Por vezes uma ou outra engrenagem da maior e melhor máquina de manipulação algum dia montada no país salta dos carretos, comprometendo a eficácia manipulativa. Foi o caso do artigo da página 20 do caderno Confidencial do Sol com o inacreditável título «Plano anti-crise de Sócrates arrancou em Março», onde se insinua que o plano da Comissão Europeia é uma espécie de cópia desajeitada do plano doméstico e se escreve coisas como «em Portugal, os primeiros passos do plano anti-crise remontam a Março, quando Sócrates anunciou a baixa do IVA de 21% para 20%,... alívio aos encargos fiscais dos camionistas,..., redução do IMI...».
Vamos esquecer que o ministro Pinho anunciou o fim da crise há dois anos. Lembremo-nos tão só o anúncio, precisamente em Março, do fim da crise orçamental pelo senhor engenheiro para justificar a redução do IVA, quando disse «não me recordo de um período em que o país tivesse que fazer um ajustamento orçamental com os resultados que temos e, ao mesmo tempo, tivéssemos uma subida no crescimento económico e não uma recessão». Lembremo-nos também que o «alívio aos encargos fiscais dos camionistas» foi a cedência à chantagem sob a forma de lock-out e boicote dos camionistas. Recordemos ainda que a redução do IMI é da responsabilidade das câmaras (a maioria do PSD) e não esqueçamos que até à débâcle do Lehman Brothers há dois meses o governo garantia que economia portuguesa estava ao abrigo da crise.
A central de manipulação do senhor engenheiro tem obrigação de instruir os jornalistas de serviço para evitar o manteiguismo óbvio destas distorções grosseiras e ganhar um pouco mais de sofisticação. Já nem se fala da reinvenção da comissão de censura ensaiada pela Agência Lusa ao proibir o uso da palavra «estagnação».
Longe deste primarismo estão as «notícias» dedicadas ao caso BPN no Expresso, por exemplo: «Cavaco não explica acções do BPN» no caderno principal e «Carta a um homem inteligente, meticuloso e cuidadoso» no caderno Economia. Numa e noutra, com vénias e considerações laudatórias, directamente ou por interposto doutor Dias Loureiro, a credibilidade do doutor Cavaco (que se tem posto bastante a jeito, diga-se), é cuidadosamente posta em causa. É um exemplo do aproveitamento da sorte grande que já está em marcha para cozer o doutor Cavaco em lume lento, trabalhando para conseguir a segunda maioria absoluta do PS e evitar o segundo mandato do PR.
30/11/2008
28/11/2008
ESTADO DE SÍTIO: O partido da factura.
Não sei se está em marcha uma conspiração para reconstruir o Bloco Central, como parece admitir Paulo Morais. Com ou sem conspiração, pode ser que lá se chegue pela convergência de realidades (o desgaste resultante da deterioração da situação económica, o ressentimento de corporações como professores, militares e juízes) e de interesses (do PS, do PSD e de Cavaco Silva), no caso possível, mas em minha opinião não muito provável (ver «Saiu-lhe a sorte grande»), da perda de maioria do PS.
Se for assim, sem dúvida, acontecerá como prevê Paulo Morais [via Blasfémias]:
«Esta nova união nacional promoverá os mega-investimentos públicos que a crise aparentemente justifica, os neokeynesianos doutrinam e o presidente da República apadrinha. Construir-se-á o TGV, desbaratando 15 mil milhões de euros num projecto absolutamente inútil. Além do novo aeroporto de Lisboa, da nova travessia sobre o Tejo e o que mais virá.
Envergonhando a sua história, o PSD será protagonista desta tragédia. Quando mais os portugueses precisariam que se assumisse como partido de fractura, este apresenta-se como o "partido da factura". Negociando votos em troca de favores a amigos.»
Se for assim, sem dúvida, acontecerá como prevê Paulo Morais [via Blasfémias]:
«Esta nova união nacional promoverá os mega-investimentos públicos que a crise aparentemente justifica, os neokeynesianos doutrinam e o presidente da República apadrinha. Construir-se-á o TGV, desbaratando 15 mil milhões de euros num projecto absolutamente inútil. Além do novo aeroporto de Lisboa, da nova travessia sobre o Tejo e o que mais virá.
Envergonhando a sua história, o PSD será protagonista desta tragédia. Quando mais os portugueses precisariam que se assumisse como partido de fractura, este apresenta-se como o "partido da factura". Negociando votos em troca de favores a amigos.»
27/11/2008
CASE STUDY: Mobilidade especial
O banqueiro João Rendeiro, presidente e accionista do Banco Privado Português, é um exemplo vivo do sucesso avant la lettre do plano de mobilidade especial do senhor engenheiro. O banqueiro confessa na sua auto-biografia apresentada no princípio da semana que é um funcionário público em licença ilimitada.
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (6) middle-of-the-road
[Episódios anteriores (1), (2), (3), (4) e (5)]
Barack Obama criou um painel de aconselhamento económico e nomeou Paul Volcker para o liderar. Antigo presidente da Reserva Federal, apesar de tradicionalmente do partido Democrata e ter sido nomeado por Carter, Volcker tem aos olhos da obamófilia várias manchas negras no cadastro. A primeira for ter sido renomeado por Reagan em 1983. A segunda foi ter combatido com tanto rigor a inflação que foi demonizado pelos democratas e chegou a ter o gabinete invadido por desempregados, protestando contra a sua política. Para a obamófilia tem a seu favor uma fé limitada nos mercados. Contudo, ó obamófilos europeus não vos exciteis porque o «fé» e «limitada» têm outros referenciais. Na Europa, provavelmente vôvô Volcker (81 anos) seria considerado um suspeito liberal.
Barack Obama criou um painel de aconselhamento económico e nomeou Paul Volcker para o liderar. Antigo presidente da Reserva Federal, apesar de tradicionalmente do partido Democrata e ter sido nomeado por Carter, Volcker tem aos olhos da obamófilia várias manchas negras no cadastro. A primeira for ter sido renomeado por Reagan em 1983. A segunda foi ter combatido com tanto rigor a inflação que foi demonizado pelos democratas e chegou a ter o gabinete invadido por desempregados, protestando contra a sua política. Para a obamófilia tem a seu favor uma fé limitada nos mercados. Contudo, ó obamófilos europeus não vos exciteis porque o «fé» e «limitada» têm outros referenciais. Na Europa, provavelmente vôvô Volcker (81 anos) seria considerado um suspeito liberal.
26/11/2008
ESTADO DE SÍTIO: Saiu-lhe a sorte grande.
Quais são os 3 maiores obstáculos ou ameaças à maioria absoluta do PS nas próximas eleições?
Em primeiro lugar, o estado da ecoanomia . Crescimento anémico, estagnação, não convergência real com a EU, défice crescente da balança comercial, peso desmesurado das despesas públicas, défice reduzido à custo do aumento da carga fiscal, endividamento público e privado a aumentar, desemprego que se mantém. E, pior do que tudo, o que nos espera nos próximos meses e anos que é cada vez mais difícil de esconder. Para quem anunciou amanhãs que cantam não podia ser pior.
Em segundo lugar, uma nova liderança do PSD que sucedendo ao desastre do doutor Menezes não podia ser pior.
Em terceiro lugar, a cooperação institucional reticente do doutor Cavaco, sobretudo depois do caso dos Açores.
Diz o sound bite (aprendido recentemente pelo senhor engenheiro) que há uma oportunidade em cada dificuldade.
Depois duma primeira fase em que o primeiro ministro, acolitado pelo pior ministro das Finanças da UE, tentou vender a ideia da imunidade da economia portuguesa à doença do capitalismo selvagem, rapidamente percebeu que podia debitar o estado da ecoanomia na conta da crise financeira global. Foi o que fez, aproveitando ainda para se creditar com «previsões menos negativas que os outros» e vamos ver o que vai fazer em ano de eleições com os estímulos fiscais propostos pela Comissão Europeia. A coisa passou e está a passar perfeitamente porque a esquerdalhada arrepia-se de excitação e a populaça treme só de ouvir falar em capitalismo, quanto mais selvagem.
Esgotado o silencioso período de nojo, a doutora Ferreira Leite começou a tentar falar e, pior do que isso, começou a tentar ironizar. Nem o esforço ingente dos interpretadores a explicar a hermenêutica do discurso da líder conseguiu apagar o ruído mediático produzido pela maior e melhor máquina de manipulação algum dia montada no país (o doutor Salazar, o Botas, está a roer-se de inveja no túmulo). Diga-se, por justiça, que (quase) tudo o que a doutora Manuela disse é (aproximadamente) verdade, mas como se sabe (ela não sabe) é preciso muito génio para conseguir um convívio harmonioso entre a verdade e a política.
Dos 3 obstáculos maiores restava a reticência do doutor Cavaco. É nessa altura que tomba dos céus ou, melhor ainda, se ergue das caves do BdeP o caso BPN. Perdeu-se a conta do número de ex-ministros, ex-secretários de estados, ex-amigos e amigos actuais do doutor Cavaco embrulhados nas teias da aranha do doutor Oliveira e Costa. Last but not least, muito oportuna e convenientemente, o pasquim «24 horas» denuncia o financiamento com cem mil euros da campanha do doutor Cavaco por um lote de accionistas do BPN. Imagine-se o que a maior e melhor máquina de manipulação vai fazer com este filão - cozê-lo em lume lento, pois claro. Está fora de causa que, com toda a probabilidade, o doutor Cavaco não tem qualquer responsabilidade no caso, a não ser a responsabilidade de não saber escolher com quem trabalha ou de quem é amigo. Para a central de manipulação pouco importa, tal como pouco importa se as boutades da doutora Manuela são ou não verdades.
Em primeiro lugar, o estado da ecoanomia . Crescimento anémico, estagnação, não convergência real com a EU, défice crescente da balança comercial, peso desmesurado das despesas públicas, défice reduzido à custo do aumento da carga fiscal, endividamento público e privado a aumentar, desemprego que se mantém. E, pior do que tudo, o que nos espera nos próximos meses e anos que é cada vez mais difícil de esconder. Para quem anunciou amanhãs que cantam não podia ser pior.
Os amanhãs que cantam do senhor engenheiro (OJE, 26-11)
Em segundo lugar, uma nova liderança do PSD que sucedendo ao desastre do doutor Menezes não podia ser pior.
Em terceiro lugar, a cooperação institucional reticente do doutor Cavaco, sobretudo depois do caso dos Açores.
Diz o sound bite (aprendido recentemente pelo senhor engenheiro) que há uma oportunidade em cada dificuldade.
Depois duma primeira fase em que o primeiro ministro, acolitado pelo pior ministro das Finanças da UE, tentou vender a ideia da imunidade da economia portuguesa à doença do capitalismo selvagem, rapidamente percebeu que podia debitar o estado da ecoanomia na conta da crise financeira global. Foi o que fez, aproveitando ainda para se creditar com «previsões menos negativas que os outros» e vamos ver o que vai fazer em ano de eleições com os estímulos fiscais propostos pela Comissão Europeia. A coisa passou e está a passar perfeitamente porque a esquerdalhada arrepia-se de excitação e a populaça treme só de ouvir falar em capitalismo, quanto mais selvagem.
Esgotado o silencioso período de nojo, a doutora Ferreira Leite começou a tentar falar e, pior do que isso, começou a tentar ironizar. Nem o esforço ingente dos interpretadores a explicar a hermenêutica do discurso da líder conseguiu apagar o ruído mediático produzido pela maior e melhor máquina de manipulação algum dia montada no país (o doutor Salazar, o Botas, está a roer-se de inveja no túmulo). Diga-se, por justiça, que (quase) tudo o que a doutora Manuela disse é (aproximadamente) verdade, mas como se sabe (ela não sabe) é preciso muito génio para conseguir um convívio harmonioso entre a verdade e a política.
Dos 3 obstáculos maiores restava a reticência do doutor Cavaco. É nessa altura que tomba dos céus ou, melhor ainda, se ergue das caves do BdeP o caso BPN. Perdeu-se a conta do número de ex-ministros, ex-secretários de estados, ex-amigos e amigos actuais do doutor Cavaco embrulhados nas teias da aranha do doutor Oliveira e Costa. Last but not least, muito oportuna e convenientemente, o pasquim «24 horas» denuncia o financiamento com cem mil euros da campanha do doutor Cavaco por um lote de accionistas do BPN. Imagine-se o que a maior e melhor máquina de manipulação vai fazer com este filão - cozê-lo em lume lento, pois claro. Está fora de causa que, com toda a probabilidade, o doutor Cavaco não tem qualquer responsabilidade no caso, a não ser a responsabilidade de não saber escolher com quem trabalha ou de quem é amigo. Para a central de manipulação pouco importa, tal como pouco importa se as boutades da doutora Manuela são ou não verdades.
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (5) another day, another disgust
[Episódios anteriores (1), (2), (3) e (4)]
Nunca se pode dizer que é de vez, em matéria de desilusões. Uma vez mais, Santo Obama desaponta a obamófilia. Robert Gates, o actual secretário de Defesa do texano tóxico, por sinal um sujeito competente (não estou a falar do texano), está a negociar o convite de Barack Obama para continuar pelo menos no primeiro ano do mandato.
Nunca se pode dizer que é de vez, em matéria de desilusões. Uma vez mais, Santo Obama desaponta a obamófilia. Robert Gates, o actual secretário de Defesa do texano tóxico, por sinal um sujeito competente (não estou a falar do texano), está a negociar o convite de Barack Obama para continuar pelo menos no primeiro ano do mandato.
25/11/2008
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (4) a mãe de todas as desilusões
[Episódios anteriores (1), (2) e (3)]
Desta vez, é de vez. A obamófilia não vai resistir ao anúncio de ontem do santo padroeiro que «he might abandon a campaign promise of raising taxes on high-income Americans after he's elected. Instead, in a statement reflecting some political practicality, he suggested he may let President Bush's tax cuts for upper-income earners expire at the end of 2010 rather than repealing the cuts earlier».
Desta vez, é de vez. A obamófilia não vai resistir ao anúncio de ontem do santo padroeiro que «he might abandon a campaign promise of raising taxes on high-income Americans after he's elected. Instead, in a statement reflecting some political practicality, he suggested he may let President Bush's tax cuts for upper-income earners expire at the end of 2010 rather than repealing the cuts earlier».
24/11/2008
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Bancos! Tirai o dinheiro do colchão!
Secção George Orwell
A doutora Teodora Cardoso defendeu numa intervenção na IV Conferencia Anual da Ordem dos Economistas que «vai ser necessário obrigar os bancos a fazerem aquilo para que servem», querendo com isto sugerir que o governo deve obrigar os bancos a emprestarem dinheiro.
É uma excelente ideia porque os bancos tem o péssimo habito de ficar sentados em cima do dinheiro conseguido com um funding suado que lhes custa os olhos da cara, esmifrado aos clientes pelos seus depósitos, aos outros bancos no mercado monetário interbancário e ao BCE, sem saberem o que fazer com ele e, nomeadamente, não querendo emprestá-lo a ninguém.
É uma ideia tão boa que deveria ser aplicada a todos os sectores. Por exemplo, no imobiliário, obrigando os promotores a vender as centenas de milhar de casas estacionadas nos seus portfolios, ou, melhor, obrigando os potenciais compradores a comprá-las com o dinheiro que os bancos seriam obrigados a emprestar-lhes. Ou no sector automóvel, obrigando a choldra a comprar carros aos concessionários, que egoisticamente os têm armazenados só para eles, com dinheiro proveniente da mesma fonte.
Por tão boa ideia, equivalente à do visconde e escritor que um dia abençoou a divina providência por fazer passar os rios pelo meio das cidades, merece a doutora Teodora o pleno (cinco) dos chateaubriands.
(Reparo agora que as minhas ideias são ainda melhores do que as da doutora Teodora, pelo que me auto-atribuo 3 ignóbeis)
A doutora Teodora Cardoso defendeu numa intervenção na IV Conferencia Anual da Ordem dos Economistas que «vai ser necessário obrigar os bancos a fazerem aquilo para que servem», querendo com isto sugerir que o governo deve obrigar os bancos a emprestarem dinheiro.
É uma excelente ideia porque os bancos tem o péssimo habito de ficar sentados em cima do dinheiro conseguido com um funding suado que lhes custa os olhos da cara, esmifrado aos clientes pelos seus depósitos, aos outros bancos no mercado monetário interbancário e ao BCE, sem saberem o que fazer com ele e, nomeadamente, não querendo emprestá-lo a ninguém.
É uma ideia tão boa que deveria ser aplicada a todos os sectores. Por exemplo, no imobiliário, obrigando os promotores a vender as centenas de milhar de casas estacionadas nos seus portfolios, ou, melhor, obrigando os potenciais compradores a comprá-las com o dinheiro que os bancos seriam obrigados a emprestar-lhes. Ou no sector automóvel, obrigando a choldra a comprar carros aos concessionários, que egoisticamente os têm armazenados só para eles, com dinheiro proveniente da mesma fonte.
Por tão boa ideia, equivalente à do visconde e escritor que um dia abençoou a divina providência por fazer passar os rios pelo meio das cidades, merece a doutora Teodora o pleno (cinco) dos chateaubriands.
(Reparo agora que as minhas ideias são ainda melhores do que as da doutora Teodora, pelo que me auto-atribuo 3 ignóbeis)
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (3) a escolha do secretário do Tesouro
[Episódios anteriores (1) e (2)]
Santo Obama vai nomear secretário do Tesouro Timothy Geithner, actual presidente da Reserva Federal de Nova Iorque. Geithner que disse considerar a actual estrutura de regulação «an enormously complex web of rules that create perverse incentives and leave huge opportunities for arbitrage and evasion, and creates the risk of large gaps in our knowledge and authority», não parece partilhar a ideia, que possui imensos obamófilos, de que a coisa se resolve tornando mais enorme a complexa teia de regras.
Santo Obama vai nomear secretário do Tesouro Timothy Geithner, actual presidente da Reserva Federal de Nova Iorque. Geithner que disse considerar a actual estrutura de regulação «an enormously complex web of rules that create perverse incentives and leave huge opportunities for arbitrage and evasion, and creates the risk of large gaps in our knowledge and authority», não parece partilhar a ideia, que possui imensos obamófilos, de que a coisa se resolve tornando mais enorme a complexa teia de regras.
Preparando o switch
A Duma aprovou na sexta-feira passada a proposta de Dmitri Medvedev, procurador do czar Putin, para alargar o mandato do presidente de quatro para seis anos. Segundo Medvedev, o propósito do alargamento é garantir a estabilidade dos futuros governos.
Ó Dmitri guarda aí o lugar que eu já volto
CASE STUDY: os mitos da educação pública (5)
[Continuação de (1), (2), (3) e (4)]
Em que consiste o «aspecto positivo (das) notas dos alunos deixarem de contar para a avaliação dos professores»? E porque «é um mau princípio, (que) devia ser eliminado de vez»? Alguém pode fazer o favor de explicar o pensamento do PSD, expresso pela boca do seu líder parlamentar? Se as notas dos alunos medem (ou deviam medir) o desempenho dos alunos na aprendizagem, se a missão dos professores é a facilitação da aprendizagem dos alunos, qual a outra medida do desempenho dos professores mais adequada à avaliação dos professores?
Em que consiste o «aspecto positivo (das) notas dos alunos deixarem de contar para a avaliação dos professores»? E porque «é um mau princípio, (que) devia ser eliminado de vez»? Alguém pode fazer o favor de explicar o pensamento do PSD, expresso pela boca do seu líder parlamentar? Se as notas dos alunos medem (ou deviam medir) o desempenho dos alunos na aprendizagem, se a missão dos professores é a facilitação da aprendizagem dos alunos, qual a outra medida do desempenho dos professores mais adequada à avaliação dos professores?
22/11/2008
TIROU-ME AS PALAVRAS DE BOCA: Por falar nisso, já agora, Bob dá uma nota para o peditório.
«It's hard to know what to make of the sad spectacle offered this week by the top executives of the country's carmakers begging for money from the government.
For the carmakers, you have to wonder how they could be so out of touch with the zeitgeist. Sure, their cars aren't as bad as they once were, and sure, millions of people buy them every year. But it beggars belief to hear General Motors Chief Executive Rick Wagoner earnestly tell a House committee that the problem is that customers can't get loans to buy cars. Chrysler may be a private company these days, but sending Bob Nardelli to Washington to ask for money was a huge public relations blunder. One could imagine a member of Congress simply telling Nardelli that if he thinks Chrysler needs money so badly the former Home Depot CEO could lend it some of the more than $200 million he pocketed while he ran that company.»
[MarketWatch's top stories of the week - Nov 21, 2008 ; foto daqui]
For the carmakers, you have to wonder how they could be so out of touch with the zeitgeist. Sure, their cars aren't as bad as they once were, and sure, millions of people buy them every year. But it beggars belief to hear General Motors Chief Executive Rick Wagoner earnestly tell a House committee that the problem is that customers can't get loans to buy cars. Chrysler may be a private company these days, but sending Bob Nardelli to Washington to ask for money was a huge public relations blunder. One could imagine a member of Congress simply telling Nardelli that if he thinks Chrysler needs money so badly the former Home Depot CEO could lend it some of the more than $200 million he pocketed while he ran that company.»
[MarketWatch's top stories of the week - Nov 21, 2008 ; foto daqui]
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (2) a escolha do secretário de estado
[Episódios anteriores (1)]
Hillary Clinton aceitou ontem o convite de Santo Obama para a secretaria de estado, depois de devidamente esclarecida sobre o seu papel à frente dos negócios estrangeiros, indício de que disporá da autonomia suficiente para instalar o seu avantajado ego no departamento de estado, sem mencionar o do seu marido Bill.
É mais um sinal - um bom sinal - que Obama está a fazer escolhas pragmáticas e realistas de políticos centristas fora da legião de seguidores lunáticos que o apoiou durante a campanha. Mas que dirão os fiéis esquerdizantes, sobretudo os europeus, da nomeação duma figura que, entre muitas outras coisas, diz acreditar (*) que «the market is the driving force behind our prosperity», votou a favor da intervenção no Iraque e não garante a retirada das tropas antes do final do primeiro mandato, diz que é uma «emphatic, unwavering supporter of Israel's safety and security», que em Abril deste ano ameaçou o Irão com a aniquilação nuclear se atacasse Israel com armas nucleares, cuja última posição acerca do embargo a Cuba é mantê-lo?
(*) A Wikipedia tem um bom resumo das «Political positions of Hillary Rodham Clinton».
Hillary Clinton aceitou ontem o convite de Santo Obama para a secretaria de estado, depois de devidamente esclarecida sobre o seu papel à frente dos negócios estrangeiros, indício de que disporá da autonomia suficiente para instalar o seu avantajado ego no departamento de estado, sem mencionar o do seu marido Bill.
É mais um sinal - um bom sinal - que Obama está a fazer escolhas pragmáticas e realistas de políticos centristas fora da legião de seguidores lunáticos que o apoiou durante a campanha. Mas que dirão os fiéis esquerdizantes, sobretudo os europeus, da nomeação duma figura que, entre muitas outras coisas, diz acreditar (*) que «the market is the driving force behind our prosperity», votou a favor da intervenção no Iraque e não garante a retirada das tropas antes do final do primeiro mandato, diz que é uma «emphatic, unwavering supporter of Israel's safety and security», que em Abril deste ano ameaçou o Irão com a aniquilação nuclear se atacasse Israel com armas nucleares, cuja última posição acerca do embargo a Cuba é mantê-lo?
(*) A Wikipedia tem um bom resumo das «Political positions of Hillary Rodham Clinton».
21/11/2008
ESTÓRIA E MORAL: A cada um a sua profecia.
Estória
Segundo o ministro das Finanças italiano Giulio Tremonti, o papa Benedicto XVI foi o primeiro a prever esta crise do sistema financeiro global num ensaio escrito em 1985 ("Economy and Ethics"). Ainda recentemente o papa num discurso revelou ao mundo outra grande verdade eterna (que em privado poderá ter revelado ao doutor Oliveira e Costa): «o dinheiro desaparece».
Moral
Se o papa fez uma profecia sobre o subprime, o doutor Constâncio, o ministro anexo, tem obrigação de nos revelar o quarto segredo de Fátima.
Segundo o ministro das Finanças italiano Giulio Tremonti, o papa Benedicto XVI foi o primeiro a prever esta crise do sistema financeiro global num ensaio escrito em 1985 ("Economy and Ethics"). Ainda recentemente o papa num discurso revelou ao mundo outra grande verdade eterna (que em privado poderá ter revelado ao doutor Oliveira e Costa): «o dinheiro desaparece».
Moral
Se o papa fez uma profecia sobre o subprime, o doutor Constâncio, o ministro anexo, tem obrigação de nos revelar o quarto segredo de Fátima.
Os tentáculos do polvo do Bloco Central não cessam de crescer
Mesmo descontando as 36 novas empresas hospitais, o número de empresas em que o Estado tem a maioria do capital aumentou entre 2001 e 2005 (num período onde se sucederam governos do PSD e do PS) em 18 unidades para um total de 420, segundo o Tribunal de Contas.
20/11/2008
BREIQUINGUE NIUZ: Vem mais a caminho, como é «natural».
2008-11-13 15:30 Moody's corta notação de crédito do Banco Privado Português
2008-11-13 18:49 BPP esclarece que risco do Grupo deve-se em particular à participação na Privado Financeiras
2008-11-13 19:12 BPP diz que rácio de solvabilidade está muito acima dos mínimos exigíveis
2008-11-19 01:46 João Rendeiro admite troca de capital com outros bancos
2008-11-19 01:48 "Não temos expectativa de atingir" a garantia de 750 milhões de euros
2008-11-19 18:20 Venda do Banco Privado Português está a ser negociada
2008-11-20 00:05 BPP pode estar prestes a mudar de mãos
2008-11-19 22:45 BPP pede garantia ao Estado para um empréstimo e 750 milhões de euros
2008-11-20 00:14 Rendeiro estima uma contracção "muito forte" da economia no quarto trimestre
2008-11-20 07:28 BPP procura financiadores
2008-11-20 15:51 O presidente do BPI, Artur Santos Silva, considerou hoje que o recurso à garantia do Estado por parte do Banco Privado Português (BPP) foi "natural".
[Fontes: Jornal de Negócios e Diário Económico]
2008-11-13 18:49 BPP esclarece que risco do Grupo deve-se em particular à participação na Privado Financeiras
2008-11-13 19:12 BPP diz que rácio de solvabilidade está muito acima dos mínimos exigíveis
2008-11-19 01:46 João Rendeiro admite troca de capital com outros bancos
2008-11-19 01:48 "Não temos expectativa de atingir" a garantia de 750 milhões de euros
2008-11-19 18:20 Venda do Banco Privado Português está a ser negociada
2008-11-20 00:05 BPP pode estar prestes a mudar de mãos
2008-11-19 22:45 BPP pede garantia ao Estado para um empréstimo e 750 milhões de euros
2008-11-20 00:14 Rendeiro estima uma contracção "muito forte" da economia no quarto trimestre
2008-11-20 07:28 BPP procura financiadores
2008-11-20 15:51 O presidente do BPI, Artur Santos Silva, considerou hoje que o recurso à garantia do Estado por parte do Banco Privado Português (BPP) foi "natural".
[Fontes: Jornal de Negócios e Diário Económico]
Saberá ele o que foi Bretton Woods?
«Da Cimeira não saiu nada de muito concreto nem que jeito tenha. Houve boas intenções e algumas promessas retóricas. Reformas sim, claro, disseram em coro, mas não um novo Bretton Woods - que horror! -, quando é precisamente disso que se trata.» escreveu o doutor Soares, desapontado, no DN de anteontem.
Sofrendo duma doença que o Impertinente costuma chamar esquerdismo senil (*) o doutor Soares, impaciente pelos milagres que Santo Obama tarda em revelar, espera coisas inesperadas e inesperáveis. Saberá ele que os acordos de Bretton Woods resultaram de três longos anos de preparação técnica, mobilizando centenas de economistas, e duma conferência que durou 3 longas semanas? Imagina ele que de conversa fiada entre duas dezenas de criaturas, quase todas bastante ignorantes do tema, durante meia dúzia de horas pudessem sair mais de que promessas (algumas delas retóricas)?
(*) Esquerdismo senil neste contexto não tem intuitos ofensivos, trata-se apenas de caracterizar uma certa visão política (ver o Glossário)
Sofrendo duma doença que o Impertinente costuma chamar esquerdismo senil (*) o doutor Soares, impaciente pelos milagres que Santo Obama tarda em revelar, espera coisas inesperadas e inesperáveis. Saberá ele que os acordos de Bretton Woods resultaram de três longos anos de preparação técnica, mobilizando centenas de economistas, e duma conferência que durou 3 longas semanas? Imagina ele que de conversa fiada entre duas dezenas de criaturas, quase todas bastante ignorantes do tema, durante meia dúzia de horas pudessem sair mais de que promessas (algumas delas retóricas)?
(*) Esquerdismo senil neste contexto não tem intuitos ofensivos, trata-se apenas de caracterizar uma certa visão política (ver o Glossário)
19/11/2008
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Uma guerra, dois sistemas.
[Foto de John McCain no Hanoi Hilton]
Secção Padre Anchieta
«Iúri Truchetchkin, tenente-coronel soviético na reserva, reconheceu que foi ele que, em 1967, abateu o avião tripulado por John MacCain durante a guerra no Vietname e não esconde que continua a odiar o candidato derrotado ao cargo de presidente norte-americano.
Segundo o veterano soviético, MacCain teve sorte, porque, normalmente, “os aviadores americanos eram mortos com enxadas.. mas John MacCain foi enviado para uma prisão terrível que se chamava ironicamente Hanoi Hilton ”.» (Inforpress)
John MacCain passou 5 anos e meio no Hanoi Hilton de onde saiu gravemente incapacitado. Durante os mais de 30 anos seguintes, McCain tornou-se senador e defendeu a normalização das relações diplomáticas e económicas com o Vietname (votada no Senado em 3-20-2001). Isso custou-lhe ser considerado traidor pelos seus antigos camaradas (ver por exemplo Vietnam Veterans against John McCain). Durante esse período Iúri Truchetchkin, 2 anos mais novo do que McCain, foi-se consumindo no seu ódio de estimação e está agora internado no hospital militar de São Petersburgo.
Cinco ignóbeis e quatro bourbons para o sobrevivente dos escombros do império soviético Iúri Truchetchkin, pelo seu obsessivo ódio malsão.
Secção Padre Anchieta
«Iúri Truchetchkin, tenente-coronel soviético na reserva, reconheceu que foi ele que, em 1967, abateu o avião tripulado por John MacCain durante a guerra no Vietname e não esconde que continua a odiar o candidato derrotado ao cargo de presidente norte-americano.
Segundo o veterano soviético, MacCain teve sorte, porque, normalmente, “os aviadores americanos eram mortos com enxadas.. mas John MacCain foi enviado para uma prisão terrível que se chamava ironicamente Hanoi Hilton ”.» (Inforpress)
John MacCain passou 5 anos e meio no Hanoi Hilton de onde saiu gravemente incapacitado. Durante os mais de 30 anos seguintes, McCain tornou-se senador e defendeu a normalização das relações diplomáticas e económicas com o Vietname (votada no Senado em 3-20-2001). Isso custou-lhe ser considerado traidor pelos seus antigos camaradas (ver por exemplo Vietnam Veterans against John McCain). Durante esse período Iúri Truchetchkin, 2 anos mais novo do que McCain, foi-se consumindo no seu ódio de estimação e está agora internado no hospital militar de São Petersburgo.
Cinco ignóbeis e quatro bourbons para o sobrevivente dos escombros do império soviético Iúri Truchetchkin, pelo seu obsessivo ódio malsão.
18/11/2008
CASE STUDY: os mitos da educação pública (4)
[Continuação de (1), (2) e (3)]
O que esperaria um CEO duma empresa com cerca de duzentos mil empregados que pretendesse lançar pela primeira vez um sistema de avaliação em que cada avaliador gastasse em média por ano 400 horas para avaliar os seus colaboradores? O despedimento (com uma indemnização confortável).
Contudo, tal sistema é impensável dir-se-á. Pois é. É impensável numa empresa, mas não na maior máquina do estado napoleónico-estalinista. Segundo as contas de Miguel Frasquilho, que costuma saber fazê-las, no sistema de avaliação que os lunáticos estacionados na avenida da República inventaram «cada professor que avalia seis colegas docentes (sim, os professores avaliam-se uns aos outros, imagine-se!...) gastará por ano mais de 400 horas (!) neste processo, tendo que preencher uma grelha com mais de 20 páginas, quase 300 registos de avaliação e mais de 600 registos de observação de aulas!».
É óbvio que da aplicação deste sistema kafkiano já resultaram e ainda resultarão mais danos do que a ausência dum sistema de avaliação que, recorde-se, nunca existiu. Já se sabe que os professores e com eles os restantes funcionários públicos e, para sermos honestos, os funcionários privados, querem tudo menos ser avaliados e tentarão escapar a qualquer sistema de avaliação, bom ou mau. É indiscutível que é necessário um sistema adequado de avaliação, mas é absolutamente insensato usar um modelo como este, só porque. A medicina errada não produz um estado mais saudável do que o da doença que pretendia curar.
A mim parece-me que a avaliação dos professores seria muito simples e objectiva se baseada nos resultados dos seus alunos (expurgados das condicionantes socioeconómicas exteriores à escola) obtidos com um sistema credível de avaliação com exames nacionais todos os anos. Tudo o resto só serve para atrapalhar.
O que esperaria um CEO duma empresa com cerca de duzentos mil empregados que pretendesse lançar pela primeira vez um sistema de avaliação em que cada avaliador gastasse em média por ano 400 horas para avaliar os seus colaboradores? O despedimento (com uma indemnização confortável).
Contudo, tal sistema é impensável dir-se-á. Pois é. É impensável numa empresa, mas não na maior máquina do estado napoleónico-estalinista. Segundo as contas de Miguel Frasquilho, que costuma saber fazê-las, no sistema de avaliação que os lunáticos estacionados na avenida da República inventaram «cada professor que avalia seis colegas docentes (sim, os professores avaliam-se uns aos outros, imagine-se!...) gastará por ano mais de 400 horas (!) neste processo, tendo que preencher uma grelha com mais de 20 páginas, quase 300 registos de avaliação e mais de 600 registos de observação de aulas!».
É óbvio que da aplicação deste sistema kafkiano já resultaram e ainda resultarão mais danos do que a ausência dum sistema de avaliação que, recorde-se, nunca existiu. Já se sabe que os professores e com eles os restantes funcionários públicos e, para sermos honestos, os funcionários privados, querem tudo menos ser avaliados e tentarão escapar a qualquer sistema de avaliação, bom ou mau. É indiscutível que é necessário um sistema adequado de avaliação, mas é absolutamente insensato usar um modelo como este, só porque. A medicina errada não produz um estado mais saudável do que o da doença que pretendia curar.
A mim parece-me que a avaliação dos professores seria muito simples e objectiva se baseada nos resultados dos seus alunos (expurgados das condicionantes socioeconómicas exteriores à escola) obtidos com um sistema credível de avaliação com exames nacionais todos os anos. Tudo o resto só serve para atrapalhar.
Tombou mais um mito
Um painel de economistas e comentadores convidados pelo Financial Times classificou a performance dos ministros das Finanças. Imaginem quem ficou em último lugar?
[Clique para ampliar]
17/11/2008
BLOGARIDADES: Sol na eira e chuva no nabal, gostaria ela.
Quase tão notável como a imensa ignorância de vida e lunatismo revivalista que nos são revelados neste texto antológico da doutora Fernanda Câncio, é a sábia resposta de maradona (naquela sua descuidada boa escrita cuidadosamente mal escrita).
[Como maradona tem o mau hábito de apagar os seus posts, aqui fica um naco para memória futura: «a transformação de um Portugal saboroso e pobre num Portugal minimamente decente seria - sempre - física, ambiental e economicamente impossível de conciliar com as galinhas de capoeira e os linguados vivos na chapa»]
[Como maradona tem o mau hábito de apagar os seus posts, aqui fica um naco para memória futura: «a transformação de um Portugal saboroso e pobre num Portugal minimamente decente seria - sempre - física, ambiental e economicamente impossível de conciliar com as galinhas de capoeira e os linguados vivos na chapa»]
SERVIÇO PÚBLICO: Prosseguindo o caminho da decadência.
Se a produtividade é uma das mais baixas da EU e a crescer mais devagar, em contrapartida os custos do trabalho continuam a aumentar (4% de crescimento homólogo no final do 3.º trimestre) muito acima da produtividade e as horas efectivas de trabalho a diminuir (1,5% de redução homóloga no final do 3.º trimestre). Mas o senhor engenheiro não desanima e promete «todo o investimento público que puder ser feito» garantindo assim que continuaremos o caminho que nos trouxe até onde nos encontramos.
Tudo sem surpresas. Igualmente sem surpresas é a reivindicação do presidente da câmara de Aljustrel para o governo nacionalizar as minas de pirites que a Somincor pretende fechar: «uma iniciativa do mesmo género que se verificou relativamente ao BPN», disse. Aliás, a continuar a tendência da produtividade e dos custos do trabalho, a solução proposta pelo autarca pode ser generalizada a muitas outras empresas, pelo menos enquanto se conseguir aumentar o endividamente externo. Por falar nisso, hoje ficou a saber-se que apesar da economia portuguesa contar menos de 1% da UE o crédito que o BEI nos concedeu vale 5% da sua carteira.
Enquanto isso, o ministro anexo que dormita no BdeP, à míngua de cumprir decentemente a sua missão como supervisor, chuta a bola para o lado e divulga mais regras para a informação a prestar pelos bancos aos clientes.
Tudo sem surpresas. Igualmente sem surpresas é a reivindicação do presidente da câmara de Aljustrel para o governo nacionalizar as minas de pirites que a Somincor pretende fechar: «uma iniciativa do mesmo género que se verificou relativamente ao BPN», disse. Aliás, a continuar a tendência da produtividade e dos custos do trabalho, a solução proposta pelo autarca pode ser generalizada a muitas outras empresas, pelo menos enquanto se conseguir aumentar o endividamente externo. Por falar nisso, hoje ficou a saber-se que apesar da economia portuguesa contar menos de 1% da UE o crédito que o BEI nos concedeu vale 5% da sua carteira.
Enquanto isso, o ministro anexo que dormita no BdeP, à míngua de cumprir decentemente a sua missão como supervisor, chuta a bola para o lado e divulga mais regras para a informação a prestar pelos bancos aos clientes.
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Exame final
Exame final
Carlos Marques de Almeida
Carlos Marques de Almeida
Na realidade, em Portugal ninguém quer avaliar e ninguém quer ser avaliado. Espantoso é que os professores, cuja função é ensinar e avaliar, recusem qualquer tipo de avaliação. Temperamentos de um país original.
Refira-se a propósito que uma avaliação em Portugal implica um processo burocrático, um conjunto de critérios políticos e a certeza científica da arbitrariedade. Aliás, o pavor nacional à avaliação tem uma longa e honrosa história. Em Portugal, avaliar significa separar e distinguir, encontrar os melhores e identificar os piores, logo a avaliação será sempre um instrumento que estimula e produz a desigualdade. Para além do ressentimento e da pequena inveja, a avaliação contraria os mecanismos de integração e perturba o sentimento de igualdade, introduzindo uma componente elitista na sociedade que se quer justa e sem esforço. Assim reza a cartilha do politicamente correcto.
[Ler o resto aqui]
16/11/2008
SERVIÇO PÚBLICO: Não vai ser com auto-estradas e TGV.
Qual é o nosso maior handicap no que respeita ao desenvolvimento? Uma das produtividades mais baixas da UE e, pior que tudo, uma produtividade a crescer mais devagar do que todas as outras.
Podemos inaugurar uma infindável discussão sobre o que fazer para a aumentar a produtividade, mas até as criaturas do multiplicador ainda não tentaram demonstrar que a produtividade se aumentaria cobrindo mais umas centenas de quilómetros quadrados de superfície com revestimento betuminoso ou com brita, travessas e carris para reduzir tempos de percurso em minutos ou meias horas.
[ISP, Relatório 2007 - Clique para ampliar] |
Podemos inaugurar uma infindável discussão sobre o que fazer para a aumentar a produtividade, mas até as criaturas do multiplicador ainda não tentaram demonstrar que a produtividade se aumentaria cobrindo mais umas centenas de quilómetros quadrados de superfície com revestimento betuminoso ou com brita, travessas e carris para reduzir tempos de percurso em minutos ou meias horas.
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (1) se o pai o diz
Rahm Emanuel, chefe de gabinete indigitado por Obama, já pediu desculpa pela franqueza do pai Benjamim Emanuel, cidadão israelita e membro do grupo ultranacionalista Etzel, que vaticinou «obviously, he will influence the president to be pro-Israel. Why wouldn't he? What is he, an Arab? He's not going to clean the floors of the White House.»
Rahm Emanuel, que prestou serviço militar em Israel e é considerado pró-Israel, já tinha explicado que Obama não precisaria da sua influência para «orientate his policy toward Israel». É caso para dizer, pior a emenda que o soneto.
Rahm Emanuel, que prestou serviço militar em Israel e é considerado pró-Israel, já tinha explicado que Obama não precisaria da sua influência para «orientate his policy toward Israel». É caso para dizer, pior a emenda que o soneto.
15/11/2008
A propósito do Quantum of Solace - uma aplicação da lei de Paretto
Lembram-se do aforismo «quem não é do Benfica não é bom chefe de família»? Era no tempo em que havia chefes de família e o Benfica era um clube de sucesso. A minha observação pessoal nunca permitiu confirmar a justeza deste aforismo.
Em contrapartida, ao fim de muitos anos de cuidada observação estatística, pude comprovar que 80% dos indivíduos oficialmente do sexo masculino que nunca sonharam ser James Bond são bichas. Em relação aos indivíduos oficialmente do sexo feminino, 80% das criaturas que nunca sonharam ser uma garota Bond são sapatões.
Em contrapartida, ao fim de muitos anos de cuidada observação estatística, pude comprovar que 80% dos indivíduos oficialmente do sexo masculino que nunca sonharam ser James Bond são bichas. Em relação aos indivíduos oficialmente do sexo feminino, 80% das criaturas que nunca sonharam ser uma garota Bond são sapatões.
DIÁLOGOS DE PLUTÃO: See you tomorrow
One sunny day in 2009 an old man approached the White House from across Pennsylvania Avenue , where he'd been sitting on a park bench. He spoke to the U.S. Marine standing guard and said, 'I would like to go in and meet with President Bush'.
The Marine looked at the man and said, 'Sir, Mr. Bush is no longer president and no longer resides here'.
The old man said, 'Okay' and walked away.
The following day, the same man approached the White House and said to the same Marine, 'I would like to go in and meet with President Bush'.
The Marine again told the man, 'Sir, as I said yesterday, Mr. Bush is no longer president and no longer resides here'.
The man thanked him and, again, just walked away.
The third day, the same man approached the White House and spoke to the very same U. S. Marine, saying, 'I would like to go in and meet with President Bush'.
The Marine, understandably agitated at this point, looked at the man and said, 'Sir, this is the third day in a row you have been here asking to speak to Mr. Bush. I've told you already that Mr. Bush is no longer the president and no longer resides here. Don't you understand?'
The old man looked at the Marine and said, 'Oh, I understand. I just love hearing it.'
The Marine snapped to attention, saluted, and said, 'See you tomorrow.'
[Recebido de JARF, bushófobo compulsivo e obamófilo acidental]
The Marine looked at the man and said, 'Sir, Mr. Bush is no longer president and no longer resides here'.
The old man said, 'Okay' and walked away.
The following day, the same man approached the White House and said to the same Marine, 'I would like to go in and meet with President Bush'.
The Marine again told the man, 'Sir, as I said yesterday, Mr. Bush is no longer president and no longer resides here'.
The man thanked him and, again, just walked away.
The third day, the same man approached the White House and spoke to the very same U. S. Marine, saying, 'I would like to go in and meet with President Bush'.
The Marine, understandably agitated at this point, looked at the man and said, 'Sir, this is the third day in a row you have been here asking to speak to Mr. Bush. I've told you already that Mr. Bush is no longer the president and no longer resides here. Don't you understand?'
The old man looked at the Marine and said, 'Oh, I understand. I just love hearing it.'
The Marine snapped to attention, saluted, and said, 'See you tomorrow.'
[Recebido de JARF, bushófobo compulsivo e obamófilo acidental]
14/11/2008
NÓS VISTOS POR ELES: Falta de atractivo, dizem eles.
Segundo o estudo da Ernest & Young ontem divulgado sobre a atractividade no investimento directo estrangeiro (IDE) Portugal desce mais mais 3 lugares em 2007. Sabendo-se da importância do IDE para tornar a economia mais competitiva, aumentar as exportações e diminuir o défice da balança comercial e, em consequência, abrandar o ritmo de endividamento, a perda de atractividade é uma péssima perspectiva. A ineficiência da administração pública continua a ser um dos factores crónicos de desatractividade.
Contrariando o chefe
«A nossa economia resiste e continuará a resistir», disse José Sócrates. «Não é fácil fazer previsões neste momento», disse Teixeira dos Santos umas horas depois.
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: O ministro anexo continua sonolento.
Secção Padre Anchieta
Ontem de manhã o doutor Constâncio disse em Frankfurt à Bloomberg que «ainda não estamos a falar de uma recessão geral. Antes das projecções saírem em Dezembro, não vou comentar».
Esta manhã o Eurostat divulgou as estimativas rápidas e confirmou que a Zona Euro entrou em recessão no 3.º trimestre.
Três chateaubriands pela distracção e quatro bourbons pela irremediável sonolência.
Ontem de manhã o doutor Constâncio disse em Frankfurt à Bloomberg que «ainda não estamos a falar de uma recessão geral. Antes das projecções saírem em Dezembro, não vou comentar».
Esta manhã o Eurostat divulgou as estimativas rápidas e confirmou que a Zona Euro entrou em recessão no 3.º trimestre.
Três chateaubriands pela distracção e quatro bourbons pela irremediável sonolência.
13/11/2008
Ideias para a crise: uma prenda de natal para um executivo que perdeu o emprego.
Em vez do BMW série 500 preto com caixa automática, uma bicicleta híbrida com caixa de 7 velocidades por 1.600 euros proposta pela Giant (ver mais detalhes aqui).
TRIVIALIDADES: Densificação.
Entre a multidão de dicionários do Ês, destaca-se o dicionário de juridiquês, um corpus em constante crescimento alimentado pela mente malsã dos juristas, umas criaturas que, à míngua de intervirem no mundo real, vivem num universo paralelo em que as mudanças se fazem com leis, decretos-lei, decretos regulamentares e portarias.
Densificação, escrevem eles. Densificação (Resultados da pesquisa Google - aproximadamente 7.320 para densificação site:pt) tem a ver principalmente com matéria, geografia, redes, infra-estruturas. Porém, para a verborreia juridiquesa, a densificação é bastante etérea e entra pelo domínio do espiritismo («a moralidade administrativa e sua densificação»), do esotérico («o conceito de dignidade da pessoa humana obriga a uma densificação valorativa»), da filosofia peripatética («referenciado por Aristóteles, o princípio da subsidiariedade foi ao longo dos tempos alvo de densificação e elaboração doutrinal»), da ficção («densificação dos pressupostos da responsabilidade civil do Estado por mau funcionamento da Justiça»), da lubrificação de engrenagens («densificação dos subfactores relativos ao factor do Mérito Técnico da Proposta»), e, acima de tudo, entra pelo domínio do complex ou anti-simplex, do polvo em que o estado se está a tornar dia após dia. «A proposta de lei vem, essencialmente, densificar o regime jurídico vigente», «o regulamento densifica os critérios de graduação das candidaturas», «densificação e concretização do imperativo constitucional da gestão democrática das escolas», «uma ampla margem de manobra na densificação normativa», «densificação infraconstitucional daquele princípio», são alguns dos muitos exemplos no domínio do jurídico-compliquês.
Densificação, escrevem eles. Densificação (Resultados da pesquisa Google - aproximadamente 7.320 para densificação site:pt) tem a ver principalmente com matéria, geografia, redes, infra-estruturas. Porém, para a verborreia juridiquesa, a densificação é bastante etérea e entra pelo domínio do espiritismo («a moralidade administrativa e sua densificação»), do esotérico («o conceito de dignidade da pessoa humana obriga a uma densificação valorativa»), da filosofia peripatética («referenciado por Aristóteles, o princípio da subsidiariedade foi ao longo dos tempos alvo de densificação e elaboração doutrinal»), da ficção («densificação dos pressupostos da responsabilidade civil do Estado por mau funcionamento da Justiça»), da lubrificação de engrenagens («densificação dos subfactores relativos ao factor do Mérito Técnico da Proposta»), e, acima de tudo, entra pelo domínio do complex ou anti-simplex, do polvo em que o estado se está a tornar dia após dia. «A proposta de lei vem, essencialmente, densificar o regime jurídico vigente», «o regulamento densifica os critérios de graduação das candidaturas», «densificação e concretização do imperativo constitucional da gestão democrática das escolas», «uma ampla margem de manobra na densificação normativa», «densificação infraconstitucional daquele princípio», são alguns dos muitos exemplos no domínio do jurídico-compliquês.
12/11/2008
De que está à espera Vítor Constâncio para se demitir? (ACTUALIZADO)
«Não, não me parece» respondeu o secretário de estado do Tesouro e Finanças à pergunta «os casos BCP e BPN justificam alteração da legislação da supervisão e reforço de recursos?» Certamente o secretário de estado estaria a pensar nos 1.700 funcionários do BdeP. Se pensasse nos 60 técnicos (3,5% do total de funcionários) dedicados à missão principal do BdeP - supervisão - já deveria ter despedido o governador por gestão negligente, mesmo sem as falhas grosseiras na supervisão.
Se o BdeP tinha os instrumentos legais e os meios para fazer uma supervisão eficaz, como foi possível passar ao lado, durante vários anos, das irregularidades e dos problemas do Millenium bcp e do BPN? O que espera o ministro anexo? Que mais esqueletos saiam dos outros armários?
ADENDA:
Constâncio terá dito ontem durante a audição no parlamento que «num sistema de livre iniciativa, de economia de mercado, há fraudes, há corrupção». Podemos concluir, do facto de se ter referido expressamente a uma economia de mercado, que Constâncio acredita que não há fraudes nas economias de direcção central?
Se o BdeP tinha os instrumentos legais e os meios para fazer uma supervisão eficaz, como foi possível passar ao lado, durante vários anos, das irregularidades e dos problemas do Millenium bcp e do BPN? O que espera o ministro anexo? Que mais esqueletos saiam dos outros armários?
ADENDA:
Constâncio terá dito ontem durante a audição no parlamento que «num sistema de livre iniciativa, de economia de mercado, há fraudes, há corrupção». Podemos concluir, do facto de se ter referido expressamente a uma economia de mercado, que Constâncio acredita que não há fraudes nas economias de direcção central?
11/11/2008
CASE STUDY: A incompetência também ajudou (1)
Quando se ouve o coro de pitonisas pousadas nos delfos por esse mundo que se dedicam a adivinhar o passado da crise dos mercados financeiros (ganância, ganância, tralari tralará tralaró) dá vontade de perguntar: e a incompetência não contou?
Deve ter contado. E bastante, segundo se pode concluir dum estudo global que a IBM está realizar para compreender as meninges dos profissionais que trabalham nos serviços financeiros. O estudo, que só estará concluído em Março do próximo ano, e se baseia em entrevistas aos executivos médios e de topo dos serviços financeiros, já produziu algumas conclusões surpreendentes.
Nas palavras da líder da equipa da IBM que conduz o estudo, 80% dos financeiros «não fazem a menor ideia do que querem ser quando crescerem». Dito por outras palavras, não têm uma estratégia nem um modelo de negócio. Os restantes 20% só estão preocupados em sobreviver.
Outra conclusão, talvez menos surpreendente, é que não fazem igualmente a menor ideia do que os seus clientes esperam, sejam eles empresas, grande ou pequenas, ou o zé povinho. A IBM concluiu que se fizermos uma lista duma dúzia de coisas que os clientes mais valorizam ordenada por importância e a seguir invertermos a ordem, ficaremos mais perto da lista que os executivos financeiros prepararam.
A propósito de incompetência, imaginem-se os resultados da tendência, que está em curso um pouco por todo o mundo, de substituir os banqueiros pelos políticos ou, como pitorescamente escreveu o economista João César das Neves, pôr os coelhos a entregar mensagens, substituindo os pombos-correios dizimados pela gripe das aves.
[Ler mais aqui]
(Continua)
Deve ter contado. E bastante, segundo se pode concluir dum estudo global que a IBM está realizar para compreender as meninges dos profissionais que trabalham nos serviços financeiros. O estudo, que só estará concluído em Março do próximo ano, e se baseia em entrevistas aos executivos médios e de topo dos serviços financeiros, já produziu algumas conclusões surpreendentes.
Nas palavras da líder da equipa da IBM que conduz o estudo, 80% dos financeiros «não fazem a menor ideia do que querem ser quando crescerem». Dito por outras palavras, não têm uma estratégia nem um modelo de negócio. Os restantes 20% só estão preocupados em sobreviver.
Outra conclusão, talvez menos surpreendente, é que não fazem igualmente a menor ideia do que os seus clientes esperam, sejam eles empresas, grande ou pequenas, ou o zé povinho. A IBM concluiu que se fizermos uma lista duma dúzia de coisas que os clientes mais valorizam ordenada por importância e a seguir invertermos a ordem, ficaremos mais perto da lista que os executivos financeiros prepararam.
A propósito de incompetência, imaginem-se os resultados da tendência, que está em curso um pouco por todo o mundo, de substituir os banqueiros pelos políticos ou, como pitorescamente escreveu o economista João César das Neves, pôr os coelhos a entregar mensagens, substituindo os pombos-correios dizimados pela gripe das aves.
[Ler mais aqui]
(Continua)
09/11/2008
08/11/2008
If Obama’s economic policies work so well, why isn’t Detroit a paradise?
Why isn’t Detroit a Paradise?
Shannon Love
Shannon Love
One really has to ask the obvious question: If Obama’s economic policies work so well, why isn’t Detroit a paradise?
In 1950, America produced 51% of the GNP for the entire world. Of that production, roughly 70% took place in the eight states surrounding the Great Lakes: Minnesota, Wisconsin, Illinois, Indiana, Michigan, Ohio, Pennsylvania, and New York.
The productive capability of this small area of earth staggers the imagination. Virtually everything that rebuilt the industrial bases of Europe and Japan came from those eight states. Cars, planes, electronics, machine tools, consumer goods, generators, concrete - any conceivable item manufactured by industrial humanity poured out this tiny region and enriched the world. The region shone with widespread prosperity. People migrated from the South and West to work in these Herculean engines of industry.
The wealth, power and economic dominance of the region at the time cannot be overstated. Nothing like it has existed in human history.
Yet, a mere 30 years later, by 1980, we called that area the “rustbelt” and it became synonymous with joblessness, collapsing cities, high crime, failing schools and general hopelessness.
What the hell happened?
Obama happened.
[Continua aqui]
07/11/2008
DIÁRIO DE BORDO: Elucubrações a propósito duma vitória histórica (2)
Faltou aqui a expectativa de Ahmadinejad. «Os povos do mundo aguardam (pela) justiça, pelo respeito do direito de nações, pela não ingerência, e que as interferências do governo norte-americano se reduzam aos limites geográficos do seu país», disse o presidente do Irão falando em nome do planeta.
Se as coisas já estavam difíceis para Obama, aproximaram-se do impossível. Se até Cristo foi crucificado, o que acontecerá a este redentor?
Se as coisas já estavam difíceis para Obama, aproximaram-se do impossível. Se até Cristo foi crucificado, o que acontecerá a este redentor?
06/11/2008
CASE STUDY: A estória da nacionalização do BNP deve estar mal contada.
[Continuação do post «Alguns protagonistas do caso Banco Português de Negócios»]
Porque não aceitou o governo negociar a proposta de Miguel Cadilhe de participar com 600 milhões de euros de acções preferenciais com «uma remuneração anual ao Estado a uma taxa superior à da dívida pública»?
Com 600 milhões o Estado ficaria com uma maioria de 2/3 do capital. Porquê não negociar o direito de voto que Cadilhe não propunha ou outras condições, mantendo os accionistas no barco? E porquê aprovar a correr a lei-quadro das nacionalizações «a reboque do decreto de nacionalização do BPN».
Porque não aceitou o governo negociar a proposta de Miguel Cadilhe de participar com 600 milhões de euros de acções preferenciais com «uma remuneração anual ao Estado a uma taxa superior à da dívida pública»?
Com 600 milhões o Estado ficaria com uma maioria de 2/3 do capital. Porquê não negociar o direito de voto que Cadilhe não propunha ou outras condições, mantendo os accionistas no barco? E porquê aprovar a correr a lei-quadro das nacionalizações «a reboque do decreto de nacionalização do BPN».
«A credibilidade é como a virgindade»
Disse Belmiro de Azevedo, há uns anos a propósito dum qualquer membro do governo de Guterres, acrescentando «só se perde uma vez».
É por isso que Teixeira dos Santos depois de ter jurado durante vários meses que os problemas na banca se circunscreviam aos bancos americanos, mais tarde a alguns bancos europeus mas que os bancos portugueses estavam a salvo, no fim de semana passado que o governo iria nacionalizar o BPN porque afinal sempre havia este banco português com a borda debaixo de água, depois de tudo isto, deveria ter o bom senso de ficar calado. Não ficou e garantiu ontem no parlamento que «não há, para além do BPN, nenhuma instituição com problemas de solvabilidade». Perdeu, outra vez, a virgindade.
Até recentemente, Teixeira dos Santos era um dos poucos ministros que ainda mantinha uma aura de seriedade. O uso intensivo que Sócrates dele tem feito arrisca-se a colocá-lo ao nível do ministro da Economia ou do das Obras Públicas.
É por isso que Teixeira dos Santos depois de ter jurado durante vários meses que os problemas na banca se circunscreviam aos bancos americanos, mais tarde a alguns bancos europeus mas que os bancos portugueses estavam a salvo, no fim de semana passado que o governo iria nacionalizar o BPN porque afinal sempre havia este banco português com a borda debaixo de água, depois de tudo isto, deveria ter o bom senso de ficar calado. Não ficou e garantiu ontem no parlamento que «não há, para além do BPN, nenhuma instituição com problemas de solvabilidade». Perdeu, outra vez, a virgindade.
Até recentemente, Teixeira dos Santos era um dos poucos ministros que ainda mantinha uma aura de seriedade. O uso intensivo que Sócrates dele tem feito arrisca-se a colocá-lo ao nível do ministro da Economia ou do das Obras Públicas.
05/11/2008
DIÁRIO DE BORDO: Elucubrações a propósito duma vitória histórica.
Sem grandes surpresas, Obama venceu folgadamente. Espera-o o maior desafio de todos. Não estou a pensar na reparação dos danos de 8 anos de governação Bush. Esse desafio teria que ser enfrentado também por McCain se tivesse vencido. Estou a pensar no que milhares de milhões de obamófilos em casa e por esse mundo esperam da nova versão do Cristo redentor.
Falando em Cristo, o Vaticano espera que Obama «possa responder aos atentados e à esperança que suscita, servindo com eficácia o direito e a justiça e encontrando uma maneira de promover a paz no mundo, favorecendo o crescimento e a dignidade da pessoa, no respeito pelos valores humanos e espirituais essenciais».
Do lado dos agnósticos, Putin disse, pela boca dum qualquer porta-voz, esperar «um vento novo nas relações americanas» e o coronel Hugo Chavéz exprimiu a vontade de estabelecer «novas relações». O amigo do coronel, o nosso engenheiro Sócrates, delegado de vendas do ClassMate da Intel, pensa que é «uma oportunidade de mudança para os Estados Unidos e para o mundo».
O governo paquistanês, o aliado reticente, espera que Obama promova «a paz e a estabilidade» na região. O México espera que a NAFTA não vá ao fundo com as tendências proteccionistas de Obama.
Na Europa, Sarkozy espera «uma América aberta, solidária e forte que mostre o caminho», Angela Merkel salientou «a importância e o valor da nossa parceria transatlântica», o governo espanhol saudou a «vontade de mudança» e espera «consolidar» as relações os EU.
Lá em casa, Obama terá à porta da Casa Branca várias filas de peditórios. Os proprietários de casas inapimplentes esperam o perdão da dívida. Os bancos que lhes emprestaram dinheiro, esperam capital (não deviam esperar). Detroit, em plena crise de venda de automóveis, espera subsídios (não deviam esperar). Muitos negros esperam que Obama os leve ao colo para realizarem o adiado sonho americano. Os imigrantes esperam a legalização (não deviam esperar).
De tantas, tão variadas e incongruentes expectativas só podem esperar-se muitas decepções.
Falando em Cristo, o Vaticano espera que Obama «possa responder aos atentados e à esperança que suscita, servindo com eficácia o direito e a justiça e encontrando uma maneira de promover a paz no mundo, favorecendo o crescimento e a dignidade da pessoa, no respeito pelos valores humanos e espirituais essenciais».
Do lado dos agnósticos, Putin disse, pela boca dum qualquer porta-voz, esperar «um vento novo nas relações americanas» e o coronel Hugo Chavéz exprimiu a vontade de estabelecer «novas relações». O amigo do coronel, o nosso engenheiro Sócrates, delegado de vendas do ClassMate da Intel, pensa que é «uma oportunidade de mudança para os Estados Unidos e para o mundo».
O governo paquistanês, o aliado reticente, espera que Obama promova «a paz e a estabilidade» na região. O México espera que a NAFTA não vá ao fundo com as tendências proteccionistas de Obama.
Na Europa, Sarkozy espera «uma América aberta, solidária e forte que mostre o caminho», Angela Merkel salientou «a importância e o valor da nossa parceria transatlântica», o governo espanhol saudou a «vontade de mudança» e espera «consolidar» as relações os EU.
Lá em casa, Obama terá à porta da Casa Branca várias filas de peditórios. Os proprietários de casas inapimplentes esperam o perdão da dívida. Os bancos que lhes emprestaram dinheiro, esperam capital (não deviam esperar). Detroit, em plena crise de venda de automóveis, espera subsídios (não deviam esperar). Muitos negros esperam que Obama os leve ao colo para realizarem o adiado sonho americano. Os imigrantes esperam a legalização (não deviam esperar).
De tantas, tão variadas e incongruentes expectativas só podem esperar-se muitas decepções.
04/11/2008
CASE STUDY: Alguns protagonistas do caso Banco Português de Negócios.
JOSÉ OLIVEIRA E COSTA
Actualmente: ?
No passado: fundador e presidente do BPN até recentemente, membro do lóbi aveirense do PSD, secretário de estado dos Assuntos Fiscais do 1.º governo de Cavaco Silva, de que era ministro das Finanças Miguel Cadilhe.
MIGUEL CADILHE
Actualmente: presidente demissionário do BPN; não conseguiu concluir o aumento de capital necessário para repor a solvência e acusa o governo de mentir quando este afirma que foi o Banco de Portugal que detectou as imparidades do BPN, segundo ele detectadas por auditorias internas por si mandadas fazer.
No passado: ministro das Finanças (o melhor, segundo os seus adeptos) de Cavaco Silva, presidente da API - Agência Portuguesa para o Investimento, candidato a presidente do Millenium bcp, eterna reserva para presidente do PSD.
RUI PEDRAS
Actualmente: administrador do BPN, convidado por Miguel Cadilhe com a oposição da CMVM que considerou haver potencial conflito de interesses.
No passado: vogal do Conselho Directivo da CMVM responsável pela supervisão dos fundos geridos pelo BPN, onde foi substituído por Carlos Ferreira Alves, antigo adjunto de Fernando Teixeira dos Santos quando secretário de estado do Tesouro e Finanças.
MANUEL DIAS LOUREIRO
Actualmente: administrador da holding que controla o BPN
No passado: várias vezes deputado, ex-secretário-geral e ex-vice-presidente do PSD, ministro da Administração Interna de Cavaco Silva e considerado seu homem de confiança, sócio de Roquete na «holding» Plêiade que foi vendida ao BPN e da qual Dias Loureiro ficou presidente, administrador da holding que controla o BPN.
RUI MACHETE
Actualmente: presidente da holding que controla o BPN e presidente da mesa do congresso do PSD.
No passado: várias vezes deputado do PSD, secretário de estado da Emigração, ministro de várias pastas em vários governos provisórios e constitucionais, administrador do Banco de Portugal, presidente da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.
FERNANDO FARIA DE OLIVEIRA
Actualmente: presidente da CGD; a pedido de Miguel Cadilhe, concedeu no princípio de Outubro um empréstimo de 100 milhões ao BPN, para resolver problemas de liquidez; a CGD irá administrar o BPN até à sua extinção.
No passado: vice-presidente do PSD, ministro do Comércio e do Turismo de Cavaco Silva, administrador de várias empresas públicas e presidente da sucursal da CGD em Espanha.
FERNANDO TEIXEIRA DOS SANTOS
Actualmente: ministro das Finanças; anunciou há 2 dias a nacionalização do BPN.
No passado: secretário de estado do Tesouro e das Finanças de Sousa Franco no 1.º governo Guterres, presidente da CMVM, onde foi substituído por Carlos Tavares.
VÍTOR CONSTÂNCIO
Actualmente: governador do Banco de Portugal, instituição responsável pela supervisão da banca, que segundo Miguel Cadilhe não detectou nada e segundo Teixeira dos Santos «fez o que podia e devia ter feito».
No passado: administrador do BPI e da EDP, várias vezes secretário de estado dos governos provisórios e ministro das Finanças do governo PS-CDS, várias vezes deputado pelo PS e seu secretário-geral.
CARLOS TAVARES
Actualmente: presidente da CMVM, responsável pela supervisão de diversos fundos geridos pelo BPN.
No passado: trabalhou com Miguel Cadilhe no Gabinete de Estudos do BPA (banco posteriormente integrado no Millenium bcp) e foi seu assessor no ministério das Finanças e seu secretário de estado do Tesouro, presidente do BNU, administrador e vice-presidente da CGD, administrador do CISF (grupo BCP), vice-presidente Banco Totta nomeado por Champalimaud, banco posteriormente vendido ao Santander, vice-presidente do Santander Negócios, ministro da Economia do governo Durão Barroso.
03/11/2008
NO-VOTE JOINT STATEMENT
Estamos na véspera e os contribuintes do (Im)pertinências não chegaram a uma conclusão.
Pela força de carácter, pela sua histórica independência das políticas mais retrógradas do partido Republicano, por algumas ideias liberais no plano social e económico, pelo conservadorismo fiscal, pela sua experiência internacional, pelo domínio das questões da defesa e segurança, McCain parecia um bom candidato. Parecia. Nas últimas semanas, uma campanha errática e a escolha duma vice à medida dos sectores mais trogloditas do partido Republicano introduziu bastante entropia nas nossas meninges.
Pelas dúvidas quanto ao seu carácter, pelo seu passado de ligações estreitas a advogados e sindicalistas, pelas suas posições anti-mercado, pelo seu alinhamento sistemático nas votações com o intervencionismo mais exacerbado do partido Democrata, pelo seu despesismo latente, pela sua inexperiência e vacilações em questões de defesa e segurança, Obama Barack não parecia um bom candidato. Não parecia e continua a não parecer, quando se observa uma parte importante das suas bases de apoio que sofre de lunatismo incurável.
E, contudo, uma das figuras mais apreciadas aqui no (Im)pertinências, Warren Buffett, o Sage of Omaha, declarou-lhe o seu apoio, e comenta-se poderá vir a ser o seu secretário de estado do Tesouro. Buffett que sendo um dos maiores investidores do mundo, detentor de milhões de milhões de activos construídos com o seu génio financeiro, doou uma parte significativa à fundação Gates e last but not least foi contra a redução do imposto sucessório e defende que não se deve entregar aos espermas felizes, como chama aos herdeiros, demasiado dinheiro.
A nossa sorte é que não temos que votar. Entre os dois, venha o diabo dos ianques e escolha.
Impertinente...................................Pertinente
Pela força de carácter, pela sua histórica independência das políticas mais retrógradas do partido Republicano, por algumas ideias liberais no plano social e económico, pelo conservadorismo fiscal, pela sua experiência internacional, pelo domínio das questões da defesa e segurança, McCain parecia um bom candidato. Parecia. Nas últimas semanas, uma campanha errática e a escolha duma vice à medida dos sectores mais trogloditas do partido Republicano introduziu bastante entropia nas nossas meninges.
Pelas dúvidas quanto ao seu carácter, pelo seu passado de ligações estreitas a advogados e sindicalistas, pelas suas posições anti-mercado, pelo seu alinhamento sistemático nas votações com o intervencionismo mais exacerbado do partido Democrata, pelo seu despesismo latente, pela sua inexperiência e vacilações em questões de defesa e segurança, Obama Barack não parecia um bom candidato. Não parecia e continua a não parecer, quando se observa uma parte importante das suas bases de apoio que sofre de lunatismo incurável.
E, contudo, uma das figuras mais apreciadas aqui no (Im)pertinências, Warren Buffett, o Sage of Omaha, declarou-lhe o seu apoio, e comenta-se poderá vir a ser o seu secretário de estado do Tesouro. Buffett que sendo um dos maiores investidores do mundo, detentor de milhões de milhões de activos construídos com o seu génio financeiro, doou uma parte significativa à fundação Gates e last but not least foi contra a redução do imposto sucessório e defende que não se deve entregar aos espermas felizes, como chama aos herdeiros, demasiado dinheiro.
A nossa sorte é que não temos que votar. Entre os dois, venha o diabo dos ianques e escolha.
Impertinente...................................Pertinente
CASE STUDY: os mitos da educação pública (3)
[Continuação de (1) e (2)]
A semana passada o Conselho Nacional de Educação recomendava ao governo o fim das reprovações até aos 12 anos. Esta semana o mesmo Conselho recomenda que as universidade passem a escolher os alunos porque considera o sistema de admissão baseada na classificação dos exames nacionais pouco adequado «à avaliação da capacidade de ingresso no ensino superior».
Se com a primeira recomendação o CNE dá um passo para anular a historicamente reduzida mobilidade social em Portugal, ajudando a manter na choldra os filhos da choldra, com a segunda o CNE remata a obra, assegurando que as universidades só por distracção admitam um ou outro filho da choldra. Não está em causa que as universidade privadas devam poder escolher os seus alunos. É duvidoso que as públicas o devam fazer, sem critérios objectivos e verificáveis. O que está em causa é que a primeira medida é socialmente nociva e, em conjugação com a segunda, socialmente discriminatória.
A semana passada o Conselho Nacional de Educação recomendava ao governo o fim das reprovações até aos 12 anos. Esta semana o mesmo Conselho recomenda que as universidade passem a escolher os alunos porque considera o sistema de admissão baseada na classificação dos exames nacionais pouco adequado «à avaliação da capacidade de ingresso no ensino superior».
Se com a primeira recomendação o CNE dá um passo para anular a historicamente reduzida mobilidade social em Portugal, ajudando a manter na choldra os filhos da choldra, com a segunda o CNE remata a obra, assegurando que as universidades só por distracção admitam um ou outro filho da choldra. Não está em causa que as universidade privadas devam poder escolher os seus alunos. É duvidoso que as públicas o devam fazer, sem critérios objectivos e verificáveis. O que está em causa é que a primeira medida é socialmente nociva e, em conjugação com a segunda, socialmente discriminatória.
Verdade inconveniente
«Desemprego de Cabo Verde, desemprego da Ucrânia isso (as obras públicas em Portugal) ajudam. Ao desemprego de Portugal duvido...» (Manuela Ferreira Leite em entrevista ao DN)
A coisa teria muito mais credibilidade se fosse dita por alguém que não partilhasse tão obviamente das responsabilidades pela política do betão na sua incarnação cavaquista. A propósito, vale a pena ler no Abrupto a descrição da eficácia da máquina socialista de manipulação mediática aplicada às declarações de MFL.
A coisa teria muito mais credibilidade se fosse dita por alguém que não partilhasse tão obviamente das responsabilidades pela política do betão na sua incarnação cavaquista. A propósito, vale a pena ler no Abrupto a descrição da eficácia da máquina socialista de manipulação mediática aplicada às declarações de MFL.
02/11/2008
SERVIÇO PÚBLICO: Serviço público? Qual serviço? Qual público?
Como nos anos anteriores, o governo chega a esta altura e «contempla uma dotação para indemnizações compensatórias a atribuir a empresas que prestam serviço público» (Resolução do CM n.º 165/2008). Não é muito (a factura por contribuinte activo é de cerca de 80 euros), no total são 406 milhões de euros a distribuir na sua maior parte pelas empresas de transportes, sendo 40% destinados à cóltura e à comunicação social. Esqueçamos os transportes e vejamos o que se passa com estas duas áreas.
Pode considerar-se serviço público o serviço de megafone que a Lusa e a RTP prestam ao governo? Qual a parte da programação da RTP que pode considerar-se serviço público? Por exemplo, na programação de hoje da RTP1, quais são os programas de serviço público que um canal privado não passaria? Será que podemos considerar o «Lisboa - Novembro 1755» às 4:20 da madrugada
Pode considerar-se serviço público o serviço de megafone que a Lusa e a RTP prestam ao governo? Qual a parte da programação da RTP que pode considerar-se serviço público? Por exemplo, na programação de hoje da RTP1, quais são os programas de serviço público que um canal privado não passaria? Será que podemos considerar o «Lisboa - Novembro 1755» às 4:20 da madrugada
01/11/2008
BREIQUINGUE NIUZ: As portagens nas SCUT vão ser introduzidas «o mais depressa possível»
06-11-2004 Mário Lino revela que portagens nas Scut irão financiar todas as estradas
20-05-2005 Mário Lino, ministro das Obras Públicas, admitiu que em breve se tenha que proceder à cobrança de portagens nas Scut
07-11-2005 Mário Lino está já a desenvolver um novo modelo geral de financiamento da rede rodoviária nacional, que inclui as Scut, e que deverá ficar concluído em 2006.
19-01-2006 Mário Lino revela que portagens nas Scut irão financiar todas as estradas
18-10-2006, pouco depois das 11h, Mário Lino tornava-se o quarto ministro consecutivo a anunciar o fim das chamadas auto-estradas Scut
30-08-2007 portagens pagas nas ... Scut, anunciada pelo ministro Mário Lino em Outubro do ano passado, só será concretizada, na melhor das hipóteses, em 2008
02-05-2007 negociações para introdução de portagens nas Scut retomadas há um mês
10-10-2007 Mário Lino: Governo vai introduzir portagens nas Scut até ao final do ano
13-11-2007 a implementação de portagens nas três Scuts - até ao fim deste ano - poderá ser adiada para o primeiro trimestre de 2008.
15-01-2008 o processo está «bastante avançado», devendo «estar concluído brevemente»
27-02-2008 Negociações para introdução de portagens «bem encaminhadas», garante Mário Lino
01-03-2008 as negociações com as concessionárias estão bem encaminhadas.
27-05-2008 entrarão em funcionamento «o mais depressa possível».
30-06-2008 «Se pudesse ter amanhã portagens nas SCUT eu fazia»
06-07-2007 «o Governo está a implementar a introdução das portagens nas três SCUT já referidas»
02-10-2008 as portagens nas chamadas SCUT`s vão ser introduzidas «o mais depressa possível»
[Alguns dos cerca de 13.200 resultados da pesquisa Google para portagens scuts Mário Lino site:PT. (0,39 segundos)]
20-05-2005 Mário Lino, ministro das Obras Públicas, admitiu que em breve se tenha que proceder à cobrança de portagens nas Scut
07-11-2005 Mário Lino está já a desenvolver um novo modelo geral de financiamento da rede rodoviária nacional, que inclui as Scut, e que deverá ficar concluído em 2006.
19-01-2006 Mário Lino revela que portagens nas Scut irão financiar todas as estradas
18-10-2006, pouco depois das 11h, Mário Lino tornava-se o quarto ministro consecutivo a anunciar o fim das chamadas auto-estradas Scut
30-08-2007 portagens pagas nas ... Scut, anunciada pelo ministro Mário Lino em Outubro do ano passado, só será concretizada, na melhor das hipóteses, em 2008
02-05-2007 negociações para introdução de portagens nas Scut retomadas há um mês
10-10-2007 Mário Lino: Governo vai introduzir portagens nas Scut até ao final do ano
13-11-2007 a implementação de portagens nas três Scuts - até ao fim deste ano - poderá ser adiada para o primeiro trimestre de 2008.
15-01-2008 o processo está «bastante avançado», devendo «estar concluído brevemente»
27-02-2008 Negociações para introdução de portagens «bem encaminhadas», garante Mário Lino
01-03-2008 as negociações com as concessionárias estão bem encaminhadas.
27-05-2008 entrarão em funcionamento «o mais depressa possível».
30-06-2008 «Se pudesse ter amanhã portagens nas SCUT eu fazia»
06-07-2007 «o Governo está a implementar a introdução das portagens nas três SCUT já referidas»
02-10-2008 as portagens nas chamadas SCUT`s vão ser introduzidas «o mais depressa possível»
[Alguns dos cerca de 13.200 resultados da pesquisa Google para portagens scuts Mário Lino site:PT. (0,39 segundos)]
Não invoqueis em vão o multiplicador
Nestas épocas de comemoração antecipada da morte do capitalismo, Keynes é constantemente ressuscitado para dar um suporte teórico aos ímpetos intervencionistas. Frequentemente é invocado em vão, por quem só conhece a vulgata intervencionista (167 referências na última semana num domínio teoricamente indigente como o pt é obra). A propósito, vale a pena ler o post de Vítor Bento «O nome de Keynes em vão», e respectivos comentários no site da SEDES.
Na sua versão mais elementar, a doutrina é resumida à invocação do multiplicador, espécie de alavanca prodigiosa que transformaria cada unidade monetária investida (pelo Estado, subentenda-se) em n unidades de produto, ao fim de certo tempo. Entre os muitos exemplos luso-blogosféricos, por um qualquer caminho que já esqueci, cheguei a este:
«O mesmo mecanismo pode funcionar ao contrário, impulsionando uma espiral positiva. Quando o investimento privado se retrai (seja porque as empresas cancelam os seus projectos, seja porque os bancos acham demasiado arriscado apoiá-los), o investimento público pode salvar a situação. O investimento reanima a procura, estimula o crescimento dos rendimentos e, last but nor least, faz crescer a poupança.
Logo, a poupança diminui quando não é usada e cresce quando é investida. Qualquer pessoa, diria eu, pode entender isto.»
Infelizmente para a doutrina, a história económica e social portuguesa recente, para não ir mais longe ou mais atrás, não permite confirmar os seus pressupostos. Durante mais de 10 anos, entre 1975 e meados da década de 80, 1/3 do PIB e perto de 50% do investimento teve origem pública. Os resultados são conhecidos. Foi preciso esperar pelas consequências da adesão à CEE em 1986 (torrente de fundos e abertura dos mercados europeus à exportação) para ver alguns sinais de convergência real com a Europa. Cinco anos depois, em consequência da estratégia cavaquista do betão e da torra inútil dos fundos para a formação, tudo investimento público, estávamos à beira de outra recessão. Quando voltámos a convergir a partir de 1996, reincidimos no uso do multiplicador sucessivamente com a Expo 98 e os 10 estádios do Euro 2004, de permeio com mais umas auto-estradas. Qual o resultado de 22 anos de integração na UE e de 30 anos de multiplicador democrático (já havíamos experimentado o não democrático)? Divergimos sucessivamente nos últimos 10 anos, desperdiçámos a fugaz recuperação até 1998 e fomos entretanto ultrapassados por vários países ex-comunistas e voltaremos a sê-lo nos próximos anos.
É espantosa a frescura que se pretende emprestar a ideias e estratégias ressequidas que nos conduziram onde estamos. Mais investimento público, em geral, e em auto-estradas e TGV, em particular, é mais do mesmo. O caminho para o desenvolvimento não é esse.
Na sua versão mais elementar, a doutrina é resumida à invocação do multiplicador, espécie de alavanca prodigiosa que transformaria cada unidade monetária investida (pelo Estado, subentenda-se) em n unidades de produto, ao fim de certo tempo. Entre os muitos exemplos luso-blogosféricos, por um qualquer caminho que já esqueci, cheguei a este:
«O mesmo mecanismo pode funcionar ao contrário, impulsionando uma espiral positiva. Quando o investimento privado se retrai (seja porque as empresas cancelam os seus projectos, seja porque os bancos acham demasiado arriscado apoiá-los), o investimento público pode salvar a situação. O investimento reanima a procura, estimula o crescimento dos rendimentos e, last but nor least, faz crescer a poupança.
Logo, a poupança diminui quando não é usada e cresce quando é investida. Qualquer pessoa, diria eu, pode entender isto.»
Infelizmente para a doutrina, a história económica e social portuguesa recente, para não ir mais longe ou mais atrás, não permite confirmar os seus pressupostos. Durante mais de 10 anos, entre 1975 e meados da década de 80, 1/3 do PIB e perto de 50% do investimento teve origem pública. Os resultados são conhecidos. Foi preciso esperar pelas consequências da adesão à CEE em 1986 (torrente de fundos e abertura dos mercados europeus à exportação) para ver alguns sinais de convergência real com a Europa. Cinco anos depois, em consequência da estratégia cavaquista do betão e da torra inútil dos fundos para a formação, tudo investimento público, estávamos à beira de outra recessão. Quando voltámos a convergir a partir de 1996, reincidimos no uso do multiplicador sucessivamente com a Expo 98 e os 10 estádios do Euro 2004, de permeio com mais umas auto-estradas. Qual o resultado de 22 anos de integração na UE e de 30 anos de multiplicador democrático (já havíamos experimentado o não democrático)? Divergimos sucessivamente nos últimos 10 anos, desperdiçámos a fugaz recuperação até 1998 e fomos entretanto ultrapassados por vários países ex-comunistas e voltaremos a sê-lo nos próximos anos.
É espantosa a frescura que se pretende emprestar a ideias e estratégias ressequidas que nos conduziram onde estamos. Mais investimento público, em geral, e em auto-estradas e TGV, em particular, é mais do mesmo. O caminho para o desenvolvimento não é esse.