«Tenho conhecido muitos casamentos felizes, mas não conheço nenhum casamento compatível. O objectivo do casamento é precisamente combater e sobreviver ao instante em que a incompatibilidade se torna inquestionável. Porque um homem e uma mulher, enquanto tais, são incompatíveis.»
G. K. Chesterton
31/10/2015
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (123) – Obviamente
Perguntado se respeitaria o Tratado Orçamental, Jerónimo de Sousa responde: «Obviamente, nós [PCP] não fazemos isso».
Perguntado sobre o cumprimento das regras do Tratado Orçamental e do défice (que será posto em causa, recorde-se, por força das concessões de Costa ao PCP e ao BE), Jerónimo de Sousa responde «Podemos fazer como o macaco sábio, não ouço, não vejo, não falo, [mas] o problema é que a questão não deixa de existir».
De onde se conclui que se Jerónimo não é o macaco, quem é o macaco? Simples, meu caro Watson: é o Futuro Primeiro-Ministro de Portugal.
Perguntado sobre o cumprimento das regras do Tratado Orçamental e do défice (que será posto em causa, recorde-se, por força das concessões de Costa ao PCP e ao BE), Jerónimo de Sousa responde «Podemos fazer como o macaco sábio, não ouço, não vejo, não falo, [mas] o problema é que a questão não deixa de existir».
De onde se conclui que se Jerónimo não é o macaco, quem é o macaco? Simples, meu caro Watson: é o Futuro Primeiro-Ministro de Portugal.
30/10/2015
BELIEVE IT OR NOT!: Too much isn't enough?
«While Americans under 65 with retirement accounts have saved a median of just $50,000 for retirement, top chief executives have saved an average of more than 900 times that.
The total amount in the 100 largest CEO retirement funds is worth the same amount as all the retirement savings of 41% of American families combined, according to a study released Wednesday by the research and policy analysis firm Center for Effective Government. That means that 100 people now have the same amount shored up for retirement as 116 million people.»
«These 100 execs have more retirement savings than 40% of America combined», Catey Hill na MarketWatch
Não tenho nenhuma solução em particular para esta discrepância demencial e abomino soluções administrativas e intervencionistas para «corrigir» anomalias de mercado. Incentivos para aumentar a concorrência entre os CEO, eliminando barreiras à entrada e aumentando a oferta? Garantias de mecanismos de controlo dos accionistas? Fazer depender uma parte significativa da remuneração dos CEO aos resultados a longo prazo?
The total amount in the 100 largest CEO retirement funds is worth the same amount as all the retirement savings of 41% of American families combined, according to a study released Wednesday by the research and policy analysis firm Center for Effective Government. That means that 100 people now have the same amount shored up for retirement as 116 million people.»
«These 100 execs have more retirement savings than 40% of America combined», Catey Hill na MarketWatch
Não tenho nenhuma solução em particular para esta discrepância demencial e abomino soluções administrativas e intervencionistas para «corrigir» anomalias de mercado. Incentivos para aumentar a concorrência entre os CEO, eliminando barreiras à entrada e aumentando a oferta? Garantias de mecanismos de controlo dos accionistas? Fazer depender uma parte significativa da remuneração dos CEO aos resultados a longo prazo?
NÓS VISTOS POR ELES: Horta Osório, Teflon Dom para o FT
A propósito do reforço para 14 mil millhões de libras das provisões para vendas abusivas pelo Lloyds Bank de seguros de protecção da pagamento (PPI, payment protection insurance cobrindo a falta de pagamento de dívidas bancárias devida a doença, desemprego ou morte), realizadas antes da nomeação de António Horta Osório, o FT chama-lhe «Teflon Dom» por ter em 4 anos mudado de campo no que respeita à prescrição das reclamações: começou por desalinhar em 2011 das iniciativas dos bancos para conseguir um prazo de prescrição para agora tentar convencer a Financial Conduct Authority a fixá-lo em 2018.
Enfim, temos que aceitar que há razões muito piores para se falar de um CEO, sobretudo quando se reconhece que «Mr Horta-Osório’s arrival at Lloyds opened a clean, new chapter at a bank with a history of grubby sales practices.»
Enfim, temos que aceitar que há razões muito piores para se falar de um CEO, sobretudo quando se reconhece que «Mr Horta-Osório’s arrival at Lloyds opened a clean, new chapter at a bank with a history of grubby sales practices.»
29/10/2015
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (122) – «O silêncio é um refúgio eticamente inabitável» (parte 2)
É uma tragédia para o PS e um drama para o país que o PS não consiga ter um líder do calibre de Francisco Assis. Depois da sua lúcida entrevista à TVI e do artigo da semana passada no Público, leia-se o desta semana sobre «A falsa tese da marginalização política da extrema-esquerda». É uma peça de análise política que converte o discurso de Costa num balbuciar de banalidades, na melhor hipótese, e em asneira grossa, na hipótese mais provável.
Como teaser aqui fica um excerto com a conclusão:
[A extrema-esquerda] «Não foi excluída: auto-excluiu-se em nome da fidelidade a um modelo de regime e de organização económica e social claramente repudiado pela maioria dos cidadãos portugueses. Tentar inverter a situação releva de despudorado cinismo político. Seria bom que alguns actuais deputados do Partido Socialista que andam por aí levianamente a proferir barbaridades olhassem com mais rigor para a história do partido que conjunturalmente representam.»
Como teaser aqui fica um excerto com a conclusão:
[A extrema-esquerda] «Não foi excluída: auto-excluiu-se em nome da fidelidade a um modelo de regime e de organização económica e social claramente repudiado pela maioria dos cidadãos portugueses. Tentar inverter a situação releva de despudorado cinismo político. Seria bom que alguns actuais deputados do Partido Socialista que andam por aí levianamente a proferir barbaridades olhassem com mais rigor para a história do partido que conjunturalmente representam.»
DIÁRIO DE BORDO: Pensamento do dia
«Será que vamos a tempo de descobrir que ao votar em políticos que prometem dar-nos coisas à custa de outros, se perde o direito de queixa quando tomam o nosso dinheiro e o dão a outros, incluindo eles próprios?
É bonito acreditar em políticos que se dizem interessados nas pessoas. Mas isso nem sempre é uma virtude: as pulgas também estão interessadas nos cães.»
José Manuel Moreira no Económico
É bonito acreditar em políticos que se dizem interessados nas pessoas. Mas isso nem sempre é uma virtude: as pulgas também estão interessadas nos cães.»
José Manuel Moreira no Económico
Mitos (213) – A crise agravou as desigualdades, teve efeitos mais graves em Portugal e os pobres foram os mais afectados e entre eles os idosos (IV)
Continuação de (I) e (II) e (III).
Lembram-se da lengalenga que tivemos de ler e ouvir durante 3 anos de 2011 a 2014 da pena e da boca do jornalismo de causas e dos opinion dealers?
Nos posts anteriores essa lengalenga está exaustivamente desmistificada. Acrescentam-se agora os dados do estudo do BCE «The new Household Sector Report» que mostram que a perda líquida de riqueza das famílias durante a crise foi em Portugal relativamente mitigada e confirmam o despautério de a crise ter tido efeitos mais graves em Portugal.
Confirme-se no diagrama anterior (adaptado do diapositivo 15 do estudo) como fomos muito menos atingidos do que os mais castigados: Irlanda, Grécia, Espanha e Chipre.
Lembram-se da lengalenga que tivemos de ler e ouvir durante 3 anos de 2011 a 2014 da pena e da boca do jornalismo de causas e dos opinion dealers?
Nos posts anteriores essa lengalenga está exaustivamente desmistificada. Acrescentam-se agora os dados do estudo do BCE «The new Household Sector Report» que mostram que a perda líquida de riqueza das famílias durante a crise foi em Portugal relativamente mitigada e confirmam o despautério de a crise ter tido efeitos mais graves em Portugal.
Confirme-se no diagrama anterior (adaptado do diapositivo 15 do estudo) como fomos muito menos atingidos do que os mais castigados: Irlanda, Grécia, Espanha e Chipre.
ARTIGO DEFUNTO: Se a estupidez fosse fatal, muitos jornalistas e outros profissionais da indignação estariam mortos
Na 3.ª feira o Correio de Manhã, que está proibido de publicar factos relacionados com o querido líder, mas não está proibido de publicar peças estúpidas, publicou uma com o título «Pensão de invalidez só com morte certa» com chamada na primeira página.
A coisa era tão absurda que resolvi, por uma vez sem exemplo, comprar o jornal e ler nas páginas interiores que «os doentes têm de estar completamente dependentes ou com uma esperança de vida reduzida a 3 anos para ter acesso a uma pensão de invalidez» e muitos outros disparates absurdos. Fui ao site do Diário da República procurar o diploma em causa (Decreto-Lei n.º 246/2015 de 20 de Outubro) só para confirmar que os jornalistas do CM estavam obnubilados pela pressão do presidente dos lampiões sobre o treinador Vitória.
Não vou explicar a coisa em pormenor porque a Segurança Social já o fez num comunicado aqui citado pela TVI. Na verdade, o regime ficou mais favorável porque deixou de se aplicar apenas a uma lista fechada de doenças e o subsídio de invalidez passa a ser atribuível antes mesmo de a invalidez se tornar efectiva, desde «que clinicamente se preveja evoluir para uma situação de dependência ou morte num período de três anos». Foi aqui que o CM asneirou ao não se dar ao trabalho de ler a Lei n.º 90/2009 alterada pelo citado Decreto-Lei n.º 246/2015. Como seria de esperar, não encontrei no dia seguinte (4.ª feira) qualquer rectificação e, seguramente, nenhuma chamada de primeira página.
Registe-se que a TVI no final da peça não resiste a tentar superar o CM, informando que «a reportagem da TVI registou o descontentamento das associações do sector» - descontentamento? seria com a sua própria imbecilidade?
Como a estupidez é altamente contagiosa, sobretudo quando acompanhada de indignação, o Observador foi contaminado, com alguma surpresa para mim, e citou sem qualquer análise o CM. Segundo o CM, a Ordem dos Médicos, pela voz do seu bastonário, deu mais uma bastonada na inteligência e, «sem conhecer ao pormenor» as alterações (nem ao pormaior, acrescento eu) fez dele «todas as críticas das associações», as quais, como se calcula, propuseram-se desde logo fazer protestos na rua em Dezembro.
Assim se confirma mais uma vez que, podendo haver dúvidas sobre a infinitude do universo, não haverá nenhuma sobre a da estupidez humana.
A coisa era tão absurda que resolvi, por uma vez sem exemplo, comprar o jornal e ler nas páginas interiores que «os doentes têm de estar completamente dependentes ou com uma esperança de vida reduzida a 3 anos para ter acesso a uma pensão de invalidez» e muitos outros disparates absurdos. Fui ao site do Diário da República procurar o diploma em causa (Decreto-Lei n.º 246/2015 de 20 de Outubro) só para confirmar que os jornalistas do CM estavam obnubilados pela pressão do presidente dos lampiões sobre o treinador Vitória.
Não vou explicar a coisa em pormenor porque a Segurança Social já o fez num comunicado aqui citado pela TVI. Na verdade, o regime ficou mais favorável porque deixou de se aplicar apenas a uma lista fechada de doenças e o subsídio de invalidez passa a ser atribuível antes mesmo de a invalidez se tornar efectiva, desde «que clinicamente se preveja evoluir para uma situação de dependência ou morte num período de três anos». Foi aqui que o CM asneirou ao não se dar ao trabalho de ler a Lei n.º 90/2009 alterada pelo citado Decreto-Lei n.º 246/2015. Como seria de esperar, não encontrei no dia seguinte (4.ª feira) qualquer rectificação e, seguramente, nenhuma chamada de primeira página.
Registe-se que a TVI no final da peça não resiste a tentar superar o CM, informando que «a reportagem da TVI registou o descontentamento das associações do sector» - descontentamento? seria com a sua própria imbecilidade?
Como a estupidez é altamente contagiosa, sobretudo quando acompanhada de indignação, o Observador foi contaminado, com alguma surpresa para mim, e citou sem qualquer análise o CM. Segundo o CM, a Ordem dos Médicos, pela voz do seu bastonário, deu mais uma bastonada na inteligência e, «sem conhecer ao pormenor» as alterações (nem ao pormaior, acrescento eu) fez dele «todas as críticas das associações», as quais, como se calcula, propuseram-se desde logo fazer protestos na rua em Dezembro.
Assim se confirma mais uma vez que, podendo haver dúvidas sobre a infinitude do universo, não haverá nenhuma sobre a da estupidez humana.
28/10/2015
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (XLI) – A Europa mudou o discurso de Tsipras e do Syriza
Outros purgatórios a caminho dos infernos.
«O líder da esquerda radical grega já não assusta ninguém. Nem em Bruxelas, nem em Frankfurt, nem sequer em Berlim. Antes pelo contrário, até já recebe elogios do presidente do Banco Central Europeu. Longe vão os tempos em que os sinais de alarme soaram pela Europa após a vitória dos esquerdistas do Syriza.
Entretanto, muita coisa mudou. E Alexis Tsipras aproveita para manter cada vez mais encontros com outras formações da esquerda europeia, à procura de convergências, sobretudo contra as políticas de austeridade. Com a imagem “reabilitada” após aceitar o terceiro resgate, tornou-se até um líder cobiçado na capital belga. E com os socialistas e social-democratas a viverem as dúvidas de uma crise existencial, o grego aposta em fazer pontes entre as esquerdas.
Nos primeiros meses do ano, Alexis Tsipras e o Syriza prolongaram um braço de ferro, perdido de antemão, com as instituições da troika e os parceiros da zona euro. Esbarraram na Europa e os líderes europeus fizeram-lhes ver a realidade “obrigando-os” a aproximarem-se do centro. Será assim? Há dois factos: Tsipras está amarrado a um programa de reformas “neoliberais” e pelo caminho libertou-se da ala dos esquerdistas mais radicais do Syriza (que entretanto formaram o partido Unidade Popular).»
Tsipras: querido líder ou reformista social-democrata? no Observador
Lembram-se que Alexis Tsipras e o Syriza iriam mudar a Europa? Parece que não. Foi a Europa que mudou Tsipras e o Syriza? Está por demonstrar. Para já mudaram o discurso.
Se olharmos para os factos, que sempre falam mais alto do que as palavras, verifica-se só terem sido adoptadas 14 das 48 medidas previstas e, por isso, estão retidos os dois mil milhões de euros de uma tranche que seria avançada quando terminasse com sucesso a primeira revisão do terceiro resgate.
«O líder da esquerda radical grega já não assusta ninguém. Nem em Bruxelas, nem em Frankfurt, nem sequer em Berlim. Antes pelo contrário, até já recebe elogios do presidente do Banco Central Europeu. Longe vão os tempos em que os sinais de alarme soaram pela Europa após a vitória dos esquerdistas do Syriza.
Entretanto, muita coisa mudou. E Alexis Tsipras aproveita para manter cada vez mais encontros com outras formações da esquerda europeia, à procura de convergências, sobretudo contra as políticas de austeridade. Com a imagem “reabilitada” após aceitar o terceiro resgate, tornou-se até um líder cobiçado na capital belga. E com os socialistas e social-democratas a viverem as dúvidas de uma crise existencial, o grego aposta em fazer pontes entre as esquerdas.
Nos primeiros meses do ano, Alexis Tsipras e o Syriza prolongaram um braço de ferro, perdido de antemão, com as instituições da troika e os parceiros da zona euro. Esbarraram na Europa e os líderes europeus fizeram-lhes ver a realidade “obrigando-os” a aproximarem-se do centro. Será assim? Há dois factos: Tsipras está amarrado a um programa de reformas “neoliberais” e pelo caminho libertou-se da ala dos esquerdistas mais radicais do Syriza (que entretanto formaram o partido Unidade Popular).»
Tsipras: querido líder ou reformista social-democrata? no Observador
ekathimerini |
Se olharmos para os factos, que sempre falam mais alto do que as palavras, verifica-se só terem sido adoptadas 14 das 48 medidas previstas e, por isso, estão retidos os dois mil milhões de euros de uma tranche que seria avançada quando terminasse com sucesso a primeira revisão do terceiro resgate.
ESTÓRIAS E MORAIS: Caras ou coroas
Estórias
Esta semana os deputados europeus do PCP e do Bloco de Esquerda vão votar no PE uma emenda ao orçamento comunitário propondo a revogação do Tratado de Estabilidade Orçamental, da Governação Económica e do Pacto para o Euro Mais.
O deputado comunista João Ferreira do Expresso diz que «o PCP não tem duas caras» e «isto demonstra que António Costa está a enganar os portugueses. Ainda não tem acordo assinado e já veio dizer que o Partido Comunista e o BE vão rever as suas posições em relação à Europa».
Já Marisa Matias não diz o número de caras do BE. Presume-se que sejam pelo menos duas porque esclarece que «o sonho muita gente é que isto comprometa o que se está a passar em Portugal. Não, não compromete».
Já quanto ao número de caras de António Costa é melhor não arriscarmos estimativas.
Morais
Quem vê caras, não vê corações.
Mulher de mais má pinta é a que mais a cara pinta.
Esta semana os deputados europeus do PCP e do Bloco de Esquerda vão votar no PE uma emenda ao orçamento comunitário propondo a revogação do Tratado de Estabilidade Orçamental, da Governação Económica e do Pacto para o Euro Mais.
O deputado comunista João Ferreira do Expresso diz que «o PCP não tem duas caras» e «isto demonstra que António Costa está a enganar os portugueses. Ainda não tem acordo assinado e já veio dizer que o Partido Comunista e o BE vão rever as suas posições em relação à Europa».
Já Marisa Matias não diz o número de caras do BE. Presume-se que sejam pelo menos duas porque esclarece que «o sonho muita gente é que isto comprometa o que se está a passar em Portugal. Não, não compromete».
Já quanto ao número de caras de António Costa é melhor não arriscarmos estimativas.
Morais
Quem vê caras, não vê corações.
Mulher de mais má pinta é a que mais a cara pinta.
27/10/2015
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Coisas que outros escreveram sobre Costa, as quais, por isso, já não precisam de ser escritas (26)
«Na sua caminhada para primeiro-ministro, António Costa começou por pedir uma maioria absoluta. Como a maioria absoluta estava difícil, chegava maioria relativa. Como a maioria relativa estava difícil, chegava ao PS ter mais deputados do que o PSD. Como o PS não teve mais deputados do que o PSD, chegava um acordo de legislatura com o Bloco e com o PCP. Como o Bloco e o PCP não falam um com o outro, chega um acordo de legislatura com o Bloco e um outro com o PCP. Como o PCP não quer acordos de legislatura, é possível que chegue um acordo de investidura. E se o PCP nem um acordo de investidura quiser, António Costa há-de contentar-se com um acordo verbal e um bacalhau.
A seriedade deste procedimento é nula.»
«António Costa anda a aldrabar-nos», João Miguel Tavares no Público
A seriedade deste procedimento é nula.»
«António Costa anda a aldrabar-nos», João Miguel Tavares no Público
Pro memoria (272) – Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades? Ou talvez não
O que pensavam in illo tempore as luminárias do regime sobre as alianças entre o PS e a esquerdalhada mais extremista e o critério de indigitação do primeiro-ministro pelo PR? Veja aqui neste artigo de Alexandre Homem Cristo o que pensavam Freitas do Amaral e Ferro Rodrigues, cuja aparente incoerência esconde uma profunda coerência: «defendem os seus próprios interesses (através dos do PS)».
Por falar nisso, alguém sabe o que pensa Mário Soares sobre a putativa aliança, que Soares rejeitou por diversas vezes, António Costa está a tentar cozinhar, para além de achar que a situação política do país é «uma confusão efectiva»?
Por falar nisso, alguém sabe o que pensa Mário Soares sobre a putativa aliança, que Soares rejeitou por diversas vezes, António Costa está a tentar cozinhar, para além de achar que a situação política do país é «uma confusão efectiva»?
26/10/2015
Curtas e grossas (25) - A receita da esquerda
«Eis pois a receita da esquerda para eliminar a crise: menos impostos, maiores salários e menos trabalho. Não sei se comece a rir ou a chorar.»
João Vieira Pereira no Expresso Curto
João Vieira Pereira no Expresso Curto
SERVIÇO PÚBLICO: O corporativismo e a TTIP
É muito duvidoso que as conversações sobre a Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP) entre os EU e a União Europeia que recomeçaram a semana passada em Miami venham a mostrar progressos significativos, os quais ainda não se verificaram depois de dois anos.
Nestas negociações estão menos em causa reduções dos direitos aduaneiros, apesar de também não ter havido progressos nesta matéria. Desta vez, as principais diferenças referem-se a concursos públicos, serviços financeiros, rotulagem de produtos alimentares e outras áreas «intangíveis».
Ao contrário do que aconteceu com a Trans-Pacific Partnership, envolvendo os EU e onze outros países da Ásia e da América Latina (não, não são os do corporativismo subtropical - a Venezuela, a Argentina e o Brasil – são o México, a Colômbia, o Chile e o Peru), a TTIP está a ter forte oposição dos interesses estabelecidos e da opinião pública europeia, sobretudo na Alemanha (manif de 150 mil em Berlim) e na Áustria.
É lamentável porque os benefícios potenciais da TTIP seriam significativos. O problema é que a antecipação desses benefícios é contra-intuitiva. Para a maioria das pessoas é muito difícil compreender que do derrube de barreiras ao comércio internacional possam resultar benefícios líquidos gerais e ainda para mais devido à intoxicação por anos de propaganda proteccionista dos grupos económicos e sociais que serão prejudicados – sim, é claro que há sempre alguém que perde com a concorrência.
É mais um exemplo de corporativismo.
Nestas negociações estão menos em causa reduções dos direitos aduaneiros, apesar de também não ter havido progressos nesta matéria. Desta vez, as principais diferenças referem-se a concursos públicos, serviços financeiros, rotulagem de produtos alimentares e outras áreas «intangíveis».
Ao contrário do que aconteceu com a Trans-Pacific Partnership, envolvendo os EU e onze outros países da Ásia e da América Latina (não, não são os do corporativismo subtropical - a Venezuela, a Argentina e o Brasil – são o México, a Colômbia, o Chile e o Peru), a TTIP está a ter forte oposição dos interesses estabelecidos e da opinião pública europeia, sobretudo na Alemanha (manif de 150 mil em Berlim) e na Áustria.
É lamentável porque os benefícios potenciais da TTIP seriam significativos. O problema é que a antecipação desses benefícios é contra-intuitiva. Para a maioria das pessoas é muito difícil compreender que do derrube de barreiras ao comércio internacional possam resultar benefícios líquidos gerais e ainda para mais devido à intoxicação por anos de propaganda proteccionista dos grupos económicos e sociais que serão prejudicados – sim, é claro que há sempre alguém que perde com a concorrência.
É mais um exemplo de corporativismo.
ACREDITE SE QUISER: Epifanias expressas
Na Revista do Expresso de há duas semanas, Clara Ferreira Alves, a Pluma Caprichosa, teve uma epifania e considerou o PS moribundo e Costa derrotado e interrogou-se se «temos um Costa como um ponta de lança da esquerda radical europeia, um revolucionário que vai vingar as derrotas ideológicas e as derrotas eleitorais desta malta».
Umas páginas mais à frente na mesma Revista, Ricardo Costa, o director do Expresso, por coincidência meio-irmão do outro Costa, ou por coincidência vice-versa, escreve uma peça relativamente objectiva e neutral sobre Pedro Passos Coelho, peça que não será um exemplo de epifania pelas razões que já expliquei sobejamente.
No meio da peça de Ricardo Costa há uma entrevista do «marqueteiro» brasileiro do PSD que a certa altura também refere que teve uma epifania: «Sabe, teve muita gente que fez brincadeira de dizer "os nossos brasileiros são melhores do que os deles". Mas eu acho que ganhámos porque os nossos portugueses são melhores do que os deles.»
Na sua coluna habitual de sábado passado, Miguel Sousa Tavares, o tudólogo mais citado aqui no (Im)pertinências, teve também uma epifania e referiu-se respeitosamente a Cavaco Silva, a quem em tempos chamou «palhaço», cumprimentou-o pela sua comunicação, antecipando que não dará posse a um governo de esquerda que Costa lhe apresente, desancou Costa, comunistas e berloquistas e até acharia preferível um acordo do PS com a coligação, cujos programas estão mais próximos.
Umas páginas mais à frente na mesma Revista, Ricardo Costa, o director do Expresso, por coincidência meio-irmão do outro Costa, ou por coincidência vice-versa, escreve uma peça relativamente objectiva e neutral sobre Pedro Passos Coelho, peça que não será um exemplo de epifania pelas razões que já expliquei sobejamente.
No meio da peça de Ricardo Costa há uma entrevista do «marqueteiro» brasileiro do PSD que a certa altura também refere que teve uma epifania: «Sabe, teve muita gente que fez brincadeira de dizer "os nossos brasileiros são melhores do que os deles". Mas eu acho que ganhámos porque os nossos portugueses são melhores do que os deles.»
Na sua coluna habitual de sábado passado, Miguel Sousa Tavares, o tudólogo mais citado aqui no (Im)pertinências, teve também uma epifania e referiu-se respeitosamente a Cavaco Silva, a quem em tempos chamou «palhaço», cumprimentou-o pela sua comunicação, antecipando que não dará posse a um governo de esquerda que Costa lhe apresente, desancou Costa, comunistas e berloquistas e até acharia preferível um acordo do PS com a coligação, cujos programas estão mais próximos.
25/10/2015
Lost in translation (254) - Tríplice Aliança disse ele
«Antonio Costa, Portugal's Socialist leader and son of a Goan poet, has refused to go along with further pay cuts for public workers, or to submit tamely to a Right-wing coalition under the thumb of the now-departed EU-IMF 'Troika'.
Against all assumptions, he has suspended his party's historic feud with Portugal's Communists and combined in a triple alliance with the Left Bloc. The trio have demanded the right to govern the country, and together they have an absolute majority in the Portuguese parliament.»
«Defiant Portugal shatters the eurozone's political complacency», Ambrose Evans-Pritchard no Telegraph (via Portugal Contemporâneo)
A propósito recorde-se que, quando deflagrou a I Guerra, a Tríplice Aliança (Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro) se desfez e a Itália roeu a corda e colocou-se ao lado da Tríplice Entente (França, Rússia e Reino Unido).
Against all assumptions, he has suspended his party's historic feud with Portugal's Communists and combined in a triple alliance with the Left Bloc. The trio have demanded the right to govern the country, and together they have an absolute majority in the Portuguese parliament.»
«Defiant Portugal shatters the eurozone's political complacency», Ambrose Evans-Pritchard no Telegraph (via Portugal Contemporâneo)
A propósito recorde-se que, quando deflagrou a I Guerra, a Tríplice Aliança (Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro) se desfez e a Itália roeu a corda e colocou-se ao lado da Tríplice Entente (França, Rússia e Reino Unido).
24/10/2015
SERVIÇO PÚBLICO: «A implosão da PT»
Foi há dias publicado o livro «A implosão da PT» das jornalistas Alda Martins e Alexandra Machado. Quando tiver tempo lerei. Não é pressa porque o que chamam jornalismo de investigação neste país é mais história do que jornalismo.
Entretanto, para quem não tiver tempo de ler o livro, pode fazer uma retrospectiva do assalto dos Espírito Santo e dos socialistas à PT nos posts que durante mais de dez anos o (Im)pertinências dedicou ao caso. Por exemplo:
DIÁLOGOS DE PLUTÃO: Era uma vez
Era uma vez uma galinha, um porco e um galo que discutiam entre si uma aliança.
- Ó porco vamos fazer uma aliança?, pergunta a galinha.
- O que é aliança?, pergunta o porco.
- Ora que pergunta, ó porco. Eu dou uma coisa, tu dás outra e temos uma aliança.
- Por exemplo?, pergunta o porco.
- Ó porco, será preciso explicar tudo? Por exemplo, se nós fizermos uma aliança podemos ter ovos com presunto. Eu dou os ovos, conclui a galinha.
- E o galo dá o quê?, pergunta o porco.
- Eu não ponho ovos, esclarece o galo.
- E eu dou o presunto?, pergunta o porco, preocupado.
- Evidentemente, confirma a galinha.
- Mas para dar o presunto eu tenho de morrer, conclui o porco que além de porco não era muito inteligente.
- Ó porco mas isso é que é uma aliança, confirma a galinha filosoficamente.
[Diálogo imaginário a propósito das conversas entre o António Costa (o porco), Catarina Martins (a galinha) e Jerónimo de Sousa (o galo)]
DIÁRIO DE BORDO: Disparates do mundo (4)
«Temos duas instituições que sempre foram fundamentais para a humanidade, a família e o Estado. Os anarquistas, julgo eu, não apreciam nenhuma delas. É injusto dizer que os socialistas apreciam o Estado mas não a família; há milhares de socialistas que têm mais apreço pela família que qualquer conservador. Mas é verdade que, se os anarquistas querem acabar com um e outra, os socialistas estão especialmente interessados em emendar (ou seja, em reforçar e renovar) o Estado; e não estão especialmente interessados em reforçar e renovar a família. Não se esforçam minimamente por definir as funções do pai, da mãe e dos filhos, enquanto tais; por apertar os parafusos soltos da máquina; por acentuar de novo os contornos do desenho, que entretanto se foram apagando. Mas estão a fazê-lo com o Estado; estão a aperfeiçoar-lhe a engrenagem, a acentuar- lhe as linhas dogmáticas, a tornar o governo mais forte em todas as suas dimensões, e nalgumas delas mais rigoroso do que era. Deixando a casa cair em ruínas, estão a remodelar a colmeia, nomeadamente os ferrões. Na verdade, há certos aspectos das leis laborais e de pobreza recentemente propostas por conhecidos socialistas que não fazem do que sujeitar um número crescente de pessoas ao poder despótico do Sr. Bumble (nota: personagem de Oliver Twist, de Charles Dickens, protótipo da exploração do trabalho de menores). Parece que o progresso significa ser empurrado para a frente - pela polícia.»
G. K. Chesterton
G. K. Chesterton
23/10/2015
ESTADO DE SÍTIO: So far so good
«Cavaco é o maior aliado de Costa» e «Cavaco Silva falou e uniu a esquerda», confirmam o «jornalista» Daniel de Oliveira e o pastorinho da economia dos amanhãs que cantam Nicolau Santos.
E foi assim, com a preciosa ajuda de Cavaco Silva e o seu inigualável sentido de oportunidade, que tudo correu bem na eleição da «segunda figura do estado», com apenas 2 votos em branco da «maioria de esquerda».
Esta foi a parte fácil. A seguir vêm as facturas e as fracturas.
E foi assim, com a preciosa ajuda de Cavaco Silva e o seu inigualável sentido de oportunidade, que tudo correu bem na eleição da «segunda figura do estado», com apenas 2 votos em branco da «maioria de esquerda».
Esta foi a parte fácil. A seguir vêm as facturas e as fracturas.
ARTIGO DEFUNTO: É verdade que nunca um partido comunista governou em democracia? É!
Em entrevista à RTP 3 António Barreto disse:
De seguida, o jornalista de causas de serviço no Público apresenta vários exemplos de partidos comunistas que participaram no poder: o presidente comunista do AKEL no Chipre de 2008 a 2013, o PC francês em vários períodos incluindo 81-86 e 1997-2002; o PC espanhol durante a guerra civil até 1939, o PC dinamarquês que «apoiou» o governo social-democrata de 2011 a 2014, o PC grego que participou no governo em 1989, e ainda os PC austríaco, luxemburguês e finlandês a seguir à II guerra, o PC brasileiro que integra a coligação liderada pelo PT, o PC chileno que integrou o governo de Allende, a Turíngia (estado alemão) que tem um ministro-presidente comunista, que não manda nada, e um governo de coligação com o SPD que inclui os comunistas.
O presidente comunista cipriota Dimitris Christofias que nomeou um governo de coligação de partidos democratas com o AKEL - longe de ser hegemónico e governar - foi forçado a demitir-se em 2011 por ter sido responsabilizado por uma explosão numa base naval. Nenhum dos outros partidos comunistas liderou ou lidera ou controlou ou controla os governos onde participou ou participa, sendo apenas parceiro júnior de uma coligação sem qualquer hipótese de impor a sua agenda.
Em resumo, nenhum dos partidos comunistas citados governou em democracia e alguns deles de resto participaram em governos não democráticos como o PC espanhol na guerra civil e o PC chileno de Allende que quis fazer uma revolução com 36% dos votos.
Em contrapartida, dezenas de partidos comunistas por todo o mundo nos últimos 100 anos governaram despoticamente e foram responsáveis por milhões de mortos e pela miséria mais abjecta.
«Em 100 anos, nunca vi um partido comunista no poder que governasse com eleições livres, com partidos políticos, com liberdade de expressão, sem exilados, sem presos políticos.»Ainda o eco não se tinha desvanecido já o Público tomava as dores dos partidos comunistas propondo-se «verificar» a afirmação de Barreto. Fê-lo, porém, à maneira comunista desvirtuando o que disse Barreto, que não se referia à participação de comunistas no governo liderado por outros partidos, onde os comunistas têm de esconder as garras, mas aos partidos comunistas com hegemonia no poder e a governar.
De seguida, o jornalista de causas de serviço no Público apresenta vários exemplos de partidos comunistas que participaram no poder: o presidente comunista do AKEL no Chipre de 2008 a 2013, o PC francês em vários períodos incluindo 81-86 e 1997-2002; o PC espanhol durante a guerra civil até 1939, o PC dinamarquês que «apoiou» o governo social-democrata de 2011 a 2014, o PC grego que participou no governo em 1989, e ainda os PC austríaco, luxemburguês e finlandês a seguir à II guerra, o PC brasileiro que integra a coligação liderada pelo PT, o PC chileno que integrou o governo de Allende, a Turíngia (estado alemão) que tem um ministro-presidente comunista, que não manda nada, e um governo de coligação com o SPD que inclui os comunistas.
O presidente comunista cipriota Dimitris Christofias que nomeou um governo de coligação de partidos democratas com o AKEL - longe de ser hegemónico e governar - foi forçado a demitir-se em 2011 por ter sido responsabilizado por uma explosão numa base naval. Nenhum dos outros partidos comunistas liderou ou lidera ou controlou ou controla os governos onde participou ou participa, sendo apenas parceiro júnior de uma coligação sem qualquer hipótese de impor a sua agenda.
Em resumo, nenhum dos partidos comunistas citados governou em democracia e alguns deles de resto participaram em governos não democráticos como o PC espanhol na guerra civil e o PC chileno de Allende que quis fazer uma revolução com 36% dos votos.
Em contrapartida, dezenas de partidos comunistas por todo o mundo nos últimos 100 anos governaram despoticamente e foram responsáveis por milhões de mortos e pela miséria mais abjecta.
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Coisas que outros escreveram sobre Costa, as quais, por isso, já não precisam de ser escritas (25)
«A seguir, Costa invoca acordos vagos e imprecisos com o Bloco e PCP; os seus cães de fila dizem na TV que só apresentarão os acordos quando Costa for empossado pelo Presidente, ou então argumentam que os acordos ainda não estão fechados mas, ora essa!, já são suficientes para darmos o salto em frente! E o mais cómico é que Costa ainda nem sequer conseguiu juntar os três partidos para uma reunião e foto coletiva. Quer este homem chegar a São Bento sem um acordo a três (PS, PCP e Bloco) e sem uma única cerimónia que junte a esquerda unida? Então o "momento histórico" da esquerda nem sequer contempla um aperto de mão entre Costa, Jerónimo e Martins? Tudo isto seria cómico se não fosse grave. Costa está a trocar uma regra do regime que garante a cordialidade democrática entre PS e PSD/CDS por um pseudo-acordo com as esquerdas. Um homem que faz isto já não acredita em nada.
Agora resta saber se o PS ainda acredita em alguma coisa. Este partido nada fez contra Sócrates, deixou-se enredar pela lealdade canina e foi ao fundo com aquela pedra amarrada ao tornozelo. Agora volta1nos a viver uma hora decisiva para o PS. Será que os socialistas seguirão de novo a estratégia imoral de outro secretário-geral que nada deve à tal ética republicana? No fundo, importa saber se há vida decente no Largo do Rato? A dúvida é mais do que legítima e carece de resposta breve. E, se essa resposta for novamente negativa, não devemos ter piedade do destino do PS.»
«António Costa, o homem que já acreditou em alguma coisa», Henrique Raposo no Expresso
Agora resta saber se o PS ainda acredita em alguma coisa. Este partido nada fez contra Sócrates, deixou-se enredar pela lealdade canina e foi ao fundo com aquela pedra amarrada ao tornozelo. Agora volta1nos a viver uma hora decisiva para o PS. Será que os socialistas seguirão de novo a estratégia imoral de outro secretário-geral que nada deve à tal ética republicana? No fundo, importa saber se há vida decente no Largo do Rato? A dúvida é mais do que legítima e carece de resposta breve. E, se essa resposta for novamente negativa, não devemos ter piedade do destino do PS.»
«António Costa, o homem que já acreditou em alguma coisa», Henrique Raposo no Expresso
22/10/2015
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (121) - «O silêncio é um refúgio eticamente inabitável»
«Formulo perguntas simples: é possível algum entendimento frutuoso em torno das reformas imprescindíveis à sustentabilidade do Estado Social nas suas múltiplas vertentes? É antecipável qualquer reforma útil no plano da política económica? É perspectivável qualquer alteração minimamente razoável do nosso sistema de organização política? Sejamos claros: não é. O PS, se fizer um acordo desta natureza, renuncia à sua dimensão de partido transformador e reformista.
Seríamos por conseguinte levados à constatação de que o PS estaria condenado a ser uma espécie de muleta da direita? Nada mais falso. O PS devia assumir em toda a plenitude o estatuto de principal partido da oposição, impondo sérias limitações à acção do governo e não desvalorizando as convergências possíveis com os partidos situados à sua esquerda. Só isso alteraria drasticamente a situação política do país. Essa parece-me ser a solução que melhor serve o interesse nacional e aquela que verdadeiramente se inscreve na história do Partido Socialista. No momento em que escrevo não consigo aperceber-me do grau de adesão a esta tese no interior do meu partido. Pouco importa. Raramente me assistiu uma tão profunda convicção de ter razão. O pior que pode acontecer a um político é ter receio da solidão.»
Francisco Assis no Público
Seríamos por conseguinte levados à constatação de que o PS estaria condenado a ser uma espécie de muleta da direita? Nada mais falso. O PS devia assumir em toda a plenitude o estatuto de principal partido da oposição, impondo sérias limitações à acção do governo e não desvalorizando as convergências possíveis com os partidos situados à sua esquerda. Só isso alteraria drasticamente a situação política do país. Essa parece-me ser a solução que melhor serve o interesse nacional e aquela que verdadeiramente se inscreve na história do Partido Socialista. No momento em que escrevo não consigo aperceber-me do grau de adesão a esta tese no interior do meu partido. Pouco importa. Raramente me assistiu uma tão profunda convicção de ter razão. O pior que pode acontecer a um político é ter receio da solidão.»
Francisco Assis no Público
Dúvidas (127) – Não somos a Grécia?
Presunção de inocência ou presunção de culpa? (25) - Prefiro a improvável violação do princípio à imbecilidade
À parte Miguel Sousa Tavares, Clara Ferreira Alves, os correligionários e os cúmplices e talvez uns centos de abrunhos sortidos visitas regular do preso 44, alguém acredita na inocência e boa-fé de uma criatura que usou regularmente 6-telemóveis-6?
Vamos admitir que haja, porque a estupidez humana não tem limites. Para além dos mencionados, alguém acredita que que Inês Rosário, a mulher de Carlos Santos Silva, o amigo e gestor de conta do animal feroz, teria mentido a Fernanda Câncio, a ex-namorada do mesmo animal, ao dizer-lhe na conversa telefónica gravada que o seu marido era apenas um «pau mandado» a par do motorista Perna e que o dinheiro movimentado pertencia a José Sócrates? Por falar nisso, Fernanda Câncio também acredita que Inês Rosário lhe estaria a mentir?
Para além de todos os mencionados, alguém acredita na inocência e boa-fé de uma criatura que clamou contra o segredo de justiça, e, quando este termina, «admite providências cautelares para travar notícias nos jornais»?
Entre a probabilidade evanescente de estar enganado e violar o princípio da presunção de inocência e a elevada probabilidade de ser considerado imbecil por um sujeito normal, escolho a presunção de culpa.
Vamos admitir que haja, porque a estupidez humana não tem limites. Para além dos mencionados, alguém acredita que que Inês Rosário, a mulher de Carlos Santos Silva, o amigo e gestor de conta do animal feroz, teria mentido a Fernanda Câncio, a ex-namorada do mesmo animal, ao dizer-lhe na conversa telefónica gravada que o seu marido era apenas um «pau mandado» a par do motorista Perna e que o dinheiro movimentado pertencia a José Sócrates? Por falar nisso, Fernanda Câncio também acredita que Inês Rosário lhe estaria a mentir?
Para além de todos os mencionados, alguém acredita na inocência e boa-fé de uma criatura que clamou contra o segredo de justiça, e, quando este termina, «admite providências cautelares para travar notícias nos jornais»?
Entre a probabilidade evanescente de estar enganado e violar o princípio da presunção de inocência e a elevada probabilidade de ser considerado imbecil por um sujeito normal, escolho a presunção de culpa.
DIÁRIO DE BORDO: Disparates do mundo (3)
«Mas do que não pode haver grande dúvida é de que, se se impuser a Inglaterra alguma forma de colectivismo, ele será imposto – como tudo o que o foi até agora - por uma classe instruída a um povo em parte apático e em parte te hipnotizado. A aristocracia mostrar-se-á tão disposta a "administrar" o colectivismo como se mostrou disposta a administrar o puritanismo e o manchesterismo; de certa maneira, este poder centralizado torna-se-lhe necessariamente atractivo. Não será tão difícil como alguns socialistas inocentes parecem supor induzir o Ilustre Tomnoddy a tomar conta do fornecimento de leite depois de ter tomado conta do fornecimento de selos - desde que lhe aumentem o ordenado. O Sr. Bernard Shaw defende que os ricos se saem melhor nos conselhos locais do que os pobres porque estão isentos de "timidez financeira"; ora bem, a classe dominante inglesa está perfeitamente isenta de "timidez financeira". O duque de Sussex não teria dificuldade nenhuma em ser o administrador do Sussex. Como muito bem disse Sir William Harcourt, que é um aristocrata típico, "Nós [isto é, a aristocracia) agora somos todos socialistas".»
G. K. Chesterton
G. K. Chesterton
21/10/2015
CASE STUDY: Um imenso Portugal (17)
Tal como na Argentina, também no Brasil são notáveis as realizações do social-corporativismo subtropical da família (desavinda) PT ramo Rousseff:
The Economist Espresso |
DIÁRIO DE BORDO: Disparates do mundo (2)
«Os socialistas e a maioria dos reformadores sociais dessa cor têm uma consciência muito nítida da linha que separa o tipo de coisas que dizem respeito ao Estado do tipo de coisas que dizem respeito ao mero caos ou à natureza incoercível; podem obrigar as crianças a ir para a escola antes do nascer do sol, mas não empreendem obrigar o sol a nascer; não se dedicam, como Canuto, a proibir o mar, mas proíbem os banhos de mar. Dentro dos contornos do Estado, porém, as linhas baralham-se e as entidades confundem-se umas com as outras. Estes homens não dispõem de instinto firme que lhes permita distinguir as coisas que são, pela sua própria natureza, privadas das que são públicas; as coisas que são necessariamente presas das que são livres. É por isso que, a pouco e pouco e de forma quase silenciosa, o cidadão vai sendo privado das suas liberdades pessoais.»
G. K. Chesterton
G. K. Chesterton
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (119) - O Costismo prefere os comunistas aos credores
«Seria bom que se visse nos programas do PCP e do Bloco o que estes partidos pretendem do futuro de Portugal, da democracia em geral, da democracia avançada em particular, da União Europeia, do euro, da NATO, da iniciativa privada, do investimento internacional, do endividamento externo, da negociação da dívida... O PCP, que já derrubou dois governos socialistas, foi durante quarenta anos um seguro de vida da direita. A impossibilidade genética de aliança dos socialistas com os comunistas dava, sem justa causa, uma "folga" aos partidos de direita. Mas era, do ponto de vista da democracia, razoável. Na verdade, o PCP não faz parte das soluções democráticas. O PCP integra o sistema democrático pela simples razão de que a democracia é o regime de todos, incluindo dos não democratas. Essa é a força da democracia, por vezes a sua fraqueza. Mas o PCP nunca deu provas de considerar a democracia algo mais do que uma simples transição para o regime comunista, através de uma democracia avançada, cujos horrores são conhecidos. Enquanto o PCP se mantiver fiel a tudo quanto o fez viver até hoje, deveremos tratá-lo como todos os comunismos e fascismos: combatê-los com a liberdade. A ter de ficar nas mãos de alguém, prefiro mil vezes os credores aos comunistas. Destes, sei que não se sai vivo nem livre.»
António Barreto no DN
António Barreto no DN
20/10/2015
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA/CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Realizações do social-corporativismo subtropical da família Kirchner
A propósito de corporativismo.
Prosseguindo a tradição argentina (14 anos de família Péron), a família Kirchner habita há 12 anos na Casa Rosada e procura agora promover o afilhado Daniel Scioli como novo inquilino.
O balanço do mandato de Cristina está em linha com a tradição e mostra os resultados de um regime corrupto e incompetente que se esmera em afundar um país com imensos recursos naturais e que já foi há um século uma das economias mais prósperas. Leitura recomendada para perceber os porquês: False Economy (especialmente o capítulo 1. Making choices) de Alan Beattie.
Prosseguindo a tradição argentina (14 anos de família Péron), a família Kirchner habita há 12 anos na Casa Rosada e procura agora promover o afilhado Daniel Scioli como novo inquilino.
The Economist Espresso |
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA/CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Socialismo e corporativismo segundo Edmund Phelps
O que o senhor chama de corporativismo?
Na linguagem do cotidiano, trata-se do esforço de um grupo para defender seus interesses acima de tudo, custe o que custar. Eu me refiro a algo mais amplo, um conjunto de práticas e valores. Há um elemento muito antigo no corporativismo, a ideia de que a economia e a sociedade funcionam como um corpo, em que cada "órgão" tem o seu papel. Essa ideia sofreu metamorfoses ao longo dos séculos e ganhou corolários até se articular, entre o fim do século XIX e o começo do XX, numa filosofia de resistência à economia moderna. A meu ver, a grande batalha do nosso tempo não é mais entre o capitalismo e o socialismo, mas entre os valores modernos da livre-iniciativa e da inovação, que estão no centro do capitalismo, e os valores reativos do corporativismo.
Que valores são esses?
No lugar da competição, o corporativismo prefere a coordenação e o controle da atividade econômica. Isso cria vínculos fortes entre o Estado e o setor empresarial, de forma que boa parte da atividade econômica depende de negociações com o governo e não da lógica do mercado. É o Estado que decide qual setor deve ou não crescer em determinado momento, lançando mão de subsídios, incentivos fiscais e empréstimos - em geral, para aqueles que conseguem se organizar melhor em defesa dos seus interesses, ou simplesmente gritar mais alto. Outro valor fundamental do corporativismo é a proteção social. Proteção para empresas, que conquistam reserva de mercado e não precisam se preocupar em melhorar seus produtos obsoletos, o que é devastador para a inovação. E proteção para os mais diversos grupos sociais, que abocanham uma fatia da riqueza produzida pelo país graças a políticas redistributivas. No corporativismo, a tributação é sempre elevada, para permitir que o Estado ofereça um quinhão a todos. É um sistema que sempre trabalha para manter a ordem estabelecida, o que em termos econômicos significa matar pela raiz os incentivos à inovação e à busca da competitividade. A atual crise grega mostra esse sistema em pleno funcionamento.
O corporativista e o socialista parecem ter muito em comum. O que os diferencia?
Do ponto de vista prático, o socialismo está acabado. A propriedade estatal dos meios de produção, que é um dos pilares do sistema, não é mais uma alternativa levada a sério. O corporativismo sempre quis algo um pouco diferente. Ele nunca rejeitou a propriedade privada, desde que houvesse uma medida considerável de controle da atividade econômica pelo Estado ou pela sociedade. O corporativismo está vivo onde quer que o governo beneficie uma empresa com incentivos especiais ou proteja um grupo de interesse. Quanto aos defensores de um sistema ou de outro, você provavelmente vai identificar o corporativista pelo seu viés nacionalista, pela sua preocupação em defender a "comunidade" de todas as forças externas que supostamente a ameaçam, ao passo que o socialista tenderá a ser mais preocupado com a desigualdade. Mas você tem razão: embora tenham filosofias diferentes, nem sempre é fácil distinguir um personagem do outro, porque ambos compartilham do mesmo ponto de partida, que é a aversão àquilo que o capitalismo tem de melhor, ou seja, sua instabilidade e seu caráter "disruptivo", para usar a palavra da moda.
Excertos da entrevista da Veja a Edmund Phelps, prémio Nobel da Economia de 2006
Na linguagem do cotidiano, trata-se do esforço de um grupo para defender seus interesses acima de tudo, custe o que custar. Eu me refiro a algo mais amplo, um conjunto de práticas e valores. Há um elemento muito antigo no corporativismo, a ideia de que a economia e a sociedade funcionam como um corpo, em que cada "órgão" tem o seu papel. Essa ideia sofreu metamorfoses ao longo dos séculos e ganhou corolários até se articular, entre o fim do século XIX e o começo do XX, numa filosofia de resistência à economia moderna. A meu ver, a grande batalha do nosso tempo não é mais entre o capitalismo e o socialismo, mas entre os valores modernos da livre-iniciativa e da inovação, que estão no centro do capitalismo, e os valores reativos do corporativismo.
Que valores são esses?
No lugar da competição, o corporativismo prefere a coordenação e o controle da atividade econômica. Isso cria vínculos fortes entre o Estado e o setor empresarial, de forma que boa parte da atividade econômica depende de negociações com o governo e não da lógica do mercado. É o Estado que decide qual setor deve ou não crescer em determinado momento, lançando mão de subsídios, incentivos fiscais e empréstimos - em geral, para aqueles que conseguem se organizar melhor em defesa dos seus interesses, ou simplesmente gritar mais alto. Outro valor fundamental do corporativismo é a proteção social. Proteção para empresas, que conquistam reserva de mercado e não precisam se preocupar em melhorar seus produtos obsoletos, o que é devastador para a inovação. E proteção para os mais diversos grupos sociais, que abocanham uma fatia da riqueza produzida pelo país graças a políticas redistributivas. No corporativismo, a tributação é sempre elevada, para permitir que o Estado ofereça um quinhão a todos. É um sistema que sempre trabalha para manter a ordem estabelecida, o que em termos econômicos significa matar pela raiz os incentivos à inovação e à busca da competitividade. A atual crise grega mostra esse sistema em pleno funcionamento.
O corporativista e o socialista parecem ter muito em comum. O que os diferencia?
Do ponto de vista prático, o socialismo está acabado. A propriedade estatal dos meios de produção, que é um dos pilares do sistema, não é mais uma alternativa levada a sério. O corporativismo sempre quis algo um pouco diferente. Ele nunca rejeitou a propriedade privada, desde que houvesse uma medida considerável de controle da atividade econômica pelo Estado ou pela sociedade. O corporativismo está vivo onde quer que o governo beneficie uma empresa com incentivos especiais ou proteja um grupo de interesse. Quanto aos defensores de um sistema ou de outro, você provavelmente vai identificar o corporativista pelo seu viés nacionalista, pela sua preocupação em defender a "comunidade" de todas as forças externas que supostamente a ameaçam, ao passo que o socialista tenderá a ser mais preocupado com a desigualdade. Mas você tem razão: embora tenham filosofias diferentes, nem sempre é fácil distinguir um personagem do outro, porque ambos compartilham do mesmo ponto de partida, que é a aversão àquilo que o capitalismo tem de melhor, ou seja, sua instabilidade e seu caráter "disruptivo", para usar a palavra da moda.
Excertos da entrevista da Veja a Edmund Phelps, prémio Nobel da Economia de 2006
19/10/2015
Exemplos do costume (36) - Exercícios de vacuidade gongórica do candidato Sampaio da Nóvoa (4)
Outros exercícios.
Apesar do título, este post não é sobre a vacuidade gongórica de da Nóvoa, mas sobre a inutilidade - da vacuidade, entenda-se, e não da candidatura que essa nunca careceu de demonstração.
Recapitulando: da Nóvoa constituiu-se candidato levado por uma vaga de fundo composta por umas dúzias de indefectíveis de Soares que a impuseram a um pusilânime Costa. Não tardou que a pusilanimidade cobrasse os seus dividendos e da Nóvoa ficasse a falar sozinho na companhia da esperança de um apoio da esquerdalhada mais extrema. Até que.
Até que, em poucos dias, os berloquistas anunciaram a candidata Maria Matias e os comunistas avançaram o candidato Edgar Silva, um ex-padre que substituiu o fervor católico pelo fervor marxista.
Apesar do título, este post não é sobre a vacuidade gongórica de da Nóvoa, mas sobre a inutilidade - da vacuidade, entenda-se, e não da candidatura que essa nunca careceu de demonstração.
Recapitulando: da Nóvoa constituiu-se candidato levado por uma vaga de fundo composta por umas dúzias de indefectíveis de Soares que a impuseram a um pusilânime Costa. Não tardou que a pusilanimidade cobrasse os seus dividendos e da Nóvoa ficasse a falar sozinho na companhia da esperança de um apoio da esquerdalhada mais extrema. Até que.
Até que, em poucos dias, os berloquistas anunciaram a candidata Maria Matias e os comunistas avançaram o candidato Edgar Silva, um ex-padre que substituiu o fervor católico pelo fervor marxista.
DIÁRIO DE BORDO: Disparates do mundo (1)
«Ora, é bastante mais correcto afirmar que, quando as coisas estão a correr muito mal, do que nós precisamos é de um homem que não seja pragmático; precisamos, pelo menos, de um teórico. Um homem pragmático é um homem que só conhece a prática do dia-a-dia, o modo como as coisas habitualmente funcionam. Quando as coisas não funcionam, temos de recorrer ao pensador, ao homem que tem algum conhecimento da razão pela qual elas funcionam. É má ideia tocar harpa enquanto Roma está a arder; mas é uma excelente ideia estudar hidráulica enquanto Roma está a arder.»
G. K. Chesterton
G. K. Chesterton
18/10/2015
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (XL) – Um passo para a frente, dois passos para trás
Outros purgatórios a caminho dos infernos.
Quase dez meses decorridos das eleições de Janeiro e um mês das segundas eleições de Setembro em que perdeu 320 mil votos e 4 deputados o Syriza reconstitui a mesma aliança espúria com o xenófobo e ultranacionalista Anel para a acabar a aceitar um pacote de medidas mais duro do que as que tinha rejeitado.
As medidas desse pacote foram na passada 6.ª feira aprovadas pelo parlamento grego por 154 votos a favor e 140 contra com os votos da Nova Democracia a favor de umas medidas e contra outras. Por incrível que pareça, Tsipras, o maior flip flopper grego pelo menos desde a queda do regime dos coronéis, acusou a Nova Democracia de fazer flip flop ao votar o acordo de resgate em Agosto e rejeitar algumas das medidas em Outubro.
Entre as medidas do pacote da iniciativa do governo em troca de outras acordadas com a troika, encontra-se o corte médio de 11% nas pensões acima de mil euros, a imposição de um tecto de dois mil euros na soma das pensões de um reformado.
Que pouca gente pareça ter-se interrogado sobre o propósito da agitação que a Grécia viveu durante 9 meses para ficar em pior situação do que a de partida, mostra bem a actualidade da dúvida de Einstein sobre a infinitude do universo e da sua certeza sobre a infinitude da estupidez humana.
Quase dez meses decorridos das eleições de Janeiro e um mês das segundas eleições de Setembro em que perdeu 320 mil votos e 4 deputados o Syriza reconstitui a mesma aliança espúria com o xenófobo e ultranacionalista Anel para a acabar a aceitar um pacote de medidas mais duro do que as que tinha rejeitado.
As medidas desse pacote foram na passada 6.ª feira aprovadas pelo parlamento grego por 154 votos a favor e 140 contra com os votos da Nova Democracia a favor de umas medidas e contra outras. Por incrível que pareça, Tsipras, o maior flip flopper grego pelo menos desde a queda do regime dos coronéis, acusou a Nova Democracia de fazer flip flop ao votar o acordo de resgate em Agosto e rejeitar algumas das medidas em Outubro.
Entre as medidas do pacote da iniciativa do governo em troca de outras acordadas com a troika, encontra-se o corte médio de 11% nas pensões acima de mil euros, a imposição de um tecto de dois mil euros na soma das pensões de um reformado.
ekathimerini |
Lost in translation (253) - O costês trocado por miúdos
“A coligação anda a esconder a realidade do resto do país”
Tradução: Independentemente do meu programa, ou do que acordar com o BE e PCP, a austeridade é para continuar, mas a culpa é do anterior governo que não fez austeridade suficiente para agora podermos gastar à vontade.
Ver outras traduções do costês por Carlos Guimarães Pinto em O Insurgente.
Tradução: Independentemente do meu programa, ou do que acordar com o BE e PCP, a austeridade é para continuar, mas a culpa é do anterior governo que não fez austeridade suficiente para agora podermos gastar à vontade.
Ver outras traduções do costês por Carlos Guimarães Pinto em O Insurgente.
17/10/2015
ESTADO DE SÍTIO: Doutrina Somoza, a doutrina dominante neste nosso Portugal dos Pequeninos (2)
Recordo que a doutrina Somoza, segundo o Glossário das Impertinências, foi pela primeira vez formulada pelo presidente Franklin Delano Roosevelt em 1939 ao explicar o apoio americano ao ditador Somoza com palavras que ficaram célebres: «he may be a son of a bitch, but he's our son of a bitch».
Um extraordinário exemplo dessa doutrina é-nos dado, uma vez mais, por Pacheco Pereira no seu programa Quadratura do Círculo na SIC Notícias, um púlpito onde rumina semanalmente os seus ressabiamentos e promove os factótuns que ele espera espalhem a sua palavra aos néscios, quando diz:
Declaração de interesse:
O que penso de MRS está bem patente nas dezenas de posts que lhe tenho dedicado nos últimos anos os quais podem ser sumarizadas em duas qualificações: catavento e picareta falante.
Um extraordinário exemplo dessa doutrina é-nos dado, uma vez mais, por Pacheco Pereira no seu programa Quadratura do Círculo na SIC Notícias, um púlpito onde rumina semanalmente os seus ressabiamentos e promove os factótuns que ele espera espalhem a sua palavra aos néscios, quando diz:
«Acho que a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa se fosse num país a sério seria condenável por ter analisado e discutido na TVI durante anos.»Como aqui escreve Helena Matos, o Pacheco Pereira que diz tais coisas, não parecendo, é o mesmo Pacheco Pereira que disponibilizou a António Costa tempo de antena no seu programa, ajudando-o a enxotar Seguro e a candidatar-se ao seu lugar de secretário-geral do PS. É igualmente o mesmo Pacheco Pereira que apontando uma «mancha ética» a Marcelo Rebelo de Sousa o acusa de ser uma das pessoas que «mais influenciou a comunicação social», enquanto ele próprio «tem dois programas na SIC, uma página de opinião na Sábado e outra no PÚBLICO», sem mais do que uma fracção da influência de MRS, acrescento eu.
Declaração de interesse:
O que penso de MRS está bem patente nas dezenas de posts que lhe tenho dedicado nos últimos anos os quais podem ser sumarizadas em duas qualificações: catavento e picareta falante.
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Coisas que outros escreveram sobre Costa, as quais, por isso, já não precisam de ser escritas (24)
Outras coisas: «Para mim Costa não é um mistério», «Coisas que outros escreveram sobre Costa, as quais...»
«Quando no início dos anos 80, António Costa perdeu democraticamente as eleições para a Associação Académica de Lisboa, mas recusou a derrota e se negou a entregar as instalações à lista vencedora, justificando a intervenção das autoridades, o caso poderia explicar-se num eventual excesso pós-adolescente. Que mais tarde tenha questionado a liderança de António José Seguro à frente dos destinos do PS, apesar de duas vitórias eleitorais que avaliou por "poucochinho", sem querer consequência igual para a derrota de 4 de outubro, será problema dos socialistas. Mas que à conta da vontade de ser primeiro-ministro se proponha e ache normal sacrificar Portugal, é que já não pode ser. Não pode mesmo.»
Reserva mental, Nuno Melo no Jornal de Notícias
Vícios antigos
«Quando no início dos anos 80, António Costa perdeu democraticamente as eleições para a Associação Académica de Lisboa, mas recusou a derrota e se negou a entregar as instalações à lista vencedora, justificando a intervenção das autoridades, o caso poderia explicar-se num eventual excesso pós-adolescente. Que mais tarde tenha questionado a liderança de António José Seguro à frente dos destinos do PS, apesar de duas vitórias eleitorais que avaliou por "poucochinho", sem querer consequência igual para a derrota de 4 de outubro, será problema dos socialistas. Mas que à conta da vontade de ser primeiro-ministro se proponha e ache normal sacrificar Portugal, é que já não pode ser. Não pode mesmo.»
Reserva mental, Nuno Melo no Jornal de Notícias
16/10/2015
Dúvidas (126) – Porque será que não fiquei outra vez surpreendido?
(Uma espécie de continuação deste post)
«Estamos perante um país em estado de choque, uma grande parte em grande pânico pela interpretação que está a ser dada aos resultados eleitorais, que é uma interpretação abusiva e que corresponde a um verdadeiro golpe de Estado. (...) É inadmissível que isso seja feito através de uma fraude aos eleitores. Se António Costa tinha na sua mente que ia aliar-se ao PCP e ao BE, só teria legitimidade para fazer esta negociação se tivesse dito isso em campanha eleitoral.»
Manuela Ferreira Leite, quinta-feira à noite, na TVI24 (Fonte).
As piruetas e ziguezagues fazem parte do acquis dos ressabiados do regime.
Entrevista do SOL a António Costa |
Manuela Ferreira Leite, quinta-feira à noite, na TVI24 (Fonte).
As piruetas e ziguezagues fazem parte do acquis dos ressabiados do regime.
NÓS VISTOS POR ELES: A disaster for Costa
«Ten days after losing Portugal’s election, Socialist leader António Costa is attempting to forge an anti-austerity alliance with the Communists and other radical anti-euro leftists to oust conservative Prime Minister Pedro Passos Coelho.
(...)
The elections on October 4 were a disaster for Costa, who squandered an early poll lead and handed victory to Passos Coelho‘s center-right coalition, which captured 104 seats in the Assembleia da República, ahead of the Socialists with 85.
(...)
Failing that, Portugal looks set for more political uncertainty, be it under a Socialist government dependent on the far-left, or a center-right administration kept in power by Socialist votes. Either way, the result looks to be a weakened government with a high risk of fresh elections next year.»
Politico
(...)
The elections on October 4 were a disaster for Costa, who squandered an early poll lead and handed victory to Passos Coelho‘s center-right coalition, which captured 104 seats in the Assembleia da República, ahead of the Socialists with 85.
(...)
Failing that, Portugal looks set for more political uncertainty, be it under a Socialist government dependent on the far-left, or a center-right administration kept in power by Socialist votes. Either way, the result looks to be a weakened government with a high risk of fresh elections next year.»
Politico
Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (50) – Nelson Mandela está a revolver-se no túmulo
(Uma espécie de continuação daqui)
Se Nelson Mandela tivesse conhecimento do último documento produzido pelos seus sucessores sobre política externa que este mês será discutido no congresso do ANC, a decorrer até ao próximo dia 18, deveria estar a revolver-se no túmulo. Segundo esse documento, a queda do Muro de Berlim não é o símbolo da libertação dos países da Europa de Leste da tutela soviética mas o símbolo do lamentável triunfo do imperialismo ocidental.
Os protestos na praça Tiananmen em Pequim são contra-revolucionários e inspirados pelos Estados Unidos. A invasão russa da Ucrânia é um conflito «dirigido por Washington». As políticas americanas na África e no Médio Oriente têm como «único propósito» derrubar governos democráticos. Ainda segundo o documento a África do Sul deverá promover o encerramento das bases militares americanas em África como «parte do movimento revolucionário internacional para libertar a humanidade do domínio imperialista».
(Fonte: Economist)
Se Nelson Mandela tivesse conhecimento do último documento produzido pelos seus sucessores sobre política externa que este mês será discutido no congresso do ANC, a decorrer até ao próximo dia 18, deveria estar a revolver-se no túmulo. Segundo esse documento, a queda do Muro de Berlim não é o símbolo da libertação dos países da Europa de Leste da tutela soviética mas o símbolo do lamentável triunfo do imperialismo ocidental.
Os protestos na praça Tiananmen em Pequim são contra-revolucionários e inspirados pelos Estados Unidos. A invasão russa da Ucrânia é um conflito «dirigido por Washington». As políticas americanas na África e no Médio Oriente têm como «único propósito» derrubar governos democráticos. Ainda segundo o documento a África do Sul deverá promover o encerramento das bases militares americanas em África como «parte do movimento revolucionário internacional para libertar a humanidade do domínio imperialista».
(Fonte: Economist)
De boas intenções está o inferno cheio (39) – A religião é a política por outros meios? (XII)
Holy smoke: the Vatican’s family rows
«Some of Pope Francis’s closest associates object to his ideas and methods and their discontent has been made embarrassingly public. A letter purportedly signed by 13 traditionalist cardinals, including Cardinal Gerhard Müller, the pope’s senior doctrinal adviser, and the heads of two other Vatican departments, has appeared on the website of an Italian magazine. It complained that the rules for an assembly of bishops currently discussing divisive family issues were “designed to facilitate predetermined results” (apparently code for the softer line Francis takes on homosexual, cohabiting and especially divorced Catholics). Four of the reported signatories have now dissociated themselves from the text. Another implied it was a draft, but confirmed the letter existed. Cardinal Müller likens the scandal to the leaking three years ago of Pope Benedict’s personal correspondence, which revealed shocking feuds and mismanagement. Arguably, this row, which goes to the heart of Francis’s reforming mission, is more serious.»
The Economist Espresso
Repare-se na expressão «Pope Francis’s closest associates» e no modo como estão a ser tratadas as diferenças doutrinárias e reconhece-se o padrão do fraccionismo partidário. Vamos ver como ficará a igreja católica depois de Francisco.
«Some of Pope Francis’s closest associates object to his ideas and methods and their discontent has been made embarrassingly public. A letter purportedly signed by 13 traditionalist cardinals, including Cardinal Gerhard Müller, the pope’s senior doctrinal adviser, and the heads of two other Vatican departments, has appeared on the website of an Italian magazine. It complained that the rules for an assembly of bishops currently discussing divisive family issues were “designed to facilitate predetermined results” (apparently code for the softer line Francis takes on homosexual, cohabiting and especially divorced Catholics). Four of the reported signatories have now dissociated themselves from the text. Another implied it was a draft, but confirmed the letter existed. Cardinal Müller likens the scandal to the leaking three years ago of Pope Benedict’s personal correspondence, which revealed shocking feuds and mismanagement. Arguably, this row, which goes to the heart of Francis’s reforming mission, is more serious.»
The Economist Espresso
Repare-se na expressão «Pope Francis’s closest associates» e no modo como estão a ser tratadas as diferenças doutrinárias e reconhece-se o padrão do fraccionismo partidário. Vamos ver como ficará a igreja católica depois de Francisco.
14/10/2015
ESTÓRIA E MORAL: Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come
Estória
Depois de muitos ziguezagues e traições variadas, António Costa, levado ao colo durante meses pela imprensa amiga, perdeu as eleições que até um coxo ganharia contra uma coligação desgastada por 4 anos de medidas impopulares.
Em risco de acabar a sua carreira, desdizendo tudo o que sempre dissera e até o que disse na noite das eleições, Costa tenta salvar a cabeça negociando uma aliança espúria com o PCP e a sopa de ismos do BE que deram um passo atrás, fingindo aceitar a União Europeia, a Zona Euro e a NATO, como preço para a oportunidade de darem dois passos à frente: a ocupação do aparelho de estado e a drenagem em seu proveito da base social e eleitoral do PS.
Com estas manobras de recurso, que tenta fazer passar por elaboradas estratégias está na realidade a ser o idiota útil de serviço.
O resto da estória está por escrever, mas, dependendo da maior ou menos inteligência da coligação (não tenhamos demasiada fé), o desfecho pode até vir a ser positivo para o país proporcionando uma espécie de vacina que a pressa de chegar ao poder do PSD em 2011 não proporcionou com os pretextos que deu ao governo de Sócrates.
Moral
Para quem se está a afogar, jacaré é tronco. (*)
(*) Aforismo popular brasileiro agora aplicado à aproximação de Dilma Rousseff a Eduardo Cunha, presidente da Câmara de Deputados que está a ser investigado no âmbito do processo Lava Jato.
Depois de muitos ziguezagues e traições variadas, António Costa, levado ao colo durante meses pela imprensa amiga, perdeu as eleições que até um coxo ganharia contra uma coligação desgastada por 4 anos de medidas impopulares.
Em risco de acabar a sua carreira, desdizendo tudo o que sempre dissera e até o que disse na noite das eleições, Costa tenta salvar a cabeça negociando uma aliança espúria com o PCP e a sopa de ismos do BE que deram um passo atrás, fingindo aceitar a União Europeia, a Zona Euro e a NATO, como preço para a oportunidade de darem dois passos à frente: a ocupação do aparelho de estado e a drenagem em seu proveito da base social e eleitoral do PS.
Com estas manobras de recurso, que tenta fazer passar por elaboradas estratégias está na realidade a ser o idiota útil de serviço.
O resto da estória está por escrever, mas, dependendo da maior ou menos inteligência da coligação (não tenhamos demasiada fé), o desfecho pode até vir a ser positivo para o país proporcionando uma espécie de vacina que a pressa de chegar ao poder do PSD em 2011 não proporcionou com os pretextos que deu ao governo de Sócrates.
Moral
Para quem se está a afogar, jacaré é tronco. (*)
(*) Aforismo popular brasileiro agora aplicado à aproximação de Dilma Rousseff a Eduardo Cunha, presidente da Câmara de Deputados que está a ser investigado no âmbito do processo Lava Jato.
13/10/2015
Pro memoria (270) - Costa, o devedor de promessas (14)
Inventário
Retrospectiva
Em Fevereiro de 2013 Costa assinou o documento «Portugal Primeiro» - o qual dois meses mais tarde seria aprovado pela Comissão Política e inspiraria a moção de estratégia aprovada no Congresso - e prometeu a Seguro que o cumpriria desistindo então da sua candidatura a secretário-geral.
No princípio do ano seguinte Costa borrifa-se para o documento que assinou e a moção de estratégia que aprovou renunciando ao seu mandato na câmara de Lisboa que quando foi eleito em 2013 prometera cumprir até ao fim.
Depois da eleições gregas no princípio do ano Costa apontou o Syriza como farol da Europa («a vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha») para pouco depois, ao ver o fiasco em que o governo de Tsipras se afundou, apelidar o Syriza de «tonto».
Já este ano Costa prometeu implicitamente apoiar Nóvoa como candidato para poucos meses depois o deixar escorregar pela borda.
Quando foram conhecidos os resultados das eleições de 4 de Outubro, Costa disse que a coligação que tinha mais deputados deveria devia formar governo para os dias seguintes procurar a todo o custo acordos com comunistas e berloquistas.
Retrospectiva
Em Fevereiro de 2013 Costa assinou o documento «Portugal Primeiro» - o qual dois meses mais tarde seria aprovado pela Comissão Política e inspiraria a moção de estratégia aprovada no Congresso - e prometeu a Seguro que o cumpriria desistindo então da sua candidatura a secretário-geral.
No princípio do ano seguinte Costa borrifa-se para o documento que assinou e a moção de estratégia que aprovou renunciando ao seu mandato na câmara de Lisboa que quando foi eleito em 2013 prometera cumprir até ao fim.
Depois da eleições gregas no princípio do ano Costa apontou o Syriza como farol da Europa («a vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha») para pouco depois, ao ver o fiasco em que o governo de Tsipras se afundou, apelidar o Syriza de «tonto».
Já este ano Costa prometeu implicitamente apoiar Nóvoa como candidato para poucos meses depois o deixar escorregar pela borda.
Quando foram conhecidos os resultados das eleições de 4 de Outubro, Costa disse que a coligação que tinha mais deputados deveria devia formar governo para os dias seguintes procurar a todo o custo acordos com comunistas e berloquistas.
DIÁRIO DE BORDO: A terra vista do céu (35)
[Outras terras vistas de outros céus]
Lake Stanley Draper, Oklahoma @THE.JEFFERSON.GRID Gallery Image (Wired) |
12/10/2015
DIÁRIO DE BORDO: Muitos são chamados, mas poucos escolhidos
Algures no Brasil profundo, a ver frequentemente inúmeros trabalhadores a realizar tarefas que requereriam muito menos (por exemplo, esta manhã no hotel ao pequeno-almoço, que aqui chamam café da manhã, havia mais empregados do que clientes), dei comigo a pensar que os países do terceiro mundo, perdão, os países subdesenvolvidos, perdão, os países em vias de desenvolvimento, perdão, os países emergentes, constituem um paradigma das soluções propostas pelos keynesianos (que, desconfio, fariam Keynes revolver-se na tumba) para criar emprego e promover o crescimento.
11/10/2015
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Coisas que outros escreveram sobre Costa, as quais, por isso, já não precisam de ser escritas (23)
Outras coisas: «Para mim Costa não é um mistério», «Coisas que outros escreveram sobre Costa, as quais...»
«Há quem diga que António Costa, com este namoro à esquerda, vai pôr em perigo o futuro do Partido Socialista. Não é assim: Costa já destruiu em boa parte o PS.
E porquê? Porque o PS deixou de ser um partido em que se possa confiar.
Antes, havia uma certeza: os eleitores moderados podiam votar tranquilamente no PS pois este não levaria o PCP para o Governo. Ora, suceda o que suceder, esta certeza deixou de existir. Mesmo que o acordo à esquerda não se confirme (e eu penso que não se confirmará), essa garantia de que o PS não daria as mãos aos comunistas acabou.
Mas o contrário também é verdade. Se o PS, depois de ter insinuado que pode fazer uma coligação de esquerda, deixar passar um Governo do PSD/CDS, será visto como um traidor pela esquerda. Será visto como alguém que andou durante todos estes dias a enganar a esquerda. E se a esquerda já não gostava dele antes, passará a detestá-lo.
Este ziguezague entre a esquerda e a direita já começara a fazer estragos com a questão presidencial. António Costa deu extemporaneamente a ideia de que apoiaria Sampaio da Nóvoa – provocando com isso uma reação no partido e o avanço de Maria de Belém. Ou seja, também aqui Costa conseguiu partir ao meio o PS – entregando o poder ao candidato da direita, Marcelo Rebelo de Sousa.
Alguns acharam ‘muito hábeis’ estas manobras de António Costa. O resultado está à vista. Há quem já tenha abandonado o campo antes de o jogo acabar, como Sérgio Sousa Pinto. Por este caminho, seguir-se-ão Francisco Assis, Vera Jardim, António Vitorino, Maria de Belém, Álvaro Beleza, António Galamba, etc.
Mas, aconteça o que acontecer, a credibilidade do PS já foi seriamente abalada.»
«Costa já está a destruir o PS», José António Saraiva no jornal SOL
«Há quem diga que António Costa, com este namoro à esquerda, vai pôr em perigo o futuro do Partido Socialista. Não é assim: Costa já destruiu em boa parte o PS.
E porquê? Porque o PS deixou de ser um partido em que se possa confiar.
Antes, havia uma certeza: os eleitores moderados podiam votar tranquilamente no PS pois este não levaria o PCP para o Governo. Ora, suceda o que suceder, esta certeza deixou de existir. Mesmo que o acordo à esquerda não se confirme (e eu penso que não se confirmará), essa garantia de que o PS não daria as mãos aos comunistas acabou.
Mas o contrário também é verdade. Se o PS, depois de ter insinuado que pode fazer uma coligação de esquerda, deixar passar um Governo do PSD/CDS, será visto como um traidor pela esquerda. Será visto como alguém que andou durante todos estes dias a enganar a esquerda. E se a esquerda já não gostava dele antes, passará a detestá-lo.
Este ziguezague entre a esquerda e a direita já começara a fazer estragos com a questão presidencial. António Costa deu extemporaneamente a ideia de que apoiaria Sampaio da Nóvoa – provocando com isso uma reação no partido e o avanço de Maria de Belém. Ou seja, também aqui Costa conseguiu partir ao meio o PS – entregando o poder ao candidato da direita, Marcelo Rebelo de Sousa.
Alguns acharam ‘muito hábeis’ estas manobras de António Costa. O resultado está à vista. Há quem já tenha abandonado o campo antes de o jogo acabar, como Sérgio Sousa Pinto. Por este caminho, seguir-se-ão Francisco Assis, Vera Jardim, António Vitorino, Maria de Belém, Álvaro Beleza, António Galamba, etc.
Mas, aconteça o que acontecer, a credibilidade do PS já foi seriamente abalada.»
«Costa já está a destruir o PS», José António Saraiva no jornal SOL
Lost in translation (252) – A imprensa amiga é como as mãezinhas para os cábulas seus filhos
«Costa passou de político "has been" para líder político central na vida política nacional e charneira na definição do próximo ciclo político.»
Foi assim que o jornalista do Expresso descreveu em As Escolhas do Editor como Costa, clamorosamente derrotado nas eleições que, como o Impertinente aqui escreveu seriam ganhas até por um coxo (socialista), para salvar o que resta da sua vida política, se agarra, como um náufrago a uma bóia furada, a uma mirífica aliança com comunistas e berloquistas numa espécie de frente popular que consumirá o PS e arruinará o país.
«Se era difícil confiar em alguém que nem sabíamos se acreditava no seu programa eleitoral, agora é impossível confiar num político que procura mudar as regras do jogo apenas para salvar a sua pele» escreveu José Manuel Fernandes no Observador. Não posso estar mais de acordo.
Foi assim que o jornalista do Expresso descreveu em As Escolhas do Editor como Costa, clamorosamente derrotado nas eleições que, como o Impertinente aqui escreveu seriam ganhas até por um coxo (socialista), para salvar o que resta da sua vida política, se agarra, como um náufrago a uma bóia furada, a uma mirífica aliança com comunistas e berloquistas numa espécie de frente popular que consumirá o PS e arruinará o país.
«Se era difícil confiar em alguém que nem sabíamos se acreditava no seu programa eleitoral, agora é impossível confiar num político que procura mudar as regras do jogo apenas para salvar a sua pele» escreveu José Manuel Fernandes no Observador. Não posso estar mais de acordo.
10/10/2015
Dúvidas (125) - Para quando a candidatura de um tetraplégico?
Vão decorrer obras em S Bento para acolher o novel deputado paraplégico do Berloque de Esquerda. Teremos um tetraplégico na próxima legislatura? Um exagero? De modo algum, pois, se se somos uma democracia asmática, é porque já temos uma maioria de deputados com respiração assistida.
ESTADO DE SÍTIO: Na educação privada predomina a selecção natural, na pública a artificial
«De acordo com o estudo “Ranking das escolas: o impacto nas escolas públicas e privadas”, apresentado esta quarta-feira, quase metade (40%) dos colégios privados posicionados no quartil de classificação mais baixo em 2003, já não estava em funcionamento sete anos depois. Já a percentagem de fechos entre as “piores” escolas públicas ficou-se pelos 14%.» (Observador)
09/10/2015
Dúvidas (124) – He, She or It?
As reacções indignadas do movimento politicamente correcto, e em particular da sua secção LBGT, dirigem-se à classificação do gay Quintanilha como «ele» ou como «ela» ou à dúvida per se?
O nosso amigo AB inclina-se para a dúvida e escreve:
«José Rodrigues dos Santos vai pedir desculpas a Alexandre Quintanilha mas não sabe se Quintanilha vai dizer ‘obrigado’ ou ‘obrigada’»
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Democracia asmática
«Num país democrático qualquer solução governativa teria de ser negociada com os deputados eleitos. Em Portugal, a vontade dos deputados é olimpicamente ignorada e as negociações decorrem apenas entre os cabecilhas.
Quando for encontrada uma solução exequível, os deputados serão obrigados a votar no que lhes mandarem. Pergunta: todos os deputados do PS estarão dispostos a apoiar um governo da "maioria de esquerda"? Ou, todos os deputados da coligação apoiarão uma maioria do centro (PS/PSD/CDS)? Querem maior desrespeito pela AR?»
Portugal Contemporâneo
Quando for encontrada uma solução exequível, os deputados serão obrigados a votar no que lhes mandarem. Pergunta: todos os deputados do PS estarão dispostos a apoiar um governo da "maioria de esquerda"? Ou, todos os deputados da coligação apoiarão uma maioria do centro (PS/PSD/CDS)? Querem maior desrespeito pela AR?»
Portugal Contemporâneo
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (34) – Aliviar, alivia, de momento alivia o crescimento no Japão (V)
Outras marteladas. Continuação de (I), (II), (III) e (IV)
O quantitative easing (QE) após três anos a fazer parte da caixa de ferramentas das Abenomics, as políticas económicas de Shinzo Abe, o primeiro-ministro japonês, continua a não mostrar os resultados esperados. Depois do 2.º trimestre tudo indica que o 3.º trimestre continuará em recessão e a deflação voltou em Agosto - não que a deflação seja em si um problema, é apenas um problema para as Abenomics que pretendem com o QE resolver um problema que não chega a sê-lo.
Problema serão os resultados do QE a médio prazo: bolhas nos mercados de capitais e no mercado imobiliário, mau investimento, riscos excessivos, etc. Nada disto diminui o entusiasmo do BoJ que ampliou uma vez mais o programa anual de QE para mais de 700 mil milhões de dólares.
O quantitative easing (QE) após três anos a fazer parte da caixa de ferramentas das Abenomics, as políticas económicas de Shinzo Abe, o primeiro-ministro japonês, continua a não mostrar os resultados esperados. Depois do 2.º trimestre tudo indica que o 3.º trimestre continuará em recessão e a deflação voltou em Agosto - não que a deflação seja em si um problema, é apenas um problema para as Abenomics que pretendem com o QE resolver um problema que não chega a sê-lo.
Economist |
08/10/2015
Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (49) - Explicando a coisa por miúdos
No domingo Costa defendia que a coligação PSD-CDS deveria formar governo por ter o maior número de deputados. Na 2.ª feira a Comissão Política do PS mandata Costa para falar com toda a gente, diz que não fecha a porta a entendimentos com a esquerda e com a direita e recusa um governo com a coligação por incompatibilidade programática. Ou seja só aceita entendimentos com comunistas e esquerdista que defendem a saída do Euro ou/e da União Europeia, o abandono da NATO, o incumprimento da dívida pública, as nacionalizações, etc. e tal.
E tudo isto porquê? Ora porque, segundo Costa, apesar de a coligação ter mais votos e mais deputados não tem legitimidade democrática para governar contra a maioria de esquerda. Ah é? E porque não pode a coligação com 38,5% dos votos governar se o PS em 2009 governou com 36,6%? Ora porque o PS é de esquerda, Costa é o ungido e uma coisa é ter menos votos do que a esquerda e outra coisa é ter menos votos do que a esquerda mais a direita, porque, segundo Costa, é mais o que une o PS ao PCP e ao BE do que o que os divide (ver parágrafo anterior).
E tudo isto porquê? Ora porque, segundo Costa, apesar de a coligação ter mais votos e mais deputados não tem legitimidade democrática para governar contra a maioria de esquerda. Ah é? E porque não pode a coligação com 38,5% dos votos governar se o PS em 2009 governou com 36,6%? Ora porque o PS é de esquerda, Costa é o ungido e uma coisa é ter menos votos do que a esquerda e outra coisa é ter menos votos do que a esquerda mais a direita, porque, segundo Costa, é mais o que une o PS ao PCP e ao BE do que o que os divide (ver parágrafo anterior).
07/10/2015
ACREDITE SE QUISER: A exposição corporal não dá expressão eleitoral
«Joana Amaral Dias teve menos votos do que leitores da “Cristina”
A líder da coligação Agir/PTP/MAS Joana Amaral Dias apresentou-se nestas eleições com o objetivo claro de chegar à Assembleia da República. Decidiu eleger como grandes bandeiras o combate à corrupção e à “ditadura” alemã, mas acabou por ser notícia depois de ter posado sem roupa não uma, mas duas vezes, (... apesar disso) conseguiu apenas 20.690 votos, bem abaixo do valor de circulação da revista Cristina.»
(Observador)
A líder da coligação Agir/PTP/MAS Joana Amaral Dias apresentou-se nestas eleições com o objetivo claro de chegar à Assembleia da República. Decidiu eleger como grandes bandeiras o combate à corrupção e à “ditadura” alemã, mas acabou por ser notícia depois de ter posado sem roupa não uma, mas duas vezes, (... apesar disso) conseguiu apenas 20.690 votos, bem abaixo do valor de circulação da revista Cristina.»
(Observador)
06/10/2015
CASE STUDY: As previsões do marxismo-leninismo são comparáveis às profecias de Nostradamus (4)
[Continuação de (3)]
«The combination of Lenin's genius for propaganda and an audience receptive to his thesis allowed his theory of imperialism to be widely accepted among intellectuals, activists and people in the Third World. Exploitation is a virtually perfect political explanation of income differences. It validates whatever envy or resentment may be felt by people with lower incomes toward people with higher incomes. It removes whatever stigma may be felt from implications of lower ability or lower performance on the part of those with lower incomes. It locates the need for change in other people, rather than imposing the burden of change on those who wish to rise. Moreover, it replaces any such burdensome task with a morally uplifting sense of entitlement. Whatever the empirical and logical problems with the theory of exploitation, political movements are seldom based on empirical evidence and logic.
Those who blamed the poverty of Third World nations on colonialism continued to blame the legacy of colonialism for decades after most of these Third World colonies became independent nations. The same belief provided a basis for independent Third World nations to confiscate the property of foreign investors who were seen as "exploiters". ln the places where there were sizable European settler communities, as in Zimbabwe or South Africa, such beliefs provided rationales for dispossessing the European settlers. However, in doing so, Third World governments inadvertently revealed the fallacy of the belief that physical wealth was crucial.
If it was, such confiscations would improve the economic conditions of the indigenous population. But, if it was the internal knowledge, skills, and cultural patterns which produced prosperity, then the transfer of physical wealth from those who had the necessary knowledge, skills, and cultural patterns to those who did not would have very different consequences. The African nation of Zimbabwe was an all too typical example. Zimbabwe repudiated the last remnants of its colonial past in the early twenty-first century by dispossessing white landowners, with these results, as reported the New York Times:
Exploitation, Economic Facts and Fallacies, Thomas Sowell
«The combination of Lenin's genius for propaganda and an audience receptive to his thesis allowed his theory of imperialism to be widely accepted among intellectuals, activists and people in the Third World. Exploitation is a virtually perfect political explanation of income differences. It validates whatever envy or resentment may be felt by people with lower incomes toward people with higher incomes. It removes whatever stigma may be felt from implications of lower ability or lower performance on the part of those with lower incomes. It locates the need for change in other people, rather than imposing the burden of change on those who wish to rise. Moreover, it replaces any such burdensome task with a morally uplifting sense of entitlement. Whatever the empirical and logical problems with the theory of exploitation, political movements are seldom based on empirical evidence and logic.
Those who blamed the poverty of Third World nations on colonialism continued to blame the legacy of colonialism for decades after most of these Third World colonies became independent nations. The same belief provided a basis for independent Third World nations to confiscate the property of foreign investors who were seen as "exploiters". ln the places where there were sizable European settler communities, as in Zimbabwe or South Africa, such beliefs provided rationales for dispossessing the European settlers. However, in doing so, Third World governments inadvertently revealed the fallacy of the belief that physical wealth was crucial.
If it was, such confiscations would improve the economic conditions of the indigenous population. But, if it was the internal knowledge, skills, and cultural patterns which produced prosperity, then the transfer of physical wealth from those who had the necessary knowledge, skills, and cultural patterns to those who did not would have very different consequences. The African nation of Zimbabwe was an all too typical example. Zimbabwe repudiated the last remnants of its colonial past in the early twenty-first century by dispossessing white landowners, with these results, as reported the New York Times:
“For close to seven years, Zimbabwe's economy and quality of life have been in slow, uninterrupted decline. They are still declining this year, people there say, with one notable difference: the pace is no longer so slow ...
In recent weeks, the national power authority has warned of a collapse of electrical service. A breakdown in water treatment has set off a new outbreak of cholera in the capital, Harare. All public services were cut off in Marondera, a regional capital of 50,000 in eastern Zimbabwe, after the city ran out of money to fix broken equipment. ln Chitungwiza just south of Harare, electricity is supplied only four days a week.”»
Exploitation, Economic Facts and Fallacies, Thomas Sowell
05/10/2015
Dúvidas (123) - Quererá António José Seguro atropelar Costa?
«Motorista de Seguro pode avançar contra António Costa» (Observador)
A anunciada transformação do PS de saco de gatos em covil de hienas prossegue em bom ritmo,
A anunciada transformação do PS de saco de gatos em covil de hienas prossegue em bom ritmo,
Pro memoria (269) - Daniel Oliveira, uma espécie de professor Zandinga
Daniel Oliveira o politólogo que previu a morte do Berloque de Esquerda - o pequeno grande vencedor destas eleições - , aderiu ao Livre/Tempo de Avançar - o mais pequeno dos grandes derrotados, só ultrapassado pelo PS -, também deitou as cartas para antecipar porque não vai a direita governar nos próximos quatro anos».
04/10/2015
DIÁRIO DE BORDO: Morais da estória
- O povo não é completamente tonto;
- O esquerdismo do Berloque de Esquerda é mais popular do que o de Costa;
- A exibição corporal dá poucos votos;
- A opinião pública não é a opinião publicada;
- Se só votassem jornalistas teríamos um governo do Berloque de Esquerda.
Declaração (im)pertinente de voto – só se pode escolher o que está à escolha (2)
Há quatro anos e quatro meses fizemos esta declaração de voto com expectativas limitadas em relação ao que um governo PSD liderado por Passos Coelho iria ser capaz de fazer. As expectativas eram tão magras que deixaram pouco espaço para desilusões.
Hoje quase poderíamos fazer a mesma declaração de voto substituindo o animal feroz pelo pusilânime Costa e o PS de então pelo PS de agora, cuja principal diferença é ser um saco de gatos sem rumo que hoje é uma coisa e amanhã o seu contrário. O que pensamos de Costa e das suas políticas está bem patente em várias séries de posts. Por exemplo nestas:
Por tudo isso, só nos resta o voto contra o PS e o resto da esquerdalhada, apesar da coligação com um CDS autêntico pot-pourri ideológico que tem sido um alfobre de socialistas orgânicos, liderado pelo mais notório salta-pocinhas dos Montes Urais até aos Açores.
Impertinente ............................................ Pertinente
Hoje quase poderíamos fazer a mesma declaração de voto substituindo o animal feroz pelo pusilânime Costa e o PS de então pelo PS de agora, cuja principal diferença é ser um saco de gatos sem rumo que hoje é uma coisa e amanhã o seu contrário. O que pensamos de Costa e das suas políticas está bem patente em várias séries de posts. Por exemplo nestas:
- Coisas que outros escreveram sobre Costa
- Costa, o devedor de promessas
- Costa com «obra feita» em Lisboa. Amanhã em Portugal?
Por tudo isso, só nos resta o voto contra o PS e o resto da esquerdalhada, apesar da coligação com um CDS autêntico pot-pourri ideológico que tem sido um alfobre de socialistas orgânicos, liderado pelo mais notório salta-pocinhas dos Montes Urais até aos Açores.
Impertinente ............................................ Pertinente
03/10/2015
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (118) - Será que os socialistas pensam que os portugueses são estúpidos? (II)
[Sequência de (I)]
Depois de ziguezaguear durante muitos meses e delapidar o modesto património que Seguro lhe deixou, face à provável derrota que transformará o PS de saco de gatos em covil de hienas e lhe acabará com a carreira política, António Costa em desespero insinua que poderá manter-se no ar com «um governo de geometria variável que na hora de negociar, tanto pode virar-se à esquerda como à direita», como escreveu o Observador.
Em rigor, a variabilidade da geometria limitar-se-ia a enfiar na aeronave como contrapeso uns quantos berloquistas, confirmando assim o que o Telegraph escreveu (via Observador):
Depois de ziguezaguear durante muitos meses e delapidar o modesto património que Seguro lhe deixou, face à provável derrota que transformará o PS de saco de gatos em covil de hienas e lhe acabará com a carreira política, António Costa em desespero insinua que poderá manter-se no ar com «um governo de geometria variável que na hora de negociar, tanto pode virar-se à esquerda como à direita», como escreveu o Observador.
Em rigor, a variabilidade da geometria limitar-se-ia a enfiar na aeronave como contrapeso uns quantos berloquistas, confirmando assim o que o Telegraph escreveu (via Observador):
«Enquanto o PS insiste que é um animal diferente do movimento radical Syriza na Grécia, há uma notável semelhança em algumas das propostas e da linguagem pré-eleitoral. O Syriza também se comprometia em manter as regras da UEM [União Económica e Monetária], enquanto que ao mesmo tempo fazia campanha por medidas que tinham como intenção provocar uma colisão frontal com os credores.»
02/10/2015
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (117) - Será que os socialistas pensam que os portugueses são estúpidos?
«Mas se não levo a sério a hipótese de uma coligação governamental entre o PS e o BE, acho que vale a pena fazer algumas considerações sobre as teses e as contradições socialistas sobre coligações. Uma coligação que governou durante quatro anos, que decidiu concorrer às eleições com um programa político conjunto, segundo as brilhantes cabeças socialistas “desfaz-se no dia 5 de Outubro.” Mas outra coligação – PS/BE – que nunca existiu, nunca governou, em que os dois partidos fizeram campanha um contra o outro e nem sequer se entendem sobre uma questão fundamental como a participação no Euro, goza de toda a legitimidade política para formar governo. Será que o PS ainda não percebeu que esta falta de respeito pelos portugueses explica a falta de confiança do eleitorado nos socialistas? Será que os socialistas pensam que os portugueses são estúpidos? Se não pensam, parece. O que, de resto, é muito estúpido.»
O Presidente e as coligações, João Marques de Almeida no Observador
O Presidente e as coligações, João Marques de Almeida no Observador
CASE STUDY: As previsões do marxismo-leninismo são comparáveis às profecias de Nostradamus (3)
«Perhaps the most famous and most influential explanation of economic differences between rich and poor nations was V. l. Lenin’s Imperialism. lt was a masterpiece in the art of persuasion, for it convinced many highly educated people around the world, not only in the absence of compelling empirical evidence, but in defiance of a large body of hard evidence to the contrary.
The thesis of Imperialism was that industrial capitalist nations had surplus capital, which would drive down the rate of profit over time in accordance with Marxist theory, unless it were exported to the nonindustrial poorer nations of the world, where it could find a wider field for exploitation. What Lenin called the "super profits" to be earned in these poorer nations would save capitalism in the industrial nations and even allow them to share some of the fruits of their exploitation with their own working-classes, so as to keep them quiescent and forestall the proletarian revolution which Marx had predicted, but which by Lenin's time showed no signs of materializing. This theory thus neatly explained away the failure of Marx's predictions and at the same time provided a politically satisfying explanation of income differences between rich and poor nations.
A table of statistics in Imperialism provided a crucial summary evidence for Lenin's theory. The countries listed in capital letters across the top of the table are the industrial capitalist nations that were investing the various sums of money shown in the places listed in smaller letters along the side of the table - supposedly in the poorer and less industrially developed parts of the world. But the huge and heterogeneous categories - for example, "America," meaning the entire Western Hemisphere - make it impossible to know whether the industrial nations' investments are being made in the less industrial parts of these sweeping categories or in the more industrialized parts. However, data from other sources make it clear that in fact most of the foreign investments of prosperous industrial nations went to other prosperous industrial nations - then and now.
The United States was then, and is today, the largest recipient of foreign investment from Europe. Likewise, the foreign investments of Americans went primarily to other prosperous modern nations, not to the Third World. For most of the twentieth century, the United States invested more in Canada than in all of Africa and Asia put together. Only the economic rise of postwar Japan and, later, other Asian industrializing nations, attracted American investments to Asia on a large scale in the latter part of the twentieth century. In short, the actual pattern of international investments went directly opposite to the theories of Lenin, who concealed that fact within his large and heterogeneous categories of investment recipients.»
Exploitation, Economic Facts and Fallacies, Thomas Sowell
(Continua)
The thesis of Imperialism was that industrial capitalist nations had surplus capital, which would drive down the rate of profit over time in accordance with Marxist theory, unless it were exported to the nonindustrial poorer nations of the world, where it could find a wider field for exploitation. What Lenin called the "super profits" to be earned in these poorer nations would save capitalism in the industrial nations and even allow them to share some of the fruits of their exploitation with their own working-classes, so as to keep them quiescent and forestall the proletarian revolution which Marx had predicted, but which by Lenin's time showed no signs of materializing. This theory thus neatly explained away the failure of Marx's predictions and at the same time provided a politically satisfying explanation of income differences between rich and poor nations.
A table of statistics in Imperialism provided a crucial summary evidence for Lenin's theory. The countries listed in capital letters across the top of the table are the industrial capitalist nations that were investing the various sums of money shown in the places listed in smaller letters along the side of the table - supposedly in the poorer and less industrially developed parts of the world. But the huge and heterogeneous categories - for example, "America," meaning the entire Western Hemisphere - make it impossible to know whether the industrial nations' investments are being made in the less industrial parts of these sweeping categories or in the more industrialized parts. However, data from other sources make it clear that in fact most of the foreign investments of prosperous industrial nations went to other prosperous industrial nations - then and now.
The United States was then, and is today, the largest recipient of foreign investment from Europe. Likewise, the foreign investments of Americans went primarily to other prosperous modern nations, not to the Third World. For most of the twentieth century, the United States invested more in Canada than in all of Africa and Asia put together. Only the economic rise of postwar Japan and, later, other Asian industrializing nations, attracted American investments to Asia on a large scale in the latter part of the twentieth century. In short, the actual pattern of international investments went directly opposite to the theories of Lenin, who concealed that fact within his large and heterogeneous categories of investment recipients.»
Exploitation, Economic Facts and Fallacies, Thomas Sowell
(Continua)
01/10/2015
SERVIÇO PÚBLICO: Cortar na despesa ou aumentar os impostos?
Economist |
Dúvidas (122) – A vida imita a arte?
«Bombardeamento contra festa de casamento no Iémen faz 131 mortos» (Público)
Salvo erro na 4.ª temporada da série Homeland (Segurança Nacional), Carrie Mathison (Clara Danes) conduz a partir do Paquistão um ataque de drones a um local onde se supunha estar um líder taliban. O ataque veio a revelar-se um fiasco. Era uma armadilha – tratava-se de uma festa de casamento, onde aliás o líder taliban não se encontrava.
Salvo erro na 4.ª temporada da série Homeland (Segurança Nacional), Carrie Mathison (Clara Danes) conduz a partir do Paquistão um ataque de drones a um local onde se supunha estar um líder taliban. O ataque veio a revelar-se um fiasco. Era uma armadilha – tratava-se de uma festa de casamento, onde aliás o líder taliban não se encontrava.