11/03/2014

Estado assistencialista falhado (12) – O Portugal corporativo

«Os polícias querem ter as regalias inerentes à sua condição de agentes de segurança. Regalias essas que passam por sete suplementos remuneratórios - suplemento de Patrulha, de Turno e Piquete, de Comando e Residência a que se juntam o intrigante suplemento Especial de Serviço e o ainda mais intrigante suplemento por Serviço nas Forças de Segurança.

E escrevo intrigante pois não se percebe, ou pelo menos eu não percebo, como pode um agente de segurança receber um suplemento por estar de serviço e outro ainda por estar de serviço nas forças de segurança. Terão os agentes de segurança ido ao engano quando se candidataram ao lugar e agora têm de ser compensados por isso? E uma vez nas forças de segurança não era suposto estarem ao serviço?

(…) Estes são alguns exemplos daquilo que em Portugal tem sido o mais eficaz modo de vida para as diversas corporações: conseguir que o Estado lhes garanta a excepcionalidade nas regalias e o regime geral no momento das reivindicações. Quando esta duplicidade chega às forças de segurança, aos magistrados ou aos militares vê-se o perigoso paradoxo a que esta duplicidade nos conduziu. Os grupos que pela natureza das suas funções deviam ter regimes excepcionais tornaram-se numa casta pretoriana que o povo não respeita e que o poder político teme e que por isso mesmo desautorizará assim que tiver oportunidade. (Ou será que já ninguém se lembra da marinha reduzida ao zero naval e das razões que levaram a GNR a passar de corpo de élite a vigilante de caminhos rurais?)»

«Querida excepçãozinha», Helena Matos no Económico

São tantos os suplementos que Helena Matos aparentemente esqueceu o «suplemento para fardas» cujo aumento tinha sido aprovado na véspera da manifestação em S. Bento. Dois dias depois dessa manifestação, um cabo da GNR fez uma outra no Love Clube, em Oliveira de Azeméis, numa festa dedicada ao dia da mulher onde tirou a farda e o resto para uma plateia feminina que o aplaudiu com entusiasmo e aproveitou para ver as partes pudendas de um exemplar de uma classe que nas ruas é difícil de ver até fardada – a não ser nas esquadras e aquartelamentos onde descansam das suas vidas agitadas.

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