Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central do Brasil e um dos homens-chave do Plano Real que pela primeira vez em décadas conteve a hiperinflação e lançou as bases para o crescimento subsequente, traçou em entrevista ao Público um retrato lúcido do Brasil e das políticas erradas do PT (com orientações comuns às políticas do PS português) e suas consequências. Recomenda-se a leitura e, à guisa de appetiser, aqui vai um pequeno extracto:
«Essa expansão que vem perdendo fôlego depois de 2008/2009, é uma expansão baseada no consumo. Ela foi extraordinária nesse período que vai de 2003 até à crise, e quando a crise é superada, em 2009-2010, nós não voltamos a retomar o crescimento do consumo com o mesmo vigor. Claramente o modelo mostra sinais de esgotamento porque o novo patamar de endividamento familiar é elevado. Está-se a verificar certa resistência das pessoas a endividarem-se mais para consumo e, ao mesmo tempo, num momento como o actual em que a taxa de juros começa a crescer, soma-se a isso o aumento do custo dos empréstimos. Por isso, a economia encolheu. A grande decepção das autoridades é que elas imaginavam que esse processo de expansão baseado no consumo alavancado, no consumo e dívida familiar, fosse fazer começar um processo de aumento na formação de capital. Ou seja, as empresas investiriam mais, fariam mais capex [investimento de capital], com o intuito de criar capacidade produtiva para um crescimento sustentado maior.»
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