com parte da equipa da casa afecta ao PS e o apoio de comunistas e berloquistas, a geringonça faz quase o pleno nas redacções e desfruta de boa imprensa que atinge o refinamento no semanário de reverência com títulos de manipulação subliminar como «Centeno devolve €4427 milhões» ou «Empresas recebem estabilidade e cheque de €153 milhões»

A outra parte resulta da bonança económica, a que a geringonça é de todo alheia, que cria uma ilusão de prosperidade que não resistirá à primeira recessão. Tudo isto não tira o mérito ao elaborado manobrismo de Costa focado num único propósito: manter-se no poder.

Desta vez Costa excedeu-se na manobra, declarando a confiança num ministro que haveria de demitir, negando uma remodelação que faria poucos dias depois, despedindo na 25.ª hora ministros que tinham acabado de aprovar um orçamento que serão outros a executar e mentindo ao dizer que todos os ministros pediram para sair. «Quem me conhece sabe que não saio de coisas difíceis» disse Adalberto Campos Fernandes questionado sobre as razões da saída.

21/10/2018

Luís XIV reencarnado no esquerdista Mélenchon

Na terça-feira passada a casa de Jean-Luc Mélenchon, o esquerdista líder do partido França Insubmissa e candidato às eleições presidenciais, e a sede do partido foram alvo de buscas pela Direcção Central de Combate à Corrupção relacionadas com duas investigações preliminares: uma por alegados empregos fictícios de assistentes no parlamento europeu e outra pelas contas da campanha presidencial de Mélenchon.

Julgando-se talvez Luís XIV, que em 1655 disse aos parlamentares «L'État, c'est moi», Mélenchon gritou nas caras dos polícias: «Ma Personne est Sacrée», «Je suis Intouchable» e «Je Suis La République». De caminho, insultou uma eleitora do seu partido que, perante a tentativa de Mélenchon impedir as buscas, lhe disse «C'est des méthodes de voyous» (são métodos desonestos).

Marine Le Pen já manifestou o seu apoio a Mélenchon. Les bons esprits se rencontrent.

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Na companhia da Itália e Grécia e dos Estados-pária

«Pelas contas do Expresso, a partir das novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgadas esta terça-feira em Bali, na Indonésia, onde decorrem as reuniões de outono da instituição e do Banco Mundial, Portugal chegará a 2023 com um PIB apenas 8,7% acima do que era em 2008, o ano do auge da crise financeira. Há apenas 13 países com pior desempenho, dos quais somente dois da União Europeia: Itália e Grécia (ver gráfico). E há depois vários países que vivem situações políticas e militares graves, como o Sudão, a Venezuela, a Líbia ou o Sudão.»

Em vez de gastarmos o pouco talento a procurar portugueses no topo do mundo e a encontrar desculpas para as nossas más escolhas e culpados para as desgraças que fabricamos, deveríamos ter a coragem e a clarividência de acabar com a eterna procura de sol na eira e chuva no nabal. Como as nossas elites merdosas estão felizes com o statu quo que lhes permite serem elites, talvez devêssemos começar por aí.

20/10/2018

Os melhores dislates da semana


Ex aequo a:

Rui Rio, a criatura que aguarda ser chamada a ocupar o lugar de adjunto de Costa, pela proposta a vários partidos para um pacto secreto na justiça.

Daniel Cardoso, professor de Comunicação e Sexologia e adepto das relações sexuais poliamorosas e polimórficas, pela descoberta das consequências de obrigar as criancinhas «a dar o beijinho à avozinha ou ao avozinho» que são: «depois vemos os estudos com jovens adolescentes e quarenta e tal por cento deles e delas acham natural que o namorado lhes controle o telemóvel».

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (63) - O Comandante Supremo das FA desapareceu no paiol de Tancos?

Outras preces

Pergunta David Dinis no Eco «Mas ninguém faz perguntas a Marcelo?»

«O ministro da Defesa demitiu-se, mas só nove dias depois de ter sido acusado (em tribunal) de ser cúmplice de uma operação de encobrimento de um roubo militar. Durante estes nove dias, Marcelo não comentou. Depois da demissão, também não. (...)

O chefe de Estado Maior do Exército demitiu-se, cinco dias depois de Azeredo sair, com uma carta ao Presidente invocando razões pessoais e com outra aos militares invocando… interferências políticas. E o Presidente – que desde o furto de Tancos nada fez para o tirar do lugar – nada disse. (...)

... o chefe da Casa Militar do Presidente pediu para sair de Belém precisamente ao mesmo tempo que o chefe de gabinete de Azeredo Lopes pedia para sair do Ministério (...)  E o Presidente nada diz, ninguém lhe pergunta nada. (...)

Poucos dias antes de tudo isto, António Costa disparou na Assembleia uma farpa que parecia uma ameaça: “Ainda havemos de saber o que cada um sabia sobre esta história de Tancos”.  (...)»

É a minha vez de perguntar: porque está calado Marcelo, logo ele que nunca se cala e até responde a perguntas que ninguém lhe faz? Ora porque haveria de ser? Ficou com o rabo entalado em Tancos? É isso que insinua o nosso Maquiavel do Rato, que, como se vê, chega e sobeja para o maquiavelismo tagarela de Belém e não papa a vichyssoise, nem espera que Cristo desça à terra.

19/10/2018

Não será défice de memória. É mais descaramento

O Google é uma armadilha para as criaturas transumantes como o ex-comunista, ex-Plataforma de Esquerda, ex-Política XXI, ex-bloquista, ex-Livre, ex-Tempo de Avançar, Daniel Oliveira.

Foi o caso de ter sido apanhado mais uma vez a praticar a doutrina Somoza. No seu papel de bactéria diligente da fossa séptica socialista, Oliveira indignou-se por ter sido apontada ignorância em matéria de energia (e quase tudo o resto, diga-se) a João Galamba, o nóvel secretário de Estado da Energia, secretaria rebaptizada de Transição Energética (*). O 31 de Armada foi desenterrar uma crítica de Oliveira pela falta de currículo do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros nomeado pelo anterior governo.

Repito a minha exortação ao aparelho socialista: Arranjem um lugar ao rapaz. Ele merece!

(*) Se Galamba perceber alguma coisa de Transição passa com Satisfaz, como na estória, já contada no (Im)pertinências, daquele aluno filho do director da escola que passou no exame de química por ter respondido mal à primeira de duas perguntas (disse que a cor do sulfato de cobre azul era amarela) e bem à segunda (quando lhe perguntaram qualquer a fórmula do mesmo sulfato de cobre respondeu «não sei»).

Disse direitos humanos?

A semana passada a assembleia geral das Nações Unidas elegeu 18 novos membros para o Conselho dos Direitos Humanos. Entre eles encontram-se alguns dos maiores inimigos dos direitos humanos: Bahrein, Camarões, Eritreia e Filipinas.

À primeira vista pode ser parecer chocante. À segunda vista é normal quando se sabe que dos 193 membros das Nações Unidas menos de metade são democracias meramente formais e certamente não mais de 1/3 são verdadeiras democracias liberais.

Citando a propósito Jonah Goldberg;
«The problem with the United Nations is that while democracy within nations is the best available form of government, democracy among nations can be a moral disaster - especially if some nations are not democracies.»

Não acredito em bruxas (parte 2)

Continuação daqui

Novos desenvolvimentos

«Em resposta a uma pergunta do jornalista da RTP sobre se, de repente, forem distribuídos processos consecutivos a um determinado juiz a aleatoriedade do sistema fica posta em causa, Carlos Alexandre responde: “Sim, pode alterar-se significativamente”. Em poucos dias? “Sim, pode alterar-se significativamente [em poucos dias] e as probabilidades podem inverter-se”, afirma o juiz.» (Observador)


Eu sei que isto é no mínimo uma teoria da conspiração e no máximo uma espécie de inversão do ónus da prova, ou seja uma presunção de culpa. Alego em minha defesa que o animal feroz tem muitos amigos entre os novos situacionistas.

Manifestações de paranóia/esquizofrenia (28) - Só 50 mil?


Segundo um estudo da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM), a «esquizofrenia poderá afetar cerca de 50 mil pessoas em Portugal»

Sabendo-se que «esquizofrénico é alguém que perde a capacidade de pensar de uma forma lógica e, consequentemente, de comunicar e de se relacionar, passando a viver num mundo paralelo e sem as normas pelas quais se regem as pessoas ditas normais», e considerando-se o comportamento de um grande número de patrícios fora dos três períodos em que o país esteve sob resgate, como agora, não não me parece que o estudo da SPPSM tenha grande fiabilidade.

Ainda assim, sabendo-se que paranóia é a «ocorrência de pensamentos delirantes, geralmente persecutórios, que levam o paciente a adoptar uma atitude de permanente desconfiança em relação aos que o rodeiam», e considerando-se o comportamento de um grande número de patrícios nos três períodos em que o país esteve sob resgate, espero ansiosamente que a SPPSM realize um novo estudo durante o próximo resgate para se saber quantos paranóicos existem entre os portugueses.

ACREDITE SE QUISER: A filial bruxelense da Internacional do Politicamente Correcto

A coisa já tem uns tempos e resume-se a um relatório de uma das muitas instituições que parasitam a UE e dão abrigo a profissionais do politicamente correcto. A  instituição é a ECRI – Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância e o relatório recomenda a Portugal «repensar o ensino da história e, em particular, a história das ex-colónias» e defende que o «contributo dos afrodescendentes, assim como dos ciganos, para a sociedade portuguesa deve ser tratado nos manuais escolares».

Perante as perguntas da revista Sábado à ECRI, concluiu-se que esta Comissão não tinha lido um só dos manuais escolares e se baseava em informações de ONG as quais não poderia revelar por razões de confidencialidade.

17/10/2018

A mentira como política oficial (45) - Talvez eles próprios já não consigam distinguir a realidade da propaganda

Por falta de pachorra, de tempo e de espaço, vou escolher apenas duas das dezenas de mentiras e meias verdades, grandes, médias e pequenas, que Costa e a sua equipa nos ofereceram a propósito do OE 2017.

Investimento

Os factos alternativos

 «Governo estima que em 2019 o investimento público atinja os 4853 milhões de euros. Será, afirma, “o terceiro ano consecutivo com uma taxa crescimento acima de 10%”.»

Diz a deputada do PEV Heloísa Apolónia, passando o recado do CC do PCP e querendo chamar a si o grande feito: há «um aumento significativo... (em resultado do) trabalho e persistência (do PEV, já se vê, pelo que)...  sozinho, o PS traria muito menos investimento ao país».

A realidade

O investimento público do governo PSD-CDS foi em 2015 de 4 mil milhões, com a geringonça caiu em 2016 para 2,8 mil milhões, em 2017 para 3,2 mil milhões, em 2018 foram orçamentados 4,5 mil milhões e extrapolando os números até Agosto serão executado uns 3 mil milhões. Basta ler os jornais que não contam estórias, por exemplo: «investimento público. Cresce menos de metade» ou «Investimento público da geringonça só deverá ultrapassar o de Passos em 2019».

Salários da função pública

A aritmética alternativa

«Centeno. "Aumento do salário médio para a Função Pública é superior a 3%"Ministro das Finanças esclarece que só há 50 milhões para aumentos salariais na Função Pública.»

A aritmética convencional

As despesas com pessoal em 2018 rondarão os 23 mil milhões. Como a geringonça está a aumentar os efectivos de pessoal (a sua freguesia eleitoral), o aumento de 3% do salário médio determinará um aumento de 3% ou superior das despesas totais com pessoal, ou seja pelo menos cerca de 700 milhões. Como podem 50 milhões ser suficientes? (Sim, eu sei. Não é um problema de aritmética, é um sofisma para manipular as mentes ignorantes.)

16/10/2018

CASE STUDY: Trumpology (39) - Unpresidented but not unprecedented

More trumpology.

«The most overused word of the Donald Trump presidency is “unprecedented.” (Or, as he once tweeted in error, “unpresidented.”) Trump, of course, prides himself on being unique — “Nobody’s ever done a better job than I’m doing as president,” he told journalist Bob Woodward in late summer — and America certainly has never had a character quite like him in the Oval Office. But his press coverage and political foes often resort to hyperbole to denounce him.

Keep in mind that this has all happened before, and in many cases was worse. And we’re not just talking about the well-trod territory of Watergate and Monica Lewinsky.

15/10/2018

Uma primeira ministra lésbica ainda não é uma primeira-ministra lésbica

Isabel Moreira, aquela mocinha esganiçada deputada socialista, filha daquele senhor a quem o outro contribuinte apelidou de camaleão do regime por ser um proto-socialista, opositor primeiro, depois ministro do Estado Novo e mais tarde líder do CDS, «saúda escolha da “primeira ministra lésbica fora do armário”».

Eu só não saúdo a escolha de três homens brancos aparentemente heterossexuais fora do armário para ministros deste governo porque este governo está a avariar o país. De resto, não foram os primeiros brancos aparentemente heterossexuais, mas quem sabe se não serão os últimos.

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (157)

Outras avarias da geringonça e do país.

Está a tornar-se um padrão. Para defender o seu próprio pescoço, Costa segura até o limite os ministros que falharam clamorosamente. Foi assim com a ministra da Administração Interna torrada nos incêndios, foi assim com o patarata que esteve quase quatro anos a fazer de ministro da Defesa e foi assim com os verbos de encher ministros da Saúde e da Cultura. De caminho, Costa acaba com o pouco crédito que resta à Protecção Civil, aos bombeiros e às Forças Armadas e deixa o SNS num estado de degradação que nem os descrentes dos serviços públicos deixariam. E foi assim com dois outros pataratas que só não foram desastrosos porque os ministérios da Economia e da Cultura são de uma inutilidade nociva, porque a única coisa o governo faz à economia e à cultura é subsidiar negócios e artistas inviáveis, respectivamente.

Exemplo dos subsídios a artistas sem público é o programa a 10 anos incluído na proposta de OE 2019 para aquisição de obras de arte contemporânea. É uma espécie do que dizia o falecido António Feio a respeito do teatro "independente": «toma lá dinheiro e faz qualquer coisa».

14/10/2018

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (175) - Poucos dias depois, uma 2.ª demonstração do trilema de Žižek

Quando se pensava que a anedota involuntária «está para aparecer o primeiro Governo PSD/CDS que consiga melhores resultados do que nós em matéria de défice orçamental e dívida pública» de Pedro Nuno Santos, o chefe da fracção berloquista do PS, que começou a marimbar-se para os bancos alemães e acabou convertido à austeridade socialista, constituiria um marco inultrapassável do descaramento durante algumas semanas, eis que surge em concurso, poucos dias depois, João Galamba, agente duplo do socratismo-costista e catedrático da Mouse School of Economics que disse uma verdade indesmentível:
«a Moody’s colocou Portugal no lixo quando o primeiro-ministro era Passos Coelho, não Sócrates»

Demonstração redundante
De facto, a Moody's fez o downgrade da dívida portuguesa em Julho de 2011 era Passos Coelho primeiro-ministro. Por isso, maior verdade do que esta, só uma outra ainda não dita por falta de tempo e talvez inumeracia por aquele que «frequentou um doutoramento em Filosofia Política na London School of Economics» (leram bem, está escrito «frequentou um doutoramento»).

O memorando de entendimento do resgate foi aprovado pelo governo de Sócrates em 5 de Maio de 2011, depois de 6 anos em que a dívida pública foi duplicada e já não havia dinheiro para pagar aos funcionários públicos, e o governo de Passos Coelho tomou posse em 21 de Junho. Assim, pode dizer-se que a responsabilidade pelo resgate que terminou em 4 de Maio de 2014 ficou assim distribuída:
  • Sócrates ...............................05-05-2011 a 20-06-2011     4,2% 
  • Passos Coelho ........................21-06-2011 a 04-05-2014    95,8%
Q.E.D.

13/10/2018

Muitos são chamados, mas poucos escolhidos

Há falta de mão-de-obra na agricultura, na indústria, na construção civil, na hotelaria, na restauração, há oferta de emprego especializado para a qual não há candidatos. E «houve 20 mil candidatos aos 200 novos empregos na Segurança Social».

ESTADO DE SÍTIO: Empreendedorismo no Estado Sucial

«O Ministério da Defesa confirmou esta quarta-feira que o major Vasco Brazão, detido na sequência do caso de Tancos, era fiador de um apartamento do Estado arrendado pelo filho e por ele subarrendado indevidamente a turistas, na Ajuda, em Lisboa. O Ministério da Defesa confirmou que o apartamento em causa foi arrendado a 1 de Janeiro ao filho do major Vasco Brazão, que tem o mesmo nome civil e arrendou a casa “para habitação própria”, mas não vive no local, como avançou na terça-feira à noite a TSF.» (Público)

12/10/2018

Bons exemplos (128) - O MeToo como reacção sectorial reaccionária

Se me tivessem perguntado se algum dia relevaria uma opinião de Raquel Varela, arrumada no baú dos pensadores do radical chic, garantiria que não. Até hoje, em que relevo o que escreveu no Público, mudando «reacção mundial conservadora» para reacção sectorial reaccionária, apesar da aparente redundância, porque meia dúzia de tribos do politicamente correcto nos EU e na UE não são o mundo, e conservador é outra coisa.

«RV – Dá vergonha alheia ver os jornais onde elas publicam denúncias, sem qualquer investigação. Que náusea. Alguns locais de trabalho onde o MeToo chegou mais cedo lá fora tornaram-se irrespiráveis, conheço uma dúzia de pessoas de esquerda, pelo menos, e várias mulheres, que pediram para mudar de local de trabalho por conta desse clima absurdo de "assédio", na feroz competição académica e nas empresas aproveita-se o assédio para destruir colegas. É o vale tudo. Para condenar uma minoria de predadores condenam-se todos à suspeição permanente.

TRL – É urgente que ensinem os portugueses a pensar, antes mesmo de escrever.
Pela parte que me toca, não me sinto representada por nenhuma dessas bandeirolas – feminismo, machismo, ronaldismo! Só venho tentar separar os alhos dos bugalhos porque uma jornalista (Ana Sá Lopes) do PÚBLICO me meteu ao barulho – a mim e si, Raquel Varela. Chamou-nos machistas...

RV – Oh eu vítima, estão-me a ofender, quem ousou tratar uma jovem mulher como eu de machista? Quem terá sido a machista?!
Vamos à parte séria. É o Movimento MeToo a entrar em Portugal pela porta mais frágil, o nosso crónico atraso, o peso desmesurado do futebol na economia do país. O caso Ronaldo é o mote para a defesa do fim da presunção de inocência. Várias pessoas vieram a público esta semana, entre elas o ex-ministro da Administração Interna Rui Pereira no Correio da Manhã, afirmar com base em "estudos" que as vítimas de abusos sexuais não mentem, deve-se presumir que os homens são culpados até prova em contrário. O MeToo, embora pareça de esquerda, porque é "amigo das vítimas", trata-se de uma reacção mundial conservadora em curso em vários países que defende que em nome da segurança deve-se diminuir a liberdade, ou suprimi-la em parte. É um movimento conservador contra as Luzes.»

Luta de sexos, o novo feminismo?, uma conversa de Teresa Rita Lopes e Raquel Varela

Aditamento: transferi Raquel Varela para o baú da esquerda inteligente, o que é uma espécie de promoção.

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (174) - Está para aparecer um bazófias maior

«Está para aparecer o primeiro Governo PSD/CDS que consiga melhores resultados do que nós em matéria de défice orçamental e dívida pública», disse para quem o quis ouvir Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, uma espécie de berloquista infiltrado no PS e putativo ex-futuro candidato a sucessor do chefe Costa. Também disse que os partidos de direita «percebem pouco de empresas e de economia» - nisto teríamos de lhe dar parcialmente razão.

O facto de a criatura ter dito o que disse mostra um enorme défice de memória punível com a leitura compulsiva desta série de 10 posts do (Im)pertinências para recordar que um governo do seu partido deixou um défice de 11,2%, que no OE 2010 o ministro Teixeira dos Santos tinha previsto ser de 2,2%. E, se falamos de dívida pública, lembremos que o primeiro-ministro socialista e alegado maior corrupto desde Dona Maria II recebeu em 2005 uma dívida de 62% do PIB e deixou uma dívida de 111,4% no ano em que foi estudar para Paris, antes de ser preso.

Para quem esqueceu, recordo que o bazófias que disse essas baboseiras é o mesmo que, em pleno resgate para o qual o seu partido arrastou o país, regurgitou «estou marimbando-me para os bancos alemães que nos emprestaram dinheiro» e ameaçou vociferante «Ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos a dívida». Entretanto, converteu-se à austeridade socialista.

Ele ter dito estas bazófias sem que uma única voz tivesse murmurada a mais tímida correcção é mais uma demonstração do trilema de Žižek.

11/10/2018

SERVIÇO PÚBLICO: Da próxima vez também não vai ser diferente (14) - E, se for, poderá ser pior

[Uma espécie de continuação de «Too big to fail» - another financial volcanic eruption in the making (1) e (2) e de «Da próxima vez também não vai ser diferente»]


cover-image 



As financial markets take fright, our cover this week looks at the next recession. Last year growth was accelerating around the world. Today, America alone is booming. As interest rates diverge, emerging markets will find it harder to service dollar debts—which could blow back to the rich world. Although a re-run of the crisis of 2008 is unlikely, many economies are ill-prepared to deal with even a mild recession. Central banks do not have much room to cut interest rates and politicians may balk at unconventional monetary policy, deficit spending or co-ordinated international action. The time to prepare is now.

O que temos vindo a escrever há vários anos nesta série de post e na série QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS, pelas palavras de Zanny Minton Beddoes, Editor-in-Chief da Economist: «Central banks do not have much room to cut interest rates and politicians may balk at unconventional monetary policy, deficit spending or co-ordinated international action

CASE STUDY: Um imenso Portugal (44) - Lá, como cá e noutros lados, há artistas que vivem numa bolha

[Outros imensos Portugais]

Primeiro foi Daniela Mercury, uma cantora baiana, que publicou um vídeo #EleNão numa campanha anti-Bolsonaro, rotulando-o de nazi, homofóbico e machista. O vídeo teve uma dezena de milhar de likes e um milhão de dislikes. Alguns dias depois foi vaiada num conceito e, segundo alguns, mandou os espectadores «tomar no cu».

Esta semana, já depois de conhecidos os resultados da 1.ª volta em que Bolsonaro teve quase 50 milhões de votos, Roger Walters, o líder dos Pink Floyd, uma banda britânica da terceira idade, durante os concertos em S. Paulo mostrou na tela uma lista de «neofascistas» com Bolsonaro, Trump, Putin, Orbán e Kaczynski, as cores da bandeira LGBT e #Elenão.  Foi aplaudido e muito vaiado e alguns espectadores mostraram-lhe uma faixa pedagógica «Fuck you, Roger. Play the song».

Como explicar esta tendência de artistas se tornarem numa espécie de «idiotas úteis» (eram assim que os comunistas chamavam aos intelectuais das democracias simpatizantes da ditadura soviética) ao serviço da esquerdalhada, bramando contra os fascistas (para eles, fascistas são todos os descrentes da sua religião) e silenciarem os ditadores venerados pela esquerdalhada? Vivem numa bolha, protegidos da realidade? Não fazem ideia nenhuma do que pensa a populaça que confundem com os seus fâs? Consumo de substâncias proibidas, como admitiu um dia o rocker de direita Alice Cooper (nascido Vincent Damon Furnier) em relação os rockers esquerdistas? Talvez um pouco de tudo isso.

NÓS VISTOS POR ELES: Deviam ter vergonha, disse ele que é fâ de Portugal

Steen Jakobsen, economista-chefe e chief investment officer do banco dinamarquês Saxo Bank em entrevista ao Observador tirou-nos assim o retrato:

«Eu sou um enorme fã de Portugal mas sinto que existe quase um orgulho em que nada mude. É frustrante, porque este devia ser um dos países mais prósperos da Europa e um dos melhores do mundo. Os portugueses são laboriosos, adaptáveis. Têm este sol, o turismo, têm um bom nível de inglês e o português é uma das línguas mais faladas em todo o mundo. Apetece dizer: deviam ter vergonha de não serem um dos 3 ou 4 países melhores, mais prósperos, do mundo não só em riqueza, mas, também, em dinâmica.»

Deveríamos ter vergonha, mas, se a tivéssemos, sentiríamos a obrigação de mudar o que precisa de ser mudado, a começar pelas elites merdosas entrincheiradas em Belém, em S. Bento e em quase todo o lado, elites que para se auto-justificarem anestesiam a choldra com tretas paliativas.

ACREDITE SE QUISER: Patentes dilatadas pelo calor

«Calor paralisa sistema informático do registo de marcas e patentes

Temperaturas altas de agosto afetaram os sistemas informáticos do Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Há mais de um milhar de pedidos de marca que estão atrasados e agentes e advogados não têm acesso a informações essenciais» (Expresso Diário)

Alguém ouviu falar de qualquer outro CPD que tivesse ficado paralisado pelas temperaturas altas? Um Estado Sucial que é incapaz de administrar os seus serviços e gerir a sua infraestrutura quer intervir constantemente nos serviços prestados pelas empresas.

09/10/2018

Dúvidas (237) - Costa já registou as imparidades?


Não sei se o patarata que está de ministro da Defesa é um activo tangível ou intangível. Na verdade, parece-me mais um passivo. O que não duvido é que Costa gere o governo como uma empresa pública, assobia para o lado quando os activos se desvalorizam, empurrando o registo das imparidades com a barriga para a frente e no fim pede ao accionista, que no caso dele são os contribuintes, uma injecção de capital.

Dúvidas (236) - Os controleiros viajam assim tanto?


Gratuito, segundo o Glossário das Impertinências, designa em socialês algo tão caro que quem se propõe «oferecer» a uns não tem coragem de dizer o preço que será pago por outros.

Exemplos:
  • Autoestradas SCUT, cujas portagens pagas pelos utilizadores correspondem de 10% a 20% dos custos anuais, sendo os outros 80% a 90% pagos pelos contribuintes, muitos dos quais não põem as rodas numa SCUT; 
  • Manuais escolares gratuitos, cujos custos são pagos na sua quase totalidade por pais cujos filhos ainda não ou já não utilizam manuais.

CASE STUDY: Um imenso Portugal (43) - Lá, como cá, a esquerdalhada é como os Bourbons

[Outros imensos Portugais]

A esquerdalhada brasileira deveria tentar perceber ter sido a rejeição da corrupção, incompetência e oportunismo na ocupação do Estado pelo PT e seus aliados que levou quase 50 milhões de brasileiros a votar num candidato demagogo, aparentemente sem competência para presidir a um país com mais de 200 milhões de habitantes.

Rejeição que deu a Janaína Paschoal, autora do processo de impeachment contra a "presidenta" Dilma Rousseff, mais de 2 milhões de votos e a transformou na deputada estadual mais votada da história brasileira. "Presidente" que, recorde-se, teve 15% dos votos e não conseguiu ser eleita senadora por Minas Gerais.

Em vez disso, chamam fascista a Bolsonaro, anunciam o fim do mundo e querem formar uma ampla frente esquerdista anti-Bolsonaro (*) ressuscitando as frentes populares dos anos 30 - estratégia inventada pelos soviéticos para juntar os idiotas úteis sob a liderança dos comunistas com vista à tomada do poder que ajudou à ascensão da extrema-direita totalitária e apressou o início da II Guerra Mundial.

E se o resultado for aumentar a base eleitoral de Bolsonaro e acentuar a derrota da esquerdalhada em geral e do PT em particular?

Por cá, a esquerdalhada doméstica toma as dores da brasileira e sonha com a transformação de Haddad num coronel Chávez - o equivalente a transformar um caniche de Lula num buldogue da esquerdalhada.

Disse Bonaparte dos Bourbons que não aprendem nada nem esquecem nada. Com a esquerdalhada de ambos os lados do Atlântico passa-se o mesmo.

(*) Exemplo: «A unidade da esquerda para derrotar a onda fascista precisa de ser muito mais profunda» defende o «professor de História de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Bernardo De Carli» citado pelo Expresso Diário. Fico na dúvida se o Carli é este esquerdista lunático ou este palhaço, o que vem a dar o mesmo.

08/10/2018

CASE STUDY: Um imenso Portugal (42) - Os brasileiros talvez não saibam o que querem, mas sabem bem o que não querem

[Outros imensos Portugais]

A vitória esmagadora de Jair Bolsonaro com 46%, mais de 10% acima das previsões das sondagens (provavelmente manipuladas pelas estatísticas de causas) e mais 17% do que Fernando Haddad, o candidato do PT designado por Lula, significa pouco da adesão dos brasileiros ao programa inexistente de um candidato demagógico, até recentemente praticamente desconhecido, que não fez campanha e quase não teve tempo de antena. Significa sobretudo a rejeição absoluta da esmagadora maioria dos brasileiros da corrupção endémica, do PT e do seu parasitismo do Estado brasileiro.

Dúvidas? Vejam-se por exemplo os seguintes resultados:
  • A ex-"presidenta" Dilma Rousseff do PT que era candidata a senadora por Minas Gerais teve 15,35% dos votos e não foi eleita;
  • Fernando Haddad, o candidato derrotado, teve no Estado de S. Paulo, do qual foi governador de 2013 a 2016, 1/3 dos votos de Jair Bolsonaro.

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (156)

Outras avarias da geringonça e do país.

Durante a semana o par Costa-Medina - em concorrência com o outro par Senhor Feliz, Senhor Contente - anunciou festivamente um acordo para localizar em Lisboa a Web Summit por mais por 10 anos. Admito que os 110 milhões em 10 anos que serão pagos ao Paddy serão justificados por um retorno de umas dezenas de milhar de visitantes estrangeiros que durante uns dias todos os anos em Lisboa gastarão umas dezenas de milhões de euros em hotéis, restaurantes e bares. E tudo isto dará palco para umas quantas vacuidades domésticas darem lustro às suas vaidades perorando para as visitas. Quanto ao resto é pura fantasia, em particular os anunciados 3 mil milhões de retorno. Como disse António Saraiva «estamos em tempo eleitoral, é preciso show-off».

Como parte do show-off, foi anunciada a redução do preço dos passes sociais da qual também se esperam resultados milagrosos na redução do tráfego de veículos particulares, milagre que já foi questionado neste post.

07/10/2018

CASE STUDY: Previsões milagrosas para justificar decisões já decididas

Ainda recentemente, o Estudo de Impacte Ambiental ao prolongamento da rede entre o Rato e o Cais do Sodré concluiu que em resultado desse prolongamento teria lugar um milagre: 1.232.276 (nem mais, nem menos, exactamente um milhão duzentos e trinta e dois mil duzentos e setenta) pessoas deixarão de utilizar veículo próprio só no primeiro ano e 38.545.108 no período de 30 anos.

Como tentei mostrar neste post, muito provavelmente estas projecções são pura efabulação para justificar um investimento que já estava decidido. Na verdade, como referi, o transporte público na maioria das grandes cidades mundiais está em retracção nas ultimas décadas por várias razões inter-relacionadas como a generalização do transporte partilhado, novos operadores privados (Uber e outros), uso de bicicletas, teletrabalho.

Na mesma linha, neste caso para justificar outra medida que o governo está a promover, o ministério do Ambiente tirou da cartola outro estudo onde estima o impacto da redução do preço dos passes sociais nas zonas metropolitanas de Lisboa e Porto em menos 73 mil automóveis a circular e menos 100 mil pessoas, de onde, contas feitas, a medida se pagaria a si própria.

É claro que passes sociais mais baratos pagos pelo orçamento do Estado equivalem a uma transferência de rendimentos em benefício das família de menores rendimentos o que, sendo uma pequena contribuição para reduzir as desigualdades, pode justificar-se só por si, sem precisar da mistificação de estudos encomendados. Mas isso, como na fábula da rã e do escorpião, faz parte da natureza deste governo.

06/10/2018

Lost in translation (311) - Um equivoco na definição da prestação do serviço

A estória é conhecida. Era uma vez uma mulher jovem de 25 anos «modelo promissor» que entre outras actividades trabalhava na zona VIP de um clube nocturno para seduzir/atrair/cativar (escolher conforme o gosto) clientes. No desempenho do seu trabalho, seduziu/atraiu/cativou um jovem futebolista famoso de 23 anos com o qual foi fotografada e filmada dançando com aparente gosto e intimidade. Mais tarde, a jovem foi convidada e aceitou subir até à suite do hotel do jovem onde as coisas alegadamente derraparam para o sexo não consentido e não convencional.

Diferentemente dos juízos histéricos e delirantes que entupiram os mídia e as redes sociais que ora vitimizam uma ora vitimizam outro, como se tratasse de uma relação pessoal, devemos ver o acontecido no contexto de uma relação de prestação de serviços não especificados com clareza por uma profissional sofisticada e educada a um cliente, de férias, com uma profissão exigente e stressante, um jovem algo tosco, com instrução rudimentar, saturado de hormonas e no pico de uma excitação induzida que lhe toldou o que restava do seu pouco discernimento. Inevitavelmente, o equívoco quanto ao serviço acabou mal com a profissional a sofrer lesões (incluindo stress pós-traumático e tendências suicidáriassic scripsit).

Deveríamos, portanto, estar a falar de um conflito resultante de diferentes expectativas da prestadora de serviços e do cliente criadas na fase pré-contratual, nomeadamente deveríamos investigar se, na circunstância, são ou não legítimas as expectativas do cliente quanto à amplitude da prestação.

Entretanto, há nove anos atrás, no âmbito de um acordo extrajudicial negociado meses depois do acontecimento entre advogados representando as partes, a prestadora de serviço comprometeu-se garantir a confidencialidade do alegado estupro em contrapartida do pagamento de uma indemnização por danos de USD 375 mil, montante equivalente a 50.000 horas ou 1.250 semanas ou 24 anos de salário mínimo actual no Estado de Nevada. Nove anos mais tarde, a prestadora violou esse acordo alegando não ser válido, pede a condenação do cliente e uma indemnização adicional ainda não especificada.

That's it all.

Dúvidas (235) - Acham que isto se vai estudar nas escolas de cinema?


«Na SIC Notícias passa uma reportagem sobre a manifestação de professores: planos abertos, filmagens aéreas, foco sobre as clareiras… enfim mostra-se o óbvio: a manifestação tinha pouca gente. Esta mudança da perspectiva da câmara não é um pormenor. Durante o governo Passos Coelho passávamos a vida a ter aquelas sequências tipo expressionismo alemão-realismo soviético de pernas e pernas a caminharem; nunca se via o plano completo da manif e muito menos se mostravam as suas clareiras. Agora o jogo de equilíbrios dentro da geringonça esquerdista leva a que as forças vivas das redacções mostrem quem manda a Mário Nogueira.»

Escreve Helena Matos no Blasfémias e pergunta: Acham que isto se vai estudar nas escolas de cinema? Não. Em minha opinião não se vai estudar porque já foi estudado nas escolas do agitprop como cinema ao serviço das boas causas. E quais são essas boas causas? Vão variando e por isso é nuns casos se mostram as pernas a caminharem e noutros as clareiras.

05/10/2018

CASE STUDY: Um imenso Portugal (41) - Lula, lavador a jacto em chefe do PT

[Outros imensos Portugais]

Gazeta do Povo
«No trecho da delação premiada de Antonio Palocci que teve o sigilo retirado pelo juiz federal Sergio Moro nesta segunda-feira, 1º, o ex-ministro cita a suposta reunião no Palácio da Alvorada, em 2010, em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria pedido ao então presidente da Petrobras que encomendasse a construção de 40 sondas de exploração de petróleo para arrecadar propina à campanha de Dilma Rousseff à Presidência naquele ano. Ele já havia relatado a reunião em depoimento a Moro na Operação Lava Jato.» (Revista Veja)

António Palocci, é membro do PT, foi ministro da Fazenda de Lula até Março de 2006 e ministro-chefe da Casa Civil do Brasil de Dilma Rousseff até Janeiro de 2011. Podemos sempre admitir que é um facto alternativo criado por Palocci para tentar salvar a pele, mas ele sabia do que falava e que poderia dar mais um tiro no pé se fosse apanhado a contar estórias.

04/10/2018

ARTIGO DEFUNTO: A mentira a que temos direito, segundo o Público

Público

«Passados menos de sete anos desde que, no final de 2011, foi aprovada a transferência para o Estado dos fundos de pensões da banca, mais de metade do valor então recebido já foi usado para pagar pensões, a um ritmo próximo de 500 milhões de euros ao ano. Estes números ilustram o risco que o Estado assumiu com uma operação que, à semelhança de outras realizadas ao longo dos anos, ajudou a cumprir as metas do défice no ano da transferência mas passou para o sector público responsabilidades que se podem vir a revelar maiores do que o antecipado.

Foi em Dezembro de 2011 que os fundos de pensões de diversas instituições financeiras portuguesas foram parcialmente transferidos, numa altura em que Passos Coelho era primeiro-ministro, Vítor Gaspar ministro das Finanças, e Portugal tentava, com grandes dificuldades, cumprir as metas para as contas públicas acordadas com a troika sete meses antes

Qualquer pessoa atenta e informada (ou que leia regularmente o Impertinências...) ao deparar com a notícia do Público, ainda para mais encimada por uma foto do antigo ministro Vítor Gaspar, pensaria na quadra do poeta popular Aleixo: «Para a mentira ser segura e atingir profundidade tem de trazer à mistura qualquer coisa de verdade».

Neste caso a única parcela de verdade é que a transferência dos fundos de pensões dos bancários foi executada no final de 2011. Faltou dizer que foi o resultado de uma decisão do governo de Sócrates nos seus estertores finais, com o défice em derrapagem e daí a necessidade desta operação, as finanças públicas exauridas e sem tesouraria, decisão que se consumou com um acordo com a APB  em Outubro de 2010, como se pode confirmar pelo comunicado da APB:


O Impertinências denunciou estas operações e antecipou muito antes as suas consequências em pelo menos duas ocasiões nos seguintes posts:
Vem a propósito recordar outra das mentiras recorrentes: a de atribuir ao governo de Passos Coelho a negociação e assinatura do Memorando de Entendimento com a troika que foi negociado e assinado pelo governo de Sócrates em consequência do resgate a que conduziu o país.