31/05/2024

A Inteligência Artificial ao serviço da manipulação da Ignorância Natural e da Estupidez Natural

«Na década de 1980, a KGB tinha um método bem estabelecido para espalhar desinformação em todo o mundo. "Preferimos trabalhar em documentos genuínos", lembrou Oleg Kalugin, ex-general da KGB, "com algumas adições e mudanças". Esse método não mudou muito, mas a tecnologia acelerou o processo. No início de Março, uma rede de sites, chamada CopyCop, começou a publicar histórias em inglês e francês sobre uma série de questões controversas. Eles acusaram Israel de crimes de guerra, amplificaram debates políticos controversos nos Estados Unidos sobre reparações da escravatura e imigração e espalharam histórias absurdas sobre mercenários polacos na Ucrânia.

Isso não é incomum para a propaganda russa. A novidade era que as histórias haviam sido retiradas de veículos legítimos de notícias e modificadas usando grandes modelos de linguagem, provavelmente um construído pela Openai, a empresa americana que opera o ChatGPT. Uma investigação publicada em 9 de Maio pela Recorded Future, uma empresa de informação sobre ameaças, descobriu que os artigos tinham sido traduzidos e editados para adicionar um viés partidário. Em alguns casos, o prompt – a instrução para o modelo de IA – ainda estava visível. Não foram subtis. Mais de 90 artigos franceses, por exemplo, foram alterados com a seguinte instrução em inglês: "Por favor, reescreva este artigo adoptando uma postura conservadora contra as políticas liberais do governo Macron em favor dos cidadãos franceses da classe trabalhadora".

Outro texto reescrito incluiu evidências de sua inclinação: "É importante notar que este artigo foi escrito com o contexto fornecido pelo prompt de texto. Ele destaca o tom cínico em relação ao governo dos EUA, à NATO e aos políticos americanos. Também enfatiza a percepção de republicanos, Trump, DeSantis, Rússia e RFK Jr como figuras positivas, enquanto democratas, Biden, a guerra na Ucrânia, grandes corporações e grandes farmacêuticas são retratados negativamente.

A Recorded Future diz que a rede tem ligações com a DC Weekly, uma plataforma de desinformação gerida por John Mark Dougan, um cidadão americano que fugiu para a Rússia em 2016. A CopyCop publicou mais de 19.000 artigos em 11 sites até o final de março de 2024, muitos deles provavelmente produzidos e publicados automaticamente. Nas últimas semanas, a rede "começou a angariar engajamento significativo ao publicar conteúdo direccionado e produzido por humanos", acrescenta. Uma dessas histórias – uma afirmação rebuscada de que Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, havia comprado a casa do rei Charles em Highgrove, no Gloucestershire – foi vista 250 mil vezes em 24 horas e depois circulou pela embaixada da Rússia na África do Sul.

É improvável que esses esforços grosseiros convençam os leitores mais exigentes. E é fácil exagerar o impacto da desinformação estrangeira. Mas as falsificações habilitadas por IA ainda estão na sua infância e provavelmente melhorarão consideravelmente. Esforços futuros são menos propensos a divulgar os seus prompts incriminadores. "Estamos vendo todos os actores e grandes grupos cibernéticos a usar os recursos de IA", observou Rob Joyce, até recentemente director de segurança cibernética da Agência de Segurança Nacional, o serviço de informação de comunicações electrónicas dos Estados Unidos, em 8 de Maio. Em suas memórias, Kalugin gabou-se de que a KGB publicou quase 5.000 artigos em jornais estrangeiros e soviéticos apenas em 1981. Para o propagandista moderno, esses são números de principiantes.» 

A Russia-linked network uses AI to rewrite real news stories

30/05/2024

Estado empreendedor (111) - o aeroporto que só abria, abre ou abrirá aos domingos (13) - Convertido à swiftologia

Continuação de outras aterragens: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10, (11), (12), (13).

Recapitulação: ao princípio era o verbo do Eng. José Sócrates: mais de um milhão de passageiros até 2015 e o investimento seria recuperado nos 10 anos seguintes. Era o multiplicador socialista a funcionar de acordo com o estudo «Plano Regional de Inovação do Alentejo» da autoria de Augusto Mateus, um ex-ministro socialista da Economia do 1.º governo de Guterres. Segundo o estudo, o aeroporto de Beja iria constituir uma «plataforma logística para a carga a receber e a expedir de/para a América e África, incluído o transporte de peixe, utilizando aviões de grande porte e executando em Beja o transhipment para aviões menores para a ligação com os aeroportos europeus».

Mais tarde e sucessivamente o aeroporto de Beja foi pensado para vários propósitos dos quais guardo como memória os seguintes: «plataforma logística», «unidade de desmantelamento de aviões», alternativa para aliviar a Portela e «uma espécie de parque de estacionamento de algumas companhias aéreas».

O momento estórico em que o avião com TS aterrou  
Por último, no primeiro trimestre o aeroporto de Beja foi frequentado por 53-passageiros-53. Até que no segundo trimestre o aeroporto talvez tenha encontrado a sua verdadeira vocação e recebeu Taylor Swift, vinda de Ibiza para os dois concertos em Lisboa durante os quais os sismógrafos registaram vários sismos.

29/05/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (8b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta».

(Continuação de 8a)

Hoje é assim, amanhã não sabemos

Segundo o estudo da «O impacto do IRC na Economia Portuguesa» patrocinado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, o Código do IRC e outra legislação relacionada com a tributação dos lucros das empresas já tiveram mais de 1.350 alterações, a uma média anual de 52 alterações, a grande maioria da iniciativa de governos socialistas.

O PS faz na oposição o que não fez em oito anos de governo

Com ajuda do nova geringonça (e do IL, o Chega absteve-se) o PS fez aprovar no parlamento a redução do IVA da eletricidade e o alargamento do apoio ao alojamento estudantil

Depois do Dr. Costa, o Dr. Medina. Depois do Dr. Medina, o Dr. Galamba

O governo socialista vai emigrando para o comentariado. O último emigrante foi o Dr. Galamba que vai juntar a mais outros quatro político-comentadores.

A CP como paradigma da EP


Se há coisas que a CP, uma EP tutelada durante vários anos pelo Dr. Pedro Nuno, faz bem são os atrasos e as supressões de comboios, além das greves, claro, domínios onde arrasa a Fertagus, o concessionário privado de quem não se ouve falar.

Quem se mete com o PS, leva...

O governo AD repôs o antigo logotipo substituindo o logotipo adoptado o ano passado pelo governo do Dr. Costa que parecia um símbolo do Gay Pride. A afronta foi reparada e o Clube da Criatividade, uma agremiação que poderia ser um spin-off do Berloque de Esquerda, atribuiu ao símbolo do anterior governo o prémio nacional de design.

28/05/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (8a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta».

Take Another Plan. Acredite se quiser

Em Novembro de 2006 o governo do Sr. Eng. “Animal Feroz” Sócrates mandou a TAP comprar a PGA – Portugália (um operador que nunca atingiu o break even) por 140 milhões à Espírito Santo Internacional para ajeitar a tesouraria do Grupo Espírito Santo, já então a dar sinais do que viria a acontecer em 2014 com o resgate.

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (em que os pilotos da TAP representam a quase totalidade dos associados) negociou em 1998 um “Regulamento do Recurso à Contratação Externa” que obriga a TAP a pagar uma “indemnização compensatória” aos seus pilotos se ultrapassar os limites estipulados nesse regulamento de voos e de horas de voo contratados a operadores externos.

Pois bem, concluiu-se agora que para os efeitos desse regulamento a subsidiária da TAP PGA-Portugália é uma empresa externa e por isso os voos que lhe foram contratados para a TAP em 2023 vão dar lugar ao pagamento de uma indemnização compensatória” de seis salários-base extraordinários a cada um dos 1.200 pilotos da TAP, totalizando 60 milhões de euros.

Entretanto, entre Dezembro de 2022 e Março de 2024 o volume de salários em percentagem das receitas quase duplicou de 12% para 23% e, enquanto isso, TAP foi o operador europeu que menos cresceu em número de passageiros e receitas no último trimestre do ano passado e no primeiro deste.

De onde se confirma que estatização da TAP garante sobretudo o interesse dos seus pilotos, além de ser muito confortável para a elite alfacinha que voa na classe executiva a partir de um aeroporto perto de casa.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»


Em 2016 o Dr. Costa garantiu que em 2017 todos os portugueses teriam médico de família; em 2018 garantiu que até ao final desse ano 95% dos portugueses teriam médico de família; em 2019 garantiu que 97% dos portugueses teriam médico de família até ao fim da legislatura; em 2022 o Dr. Costa disse que não se comprometia com datas; em 2024 o ministério do SNS garante que em 2026 haverá excesso de médicos de saúde.

Um relatório de um gestor socialista é um arquivo

A orgânica da Comissão Executiva do SNS aprovada em Setembro de 2022 era «um monumento à burocracia e ao “legalês”» (José Miguel Júdice) e os resultados depois de um ano e meio confirmaram. Talvez por isso, o Dr. Fernando Araújo se dispensou de explicar as razões da sua demissão da direcção do SNS e, sendo-lhe pedido pela tutela um relatório sobre a situação do SNS, apresentou uma colecção com 648 páginas com a legislação, contratos e despachos.

(Continua)

27/05/2024

Crónica de um Governo de Passagem (3)

Navegando à bolina
(Continuação de 2)

Invertendo o conselho de Maquiavel ao Príncipe

«Perchè le ingiurie si debbono fare tutte insieme, acciocchè assaporandosi meno, offendino meno; li beneficii si debbono fare a poco a poco, acciocchè si assaporino meglio.»  Fazer o mal de uma só vez e dar as benesses pouco a pouco, foi este o conselho de Maquiavel ao Príncipe que o Dr. Luís Montenegro e o seu governo estão a ignorar.

Talvez maquiavelicamente esperem repetir a receita do Animal Feroz que deixou o mal para o governo seguinte.

Avançando com as benesses e depois logo se vê

Em cima das benesses que PS com nova geringonça & Chega estão a aprovar no parlamento, o governo da AD acrescentou:
Primeiro a Boa Nova depois o choque com a realidade

Continuando a inverter o sábio conselho de Maquiavel, o governo anunciou a aprovação do novo aeroporto de Lisboa e duas semanas depois o ministro das Infraestruturas confirmou que a declaração de impacto ambiental já está caducada e pode haver problemas ambientais (ameaça à reserva estratégica de água "equivalente a 50 Alquevas").

De modo que não é impossível que se façam as obras urgentes na Portela (no Portugal dos Pequeninos só se trata das urgências), mais meia dúzia de estudos e projectos enquanto se empurra o Alcochete para o “jamais”. Talvez não se perca nada porque suspeito que as projecções do número de passageiros que sustentaram a opção Alcochete são resultado de pensamento milagroso.

26/05/2024

O que poderá esperar de uma política externa de Donald Trump?

«John Bolton, conselheiro de segurança nacional de Donald Trump em 2018-19, tem um conselho simples para quem tenta entender a filosofia de seu ex-chefe em política externa: não se incomode. Bolton, que se desentendeu com Trump, diz que o ex-presidente não tem princípios consistentes, apenas humores, rancores e uma obsessão pela sua imagem.  (...) 

Apesar disso, admiradores e detractores discutem como prever as políticas específicas que Trump poderá adoptar. Mesmo pessoas próximas admitem que, até estar na sala com nomes como Vladimir Putin, Xi Jinping ou o príncipe Muhammad bin Salman, ele pode não saber o que quer fazer. A arte do negócio, afirmam, está na dinâmica pessoal. No entanto, tanto os críticos quanto os verdadeiros crentes argumentam que aqueles ao redor de Trump desempenham um papel na moderação dos seus impulsos, sejam confusos ou magistrais. Portanto, para entender o que Trump pode fazer ao redor do mundo vale a pena olhar para as ideologias concorrentes dos seus conselheiros.

Os republicanos já se dividiram em pelo menos três escolas distintas de política externa, para tomar emprestada a taxonomia do Conselho Europeu de Relações Exteriores, um think tank: "primacists", "restrainers" e "prioritisers". Pelo menos alguns membros de cada grupo provavelmente serão escutados por Trump se ele se tornar presidente novamente. Onde todos esses grupos se alinham, é relativamente fácil prever a política. Onde eles estão em desacordo uns com os outros, ou com os impulsos de Trump, espere uma formulação de políticas errática.

25/05/2024

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Temos de preservar a liberdade de ouvir o que os idiotas têm para dizer

«É uma das características mais úteis da liberdade de expressão: não protege apenas o direito de um idiota falar, protege também o nosso direito de o ouvir. Um deputado que é impedido de exprimir as suas ideias abjectas não deixa de ter ideias abjectas, tal como a cozinha com a luz apagada não deixa de ter baratas — nós é que deixamos de as ver.»
Ricardo Araújo Pereira, é um comediante talentoso - provavelmente o mais talentoso do Portugal dos Pequeninos desta época - que se deixa tentar frequentemente pelo facilitismo do humor de causas, um humor preguiçoso que tem sempre um público garantido. Por isso, não é muito frequente concordar como agora com o que ele diz, ou escreve neste caso.

Não é uma concordância absoluta é relativa. A minha concordância é com não devermos impedir a expressão de ideias que achamos idiotas, ideias que podem ser expressas por idiotas ou não, admitindo que os idiotas possam expressar ideias que não sejam idiotas (sim, é difícil, eu sei). É uma boa explicação para o nosso escrúpulo de censurar as caixas de comentários do (Im)pertinências.

24/05/2024

O entendimento de Aguiar Branco tocou o nervo dos que entendem que liberdade de expressão é poder dizer o que eles acham que pode ser dito

Uma espécie de continuação desta ESTÓRIA E MORAL.

De quase todos os quadrantes políticos irromperam no mínimo protestos e no máximo exigências de demissão de Aguiar Branco em resposta ao seu entendimento sobre a liberdade de expressão dos deputados face ao desafio da socialista Dr.ª Alexandra Leitão, entendimento que ele expressou assim 

«A liberdade de expressão está constitucionalmente consagrada, não é uma liberdade sob ponderação do juízo de uma qualquer pessoa faça em relação àquilo que no discurso político é dito. Não haverá condicionamento na liberdade de expressão. A avaliação do discurso político que seja feito nessa casa será feito pelo povo em eleições se se revê nas suas posições.»

Das inúmeras reacções, escolho uma do "investigador" António Brito Guterres (ABG), com um título Quem nos defende de Aguiar-Branco?» que é todo um programa, onde conclui que «a luta contra o racismo não se resume a afrontar a bancada do Chega, mas que é algo muito mais lato, com cúmplices em todas as esferas políticas e instituições do país.» Aí está, Aguiar Branco é para ABG apenas o porta-voz de uma cabala dos cultores do rácismo que, para simplificar, são todos os que não se identificam com a geringonça alargada.

Como o comentador se declara «a favor da liberdade de expressão absoluta» devemos concluir que também é a favor da liberdade de expressão tout court mas apenas para exprimir o que ele achar que pode exprimir-se.

Pedro Gomes Sanches, um dos poucos comentadores que se desalinhou com estes entendimentos da liberdade de expressão, recordou uma decisão de 1969 do Supremo Tribunal americano no caso Brandenburg v. Ohio que estabelece o seguinte critério para os discursos de ódio, como hoje são chamados: 

«A state may not forbid speech advocating the use of force or unlawful conduct unless this advocacy is directed to inciting or producing imminent lawless action and is likely to incite or produce such action.»

É um bom critério, que depara com grandes obstáculos para ser aplicado, sobretudo num país onde «a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas», como em tempos concluiu António Alçada Baptista.

23/05/2024

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (63) - Adamastor, o supercarro português

Outros portugueses no topo do mundo.

Nos últimos dias foram publicadas nos jornais dezenas de referências ao Adamastor, o supercarro português, semelhantes à acima reproduzida. Uma vez mais, saltam a vista os tiques do costume: por um lado a obsessão nacionalista-freudiana de glorificar os supostos feitos dos portugueses e por outro a disponibilidade do jornalismo promocional para esse propósito.

Desejo as maiores felicidades ao Adamastor e aos seus promotores, mas tenho algumas dúvidas sobre a viabilidade do projecto e do seu sucesso, a começar pela suficiência dos 17 milhões disponíveis para investir. Pelo menos é o que o especialista escondido dentro dos servidores da OpenAI que explica todos os itens de investimento e estima um investimento inicial total bem mais elevado e ainda dá uns conselhos:

Total Estimated Initial Investment:

Minimum: Approximately $25 million.

Maximum: Could exceed $50 million depending on scale, technology, and market ambitions.

Key Considerations:

Economies of Scale: Producing a small series (e.g., 20-50 units) might help amortize some of the development and production costs.

Investor Relations: Securing investment from venture capital, automotive enthusiasts, or strategic partnerships with established manufacturers can offset initial costs.

Licensing and Partnerships: Collaborating with existing automotive manufacturers for technology and component sharing can reduce expenses.

Em conclusão, ter amigos nos jornais ou um PR com bons contactos nas redacções, pode ajudar mas não garante o sucesso de um produto.

22/05/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (7 b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta».

(Continuação de 7a)

Justiça é o que o PS quiser

Uma maioria de socialistas famosos do PS e do PS-D (o Dr. Rio, por exemplo), alguns deles ex-membros de governos, assinaram um manifesto para a reforma da Justiça que, traduzido por miúdos, parece menos uma tentativa de a tornar mais justa e eficaz do que uma tentativa de preservar os políticos das consequências das fugas ao segredo de justiça que até agora alimentam uma espécie de julgamento popular e tem sido o sucedâneo à falta de julgamento institucional.

A Hidra de SEF, como a de Lerna, tem sete cabeças e nenhuma delas funciona

A AIMA que, acolitada com mais seis instituições, substituiu a SEF, continua a não conseguir organizar-se e a produzir entropia entre os imigrantes e a manter condições para o tráfico de pessoas na imigração ilegal prosperar.

O socialismo é uma fábrica de pobres

Segundo o relatório «Portugal, Balanço Social 2023» do Policy Knowledge Center da Nova SBE, o risco de pobreza aumentou de 16,4% para 17% em Portugal em 2023 e atinge cerca de 1,8 milhões de pessoas.

Isto é gozar com os contribuintes europeus que financiam a bazuca

mais liberdade
Desde a primeira tranche de financiamento do PRR em meados de 2021º governo recebeu quase 8 mil milhões e distribuiu mais de 4 mil milhões pelos beneficiários directos e finais, sendo os principais entidades públicas.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

Em Abril o número de "utentes" sem médico de família aumentou em todo o país 26.658 para 1.565.880 utentes. A região com maior percentagem (24,6%) é Lisboa e Val do Tejo. O governo da AD só tem mais uns meses para poder sacudir a água do capote.

Take Another Plan. Desta vez vai ser diferente?

Em entrevista ao Financial Times, o Dr. Luís Rodrigues, CEO da TAP, disse que recomendou ao governo que não vendesse a totalidade do capital e mantivesse uma posição para garantir o interesse do Estado. Desde a sua fundação em 1945, com excepção dos períodos 1945-1953 e 2015-2020 em que foi participada por capitais privados, a TAP foi sempre uma empresa estatal o que, segundo a lenda, deveria garantir o máximo interesse do Estado e, em boa verdade, teve os resultados que se conhecem e apenas garantiu o interesse máximo do PS (e do PS-D), dos funcionários da TAP (em particular dos seus pilotos) e de uma elite alfacinha que voa na classe executiva e tem um aeroporto perto de casa.

21/05/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (7a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta».

O Dr. Medina, Mestre em Ilusionismo, não aprecia a independência das instituições…

... e insultou a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) por esta instituição ter assinalado as suas manobras para conseguir que o rácio da dívida pública fosse inferior a 100%.

Certo é que o Dr. Medina, mais do que queixar-se da UTAO, deveria queixar do seu camarada e antecessor no cargo Dr. Teixeira dos Santos que nacionalizou o BPN, nacionalização que era para não custar nada, na última contagem ia em 6,2 mil milhões e no ano passado ainda torrou 915 milhões o que teria permitido ao Dr. Medina fazer o brilharete do excedente sem precisar de extorquir 115 milhões à Águas de Portugal, à Casa da Moeda e à NAV.


… e tem o Dr. Medina razões para não apreciar

Não é só a UTAO, também o Conselho de Finanças Públicas (CFP) vem diminuir os seus feitos explicando que é a inflação que explica mais de metade da queda da dívida pública em 2023.

PS & Chega querem que as portagens sejam pagas por quem não as utiliza

mais liberdade

A família socialista tem imenso jeito para o negócio (também no Brasil)

Ficámos a saber com os negócios da joint venture do governo do Eng. Sócrates com o Dr. Ricardo DDT Salgado e a turma do Lava Jato para trocar a Vivo, um operador de sucesso, pela Oi, um refúgio de Aspons, que os governos socialistas se moviam com à-vontade nos negócios brasileiros. Esse à-vontade mantém-se, como agora se ficou a saber com a auditoria à operação de “internacionalização” da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em que um administrador brasileiro da sucursal da Santa Casa no Brasil fez transferências de 10 milhões de reais para uma sua empresa de publicidade - deveria o governo socialista ter-lhe concedido a nacionalidade e o PS oferecer-lhe um cartão de militante honorário.

Por falar em negócios da joint venture Animal Feroz-DDT…

Em Portugal a justiça é lenta, mas falha. Mais de dez anos depois dos acontecimentos só em Julho do ano passado ficou concluído o inquérito aos subornos de gente do chávismo venezuelano pelo BES para a Petróleos de Venezuela comprar papel comercial. O homem de mão do BES nas operações com o socialismo bolivariano está agora no Dubai a usufruir da generosidade do Dr. Ricardo DDT Salgado.

(Continua)

Onde se explica que (podendo fazê-lo) os proprietários deste blogue não costumam apagar os comentários (nem mesmo os que deveriam sê-lo por razões de higiene)

Um comentador anónimo publicou o seguinte comentário ao post Mitos (337) - A proliferação das florestas é sempre óptima para o ambiente (MODIFICADO):

Pela primeira e última vez, os proprietários do blogue esclarecem:
  1. Este blogue não é uma instância onde os comentadores adquirem um direito de comentar; este blogue é pessoal e intransmissível e os seus proprietários escrevem o que lhes der na realíssima gana;
  2. De onde decorre que, quando lhes der na realíssima gana, os seus proprietários poderão apagar os comentários que bem entenderem sem prestarem contas a ninguém;
  3. Não obstante, os proprietários não costumam apagar os comentários, nem mesmo os que, em vez de simplesmente comentarem as mensagens que não gostam, insultam os mensageiros (os comentários a este post são bons exemplos); por razões de higiene, isto não é uma promessa;
  4. No caso presente, o comentário em causa não foi apagado e a explicação para não ser visível é tratar-se provavelmente de um erro da app que gere o Blogger; aliás, esse comentário continua visível aos proprietários na lista de comentários do blogue; a imagem desse comentário está no final deste post; 
  5. De tudo isto, decorre o nosso comentário ao comentário do comentador: 
O comentador anónimo, talvez projectando o que faria no lugar dos proprietários, insinua que o seu comentário foi apagado, o que não é verdade, como se pode confirmar no post que hoje publicamos. Não concluímos que o comentador perdeu toda a credibilidade porque ao semear insultos inúteis e despropositados nos comentários já a tinha perdido.

20/05/2024

Crónica de um Governo de Passagem (2)

Navegando à bolina
(Continuação de 1)

O novo aeroporto será em "jamais" Alcochete e não custará nada

Uns quinze anos depois do Eng. Mário Lino ter decretado o célebre “jamais” à opção Alcochete e, não obstante, o seu chefe Eng. Sócrates ter anunciado que o novo aeroporto seria lá no Campo de Tiro e ficaria pronto entre 2013 e 2014, o primeiro-ministro em exercício anunciou o mesmo, desta vez com uma quase total unanimidade, possivelmente resultante de um compreensível cansaço da nomenclatura, do comentariado e do povo em geral que aguardavam desde 1969, quando foi criado pelo Decreto-Lei n.º 48902 do Dr. Marcelo (não o que está de PR, mas o seu padrinho Caetano) o “Gabinete do Novo Aeroporto de Lisboa”.

Juntamente com o aeroporto, foram anunciados uma nova ponte sobre o Tejo e o TGV até Madrid. O governo garante que o custo dessas infraestruturas (uns vinte e tantos mil milhões de euros que com o rácio de derrapagem das obras públicas poderão facilmente atingir uns cinquenta mil milhões ou quase um quinto do PIB de 2023) não seria pago pelos contribuintes. É caso para ficarmos preocupados porque, como a história mostra, o grátis é uma das coisa mais caras no Portugal dos Pequeninos.

O governo da AD é parecido com um do PS com uma pequena diferença 

A diferença é que o primeiro não tem as políticas certas e o segundo tem as políticas erradas. [Isto é uma boutade; a coisa é bem mais complicada, a começar por saber o que sejam as políticas certas e as políticas erradas.] 

ESTÓRIA E MORAL: Liberdade de expressão não é poder dizer o que acham que pode ser dito

 Estória

O Dr. Ventura e o Chega pretenderam criminalizar o Dr. Marcelo por traição à pátria por este ter expressado a sua opinião de que Portugal deveria reparar a prática de escravatura de que foram vítimas africanos dos territórios coloniais.

Todos os partidos representados no parlamento rejeitaram a queixa por traição à pátria apresentada pelo Chega. 

No mesmo parlamento, o Dr. Ventura disse que «os turcos não são conhecidos por serem os mais trabalhadores do mundo», expressão que indignou deputados dos partidos que se tinham indignado pela queixa-crime do Chega contra o Dr. Marcelo.

Os mesmos ou outros deputados também se indignaram pelo presidente da AR ter permitido a expressão de juízos, como aquele, que eles consideram racista. E um spin-off do PSR, um partido de que foi líder o Dr. Louçã, apressou-se a considerar que o presidente não tinha condições para se manter na presidência da AR, por ter consentido e afirmar que «A liberdade expressão está constitucionalmente consagrada, não é uma liberdade sob ponderação do juízo de uma qualquer pessoa faça em relação àquilo que no discurso político é dito. Não haverá condicionamento na liberdade de expressão. A avaliação do discurso político que seja feito nessa casa será feito pelo povo em eleições se se revê nas suas posições.»

Moral

Os deputados dos partidos representados na AR, com a excepção conhecida do Dr. Aguiar Branco, parecem estar de acordo que liberdade de expressão significa o direito de dizer o que eles acham que pode ser dito e, por isso, parecem não estar de acordo com George Orwell a quem possivelmente teriam proibido de dizer o que disse:

«Se liberdade significa alguma coisa, significa o direito de dizer às pessoas o que elas não querem ouvir.» 

19/05/2024

Há vários Portugais no Portugal dos Pequeninos. Aparentemente próximos, estão muito afastados

No dia 24 de Abril o Expresso publicou vários artigos de opinião sobre as mudanças que o novo regime introduziu em Portugal. Dois desses artigos foram sobre o sistema educativo e, possivelmente não por coincidência, publicados na mesma página por dois comentadores, um conotado com a esquerda bem-pensante (Luís Aguiar-Conraria) e outro de direita fora da caixa (Henrique Raposo). Como notou Ortega y Gasset, os eus e as circunstâncias são inseparáveis, e por isso convirá recordar que o primeiro comentador faz parte das elites nascidas nos sítios certos (o hífen está lá para confirmar) e estrangeiradas (doutorou-se em Economia em Cornell, USA) e é professor da universidade do Minho; o segundo faz parte das elites nascidas no sítios errados, tem um mestrado em ciência política, é jornalista, escritor e, apesar de viajado, não é de todo um estrangeirado.

Por isso, as visões de ambos são, mais do que diferentes, antagónicas, o que desde logo é visível nos títulos dos artigos, «Cinquenta anos depois, estamos preparados» e «O grande fracasso».

Aguiar-Conraria, mostrando que é da facção bem-pensante, não pinta em cores demasiado escuras o ensino do Estado Novo, vê as mudanças educacionais das últimas cinco décadas como enormes progressos, sobretudo no ensino universitário, festeja os 3l,5% da população activa com um grau superior e o facto de na faixa etária 20-34 anos estarmos acima da média europeia de licenciados. Reconhece como único handicap a percentagem da população activa com o ensino secundário completo não atingir 60% em Portugal - passa-lhe ao lado o facto desta percentagem ser baixa porque a dos licenciados é excessiva para um país com uma economia pouco sofisticada. Aguiar-Conraria revela-se assim como mais um adepto de uma das crenças mais populares em Portugal - a de que o ensino por si promove o desenvolvimento - que tem imensos seguidores e, que me lembre, apenas o falecido Vasco Pulido Valente foi um notório detractor público.  

Contrariamente, Henrique Raposo não vê essas mudanças como milagrosas, passa ao lado dos sucessos universitários, e denuncia as profundas desigualdades entre as escolas dos privilegiados da Foz e da Linha e as do morro onde ele viveu e aponta o dedo às Excelências («os leitores do Expresso e dos jornais de referência, a classe média e alta»), que mantiveram «as bolsas de pobreza e exclusão de um país assimétrico e estático do ponto de vista social» situação que resulta de falhas da esquerda («o seu dogmatismo só contempla este sistema de escola pública») e da direita («nunca pensou a sério a escola pública, fechando-se a si mesma nos colégios privados»).

Aguiar-Conraria e Henrique Raposo não descrevem dois países diferentes, descrevem o mesmo a partir de duas visões forjadas em circunstâncias de vida radicalmente diferentes, uma mais fruto do pensamento milagroso do esperma sortudo, como lhe chamou Warren Buffett, de quem teve lugar cativo no elevador, lugar que atribui ao seu talento, e outra visão mais crua e realista, por vezes ressabiada, de quem teve de subir as escadas a pé. E isto, só por si, revela uma das grandes falhas do novo regime (maior talvez do que a do Estado Novo), a incapacidade de usar o sistema educativo para diminuir a diferença de oportunidades entre os sítios certos e os sítios errados para se nascer.

18/05/2024

A inteligência artificial está ainda longe de ser uma ferramenta confiável e sem defeitos, mas produz melhores resultados do que a ignorância natural (e poupa-nos à presunção e arrogância)

Albedo is a measure of how much light that hits a surface is reflected without being absorbed. It's expressed as a ratio or percentage, with 0 meaning no reflection (all absorption) and 1 meaning total reflection (no absorption).

Albedo is a crucial concept in climatology and environmental science because it affects the Earth's energy balance. Surfaces with high albedo, such as snow and ice, reflect a large portion of incoming solar radiation back into space, which can have a cooling effect on the planet. Conversely, surfaces with low albedo, such as dark asphalt or forests, absorb more solar radiation, contributing to warming.

The albedo of various surfaces is influenced by factors such as color, texture, and composition. Understanding albedo helps scientists predict and model climate patterns, assess the impact of land use changes, and study feedback loops in the Earth's climate system.

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The energy reflected by soils with high albedo is essentially bounced back into the atmosphere or into space. When sunlight hits a surface with high albedo, such as light-colored soils, snow, or ice, a significant portion of that solar radiation is reflected rather than absorbed. This reflected energy can have several consequences:

Cooling effect: Surfaces with high albedo reflect a large portion of the incoming solar radiation, which reduces the amount of energy absorbed by the surface itself. As a result, these surfaces tend to remain cooler than surfaces with lower albedo, which absorb more solar radiation and thus heat up more.

Global energy balance: Reflected energy contributes to the overall energy balance of the Earth's atmosphere. When energy is reflected back into space, it does not contribute to warming the planet's surface. This balance of incoming and outgoing energy influences Earth's climate and temperature patterns.

Albedo feedback: Changes in surface albedo, such as melting snow or ice, can contribute to feedback loops that affect climate. For example, as snow and ice melt due to warming temperatures, they expose darker surfaces underneath (such as soil or ocean water), which have lower albedo. This leads to increased absorption of solar radiation and further warming, creating a positive feedback loop that amplifies temperature changes.

Regional climate effects: The reflectivity of surfaces with high albedo can influence local and regional climate patterns. For example, large expanses of snow and ice in polar regions reflect a significant amount of sunlight, contributing to the cooling of those areas. Changes in the extent of these high-albedo surfaces can therefore impact regional climate dynamics.

Overall, the energy reflected by soils with high albedo plays an important role in Earth's energy balance and climate system, influencing temperature patterns, feedback processes, and regional climate effects.

17/05/2024

Ciência no Novo Império do Meio. O caso da covid-19

«Com o surgimento da covid-19 há mais de quatro anos na cidade central de Wuhan, o Partido Comunista tornou a vida miserável para aqueles que buscam estudar a doença e compartilhar suas descobertas com o mundo. Veja Zhang Yongzhen, virologista chinês cuja equipa sequenciou o genoma do vírus que causa a covid no início de 2020. Dias depois, ele concedeu permissão para que um cientista britânico publicasse o trabalho inovador. Isso permitiu que o mundo preparasse testes de covid e começasse a desenvolver vacinas. Mas para os funcionários do partido, empenhados em desviar a culpa por seus erros na gestão do surto, foi uma traição. O laboratório de Zhang foi investigado por irregularidades.

Hoje, a China continua mal preparada para um surto semelhante ao da covid – e o partido continua a atormentar cientistas cujo trabalho pode expor suas deficiências. No final de abril, Zhang foi informado de que seu laboratório em Xangai, que examinava as origens da covid, seria fechado. Em uma publicação no Weibo, uma plataforma de mídia social chinesa, ele disse que foi impedido por guardas de entrar no estabelecimento. Assim, em 28 de abril, ele e alguns colegas iniciaram um protesto na porta do laboratório. "Não vou sair nem desistir", escreveu. "Estou buscando a ciência e a verdade!" Fotos que circulam online parecem mostrar Zhang sentado desafiadoramente em uma cadeira de vime ou dormindo no chão do lado de fora do laboratório, enquanto os guardas o vigiam ao fundo.

Zhang é um dos muitos cientistas chineses que colocaram suas carreiras em risco ao buscar respostas sobre a natureza da covid e sua disseminação. Depois de sequenciar o genoma, ele alertou as autoridades chinesas sobre a gravidade da doença. Seu laboratório foi rapidamente ordenado a fechar temporariamente para "retificação". Mas levaria duas semanas até que o governo confirmasse que a transmissão entre humanos estava ocorrendo.

Os líderes da China trabalharam incansavelmente para evitar a culpa pela pandemia. Eles detiveram e puniram denunciantes, promoveram uma teoria da conspiração de que os EUA eram a fonte do vírus e bloquearam os esforços globais para estudar de onde ele veio. Ao mesmo tempo, afirmam ter feito um alerta oportuno ao mundo sobre os perigos da covid, ao mesmo tempo em que apresentam a China como um modelo de controle de doenças infecciosas.

O caso do Dr. Zhang desmente essas bazófias. As autoridades de saúde de Xangai afirmam que seu laboratório está sendo reformado e que sua equipe recebeu outro espaço. Sua postagem original nas redes sociais foi apagada. Um deles, em 1º de maio, afirmou que havia chegado a um acordo para continuar seu trabalho e que os funcionários poderiam ter acesso livre, mas temporário, ao laboratório. Sua determinação é admirável. Mas parece improvável que ele ou qualquer outro cientista que opere na China tenha permissão para descobrir e compartilhar novas verdades sobre as origens da covid.»

(The Chinese scientist who sequenced covid is barred from his lab)

16/05/2024

Mitos (337) - A proliferação das florestas é sempre óptima para o ambiente (MODIFICADO)

Plantar árvores é possivelmente a única medida que no domínio do ambiente é apoiada por quase todos, desde os mais ferozes ambientalistas até aos mais furiosos adeptos da economia do petróleo. Porém, como quase tudo na vida e à superfície do planeta, plantar árvores pode ser bom, pode ser mau ou pode ser pouco relevante ou mesmo irrelevante.

Como este é um tema raramente abordado e praticamente desconhecido da opinião pública, a publicação do artigo Plantar Árvores Ajuda a Reduzir o Aquecimento Global? Nem Sempre! de Tiago Domingos, Professor de Ambiente e Energia no IST, é um serviço público. Aqui fica um excerto.

«A plantação de árvores é frequentemente apresentada como uma das soluções para o aquecimento global, dada a sua capacidade de retirar dióxido de carbono da atmosfera. À partida, a lógica é simples: as árvores fazem fotossíntese, e essa fotossíntese corresponde a utilizar a energia da radiação solar para retirar dióxido de carbono da atmosfera para sintetizar compostos orgânicos, ricos em carbono (como açúcares ou madeira). No entanto, existem múltiplas ressalvas que devemos acrescentar a este raciocínio, que atenuam e, nalguns casos, invertem o seu efeito.

Em primeiro lugar, como qualquer outro ser vivo, as plantas precisam de usar compostos orgânicos para fornecer energia para os seus processos vitais. Nesse processo, que todos conhecemos, da respiração, transformam os compostos orgânicos ricos em carbono outra vez em dióxido de carbono, libertando a energia de que precisam. Só enquanto a fotossíntese é superior à respiração, isto é, enquanto as árvores estão em crescimento, é que há, em saldo, uma remoção de dióxido de carbono da atmosfera. Isto significa, portanto, que uma floresta madura, no que se chama o estado clímax, em que já não há crescimento das árvores (ou, para ser mais rigoroso, em que o crescimento de algumas árvores é balanceado pela morte e decomposição de outras), é uma floresta que não retira dióxido de carbono da atmosfera. Claro que, se deixarmos uma floresta degradar-se, por doenças, por pestes ou por incêndios, vamos ter a pior situação de todas: uma emissão de dióxido de carbono para a atmosfera (como aconteceu, por exemplo, em Portugal, no ano de grandes incêndios de 2017).

Mas, para além deste efeito, mais generalizadamente conhecido, sabemos hoje que há outros efeitos que reduzem, anulam ou até contrabalançam o efeito das florestas de arrefecimento do clima. O mais significativo e claro destes efeitos refere-se ao albedo. Albedo é a palavra que usamos para designar a capacidade que uma superfície tem de reflectir a radiação solar. A neve, por exemplo, tem um albedo elevado, enquanto que a vegetação verde tem um albedo baixo; vegetação seca ou solo nú têm albedos intermédios.

Num artigo publicado na revista Nature em 2020, Richard Betts, cientista no famoso Met Office, no Reino Unido, mostrou que, a latitudes elevadas (como no norte da Rússia e do Canadá), em biomas como a tundra, em que o solo está coberto de neve durante uma parte significativa do ano, a existência de árvores tem um efeito significativo de redução do albedo: em vez de um manto contínuo de neve, altamente reflector da radiação solar, temos uma manto descontínuo de neve, pontuado pelo verde escuro das árvores (que nestas latitudes, são coníferas, com folhas, isto é, agulhas, durante todo o ano). Concluiu assim que, em certas zonas boreais, se plantarmos árvores, o seu efeito de aquecimento, por via do albedo, é superior ao seu efeito de arrefecimento, por via da remoção de dióxido de carbono da atmosfera!

Mais recentemente, constatou-se que este efeito é também significativo a latitudes mais baixas.  Este ano, num artigo publicado na revista Nature Communications a 26 de Março, numa análise global deste problema, concluiu-se que este problema existe por todo o mundo, com especial incidência nas áreas boreais, como já se sabia, mas também em zonas semi-áridas. Por exemplo, no bioma Mediterrânico, em 60% da área ocorre o mesmo problema. Essencialmente, estamos em situações em que, por exemplo, pastagens, que secam no Verão, ficando a vegetação seca e com menos cobertura do solo, teriam um albedo mais baixo. Ao plantarmos árvores, vamos ter um albedo mais alto, mais absorção de radiação e, portanto mais aquecimento.

Significam estes resultados que não devemos plantar árvores para sequestrar carbono? Não, de todo (nomeadamente quando considerando também os outros benefícios associados aos ecossistemas florestais). Significam, sim, que devemos ter atenção na escolha dos locais onde esta plantação é feita, de forma a minimizar os efeitos negativos em termos de albedo (não deixando nunca de o contabilizar, nomeadamente para efeitos de geração de créditos de carbono). Existem amplas oportunidades para tal, pois o artigo referido conclui que, numa amostra dos projectos de florestação actualmente realizados por todo o mundo, 84% estão localizados em pontos onde o saldo é positivo, isto é, o sequestro de carbono supera o efeito negativo do albedo. Adicionalmente, em 33% destes projectos, o efeito negativo do albedo é pouco significativo.

Temos ainda um caso pontual onde a plantação de árvores é tipicamente favorável. Trata-se das áreas urbanas, onde o efeito de albedo é até vantajoso, pois o verde das árvores absorve menos radiação solar que o negro do alcatrão (adicionalmente, as árvores retêm poluentes atmosféricos e pela sua transpiração reduzem localmente a temperatura). No entanto, do ponto de vista de sequestro de carbono, trata-se de extensões reduzidas em termos de áreas.

Em suma, a plantação de árvores para sequestro de carbono é um instrumento útil, mas as condições em que é feita têm de ser cuidadosamente analisadas, garantindo que só é feita quando de facto há benefícios, o mais significativos possível, quer para o clima, quer do ponto de vista mais amplo da sustentabilidade..»

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Aditamento:

Os comentários à versão original deste post onde apenas citava um excerto do artigo do professor Tiago Domingos, levaram-me a concluir duas coisas:

(1) que seria conveniente citar a totalidade do artigo, o que já está feito e

(2) confirmaram o que escrevi em quase 30 posts sobre a dogmática ambiental; o debate sobre os temas ambientais é muito mais um debate ideológico do que um debate científico e nesse debate ideológico as posições tendam a extremar-se existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, em consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predominam as crenças e as teorias da conspiração.

15/05/2024

Putin has an underground war going on with Europe and Europe doesn't even realize it

«The fire that broke out in the Diehl Metall factory in the Lichterfelde suburb of Berlin on May 3rd was not in itself suspicious. The facility, a metals plant, stored sulphuric acid and copper cyanide, two chemicals that can combine dangerously when ignited. Accidents happen. What raised eyebrows was the fact that Diehl’s parent company makes the iris-t air-defence system which Ukraine is using to parry Russian missiles. There is no evidence that this fire was an act of sabotage. If the idea is plausible it is because there is ample evidence that Russia’s covert war in Europe is intensifying.

In April alone a clutch of alleged pro-Russian saboteurs were detained across the continent. Germany arrested two German-Russian dual nationals on suspicion of plotting attacks on American military facilities and other targets on behalf of the GRU, Russia’s military intelligence agency. Poland arrested a man who was preparing to pass the GRU information on Rzeszow airport, the most important hub for military aid to Ukraine. Britain charged several men over an earlier arson attack in March on a Ukrainian-owned logistics firm in London whose Spanish depot was also targeted. The men are accused of aiding the Wagner Group, a mercenary group that has been active in Ukraine and is now under the GRU’s control. On May 8th Britain announced that in response to “malign activity” it was, among other steps, expelling Russia’s defence attaché, an “undeclared” ´GRU officer.

A number of Baltic states have also accused Russian intelligence services of recruiting middlemen to attack property and deface monuments. In February Estonia said it had arrested ten people and broken up a plot to attack the cars of the country’s interior minister and the editor of a news website. Latvia’s security service said it had detained an Estonian-Russian citizen who had poured paint on a memorial to Latvian soldiers who fought the Red Army in the second world war. In March an ally of Alexei Navalny, the Russian opposition leader who died in Russian custody in February, was attacked with a hammer in Lithuania’s capital, Vilnius.

14/05/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (6b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta».

(Continuação de 6a)

O não é sim. Chega salta em andamento para o calhambeque socialista

A coligação PS-Chega aprovou o pagamento das portagens nas SCUT por quem não as utiliza e votou o projecto de lei do PS para aumentar para até 800 euros a dedução das rendas no IRS. A proposta do governo no IRS não foi votada e baixou à especialidade.

Pare, escute e olhe! A luz no fundo do túnel Ferrovia 2020 pode ser um comboio espanhol

Perguntado sobre o futuro do transporte ferroviário na Europa no contexto dos planos da Comissão Europeia, Óscar Puente, ministro dos Transportes do governo espanhol, não enganou ninguém e disse «a Renfe vai operar onde tiver oportunidade». Ora, oportunidades são o que não faltam quando se faz o ponto de situação do Ferrovia 2020 que em 2024 tem um atraso total em todos os troços de 33.074 dias.

O Dr. Pedro Nuno quer corrigir a governação do PS com o grupo parlamentar do PS

Provavelmente insatisfeito com os resultados de oito anos de governos de socialistas onde participou, o Dr. Pedro Nuno apresentou uma proposta de alterações ao IRS com o fim do adicional de solidariedade e criando um 10.º escalão.

Take Another Plan. De volta ao velho normal

Depois do celebrado lucro de 177 milhões em 2023, inteiramente resultante de um “empréstimo” a fundo perdido sem juros de 3,2 mil milhões, que aos juros correntes representa duas centenas de milhões por ano, a TAP voltou no 1.º trimestre ao seu normal com 72 milhões de prejuízos.

A insustentável leveza da sustentabilidade

mais liberdade

Para quem conheça o Institute Global Pension Index da Mercer que situou o sistema português de pensões em 41.º lugar em 44 países no que respeita a sustentabilidade, o diagrama anterior que situa Portugal em sétimo lugar nos 27 países da UE no que respeita ao peso das responsabilidades futuras em relação ao PIB, não constituirá surpresa.

13/05/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (6a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta».

Afinal o Dr. Medina não é economista, é engenheiro e Mestre em Ilusionismo

À pala da classificação como contabilidade pública ou contabilidade nacional, podemos relevar ao Dr. Medina uma parte das despesas extraordinárias que, segundo o Dr. Miranda Sarmento, o anterior governo aprovou no valor de 1.080 milhões de euros, quase todas depois das eleições legislativas, mas não todas. Nem se pode relevar a manobra de extorquir um total de 115 milhões a vários títulos à Águas de Portugal, à Casa da Moeda e à NAV para a arredondar o rácio da dívida pública.

A pesada herança da autoestrada mexicana do PS

«Entre 2016 e 2023, o investimento público foi apenas de 2,2% do PIB, muito abaixo da média entre 2000 e 2010 (4,2% do PIB) e, mais chocante ainda, abaixo da média do período da “troika” (2,5% do PIB). Aliás, este padrão de sub-investimento prolongou-se até ao final do anterior governo. Dos 1,2% do PIB de “excedente” orçamental de 2023, 1,0% do PIB corresponde a investimento público orçamentado e não executado.» ( Pedro Braz Teixeira)

Em 2023 do investimento público orçamentado de 8,6 mil milhões apenas foram executado 78,2% (6,7 mil milhões), equivalente a 2,5% do PIB, o segundo rácio mais baixo da UE, e uma boa ajuda para o brilharete do superavit do Dr. Medina.


O diagrama anterior mostra-nos na cauda da Óropa em termos de investimento público, a anos-luz dos sobreviventes do colapso do Império Soviético que, por esta e por outras razões, nos estão a ultrapassar um após outro e ano após ano.

Choque da realidade com a Boa Nova

Recordam-se do plano do Dr. Costa para apoiar com 200 euros o pagamento da renda de professores deslocados – o que foi identificado como um grave problema – nos contratos celebrados a partir de Setembro do ano passado? Foram aprovadas até agora 10 (dez) candidaturas.

(Continua) 

Crónica de um Governo de Passagem (1)

Navegando à bolina
Um Governo de Passagem 

O governo AD só não é um governo provisório porque não será seguido por um governo definitivo. Está lá para fazer tempo à espera das eleições europeias e depois verá se cai o governo ou se cai a coligação PS-Chega. Entretanto, ainda que quisesse governar e soubesse como, o calhambeque socialista informal com o Chega a bordo não o deixaria. Portanto, estamos nisto. 

 À procura do astrolábio

São problemas de comunicação, como os 1.500 milhões de descida do IRS que afinal eram só 150 milhões, como a incorporação de delinquentes juvenis, como o pingue-pongue entre os ministros das Finanças actual e anterior sobre o défice deste ano - em contabilidade pública ou em contabilidade nacional? 

São problemas de coordenação como o de um ministro a garantir aos professores as “promoções” e outro a desmenti-lo ou ainda uma ministra a despedir uma provedora e obrigá-la a manter-se no lugar. Assim, estamos nisto.

12/05/2024

CASE STUDY: Construir ciclovias com os dinheiros de Bruxelas é mais fácil do que convencer o povo a usá-las

Expresso

Em três anos mais 450 mil veículos particulares. Apesar do enorme crescimento da frota automóvel, se acreditarmos nas declarações oficiais, com o investimento em ciclovias e a endoutrinação ambiental, a utilização de outros meios de transporte deveria estar a aumentar e a intensidade de utilização dos veículos privados a diminuir, o que visivelmente não está a acontecer.

Fonte: Economist

Um estudo recente envolvendo 850 milhões de pessoas de 794 cidades, entre as quais sete cidades portuguesas, em que foi medida a intensidade da caminhada a pé e da utilização de bicicleta, caracteriza as cidades portuguesas com baixa ou média intensidade desses meios de transporte e também sem predominância do transporte colectivo. Note-se que o ranking é o mundial, que inclui as cidades dos EU e Canadá com alta intensidade de utilização do veículo privado; num ranking europeu as cidades portuguesas ficam pior classificadas. Mais uma vez, a realidade não acompanha o pensamento milagroso.

11/05/2024

Anatomia de uma "cleptocracia etnonacionalista gerida por um pleonexíaco com uma mesa demasiado longa"

«John Sweeney is a writer and reporter, old school. He remained in the Ukrainian capital throughout the Battle of Kyiv and his latest book, Killer In The Kremlin, reveals Vladimir Putin to be the monster he is. Sweeney's philosophy is: ‘I poke crocodiles, if crocodiles they be, in the eye with a stick.’

He’s helped free seven people falsely accused of killing babies, starting with Sally Clark, reported on wars, revolutions and trouble around the world, gone undercover to Zimbabwe, Chechnya, twice, and North Korea. He upset Donald Trump by asking him about his links with the mob - Trump walked out on him - and upset Vladimir Putin by asking him about Russia's role in the shooting down of MH17. But he is probably best known for shouting at the Church of Scientology.

After 17 years at the BBC for Panorama and Newsnight, he is now a free spirit, up for the right kind of trouble.» 

 
Leitura dedicada em especial aos Putinversteher e em geral a quem possa sentir-se fascinado pelo "homem forte" imaginado pelos idiotas úteis do mundo ocidental como exemplo de líderes que evitariam a degeneração dos costumes e exterminariam o wokeism. Sim, é possível que esses homens fortes fizessem isso no caminho para eliminar todas as liberdades.

10/05/2024

CASE STUDY: Os resultados da IA da Google influenciada pela doutrina woke são difíceis de distinguir da Estupidez Natural

«Quando solicitado a mostrar imagens de papas, nazis, cavaleiros e dos fundadores da América,
 Gemini produziu imagens que retratavam exclusivamente pessoas de cor. (Imagens geradas pela Gemini)»

«Foi uma exibição que teria impressionado até mesmo Orwell: a busca por imagens de “nazis” e o chatbot de IA do Google mostra quase exclusivamente nazis negros gerados artificialmente; pesquise “cavaleiros” e você encontrará cavaleiros asiáticos femininos; pesquise “papas” e são papas mulheres. Peça-lhe para partilhar o slogan Houthi ou definir uma mulher, e o novo produto do Google diz que não o fará, a fim de evitar ofensas. Quanto a saber se Hitler ou Elon Musk são mais perigosos? O chatbot AI diz que é “complexo e requer uma consideração cuidadosa”. Faça-lhe a mesma pergunta sobre Obama e Hitler e dir-lhe-á que a pergunta é “inapropriada e enganosa”.» 

(De uma newletter da Freepress)

09/05/2024

ARTIGO DEFUNTO: Títulos que são todo um programa de indução subliminar

Expresso

Será preciso recordar que este ministro das Finanças foi nomeado há cinco semanas, sucede ao Dr. Medina que no primeiro trimestre deste ano emitiu OT no valor de 9.125 milhões de euros, que a emissão a que o artigo se refere fazia parte do plano de colocação da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, que os juros vêm aumentando há dois anos e que, portanto, o Dr. Miranda Sarmento tem tanto a ver com estes juros e esta emissão quanto o papa Francisco? Note-se que origem da notícia é da Lusa mas o título é do jornalista de causas de serviço no semanário de reverência.

Dúvidas (372) - O que move o Dr. Ventura ao pretender limitar o direito de expressão do Dr. Marcelo, um notório picareta falante?

É pouco frequente escrever sobre o Chega ou o seu líder Dr. Ventura, principalmente porque as minhas críticas iriam acrescentar-se, ainda que por razões e pressupostos muito diferentes, à enxurrada que o jornalismo de causas e a comentadoria do regime lhe dedica, ou mesmo, para os distraídos, confundir-se com essa enxurrada.

Abro mais uma excepção para comentar a iniciativa aprovada ontem pelo grupo parlamentar do Chega de apresentar uma queixa-crime contra o Dr. Marcelo "por traição à Pátria", fundada no facto deste último ter defendido as reparações às ex-colónias num jantar com jornalistas estrangeiros. 

Sobre o fundo da questão não vou agora discorrer porque em várias ocasiões (por exemplo aqui ou aqui) já disse o que tinha a dizer, como disse sobre o Dr. Marcelo, em quem não votei. O que pretendo salientar é que, por muitos disparates que o Dr. Marcelo produza e nem mesmo pelo exercício deplorável dos seus dois mandatos, exercício que faz dele um dos piores presidentes da República, se não mesmo o pior, ele não perde a liberdade de os exprimir.

Pretender inventar um crime de expressão que obviamente não existe (por enquanto), como sabe muito bem o Dr. Ventura, pode ter dois propósitos, ambos para mim preocupantes, não pelos efeitos que são com toda a probabilidade inócuos, mas pelo que isso pode indiciar: ou bem se pretende intimidar a criatura, ou bem se pretende excitar os piores sentimentos da turba num exercício demagógico tão ao gosto do Dr. Ventura. Em ambos os casos, isso revela tiques totalitários de mau prenúncio.