31/03/2014
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Antes que seja tarde…
Ponhamos os olhos na Frente Nacional e no perigo da ideologia totalitária em França, o farol histórico que ilumina as nossas elites, e sigamos a proposta blasfema fazendo uma manif, assinando uma petição ou pelo menos um manifesto contra o partido português «que defende uma ideologia totalitária, que defende os regimes mais iníquos do planeta».
DIÁRIO DE BORDO: O esquerdismo tem cura se for tratado na juventude
Como que a demonstrar, mais uma vez (outros casos notórios: José Manuel Fernandes e Helena Matos ou o mais notório de todos Durão Barroso), que o esquerdismo só é incurável nas idades avançadas (professor doutor Louçã) ou muito avançadas (doutor Mário Soares), José Félix Ribeiro, economista e antigo subdirector do Departamento de Prospectiva e Planeamento do ministério da Economia, parece ter produzido uma dúzia de ideias fora da caixa dominante no seu livro «A economia de uma nação rebelde» (ainda não li). Cito apenas uma delas, que pessoalmente defendo há muito, referida em entrevista ao Expresso: «não faz sentido tributar os lucros das empresas. Se distribuírem lucros devia depois tributar-se no rendimento».
PS: É claro que quase nada é definitivo na vida e, por isso, pode ocorrer recidiva. O exemplo recente mais notório é o do camarada Pacheco Pereira.
PS: É claro que quase nada é definitivo na vida e, por isso, pode ocorrer recidiva. O exemplo recente mais notório é o do camarada Pacheco Pereira.
Mitos (159) - a pesada herança da longa noite fascista (VIII)
30/03/2014
SERVIÇO PÚBLICO: Os segredos de Polichinelo da governação socrática
Como aqui procurei mostrar, nas vésperas da intervenção da troika a tesouraria do governo de José Sócrates estava praticamente seca – uma realidade que as luminárias socialistas sempre negaram, mentindo descaradamente com a ajuda do jornalismo de causas e dos opinion dealers do regime. Não havia dinheiro senão para uns 4-5 dias de despesa, pensava.
Estava enganado. Segundo revelou Durão Barroso na sua entrevista ao Expresso, «Portugal, de acordo com o que comunicou a nível técnico, tinha pouco mais de 300 milhões em caixa», ou seja menos de um dia de despesa média.
Na mesma entrevista revela ainda Durão Barroso ter chamado «três vezes Vítor Constâncio a S. Bento para saber se aquilo do BPN era verdade», o que vem confirmar as enormes responsabilidades em relação ao BPN do ministro anexo, que haveria durante o governo de José Sócrates de revelar-se incondicionalmente ao serviço das políticas que conduziram o país à bancarrota.
Estava enganado. Segundo revelou Durão Barroso na sua entrevista ao Expresso, «Portugal, de acordo com o que comunicou a nível técnico, tinha pouco mais de 300 milhões em caixa», ou seja menos de um dia de despesa média.
Na mesma entrevista revela ainda Durão Barroso ter chamado «três vezes Vítor Constâncio a S. Bento para saber se aquilo do BPN era verdade», o que vem confirmar as enormes responsabilidades em relação ao BPN do ministro anexo, que haveria durante o governo de José Sócrates de revelar-se incondicionalmente ao serviço das políticas que conduziram o país à bancarrota.
CASE STUDY: O banco do regime afunda-se com o regime? (2)
Continuação de (1)
O Expresso, algo surpreendentemente (e isto é um louvor), apesar das 8-páginas inteiras-8 de publicidade pagas pelo BES, publicou em 2-páginas-2 um photomaton da situação financeira periclitante do emaranhado que é o grupo Espírito Santo, retrato sombrio devidamente contrabalançado por 2-fotos-2 de Ricardo Salgado, uma delas na primeira página do suplemento de Economia arvorando um discreto sorriso e um ar de «estou muito satisfeito comigo».
Em resumo, ficamos a saber pelo photomaton do Expresso que o ESI, apesar do papel comercial que o BES vendeu aos seus balcões e para garantia do qual o ESFG terá que constituir 700 milhões de provisões, tem insuficiências financeiras de 2,5 mil milhões. Ficámos nomeadamente a saber que através da camuflada teia de participações tecida pelos Espíritos uma participação de 5-por cento-5 da família permite-lhe controlar o banco e dezenas de outras empresas
O Expresso, algo surpreendentemente (e isto é um louvor), apesar das 8-páginas inteiras-8 de publicidade pagas pelo BES, publicou em 2-páginas-2 um photomaton da situação financeira periclitante do emaranhado que é o grupo Espírito Santo, retrato sombrio devidamente contrabalançado por 2-fotos-2 de Ricardo Salgado, uma delas na primeira página do suplemento de Economia arvorando um discreto sorriso e um ar de «estou muito satisfeito comigo».
Em resumo, ficamos a saber pelo photomaton do Expresso que o ESI, apesar do papel comercial que o BES vendeu aos seus balcões e para garantia do qual o ESFG terá que constituir 700 milhões de provisões, tem insuficiências financeiras de 2,5 mil milhões. Ficámos nomeadamente a saber que através da camuflada teia de participações tecida pelos Espíritos uma participação de 5-por cento-5 da família permite-lhe controlar o banco e dezenas de outras empresas
SERVIÇO PÚBLICO: A concertação social é desconcertante
Entre os economistas da economia mediática (os tais 200 palhaços que vão à televisão falar de economia, incluindo o inventor da expressão, o economista João César das Neves), os dedos de uma mão chegam para contar os que não praticam a economia de causas e não fazem o discurso preguiçoso e engraxador do pensamento dominante. Assim de repente, além do próprio César das Neves, só me ocorrem mais dois: Vítor Bento e José Ferreira Machado.
Ferreira Machado é director da Nova School of Business and Economics e escreve regularmente no jornal SOL. Esta semana abordou o tema da mitologia da concertação social pondo a nu dois factos que explicam o verdadeiro papel desta tão celebrada instituição do estado social.
O primeiro facto é a taxa de sindicalização do sector empresarial privado ser pouco mais de 10% e tudo indica os sindicalizados serem sobretudo trabalhadores das maiores empresas. O segundo facto é que as associações empresariais representam sobretudo essas mesmas maiores empresas. Estes dois factos têm várias consequências:
Ferreira Machado é director da Nova School of Business and Economics e escreve regularmente no jornal SOL. Esta semana abordou o tema da mitologia da concertação social pondo a nu dois factos que explicam o verdadeiro papel desta tão celebrada instituição do estado social.
O primeiro facto é a taxa de sindicalização do sector empresarial privado ser pouco mais de 10% e tudo indica os sindicalizados serem sobretudo trabalhadores das maiores empresas. O segundo facto é que as associações empresariais representam sobretudo essas mesmas maiores empresas. Estes dois factos têm várias consequências:
- As microempresas e as PME que estão a mostrar maior dinamismo e a criar emprego não estão representadas;
- Os interesses laborais representados são os dos trabalhadores com remunerações mais elevadas;
- Os desempregados e os que procuram activamente trabalho ou lançar um pequeno negócio não estão representados.
- Por via das portarias de extensão, só agora suspensas, os contratos colectivos negociados pelos sindicatos que representam 10% dos trabalhadores têm influenciado 90% dos contratos de trabalho, em empresas e sectores sem condições para pagarem a bitola das maiores empresas e continuarem competitivas;
- As associações empresariais cujos associados pagam acima ou muito acima do salário mínimo têm defendido o seu aumento com um propósito que só pode ser o de criar uma barreira artificial à entrada de concorrentes sem capacidade para pagar salários mais elevados.
LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE : «The women who created the technology industry» (3)
[De uma série de Lyndsey Gilpin no TechRepublic no Women's History Month]
29/03/2014
Chávez & Chávez, Sucessores (19) – O caminho para a servidão percorre-se com a ajuda de teorias da conspiração
Sempre foi assim e sempre assim será em todas as revoluções socialistas. Na modalidade bolivariana acresce já não haver títeres com talento suficiente e ainda menos ajudantes capazes de iludirem de forma não completamente estúpida a opinião pública (na Venezuela «opinião pública» é uma figura de estilo).
E foi assim que a ministra da Comunicação e Informação da Venezuela, Delcy Rodríguez, anunciou ir investigar «o diário El Aragüeño (que) envia mensagens cifradas vinculadas à conspiração e à violência nas suas palavras cruzadas!»
Sabe-se que o regime castrista fornece conselho para a manipulação das mentes dos crentes e mão-de-obra para a manipulação dos corpos dos que perderam a fé, a troco de petróleo e dólares para aliviar a miséria da revolução socialista cubana. O que me leva a concluir que a consultoria castrista já viu melhores dias.
E foi assim que a ministra da Comunicação e Informação da Venezuela, Delcy Rodríguez, anunciou ir investigar «o diário El Aragüeño (que) envia mensagens cifradas vinculadas à conspiração e à violência nas suas palavras cruzadas!»
Sabe-se que o regime castrista fornece conselho para a manipulação das mentes dos crentes e mão-de-obra para a manipulação dos corpos dos que perderam a fé, a troco de petróleo e dólares para aliviar a miséria da revolução socialista cubana. O que me leva a concluir que a consultoria castrista já viu melhores dias.
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Vamos todos fingir que não sabemos do que se trata
Secção Com a verdade me enganas
Qualquer alma atenta à (in)sustentabilidade da Segurança Social tinha obrigação de perceber que, mais cedo que tarde, seria impossível pagar aos 3,6 milhões de pensionistas, que têm agora menos de 1,3 activos cada um a contribuir para a sua pensão, promessas maiores do que há cinquenta anos quando ainda havia mais de 20 activos a pagar para cada pensionista.
Seja por desatenção, seja pela proverbial dificuldade dos tugas em lidar com números, seja por outra razão, a coisa foi sendo enfiada para debaixo do tapete com 4 ou 5 reformas do sistema que seriam para valer pelos próximos cinquenta anos e se ficaram pelos cinco seguintes.
Contudo, pelo menos desde o MoU, assinado há 3 anos pelo governo de José Sócrates, toda a gente deveria estar consciente que em termos reais as pensões teriam de ser reduzidas e a idade para a reforma aumentada. Sobretudo as criaturas que se indignaram e se manifestaram contra essa medida.
É por isso que, a propósito da incontinência verbal de um secretário de Estado a falar para jornalistas num «encontro informal no ministério das Finanças», se torna difícil compreender mais um surto de indignação do jornalismo de causas, dos opinion dealers e das várias corporações que se dedicam a defender o primeiro e o segundo decil dos pensionistas potencialmente atingidos pelas reduções (no regime geral apenas 22% têm pensões superiores a 500 euros).
Já quanto aos políticos de esquerda latu sensu (os de direita latu sensu bem gostariam de os imitar mas estão no governo e foram atropelados pela realidade), percebe-se melhor porque o negócio deles é a mistificação dos eleitores que gostosamente se deixam mistificar.
Por tudo isso, atribuo ao secretário garganta-funda 5 chateaubriands por ter confundido os jornalistas com gente amante do rigor e da verdade, outros 5 às corporações que confundem o interesse da parte com o interesse do todo dos seus representados e 5 bourbons aos jornalistas de causas, opinion dealers e políticos que mistificaram o tema por fazerem o que sempre fazem. Aqueles, poucos, de entre eles que compreendem verdadeiramente o que está em causa levam 5 ignóbeis.
Qualquer alma atenta à (in)sustentabilidade da Segurança Social tinha obrigação de perceber que, mais cedo que tarde, seria impossível pagar aos 3,6 milhões de pensionistas, que têm agora menos de 1,3 activos cada um a contribuir para a sua pensão, promessas maiores do que há cinquenta anos quando ainda havia mais de 20 activos a pagar para cada pensionista.
Seja por desatenção, seja pela proverbial dificuldade dos tugas em lidar com números, seja por outra razão, a coisa foi sendo enfiada para debaixo do tapete com 4 ou 5 reformas do sistema que seriam para valer pelos próximos cinquenta anos e se ficaram pelos cinco seguintes.
Contudo, pelo menos desde o MoU, assinado há 3 anos pelo governo de José Sócrates, toda a gente deveria estar consciente que em termos reais as pensões teriam de ser reduzidas e a idade para a reforma aumentada. Sobretudo as criaturas que se indignaram e se manifestaram contra essa medida.
É por isso que, a propósito da incontinência verbal de um secretário de Estado a falar para jornalistas num «encontro informal no ministério das Finanças», se torna difícil compreender mais um surto de indignação do jornalismo de causas, dos opinion dealers e das várias corporações que se dedicam a defender o primeiro e o segundo decil dos pensionistas potencialmente atingidos pelas reduções (no regime geral apenas 22% têm pensões superiores a 500 euros).
Já quanto aos políticos de esquerda latu sensu (os de direita latu sensu bem gostariam de os imitar mas estão no governo e foram atropelados pela realidade), percebe-se melhor porque o negócio deles é a mistificação dos eleitores que gostosamente se deixam mistificar.
Por tudo isso, atribuo ao secretário garganta-funda 5 chateaubriands por ter confundido os jornalistas com gente amante do rigor e da verdade, outros 5 às corporações que confundem o interesse da parte com o interesse do todo dos seus representados e 5 bourbons aos jornalistas de causas, opinion dealers e políticos que mistificaram o tema por fazerem o que sempre fazem. Aqueles, poucos, de entre eles que compreendem verdadeiramente o que está em causa levam 5 ignóbeis.
28/03/2014
Pro memoria (167) – Os credores parecem acreditar cada vez mais, mas ainda não o suficiente (III)
Esta já é a terceira vez: (I) e (II).
São boas notícias? Certamente, mas, como já escrevi duas vezes nos últimos 3 meses, se medirmos a credibilidade pelos yields, hoje os credores, isto é os especuladores que nos emprestam dinheiro para nós continuarmos com a loja aberta, acreditam neste governo mais ou menos o mesmo que acreditavam no governo chefiado por José Sócrates com as Finanças entregues a Teixeira dos Santos por volta de Abril de 2010.
Fonte: Bloomberg |
Títulos inspirados (26) - «F-16 portugueses combatem nos céus da Holanda»
Começou a III Guerra Mundial? O IV Reich lançou outra blitzkrieg?
Ainda não. É apenas o delírio do jornalista de causas que descolou da realidade (a Impresa não adoptou a lei seca) e «cinco caças F-16 da Força Aérea Portuguesa (que) descolam esta sexta-feira de Monte Real rumo a um megaexercício militar».
Ainda não. É apenas o delírio do jornalista de causas que descolou da realidade (a Impresa não adoptou a lei seca) e «cinco caças F-16 da Força Aérea Portuguesa (que) descolam esta sexta-feira de Monte Real rumo a um megaexercício militar».
LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE : «The women who created the technology industry» (2)
27/03/2014
Mitos (158) – Dois em um
O ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos, que aumentou a dívida do Estado em quase 40-quarenta-40 por cento do PIB, conseguiu a proeza de alimentar dois mitos de uma só vez: o «aumento do risco de pobreza não era uma fatalidade» e, segundo ele, terá sido um facto, apesar de não ser uma fatalidade. (Económico)
Quanto ao primeiro mito, acontece que a fatalidade da obra deixada por Teixeira dos Santos, como gestor de falências de José Sócrates, mais do que tornar fatal o risco, tornou fatal a pobreza.
Quanto ao segundo mito, vou socorrer-me do trabalho de um dos meus blogues preferidos para o desfazer. Como é visível no gráfico (*), eis o que o que há «a reter sobre o “brutal aumento de pobreza”:
Após transferências de pensões, há menos pessoas em situação de risco de pobreza que em 2009;
Sem transferências sociais o aumento de situações de risco em relação a 2009 é notório mas esse aumento é colmatado com aumento de prestações sociais para os mais desfavorecidos;
O “brutal corte de pensões” não ocorreu nas pensões mais baixas, pelo contrário.
O gráfico demonstra mais igualdade, não se compreende o que aborrece os suspeitos do costume.»
(*) É claro que a coisa se pode apresentar sob a forma de um «gráfico socialista» como o primeiro gráfico deste post.
Quanto ao primeiro mito, acontece que a fatalidade da obra deixada por Teixeira dos Santos, como gestor de falências de José Sócrates, mais do que tornar fatal o risco, tornou fatal a pobreza.
Quanto ao segundo mito, vou socorrer-me do trabalho de um dos meus blogues preferidos para o desfazer. Como é visível no gráfico (*), eis o que o que há «a reter sobre o “brutal aumento de pobreza”:
Após transferências de pensões, há menos pessoas em situação de risco de pobreza que em 2009;
Sem transferências sociais o aumento de situações de risco em relação a 2009 é notório mas esse aumento é colmatado com aumento de prestações sociais para os mais desfavorecidos;
O “brutal corte de pensões” não ocorreu nas pensões mais baixas, pelo contrário.
O gráfico demonstra mais igualdade, não se compreende o que aborrece os suspeitos do costume.»
(*) É claro que a coisa se pode apresentar sob a forma de um «gráfico socialista» como o primeiro gráfico deste post.
ACREDITE SE QUISER: Procuram-se 29 mil milhões de euros subtraídos aos dependentes do Estado
«O total de medidas de austeridade aplicadas desde 2011 vai chegar, no próximo ano, a 29,4 mil milhões de euros. Uma verba astronómica correspondente a 17% do PIB e que daria, por exemplo, para pagar dois anos de salários dos funcionários públicos ou para criar praticamente trinta equipas de futebol só de Cristianos Ronaldos.»
Escreveu, há dias, enigmaticamente, o Expresso, acompanhando as sábias palavras com um belo diagrama, sem explicar onde param os 29 mil milhões tirados aos funcionários públicos e pensionistas, uma vez que, entretanto, entre 2011 e 2015, as despesas correntes (na sua maior parte compostas por salários, pensões e subsídios) aumentaram todos os anos a um ritmo tal que foram e são financiadas por dívida pública que já cresceu quase 30% do PIB.
Onde estarão escondidos os milhões? Terão caído num buraco? Terá o governo transferido a massa para um offshore?
Roga-se aos senhores jornalistas de causas do Expresso o favor de nos explicar o mistério.
Escreveu, há dias, enigmaticamente, o Expresso, acompanhando as sábias palavras com um belo diagrama, sem explicar onde param os 29 mil milhões tirados aos funcionários públicos e pensionistas, uma vez que, entretanto, entre 2011 e 2015, as despesas correntes (na sua maior parte compostas por salários, pensões e subsídios) aumentaram todos os anos a um ritmo tal que foram e são financiadas por dívida pública que já cresceu quase 30% do PIB.
Onde estarão escondidos os milhões? Terão caído num buraco? Terá o governo transferido a massa para um offshore?
Roga-se aos senhores jornalistas de causas do Expresso o favor de nos explicar o mistério.
26/03/2014
Bons exemplos (77) – Coisas que se devem ao ministro anexo Constâncio…
… por ter ido descansar para Frankfurt. São várias, mas a principal foi ter deixado de ser governador do Banco de Portugal, deixando o lugar vago para Carlos Costa que grosso modo tem cumprido as expectativas impertinentes.
Exemplo: o BdeP está a obrigar o BES a separar as suas actividades bancárias das participações de banco do regime nas empresas do regime fora da área financeira; descobriu-lhe a careca do financiamento das suas participadas através de papel comercial com que entupiu os fundos cujas unidades de participação impingiu aos clientes e last but not least obrigou a constituir uma provisão de 700 milhões e vai obrigar a mudar o modelo de governação (ver aqui a estória resumida por António Costa, o director do Económico e não o outro). Alguém imagina o ministro anexo que fechou os olhos ao BPN, BPP e BCP a encostar os Espíritos à parede?
Exemplo: o BdeP está a obrigar o BES a separar as suas actividades bancárias das participações de banco do regime nas empresas do regime fora da área financeira; descobriu-lhe a careca do financiamento das suas participadas através de papel comercial com que entupiu os fundos cujas unidades de participação impingiu aos clientes e last but not least obrigou a constituir uma provisão de 700 milhões e vai obrigar a mudar o modelo de governação (ver aqui a estória resumida por António Costa, o director do Económico e não o outro). Alguém imagina o ministro anexo que fechou os olhos ao BPN, BPP e BCP a encostar os Espíritos à parede?
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Não há pachorra para quem finge que está no mesmo lugar
«Eu não quero tornar-me monotemático em relação ao manifesto dos 74, mas ele parece-me muito emblemático desse estilo tão português que gosta de chamar “respeito democrático” à necessidade de engolir a total incoerência de posições. Nada tenho contra pessoas que mudam de ideias ou se arrependem do que fizeram no passado – acontece a todos. Mas tenho tudo contra pessoas que defendem hoje o contrário do que defenderam ontem fingindo ao mesmo tempo que estão no exacto lugar onde sempre estiveram. Isso não é admissível. Isso não tem de ser aceite com complacência e falinhas mansas»
Quando eu vejo a maior parte daqueles 74 alertarem que a actual dívida impossibilita o crescimento, sou obrigado a recordar o que li e ouvi a propósito do famoso estudo de Reinhart e Rogoff que indicava que uma dívida acima dos 90% de PIB prejudicava gravemente o crescimento económico. Na fase socrática e pós-socrática da “espiral recessiva”, a esquerda pró-investimento defendeu que uma coisa nada tinha que ver com a outra. Repito: muitos dos subscritores defenderam fervorosamente a continuação do investimento e do endividamento. Escreveu o deputado do PS João Galamba em Outubro de 2010: “Tudo o que possa ser dito sobre a dívida – que é má, que é perigosa, que é boa – é absolutamente irrelevante para debates sobre o crescimento económico.” Dois anos e meio depois, o mesmo João Galamba, signatário do manifesto, deu uma entrevista ao Dinheiro Vivo, onde afirmava: “Que [a dívida] é impagável e um enorme entrave ao crescimento económico, disso não tenho a menor dúvida.”
O manifesto dos 74 está cheio de Joões Galambas, e isso não pode ser aceite como uma simples “divergência de opinião”, como Manuel Carvalho defende. O manifesto não requer só a reestruturação da dívida – requer também a reestruturação das opiniões de dezenas de pessoas, cujas convicções económicas vão variando alegremente conforme as suas simpatias políticas. O manifesto requer a galambização da pátria. E isso, desculpem lá, eu dispenso bem.»
Excerto de «A reestruturação das opiniões» de João Miguel Tavares, no Público
Vem a propósito lembrar que o que escrevi aqui vai para três anos:
Não defendo a reestruturação da dívida, ou seja não considero que Portugal tenha o direito de forçar os credores a uma qualquer combinação de reescalonamento das maturidades, redução de juros ou haircut. Pelo contrário, considero que a reestruturação da dívida provocará danos na credibilidade do país, danos não recuperáveis em menos de uma década.
Simplesmente prevejo que nos próximos anos o serviço da dívida pública portuguesa se tornará gradualmente insuportável para a economia portuguesa e isso levará os credores a aceitarem como inevitável uma reestruturação como a única via de garantirem com uma probabilidade razoável uma parte dos seus créditos.
Quando eu vejo a maior parte daqueles 74 alertarem que a actual dívida impossibilita o crescimento, sou obrigado a recordar o que li e ouvi a propósito do famoso estudo de Reinhart e Rogoff que indicava que uma dívida acima dos 90% de PIB prejudicava gravemente o crescimento económico. Na fase socrática e pós-socrática da “espiral recessiva”, a esquerda pró-investimento defendeu que uma coisa nada tinha que ver com a outra. Repito: muitos dos subscritores defenderam fervorosamente a continuação do investimento e do endividamento. Escreveu o deputado do PS João Galamba em Outubro de 2010: “Tudo o que possa ser dito sobre a dívida – que é má, que é perigosa, que é boa – é absolutamente irrelevante para debates sobre o crescimento económico.” Dois anos e meio depois, o mesmo João Galamba, signatário do manifesto, deu uma entrevista ao Dinheiro Vivo, onde afirmava: “Que [a dívida] é impagável e um enorme entrave ao crescimento económico, disso não tenho a menor dúvida.”
O manifesto dos 74 está cheio de Joões Galambas, e isso não pode ser aceite como uma simples “divergência de opinião”, como Manuel Carvalho defende. O manifesto não requer só a reestruturação da dívida – requer também a reestruturação das opiniões de dezenas de pessoas, cujas convicções económicas vão variando alegremente conforme as suas simpatias políticas. O manifesto requer a galambização da pátria. E isso, desculpem lá, eu dispenso bem.»
Excerto de «A reestruturação das opiniões» de João Miguel Tavares, no Público
Vem a propósito lembrar que o que escrevi aqui vai para três anos:
Não defendo a reestruturação da dívida, ou seja não considero que Portugal tenha o direito de forçar os credores a uma qualquer combinação de reescalonamento das maturidades, redução de juros ou haircut. Pelo contrário, considero que a reestruturação da dívida provocará danos na credibilidade do país, danos não recuperáveis em menos de uma década.
Simplesmente prevejo que nos próximos anos o serviço da dívida pública portuguesa se tornará gradualmente insuportável para a economia portuguesa e isso levará os credores a aceitarem como inevitável uma reestruturação como a única via de garantirem com uma probabilidade razoável uma parte dos seus créditos.
25/03/2014
Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (16) - Derrotados pelo tempo
A não perder «O tempo deles», um cruel exercício híper lúcido de Helena Matos sobre José Sócrates e outros destroços do socialismo, do reviralhismo e do ressabiamento.
Chávez & Chávez, Sucessores (18) – O caminho para a servidão é também o caminho para as prateleiras vazias
«The Fruits of Socialism – Venezuelan Food Lines» |
24/03/2014
NÓS VISTOS POR ELES:A Economist não se deixou impressionar pelas Brigadas Internacionais
«IN JUST two months’ time, Portugal’s three-year bail-out programme will end. As recently as last autumn the country’s chances of returning fully to the markets without a safety net seemed remote. But this year there has been a remarkable rally, with bond yields falling to about 4.5% (see chart). New bond issues have been oversubscribed even though the Portuguese government’s credit rating remains poor. Like Ireland in December, Portugal looks set to make an exit without a precautionary back-up line of credit.
Portugal has benefited from a general reappraisal of risk by investors, as angst about the euro zone breaking up has faded and worries about emerging markets have mounted. But the economy is also now offering more promise, even though its performance has been mixed since the election in June 2011 brought in a new right-of-centre coalition government headed by Pedro Passos Coelho.»
Apesar das 74 luminárias domésticas e dos 70 brigadistas da economia, a Economist (provavelmente a melhor revista de economia e finanças), faz um diagnóstico positivo da evolução recente da economia portuguesa e um prognóstico reservado (podia ser outro?) para recuperar da bancarrota socialista.
Portugal has benefited from a general reappraisal of risk by investors, as angst about the euro zone breaking up has faded and worries about emerging markets have mounted. But the economy is also now offering more promise, even though its performance has been mixed since the election in June 2011 brought in a new right-of-centre coalition government headed by Pedro Passos Coelho.»
Apesar das 74 luminárias domésticas e dos 70 brigadistas da economia, a Economist (provavelmente a melhor revista de economia e finanças), faz um diagnóstico positivo da evolução recente da economia portuguesa e um prognóstico reservado (podia ser outro?) para recuperar da bancarrota socialista.
DIÁRIO DE BORDO: R.I.P.
A atracção fatal entre a banca do regime e o poder (16) - Espíritos branqueiam mas não se branqueiam
[Mais atracções fatais: pesquisa Google]
Soube-se agora (nestas coisas o “segredo de justiça” funciona) que o governo espanhol aprovou há quase um ano duas multas de 1,11 milhões de euros ao BES «por infrações "muito graves" da normativa sobre a prevenção de branqueamento de capital».
E o Artigo 30.º do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeira?
Soube-se agora (nestas coisas o “segredo de justiça” funciona) que o governo espanhol aprovou há quase um ano duas multas de 1,11 milhões de euros ao BES «por infrações "muito graves" da normativa sobre a prevenção de branqueamento de capital».
E o Artigo 30.º do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeira?
CASE STUDY: As diferenças têm que ser tratadas diferentemente
Continuando uma evolução começada há alguns anos, a ex-feminista militante Camille Paglia continua a pôr em causa os dogmas do politicamente correcto. Depois de uma entrevista ao WSJ onde rejeita a engenharia social da «neutralização» masculina, Paglia foca no seu artigo na Time «Put the Sex Back in Sex Ed» outro dogma: a desconsideração das diferenças de sexo na educação sexual no ensino público. É claro que não se deve esperar demais de Paglia que não se questiona sobre o papel que tem sido atribuído ao sistema de educação pública em matéria de «educação» sexual em detrimento das famílias. Em todo o caso, é um exemplo de que ser lésbica não é a mesma coisa que ser estúpida e de que a vida é composta de mudança. Aqui vai um excerto:
«When public schools refuse to acknowledge gender differences, we betray boys and girls alike.
Fertility is the missing chapter in sex education. Sobering facts about women’s declining fertility after their 20s are being withheld from ambitious young women, who are propelled along a career track devised for men.
The refusal by public schools’ sex-education programs to acknowledge gender differences is betraying both boys and girls. The genders should be separated for sex counseling. It is absurd to avoid the harsh reality that boys have less to lose from casual serial sex than do girls, who risk pregnancy and whose future fertility can be compromised by disease. Boys need lessons in basic ethics and moral reasoning about sex (for example, not taking advantage of intoxicated dates), while girls must learn to distinguish sexual compliance from popularity.
Above all, girls need life-planning advice. Too often, sex education defines pregnancy as a pathology, for which the cure is abortion. Adolescent girls must think deeply about their ultimate aims and desires. If they want both children and a career, they should decide whether to have children early or late. There are pros, cons and trade-offs for each choice.
Unfortunately, sex education in the U.S. is a crazy quilt of haphazard programs. A national conversation is urgently needed for curricular standardization and public transparency. The present system is too vulnerable to political pressures from both the left and the right–and students are trapped in the middle.
Sex education has triggered recurrent controversy, partly because it is seen by religious conservatives as an instrument of secular cultural imperialism, undermining moral values. It’s time for liberals to admit that there is some truth to this and that public schools should not promulgate any ideology. The liberal response to conservatives’ demand for abstinence-only sex education has been to condemn the imposition of “fear and shame” on young people. But perhaps a bit more self-preserving fear and shame might be helpful in today’s hedonistic, media-saturated environment.»
«When public schools refuse to acknowledge gender differences, we betray boys and girls alike.
Fertility is the missing chapter in sex education. Sobering facts about women’s declining fertility after their 20s are being withheld from ambitious young women, who are propelled along a career track devised for men.
The refusal by public schools’ sex-education programs to acknowledge gender differences is betraying both boys and girls. The genders should be separated for sex counseling. It is absurd to avoid the harsh reality that boys have less to lose from casual serial sex than do girls, who risk pregnancy and whose future fertility can be compromised by disease. Boys need lessons in basic ethics and moral reasoning about sex (for example, not taking advantage of intoxicated dates), while girls must learn to distinguish sexual compliance from popularity.
Above all, girls need life-planning advice. Too often, sex education defines pregnancy as a pathology, for which the cure is abortion. Adolescent girls must think deeply about their ultimate aims and desires. If they want both children and a career, they should decide whether to have children early or late. There are pros, cons and trade-offs for each choice.
Unfortunately, sex education in the U.S. is a crazy quilt of haphazard programs. A national conversation is urgently needed for curricular standardization and public transparency. The present system is too vulnerable to political pressures from both the left and the right–and students are trapped in the middle.
Sex education has triggered recurrent controversy, partly because it is seen by religious conservatives as an instrument of secular cultural imperialism, undermining moral values. It’s time for liberals to admit that there is some truth to this and that public schools should not promulgate any ideology. The liberal response to conservatives’ demand for abstinence-only sex education has been to condemn the imposition of “fear and shame” on young people. But perhaps a bit more self-preserving fear and shame might be helpful in today’s hedonistic, media-saturated environment.»
23/03/2014
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: MST teve um surto de lucidez. Oxalá dure.
«A "Golden Age" holandesa é um referente histórico das virtudes de uma sociedade civil liberta da dependência do Estado e capaz de determinar e construir o seu futuro e assumir riscos, independentemente dos humores e favores do poder político. Compare- se, por exemplo, o que foi, nesse período, a nossa indigente pintura, encomendada pela Corte ou pelos mosteiros (a tal "cultura" subsidiada) com a pintura holandesa, no mesmo período de 60, 70 anos: uma produção estimada de cinco milhões de quadros a óleo para um mercado exclusivamente privado - entre os quais muitos que marcaram para sempre a história da arte, de Vermeer, Rembrandt, Rubens, Franz Hals, Van Ruysdel. É isso, essa capacidade de triunfar sem ser por encomenda ou favor oficial, que nós nunca tivemos e, goste-se ou não deles, é isso que, hoje ainda, os holandeses desprezam em nós. E, por isso também, somos tão mal tratados em Bruxelas.
Portugal tem hoje um problema de Estado e um problema de nação. O problema de Estado é o nível arrepiante de dívida pública atingido pela irresponsabilidade com que o Estado foi governado durante trinta anos, de modo a satisfazer as exigências eleitorais da nação. Esse problema não o conseguiremos resolver sozinhos, se não pudermos contar com aquilo a que bondosamente chamamos os nossos parceiros europeus. Mas, para conseguir ultrapassar esse problema, temos de enfrentar, antes e depois, outro, que é só nosso e só de nós depende resolver: o problema da nação perante o Estado. Por muito que isto custe a admitir a muitos, este Estado não é suportável pela nação, e cada vez será menos. Os tempos mudaram e, entre outras coisas, já não temos os 300.000 pensionistas de há trinta anos, mas sim 3 milhões. Enquanto o pensamento dominante entre os portugueses for o da dependência do Estado - e não falo dos pensionistas, mas de tudo o resto - estamos condenados a ser um país pobre e uma nação arruinada para sustentar um Estado, que, mesmo assim, só sobrevive com crédito externo. Que os nossos filhos e netos, ou alguém que aqui reste, terá de pagar.
A menos que haja alguém que conheça e demonstre outra solução mágica, não vejo como pode haver um debate político sério que não enfrente esta questão.»
Excerto de «Nação e Estado», Miguel Sousa Tavares no Expresso
Desta vez MST olha as nossas desgraças presentes à luz da história e da geografia e situa no reinado do Bem-Aventurado, por volta dos princípios do século XVI, as raízes da portugalidade – isto é do colectivismo e da dependência atávica do Estado - tal como a conhecemos hoje. Como é possível esta criatura conciliar esta visão lúcida com as inclinações socialistas e a sua reverência pelo pior que o socialismo lusitano produziu até hoje: o engenheiro José Sócrates?
Portugal tem hoje um problema de Estado e um problema de nação. O problema de Estado é o nível arrepiante de dívida pública atingido pela irresponsabilidade com que o Estado foi governado durante trinta anos, de modo a satisfazer as exigências eleitorais da nação. Esse problema não o conseguiremos resolver sozinhos, se não pudermos contar com aquilo a que bondosamente chamamos os nossos parceiros europeus. Mas, para conseguir ultrapassar esse problema, temos de enfrentar, antes e depois, outro, que é só nosso e só de nós depende resolver: o problema da nação perante o Estado. Por muito que isto custe a admitir a muitos, este Estado não é suportável pela nação, e cada vez será menos. Os tempos mudaram e, entre outras coisas, já não temos os 300.000 pensionistas de há trinta anos, mas sim 3 milhões. Enquanto o pensamento dominante entre os portugueses for o da dependência do Estado - e não falo dos pensionistas, mas de tudo o resto - estamos condenados a ser um país pobre e uma nação arruinada para sustentar um Estado, que, mesmo assim, só sobrevive com crédito externo. Que os nossos filhos e netos, ou alguém que aqui reste, terá de pagar.
A menos que haja alguém que conheça e demonstre outra solução mágica, não vejo como pode haver um debate político sério que não enfrente esta questão.»
Excerto de «Nação e Estado», Miguel Sousa Tavares no Expresso
Desta vez MST olha as nossas desgraças presentes à luz da história e da geografia e situa no reinado do Bem-Aventurado, por volta dos princípios do século XVI, as raízes da portugalidade – isto é do colectivismo e da dependência atávica do Estado - tal como a conhecemos hoje. Como é possível esta criatura conciliar esta visão lúcida com as inclinações socialistas e a sua reverência pelo pior que o socialismo lusitano produziu até hoje: o engenheiro José Sócrates?
22/03/2014
LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE : «The women who created the technology industry» (1)
Esther Gerston & Gloria Gordon programadoras pioneiras do computador ENIAC, em 1946 |
[De uma série de Lyndsey Gilpin, no TechRepublic, por ocasião do Women's History Month]
21/03/2014
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Brigadas Internacionais da Economia vêm em socorro dos Jarretas
Secção George Orwell (*)
Indignado com a fria recepção ao manifesto dos Jarretas, como tem sido baptizado, a pedir/exigir o haircut/reestruturação (cortar conforme o gosto) da dívida pública portuguesa, o professor Francisco Louçã, a quem alguns chamam desrespeitosamente tele-evangelista, resolveu tomar uma iniciativa de apelar à solidariedade internacional de economistas, dando uma mãozinha à dupla da Versailles.
Foi assim que Louçã escreveu uma carta em inglês técnico (aqui benevolentemente corrigida pelo blasfemo e agent provocateur vitorcunha) aos colleagues and friends de várias universidades para assinarem o manifesto e foi assim que mais 74 economistas de causas – uma espécie de IV Internacional da economia – assinaram. Confesso que conhecia apenas a reputação panfletária de Marc Blyth; os restantes, segundo parece, são maioritariamente gente da economia de causas, com a possível excepção de Carlota Perez (diz quem sabe).
É por isso que resolvi atribuir ao professor Louçã, pela sua iniciativa, cinco bourbons por nada aprender nem esquecer e cinco chateaubriands por confundir os seus colleagues and friends com praticantes da dismal science. Já que estou com a mão na massa, atribuo-lhe ainda cinco urracas pelo acto internacional-saloísta de invocar a solidariedade das Brigadas Internacionais da Economia em socorro dos Jarretas.
(*) Esta secção da Avaliação Contínua é uma homenagem a George Orwell que terá dito que há ideias e opiniões tão obviamente idiotas que é preciso ser-se um intelectual para se acreditar nelas.
Indignado com a fria recepção ao manifesto dos Jarretas, como tem sido baptizado, a pedir/exigir o haircut/reestruturação (cortar conforme o gosto) da dívida pública portuguesa, o professor Francisco Louçã, a quem alguns chamam desrespeitosamente tele-evangelista, resolveu tomar uma iniciativa de apelar à solidariedade internacional de economistas, dando uma mãozinha à dupla da Versailles.
Foi assim que Louçã escreveu uma carta em inglês técnico (aqui benevolentemente corrigida pelo blasfemo e agent provocateur vitorcunha) aos colleagues and friends de várias universidades para assinarem o manifesto e foi assim que mais 74 economistas de causas – uma espécie de IV Internacional da economia – assinaram. Confesso que conhecia apenas a reputação panfletária de Marc Blyth; os restantes, segundo parece, são maioritariamente gente da economia de causas, com a possível excepção de Carlota Perez (diz quem sabe).
Francisco's colleagues and friends |
(*) Esta secção da Avaliação Contínua é uma homenagem a George Orwell que terá dito que há ideias e opiniões tão obviamente idiotas que é preciso ser-se um intelectual para se acreditar nelas.
Títulos inspirados (25) – O melhor título do ano, so far
«Ex-ministros das Finanças prometem miséria durante 20 anos», titulou o ionline, passando por cima do facto de dois dos quatro ministros presentes no bate-boca no ISCTE terem assinado um manifesto convidando a não pagar uma parte da dívida e passando por cima do facto de estes dois e um terceiro terem alimentado essa dívida durante vários anos sem grandes problemas de consciência. O ionline passou igualmente ao lado do facto de esses três ex-ministros das Finanças terem deixado a sua obra aos cuidados do quarto que foi o único que não prometeu nada e que claramente se opõe ao incumprimento.
20/03/2014
ACREDITE SE QUISER: Bagão Félix quer sol na eira e chuva no nabal
Depois de ter vilipendiado os cortes nas pensões, os cortes nos salários da função pública e todos os outros cortes da despesa pública, Bagão Félix defendeu ontem no Fórum das Políticas Públicas 2014 no ISCTE que «devia ser constitucionalizado um limite à pressão fiscal».
À primeira vista parece uma contradição: como se continua a suportar uma despesa pública pletórica incluindo os juros pantagruélicos (apesar de taxas baixas) de uma dívida monstruosa sem aumentar os impostos? Simples, meu caro Watson: não pagando parte da dívida e daí a assinatura do manifesto dos notáveis apelando a reestruturação. É «o país visto da pastelaria Versailles»,
À primeira vista parece uma contradição: como se continua a suportar uma despesa pública pletórica incluindo os juros pantagruélicos (apesar de taxas baixas) de uma dívida monstruosa sem aumentar os impostos? Simples, meu caro Watson: não pagando parte da dívida e daí a assinatura do manifesto dos notáveis apelando a reestruturação. É «o país visto da pastelaria Versailles»,
19/03/2014
Exemplos do costume (20) - Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és
DIÁRIO DE BORDO: a passarada que me visita (24)
18/03/2014
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: «O país visto da pastelaria Versailles»
«O desacerto com o país do manifesto da Versalles é apenas um a somar aos muitos que em Portugal animam o discurso político: são os defensores da escola pública que colocam os seus filhos e netos em colégios privados; os que rasgam as vestes pelo SNS mas que à primeira maleita correm para os hospitais privados; os académicos das políticas de multiculturalidade mas que só entram nos bairros sociais quando uns jornalistas muito activistas lá vão fazer umas filmagens, para animar um documentário que passará num festival em Barcelona.
A vida está difícil. Mas ao contrário do que se supõe na pastelaria Versailles não está mais difícil para os mais pobres. Porque a vida desses sempre foi difícil. Ter imaginado que estes últimos iam complicar a sua já precária existência protagonizando revoltas ou supor que a vida dessas pessoas não seria afectada pela renegociação da dívida nos termos em que a propuseram no manifesto dos 70 é um sonho próprio de alguém que, comprazido pela superioridade das suas teses, se contempla no jogo de espelhos da Versalles.»
Helena Matos no Económico
A confirmar que a visão a partir da Versailles tem de ser bastante diferente da visão a partir da tasca da Buraca, vejam-se as conclusões do estudo do FMI que conclui ter o rendimento disponível das famílias diminuído no período 2008-2012 6,3% em média 6,3%, mas menos de 5% para os 20% mais pobres – os frequentadores da tasca da Buraca - e mais de 10% para os 20% mais ricos – os frequentadores da Versailles.
A vida está difícil. Mas ao contrário do que se supõe na pastelaria Versailles não está mais difícil para os mais pobres. Porque a vida desses sempre foi difícil. Ter imaginado que estes últimos iam complicar a sua já precária existência protagonizando revoltas ou supor que a vida dessas pessoas não seria afectada pela renegociação da dívida nos termos em que a propuseram no manifesto dos 70 é um sonho próprio de alguém que, comprazido pela superioridade das suas teses, se contempla no jogo de espelhos da Versalles.»
Helena Matos no Económico
A confirmar que a visão a partir da Versailles tem de ser bastante diferente da visão a partir da tasca da Buraca, vejam-se as conclusões do estudo do FMI que conclui ter o rendimento disponível das famílias diminuído no período 2008-2012 6,3% em média 6,3%, mas menos de 5% para os 20% mais pobres – os frequentadores da tasca da Buraca - e mais de 10% para os 20% mais ricos – os frequentadores da Versailles.
Pro memoria (166) – O défice estrutural de memória das luminárias nacionais (III)
Continuação de (I) e (II).
Ainda a propósito do manifesto apelando à reestruturação da dívida, vários comentadores evidenciaram as notáveis contradições e reviravoltas dos notáveis signatários (incluindo os que não assinaram mas declararam que assinariam) nos últimos 3 anos nas suas visões sobre a dívida. Aqui vão algumas de entre as melhores, não por acaso todas de blasfemos:
Vá-se lá saber porquê, agora que acabei de citar os comentários de pessoas inteligentes sobre os notáveis signatários também eles talvez pessoas inteligentes ou honestas (cortar um dos atributos) lembrei-me daquele celebrado pensamento postulando que «pessoas inteligentes falam sobre ideias, pessoas normais falam sobre coisas, pessoas mesquinhas falam sobre pessoas», pensamento cuja falácia em tempos aqui tentei demonstrar teoricamente e que agora tem a sua demonstração prática.
Ainda a propósito do manifesto apelando à reestruturação da dívida, vários comentadores evidenciaram as notáveis contradições e reviravoltas dos notáveis signatários (incluindo os que não assinaram mas declararam que assinariam) nos últimos 3 anos nas suas visões sobre a dívida. Aqui vão algumas de entre as melhores, não por acaso todas de blasfemos:
- João Cravinho, «o inventor das PPP rodoviárias é o promotor do manifesto a favor pela reestruturação da dívida» (aqui);
- O mesmo Sevinate Pinto que assinou um manifesto por um orçamento equilibrado assina agora o manifesto para não pagar a dívida (aqui);
- «O João Galamba agora assina manifestos onde se afirma que a dívida prejudica o crescimento. É o mesmo João Galamba que em 2009, num outro manifesto, pedia mais investimento público criado por dívida» (aqui);
- «Reestruturar uma dívida significa pagar um preço em miséria», José Sócrates (aqui);
- O downgrade da Moody’s (devido ao elevado risco de default) era há 3 anos «incompreensível como sempre, incoerente e não justificada» para o professor José Reis (aqui);
- Depois de 3 anos a faltar de alternativas à austeridade, Pacheco Pereira descobre que a única «alternativa» é não pagar a dívida (aqui);
- Também há 3 anos, Daniel Oliveira amaldiçoava pela mesma razão as agências de rating e agora considera a dívida impossível de pagar (aqui).
Vá-se lá saber porquê, agora que acabei de citar os comentários de pessoas inteligentes sobre os notáveis signatários também eles talvez pessoas inteligentes ou honestas (cortar um dos atributos) lembrei-me daquele celebrado pensamento postulando que «pessoas inteligentes falam sobre ideias, pessoas normais falam sobre coisas, pessoas mesquinhas falam sobre pessoas», pensamento cuja falácia em tempos aqui tentei demonstrar teoricamente e que agora tem a sua demonstração prática.
17/03/2014
16/03/2014
ARTIGO DEFUNTO: A tudologia é uma ciência de causas
Uma vez ou outra, por desfastio, dou-me ao trabalho de ler com um pouco mais de atenção os exercícios de tudologia de Miguel Sousa Tavares (tudólogo foi como um leitor o chamou a propósito do que escreveu sobre um assunto – salvo erro agricultura - que ignorava completamente). A miscelânea de pseudo-factos com opiniões forma uma mistura não inextrincável que torna dificílimo perceber onde termina a ignorância e onde começa a má-fé.
Desta vez, ao ler a sua coluna semanal no Expresso («A cada um o seu timing») fico-me por um dos seus argumentos para demonstrar a insustentabilidade da dívida pública - ou melhor para demonstrar a necessidade da União Europeia fazer alguma coisa pela dívida portuguesa - a saber: «hoje, um país como Portugal, gasta no seu serviço de dívida o mesmo que gasta com o Serviço Nacional de Saúde».
Em primeiro lugar, MST compara coisas incomparáveis porque «serviço da dívida» é a soma de uma despesa (juros pagos) com a redução da dívida (amortizações), enquanto a despesa do SNS é isso mesmo – uma despesa que, se já faz pouco sentido comparar com juros, não faz nenhum quando se compara com a soma destes e das amortizações.
Em segundo lugar, como facilmente MST poderia verificar, os juros no OE 2014 são cerca de 7,5 mil milhões e a despesa com saúde é de 8,2 mil milhões. Se à despesa pública com saúde acrescentarmos a despesa privada com saúde atingimos a bonita soma de 15,6 mil milhões (Pordata 2012) ou seja mais do dobro dos juros da dívida pública.
Em terceiro lugar, a «língua de palmo» com que MST imagina que pagamos juros aos nossos credores que «continuarão a ganhar com a desgraça alheia» (ó senhor, não é uma desgraça é o fruto da nossa irresponsabilidade e da incompetência das nossas elites, onde se deve incluir o nosso tudólogo que durante 6 anos bateu palmas às políticas socialistas) é a «língua» mais curta dos últimos 20 anos, como é visível nos diagramas seguintes (ver também a série de posts do Pertinente «Mitos – Juros usurários»).
É por esta e por muitas outras é que a maior das nossas desgraças presentes e, receio, futuras, não é a dívida é mediocridade das nossas elites.
Desta vez, ao ler a sua coluna semanal no Expresso («A cada um o seu timing») fico-me por um dos seus argumentos para demonstrar a insustentabilidade da dívida pública - ou melhor para demonstrar a necessidade da União Europeia fazer alguma coisa pela dívida portuguesa - a saber: «hoje, um país como Portugal, gasta no seu serviço de dívida o mesmo que gasta com o Serviço Nacional de Saúde».
Em primeiro lugar, MST compara coisas incomparáveis porque «serviço da dívida» é a soma de uma despesa (juros pagos) com a redução da dívida (amortizações), enquanto a despesa do SNS é isso mesmo – uma despesa que, se já faz pouco sentido comparar com juros, não faz nenhum quando se compara com a soma destes e das amortizações.
Em segundo lugar, como facilmente MST poderia verificar, os juros no OE 2014 são cerca de 7,5 mil milhões e a despesa com saúde é de 8,2 mil milhões. Se à despesa pública com saúde acrescentarmos a despesa privada com saúde atingimos a bonita soma de 15,6 mil milhões (Pordata 2012) ou seja mais do dobro dos juros da dívida pública.
Em terceiro lugar, a «língua de palmo» com que MST imagina que pagamos juros aos nossos credores que «continuarão a ganhar com a desgraça alheia» (ó senhor, não é uma desgraça é o fruto da nossa irresponsabilidade e da incompetência das nossas elites, onde se deve incluir o nosso tudólogo que durante 6 anos bateu palmas às políticas socialistas) é a «língua» mais curta dos últimos 20 anos, como é visível nos diagramas seguintes (ver também a série de posts do Pertinente «Mitos – Juros usurários»).
É por esta e por muitas outras é que a maior das nossas desgraças presentes e, receio, futuras, não é a dívida é mediocridade das nossas elites.
15/03/2014
Pro memoria (165) – O homem não passa e a obra fica
Se há uma figura do regime que se pode considerar paradigma dos conflitos de interesses é o Dr. Vítor Constâncio, a quem em tempo foi bem dado o cognome de «ministro anexo» pelo professor Louçã, o mesmo a quem foi dado o igualmente apropriado cognome de «tele-evangelista». O Dr. Vítor Constâncio de governador do Banco de Portugal de 1985 a 1986 transitou neste último ano, para secretário-geral do PS, cargo que abandonou em 1989. Entre 1995 e 2000 foi administrador do BPI e com o habitual à-vontade transitou em 2000 do banco supervisionado para o BdeP supervisor onde se mantive até 2010, aí ganhando merecidamente o cognome de «ministro anexo» pelos seus inestimáveis serviços ao governo PS e aos bancos e banqueiros do regime. Para conhecer retrospectivamente uma parte da sua obra clique na etiqueta «ministro anexo».
Veio agora a saber-se pelo Conselho Superior da Magistratura, entalado pela prescrição do processo de Jardim Gonçalves pelas alegadas malfeitorias no BCP, que o procedimento contra-ordenacional esteve cinco anos e cinco meses no BdeP, antes de ser enviado ao tribunal, no período entre Março de 2005 e 04 de Agosto de 2010. Não certamente por acaso, o governador do Banco de Portugal durante todo esse período foi o nosso homem que ficou sentado em cima do processo à espera do seu sucessor.
Imigrado entretanto para o BCE, adaptou-se tão bem aos ares de Frankfurt que ninguém consegue tirá-lo de lá. Nem mesmo a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários que espera há 8 meses que Vítor Constâncio se disponha a ser ouvido no âmbito do processo de Banco Privado Português, no qual está arrolado como testemunha por este banco, em mais um caso em que as suas funções de ministro anexo lhe roubaram o tempo para fazer o papel de supervisor.
Veio agora a saber-se pelo Conselho Superior da Magistratura, entalado pela prescrição do processo de Jardim Gonçalves pelas alegadas malfeitorias no BCP, que o procedimento contra-ordenacional esteve cinco anos e cinco meses no BdeP, antes de ser enviado ao tribunal, no período entre Março de 2005 e 04 de Agosto de 2010. Não certamente por acaso, o governador do Banco de Portugal durante todo esse período foi o nosso homem que ficou sentado em cima do processo à espera do seu sucessor.
Imigrado entretanto para o BCE, adaptou-se tão bem aos ares de Frankfurt que ninguém consegue tirá-lo de lá. Nem mesmo a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários que espera há 8 meses que Vítor Constâncio se disponha a ser ouvido no âmbito do processo de Banco Privado Português, no qual está arrolado como testemunha por este banco, em mais um caso em que as suas funções de ministro anexo lhe roubaram o tempo para fazer o papel de supervisor.
14/03/2014
ARTIGO DEFUNTO: A demonstração da ocupação dos mídia pelo jornalismo de causas
Quereis uma demonstração de mais completo e descarado enviesamento da mídia infestada pelo jornalismo de causas?
Está a decorrer uma manif promovida pela Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública sob o lema «O povo unido jamais será vencido» que começou às 15:30, no Príncipe Real, em Lisboa, e terminou ou terminará em frente do parlamento, cuja escadaria os manifestantes tentarão subir, como de costume.
A manif que foi anunciada como mobilizando milhares de funcionários públicos tem afinal segundo as últimas informações apenas umas centenas – um número que representará menos de 1/1000 dos funcionários públicos e possivelmente menos do que os militantes da célula do Partido Comunista na função pública.
As notícias online que encontrei até agora (18:30) são vaguíssimas e quanto a imagens desta grandiosa manif encontrei uma única no ESQUERDA.NET (who else?). O fotógrafo de causas optou por uma espécie de plano americano (vade retro!) e deve ter feito os impossíveis para encontrar um ângulo onde se vissem ligeiramente mais manifestantes do que polícias.
Está a decorrer uma manif promovida pela Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública sob o lema «O povo unido jamais será vencido» que começou às 15:30, no Príncipe Real, em Lisboa, e terminou ou terminará em frente do parlamento, cuja escadaria os manifestantes tentarão subir, como de costume.
A manif que foi anunciada como mobilizando milhares de funcionários públicos tem afinal segundo as últimas informações apenas umas centenas – um número que representará menos de 1/1000 dos funcionários públicos e possivelmente menos do que os militantes da célula do Partido Comunista na função pública.
As notícias online que encontrei até agora (18:30) são vaguíssimas e quanto a imagens desta grandiosa manif encontrei uma única no ESQUERDA.NET (who else?). O fotógrafo de causas optou por uma espécie de plano americano (vade retro!) e deve ter feito os impossíveis para encontrar um ângulo onde se vissem ligeiramente mais manifestantes do que polícias.
ACREDITE SE QUISER: O papa Francisco está a converter os republicanos ateus…
… e não só. Poder-se-á falar, sem exagero, da conversão en masse de toda a esquerdalhada, mas por agora fico-me pelo republicano ateu Pedro Silva Pereira, ajudante de José Sócrates na obra socialista de esvaziar os cofres.
Silva Pereira escreveu no Económico um artigo de opinião tão comoventemente laudatório que, lendo-o, se poderia acreditar que Francisco está em vias de fundar uma outra igreja, se não mesmo uma outra religião, convenientemente parecida com a agenda de uma esquerda sem agenda desde que torrou o dinheiro necessário para proporcionar aos seus crentes o céu na terra e se condenou a protestar indignadamente pelo purgatório oferecido por quem gere a sua herança.
Silva Pereira escreveu no Económico um artigo de opinião tão comoventemente laudatório que, lendo-o, se poderia acreditar que Francisco está em vias de fundar uma outra igreja, se não mesmo uma outra religião, convenientemente parecida com a agenda de uma esquerda sem agenda desde que torrou o dinheiro necessário para proporcionar aos seus crentes o céu na terra e se condenou a protestar indignadamente pelo purgatório oferecido por quem gere a sua herança.
13/03/2014
Pro memoria (164) – O défice estrutural de memória das luminárias nacionais (II)
Continuação daqui.
O manifesto dos notáveis 70 manifestantes que apelaram à reestruturação da dívida está repleto de contradições e implícitas confirmações do falhanço das políticas defendidas no passado pelos notáveis. É o reconhecimento da insustentabilidade do crescimento, mísero sublinhe-se, baseado nas obras públicas e no consumo privado, tudo financiando pela dívida pública e privada ao estrangeiro.
É também, como salientou João Miranda, «o reconhecimento por parte da elite cainesiana portuguesa de que a dívida prejudica o crescimento. Depois de andarem anos a dizer que não há crescimento sem défice e dívida agora dizem que com tanta dívida não pode haver crescimento. Levaram uns 10 ou 20 anos a perceber, mas finalmente perceberam os custos do endividamento».
Felizmente algumas vozes se fizeram ouvir denunciando os delírios, coexistindo nalguns casos com hipocrisia, dos notáveis 70 manifestantes que apelaram à reestruturação da dívida. Uma dessas vozes foi a de José Gomes Ferreira da SIC Notícias que escreveu a «Carta a uma Geração Errada» (*), uma peça tanto mais notável quanto saída de um membro da corporação jornalística pouco dada a exercícios de lucidez.
(*) Uma dica de FD
O manifesto dos notáveis 70 manifestantes que apelaram à reestruturação da dívida está repleto de contradições e implícitas confirmações do falhanço das políticas defendidas no passado pelos notáveis. É o reconhecimento da insustentabilidade do crescimento, mísero sublinhe-se, baseado nas obras públicas e no consumo privado, tudo financiando pela dívida pública e privada ao estrangeiro.
É também, como salientou João Miranda, «o reconhecimento por parte da elite cainesiana portuguesa de que a dívida prejudica o crescimento. Depois de andarem anos a dizer que não há crescimento sem défice e dívida agora dizem que com tanta dívida não pode haver crescimento. Levaram uns 10 ou 20 anos a perceber, mas finalmente perceberam os custos do endividamento».
Felizmente algumas vozes se fizeram ouvir denunciando os delírios, coexistindo nalguns casos com hipocrisia, dos notáveis 70 manifestantes que apelaram à reestruturação da dívida. Uma dessas vozes foi a de José Gomes Ferreira da SIC Notícias que escreveu a «Carta a uma Geração Errada» (*), uma peça tanto mais notável quanto saída de um membro da corporação jornalística pouco dada a exercícios de lucidez.
(*) Uma dica de FD
CASE STUDY: Obras do regime – A Judite já tem panteão
Como já aqui e ali escrevi inúmeras vezes, temos uma tradição que cultivamos com devoção e que vem pelo menos desde o convento de Mafra, a saber: não há fé que não precise de um edifício para albergar o culto e os seus praticantes.
Não haveria de ser diferente com o templo onde se investigam os crimes do regime, a nova sede da Polícia Judiciária - Judite para os connaisseurs. Foi inaugurada 3.ª feira na Avenida Gomes Freire, em Lisboa, dois meses antes de estar operacional (um pormenor delicioso que mostra que o alegado neoliberalismo deste governo é bastante parecido com o socialismo do anterior).
Ficou assim preenchido com betão um buraco na Avenida Gomes Freire que os judites chamavam «o buraco das finanças da Madeira», um exemplo de como na natureza do Estado português nada se perde e tudo se transforma, neste caso num buraco de 84 milhões de euros.
Segundo a descrição entusiástica do Expresso, a coisa tem 80 mil metros quadrados, «um bunker com uma sala de situação a ser usada em casos de emergência e em diligências de investigação (…) um parque de estacionamento com 30 postos de recarga para carros eléctricos e duas carreiras de tiro, uma delas com capacidade para simular perseguições automóveis». A isto devemos acrescentar um laboratório de Polícia Científica oito vezes maior (poderíamos alugá-lo para filmar cenas das série
da Fox CSI?) e mil gabinetes de trabalho.
«É a única da Europa», garantiu o director nacional adjunto da Judite. Estará à altura do elevado nível de investigação que a PJ nos habituou, só faltará talvez uma sala para divulgação do segredo de justiça, que é uma coisa que faz imensa falta.
Os palácios da investigação, como os palácios da justiça, os salários principescos dos juízes e outros despautérios fabricados pelos nossos governos, como os oito suplementos que pagam aos polícias, suportam uma teoria da conspiração com bastante aderência aos factos conhecidos – a tentativa da classe política doméstica assegurar a «cooperação» das corporações que a podem ameaçar as quais, por seu turno, usam as «fugas» ao segredo de justiça como uma arma para garantir a perpetuidade deste acordo de regime.
Não haveria de ser diferente com o templo onde se investigam os crimes do regime, a nova sede da Polícia Judiciária - Judite para os connaisseurs. Foi inaugurada 3.ª feira na Avenida Gomes Freire, em Lisboa, dois meses antes de estar operacional (um pormenor delicioso que mostra que o alegado neoliberalismo deste governo é bastante parecido com o socialismo do anterior).
Ficou assim preenchido com betão um buraco na Avenida Gomes Freire que os judites chamavam «o buraco das finanças da Madeira», um exemplo de como na natureza do Estado português nada se perde e tudo se transforma, neste caso num buraco de 84 milhões de euros.
Segundo a descrição entusiástica do Expresso, a coisa tem 80 mil metros quadrados, «um bunker com uma sala de situação a ser usada em casos de emergência e em diligências de investigação (…) um parque de estacionamento com 30 postos de recarga para carros eléctricos e duas carreiras de tiro, uma delas com capacidade para simular perseguições automóveis». A isto devemos acrescentar um laboratório de Polícia Científica oito vezes maior (poderíamos alugá-lo para filmar cenas das série
da Fox CSI?) e mil gabinetes de trabalho.
Clique para ver o panteão em todo o seu esplendor |
Os palácios da investigação, como os palácios da justiça, os salários principescos dos juízes e outros despautérios fabricados pelos nossos governos, como os oito suplementos que pagam aos polícias, suportam uma teoria da conspiração com bastante aderência aos factos conhecidos – a tentativa da classe política doméstica assegurar a «cooperação» das corporações que a podem ameaçar as quais, por seu turno, usam as «fugas» ao segredo de justiça como uma arma para garantir a perpetuidade deste acordo de regime.
12/03/2014
Pro memoria (163) – O défice estrutural de memória das luminárias nacionais
O professor Cavaco Silva que agora publicou o seu prefácio onde antecipa que, apesar de todas as medidas de austeridades, as finanças públicas do país só serão sustentáveis com mais umas décadas de austeridade, lembrar-se-á que antecipou a «espiral recessiva» e verberou indignadamente essas medidas na sua fase de «provedor dos mais fracos, o provedor das angústias e das aspirações dos portugueses»?
Lembrar-se-á o professor Teixeira dos Santos que, depois de anos a ficar calado, fala agora pelos cotovelos e classifica a «saída limpa» como uma «ilusão», ainda recentemente prognosticava um segundo resgate e durante 6 anos foi cúmplice em chefe da entrada «suja» para o primeiro resgate?
Lembrar-se-ão os «notáveis da esquerda e da direita» que assinaram o manifesto apelando à reestruturação da dívida pública que vários dos signatários participaram em governos com sérias responsabilidades no crescimento insustentável da mesma (Freitas do Amaral, Bagão Félix, Manuela Ferreira Leite, Ferro Rodrigues, Manuela Arcanjo, João Cravinho e ainda Sevinate Pinto e Vítor Martins, ambos consultores de Cavaco Silva) e nem esses nem outros signatários assinaram manifesto algum apelando à contenção desse crescimento durante mais de uma década?
Lembrar-se-ão esses «notáveis» que a banca portuguesa detém uns 40 mil milhões de euros da dívida pública, aos quais será necessário somar talvez mais de uma dezena de milhar de milhões detida por seguradoras (só a Fidelidade 3 a 4 mil milhões) e uns 8 mil milhões no Fundo de Capitalização da Segurança Social, e que essa «reestruturação responsável» seria um tiro no pé?
Para compensar a falta de memória das luminárias, como já aqui escrevemos várias vezes, «os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
Lembrar-se-á o professor Teixeira dos Santos que, depois de anos a ficar calado, fala agora pelos cotovelos e classifica a «saída limpa» como uma «ilusão», ainda recentemente prognosticava um segundo resgate e durante 6 anos foi cúmplice em chefe da entrada «suja» para o primeiro resgate?
Lembrar-se-ão os «notáveis da esquerda e da direita» que assinaram o manifesto apelando à reestruturação da dívida pública que vários dos signatários participaram em governos com sérias responsabilidades no crescimento insustentável da mesma (Freitas do Amaral, Bagão Félix, Manuela Ferreira Leite, Ferro Rodrigues, Manuela Arcanjo, João Cravinho e ainda Sevinate Pinto e Vítor Martins, ambos consultores de Cavaco Silva) e nem esses nem outros signatários assinaram manifesto algum apelando à contenção desse crescimento durante mais de uma década?
Lembrar-se-ão esses «notáveis» que a banca portuguesa detém uns 40 mil milhões de euros da dívida pública, aos quais será necessário somar talvez mais de uma dezena de milhar de milhões detida por seguradoras (só a Fidelidade 3 a 4 mil milhões) e uns 8 mil milhões no Fundo de Capitalização da Segurança Social, e que essa «reestruturação responsável» seria um tiro no pé?
Para compensar a falta de memória das luminárias, como já aqui escrevemos várias vezes, «os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
11/03/2014
Estado assistencialista falhado (12) – O Portugal corporativo
«Os polícias querem ter as regalias inerentes à sua condição de agentes de segurança. Regalias essas que passam por sete suplementos remuneratórios - suplemento de Patrulha, de Turno e Piquete, de Comando e Residência a que se juntam o intrigante suplemento Especial de Serviço e o ainda mais intrigante suplemento por Serviço nas Forças de Segurança.
E escrevo intrigante pois não se percebe, ou pelo menos eu não percebo, como pode um agente de segurança receber um suplemento por estar de serviço e outro ainda por estar de serviço nas forças de segurança. Terão os agentes de segurança ido ao engano quando se candidataram ao lugar e agora têm de ser compensados por isso? E uma vez nas forças de segurança não era suposto estarem ao serviço?
(…) Estes são alguns exemplos daquilo que em Portugal tem sido o mais eficaz modo de vida para as diversas corporações: conseguir que o Estado lhes garanta a excepcionalidade nas regalias e o regime geral no momento das reivindicações. Quando esta duplicidade chega às forças de segurança, aos magistrados ou aos militares vê-se o perigoso paradoxo a que esta duplicidade nos conduziu. Os grupos que pela natureza das suas funções deviam ter regimes excepcionais tornaram-se numa casta pretoriana que o povo não respeita e que o poder político teme e que por isso mesmo desautorizará assim que tiver oportunidade. (Ou será que já ninguém se lembra da marinha reduzida ao zero naval e das razões que levaram a GNR a passar de corpo de élite a vigilante de caminhos rurais?)»
«Querida excepçãozinha», Helena Matos no Económico
São tantos os suplementos que Helena Matos aparentemente esqueceu o «suplemento para fardas» cujo aumento tinha sido aprovado na véspera da manifestação em S. Bento. Dois dias depois dessa manifestação, um cabo da GNR fez uma outra no Love Clube, em Oliveira de Azeméis, numa festa dedicada ao dia da mulher onde tirou a farda e o resto para uma plateia feminina que o aplaudiu com entusiasmo e aproveitou para ver as partes pudendas de um exemplar de uma classe que nas ruas é difícil de ver até fardada – a não ser nas esquadras e aquartelamentos onde descansam das suas vidas agitadas.
E escrevo intrigante pois não se percebe, ou pelo menos eu não percebo, como pode um agente de segurança receber um suplemento por estar de serviço e outro ainda por estar de serviço nas forças de segurança. Terão os agentes de segurança ido ao engano quando se candidataram ao lugar e agora têm de ser compensados por isso? E uma vez nas forças de segurança não era suposto estarem ao serviço?
(…) Estes são alguns exemplos daquilo que em Portugal tem sido o mais eficaz modo de vida para as diversas corporações: conseguir que o Estado lhes garanta a excepcionalidade nas regalias e o regime geral no momento das reivindicações. Quando esta duplicidade chega às forças de segurança, aos magistrados ou aos militares vê-se o perigoso paradoxo a que esta duplicidade nos conduziu. Os grupos que pela natureza das suas funções deviam ter regimes excepcionais tornaram-se numa casta pretoriana que o povo não respeita e que o poder político teme e que por isso mesmo desautorizará assim que tiver oportunidade. (Ou será que já ninguém se lembra da marinha reduzida ao zero naval e das razões que levaram a GNR a passar de corpo de élite a vigilante de caminhos rurais?)»
«Querida excepçãozinha», Helena Matos no Económico
São tantos os suplementos que Helena Matos aparentemente esqueceu o «suplemento para fardas» cujo aumento tinha sido aprovado na véspera da manifestação em S. Bento. Dois dias depois dessa manifestação, um cabo da GNR fez uma outra no Love Clube, em Oliveira de Azeméis, numa festa dedicada ao dia da mulher onde tirou a farda e o resto para uma plateia feminina que o aplaudiu com entusiasmo e aproveitou para ver as partes pudendas de um exemplar de uma classe que nas ruas é difícil de ver até fardada – a não ser nas esquadras e aquartelamentos onde descansam das suas vidas agitadas.
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: A fábula do surto inventivo que nos assola (6)
[Outros posts sobre a mesma fábula: 08-08-2010; 28-11-2010;28-11-2012; 08-12-2013; 16-12-2013; 26-12-2013; 17-01-2014; 25-02-2014].
A publicação há dias do «Innovation Union Scoreboard 2014» da Comissão Europeia vem grosso modo confirmar o que por aqui temos vindo a escrever e as conclusões do professor Avelino de Jesus que aqui citámos: baixa produtividade do sistema, como os quadros seguintes mostram claramente.
A publicação há dias do «Innovation Union Scoreboard 2014» da Comissão Europeia vem grosso modo confirmar o que por aqui temos vindo a escrever e as conclusões do professor Avelino de Jesus que aqui citámos: baixa produtividade do sistema, como os quadros seguintes mostram claramente.
Efeitos económicos da inovação (Fonte: Innovation Union Scoreboard 2014) Clicar para ampliar |
Performance relativa de Portugal (Fonte: Innovation Union Scoreboard 2014) Clicar para ampliar |
10/03/2014
CASE STUDY: Um imenso Portugal (10)
Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central do Brasil e um dos homens-chave do Plano Real que pela primeira vez em décadas conteve a hiperinflação e lançou as bases para o crescimento subsequente, traçou em entrevista ao Público um retrato lúcido do Brasil e das políticas erradas do PT (com orientações comuns às políticas do PS português) e suas consequências. Recomenda-se a leitura e, à guisa de appetiser, aqui vai um pequeno extracto:
«Essa expansão que vem perdendo fôlego depois de 2008/2009, é uma expansão baseada no consumo. Ela foi extraordinária nesse período que vai de 2003 até à crise, e quando a crise é superada, em 2009-2010, nós não voltamos a retomar o crescimento do consumo com o mesmo vigor. Claramente o modelo mostra sinais de esgotamento porque o novo patamar de endividamento familiar é elevado. Está-se a verificar certa resistência das pessoas a endividarem-se mais para consumo e, ao mesmo tempo, num momento como o actual em que a taxa de juros começa a crescer, soma-se a isso o aumento do custo dos empréstimos. Por isso, a economia encolheu. A grande decepção das autoridades é que elas imaginavam que esse processo de expansão baseado no consumo alavancado, no consumo e dívida familiar, fosse fazer começar um processo de aumento na formação de capital. Ou seja, as empresas investiriam mais, fariam mais capex [investimento de capital], com o intuito de criar capacidade produtiva para um crescimento sustentado maior.»
«Essa expansão que vem perdendo fôlego depois de 2008/2009, é uma expansão baseada no consumo. Ela foi extraordinária nesse período que vai de 2003 até à crise, e quando a crise é superada, em 2009-2010, nós não voltamos a retomar o crescimento do consumo com o mesmo vigor. Claramente o modelo mostra sinais de esgotamento porque o novo patamar de endividamento familiar é elevado. Está-se a verificar certa resistência das pessoas a endividarem-se mais para consumo e, ao mesmo tempo, num momento como o actual em que a taxa de juros começa a crescer, soma-se a isso o aumento do custo dos empréstimos. Por isso, a economia encolheu. A grande decepção das autoridades é que elas imaginavam que esse processo de expansão baseado no consumo alavancado, no consumo e dívida familiar, fosse fazer começar um processo de aumento na formação de capital. Ou seja, as empresas investiriam mais, fariam mais capex [investimento de capital], com o intuito de criar capacidade produtiva para um crescimento sustentado maior.»
09/03/2014
DIÁRIO DE BORDO: Postal de um pai que ficou por cá (a uma filha que emigrou)
Minha filha, tenho muita pena de não estar contigo todos os dias, mas não tenho pena de não viver a tua vida que deve ser vivida por ti e não por mim, agora que decidiste procurar emprego no estrangeiro e emigrar porque, como disse em tempos Belmiro de Azevedo, «os empregos nascem em sítios que não estão ao lado de casa.»
Não me surpreende a indiferença das «elites» portuguesas, essa amálgama paroquiana de gente cada vez menos preparada, cada vez mais medíocre mas fundamentalmente clientelista, precisamente porque são as elites «portuguesas» que ora ficam indiferentes, ora se ficam pela comoção, sempre sem acção.
Agora que partiste faço votos que tudo corra pelo melhor. Faz um bom trabalho, amealha uns cobres porque o estado social está falido e mostra aos tugas medrosos e às elites merdosas que és uma rapariga que não tem medo dos desafios porque lhe corre nas veias o sangue de várias gerações de emigrantes da nossa parentela que foram à procura de empregos nascidos em sítios como França, Inglaterra, Alemanha, Brasil, Argentina, Estados Unidos, Austrália, Bahrein, Angola, Mauritânia, Cabo Verde e noutras paragens que já esqueci - e alguns deles ainda por lá andam.
Um grande abraço
[O Expresso de sábado passado publicou, com grande destaque, mais uma carta «comovente» modelo «Tordo», que tanto sucesso tem tido, de um português professor da universidade Manchester que emigrou e escreve uma «carta a uma filha que por cá ficou». Por coincidência, uma das minhas filhas partiu na passada 4.ª feira para trabalhar em Luanda durante uns anos. Resolvi escrever-lhe este postal anti comovente, subvertendo algumas das frases do comovido professor.]
Não me surpreende a indiferença das «elites» portuguesas, essa amálgama paroquiana de gente cada vez menos preparada, cada vez mais medíocre mas fundamentalmente clientelista, precisamente porque são as elites «portuguesas» que ora ficam indiferentes, ora se ficam pela comoção, sempre sem acção.
Agora que partiste faço votos que tudo corra pelo melhor. Faz um bom trabalho, amealha uns cobres porque o estado social está falido e mostra aos tugas medrosos e às elites merdosas que és uma rapariga que não tem medo dos desafios porque lhe corre nas veias o sangue de várias gerações de emigrantes da nossa parentela que foram à procura de empregos nascidos em sítios como França, Inglaterra, Alemanha, Brasil, Argentina, Estados Unidos, Austrália, Bahrein, Angola, Mauritânia, Cabo Verde e noutras paragens que já esqueci - e alguns deles ainda por lá andam.
Um grande abraço
[O Expresso de sábado passado publicou, com grande destaque, mais uma carta «comovente» modelo «Tordo», que tanto sucesso tem tido, de um português professor da universidade Manchester que emigrou e escreve uma «carta a uma filha que por cá ficou». Por coincidência, uma das minhas filhas partiu na passada 4.ª feira para trabalhar em Luanda durante uns anos. Resolvi escrever-lhe este postal anti comovente, subvertendo algumas das frases do comovido professor.]
O navio-vapor Mexico onde viajou o bisavô da emigrante, desembarcado em Ellias Island com destino a Danbury, Connecticut (I guess) |
08/03/2014
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: O PS não tem propostas para nos governar. Tem propostas para a UE nos governar
Na palestra «Há alternativa. Lições de Portugal», António José Seguro apresentou as seguintes «Quatro propostas de mais Europa:»
Vacuidade terminal. Num deserto de ideias um dilúvio de palavras, foi assim que várias vezes caracterizei o discurso socialista de José Sócrates. Nesse sentido, Seguro é o seu continuador.
O que será para AJS «genuína»? Nós respondemos pelos 60%. Quem responde pelos restantes 70%? Como se separa o rating? Inclui-se um artigo na constituição? Como se impede os mercados de «especularem»? Nacionalizam-se?
- «uma genuína união monetária e económica na zona euro;
- mutualização da dívida soberana que exceda os 60% do PIB de cada Estado-membro;
- separação do rating dos Estados do rating das empresas;
- possibilidade de o BCE poder agir contra a especulação dos mercados.»
Vacuidade terminal. Num deserto de ideias um dilúvio de palavras, foi assim que várias vezes caracterizei o discurso socialista de José Sócrates. Nesse sentido, Seguro é o seu continuador.
O que será para AJS «genuína»? Nós respondemos pelos 60%. Quem responde pelos restantes 70%? Como se separa o rating? Inclui-se um artigo na constituição? Como se impede os mercados de «especularem»? Nacionalizam-se?
SERVIÇO PÚBLICO: Venezuela, mas poderia ser o Portugal socialista
«… bases em que assenta a política económica do País:
- Forte aposta na procura interna como meio de dinamizar a actividade económica, através de uma política muito generosa de expansão das despesas públicas, especialmente as correntes, financiadas por criação de moeda por um banco central muito colaborante, inundando o mercado com bolívares de grande qualidade estética;
- Controlo administrativo dos preços dos bens de consumo corrente e duradouro, para defesa dos mais carenciados, quando necessário nacionalizando as redes de distribuição ou enviando tropas para os mercados a fim de fiscalizarem “in loco” o cumprimento dos controlos de preços;
- Nacionalização de múltiplos sectores económicos, em ordem a assegurar que a produção segue padrões de interesse nacional e patriótico e não necessariamente aquilo que o mercado lhe impõe;
5. Se bem se percebe, esta política corresponde ao que de melhor tem sido sustentado por muitos sectores dos mais esclarecidos em Portugal, nomeadamente os Crescimentistas “HARD”, uma boa parte dos Crescimentistas “SOFT” e mesmo alguns sectores particularmente sensíveis ás chamadas questões sociais e que invariavelmente apelam ao Estado para que acuda (atirando dinheiro, claro) a toda e qq situação de dificuldade dos grupos sociais mais diversos...
6. Esta política tem todas as condições, segundo a cartilha Crescimentista, para assegurar a felicidade do Povo, cobrindo-o de benefícios e de generoso apoio social...só falta mesmo a mutualização de uma parte da dívida pública ou a reestruturação da mesma, para completar o painel...
7. Absolutamente paradoxal, o insucesso desta politica na Venezuela... Será o resultado de uma conjura internacional, de inspiração capitalista ou fascista como se queixa o governo venezuelano?»
Tavares Moreira, um exemplo infelizmente raro de quem passou (episodicamente) pela política mantendo a clarividência e a integridade, «O estranho paradoxo da política económica na Venezuela…», no 4R
- Forte aposta na procura interna como meio de dinamizar a actividade económica, através de uma política muito generosa de expansão das despesas públicas, especialmente as correntes, financiadas por criação de moeda por um banco central muito colaborante, inundando o mercado com bolívares de grande qualidade estética;
- Controlo administrativo dos preços dos bens de consumo corrente e duradouro, para defesa dos mais carenciados, quando necessário nacionalizando as redes de distribuição ou enviando tropas para os mercados a fim de fiscalizarem “in loco” o cumprimento dos controlos de preços;
- Nacionalização de múltiplos sectores económicos, em ordem a assegurar que a produção segue padrões de interesse nacional e patriótico e não necessariamente aquilo que o mercado lhe impõe;
5. Se bem se percebe, esta política corresponde ao que de melhor tem sido sustentado por muitos sectores dos mais esclarecidos em Portugal, nomeadamente os Crescimentistas “HARD”, uma boa parte dos Crescimentistas “SOFT” e mesmo alguns sectores particularmente sensíveis ás chamadas questões sociais e que invariavelmente apelam ao Estado para que acuda (atirando dinheiro, claro) a toda e qq situação de dificuldade dos grupos sociais mais diversos...
6. Esta política tem todas as condições, segundo a cartilha Crescimentista, para assegurar a felicidade do Povo, cobrindo-o de benefícios e de generoso apoio social...só falta mesmo a mutualização de uma parte da dívida pública ou a reestruturação da mesma, para completar o painel...
7. Absolutamente paradoxal, o insucesso desta politica na Venezuela... Será o resultado de uma conjura internacional, de inspiração capitalista ou fascista como se queixa o governo venezuelano?»
Tavares Moreira, um exemplo infelizmente raro de quem passou (episodicamente) pela política mantendo a clarividência e a integridade, «O estranho paradoxo da política económica na Venezuela…», no 4R
07/03/2014
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (77) – Putin «carterizou» Obama
[Uma espécie de sequela daqui]
«The response from the administration in Washington (to foreign threats) has been one of weakness, inconsistency, vacillation and bluff. Our allies are losing confidence in us, and our adversaries no longer respect us. (Our partners) are confused by the lack of a coherent, principled policy from the Carter administration.»
As frases anteriores, aqui recordadas por Daniel Henninger num artigo oportunamente intitulado «Putin Carterizes Obama, Totally», foram ditas por Ronald Reagan a respeito da resposta, ou da falta dela, de Jimmy Carter à crise do Irão. Aplicam-se hoje com toda a propriedade às consequências da política externa errática, irrealista e irresponsável de Obama. A humilhação de Obama por Putin no caso da Ucrânia só é ultrapassada pela humilhação já infligida por Putin no caso da Síria com a célebre carta publicada no NYT onde o czar Vladimir dá lições de respeito pelos direitos humanos a Barack Obama (veja-se aqui o post premonitório de há 6 meses do Impertinente onde aplicou a Obama o cognome de «Jimmy Carter II»).
«The response from the administration in Washington (to foreign threats) has been one of weakness, inconsistency, vacillation and bluff. Our allies are losing confidence in us, and our adversaries no longer respect us. (Our partners) are confused by the lack of a coherent, principled policy from the Carter administration.»
As frases anteriores, aqui recordadas por Daniel Henninger num artigo oportunamente intitulado «Putin Carterizes Obama, Totally», foram ditas por Ronald Reagan a respeito da resposta, ou da falta dela, de Jimmy Carter à crise do Irão. Aplicam-se hoje com toda a propriedade às consequências da política externa errática, irrealista e irresponsável de Obama. A humilhação de Obama por Putin no caso da Ucrânia só é ultrapassada pela humilhação já infligida por Putin no caso da Síria com a célebre carta publicada no NYT onde o czar Vladimir dá lições de respeito pelos direitos humanos a Barack Obama (veja-se aqui o post premonitório de há 6 meses do Impertinente onde aplicou a Obama o cognome de «Jimmy Carter II»).
06/03/2014
ESTADO DE SÍTIO: Brincando com o fogo
De boas intenções está o inferno cheio (20) – Já somos pelo menos dois…
«Não gosto da mitologia do Papa», disse o Papa.
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: «Tous à poile», a engenharia social gaulesa
Enquanto por cá se analisa autonomização do crime de stalking, em França o ministério da Educação ensaia a fabricação do novo ser humano através de «l'enseignement de l'égalité filles - garçons à l'École».
Aparentemente as massas ignaras não estão a aderir.
Material de estudo: «Tous à poil» de Jean-François Copé |
05/03/2014
Títulos inspirados (24) - «PSP quer impor lei seca durante manifestação»
«Hipótese de impedir a compra de álcool no percurso está em cima da mesa. PSP diz essa é a causa dos problemas no último protesto.» (ionline) Se protestar, não beba!
Polícias e jornalistas, a mesma luta.
Polícias e jornalistas, a mesma luta.
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: E para quando o Molestation, Sexual Assault, Harrasment, Rape, Bullying, Mobbing? Sem esquecer cyberstalking, cyberharassment, cyberbullying
«PSD analisa autonomização do crime de stalking». E o PS e o berloquismo? Ficam calados? Não têm mais nada para autonomizar?
Eu diria mesmo mais: façamos do Código Penal uma agenda e uma lista das obsessões do politicamente correcto.
Eu diria mesmo mais: façamos do Código Penal uma agenda e uma lista das obsessões do politicamente correcto.
ACREDITE SE QUISER: A frota do ex-vice-czar da Ucrânia Viktor Yanukovych
04/03/2014
SERVIÇO PÚBLICO: Mudam-se os tempos, mudam-se os líderes e mudam-se as vontades
«On Oct. 18, 1962, Soviet Foreign Minister Andrei Gromyko visited President Kennedy in the Oval Office and told him that the Soviet Union would never deploy offensive military capabilities in Cuba. This was a lie, as Kennedy already knew, and four days later he called Gromyko out on the lie in his famous "quarantine" speech, usefully embarrassing the Soviets and rallying U.S. public opinion at the height of the Cuban Missile Crisis.
Fifty-plus years later, Mr. Putin told Mr. Obama that Russia had intervened in Crimea because "the lives and health of Russian citizens and the many compatriots" were at imminent risk. That, too, was a transparent lie, as every report out of Crimea attests. The difference this time is an American president who registers no public complaint about being brazenly lied to by a Russian thug.»
Anatomy of a Feckless Presidency, Bret Stephens no WSJ
Fifty-plus years later, Mr. Putin told Mr. Obama that Russia had intervened in Crimea because "the lives and health of Russian citizens and the many compatriots" were at imminent risk. That, too, was a transparent lie, as every report out of Crimea attests. The difference this time is an American president who registers no public complaint about being brazenly lied to by a Russian thug.»
Anatomy of a Feckless Presidency, Bret Stephens no WSJ
A atracção fatal entre a banca do regime e o poder (15) – Submerso em corrupção
[Mais atracções fatais: pesquisa Google]
Em tempos idos, quando Portugal era um país que se sabia pobre e a Marinha portuguesa tinha 3 submarinos reciclados da II Guerra, dizia-se que um deles só imergia, outro só emergia e o terceiro não imergia nem emergia.
Agora que o país se pensa rico, depois de décadas a endividar-se, continua com três submarinos. Dois novinhos em folha da Marinha e um terceiro de 1869, na época chamado de «Caza de Cambio», sito na Calçada do Combro, n.º 91, e actualmente chamado BES que imergiu com o PREC e emergiu em meados da década de 80 e desde então navega nos mares do regime.
Estava escrito que os três submarinos se haveriam de encontrar. Primeiro pela mão do governo de Guterres que decidiu encomendar dois, e depois do governo de Barroso que concretizou a adjudicação à Ferrostal com os dedinhos do inefável Portas, à época ministro da Defesa. Nessa altura, os submarinos cruzaram-se várias vezes com os sobreiros da herdade Portucale e Abel Pinheiro, uma espécie de tesoureiro do CDS, foi escutado em conversas com gente do BES, dizendo «nós metemos nas mãos da sua gente mais de 400 milhões de euros nas últimas três semanas».
Dez anos depois, emerge na Suíça a ligação do terceiro submarino aos outros dois, com a decisão de um tribunal entregar os dados bancários de 3 contas cujos titulares são membros do Conselho Superior do BES. Para não ter de contar uma estória comprida que está contada no Expresso do último sábado, veja-se o diagrama que mostra o caminho do dinheiro.
Talvez agora devesse recordar outra vez ao BdeP o Artigo 30.º do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras sobre a «Idoneidade dos membros dos órgãos de administração e fiscalização».
Em tempos idos, quando Portugal era um país que se sabia pobre e a Marinha portuguesa tinha 3 submarinos reciclados da II Guerra, dizia-se que um deles só imergia, outro só emergia e o terceiro não imergia nem emergia.
Agora que o país se pensa rico, depois de décadas a endividar-se, continua com três submarinos. Dois novinhos em folha da Marinha e um terceiro de 1869, na época chamado de «Caza de Cambio», sito na Calçada do Combro, n.º 91, e actualmente chamado BES que imergiu com o PREC e emergiu em meados da década de 80 e desde então navega nos mares do regime.
Estava escrito que os três submarinos se haveriam de encontrar. Primeiro pela mão do governo de Guterres que decidiu encomendar dois, e depois do governo de Barroso que concretizou a adjudicação à Ferrostal com os dedinhos do inefável Portas, à época ministro da Defesa. Nessa altura, os submarinos cruzaram-se várias vezes com os sobreiros da herdade Portucale e Abel Pinheiro, uma espécie de tesoureiro do CDS, foi escutado em conversas com gente do BES, dizendo «nós metemos nas mãos da sua gente mais de 400 milhões de euros nas últimas três semanas».
Dez anos depois, emerge na Suíça a ligação do terceiro submarino aos outros dois, com a decisão de um tribunal entregar os dados bancários de 3 contas cujos titulares são membros do Conselho Superior do BES. Para não ter de contar uma estória comprida que está contada no Expresso do último sábado, veja-se o diagrama que mostra o caminho do dinheiro.
Fonte: Expresso Clicar para ampliar |
03/03/2014
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (76) – Jimmy Carter II
«Obama Looks Weak Abroad to Those at Home - Even Democrats don’t see him as a strong leader in the world at this point of his presidency». (The Daily Beast)
Os ianques já têm um novo Jimmy Carter mas ainda não se vê no horizonte um Ronald Reagan. O original foi humilhado pelos aiatolas, a cópia também o foi (Síria) e será (Crimeia) pelo czar Vladimir.
Os ianques já têm um novo Jimmy Carter mas ainda não se vê no horizonte um Ronald Reagan. O original foi humilhado pelos aiatolas, a cópia também o foi (Síria) e será (Crimeia) pelo czar Vladimir.
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: O povo unido jamais será vencido (a não ser pelo socialismo)
«Decidido a procurar o apoio entusiástico dos nossos partidos comunistas, por regra ávidos de baderna, aos levantamentos populares na Ucrânia e na Venezuela, fui espreitar os respectivos sites oficiais. Não encontrei apoio nenhum, antes pelo contrário. Curiosamente, as insurgências e as revoluções que tanto excitam PCP e Bloco de Esquerda noutros lugares são alvo de firme condenação nesses lugares em particular. Ao que parece, o povo unido jamais será vencido - excepto se o povo em questão não compreender as virtudes do socialismo ou merecer a simpatia da América, afinal os critérios decisivos para exaltar a fúria das massas ou calá-la a tiro.»
Alberto Gonçalves, no DN
Na Ucrânia e na Venezuela no pasa nada, e na Coreia do Norte, que o camarada Bernardino não está certo de não ser uma democracia, o que se passa segundo o Partido Comunista é uma «campanha de permanente tensão e conflito com vista à desestabilização da Península Coreana e à justificação da presença militar norte-americana nesta região».
Alberto Gonçalves, no DN
Na Ucrânia e na Venezuela no pasa nada, e na Coreia do Norte, que o camarada Bernardino não está certo de não ser uma democracia, o que se passa segundo o Partido Comunista é uma «campanha de permanente tensão e conflito com vista à desestabilização da Península Coreana e à justificação da presença militar norte-americana nesta região».