Quando se ouve o coro de pitonisas pousadas nos delfos por esse mundo que se dedicam a adivinhar o passado da crise dos mercados financeiros (ganância, ganância, tralari tralará tralaró) dá vontade de perguntar: e a incompetência não contou?
Deve ter contado. E bastante, segundo se pode concluir dum estudo global que a IBM está realizar para compreender as meninges dos profissionais que trabalham nos serviços financeiros. O estudo, que só estará concluído em Março do próximo ano, e se baseia em entrevistas aos executivos médios e de topo dos serviços financeiros, já produziu algumas conclusões surpreendentes.
Nas palavras da líder da equipa da IBM que conduz o estudo, 80% dos financeiros «não fazem a menor ideia do que querem ser quando crescerem». Dito por outras palavras, não têm uma estratégia nem um modelo de negócio. Os restantes 20% só estão preocupados em sobreviver.
Outra conclusão, talvez menos surpreendente, é que não fazem igualmente a menor ideia do que os seus clientes esperam, sejam eles empresas, grande ou pequenas, ou o zé povinho. A IBM concluiu que se fizermos uma lista duma dúzia de coisas que os clientes mais valorizam ordenada por importância e a seguir invertermos a ordem, ficaremos mais perto da lista que os executivos financeiros prepararam.
A propósito de incompetência, imaginem-se os resultados da tendência, que está em curso um pouco por todo o mundo, de substituir os banqueiros pelos políticos ou, como pitorescamente escreveu o economista João César das Neves, pôr os coelhos a entregar mensagens, substituindo os pombos-correios dizimados pela gripe das aves.
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(Continua)
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